Homilias JOÃO PAULO II 61

DOMINGO DE RAMOS




Praça de S. Pedro, 8 de Abril de 1979




1. Durante a próxima semana a liturgia deseja ser rigorosamente obediente à sequência dos acontecimentos. Esses acontecimentos, decorridos em Jerusalém há pouco menos de 2 000 anos, levam a que esta seja a Semana Santa, a Semana da Paixão do Senhor.

O domingo de hoje mantém-se intimamente ligado ao acontecimento que se deu quando Jesus se aproximou de Jerusalém, para realizar tudo quanto fora anunciado pelos profetas. Exactamente neste dia, os discípulos, por ordem do Mestre, trouxeram-lhe um jumentinho, depois de pedirem lhes fosse permitido levarem-no algum tempo de empréstimo. E Jesus montou nele, para se cumprir a Seu respeito também esta particularidade dos escritos proféticos. De facto, assim se exprime o Profeta Zacarias: Exulta de alegria, ó filha de Sião, enche-te de júbilo, ó filha de Jerusalém. Eis que o teu Rei vem a ti, justo e salvador, humilde, montado num jumento, no potrinho duma jumenta (Za 9,9).

Então também a gente que por ocasião das festas se dirigia a Jerusalém — a gente que olhava para as acções realizadas por Jesus e ouvia as suas palavras — manifestando a fé Messiânica por Ele despertada, gritava:

Hosana! Bendito seja o que vem em nome do Senhor! Bendito o reino do nosso pai David! Hosana nas alturas! (Mc 11,9-10).

Nós repetimos estas palavras em todas as missas ao aproximar-se o momento da transubstanciação.

2. Assim pois, no caminho para a Cidade Santa, perto da entrada em Jerusalém, surge diante de nós uma cena do triunfo entusiasmador.

62 Muitos estenderam as suas capas pelo caminho; outros ramos de verdura que tinham cortado nos campos (Mc 11,8).

O povo de Israel olha para Jesus com os olhos da própria história; esta era a história que — através dos caminhos da sua espiritualidade, da sua tradição e do seu culto — levava o povo eleito exactamente até ao Messias. Ao mesmo tempo, é difícil esta história. O reino de David representa o ponto culminante da prosperidade e da glória terrestre do povo, que desde os tempos de Abraão repetidamente encontrara de novo a sua aliança com Deus — Iahvé — mas também mais de uma vez a tinha violado.

E agora contrairá tal aliança de maneira definitiva? Ou acaso perderá de novo este fio da vocação, que marcou desde o princípio o sentido da sua história?

Jesus entra em Jerusalém montado no jumentinho emprestado. A multidão parece estar mais perto do cumprimento da promessa em vista da qual tinham vivido tantas gerações. Os gritos «Hosana ... Bendito o que vem em nome do Senhor!» parecem querer exprimir o encontro, agora próximo, dos corações humanos com a eterna Eleição. No meio desta alegria, que precede as solenidades pascais, Jesus está recolhido e silencioso. Sabe perfeitamente que aquele encontro dos corações humanos com a eterna Eleição não se realizará mediante os Hosanas, mas mediante a Cruz.

Antes de Ele vir a Jerusalém, acompanhado pela multidão dos seus conterrâneos, peregrinos vindos para as festas da Páscoa, outro O tinha introduzido e definira o seu lugar no meio de Israel. Foi precisamente João Baptista no Jordão. João porém, quando viu Jesus que esperava a vez, não bradara Hosana, mas apontando para Ele dissera: Aí está o Cordeiro de Deus, que vai tirar o pecado do mundo (Jn 1,29).

Jesus ouve os gritos da multidão no dia da entrada em Jerusalém, mas o seu pensamento está fixo nas palavras de João junto do rio: Aí está o Cordeiro de Deus, que vai tirar os pecados do mundo.

3. Hoje lemos a narração da Paixão do Senhor segundo Marcos. Nele está a descrição completa dos acontecimentos, que se foram seguindo durante esta semana. E é, em certo sentido, o programa da semana.

Detenhamo-nos em recolhimento diante desta narração. É difícil conhecer estes acontecimentos noutra atitude. Embora os conheçamos todos de cor, sempre tornamos a ouvi-los com o mesmo recolhimento. Lembro-me — quando era ainda sacerdote jovem e contava a Paixão do Senhor às crianças — com quanta atenção me ouviam! Era sempre uma catequese completamente diversa das outras. A Igreja não deixa portanto de reler a narração da Paixão de Cristo — e deseja que esta descrição permaneça na nossa consciência e no nosso coração.

Nesta semana somos chamados a uma solidariedade especial com Jesus Cristo, Homem das dores (Is 53,3).

4. Assim portanto, juntamente com a imagem deste Messias — que o Israel da Antiga Aliança esperava, e que pelo contrário parecia agora ter quase atingido com a própria fé no momento da entrada em Jerusalém — a liturgia de hoje apresenta-nos contemporaneamente outra imagem. É a imagem descrita pelos Profetas, de modo especial por Isaías:

Aos que me feriam apresentei as costas ... por isso não me senti confundido (Is 50 Is 6-7).

63 Cristo vem a Jerusalém para n'Ele se cumprirem estas palavras, para realizar a figura do «Servo de Iahvé», mediante a qual o Profeta, oito séculos antes, revelara a intenção de Deus. O «Servo de Iahvé»: o Messias, o descendente de David, mas aquele em que se cumpre o Hosana do povo, mas aquele que está submetido à mais terrível prova:

Todos os que me vêem escarnecem de mim ... que o salve, se o ama (
Ps 21 Ps 8-9).

Ao contrário, não mediante a «libertação» do opróbrio, mas precisamente mediante a obediência até à morte, mediante a Cruz, devia realizar-se o eterno desígnio do amor. E eis que fala agora não já o profeta, mas o Apóstolo: fala Paulo, no qual «a palavra da Cruz» encontrou um caminho especial. Paulo, conhecedor do Mistério da Redenção, presta testemunho àquele que, sendo de condição divina ... se despojou a si mesmo, tomando a condição de servo, ... se humilhou a si mesmo, feito obediente até à morte e morte de cruz (Ph 2,6-8).

Eis a imagem verdadeira do Messias, do Ungido, do Filho de Deus, do Servo de Iahvé. Jesus sob esta imagem entrava em Jerusalém, quando os peregrinos, que o acompanhavam na caminhada, cantavam Hosana. E estendiam as capas e os ramos das árvores no chão que ele percorria.

5. E nós hoje temos nas nossas mãos os ramos de oliveira. Sabemos que, depois, estes ramos secarão. Com as suas cinzas marcaremos as nossas frontes no ano próximo, para recordar que o Filho de Deus, tornando-se homem, aceitou a morte humana para nos merecer a nós a Vida.



MISSA CRISMAL COM OS PRESBÍTEROS DE ROMA 12 de Abril de 1979

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1. Hoje, no limiar deste Tríduo Sacro, desejamos de modo particular professar a nossa fé em Cristo, n'Aquele de quem deve-mos renovar, no espírito da Igreja, a paixão, para todos voltarem o olhar para Aquele que trespassaram (
Jn 19,37), e para a actual geração dos habitantes da terra chorar por Ele (Cfr. Lc 23,27).

Eis Cristo: Aquele em que Deus vem à humanidade como Senhor da história. Eu sou o Alfa e o ómega ... O que é, que era e o que há-de vir (Ap 1,8).

Eis Cristo que me amou e se entregou a si mesmo por mim (Ga 2,4), Cristo que veio para nos obter com o próprio sangue ... uma redenção eterna (He 9,12).

Cristo: o «Ungido», o Messias.

Antigamente Israel, na véspera da libertação da escravidão do Egipto, marcou as portas das casas com o sangue do cordeiro (Cfr. Ex 12,1-14). Eis que está entre nós o Cordeiro de Deus, Aquele que o próprio Pai ungiu com a força e com o Espírito Santo, e mandou ao mundo (Cfr. Jn 1,29 Ac 10,36-38).

Durante estes dias, com a força da unção do Espírito Santo, com a força da plenitude da santidade que está n'Ele e n'Ele só, enviará a Deus um grande grito (Lc 23,46), voz de humilhação, de aniquila-mento, de Cruz: Eu vos amo, Senhor, minha fortaleza; Senhor, minha rocha, meu baluarte, meu libertador. Ó meu Deus, meu rochedo onde me refugio, meu escudo, força da minha salvação, minha fortaleza (Ps 17,2 s.).

Assim bradará por si e por nós.

2. Celebramos hoje a liturgia do Crisma, mediante a qual a Igreja quer renovar, no limiar destes santos dias, o sinal daquela força do Espírito que recebeu do seu Redentor e Esposo.

Esta força do Espírito — graça e santidade, que está n'Ele — é dada em participação, pelo preço da paixão e morte, aos homens mediante os sacramentos da fé. Assim se constrói continuamente o Povo de Deus, como ensina o Concílio Vaticano II «... os fiéis concorrem para a oblação da Eucaristia em virtude do seu sacerdócio real, que eles exercem na recepção dos sacramentos, na oração e acção de graças, no testemunho da santidade de vida, na abnegação e na caridade operosa» (Lumen Gentium LG 10).

Com este Óleo Santo, Óleo dos catecúmenos, serão ungidos os catecúmenos ao receberem o baptismo, a fim de poderem depois ser ungidos com o Sagrado Crisma. Receberão esta unção uma segunda vez no sacramento do Crisma. Recebê-la-ão também — se forem a isso chamados — durante as ordenações: os diáconos, os presbíteros e os bispos. No sacramento dos doentes, todos os enfermos receberão a unção como óleo dos doentes (Cf. Jc 5,14)

Queremos hoje preparar a Igreja para um novo ano de graça, para a administração dos sacramentos da fé que têm o próprio centro na Eucaristia. Todos os sacramentos — sejam aqueles cujo sinal é a unção, sejam os que são administrados sem este sinal como a penitência e o matrimónio — significam participação eficaz na força d'Aquele que o Pai mesmo ungira e enviara ao mundo (Cfr. Lc 4,18).

Celebramos hoje, Quinta-feira Santa, a liturgia desta força, que atingiu a sua plenitude nas fraquezas de Sexta-feira Santa, nos tormentos da sua paixão e agonia, porque mediante tudo isto nos mereceu Cristo a graça: Graça a vós e paz ... de Jesus Cristo, a testemunha fiel, o primogénito dos mortos e o príncipe dos reis da terra (Ap 1,4 Ap 1,5).

3. Por meio da sua entrega ao Pai por meio da obediência à morte, fez-nos também reino de sacerdotes (Ap 1,6).

Proclamou-o no dia solene, em que repartiu com os apóstolos o pão e o vinho, como Seu Corpo e Sangue para a salvação do mundo. Hoje precisamente somos chamados a viver esse dia: festa dos sacerdotes. Hoje falam novamente aos nossos corações os mistérios do cenáculo, onde Cristo, com a primeira Eucaristia, disse: Fazei isto em memória de mim (Lc 22,19), instituindo assim o Sacramento do sacerdócio. E reparai que se consumou o que muito tempo antes dissera o profeta Isaías: Vós sereis chamados sacerdotes do Senhor, ministros do nosso Deus sereis chamados (Is 61,6).

Sentimos hoje o desejo vivíssimo de nos encontrarmos junto do altar para esta concelebração eucarística e dar graças pelo dom especial, que o Senhor nos conferiu. Conscientes da grandeza desta graça, desejamos além disso renovar as promessas que fez a Cristo e à Igreja cada um de nós, no dia da própria ordenação, depondo-as nas mãos do Bispo. Renovando-as, pedimos a graça da fidelidade e da perseverança. Pedimos também que a graça da vocação sacerdotal caia no terreno de muitas almas juvenis e que nelas ganhe raízes como semente que dê fruto cento por um (Cfr. Lc 8,8).

O mesmo fazem hoje, como está previsto, os Bispos nas suas catedrais no mundo inteiro. Juntamente com os sacerdotes renovam as promessas feitas no dia da Ordenação. Unamo-nos a eles ainda mais fervorosamente mediante a fraternidade na fé e na vocação, que recebemos no cenáculo como especial herança que nos transmitiram os Apóstolos.

Perseveremos nesta grande comunidade sacerdotal como ser-vos do Povo de Deus, como discípulos e amigos d'Aquele que se fez obediente até à morte, que não veio ao mundo para ser servido mas para servir (Cfr. Mt 20,28)!



MISSA VESPERTINA «IN COENA DOMINI» 12 de Abril de 1979

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1. Chegou a «hora» de Jesus. Hora do seu passamento deste mundo para o Pai. Inicia o Tríduo Sacro. O mistério pascal, como todos os anos, reveste-se do seu aspecto litúrgico, começando por esta missa que, única durante o ano, tem o nome de «Coena Domini».

Depois de amar os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim (
Jn 13,1). A Última Ceia é precisamente testemunho daquele amor com que Cristo, Cordeiro de Deus, nos amou até ao fim.

Nesta noite os filhos de Israel consumavam o cordeiro, segundo a antiga prescrição dada por Moisés na véspera do fim da escravidão do Egipto. Jesus faz o mesmo com os discípulos, fiel à tradição que era apenas a sombra dos bens futuros (He 10,1), apenas a «figura» da Nova Aliança, da nova Lei.

2. Que significa: «Amou-os até ao fim»?

Significa: até àquela realização que devia verificar-se no dia de amanhã, Sexta-feira Santa. Naquele dia devia manifestar-se quanto Deus amou o mundo, e como naquele amor tinha chegado ao limite extremo da doação isto é, ao ponto de dar o seu Filho único (Jn 3,16). Naquele dia Cristo demonstrou que não há maior amor do que dar a vida pelos seus amigos (Jn 15,13). O amor do Pai revelou-se na doação do Filho. Na doação mediante a morte.

A Quinta-feira Santa, o dia da Ultima Ceia, é, em certo sentido, o prólogo daquela doação; é a última preparação. E, em certo modo, aquilo que neste dia se realizava, vai já para além daquela doação. Precisamente na Quinta-feira Santa, durante a Ultima Ceia, manifesta-se o que quer dizer: «Amou até ao fim».

De facto, pensamos justamente que amar até ao fim significa até à morte, até ao último suspiro. Todavia, a Última Ceia mostra-nos que, para Jesus, «até ao fim» significa ainda além do último suspiro. Além da morte.

3. É este, precisamente, o significado da Eucaristia. A morte não é o seu fim, mas o seu início. A Eucaristia tem início na morte, como ensina São Paulo: Sempre que comerdes este pão e beberdes este cálix, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha (Cor. 11, 26. 6).

A Eucaristia é fruto desta morte. Recorda-a constantemente. Renova-a continuamente. Significa-a sempre. Proclama-a. A morte que se tornou início da nova Vinda: da Ressurreição à Parusia, «até que Ele venha». A morte que é «substrato» de uma nova vida.

66 Amar «até ao fim» significa, por conseguinte, para Cristo, amar mediante a morte e além da barreira da morte: amar até aos extremos da Eucaristia!

4. Foi precisamente assim que Jesus amou nesta última Ceia. Amou os «seus» — aqueles que então estavam com Ele — e todos aqueles que deviam herdar o seu ministério.

— As palavras que pronunciou sobre o pão,

— as palavras que pronunciou sobre o cálix, cheio de vinho,

— as palavras que hoje repetimos com particular emoção e que repetimos sempre, quando celebramos a Eucaristia, são precisamente a revelação daquele amor através do qual, uma vez para sempre, por todos os tempos e até ao fim dos séculos, se distribuiu a si mesmo!

Antes ainda de dar-se a si mesmo sobre a cruz, como «Cordeiro que tira os pecados do mundo» distribuiu-se a si mesmo como alimento e bebida: pão e vinho, a fim de que tenham a vida e a tenham em abundância (
Jn 10,10).

Assim Ele «amou até ao fim».

5. Jesus não hesitou, portanto, em ajoelhar-se diante dos Apóstolos para lhes lavar os pés. Quando Simão Pedro se opôs, Ele convenceu-o a que o deixasse. De facto, era uma exigência particular da grandeza do momento.

Era necessário este lava-pés, esta purificação perante a Comunhão, na qual participariam desde aquele momento. Era necessário. O próprio Cristo sentiu a necessidade de Se humilhar aos pés dos seus discípulos; humilhação que d'Ele tanto nos diz naquele momento. Daqui em diante, distribuindo-se a si mesmo na comunhão eucarística, não se abaixará Ele continuamente ao nível de tantos corações humanos? Não irá, assim, servi-los sempre?

«Eucaristia» significa «agradecimento».

«Eucaristia» significa também «serviço», estender-se para o homem: servir tantos corações humanos.

67 Dei-vos o exemplo para que, como Eu vos fiz, façais também vós (Jn 13,15).

Não podemos ser dispensadores da Eucaristia, senão servindo!

6. É a Última Ceia. Cristo prepara-se para se ir embora, mediante a morte, e mediante a mesma morte prepara-se para permanecer.

Assim, a morte tornou-se fruto maduro do amor: amou-nos «até ao fim».

Não bastaria, porventura, só o contexto da Última Ceia para dar a Jesus o «direito» de dizer a todos nós: O Meu Mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei (Jn 15,12)?



LITURGIA DA PALAVRA NA VIGÍLIA PASCAL




14 de Abril de 1979




1. A palavra «morte» pronuncia-se com um nó na garganta. Embora a humanidade durante tantas gerações se tenha dalgum modo habituado à realidade da morte e à sua inevitabilidade, ela é todavia cada vez alguma coisa que perturba. A morte de Cristo entrara profundamente nos corações dos que lhe estavam mais próximos, na consciência de Jerusalém inteira. O silêncio, que desceu a seguir a ela, encheu a tarde de sexta-feira e todo o dia seguinte do sábado. Neste dia, em conformidade com as prescrições judaicas, ninguém tinha ido ao local em que fora sepultado. As três mulheres, de que fala o Evangelho de hoje, bem pensam na pedra pesada com que fora encerrado o ingresso do sepulcro. Esta pedra, em que pensavam e da qual falariam no dia seguinte ao irem ao sepulcro, simboliza também o peso que lhes esmagara os corações. A pedra que tinha separado o Morto dos vivos, a pedra limite da vida, o peso da morte. As mulheres que, de manhãzinha do dia a seguir ao sábado, irão ao sepulcro, não falarão da morte mas da pedra. Chegando ao local, verificarão que a pedra já não impede a entrada no sepulcro. Foi removida. Não encontrarão Jesus no sepulcro. Em vão o procuravam. Não está aqui. Ressuscitou, como tinha dito (Mt 28,6). Devem regressar à cidade e anunciar aos discípulos que Ele ressuscitou e que O verão na Galileia. As mulheres não são capazes de pronunciar nem uma palavra. A notícia da morte segreda-se em voz baixa. As palavras da ressurreição eram para elas verdadeiramente difíceis de aceitar. Difíceis de repetir: tanto influiu a realidade da morte no pensamento e no coração do homem.

2. Desde aquela noite e mais ainda desde a manhã que a seguiu, os discípulos de Cristo aprenderam a pronunciar a palavra «ressurreição». E ela tornou-se, na linguagem deles, a palavra mais importante, a palavra central e a palavra fundamental. Dela tudo toma de novo origem. Tudo é confirmado e se constrói de novo:

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular;
tudo isto veio ao Senhor:
68 é admirável aos nossos olhos.
Este é o dia que o Senhor fez:
exultemos e cantemos de alegria (
Ps 117,22-24).

Exactamente por isto é que a vigília pascal — o dia que segue a Sexta-feira Santa -- já não é só o dia em que se pronuncia em voz baixa a palavra «morte», em que se recordam os últimos momentos da vida do Morto: é o dia de uma grande Expectativa. E a Vigília pascal: o dia e a noite da expectativa do Dia que o Senhor fez.

O conteúdo litúrgico da Vigília exprime-se mediante as várias horas do breviário para se concentrar depois, com toda a sua riqueza, nesta liturgia da noite, que atinge o seu vértice, depois do período da Quaresma, no primeiro «Aleluia».

Aleluia: o brado que exprime a alegria pascal.

A exclamação que ressoa ainda no meio da noite na expectativa, e leva já consigo a alegria da manhã. Leva consigo a certeza da ressurreição. O que, num primeiro momento, não tiveram coragem de pronunciar diante do sepulcro os lábios das mulheres ou a boca dos apóstolos, agora a Igreja, graças ao testemunho deles exprime-o com o seu Aleluia.

Este cântico de alegria, cantado quase à meia-noite, anuncia-nos o Grande Dia. (Nalgumas línguas eslavas, a Páscoa chama-se a «Noite Grande»; depois da Noite Grande chega o Dia Grande: «Dia feito pelo Senhor»).

3. Eis que estamos para ir ao encontro deste Grande Dia com o lume pascal aceso; acendemos deste lume o círio — luz de Cristo — e proclamamos junto a ele a glória da sua Ressurreição no canto do Exsultet. Em seguida, entramos por meio duma série de leituras no processo do grande anúncio da criação, do mundo, do homem e do Povo de Deus; entramos na preparação do conjunto das coisas criadas neste grande Dia, no dia da vitória: do bem sobre o mal, da vida sobre a morte. Não se pode entender o mistério da Ressurreição senão voltando às origens e seguindo, depois, todo o desenvolvimento da história da economia salvífica até àquele Momento. Até ao Momento em que as três mulheres de Jerusalém, parando à entrada do sepulcro vazio, ouviram a mensagem dum jovem vestido de branca túnica: Não tenhais medo. Procurais Jesus Nazareno, o crucificado. Ressuscitou, não está aqui (Mc 16,5-6).

4. Aquele Grande Momento não nos consente ficarmos fora de nós mesmos; obriga-nos a entrar na nossa própria humanidade. Cristo não só nos revelou a vitória da vida sobre a morte, mas trouxe-nos, com a sua Ressurreição, a Nova Vida Deu-nos essa nova vida.

Eis como se exprime São Paulo:

69 Todos nós que fomos baptizados em Jesus Cristo fomos baptizados na sua morte. Fomos sepultados com Ele no baptismo na sua morte, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos para glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova (Rm 6,3-4).

As palavras «fomos baptizados na sua morte» dizem muito. A morte é a água em que se reconquista a Vida: a água a jorrar para a vida eterna (Jn 4,14).

É necessário «mergulharmo-nos» nesta água, nesta Morte, para nos levantarmos dela como Homem Novo, como Nova Criatura, como ser novo, isto é, vivificado pelo Poder da Ressurreição de Cristo.

É este o mistério da Água, que esta noite benzemos, em que fazemos penetrar a «luz de Cristo», em que fazemos penetrar a Nova Vida: é o símbolo do poder da Ressurreição.

Esta Água torna-se, no Sacramento do Baptismo, o sinal da vitória sobre Satanás, sobre o pecado; o sinal da vitória que obteve Cristo por meio da Cruz, por meio da Morte e que transfere depois para cada um de nós: o nosso homem velho foi crucificado com Cristo, para que fosse destruído o corpo do pecado e deixássemos de ser escravos dele (Rm 6,6).

5. Eis a noite da Grande Expectativa. Esperemos na Fé, esperemos com todo o nosso ser humano Aquele que ao alvorecer destruiu a tirania da morte e revelou o Divino Poder da Vida: Ele é a nossa Esperança.



HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II

NA CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA

COM UM GRUPO DE NEODIÁCONOS


Capela Paulina

Sábado, 21 de Abril de 1979




Diáconos muito amados

Ao longo da história da Igreja em Roma, não é raro ver diáconos colaborarem com o Papa no seu ministério, ver diáconos ao seu lado. E esta manhã é especial alegria para mim estar rodeado de diáconos, uma vez que a família — a nossa comunhão eclesial — recebe a sua mais alta expressão no santo Sacrifício da Missa.

A nossa alegria é ainda maior — a vossa e a minha — por estarem aqui os pais e as pessoas queridas de alguns de vós. Todos nós viemos celebrar o Mistério Pascal e experimentar o amor de Jesus. O Seu é um amor sacrifical — amor que O levou a dar a Sua vida pelo Seu povo e a retomá-la de novo. E o Seu amor sacrifical foi manifestado com grande generosidade na vida dos vossos pais, e hoje é muito justo que eles possam ter um excepcional momento de serenidade, satisfação e são orgulho.

70 Ao comemorarmos a Ressurreição do Senhor Jesus, reflectimos sobre as suas várias aparições, como as recorda a leitura dos Actos dos Apóstolos: a sua aparição a Maria Madalena, aos dois discípulos e aos Onze Apóstolos. Renovamos a nossa fé — a nossa santa fé católica — e rejubilamos e exultamos porque o Senhor ressuscitou realmente, aleluia! Hoje, mais do que nunca anteriormente, temos consciência do que significa pertencer a um povo pascal e ter a aleluia por cântico próprio.

O acontecimento pascal — a Ressurreição corporal de Cristo — penetra a vida da Igreja inteira. Dá em toda a parte aos cristãos força em cada viragem da vida. Torna-nos sensíveis à humanidade com os seus limites, sofrimentos e necessidades. A Ressurreição tem imenso poder para libertar, elevar, implantar a justiça, efectuar a santidade e causar alegria.

Mas para vós, Diáconos, há uma mensagem particular esta manhã. Mediante a vossa sagrada ordenação, fostes associados de modo especial ao Evangelho de Cristo Ressuscitado. Fostes encarregados de prestar um especial tipo de serviço, diaconia, em nome de Cristo Ressuscitado. Durante a cerimónia da Ordenação, o Bispo disse a cada um de vós: "Recebe o Evangelho de Cristo, do qual és agora arauto. Acredita no que leres, ensina o que creres, e pratica o que ensinares". Por conseguinte sois chamados a tomar a peito as palavras dos Actos dos Apóstolos. Na qualidade de diáconos ficastes sendo associados com Pedro e João e todos os apóstolos. Desempenhais o ministério apostólico e participais na sua proclamação. Como os Apóstolos, deveis sentir-vos impelidos a proclamar com a palavra e as acções a Ressurreição do Senhor Jesus. Também deveis experimentar a necessidade e praticar o bem, de prestar serviço em nome de Jesus crucificado e ressuscitado — de integrar a palavra de Deus na vida do seu povo santo.

Na primeira leitura de hoje ouvimos os Apóstolos dizerem: "Não podemos falar senão do que vimos e ouvimos". E vós sois chamados, em obediência à fé, a proclamar com base nos seus testemunhos — com base no que foi transmitido à Igreja sob a guia do Espírito Santo — o grande mistério do Senhor Ressuscitado, que no seu próprio acto de Ressurreição comunica a vida eterna a todos os seus irmãos pois comunica a sua vitória sobre o pecado e a morte. Recordai-vos que os Apóstolos mediante a sua proclamação da Ressurreição constituíram provocação e reprovação para muitos. E foram proibidos de tornar a falar em nome de Jesus Ressuscitado. Mas a resposta deles foi imediata e clara. "Julgai vós mesmo se é justo, diante de Deus, obedecer-vos a vós mesmos primeiro do que a Deus".

E nesta obediência a Deus encontraram a suprema medida da alegria pascal.

Acontece o mesmo convosco, novos diáconos deste período pascal. Como associados aos Bispos e aos Sacerdotes da Igreja, a vossa regra será marcada por estas duas características: obediência e alegria. Cada uma, no seu modo próprio, mostrará a autenticidade das vossas vidas. A vossa aptidão em comunicar o Evangelho dependerá da vossa adesão à fé dos Apóstolos. A eficácia da vossa diaconia será medida pela fidelidade da vossa obediência ao mandato da Igreja. Foi o Cristo Ressuscitado que vos chamou, e é a Sua Igreja que vos envia a proclamar a mensagem transmitida pelos Apóstolos. E é a Igreja que autentica o vosso ministério. Tende a certeza que o próprio poder do Evangelho que proclamais vos encherá de mais plena alegria: alegria sacrifical, sim, mas alegria transformadora por estardes intimamente associados a Jesus Ressuscitado na sua missão triunfal de salvação. Todos os discípulos de Jesus, e vós, Diáconos, por título especial, sois chamados a participar na imensa alegria pascal experimentada pela nossa Mãe Bendita. Na Ressurreição do seu Filho, vemos Maria, como Mater plena sanctae laetitiae, tornar-se para todos nós Causa nostrae laetitiae

Obediência e alegria são, pois, verdadeira expressão da vossa qualidade de discípulos. Mas são também condições para a eficácia do vosso ministério, e ao mesmo tempo dons da graça de Deus efeitos do próprio mistério da Ressurreição que proclamais.

Queridos Diáconos, falo-vos como filhos, irmãos e amigos. Ë dia de especial alegria. Mas deixai que seja também dia de especial resolução. Na presença do Papa, na contemplação dos Apóstolos Pedro e Paulo, na companhia de Estêvão, perante o testemunho dos vossos pais, e na comunhão da Igreja universal, renovai de novo a vossa consagração eclesial a Jesus Cristo, a quem servis e cuja mensagem de vida sois chamados a transmitir em toda a sua pureza e integridade, com todas as suas exigências e em todo o seu poder.

E sabei que é com imenso amor que vos repito, e aos vossos irmãos diáconos da Igreja inteira, as palavras do Evangelho desta manhã, as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Ide por todo o mundo, proclamai a Boa Nova a toda a gente".

É este o significado do vosso ministério. Será este o vosso maior serviço à humanidade. É esta a vossa resposta ao amor de Deus. Amen.

VISITA PASTORAL À PARÓQUIA ROMANA DE SÃO PANCRÁCIO


Domingo, 22 de Abril de 1979




71 1. Seguimos hoje as pegadas da antiquíssima tradição da Igreja, a do segundo domingo da Páscoa chamado "in Albis", que está ligada à liturgia da Vigília Pascal. Esta Vigília, conforme testemunha ainda a sua forma contemporânea, representava um grande dia para os catecúmenos, que, durante a noite pascal, mediante o Baptismo, eram sepultados juntamente com Cristo na morte, a fim de poderem caminhar numa vida nova, assim como foi Cristo ressuscitado dos mortos por meio da glória do Pai (Cfr. Rm 6,4).

Nesta imagem sugestiva apresentou São Paulo o mistério do Baptismo. Os Catecúmenos recebiam o Baptismo precisamente durante a Vigília pascal, do modo que tivemos a felicidade de a ter ainda este ano, quando conferi o Baptismo a crianças e a adultos da Europa, da Ásia e da África.

Deste modo, a noite que precede o domingo da Ressurreição tornou-se verdadeiramente para eles a sua "Páscoa", quer dizer, a Passagem do pecado, ou seja, da morte do espírito, à Graça, isto é, à Vida no Espírito Santo. Foi a noite duma verdadeira Ressurreição no Espírito. Como sinal da graça santificante, os neobaptizados recebiam durante o Baptismo uma veste branca, que os distinguia por toda a oitava da Páscoa. Neste dia do segundo domingo da Páscoa, depunham essa veste; daí o antiquíssimo nome deste dia: Domingo "in Albis depositis".

Esta tradição está em Roma ligada à igreja de São Pancrácio. Exactamente é hoje a estação litúrgica. Temos pois a felicidade de unir a visita pastoral da Paróquia à tradição romana da estação do Domingo in Albis.

2. Hoje portanto desejamos cantar, aqui juntos, a alegria da Ressurreição, assim como a anuncia a liturgia deste domingo:

Dai graças ao Senhor porque é bom
porque é eterna a sua misericórdia...
Este é o dia que fez o Senhor: regozijemo-nos e alegremo-nos nele (Ps 117,1 Ps 117,24).

Desejamos também agradecer o indizível dom da fé, que desceu aos nossos corações e se reforça constantemente, graças ao mistério da Ressurreição do Senhor. Da grandeza deste dom fala-nos hoje São João nas enérgicas palavras da sua carta: Todo Ao que nasceu de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é que vence o mundo senão quem acredita que Jesus é o Filho de Deus? (1Jn 5,4-5).

Agradecemos portanto a Cristo Ressuscitado, com grande alegria no coração, ter-nos feito participar da sua vitória. Ao mesmo tempo, pedimos-Lhe humildemente para não cessarmos nunca de ser participantes, com a fé, nesta vitória: especialmente nos momentos difíceis e críticos, nos momentos das desilusões e dos sofrimentos, quando estamos expostos à tentação e às provas. E conhecemos quanto escreve a este respeito São Paulo: Todos os que aspiram a viver piedosamente em Jesus Cristo hão-de sofrer perseguições (2Tm 3,12). E eis ainda as palavras de São Pedro: Então rejubilareis, se bem que vos sejam ainda necessárias, por algum tempo, diversas provações, para que a prova — a que é submetida a vossa fé, muito mais preciosa que o ouro perecível, o qual se prova pelo fogo — seja digna de louvor, de glória e de honra, quando Jesus Cristo se manifestar (1P 1,6-7).

3: Os cristãos das primeiras gerações da Igreja preparavam-se para o Baptismo longo tempo e a fundo. Era este o período do catecumenado, cujas tradições se reflectem ainda hoje na liturgia da Quaresma. Estas tradições estavam vivas quando, para o Baptismo, se preparavam os adultos. A medida que se foi desenvolvendo a tradição do Baptismo das crianças, o catecumenado, vivido desse modo, tinha de desaparecer. As crianças recebiam o Baptismo na fé da Igreja, de que era fiadora a comunidade cristã inteira (que se chama hoje "paróquia"), e, primeiro que tudo, era-o a sua própria família. A liturgia renovada do Baptismo das crianças põe ainda mais em evidência este aspecto. Os pais, com os padrinhos e as madrinhas, professam a fé, fazem as promessas baptismais e tomam sobre si a responsabilidade da educação cristã da criança.

72 Assim, o catecumenado transfere-se, em certo modo, para um período posterior, para o tempo do progressivo crescimento e da chegada à idade adulta; então deve o baptizado adquirir, dos que lhe estão mais perto e da comunidade paroquial da Igreja, consciência viva daquela fé, de que já antes, por meio da graça do Baptismo, se tornou participante. Difícil é chamar a este processo "catecumenado", no sentido primeiro e próprio da palavra. Apesar disso, é o equivalente do catecumenado autêntico e deve ser vivido com a mesma seriedade e o mesmo zelo, que outrora precediam o Baptismo. Para isto convergem e nisto se unem os deveres da família cristã e da Paróquia. É necessário que, nesta ocasião de hoje, nós disso tomemos consciência com clareza e vigor especiais.

4. A Paróquia, como comunidade fundamental do Povo de Deus e como parte orgânica da Igreja, em certo sentido tem a sua origem no Sacramento do Baptismo. É, na verdade, a comunidade dos baptizados. Mediante cada Baptismo, participa a paróquia de modo especial no mistério da morte e da ressurreição de Cristo. Todo o seu esforço pastoral e apostólico tende a que todos os paroquianos tomem consciência do Baptismo, para perseverarem na Graça, isto é, no estado de Filhos de Deus, e tende a que recebam os frutos do Baptismo tanto na vida pessoal como na familiar e social. Por isso, é necessariíssima a renovação da consciência do Baptismo. Na vida da paróquia, é valor fundamental fomentar este catecumenado que falta agora na preparação para o Baptismo — e realizá-lo nos diversos períodos da vida.

Em especial e indispensável a catequese sacramental como preparação para a Primeira Comunhão e para o Crisma; de grande importância é a preparação para o Sacramento do Matrimónio.

Além disso, o baptizado, se quer ser cristão "de obras e de verdade", deve, na sua existência, manter-se constantemente fiel à catequese recebida: diz-lhe esta, de facto, o modo como há-de compreender e praticar o seu cristianismo nos diversos momentos e ambientes da vida profissional, social e cultural. Esta é á vasta missão da catequese dos adultos.

Graças a Deus, esta actividade desenvolve-se amplamente na vida da Diocese de Roma e da vossa paróquia.

5. Estou informado, na verdade, das numerosas iniciativas de catequese e de vida associativa, que as instituições paroquiais tomam, com a ajuda de numerosas Famílias Religiosas, femininas e masculinas, e de vários movimentos eclesiais. Particular menção se deve aos beneméritos Padres Carmelitas Descalços, que se empenham no progresso espiritual desta Paróquia de São Pancrácio. A numerosa população aqui concentrada é apenas um estímulo mais para o incansável esforço, apostólico. A minha palavra, portanto, torna-se exortação e incitamento tanto para os responsáveis paroquiais, a fim de que prossigam alegremente no serviço que prestam ao Corpo de Cristo, quanto a todos os membros da comunidade, a fim de que nela encontrem sempre e conscientemente o lugar melhor para o seu crescimento na fé, na esperança e no amor. para testemunhar ao mundo.

6. No domingo "in Albis" a liturgia da Igreja faz, de nós todos, testemunhas do encontro de Cristo Ressuscitado com os apóstolos no Cenáculo de Jerusalém: Atrai sempre a nossa particular atenção figura do Apóstolo Tomé e a conversa de Cristo com ele. O Mestre Ressuscitado permite-lhe, de modo singular, reconhecer os sinais da sua paixão e assim convencer-se da realidade da Ressurreição. Então São Tomé, que antes não queria acreditar, exprime a sua fé com as palavras Meu Senhor e meu Deus (
Jn 20,26). Jesus responde-lhe: Porque me viste, acreditaste. Bem-aventurados os que, sem verem, acreditarem (Jn 20,29).

Por meio da experiência da Quaresma, tocando em certo sentido nos sinais da Paixão de Cristo, e por meio da solenidade da Sua Ressurreição, renove-se a reforce-se a nossa fé — e também a fé dos que são desconfiados tíbios, indiferentes e afastados.

E a bênção que o Ressuscitado pronunciou na conversa com Tomé, "bem-aventurados os que creram", fique com todos nós.




Homilias JOÃO PAULO II 61