Homilias JOÃO PAULO II 134


SANTA MISSA PARA OS PEREGRINOS DE PIACENZA (ITÁLIA)


Gruta de Lourdes nos Jardins Vaticanos

Segunda-feira, 2 de Julho de 1979




Caríssimos

1. O nosso encontro matutino neste lugar tão sugestivo que nos leva, pela mente e pelo coração, até à gruta de Lurdes, lugar predilecto e bendito, onde Maria Santíssima apareceu à pequena Bernadette, tem um significado bem preciso: é um encontro familiar junto do altar do Senhor e sob os olhos da Virgem Maria, com o Secretário de Estado, o neo-Cardeal Agostino Casaroli, meu primeiro colaborador, com o Bispo e uma representação dos Sacerdotes da sua Diocese natal, Piacenza, e com os seus parentes e amigos.

135 Este é para mim um momento de particular alegria, o qual me oferece ocasião para manifestar os meus sentimentos de afecto e vivo apreço por aquele que, após longos anos de generosa dedicação, passados num serviço total e directo à Santa Sé e ao Papa, é agora investido da importante e grave responsabilidade de Secretário de Estado.

Sinto o dever de agradecer vivamente ao Cardeal Casaroli a solicitude e sabedoria com que se prodigaliza para o bem da Igreja, e o ter aceite este Cargo tão alto e tão importante; e convido todos a acompanhá-lo com uma constante e fervorosa mação, a fim de que o Senhor lhe seja sempre luz, auxílio e conforto.

Congratulo-me também com toda a diocese de Piacenza, que, pela séria e afectuosa formação ministrada nos seus seminários, soube dar tantos Sacerdotes e eminentes Personalidades ao serviço da Igreja. Posso apenas do coração desejar sempre maior número de vocações sacerdotais na vossa diocese, para as necessidades locais e da Igreja universal.

Dirijo uma saudação particularmente cordial aos Familiares do Cardeal Casaroli, assegurando-lhes que participo intensamente na sua sincera alegria destes dias, tão significativos e importantes.

2. Tomando, agora, o tema da Palavra de Deus, que foi lida na liturgia de hoje, tentemos descobrir nela algumas boas directrizes para a nossa vida.

Aparece, sobretudo, diante dos nossos olhos, a cena plasticamente descrita pelo evangelista João: estamos no monte Calvário, há uma cruz, e, pregado nela, Jesus; e, ali ao lado, está a Mãe de Jesus, rodeada por algumas mulheres; está ainda o discípulo predilecto, precisamente João. O Moribundo fala apesar da respiração difícil da agonia: "Mulher, eis aí o teu filho!". E, depois, voltado para o discípulo: "Eis aí a tua mãe!". A intenção é evidente: Jesus quer entregar a mãe aos cuidados do discípulo amado.

Somente isto? Os antigos Padres da 'Igreja entreviram, por detrás do episódio, aparentemente tão simples, um significado teológico mais profundo. Já Orígenes identifica o apóstolo João com todo o cristão, e, depois dele, tornou-se cada vez mais comum a referência a este texto para justificar a maternidade universal de Maria.

E uma convicção que tem concreto fundamento no dado da revelação: como não pensar, de facto, ao ler esta passagem, naquelas palavras misteriosas de Jesus durante as bodas de Caná (Cfr.
Jn 2,4), quando, ao pedido de Maria, Ele responde chamando-lhe "mulher" — como agora e reenviando o início da sua colaboração com Ela, em favor dos homens, para o momento da Paixão, a sua "hora" precisamente, como é costume indicá-la (Cfr. Jn 7,30 Jn 8,20 Jn 12,27 Jn 13,1 Mc 14,35 Mc 14,41 Mt 26,45 Lc 22,53).

Maria é plenamente conhecedora da missão que lhe foi destinada: encontramo-la nos começos da vida da Igreja, juntamente com os discípulos que se estão preparando para o iminente acontecimento do Pentecostes; como nos recorda a primeira leitura da Missa. Em tal narrativa de Lucas, o seu nome sobressai dos das outras mulheres: a comunidade primitiva, reunida "no plano superior", une-se em oração à volta d'Ela, que e a "mãe de Jesus", como que a procurar protecção e conforto, diante das incógnitas de um futuro carregado de sombras ameaçadoras.

3. O exemplo da comunidade cristã dos inícios é paradigmático: também nós, nas vicissitudes, embora diversas, do nosso tempo, nada podemos fazer melhor do que recolher-nos à volta de Maria, reconhecendo n'Ela a Mãe de Cristo, do Cristo total, isto é, de Jesus e da Igreja, nossa Mãe. E d'Ela aprender. O quê?

A crer, antes de mais. Maria foi dita "bem-aventurada", porque soube acreditar (Cfr. Lc 1,45). A sua fé foi a maior que um ser humano jamais teve; maior que a própria fé de Abraão. O "Santo", de facto, que nascera d'Ela, "crescendo, afastava-se, passava ao de cima, e, diferenciado, vivia a uma distância infinita d'Ela; tê-lo gerado e nutrido e visto no seu abandono; não se impressionar diante da sua majestade, mas também não hesitar no seu amor quando a sua protecção materna se encontrou superada, e de tudo isto acreditar que assim era justo e deste modo se cumpria a vontade de Deus; não se cansar jamais, não se deixar vencer pelo tédio, ao contrário permanecer firme e percorrer juntos passo a passo, pela força da fé, o caminho que a pessoa do Filho, no seu carácter misterioso, prossegue eis a sua grandeza" (R. Guardini, Il Signore, Milão 1964, PP 28-29).

136 E eis também a primeira lição que nos oferece.

É pois, a lição da oração: uma oração "assídua e concorde" (Cfr.
Ac 1,14).

Com frequência, nas nossas comunidades, recolhemo-nos para discutir, para avaliar situações, para elaborar programas. Pode ser também um tempo bem empregado. É necessário, porém, repetir que o tempo mais útil, aquele que dá sentido e eficácia às discussões e aos projectos, é o tempo dedicado à oração. Nela, de facto, a alma dispõe-se a acolher o "Consolador", que Cristo prometeu enviar (Cfr. Jn 15,26) e ao qual confiou a tarefa de "guiar-nos para a verdade total" (Cfr. Jn 16,13).

Ainda uma coisa Maria nos ensina com o seu exemplo: diz-nos que é necessário permanecer em comunhão com a comunidade hierarquicamente estruturada. Entre as pessoas reunidas no Cenáculo de Jerusalém, São Lucas recorda, em primeiro lugar, os onze Apóstolos, de cujos nomes faz o elenco, embora já tivesse reproduzido a lista nas páginas do seu Evangelho (Cfr. Lc 6,14 ss.). Há, em tudo isto, uma "intenção" evidente. Se, antes da Páscoa da Ressurreição, os Apóstolos constituíam o séquito particular de Jesus, agora aparecem já como homens aos quais o Ressuscitado entregou os plenos poderes e uma missão: são eles, portanto, os responsáveis pela obra de salvação que a Igreja deve realizar no mundo.

Maria está com eles; sob um certo aspecto, está-lhes até subordinada. A comunidade cristã constrói-se "sobre o fundamento dos Apóstolos". É esta a vontade de Cristo. Maria, a Mãe, aceitou-a jubilosamente. Também, sob este aspecto, Ela se tornou para nós modelo exemplar.

Agora, continuemos a celebração da Missa. Revive misticamente, nesta nossa assembleia litúrgica, a experiência do Cenáculo. Maria está connosco. Invocamo-la e confiamo-nos a Ela. Que nos socorra com a sua ajuda, neste propósito, aqui renovado, de querer generosamente imitá-l'A.



SANTA MISSA NA GRUTA DE NOSSA SENHORA DE LOURDES


NOS JARDINS DO VATICANO PARA UM GRUPO DE JOVENS


DE «COMUNHÃO E LIBERTAÇÃO»




Domingo, 15 de Julho de 1979




1. Com profunda veneração ouvimos as palavras que a liturgia da Igreja dedica ao domingo de hoje. Agora, é preciso determo-nos um pouco e acolher estas palavras, isto é adaptá-las aos corações dos ouvintes. Adaptá-las à nossa vida. Eis alguns pensamentos neste sentido.

2. Antes de mais: quem somos nós todos, membros desta assembleia, ouvintes da Palavra de Deus e, daqui a pouco, participes do Corpo e do Sangue do Senhor?

A pergunta: «quem sou?» condiciona todas as outras e todas as respostas relativas ao argumento: «que coisa devo fazer?».

A esta primeira e fundamental pergunta responde hoje São Paulo na carta aos Efésios. Responde: somos escolhidos por Deus em Cristo Jesus.

137 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, do alto dos Céus, nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. Foi assim que n'Ele nos escolheu antes da constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos Seus olhos. Predestinou-nos para sermos seus filhos adoptivos por meio de Jesus Cristo, por Sua livre vontade, para fazer resplandecer a Sua maravilhosa graça, pela qual nos tornou agradáveis em Seu amado Filho (Ep 1,3-6).

Esta é a resposta que nos dá hoje São Paulo à pergunta «quem sou?», e desenvolve-a nas outras palavras do mesmo texto da carta aos Efésios.

Eis a ulterior etapa da resposta:

Somos remidos; estamos plenos da remissão dos pecados e da graça; somos chamados à união com Cristo e, em seguida, a unificar todos em Cristo.

E ainda não é o fim desta resposta de São Paulo.

Somos chamados a existir para glória da Majestade Divina, participamos na palavra da verdade: no Evangelho da salvação; somos marcados com o selo do Espírito Santo; somos participes da herança, na expectativa da redenção total, que nos fará propriedade de Deus.

3. É esta a resposta de São Paulo à nossa pergunta. Há muito que meditar.

Perdoai, se eu me limito apenas a dar algumas indicações.

As palavras da carta aos Efésios não podem limitar-se a ressoar numa só carta, na escuta de uma só vez. Devem permanecer connosco. Devem prosseguir connosco. Estas são palavras à medida de toda a vida. A medida da eternidade.

Seria bom, se elas pudessem prosseguir juntamente com cada um de vós durante estas semanas e meses de repouso das férias. Onde quer que vos dirijais: a qualquer compromisso temporário ... ou ao trabalho apostólico ..., ou possivelmente como, mais de uma vez aconteceu, à peregrinação de Varsóvia a Jasna Gora ...

Que estas palavras vos sigam. A resposta à pergunta: «quem sou?», «quem somos?».

138 Plasmem e formem a vossa personalidade, inseridos como estamos, na mesma raiz, na dimensão do mistério, que Cristo inscreveu na vida de cada um de nós.

O sacrifício, em que participamos, a santa Missa, dá-nos também todas as vezes a resposta à pergunta fundamental «quem somos?».

4. Que coisa devemos fazer?

Talvez a resposta a esta segunda pergunta não sobressaia, desta liturgia da Palavra Divina, com a mesma força da outra relativa à pergunta: «quem somos?». No entanto, também ela é, na mesma, forte e decidida. Deus disse a Amós: Vai, e profetiza ao Meu povo! (
Am 7,16).

Cristo chama os Doze e começa a enviá-los dois a dois (Mc 6,7).

E ordena-lhes que entrem em cada casa para assim prestarem testemunho. O Concílio Vaticano II recordou que todos os cristãos, não só os eclesiásticos mas também os leigos, têm a sua parte na missão profética de Cristo. Não há dúvida alguma acerca do «que devemos fazer».

5. Todavia permanece sempre actual a pergunta: como deve-mos fazê-lo?

Regozijo-me que cada um de vós individualmente, ou com toda a vossa Comunidade, procure uma resposta para esta pergunta. Quem procura esta resposta, encontra-a no tempo oportuno.

O Salmo responsorial de hoje assegura-nos que «Misericórdia e verdade encontrar-se-ão ...».

«A verdade germinará da terra».
Sim, a verdade deve germinar de cada um de nós; de cada coração.
139 Sede fiéis à verdade.
Fiéis à vossa vocação.
Fiéis ao vosso compromisso.
Fiéis à vossa escolha.
Sede fiéis a Cristo, que liberta e une (comunhão e libertação).

6. Por fim, fervorosos votos para cada um de vós e para todos.

Como um raio de luz da liturgia de hoje: a fim de que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo penetre nos nossos corações, com a própria luz, para nos fazer compreender qual é a esperança da nossa vocação (Cfr.
Ep 1,17-18).

Oxalá estes votos se realizem pela intercessão de Nossa Senhora, perante a qual meditámos a Palavra Divina da liturgia para poder continuar a realizar o sacrifício eucarístico.



SANTA MISSA PARA OS FUNCIONÁRIOS DAS RESIDÊNCIAS PONTIFÍCIAS


Castel Gandolfo, 29 de Julho de 1979




"Onde podemos comprar pão para que estas pessoas tenham de comer?".

Diante da multidão, que o seguiu para ouvir a Sua palavra, desde as margens do mar da Galileia até às montanhas, Jesus dá início, com esta pergunta, ao milagre da multiplicação dos pães, que constituem o prelúdio significativo do longo discurso, no qual Ele se revela ao mundo como o verdadeiro Pão da vida que desceu do céu (Cfr. Jn 6,41).

140 1. Ouvimos a narração evangélica: com cinco pães de cevada e com dois peixes, postos à sua disposição por um rapaz, Jesus dá de comer a cerca de cinco mil pessoas. Mas estas não compreendendo a profundidade do "sinal" no qual foram envolvidas, estão convencidas de ter finalmente encontrado o Rei-Messias, que resolverá os problemas políticos e económicos da sua Nação. De fronte a tal modo falso de interpretar a sua missão, Jesus retira-se, sozinho, para a montanha. Também nós, caríssimos Irmãos e Irmãs, seguimos Jesus e continuamos a segui-Lo. Mas podemos e devemos perguntar a nós próprios: com que atitude interior? Com a autêntica da fé, que Jesus esperava dos Apóstolos e da multidão esfomeada, ou simplesmente com uma atitude de incompreensão? Jesus apresentava-se naquele momento como, mais do que Moisés, que no deserto tinha saciado o povo israelita durante o êxodo; apresentava-se como mais do que Eliseu, que com vinte pães de cevada e trigo novo tinha dado de comer a cem pessoas. Jesus manifestava-se; e hoje a nós manifesta-se como Aquele que é capaz de saciar para sempre a fome do nosso coração. "Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome e o que acredita em mim jamais terá sede" (Jn 6,35).

E o homem, especialmente o contemporâneo, tem tanta fome; fome de verdade, de justiça, de amor, de paz, de beleza; mas sobretudo fome de Deus. "Nós devemos ter fome de Deus", exclama Santo Agostinho ("famelici Dei esse debemus") (Enarrat in Psal. 146. n. 17: Pl. 37, 1895, 5). É Ele, o Pai celeste, que nos dá o verdadeiro pão!

2. Este pão, do qual temos necessidade, é sobretudo Cristo, o qual se dá a nós nos sinais sacramentais da Eucaristia, e nos faz ouvir, em cada Missa, as palavras da última Ceia: "Tomai e comei todos: este é o meu corpo oferecido em sacrifício por vós". Com o sacramento do pão eucarístico — afirma o Concílio Vaticano II — "é representada e produzida a unidade dos fiéis, que constituem um só Corpo em Cristo" (Cfr. 1Co 10,17). Todos os homens são chamados a esta união com Cristo que é a luz do mundo: "Dele provimos, por Ele vivemos, a Ele nos dirigimos" ( Lumen Gentium LG 3).

O pão de que temos necessidade é, além do mais, a Palavra de Deus, "porque nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus" (Mt 4,4 cfr. Dt 8,3). Sem dúvida, também os homens podem exprimir e pronunciar palavras de alto valor. Mas a história mostra-nos como as palavras dos homens são às vezes insuficientes, ambíguas, enganadoras, tendenciosas; enquanto a palavra de Deus é cheia de verdade (Cfr. 2S 7,28 1Co 17,26), é integra (Ps 33,4); é estável e permanece eterna (Cfr. Ps 119,89 1P 1,25).

Devemos por-nos continuamente em religiosa escuta de tal Palavra; assumi-la como critério do nosso modo de pensar e de agir; conhecê-la, através da leitura assídua e da meditação pessoal; mas especialmente, devemos torná-la nossa, realizá-la, dia após dia, em cada atitude.

O pão, por fim, do qual temos necessidade, é a graça; e devemos invocá-la, pedi-la com sincera humildade e com constância incansável, sabendo bem que ela é o mais precioso de tudo quando podemos possuir.

3. O caminho da nossa vida, traçado pelo amor providencial de Deus, é misterioso, às vezes humanamente incompreensível, e quase sempre duro e difícil. Mas o Pai dá-nos o "pão do céu" (Cfr. Jn 6,32) para ser reanimado na nossa peregrinação na terra.

Apraz-me concluir com um passo de Santo Agostinho, que sintetiza admiravelmente tudo quanto meditámos: "Compreende-se muito bem... como a tua Eucaristia seja o alimento quotidiano. Sabem de facto os fiéis que a recebem e é justo que eles recebam o pão quotidiano necessário para este tempo. Rezam por eles, para se tornarem bons, para serem perseverantes na bondade, na fé e na vida justa... a Palavra de Deus, que cada dia vos é explicada, e num certo sentido, partida, é também ela pão quotidiano" (Sermo 58, IV; PL. 38, 395).

Que Cristo Jesus multiplique sempre, também para nós, o seu pão!

Assim seja!



SANTA MISSA PARA O CENTRO ITALIANO DE SOLIDARIEDADE


Domingo, 5 de Agosto de 1979




Caríssimos

141 Estamos aqui reunidos à volta do altar do Senhor, que é o único a poder iluminar o mistério da nossa vida, drama de amor e de salvação, e a dar-nos a força para não cair para nos levantarmos e, sobretudo, para viver segundo as exigências e os ideais do cristianismo.

Este é exactamente, segundo me parece, o tema central da liturgia deste Domingo, no qual Jesus, pão da vida, se nos apresenta como o único e verdadeiro significado da existência humana.

1. Nos nossos tempos, infelizmente, o racionalismo científico e a estrutura da sociedade industrial, caracterizada pela férrea lei da produção e do consumo, criaram uma mentalidade fechada dentro de um horizonte de valores temporais e terrenos, que tiram à vida do homem todo o significado de transcendência.

O ateísmo teórico e prático, vastamente difundido; a aceitação de uma moral evolucionística, já não ligada aos princípios sólidos e universais da lei moral natural e revelada, mas ao costume sempre mutável da história; a exaltação repetida do homem como autor autónomo do próprio destino e, no extremo oposto, a sua humilhação deprimente ao nível das paixões inúteis, de engano cósmico, de peregrino absurdo do nada, num universo desconhecido e escarnecedor, fizeram desaparecer em muitos o significado da vida, e empurraram os mais fracos e os mais sensíveis para evasões funestas e trágicas.

O homem tem uma necessidade extrema de saber se merece nascer, viver, lutar, sofrer e morrer, se tem valor o empenhar-se .. em qualquer ideal superior aos interesses materiais e contingentes, se, numa palavra, há um "porquê" que justifique a sua existência terrena.

Esta portanto permanece a questão essencial: dar um sentido ao homem, às suas escolhas, à sua vida, à sua história.

2. Jesus possui a resposta a estas nossas perguntas; Ele pode resolver a "questão do sentido" da vida e da história do homem. Eis a lição fundamental da liturgia de hoje. A multidão que o tinha seguido, infelizmente apenas por motivos de interesse material, tendo sido alimentada gratuitamente com a multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus disse com seriedade e autoridade: "Trabalhai não pela comida que perece, mas pela que dura até à vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará" (
Jn 6,28-29).

Deus encarnou para iluminar, ou antes para ser o significado da vida do homem. Este necessita acreditar com profunda e alegre convicção; este necessita viver com constância e coerência; este necessita anunciar e testemunhar, não obstante as tribulações dos tempos e as ideologias contrárias, quase sempre insinuantes e perturbadoras.

E em que modo Jesus é o significado da existência do homem? Ele próprio explica-o com uma clareza consoladora: "O Meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão que vem do Céu, pois o Pão de Deus é o que desce do Céu e dá vida ao mundo... Eu sou a pão da vida; o que vem a Mim jamais terá fome e o que acredita em Mim jamais terá sede” (Jn 6 Jn 32-35).

Jesus fala simbolicamente referindo-se ao grande milagre do maná dado por Deus ao povo hebraico, atravessando o deserto. É claro que Jesus não elimina a preocupação normal, a procura do alimento quotidiano e de tudo o que pode tornar a vida humana mais desenvolvida, mais evoluída, mais safisfatória. Mas a vida passa fatalmente. Jesus explica que o verdadeiro significado da nossa existência está na eternidade, e que toda a história humana com os seus dramas e as suas alegrias deve ser vista em perspectiva eterna.

Também nós, como o povo de Israel, vivemos sobre a terra a experiência do Êxodo: a "terra prometida" é o Céu. Deus, que não abandonou o seu povo no deserto, não abandona tão-pouco o homem na sua peregrinação terrena. Deu-lhe um "pão", capaz de o sustentar ao longo da estrada: o "pão" é Cristo. Ele é antes de tudo o alimento da alma com a verdade revelada e depois com a sua própria Pessoa presente no Sacramento da Eucaristia.

142 O homem necessita da transcendência! O homem necessita da presença de Deus na sua história quotidiana! Só assim pode encontrar o sentido da vida! Pois bem, Jesus continua a dizer a todos: "Eu sou o Caminho, a Verdade, a Vida" ( Jo Jn 14,6), "Eu sou a Luz do mundo, Quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida" (Jn 8-12) "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos e aliviar-vos-ei" (Mt 11,28).

3. A reflexão agora recai sobre cada um de nós. Depende de nós, de facto, recolher o significado que Cristo veio oferecer à existência humana e "encarná-lo" na nossa vida. Depende do compromisso de todos "Encarnar" tal significado na história humana. Grande responsabilidade e dignidade sublime! É necessário, a este fim, um testemunho coerente e corajoso da própria fé.

São Paulo, escrevendo aos Efésios, traça, neste perspectiva um programa concreto de vida:

— é preciso antes de mais, abandonar a mentalidade mundana e pagã: "Eis a advertência que vos faço no Senhor; não torneis a proceder como procedem os gentios na futilidade do seu discernimento".

— depois, é preciso mudar a mentalidade mundana e terrestre segundo a mentalidade de Cristo: "Deveis despojar-vos do homem velho no que diz respeito ao vosso passado do homem corrompido pelas paixões enganadoras".

— por fim, é preciso aceitar toda a mensagem de Cristo, sem reduções cómodas e viver segundo o seu exemplo: "Deveis renovar espiritualmente a vossa inteligência e revestir o homem novo, criado em conformidade com Deus na justiça e na santidade verdadeiras (Ep 4,17-20).

Caríssimos, como podeis ver, trata-se de um programa muito responsabilizador, debaixo de certos aspectos poder-se-ia mesmo dizer heróico; e todavia devemos apresentá-lo a nós e aos outros na sua integridade, contando com a acção da graça, que pode dar a cada um a generosidade de aceitar a responsabilidade das próprias acções em perspectiva eterna e para o bem da sociedade.

Andai, portando, para a frente com confiança e com um generoso empenho, procurando cada dia um novo motivo e uma nova alegria na devoção a Jesus Eucarístico e na confiança em Maria Santíssima.

Agrada-me concluir citando-vos um pensamento do meu venerado predecessor Paulo VI, de quem passa amanhã o primeiro aniversário do piedoso falecimento. "Por entre a fúria dos interesses contrastantes, prejudiciais para o verdadeiro bem do homem, é necessário proclamar de novo bem alto as grandes palavras do Evangelho, as únicas que deram luz e paz aos homens, em análogas convulsões da história" (Discurso aos Cardeais, 21 de junho1976).



RITO DAS EXÉQUIAS EM SUFRÁGIO DA ALMA DO CARDEAL ALFREDO OTTAVIANI


Basílica de São Pedro

Segunda-feira, 6 de Agosto de 1979




143 Ecce Sacerdos magnus, qui in diebus suis placuit Deo et inventus est iustus (Eis o grande Sacerdote que nos seus dias agradou a Deus e foi encontrado justo) (Cfr. Si 44,16-17): são estas as primeiras palavras que me vêm espontaneamente aos lábios no momento em que oferecemos a Deus o sacrifício eucarístico e nos preparamos para dar a última saudação ao venerado Irmão, o Cardeal Alfredo Ottaviani. Na verdade, ele foi grande Sacerdote, insigne por piedade religiosa, exemplarmente fiel no serviço à Santa Igreja e à Sé Apostólica, solícito no ministério e na prática da caridade cristã. E foi ao mesmo tempo um Sacerdote Romano, isto é, dotado daquele espírito típico, talvez não fácil de definir, que quem nasce em Roma — nascera nela dez anos antes do fim do século XIX — possui quase por herança e se exprime numa especial dedicação a Pedro e à fé de Pedro e, ainda, numa pronunciada sensibilidade por aquilo que é e faz e deve fazer a Igreja de Pedro.

Por isso, falei de "exemplar fidelidade", e agora que ele faleceu depois duma longa e laboriosa jornada terrena, torna-se mais fácil reconhecer esta fidelidade como característica da sua vida inteira. A sua foi realmente uma fidelidade a toda a prova; sem querer evocar de novo as fases da sua actividade nos diversos ministérios, a que a sua inteligência de escol e a confiança dos Sumos Pontífices o chamaram, ele distinguiu-se sempre por esta qualidade moral, qualidade singular, qualidade que quer dizer coerência, dedicação e obediência. Como Substituto da Secretaria de Estado, e depois Assessor, Pró-Secretário, Pró-Prefeito e Prefeito da então Sagrada Congregação do Santo Ofício; como Prelado, Bispo e Cardeal, ele demonstrou possuir tal qualidade como divisa que o caracterizava e o identificava aos olhos de quantos — e eram muitos tanto em Roma como fora — o conheciam e o estimavam. Sendo responsável pelo Dicastério, a que está institucionalmente confiada a defesa do sagrado património da fé e da moral católica, manifestou esta mesma virtude num comportamento de perspicaz atenção, na convicção, objectivamente fundada, e nele cada vez mais amadurecida pela experiência das coisas e dos homem, de que a rectidão da fé, isto é, a ortodoxia, é património irrenunciável e é condição primária para a rectidão dos costumes, ou ortopráxis. O seu alto sentido jurídico, que já em idade juvenil o tornara mestre celebrado e escutado por multidões de Sacerdotes, sustentou-o no trabalho tenaz que realizou em defesa da fé.

Sempre disponível, sempre pronto a servir a Igreja, ele encontrou também nas reformas o sinal providencial dos tempos, de maneira que soube e quis colaborar com os meus Predecessores João XXIII e Paulo VI, como fizera já com Pio XII e ainda antes com Pio XI. A sua existência gastou-se literalmente para bem da Igreja santa de Deus. O nosso irmão foi em tudo e sempre o homem de Deus, apto para toda a boa obra (2Tm 3,17); isto, sim, isto é uma referência de ordem essencial, é um parâmetro válido para bem lhe enquadrar a fisionomia espiritual e moral.

Foi também homem de grande coração sacerdotal: são muitos ainda os que dele se recordam no seu ministério quotidiano no meio dos rapazes e jovens do Oratório de São Pedro, que o tiveram — ao lado doutros não esquecidos Sacerdotes e Prelados Romanos — como amigo e irmão, e direi melhor: como pai solícito e afectuoso. Não era esta sua presença um diversivo para vencer o cansaço dos papéis oficiais e das obrigações burocráticas, mas exigência que brotava espontânea, intencional e generosa, dum programa sacerdotal, era "serviço exigido" pela sua vocação.

Nascera pobre no popular bairro do Trastévere, e a esta origem devem atribuir-se o seu terno amor e a sua solicitude preferencial pelos pobres, pelas crianças e pelos órfãos. E agora são precisamente estas almas inocentes que — ao lado de tantos Sacerdotes e Leigos, que do Cardeal Ottaviani receberam a luz da sabedoria, a lição da simplicidade e a medicina da misericórdia — são estas almas que intercedem por ele diante do altar do Senhor, para que lhe seja dado mais cedo o prémio destinado ao "servo bom e fiel" (Cfr. Mt 25 Mt 21).

Por singular coincidência realiza-se este doloroso rito na mesma hora em que, exactamente há um ano, estava para deixar este mundo o meu amado Predecessor Paulo VI. E apraz-me recordar convosco a voz robusta e comovida do Cardeal que, a 21 de Junho de 1963, anunciou publicamente a realizada elevação ao Pontificado do Cardeal João Baptista Montini. Do tom mesmo das suas palavras, que afinal repetiam a habitual formula latina do Habemus Papam, transparecia a satisfação do antigo Mestre que via exaltado um colega e amigo, tão digno de estima, que abriria na Igreja e para a Igreja uma intensa e prometedora estação. Um e outro, nas respectivas posições de responsabilidade, têm já concluído o ciclo da existência terrena, para entrarem definitivamente — como todos desejamos e pedimos — naquele Reino, em que a ardente e intrépida fé de ambos os introduzira na esperança.

A um e a outro conceda agora o Senhor o repouso na sua luz, na sua paz. Amen.



SANTA MISSA PARA AS CLARISSAS E BASILIANAS


Albano, 14 de Agosto de 1979




Caríssimas Irmãs no Senhor

É para mim grande alegria e viva comoção celebrar a Santa Missa aqui, diante de vós e por vós, que viveis a vossa existência contemplativa precisamente nas vizinhanças da minha residência estiva.

Entre todas as pessoas que o Papa estima e de que se aproxima, sois vós certamente as de maior valor, porque o Vigário de Cristo tem necessidade extrema do vosso auxílio espiritual e conta sobretudo convosco, que por divina vocação escolhestes "a melhor parte" (Lc 10,42), quer dizer, o silêncio, a oração; a contemplação e o amor exclusivo de Deus.

144 Vós não abandonastes o mundo para não terdes as cruzes do mundo ou, para não vos interessardes dos problemas que atormentam a humanidade; pelo contrário, vós trazei-los todos no coração e acompanhais, no atormentado cenário da história, a humanidade, com a vossa oração e a vossa ânsia de perfeição e salvação.

Por esta vossa presença, oculta mas autêntica na sociedade, e muito mais na Igreja, também eu olho confiadamente para as vossas mãos pastas e confio ao ardor da vossa caridade a preocupante missão do Pontificado Supremo.

E tenho o gosto de meditar convosco as lições e os pensamentos, que a liturgia de hoje vai buscar à Palavra de Deus, que ouvimos agora mesmo no Sagrado Evangelho.

1. Jesus recorda-nos, primeiro que tudo, a realidade consoladora do Reino dos Céus. A pergunta que os apóstolos dirigem a Jesus é bem sintomática: "Quem é então o maior no Reino dos céus?"

Vê-se que tinham discutido entre si sobre questões de precedência, de carreira e de méritos, com mentalidade ainda terrena e interesseira: queriam saber quem era o primeiro naquele Reino dos Céus, de que sempre falava o Mestre.

Jesus aproveita a ocasião para purificar o conceito errado que têm os apóstolos e os levar ao verdadeiro conteúdo da sua mensagem: o Reino dos céus é a Verdade salvífica por ele revelada; é a "graça", ou seja a vida de Deus por ele trazida à humanidade com a Encarnação e a Redenção; é a Igreja, o seu Corpo Místico, o povo de Deus que o ama e o segue; é finalmente a glória eterna do Paraíso, à qual é chamada toda a humanidade.

Jesus, falando do Reino dos céus, quer ensinar-nos que a existência humana tem valor unicamente na perspectiva da verdade, da graça e da glória futura. Tudo deve ser aceite e vivido com amor e por amor, na realidade escatólogica por Ele revelada: "Vendei os vossos bens e dai-os de esmola. Fazei para vós bolsas que não envelheçam, um tesoiro inesgotável nos céus..." (
Lc 12,33). "Estejam cingidos os vossos rins e acesas as vossas lâmpadas" (Lc 12,35).

2. Jesus ensina-nos o modo justo para entrarmos no Reino dos céus.Conta o evangelista São Mateus que "Jesus chamou um menino, o colocou no meio deles e disse: Em verdade vos digo: Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no reino dos céus. Quem, pois, se fizer humilde como este menino, será o maior no reino dos céus" (Mt 18,2-4).

Esta é a perturbadora resposta de Jesus: para entrar no reino dos céus a condição indispensável é fazermo-nos pequenos e humildes como crianças.

É claro que Jesus não quer obrigar o cristão a ficar numa situação de perpétuo infantilismo, de ignorância satisfeita e de insensibilidade às problemáticas dos tempos. Bem ao contrário! Mas apresenta o menino como modelo para se entrar no reino dos céus, por causa do valor simbólico que a criança encerra em si:

— primeiro que tudo, a criança é inocente, e para entrar no reino dos céus o primeiro requisito é a vida da "graça", isto é, a inocência, conservada ou readquirida, a exclusão do pecado, que é sempre acto de orgulho e de egoísmo.

145 — em segundo lugar, a criança vive de fé e de confiança nos pais e abandona-se com total disposição àqueles que a guiam e amam. Assim o cristão deve ser humilde e abandonar-se com total confiança a Cristo e à Igreja. O grande perigo, o grande inimigo é sempre o orgulho, e Jesus insiste na virtude da humildade, porque diante do infinito apenas se pode ser humilde; a humildade é verdade e é também sinal de inteligência e fonte de serenidade.

— por fim; a criança contenta-se com pequenas coisas, que bastam para a tornar feliz; um pequeno êxito, um belo desejo conseguido e um louvor recebido fazem-na exultar de alegria.

Para entrar no reino dos céus é necessário ter sentimentos grandes, imensos, universais; mas é preciso a pessoa saber contentar-se com pequenas coisas, com obrigações impostas pela obediência, com a vontade de Deus como se exprime no momento que passa, com alegrias quotidianas oferecidas pela Providência; é preciso fazer de todo o trabalho, embora oculto e modesto, uma obra-prima de amor e perfeição.

É necessário voltar-se uma pessoa para a pequenez, a fim de entrar no reino dos céus. Recordemos a genial intuição de Santa Teresa de Lisieux, quando meditava o versículo da Sagrada Escritura: "Se alguém é verdadeiramente pequeno, venha a mim" (
Pr 9,4). Descobriu que o sentido da "pequenez" era como um ascensor que mais depressa e mais facilmente a levaria ao cume da santidade: "Os teus braços, ó Jesus, são o ascensor que me deve levantar até ao céu. Por isso, eu não preciso na verdade de me tornar grande; é preciso, pelo contrário, continuar a ser pequena, tornar-me pequena cada vez mais" (História duma alma, Manuscrito C, cap. X).

3. Por último, Jesus infunde em nós a ansiedade pelo Reino dos Céus."Que vos parece? — diz Jesus. Se um homem tiver cem ovelhas e uma delas se extraviara não deixará as noventa e nove no monte para ir à procura da extraviada? E, se chegar a encontrá-la, em verdade vos digo, alegra-se mais com ela do que com as noventa e nove que não se extraviaram... Assim também, é da vontade de vosso Pai que está nos céus não se perder um só destes pequeninos" (Mt 18,12-14).

São palavras dramáticas, e consoladoras ao mesmo tempo: Deus criou o homem para o tornar participante da sua glória e da sua felicidade infinita; por isso o quis, inteligente e livre, "à sua imagem e semelhança". Infelizmente assistimos com angústia ao inquinamento moral que devasta a humanidade, em especial desprezando os pequenos de que fala Jesus.

Que havemos de fazer? Imitar o bom Pastor e empenhar-nos sem descanso pela salvação das almas. Sem esquecermos a caridade material e a justiça social, devemos estar convencidos de a caridade espiritual ser a mais sublime, quer dizer, o empenho na salvação das almas. E salvam-se as almas com a oração e com o sacrifício. Esta a missão da Igreja.

Especialmente vós, claustrais e almas consagradas, deveis sentir-vos como Abraão no monte, a implorar misericórdia e salvação da bondade infinita do Altíssimo. E alegrai-vos em saber que muitas almas se salvam precisamente por causa da vossa propiciação.

Caríssimas Irmãs, na suave e mis atmosfera desta Vigília da Solenidade da Assunção de Maria Santíssima ao céu, vos confiamos todas aos seus maternais cuidados. E concluo com as palavras que Paulo VI, de venerada memória, exprimia no princípio do seu Pontificado: "Nossa Senhora aparece-nos hoje como, nunca, com a sua luz do alto. Mestra da vida cristã. E diz-nos: vivei como deve ser, vós também; e ficai sabendo que o mesmo destino, para mim antecipado na hora em que o meu caminho temporal foi encerrado, o será a seu tempo também para vós;... A Mãe do Céu está lá em cima, vê-nos e espera-nos com o seu olhar cheio de ternura;... São exactamente os seus olhos dulcíssimos que nos contemplam amorosamente e com maternal afecto nos animam..." (Discurso de 15 de Agosto de 1963).




Homilias JOÃO PAULO II 134