Homilias JOÃO PAULO II 145

SOLENIDADE DA ASSUNÇÃO DA VIRGEM MARIA




15 de Agosto de 1979




1. Estamos no limiar da casa de Zacarias, na localidade de Ain-Karin. A esta casa chega Maria, levando em si o mistério gozoso. O mistério dum Deus que se fez homem no seu seio. Maria vem ter com Isabel, pessoa que Lhe está muito próxima, à qual se vê unida por mistério análogo; vem partilhar com ela a sua própria alegria.

146 No limiar da casa de Zacarias espera-A uma bênção, que é a sequência do que ouviu dos lábios de Gabriel: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E bem-aventurada aquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor ...» (Lc 1,42 Lc 1,45).

E nesse instante, do fundo da intimidade de Maria, do fundo do seu silêncio, brota aquele cântico que exprime toda a verdade do grande Mistério. É o cântico que anuncia a história da salvação e manifesta o coração da Mãe: «A minha alma glorifica ao Senhor...» (Lc 1,46).

2. Já não nos encontramos simplesmente no limiar da casa de Zacarias em Ain-Karin. Encontramo-nos no limiar da eternidade. A vida da Mãe de Cristo concluiu-se na terra. Nela deve cumprir-se essa lei que o Apóstolo Paulo proclama na sua Carta aos Coríntios: a lei da morte, vencida pela ressurreição de Cristo. Na realidade, «Cristo ressuscitou dentre os mortos como primícias dos que dormem ... E como em Adão todos morremos, assim também em Cristo todos somos vivificados. Mas cada um por sua ordem» (Cor. 15, 20.22.23). Nesta ordem, Maria é a primeira. Com efeito, quem «pertence a Cristo» mais que Ela?

E eis que no momento em que n'Ela se cumpre a lei da morte, vencida pela ressurreição de seu Filho, brota de novo do coração de Maria o cântico que é cântico da salvação e de graça: o cântico da assunção ao céu. A Igreja põe de novo na boca da Senhora da Assunção, Mãe de Deus, o Magnificat.

3. Nesta nova verdade ressoam as seguintes palavras que um dia pronunciou Maria durante a visita a Isabel: «Exulta de alegria o meu espírito em Deus, meu Salvador ... / Porque fez em mim maravilhas o Omnipotente» (Lc 1,47 Lc 1,49).

Essas maravilhas fê-las desde o princípio. Desde o momento da sua concepção no seio da sua mãe, Ana, quando uma vez que a escolhera como Mãe de seu próprio Filho, a livrou do jugo e da herança do pecado original. E depois, ao longo dos anos da infância, em que a chamou totalmente para si, ao seu serviço, como a Esposa do Cântico dos Cânticos. E a seguir, através da Anunciação em Nazaré, e através da noite de Belém, e através dos trinta anos da vida oculta na casa de Nazaré. E sucessivamente através das experiências dos anos de ensino de seu Filho Cristo e através dos horríveis sofrimentos da Sua cruz e a aurora da ressurreição ...

Na verdade, «grandes coisas fez em mim o Omnipotente e Santo é o Seu nome» (Lc 1,49).

Neste instante completa-se o último acto na dimensão terrestre, acto que é ao mesmo tempo o primeiro na dimensão celeste, no seio da eternidade.

Maria glorifica a Deus, consciente de que por causa da sua graça a glorificariam todas as gerações, porque «a Sua misericórdia vai de geração em geração para aqueles que O temem» (Lc 1,50).

4. Também nós, caríssimos Irmãos e Irmãs, louvamos juntos a Deus, por tudo quanto fez pela humilde Serva do Senhor. Glorificamo-Lo, damos-Lhe graças. Avivamos a nossa confiança e a nossa esperança, indo buscar a inspiração a esta maravilhosa festa mariana.

Nas palavras do «Magnificat» manifesta-se o coração todo da nossa Mãe. São hoje o Seu testamento espiritual. Cada um de nós deve olhar para a sua vida, para a história do homem, em certo modo com os mesmos olhos de Maria. A este propósito são belíssimas as palavras de Santo Ambrósio, que me apraz repetir-vos hoje: «Esteja em cada um a alma de Maria a glorificar ao Senhor, esteja em cada um o espírito de Maria a exultar em Deus; se, pela carne, uma só é a mãe de Cristo, pela fé todas as almas geram a Cristo: cada uma, de facto, acolhe em si o Verbo de Deus» (Exp. ev. sec. Lucam, II, 26).

147 E, além disso, caras Irmãs e irmãos, não deveríamos acaso, nós também, repetir como Maria: grandes coisas fez em mim? Porque aquilo que fez n'Ela, fê-lo por nós, e fê-lo portanto também a nós. Por nós se fez homem, a nós trouxe a graça e a verdade. A nós nos transforma em filhos de Deus e herdeiros do céu.

As palavras de Maria dão-nos nova visão da vida. Visão duma fé perseverante e coerente. Fé que é a luz da vida quotidiana. Daqueles dias às vezes tranquilos, mas muitos tempestuosos e difíceis. Fé que ilumina, por último, as trevas da morte de cada um de nós.

Seja o fruto da festa da Assunção este olhar sobre a vida e sobre a morte.

5. Tenho o gosto de viver junto a vós, em Castel Gandolfo, esta festa, falando da alegria de Maria e proclamando a sua glória a todos quantos consideram, como querido e familiar, o nome da Mãe de Deus e dos homens.





SANTA MISSA A UM GRUPO DE PROFESSORES


E ESTUDANTES DO «OPUS DEI»




Castel Gandolfo, 19 de Agosto de 1979




Caríssimos jovens Universitários
e Professores do «Opus Dei».

Desejastes encontrar-vos com o Papa junto da Mesa Eucarística, enquanto, provenientes de diferentes Universidades de Itália, vos encontrais em Roma, para participar em cursos de actualização doutrinal e de formação espiritual. E eu agradeço-vos este vosso atestado de fidelidade, de fé e de amor à Eucaristia e ao Papa, Vigário de Cristo na terra.

A vossa instituição tem como fim a santificação da vida permanecendo no mundo, no posto de trabalho e de profissão: viver o Evangelho no mundo, mas imersos no mundo para transformá-lo e redimi-lo com o próprio amor a Cristo! Verdadeiramente o vosso é um grande ideal, que desde os inícios antecipou aquela teologia dos Leigos, que havia de caracterizar mais tarde a Igreja do Concílio e do pós-Concílio.

Tal é de facto a mensagem e a espiritualidade do «Opus Dei»: viverem unidos a Deus, no mundo, em qualquer situação, procurando melhorar-se a si próprios com a ajuda da graça e fazendo conhecer Jesus Cristo através do testemunho da vida.

E que coisa há de mais belo e mais entusiasmante do que este ideal? Vós, inseridos e amalgamados nesta humanidade alegre e sofredora, quereis amá-la, iluminá-la, salvá-la: que sejais abençoados e sempre encorajados neste vosso propósito!

148 Saúdo-vos do íntimo do coração, recordando a profunda e comovente exortação que São Paulo escrevia aos Efésios: «Recitai entre vós salmos e hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vossos corações, dando sempre graças por tudo a Deus Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo» (Ep 5,19-20).

Nós queremos exactamente deter-nos aqui, em oração com Cristo, em Cristo e por Cristo; queremos em conjunto glorificar o Senhor, que no imenso mistério do seu amor não só quis encarnar-Se, mas também permanecer connosco na Eucaristia. De facto a Liturgia de hoje é centrada neste supremo mistério, e o próprio Jesus é o Mestre Divino que nos ensina como devemos entender e viver este sublime e incomparável Sacramento.

1. Antes de mais, Jesus afirma que a Eucaristia é uma realidade misteriosa mas autêntica.

Jesus, na Sinagoga de Cafarnaúm, afirma claramente: «Eu sou o pão descido do céu ... O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo ... A minha carne é o verdadeiro alimento e o meu sangue é a verdadeira bebida ... Este é o pão que desce dos Céus, não como aquele que comeram os vossos pais e morreram» (Cfr. Jo Jn 6).

Jesus diz exactamente: «carne» e «sangue», «comer» e «beber». Embora soubesse que feria a sensibilidade e a mentalidade dos Hebreus.

Isto é, Jesus fala da sua Pessoa real, inteira, não simbólica, e dá a entender que a sua, é uma oferta «sacrificai», que se realizará pela primeira vez na «Última Ceia», antecipando misticamente o Sacrifício da Cruz e será prosseguida através dos séculos, mediante a Santa Missa. É um mistério de fé, diante do qual apenas podemos ajoelhar em adoração, silêncio, admiração.

A Imitação de Cristo defende este insondável Sacramento das curiosas e inúteis investigações as quais podem ser também perigosas: «Qui scrutator est maiestatis, opprimetur a gloria» (Livro IV, cap. XVII, 1).

Paulo VI, de venerada memória, no «Credo do Povo de Deus», fazendo uma síntese da Doutrina específica do Concílio de Trento e da sua Encíclica «Mysterium fidei», disse: «Cristo não pode estar presente neste Sacramento senão mediante a conversão no seu Sangue da própria realidade do vinho, enquanto permanecem imutadas só as propriedades do pão e do vinho perceptíveis aos nossos sentidos. Tal misteriosa conversão a Igreja denomina-a de um modo bastante apropriado — transubstanciação —» (Ensinamentos de Paulo VI, vol. VI, 1968, pág. 308).

Todos os Padres da Igreja afirmaram sempre a realidade da Divina Presença; recordemos apenas o filósofo Justino que na «Apologia» exorta à adoração humilde e gloriosa: «Terminadas as orações e o agradecimento eucarístico, todo o povo presente aclama: Amen!.

Amen, em língua hebraica quer dizer 'seja' ... De facto não o tomamos como um pão comum e uma comum bebida; mas assim como Jesus Cristo nosso Salvador ao encarnar-se pela palavra de Deus teve carne e sangue para a nossa salvação, assim também o alimento do qual se nutre por assimilação a nossa carne e sangue, uma vez consagrado com a oração de graças formada pelas palavras de Cristo é, segundo a nossa doutrina, carne e sangue de Jesus encarnado» (Primeira Apologia, 65-67).

Digo-vos portanto: sede os adoradores convictos da Eucaristia, no pleno respeito das regras litúrgicas, na seriedade devota e convicta, que nada tira à familiaridade e à ternura.

149 2. Jesus afirma depois que a Eucaristia é uma realidade salvífica.

Jesus, continuando o seu discurso sobre o «Pão da vida», acrescenta: «Se um come este Pão, viverá eternamente ... Se não comeis a carne do Filho do homem e não bebeis o seu Sangue, não tereis a vida em vós ... Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia».

Neste contexto Jesus fala da «vida eterna», de «ressurreição» gloriosa, de «último dia». Não que Jesus esqueça ou despreze a vida terrena; pelo contrário! Jesus, Ele próprio fala dos talentos que cada um deve cuidar e apraz-se com as obras dos homens a favor da progressiva libertação das várias escravidões, opressões e do melhoramento da existência humana.

Porém é necessário não cair no equívoco da imanência histórica e terrena; é preciso passar através da história para alcançar a vida eterna e gloriosa; passagem cansativa, difícil, ambígua, porque deve ser meritória! Eis então Jesus vivo e presente no nosso caminho quotidiano, para nos ajudar a realizar o nosso verdadeiro destino, imortal e feliz.

Sem Cristo, é fatal arruinar-se, confundir-se, até mesmo desesperar! Dante Alighieri, homem de mundo e de fé, génio da poesia e entendido na teologia, intuiu-o com clareza lúcida, quando nas paráfrases do «Pai Nosso», recitado pelas almas no Purgatório, ensina que no rude deserto da vida sem a íntima união com Jesus, o «maná» do Novo Testamento, o «Pão descido dos céus», o homem, que quer andar para a frente apenas com as suas forças, na realidade caminha para trás:

«Dá-nos hoje o quotidiano alimento / sem o qual neste rude deserto / vai para trás quem mais quer avançar» (Dante, Purgatório, XI, 13-15).

Só mediante a Eucaristia é possível viver as virtudes heróicas do Cristianismo: a caridade, até ao perdão dos inimigos, ao amor por quem nos faz sofrer, ao dom da própria vida pelo próximo; a castidade, em qualquer idade e situação da vida; a paciência, especialmente na dor e quando se está perturbado pelo silêncio de Deus nos dramas da história ou da própria existência. Sede portanto sempre almas eucarísticas, para poderdes ser autênticos cristãos!

3. Por fim Jesus afirma ainda que a Eucaristia deve ser uma realidade transformante.

É a afirmação que mais impressiona e mais empenha: «A minha carne é o verdadeiro alimento e o meu sangue é a verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e Eu nele. Como o Pai, que possui a vida, me mandou e eu vivo para o Pai, do mesmo modo também aquele que come de mim, viverá para mim». Palavras sérias! Palavras exigentes! A Eucaristia é uma transformação, um empenho de vida:

«Não sou já eu que vivo — dizia S. Paulo — mas é Cristo que vive em mim!» (
Ga 2,20 1Co 2,2). E Jesus crucificado! Receber a Eucaristia, significa transformar-se em Cristo, permanecer Nele, viver para Ele! O cristão, no final das contas, deve ter apenas uma única preocupação e uma única ambição: viver para Cristo, procurando imitá-lo na suprema obediência ao Pai, na aceitação da vida e da história, na total dedicação à caridade, na bondade compreensiva e todavia austera. A Eucaristia torna-se por isso programa de vida.

Caríssimos!

150 Concluindo esta meditação, confio-vos a Maria Santíssima: Ela, que por trinta e três anos pôde usufruir da presença visível de Jesus e tratou o seu Divino Filho com o maior dos cuidados e delicadezas, vos acompanhe sempre à Eucaristia; que vos dê os seus próprios sentimentos de adoração e de amor.

Depois deste místico e fraternal encontro, regressai às vossas ocupações com um renovado propósito de viver intensamente a vossa espiritualidade:

— que sejais, onde quer que vos encontreis, irradiadores de luz, com a total e certa ortodoxia da doutrina cristã e católica, com humildade mas com coragem, na perfeita competência da vossa profissão;

— que sejais portadores de paz, com o vosso amor por todos, feito de compreensão, de respeito, de sensibilidade, de paciência, pensando que cada homem traz em si a sua dor e o seu mistério;

— que sejais por fim, semeadores de alegria com a vossa caridade concreta e o vosso sereno abandono à Providência, recordados daquilo que afavelmente disse o Papa João Paulo I, de venerada memória: «Saibamos que Deus tem sempre os olhos perto de nós, mesmo quando parece que é noite» (10 de Setembro 1978).

Que vos acompanhe a minha paternal e propiciadora Bênção Apostólica!



VISITA PASTORAL À REGIÃO DO VÉNETO


Canale d'Agordo, 26 de Agosto de 1979




Caríssimos Irmãos e Irmãs de Canale d'Agordo

Tenho especial gosto de me encontrar hoje entre vós, no aniversário da elevação ao Pontificado Supremo do vosso concidadão, o amadíssimo e inesquecível Papa João Paulo I. Mas estou também profundamente comovido. Todos de facto nos recordamos ainda com inalterada emoção especialmente o Papa que vos fala e os Cardeais que participaram naquele Conclave que durou pouco mais de um dia — todos recorda-mos o extraordinário fenómeno que foram a eleição, o pontificado e a morte daquele Papa; todos conserva-mos no coração a sua figura e o seu sorriso; todos gravámos na alma a recordação dos ensinamentos que ele multiplicou com incansável zelo e amabilíssima arte pastoral, nos breves 33 dias do seu ministério universal; e todos sentimos ainda no coração a surpresa e o desgosto do seu fim inesperado, que improvisamente o tirou à Igreja e ao mundo, pondo termo a um Pontificado que já conquistara todos os corações. O Senhor no-lo deu como para mostrar-nos a imagem do Bom Pastor, que ele se esforçou sempre por copiar seguindo a doutrina e os exemplos do seu predilecto modelo e mestre, o Papa São Gregório Magno; e, ao subtraí-lo ao nosso olhar mas não sem dúvida ao nosso amor, quis dar-nos grande lição de abandono e confiança n'Ele só, que dirige e governa a Igreja mesmo na mudança dos homens e no seguimento, às vezes incompreensível, dos acontecimentos terrenos.

Recordando aquela passagem tão rápida e tão perturbadora, desejei vir hoje ao meio de vós, ao completar-se exactamente um ano desde que a figura de João Paulo I apareceu pela primeira vez na varanda da Basílica Vaticana. Estou comovido, repito, por me encontrar aqui, na risonha povoação dolomítica onde ele viu a luz, numa família simples e laboriosa que bem pode considerar-se modelo das boas famílias cristãs destes vales de montanhas; comovido por celebrar os Santos Mistérios aqui onde ele sentiu a vocação ao sacerdócio, seguindo o exemplo dos numerosos concidadãos vossos que no decorrer dos séculos ouviram o chamamento divino; aqui onde ele recebeu o santo Baptismo e a Confirmação, aqui onde celebrou pela primeira vez a Santa Missa a 8 de Julho de 1935, e aonde voltou ainda como Bispo de Vittório Véneto, e como Patriarca de Veneza e Cardeal da Santa Igreja Romana. E gosto de recordar que desejou voltar aqui em Fevereiro do ano passado — poucos meses antes da sua elevação à Cátedra de Pedro — para pregar-vos uma breve Missão, preparatória da Páscoa.

E aqui está ainda no meio de nós, hoje. Sim, caríssimos Irmãos e Irmãs de Canale d'Agordo. Ele está aqui: com o seu ensinamento, com o seu exemplo e com o seu sorriso.

151 1. Primeiramente fala-nos do seu grande e firmíssimo amor à Santa Igreja. Na segunda leitura da Santa Missa ouvimos que São Paulo, traçando aos Efésios um programa sublime de amor conjugal, escreve: "Cristo amou a Igreja e por Ela se entregou, para a fazer santa, purificando-a no baptismo da água pela palavra da vida, para a apresentar a Si mesmo como Igreja gloriosa sem mancha nem ruga nem qualquer coisa semelhante, mas santa e imaculada" (Ep 5,25-27). Pois bem, ao ouvir estas palavras, o meu pensar dirigia-se para o momento em que, na majestade da Capela Sistina, ao anunciar ao mundo com voz límpida e clara, o seu programa pontifício, o Papa Luciani disse: "Pomo-nos inteiramente, com todas as nossas forças físicas e espirituais, ao serviço da missão universal da Igreja" (27 de Agosto de 1978; Insegnamenti di Giovanni Paolo I, 1979, D. 14).

A Igreja! Ele aprendeu a amá-la aqui, entre os seus montes, dela viu como que a imagem na sua humilde família, dela escutou a voz no catecismo do Pároco, dela bebeu a linfa profunda da vida sacramental que lhe era oferecida na sua paróquia. Amar a Igreja, servir a Igreja foi o programa constante da sua vida. Ainda naquela primeira Rádio-mensagem ao mundo disse com palavras, que hoje nos soam como verdadeiramente proféticas: "A Igreja, cheia de admiração e amorosamente inclinada para as conquistas humanas, pretende por outro lado salvaguardar o mundo — sedento de vida e amor — das ameaças que lhe estão sobranceiras... Neste momento solene, queremos consagrar tudo o que somos e aquilo que podemos, a este fim supremo até ao último suspiro, consciente da missão que nos confiou Cristo" (Ib PP 14 s.).

Como pároco, como Bispo, como Patriarca e como Papa não fez outra coisa: dedicar-se a si mesmo totalmente à Igreja, até ao último alento: a morte colheu-o assim, como a realizar um verdadeiro e exacto serviço sem descanso; assim viveu ele, assim morreu, dedicando-se todo à Igreja com uma simplicidade que desarmava, mas também com uma firmeza indefectível, que não sentia temores, porque fundada na lucidez da sua fé e na promessa indefectível feita por Cristo a Pedro e seus Sucessores.

2. E aqui encontramos outro ponto de referência, outra estrutura basilar da sua vida e do seu Pontificado: o amor a Cristo Senhor. O Papa João Paulo I foi o arauto de Jesus Cristo, Redentor e Mestre dos homens, vivendo o ideal já descrito por São Paulo: "Considerem-nos todos como ministros de Cristo e administradores dos mistérios de Deus" (1Co 4,1). É seu intento expressou-o claramente na Audiência Geral de 13 de Setembro, falando da fé: "Quando o pobre Papa, quando os Bispos e os Sacerdotes propõem a doutrina, não fazem senão ajudar Cristo. Não é doutrina nossa, é a de Cristo; devemos só conservá-la e propô-la" (Insegnamenti, p. 66) . A verdade, o ensinamento e a palavra de Cristo não mudam, embora exijam apresentação adequada a todas as viragens da história, de maneira que se tornem mais compreensíveis à mentalidade e à cultura do momento: é certeza que não muda, ainda que mudem os homens e os tempos, e ainda que por estes não seja compreendida ou talvez seja por eles recusada. É ainda e sempre a irremovível atitude de Jesus, que — segundo diz o Evangelho neste domingo — não diminuiu nem mudou fosse o que fosse na sua doutrina sobre a Eucaristia, mesmo diante do abandono dos seus ouvintes e até dos discípulos, e colocou mesmo os seus Apóstolos diante do severo autaut duma decisão, duma escolha suprema: "Também vós quereis retirar-vos?" (Jn 6,67). Na resposta de Pedro reconhecemos a atitude de toda a vida, até ao fim, de João Paulo I: "Senhor para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna; e nós acreditamos e sabemos que és o Santo de Deus" (Ib.6, 68-69). A sua fé e o seu amor a Jesus "confirmaram" verdadeiramente todos nós, seus irmãos, com um altíssimo e coerente ensinamento de abandono à protecção omnipotente do Senhor Jesus: "Com a nossa mão apertada na de Cristo, apoiando-nos n'Ele, também nós subimos ao leme desta barca que é a Igreja. Ela tem estabilidade e segurança, mesmo nas tempestades, porque leva consigo a presença confortante e dominadora do Filho de Deus", proclamara ele logo no princípio do Pontificado (Insegnamenti, p. 13). E a este programa conservou-se fiel, seguindo os ensinamentos do seu amado Mestre e Predecessor São Gregório Magno, tornando verdadeira diante do mundo a imagem, boa e animadora, do divino Pastor: "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração" (Mt 11,29). Por isso, continua ele esculpido para sempre nos nossos corações.

3. Mas Jesus viveu para o Pai, veio para fazer a vontade do Pai (Cfr. Mt 6,10 Mt 12,50 Mt 26,42 Jn 4,34 Jn 5,30 Jn 6,38), propôs ao homem a imagem do Pai, que pensa em nós e nos ama com o seu amor eterno. Pois, encontramos aqui mais um traço da figura e da missão do Papa Albino Luciani: o amor a Deus Pai. Com sentimento igualmente profundo de fé, anunciou também com extraordinária energia o amor do Pai Celeste vara com os homens. Como Josué diante de Israel, segundo a primeira leitura da Santa Missa, apelou energicamente para a grande e perturbadora realidade do amor de Deus para com o seu povo, para a estupenda beleza da eleição para a filiação divina, despertando como então um frémito apaixonado de resposta por parte da Igreja inteira: "Também nós serviremos o Senhor, porque Ele é o nosso Deus" (Jos 24,18). A sua alma revelara-se toda neste sentido desde a primeira Audiência, quando, referindo-se ao dever de sermos bons, insistia: "Diante de Deus, a posição justa é a de Abraão, que disse: 'Sou somente pó e cinza diante de ti, Senhor'. Pequenos mesmo, é que devemos sentir-nos diante de Deus" (6 de Setembro; Insegnamenti, p. 49). Encontramos aqui a quinta-essência do ensinamento evangélico, como foi proposto por Jesus e compreendido pelos Santos, a quem o pensamento da paternidade de Deus sugere os ecos mais profundos da alma: pensemos num São Francisco de Assis, numa Santa Teresa de Lisieux.

João Paulo I recordou com insólita energia o amor que Deus tem por nós suas criaturas, comparando-o, na grande linha do profetismo veterotestamentário, não só ao amor dum pai, mas à ternura duma mãe para com os próprios filhos: fê-lo no Angelus de 10 de Setembro com estas palavras que tanto impressionaram a opinião pública: "Somos objecto, da parte de Deus, dum amor que não se apaga. Sabemos que tem os olhos sempre abertos para nos ver, mesmo quando parece que é de noite" (Insegnamenti, p. 61). E na Audiência Geral de 13 de Setembro: "Deus tem por nós tanta ternura, maior ainda que a duma mãe pelos seus filhos, como afirma Isaias" (Ib., p. 65; cfr. também a Audiência Geral de 27 de Setembro: Ib. D. 95.). Por causa deste inabalável sentido de Deus compreende-se como o meu Predecessor fez principal objecto das suas catequeses das quartas-feiras exactamente as virtudes teologais, que são teologais porque nascem de Deus e d'Ele são dom incriado e infundido em nós no baptismo. E com o ensinamento da caridade — a virtude teologal que tem Deus como fonte e princípio, como modelo e como prémio, e já não terá ocaso — encerrou-se, ou melhor, abriu-se para sempre, na eternidade, face a face com Deus que Ele tanto amou e nos ensinou a amar.

Caríssimos Irmãos e Irmãs de Canale d'Agordo.

O ensinamento do Papa Luciani, vosso conterrâneo, encontra-se especialmente nestas realidades que vos recordei: amor à Igreja, amor a Cristo, amor a Deus. São as grandes verdades do cristianismo, que ele aprendeu aqui, no meio de vós, desde simples criança coma também já adolescente habituado à pobreza e à ascese, e depois como jovem aberto à chamada de Deus. Deram nervura à sua vida de padre e de Bispo até as recordar ele ao mundo inteiro com o vigor incomparável do seu personalíssimo ministério.

Sede fiéis a uma herança tão simples mas tão grande. Dirijo-me às famílias, que formam o tecido substancial destas terras abençoadas por Deus: sede fiéis às tradições cristãs, continuai a transfundi-las nos vossos filhos, a respirar dentro delas como num segundo elemento natural, a dar testemunho delas na vida. no trabalho e na profissão. Distingui-vos sempre pelo amor à Igreja, a Jesus Cristo, a Deus.

E repito-o aos jovens, esperança de amanhã, tão caros ao meu coração; espero ardentemente que no meio de vós continuem a desabrochar as vocações sacerdotais e religiosas, segundo os exemplos recebidos; repito-o aos emigrantes, que procuram fora da pátria — mas com o coração perto dos seus queridos montes — um futuro mais seguro para si e suas famílias; digo-o aos trabalhadores e a todos os caríssimos irmãos e irmãs que me escutam. S6 aqui, na adesão fiel a Deus que nos ama e nos falou por meio do seu Filho, e nos guia e sustenta por meio. da Igreja, podemos nós encontrar aquela nobreza, aquela rectidão e aquela grandeza que nenhuma outra coisa no mundo nos pode dar. Daqui nasce a verdadeira prerrogativa da gente italiana, de que vós encarnais tão bem as características e as virtudes, e só aqui pode ser garantida a continuidade daquele património espiritual, que deu à Pátria e à Igreja tantas pessoas nobres e grandes, como foi para todo o mundo um homem e um Papa como João Paulo I.

Senti o dever de vir até aqui precisamente para vos recordar — a vós habitantes de Canale d'Agordo e aos Bellunenses todos, como também a todo o povo italiano — a beleza e grandeza da vossa vocação cristã. Fi-lo qual continuador da missão do meu Predecessor; que se iniciou há um ano como um alvor cheio de esperança. Como escrevi na minha primeira Encíclica Redemptor Hominis, "quando, a 26 de agosto de 1978, ele declarou ao Sacro Colégio querer chamar-se João Paulo - uni binómio deste género não tinha antecedentes na história do Papado — já então nisso reconheci um eloquente bom auspício da graça, sobre o novo Pontificado. E dado que esse Pontificado durou apenas 33 dias, a mim cabe não somente continuá-lo, mas, de certo modo, retomá-lo desse mesmo ponto de partida" (n. 2: AAS LXXI 1079, p. 259).

152 A minha presença aqui hoje não diz só o meu sincero amor por vós, mas é sinal mesmo público e solene deste meu compromisso, e quer testemunhar diante do mundo que a missão e o apostolado do meu Predecessor continuam a brilhar como luz claríssima na Igreja, com uma presença que a morte não pôde interromper. Esta deu-lhe até um impulso e uma continuidade que nunca terão ocaso.



VISITA PASTORAL À REGIÃO DO VÉNETO


Belluno, 26 de Agosto de 1979

Venerados Irmãos Bispos, e vós, Sacerdotes e fiéis

das Igrejas de Belluno e do Véneto

1. Não podia faltar, depois da visita à terra natal do meu amado Predecessor João Paulo I, uma paragem, embora necessariamente breve, na Cidade que o viu jovem seminarista no Seminário local Gregoriano, e depois zeloso sacerdote, cheio de amor pelo Senhor /Jesus e pelas almas. A presente celebração eucarística é, portanto, nova homenagem à memória abençoada deste Papa, cuja grandeza, quase diria, é inversamente proporcional à duração do seu serviço na Sé de Pedro; e é ao mesmo tempo particular sinal de reverência e consideração pelas ilustres dioceses de Belluno e de Feltre, a. ele tão queridas.

Ao saudar cada um de vós aqui presentes — Autoridades eclesiásticas e civis, Párocos, Religiosos, Religiosas e Leigos — o meu olhar alarga-se e estende-se a toda a Terra Véneta, terra antiga, nobre e fecunda, na qual é frequente encontrar segundo o testemunho da história no decurso dos séculos, um florescimento de almas ardentes e generosas, entre as quais, como não última, se pode a bom direito contar a figura do Papa Luciani.

2. Mas consenti-me, para melhor enquadrar a nossa assembleia litúrgica e dar-lhe a necessária referência ou fundamento que é a Palavra de Deus, consenti-me que retome o importante texto evangélico que acabamos de ouvir. Como sabeis, já há diversas semanas, nos domingos deste período "per annum", a Igreja com esclarecida pedagogia manda-nos ler e meditar o extenso discurso feito por Jesus na sinagoga de Cafarnaúm, para apresentar o "pão da vida" e apresentar-se a si mesmo como pão da vida. Também hoje nos foi proposto um trecho, o de conclusão (Cfr. Jn 6,60-69), em que as repetidas e solenes enunciações do Senhor, solicitam da nossa parte uma resposta decisiva de fé, como a solicitaram então por parte dos discípulos. Recordai o que lemos no domingo passado: "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu ressuscitá-lo-ei no último dia"; "Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, fica em mim e eu nele" (Ibid., Jn 6,54 Jn 6,56). São estas, afirmações de altíssimo conteúdo espiritual, que não se compreendem sem dúvida nem se explicam com a medida da razão humana; transcendem, de facto, a limitação da existência terrena; falam-nos de vida eterna e de ressurreição; apresentam misteriosa relação entre Cristo e o crente, que se desenha como recíproca compenetração de pensamento, de sentimento e de vida. Ora, de que modo podemos nós sintonizar-nos com um discurso de tal elevação? "Muitos dos seus discípulos disseram: 'Duras são estas palavras! Quem pode escutá-las?'" (Ibid., Jn 6,60).

Eis que nos é apresentada a posição humana, terrena, tal como a sugere o simples raciocínio, diante das perspectivas abertas pela palavra de Jesus. Mas implanta-se em nós a certeza , porque Ele mesmo nos tranquiliza: "As palavras que Eu vos disse são espírito e vida" (Ibid., Jn 6,63). E apresenta-se-nos ainda, diante da iniludível alternativa de aceitar ou recusar estas suas palavras, a exemplar e pará nós decisiva resposta dada por Pedro, a sua é magistral profissão de fé: "Senhor, para quem havemos de ir? Tu tens palavras de vida eterna; e nós acreditamos e sabemos que és o Santo de Deus" (Ibid., Jn 6,69).

Permiti-me, Irmãos e Filhos caríssimos, fazer notar nesta altura a felicidade, a conveniência e a propriedade de tal página evangélica em relação com a circunstância de se encontrarem hoje reunidos o Papa com os fiéis duma escolhida porção do Povo de Deus. Vindo de Roma para honrar o meu insigne Predecessor, tendo-me colocado em companhia exemplar com ele para de novo percorrer as fases da sua formação moral, sacerdotal e pastoral, encontrei, melhor, encontrámos juntos, diante dos nossos passos, este texto em que o próprio Pedro, o primeiro Vigário de Cristo, ensina aos seus sucessores qual a linha que é preciso seguir para não faltar ao dever apostólico, para não fugir do caminho direito, para responder menos indignamente ao plano redentor de Cristo, pastor supremo do rebanho. Esta linha é a fé: fé indiscutida, plena e indefectícel na Palavra de Cristo e na Pessoa de Cristo: fé coma se revelou em Cesareia de Filipe, quando Pedro vencendo as opiniões limitativas e erradas dos homens, descobre em Jesus "o Cristo, o Filho de Deus vivo" (Cfr. Mt 16,16); fé que se revela na leitura de hoje, quando é Pedro que, uma vez mais, confessa a transcendente validez "para a vida eterna" das próprias palavras de Cristo. Trata-se duma dupla e esplêndida profissão de fé, que — segundo observa São Leão Magno — é repetida todos os dias por Pedro no interior da Igreja (Cfr. Sermo III, 3; PL 54, 146). Por este motivo, tal lição vale primeiramente para mim e para o formidável ministério que veio a pesar sobre os meus ombros, depois do inesperado e doloroso desaparecimento do vosso inesquecível conterrâneo, João Paulo I.

3. Mas a aludida oportunidade ou conveniência deste Evangelho demonstra-se também em relação a vós, que me estais agora escutando. As palavras da fé de Pedro, isto é, da fé autêntica e segura, aplicam-se muito bem pela sua exemplaridade aos herdeiros duma tradição religiosa que, no contexto mais vasto da tradição italiana, se distingue pela solidez, pela coerência e pela capacidade de influir sobre os sãos costumes morais. Falo da vossa fé, ó Irmãos da região de Belluno, fé que reflecte, confirma e apresenta com exactidão a imagem da fé das populações venezianas e, mais em geral, a fisionomia cristã da Itália. Que herança mais preciosa, que tesouro de maior valor poderia recomendar-vos o Papa, que veio ter convosco? Por graça de Deus e — é necessário reconhecê-lo — pela indefesa dedicação de tantos Pastores, este património está ainda substancialmente intacto: a fé, a vós transmitida como lâmpada luminosa pelos vossos maiores, está viva e ardente; mas é também necessário vigiar constantemente (lembrai-vos da parábola das dez virgens? (Cfr. Mt 25,1-13), é necessário vigiar e orar (Cfr. Mt 26,41 Mc 14,34 Mc 14,38 Lc 12,35-40), para que esta lâmpada não se apague nunca, mas resista aos ventos e às tempestades, brilhe com maior intensidade e mais forte poder de irradiação, e esteja aberta à compreensão e à conquista. Hoje há verdadeiramente necessidade duma fé amadurecida, sólida e corajosa diante das incertezas que assaltam alguns irmãos, como daqueles que pensam que a Itália é uma terra que se está afastando das tradições cristãs para entrar na era chamada pós-cristã. Não, Irmãos! Sei que não é assim, e vós mesmas me respondeis agora — já respondestes com o vosso comovido acolhimento desde esta manhã — que não é assim. Partindo do conhecimento que há muitos anos tenho da Itália e dos Italianos, e da mais directa experiência que fui adquirindo, dia a dia, nestes meses do meu serviço pontifício, eu sei que não é assim; não obstante as aumentadas insídias e os maiores perigos, o rosto autêntico do País é cristão, iluminado como está pela luz de Cristo e do seu Evangelho. De tudo oferece aliás indubitável confirmação a vitalidade que a mesma Itália mostra possuir no que diz respeito à causa das Missões: a Igreja Italiana — e tenho muito prazer de o afirmar com satisfação e louvor — é fortemente missionária e em proporção, isto é tomando em conta as condições económicas de Países privilegiados, é a primeira na escala dos auxílios fornecidos às Missões. E acima deste dado externo está a realidade, muito mais importante, dos Missionários — Sacerdotes, Religiosos, Irmãs e Pessoal leigo especializado — que são oferecidos em percentagem elevadíssima pela Itália e, em particular, pela região de Veneza, para a expansão do Reino de Deus.

4. Nesta altura, o tema da fé — que se deve guardar, aprofundar e difundir — leva-me quase naturalmente a dirigir-me aos jovens. Sabeis como nos encontros e nas audiências públicas não deixo nunca de lhes falar, e faço-o não só pela óbvia e — dir-se-ia — interessada razão, de ser esta idade que lhes reserva o futuro e os tornará em breve protagonistas dos acontecimentos, mas também e sobretudo pelos peculiares dotes que são próprios da juventude: o entusiasmo e a generosidade, a lealdade e a espontaneidade, o sentido da justiça, a pronta disponibilidade para servir os irmãos em tantas formas de assistência e caridade, a recusa das meias medidas, o desprezo dos cálculos mesquinhos, o nojo por qualquer forma de hipocrisia e, como desejo, também o repúdio de qualquer forma de intolerância e violência.


Homilias JOÃO PAULO II 145