Homilias JOÃO PAULO II 170

PRIMEIRO ANIVERSÁRIO DA MORTE DO PAPA PAULO VI




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Domingo, 16 de Setembro de 1979




1. No Evangelho de hoje, São Marcos refere o mesmo acontecimento descrito por São Mateus no capítulo 16. Nas proximidades de Cesareia de Filipe, interroga Jesus os discípulos: Quem dizem por aí que eu sou? (
Mc 8,27) Após diversas respostas, toma a palavra Pedro e diz Tu és o Cristo (Mc 9,29) (que quer dizer «o Messias»). No Evangelho de Mateus a resposta é: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo (Mt 16,16). E segue-se a bênção, dirigida a Pedro por causa da sua fé, e a promessa que principia com as palavras: Tu és Pedro (pedra, rocha) (Mt 16,18). Texto sublime, que todos sabemos de cor.

Na redacção de Marcos, pelo contrário, imediatamente depois da confissão de Pedro «Tu és o Cristo», Jesus passa ao anúncio da sua morte: O Filho do homem tinha de sofrer muito ... e ser morto, e ressuscitar depois de três dias (Mc 8,31). E então Pedro, como lemos, começou a repreendê-1'O (Mc 8,32). Segundo Mateus a repreensão foi esta: Deus Te livre de tal, Senhor. Isso não Te há-de acontecer! (Mt 16,22). Pedro não quer que fale Cristo da paixão e morte. Não é capaz de aceitá-las com o seu coração que ama de maneira humana. Quem ama quer preservar a pessoa amada, mesmo no pensamento, mesmo na imaginação. Todavia, Cristo repreende Pedro, repreende-o severamente. Esta repreensão, que encontramos no Evangelho de Marcos hoje lido, é ainda mais significativa no texto de Mateus, pelo contraste com as palavras precedentes, que tinham servido para Cristo abençoar Pedro e anunciar-lhe o primado na Igreja. É exactamente o primado que não permite subtrair-se ele ao mistério da Cruz, não permite afastar-se, nem sequer uma polegada, da sua realidade salvífica.

2. Reunimo-nos hoje na Basílica de São Pedro para comemorar o primeiro aniversário da morte do Papa Paulo VI. Já ó fizemos no dia mesmo do aniversário: 6 de Agosto, na festa da Transfiguração do Senhor, naquela casa, em Castel Gandolfo, em que, há um ano, ele concluiu a sua jornada terrena. Hoje fazemo-lo de modo solene na Basílica Vaticana, onde há mais de um ano repousam, na cripta, os despojos mortais do grande Papa. A sua grandeza encontra o fundamento no mistério da cruz de Cristo. Como Sucessor de Pedro, ele aceitou aquela bênção e todo o conteúdo da promessa messiânica, que foi pronunciada na região de Cesareia de Filipe, e aceitou, em toda a sua plenitude, o mistério da cruz. Levou esta cruz e não só nas mãos, caminhando todos os anos seguindo as pegadas da Via-Sacra no Coliseu romano. Levou-a dentro de si, no seu coração, em toda a sua missão: ... Deus me livre de me gloriar a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo (Ga 6,14). Estas palavras do Apóstolo, cujo nome ele tomara no ano de 1963 no início do pontificado, foram confirmadas por toda a sua vida. Paulo VI: apóstolo como o foi o Apóstolo Paulo. E assim, como Paulo Apóstolo, poderia ele completar aquela sua confissão da glória na cruz de Cristo, dizendo: pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo (Ibidem). E talvez estas palavras sejam uma chave essencial para se compreender a vida de Paulo VI, assim como o são para se compreenderem a vida e a missão de São Paulo.

3. A cruz, como insinuam na liturgia de hoje o profeta Isaías e depois o Salmo 114 (115), tem uma dimensão sua, interior; Paulo VI conheceu esta dimensão interior da cruz. Nem lhe foram estranhos os «insultos» e os «escarros» (Cfr. Is Is 50,6), que suportou como mestre e servo da verdade. Nem andaram alheias da sua alma aquela tristeza e aquela angústia (Ps 114) de que fala o salmista. Tristeza e angústia, que nascem do sentido da responsabilidade pelos mais santos valores, pela grande causa que Deus confia ao homem; tristeza e angústia que só podem ser vencidas na oração; só podem ser vencidas com a força duma confiança sem limites: O Senhor é bom e justo, o nosso Deus é misericordioso. O Senhor protege os humildes: fui um miserável e Ele salvou-me (Ps 114,5-6). Paulo VI era o homem dessa profunda, difícil — e precisamente por isto — inabalável confiança. E, precisamente graças a tal confiança, era ele a pedra ,a rocha, sobre a qual, neste período excepcional de grande mudança depois do Concílio Vaticano II, se construía a Igreja.

Às provas interiores e exteriores da Igreja respondia com aquela inabalável fé, esperança e confiança, que faziam dele o Pedro dos nossos tempos. A grande sabedoria e a humildade acompanharam esta fé e esta esperança e tornaram-nas precisamente por isto, firmes e inflexíveis.

4. Ensinava-nos com as palavras e com as obras aquela fé salvífica, de que fala hoje de modo tão convincente, na segunda leitura, São Tiago: a fé, se não tiver as obras, está morta em si mesma (Jc 2,17). Ensinava-nos portanto Paulo VI a fé viva; ensinava a toda a Igreja a vida da fé à medida da nossa época. Que outra coisa, senão tal ensinamento da fé viva — ligada às obras — são as suas grandes encíclicas, em particular a «Populorum Progressio» e, noutra dimensão, a «Humanae vitae»? Hoje compreendemo-lo talvez melhor que há uma dezena de anos. A coerência entre a fé e a vida deve ressumar de todas as obras. Deve manifestar-se em todos os campos do nosso proceder.

5. Seria difícil não fazer ressoar, ao recordarmos hoje o grande Papa, a sua voz, não fazer que se ouvissem as suas palavras, sempre tão cheias de fé e de caridade.

«Diante da morte, total e definitivo desprendimento, sinto o dever de celebrar o dom, a felicidade, a beleza e o destino desta mesma fugaz existência: Senhor, agradeço-Te por me haveres chamado à vida, e ainda mais porque, fazendo-me cristão, me regeneraste e destinaste à plenitude da vida ... Agora que a jornada acaba, e que, desta estupenda e dramática cena temporal e terrestre, tudo termina e se desfaz, como agradecer-Te, ó Senhor, depois da vida natural, aquele outro dom, ainda superior, da fé e da graça, em que afinal unicamente se refugia o que resta do meu ser? ... Fecho os olhos para esta terra dolorosa, dramática e magnífica, chamando uma vez mais sobre ela a divina Bondade» (PAULO VI, Testamento, 30 de Junho de 1965, ano III do Pontificado).

6. Escutando hoje estas palavras, pouco mais de um ano depois da sua morte, temos ainda nos olhos aquela partida. Vai-se embora cansado e deixa atrás de si uma grande herança. A morte desprende-o dos problemas desta terra, do ministério desta Sé. Parece dizer, como em tempos disse Pedro: Senhor, manda-me ir ter contigo (Mt 14,28). E o Senhor deixa-o ir ter com Ele.

Nós todos, que participamos neste sacrifício eucarístico, para recomendar ao Eterno Pai a alma de Paulo VI, agradecemos tudo o que ele fez e tudo o que ele foi para a Igreja: És feliz, Simão, filho de Jonas (Mt 18,17).



CELEBRAÇÃO DAS EXÉQUIAS DO CARDEAL JOHN JOSEPH WRIGHT


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Basílica Vaticana

Sábado, 22 de Setembro de 1979




Senhores Cardeais
Irmãos e Filhos caríssimos!

Desejei esta concelebração especial para recordar, a pouco mais de um mês do seu doloroso desaparecimento, a amável figura do Cardeal John Joseph Wright. Deixou-nos silenciosamente, e a sua morte, privando o Sacro Colégio e a Cúria Romana de um autorizado membro, foi e é ainda para nós motivo de sincero pesar.

Quem foi, na realidade, o Cardeal Wright? Quais os traços característicos da sua personalidade? Conhecemos bem os elementos exteriores da sua biografia: nascido nos Estados Unidos da América de uma família de origem irlandesa, depois de uma juventude caracterizada por exemplar dedicação às almas, foi nomeado Auxiliar de Boston, em seguida foi estimado Bispo de Worcester e de Pittsburg, até que, merecendo a confiança do meu Predecessor Paulo VI de venerada memória, foi chamado a Roma como Prefeito da Sagrada Congregação para o Clero.

Mas, para além destes dados exteriores, sobressaía nele — e apresenta-se-nos agora como primeira e principal — uma evidente qualidade pastoral: dotado por natureza de rica e ardente humanidade, mostrou-se sempre Pastor, com todas as características que devem defini-lo segundo o ensinamento evangélico, isto é, a solicitude, a sensibilidade, a compreensão, o espírito de sacrifício em favor das ovelhas do rebanho (Cfr. Jo
Jn 10,2-18). Foi precisamente esta disposição, maturada na experiência não breve da vida diocesana, a razão por que, no período pós-conciliar, recebeu o encargo de dirigir o importante Dicastério a que compete institucionalmente a animação, em sentido pastoral, do clero e do povo cristão.

Querendo, porém, penetrar mais no fundo na psicologia do Purpurado, encontraremos que a fonte secreta que alimentou este seu típico compromisso foi uma constante e pessoal relação de intimidade com Cristo Senhor. Aquele que como mote escolhera a significativa expressão "Resonare Christum", preocupou-se por manter sempre vigoroso e vivo este contacto com Ele. Estava tão convicto desta exigência que não deixava nunca de a inculcar aos Sacerdotes quer com os escritos quer com a palavra. É-me grato citar, como exemplo, o penetrante prefácio por ele ditado para a reimpressão do áureo livrinho "Manete in dilectione mea", onde se lêem estas frases: "Se quereis, caríssimos Irmãos, conservare in aeternum a vossa identidade sacerdotal nesta época em que o mundo é demasiado importante para os homens, procurai imitar o Coração de Jesus hoje mais do que ontem". E ainda: "Se quereis que a Igreja seja verdadeiramente sacramento de salvação para o homem de hoje, que ele não permita que se desvaneça a própria identidade e que sofra a subtil angústia do vazio espiritual, orientai toda a vossa vida espiritual para a imitação do Coração de Jesus". Eis o centro focal, que explica o dinamismo e o zelo do nosso Cardeal. Eis a indicação permanentemente válida que ele nos transmite, se não quisermos — nós Bispos e Sacerdotes — que o nosso ministério enfraqueça ou se anule. É, de facto, indicação sobre a qual não reflectiremos nunca suficientemente, porque é conatural com o nosso estado, porque nos chama com urgência a vivermos intensa vida interior, tendo como centro Cristo manso e humilde de coração (Mt 11,28), a vivermos vida alimentada por aquela sua caridade sem a qual, mesmo entre notáveis êxitos exteriores — como nos adverte São Paulo — nada somos (Cfr. 1Co 13,1-3).

Uma segunda lição nos vem deste insigne Purpurado: no multiforme ministério prestado aos irmãos, sacerdotes e fiéis, conservou e demonstrou urna exemplar dedicação ao Magistério da Igreja. Concebia este magistério como realidade viva, como função sagrada, como qualificado serviço à integridade da fé e em geral à causa da verdade, instituído no interior da Igreja por vontade do Senhor (Cfr. Mt Mt 28,19-20 1Tm 3,15). E é lícito pensar que — a tal fervorosa adesão e, diria, devoção à Igreja-Mestra — não tenha sido estranha a ininterrupta tradição de fidelidade da Irlanda católica.

Não podia ser mais indicado, para esta nossa assembleia litúrgica, o texto do Evangelho de Mateus, que agora foi proclamado: depois da sublime elevação ao Pai (Confiteor tibi, Pater...), Jesus dirige persuasivo convite aos seus discípulos, para que vão até ele e recebam o jugo suave da sua doutrina: Venite ad me omnes... Em toda a sua vida o Cardeal Wright esforçou-se, precisamente naquele contacto quotidiano que acima recordei, por estudar Jesus de perto, por aprender directamente d'Ele as eternas e salutares lições da mansidão e da humildade de coração. Antes do munus docendi, que lhe competia como Bispo e Pastor, ele teve muito a peito um officium discendi como este. Nós cremos, pois, pela promessa formal do Senhor (et invenietis requiem), que já nesta terra ele encontrou o conforto e a paz para a sua alma; mas cremos também, em consequência da incomensurável bondade do mesmo Senhor, que está a gozar agora estes bens, de forma inalterável e plena, na glória do Céu. Assim seja.



SANTA MISSA EM MEMÓRIA DO PAPA JOÃO PAULO I




Sexta-feira, 28 de Setembro de 1979




172 Senhores Cardeais,
Irmãos e Filhos caríssimos!

1. Com a ajuda das leituras da Liturgia de hoje queremos reviver aquele dia de há um ano, quando Deus chamou a si, inesperadamente, o Papa João Paulo I. Não tanto o dia de hoje, quando a noite de 28 para 29 de Setembro determina o primeiro aniversário da morte deste Sucessor na Sé de São Pedro, que só durante trinta e três dias a contar da sua eleição pôde manter-se nela. «Magis ostensus quam datus»: foi-se embora quase antes de ter tempo para iniciar o seu pontificado. Já meditámos sobre este seu inesperado desaparecimento, ao visitarmos a sua terra natal, Canale d'Agordo, a 26 de Agosto, isto é no dia em que, mediante os votos dos Cardeais em conclave, ele fora chamado a ser Bispo de Roma. Hoje compete-nos a nós celebrar a Eucaristia pela primeira vez no aniversário da Sua morte.

2. Ao ouvirmos as leituras da Liturgia, por duas vezes nos encontrámos perante a alternativa da vida, que o coração humano parece frequentemente contrapor à morte.

Marta que se dirige a Cristo com as palavras Senhor, se Tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido! (
Jn 11,21).

Não raro os homens dizem junto dos restos mortais das pessoas queridas: «Podia não ter ainda morrido, podia estar ainda vivo ...». Certamente também depois da inesperada morte de João Paulo I muitos diziam, pensavam e sentiam assim: «Podia ainda não ter morrido; porque se foi embora tão cedo?». Marta, irmã de Lázaro, passa do seu humano «não teria se tu, Cristo, estivesses aqui ...» ao acto da maior fé e esperança: Mas também sei ainda agora que tudo quando pedires a Deus, Deus to concederá (Jn 11,22).

Só a Cristo nos podemos dirigir com tais palavras; só Ele confirmou que tem poder sobre a morte humana. Todavia, o coração humano frequentemente contrapõe à morte — a esta morte que já se tornou um facto, a esta morte que cada um de nós sabe, afinal, que é inevitável — uma alternativa de possibilidade de vida: E ainda podia viver ...

3. Deixamos então que ressoe ainda a voz apostólica de São Paulo nestas nossas meditações. Também ele contrapõe a necessidade da morte à possibilidade da vida; fá-lo, porém, duma maneira em plena correspondência com esta luz da fé, da esperança e da caridade, que ardiam no seu coração: Vejo-me apertado por duas partes: Desejo partir para estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor; mas permanecer na carne é mais necessário por vossa causa (Flp.1, 23-24). O homem que vive a fé como Paulo, que ama como ele, torna-se, em certo sentido, o senhor da própria morte. Esta não o surpreende nunca.

Qualquer que for o momento em que chegar, será aceite sempre como uma alternativa de vida, como uma dimensão que realiza todo o seu sentido. Para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro (Flp. 1, 21). Se Cristo dá à vida todo o sentido, então o homem pode pensar na morte assim. Pode esperá-la assim! E pode aceitá-la assim!

4. Penetremos com o pensamento as palavras das leituras litúrgicas de hoje e procuremos seguir-lhes o significado. Compreendemos que elas querem iniciar-nos na resposta relativa àquela morte sobrevinda, há um ano, tão improvisamente e que hoje não só recordamos, mas em certo sentido, revivemos. Estas leituras querem dar-nos a resposta à pergunta: como morreu João Paulo I?

Façamos então uma segunda pergunta: Que teria sido esta vida se não fosse interrompida na noite de 28 para 29 de Setembro do ano passado? E também a esta pergunta encontramos a resposta no texto de Paulo: ... o viver na carne é útil para o meu trabalho (Flp. 1, 22). Assim, pois, não só a vida dá testemunho à morte, mas também a morte à vida.

173 5. E este testemunho, que a morte de João Paulo I deu à sua vida, torna-se ao mesmo tempo o testamento do seu pontificado: ficarei e permanecerei convosco para vosso proveito e alegria da vossa fé (Flp. 1, 25).

Qual é a palavra principal daquele testamento? Talvez esta que fala da «alegria da vossa fé». O Senhor deu a João Paulo I trinta e três dias na Sé de São Pedro, a fim de que ele pudesse exprimir esta alegria, esta alegria quase de criança.

Tal alegria na fé é necessária, para que possam realizar-se as palavras que seguem neste testamento: a fim de que possamos combater unânimes pela fé do Evangelho (Cfr. Flp. 1, 27). Recebemos, de facto, os dois sinais indeléveis: o sinal de filho de Deus no Baptismo, e o sinal de confessor, pronto a combater pela fé do Evangelho, no Crisma. João Paulo I, sucessor de Pedro, manifestou na sua vida ambos estes sinais e trouxe-os bem gravados na sua alma, diante da Majestade de Deus. Como cada verdadeiro cristão.

6. Celebramos a Eucaristia: a liturgia da morte e da ressurreição de Cristo: Ela torna-se particularmente eloquente quando a celebramos por ocasião da morte do homem, durante o funeral ou no aniversário da morte. A este propósito, não posso deixar de recordar o que disse, intérprete da comoção universal, o venerado Cardeal Decano durante a piedosa cerimónia fúnebre do ano passado, na Praça de São Pedro: «Perguntamo-nos: porquê tão depressa? O Apóstolo previne-nos com a exclamação conhecida, de admiração e adoração: 'Que insondáveis são os Seus juízos (de Deus) e impenetráveis os Seus caminhos! ... Pois quem conheceu o pensamento do Senhor?' (
Rm 11,33-34). Torna-se a propor assim, em toda a sua enorme e quase opressora grandeza, o mistério insondável da vida e da morte» (Cfr. L'Oss. Rom , ).

Perante este mistério, que para a razão é verdadeiramente impenetrável e insolúvel, ao homem não chega do homem voz alguma de resposta. Em referência a isso, que mais podemos ouvir além do que ouviu Marta da boca de Cristo? Teu irmão há-de ressuscitar ... Eu sou a Ressurreição e a Vida; quem crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá; todo aquele que vive e crê em Mim nunca morrerá. Crês tu isto? (Jn 11,23 Jn 11,26).

O Papa falecido respondeu a esta pergunta com a fé de toda a Igreja: Creio na ressurreição dos mortos; creio na vida do mundo que há-de vir! E ao mesmo tempo confessou com a fé pessoal da sua vida: Cristo será glorificado no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte (10 Flp. 1, 20).

Porque eu sei que o meu Redentor vive ... e depois que a minha pele se desprenda da minha carne ... verei a Deus (Jb 19,25-26).



VIAGEM APOSTÓLICA DO SANTO PADRE À IRLANDA

SANTA MISSA NO PHOENIX PARK DE DUBLIM



Sábado, 29 de Setembro de 1979




Dilectos filhos e filhas em Jesus Cristo

1. Como São Patrício, também eu ouvi "a voz da Irlanda" que me chamava, e vim ter convosco, com todos vós aqui na Irlanda.

Desde os primeiríssimos inícios da sua fé, a Irlanda está ligada à Sé Apostólica de Roma. As antigas memórias testemunham que o vosso primeiro Bispo, Paládio, foi mandado à Irlanda pelo Papa Celestino, e que São Patrício, que sucedeu a Paládio, foi "confirmado na fé" pelo Papa Leão Magno. Entre as expressões atribuídas a São Patrício, é famosa a dirigida à "Igreja dos Irlandeses, melhor dos Romanos", indicando-lhes como orar para serem "cristãos como o são os romanos".

174 Esta união de caridade entre a Irlanda e a Santa Igreja de Roma manteve-se inviolável e infrangível durante os séculos. Vós, católicos irlandeses, recebestes e amastes a unidade e a paz da Igreja católica, apreciando-a acima de qualquer outro tesouro desta terra. A vossa gente difundiu este amor pela Igreja católica onde quer que chegou, em todas as épocas da vossa história. Foi isto obra dos primeiros monges e dos missionários nas épocas obscuras da Europa, dos que fugiram às perseguições, dos exilados e dos missionários — homens e mulheres do século passado e do presente.

Vim ter convosco como Bispo de Roma e Pastor da Igreja universal, para celebrar esta nossa união no sacrifício eucarístico, aqui em Dublim, capital da Irlanda, pela primeira vez na história do País. Neste momento, a minha posição de peregrino de Cristo nesta terra da qual tantos outros peregrinos por Cristo, peregrini pro Christo, irradiaram através da Europa, das Américas, da Austrália, da África e da Ásia — faz-me viver um momento de comoção intensa. Encontro-me aqui, em companhia de tantas centenas de milhares de irlandeses, homens e mulheres, e penso quantas vezes, através de muitos séculos, a Eucaristia foi celebrada nesta terra. Quantos e que diversos os lugares em que a Missa foi oferecida — nas majestosas catedrais medievais e nas esplêndidas modernas; nas antigas igrejas dos mosteiros e nas modernas; nas Missas ditas sobre a rocha, nos despenhadeiros e nas florestas, por "padres procurados pela justiça", e em pobres capelas cobertas de colmo, para um povo pobre de bens do mundo mas rico das coisas do espírito, em "casas de vigília fúnebre" ou em "enxovias", ou então diante de grandes multidões de fiéis ao ar livre, no cimo do Croagh Patrick ou em Lough Derg. Pouco importava onde era celebrada a Missa; para os Irlandeses era sempre a Missa o que importava. Quantos encontraram nela a força espiritual para viver, mesmo no tempo das maiores dificuldades e pobreza, nos dias de perseguições e vexames. Queridos irmãos e irmãs, caros filhos e filhas da Irlanda, permiti-me que dê convosco um olhar retrospectivo na vossa história, à luz da Eucaristia aqui celebrada por tantos séculos.

2. Desde o Cenáculo de Jerusalém e a Última Ceia, em certo sentido a Eucaristia escreve a história dos corações humanos e das comunidades humanas. Pensamos em todos quantos, alimentados pelo Corpo e Sangue do Senhor, viveram e morreram nesta ilha, levando em si mesmos, por causa da Eucaristia, o penhor da vida eterna. Pensamos em tantas gerações de filhos e filhas deste País e, ao mesmo tempo, filhos e filhas da Igreja. Oxalá esta nossa Eucaristia seja celebrada na atmosfera da grande comunhão dos santos. Nesta Missa nós formamos uma união espiritual com todas as gerações que executaram a Vontade de Deus através dos tempos, até hoje. Somos uma só coisa na fé e no espírito com a numerosa multidão que enchia este mesmo Phoenix Park por ocasião da última grande manifestação eucarística, realizada neste lugar, quando do Congresso Eucarístico de 1932.

A fé em Cristo penetrou profundamente nas consciências e na vida dos vossos antepassados. A Eucaristia transformou-lhes as almas para a vida eterna, em união com Deus vivo. Oxalá este excepcional encontro eucarístico de hoje constitua ao mesmo tempo oração pelos defuntos, pelos vossos predecessores e antepassados. Com o auxílio deles, oxalá se torne mais frutuosa a oração pelos vivos, pela geração presente dos filhos e filhas da Irlanda de hoje, preparando-os no fim do século XX de modo que estejam à altura das missões que devem cumprir.

3. Sim, a Irlanda, que venceu tantos momentos difíceis da sua história, está hoje comprometida de maneira nova, porque não está imune do influxo de ideologias e orientações que dependem de civilização e do progresso de hoje. O poder real, que têm os mass media de fazer encontrar o mundo inteiro nas vossas casas, produz nova espécie de confronto com valores e orientações até agora alheios da sociedade irlandesa. Um materialismo invasor impõe hoje o seu domínio sobre o homem em muitas formas diversas e com tal agressividade que ninguém poupa. Os princípios mais sagrados, em tempos guia segura para o comportamento dos indivíduos e da sociedade, foram completamente eliminados por falsas pretensões a respeito da liberdade, do carácter sagrado da vida, da indissolubilidade do matrimónio, do genuíno significado da sexualidade humana e da justa atitude quanto aos bens materiais que nos traz o progresso. Muita gente é hoje tentada de indulgência consigo mesma e de consumismo, e a dignidade humana é muitas vezes definida em função daquilo que ó indivíduo possui. A prosperidade e a abundância, mesmo só quando começam a ser acessíveis a mais vastos estratos da sociedade, tendem a levar a gente a persuadir-se que tem direito a tudo, quanto a prosperidade pode oferecer, e de poder tornar-se cada vez mais egoísta nas suas exigências. Cada um aspira à liberdade plena em todos os sectores do comportamento humano e, vão sendo propostos novos modelos de moralidade em nome duma pretensa liberdade. Quando a fibra moral duma nação está enfraquecida, quando o sentido da responsabilidade pessoal está enfraquecido, então encontra-se aberta a porta para justificar as injustiças, as violências em todas as suas formas, e para a manipulação da maioria por parte de poucos. O desafio, que existe já entre nós, é constituído pela tentação de aceitarmos como verdadeira liberdade o que efectivamente é apenas nova forma de escravidão.

4. Assim torna-se cada vez mais urgente firmarmo-nos na verdade que vem de Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida (
Jn 14,6) e na força que ele próprio nos oferece por meio do seu Espírito. Especialmente na Eucaristia recebemos a força e o amor do Senhor.

O Sacrifício da Corpo e do Sangue do Senhor oferecido por nós constitui acto de supremo amor por parte do Salvador. Ë a sua grande vitória sobre o pecado e sobre a morte vitória de que Ele nos faz participantes. A Eucaristia é promessa de vida eterna, porque o mesmo Jesus diz-nos: Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia ( Jo Jn 6,54).

O Santo Sacrifício da Missa quer ser também a celebração festiva da nossa salvação. Na Missa nós agradecemos e louvamos a Deus nosso Pai por nos ter dado a Redenção mediante o precioso Sangue de Jesus Cristo. A Eucaristia é também o centro da unidade da Igreja, o seu maior tesouro. Segundo a expressão do Concílio Vaticano II, a Eucaristia contém "todo o bem espiritual da Igreja" (Presbyterorum Ordinis PO 5).

Desejo hoje exprimir a gratidão de Jesus Cristo e da sua Igreja pela devoção mostrada pela Irlanda para com a Sagrada Eucaristia. Como Sucessor de Cristo e Vigário de Cristo, asseguro-vos que a Missa é verdadeiramente a fonte e o cume da vossa vida cristã.

Nas manhãs do domingo, ninguém na Irlanda, que observe a grande multidão a percorrer o caminho para ir à Missa e voltar, pode nem por sombras duvidar da devoção da Irlanda à Missa. Quem tal vê, considera fiel todo o povo católico ao mandamento do Senhor: Fazei isto em memória de Mim. Oxalá o domingo irlandês continue sempre como o dia em que todo o povo de Deus — o pobal De — se encaminha para a casa de Deus, que os irlandeses chamam casa do povo: a teach an pobal. Soube também com grande alegria que bom número de pessoas vão à Missa várias vezes na semana e até todos os dias. Este costume é fonte abundante de graça e de crescimento na santidade.

5. Sim, da Eucaristia todos nós recebemos a graça e a força para a vida de cada dia, para vivermos uma existência verdadeiramente cristã, na alegria de conhecer que Deus nos ama, que por nós morreu Cristo e que o Espírito Santo vive em nós.

175 A nossa participação plena na Eucaristia é a verdadeira fonte do espírito cristão que nós desejamos ver na nossa vida pessoal e em todos os aspectos da sociedade. Onde quer que nós exerçamos a nossa actividade, na política, na economia, na cultura, no campo social ou científico — não importa qual seja a nossa ocupação — a Eucaristia é estímulo para a nossa vida quotidiana.

Queridos irmãos e irmãs, deve haver sempre coerência entre aquilo que acreditamos e aquilo que fazemos. Não podemos viver pensando só nas glórias da nossa história cristã passada. A nossa união com Cristo na Eucaristia deve manifestar-se na verdade da nossa vida de hoje: nas nossas acções, nas nossas orientações, no nosso estilo de vida e nas nossas relações com os outros. Para cada um de nós a Eucaristia é uma chamada a um esforço cada vez maior para vivermos como verdadeiros seguidores de Cristo: verdadeiros no nosso falar, generosos nas nossas acções, atentos, respeitadores da dignidade e dos direitos de todos, quaisquer que sejam os seus níveis de vida ou os seus rendimentos, prontos para o sacrifício pessoal, leais e justos, generosos, prudentes, compassivos e com domínio próprio, tendo em vista o bem das nossas famílias, dos nossos jovens, do nossa País, da Europa e do mundo. A verdade da nossa união com Cristo na Eucaristia é testemunhada, se nós verdadeiramente amarmos o nosso próximo, homens e mulheres, pelo modo como tratamos os outros, especialmente as nossas famílias: maridos e mulheres, filhos e pais, irmãos e irmãs. É testemunhada pelo esforço que nós realmente exercemos para nos reconciliarmos com os nossos inimigos, para perdoarmos a todos os que nos fazem mal ou nos ofendem. É testemunhada se nós praticamos na vida o que a fé nos ensina. Devemos sempre recordar-nos daquilo que Jesus disse: Vós sereis meus amigos se fizerdes o que vos mando (
Jn 15,14).

6. A Eucaristia é também grande apelo para a conversão. Sabemos que ela é convite para o Banquete; que, alimentando-nos com a Eucaristia, recebemos o Corpo e o Sangue de Cristo, sob as aparências do pão e do vinho. E precisamente porque é convite, a Eucaristia é e continua a ser apelo para a conversão. Se a recebemos como apelo, como convite, ela produz em nós os seus frutos especiais: transforma a nossa vida, fez de nós um "homem novo", uma "nova criatura" (Cfr. Gal Ga 6,15 Ep 2,15 2Co 5,17), ajuda-nos a não sermos "vencidos pelo mal, mas a vencermos o mal com o bem" (Cfr. Rom Rm 12,21). A Eucaristia ajuda a fazermos triunfar em nós o amor, o amor sobre o ódio, o zelo sobre a indiferença.

O apelo à conversão na Eucaristia une a Eucaristia ao outro grande Sacramento do amor de Deus, o Sacramento da Penitência. Todas as vezes que recebemos o Sacramento da Penitência ou Reconciliação, recebemos o perdão de Cristo, e sabemos que este perdão nos vem por meio dos méritos da sua morte aquela morte que celebramos na Eucaristia. No Sacramento da Reconciliação, somos todos convidados a encontrar Cristo pessoalmente deste modo, e a recebe-l'O frequentemente. Este encontro com Jesus é tão importante que na minha primeira Carta Encíclica escrevi estas palavras: "A Igreja, portanto, observando fielmente a plurissecular prática do Sacramento da Penitência — a prática da confissão individual, unida ao acto pessoal de dor e ao propósito de emenda e de satisfação — defende o direito particular da alma humana.

É o direito a um encontro mais pessoal do homem com Cristo crucificado que perdoa, com Cristo que diz, por meio do ministro do Sacramento da Reconciliação: "são-te perdoados os teus pecados" (Mc 2,5); "vai, e doravante não tornes a pecar" (Jn 8,11). Devido ao amor e à misericórdia de Cristo, não há pecado tão grande que não possa ser perdoado; não há pecador que seja repelido. Quem quer que se arrepende, será recebido por Jesus Cristo com perdão e amor imenso.

Com grande alegria soube a notícia de os Bispos irlandeses terem pedido aos seus fiéis que se aproximassem da Confissão como parte duma grande preparação espiritual para a minha visita à Irlanda. Não poderíeis dar-me alegria maior ou presente mais rico. E se hoje há ainda alguém que esteja hesitante, por uma razão ou outra, recorde-se disto: a pessoa, que sabe reconhecer a verdade da culpa e desta pede perdão a Cristo, cresce na própria dignidade humana e manifesta grandeza espiritual.

Aproveito a ocasião para rogar, a vós todos, continueis a ter em particular consideração este Sacramento, e isto para sempre. Recordemo-nos todos das palavras de Pio XII a respeito da Confissão frequente: "Esta prática foi introduzida na Igreja não sem inspiração do Espírito Santo" (Pio XII, AAS 35, 1943, p. 235).

Queridos irmãos e irmãs, o apelo à conversão e ao arrependimento vem de Cristo e sempre nos leva a Cristo na Eucaristia.

7. Desejo, também, nesta altura, chamar a vossa atenção para uma verdade importante enunciada pelo Concílio Vaticano II. É esta: "A vida espiritual, todavia, não se limita à participação na Liturgia" (Sacrosanctum Concilium SC 12 Sacrosanctum Concilium ). Por isso animo-vos também a que pratiqueis os outros exercícios de devoção que afectuosamente conservastes por séculos, de modo especial os que se referem ao Santíssimo Sacramento. Estes actos de piedade honram a Deus e são úteis à nossa vida cristã; procuram alegria aos nossos corações e ajudam-nos a estimar mais o culto litúrgico da Igreja.

A visita ao Santíssimo Sacramento — que está tão difundida na Irlanda e faz parte tão importante da vossa piedade como também das vossas peregrinações a Knock — é grande tesouro da fé católica; alimenta o amor social e oferece-nos a possibilidade de adorar e dar graças, de reparar e suplicar. A bênção do Santíssimo Sacramento, as Horas Santas e as procissões eucarísticas são outros tantos elementos preciosos da vossa herança — em pleno acordo com os ensinamentos do Concílio Vaticano II.

Neste momento, tenho também o gosto de reafirmar, diante da Irlanda e de todo o mundo, o maravilhoso ensinamento da Igreja católica a respeito da consoladora presença de Cristo no Santíssimo Sacramento: a sua presença real no sentido mais pleno: a presença substancial pela qual Cristo todo e completo, Deus e homem, está presente (Cfr. Mysterium fidei MF 39). A Eucaristia, na Missa e fora da Missa, é o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, e merece portanto a adoração que se tributa a Deus vivo, e a Ele só (Cfr. Mysterium fidei MF 55 Paulo VI, Discurso de 15 de Junho de 1978).

176 Assim, queridos irmãos e irmãs, qualquer acto de reverência, qualquer genuflexão que fazeis diante do Santíssimo Sacramento, é importante — pois constitui acto de fé em Cristo, acto de amor a Cristo. E todo o sinal da cruz, cada gesto de respeito todas as vezes que passais diante de uma igreja, são também actos de fé.

Deus vos conserve nesta fé — esta fé santa, católica — esta fé no Santíssimo Sacramento.

Termino, queridos irmãos e irmãs, dilectos filhos e filhas da Irlanda, recordando como a Divina Providência se dignou servir-se desta Ilha nos confins da Europa, para a conversão do Continente europeu, esse Continente que foi por dois mil anos o Continente da primeira evangelização. Eu mesmo sou filho daquela Nação que recebeu o Evangelho há mais de mil anos, muitos séculos depois da vossa Pátria. Quando em 1966, recordámos o milénio do baptismo da Polónia, recordámos também com gratidão os missionários irlandeses que; entre outros, participaram no trabalho da primeira evangelização do País que se estende a Oriente e Ocidente do Vístula.

Um dos meus amigos mais queridos, professor famoso de história em Cracóvia, ao conhecer a minha intenção de visitar a Irlanda, declarou: "Que bênção a viagem do Papa à Irlanda! Este País merece-a de maneira especial". Eu também assim pensei sempre. Pensei que o centenário do Santuário da Mãe de Deus em Knock constitui, este ano, ocasião providencial para uma visita do Papa à Irlanda. Agora, com esta visita, estou expressando o que penso daquilo que "merece" a Irlanda, e estou também dando satisfação às exigências profundas do meu coração. Estou a pagar grande dívida a Jesus Cristo, Senhor da história e Autor da nossa salvação.

Expresso, portanto, a minha alegria de poder estar convosco hoje, 29 de Setembro de 1979, festa dos Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael, de poder celebrar o Santo Sacrifício da Missa e dar diante de vós testemunho a Cristo e ao Seu Mistério Pascal. Além disso, eu posso proclamar a vivificante realidade da conversão mediante a Eucaristia e o Sacramento da Penitência, em meio da presente geração de filhos e filhas da Irlanda. Metanoiete! convertei-vos (
Mc 1,15)! Convertei-vos continuamente! Convertei-vos cada dia; porque constantemente, cada dia, se aproxima o Reino de Deus. No caminho deste mundo temporal, deixai Cristo tornar-se o Senhor das vossas almas, para a vida eterna. Ámen!





Homilias JOÃO PAULO II 170