Homilias JOÃO PAULO II 302

302 Eis a recomendação que vos deixo, jovens caríssimos: levai Cristo aos vossos amigos, levai os vossos amigos a Cristo. Não podereis dar-lhes maior presente.

Uma palavra de saudação, por último, aos Institutos religiosos femininos e masculinos, que trabalham na área da Paróquia, aplicando-se à formação dos jovens e a outras iniciativas benéficas, e oferecendo ainda, nalguns casos, válido contributo à acção paroquial, especialmente pela catequese dos jovens.

A todos a certeza do meu afecto e da minha constante lembrança na oração. Mas voltemos agora ao texto evangélico.

2. "Este é o meu Filho dilecto, escutai-O".

Ouvimos estas palavras no momento em que Pedro, João e Tiago, os Apóstolos escolhidos por Cristo, se encontram no monte Tabor, no momento da Transfiguração: Enquanto orava, modificou-se o aspecto do Seu rosto e as vestes tornaram-se-Lhe de brancura fulgurante. E dois homens conversavam com Ele: Moisés e Elias (
Lc 9,29-30).

É portanto um momento insólito. Momento quando, em certo sentido, Cristo deseja dizer ainda alguma coisa mais aos Apóstolos sobre Si mesmo e sobre a Sua missão. E não nos esqueçamos que se trata dos mesmos três Apóstolos que Jesus, passado algum tempo, levará consigo ao Getsémani, para serem testemunhas de Ele se encontrar dominado pela angústia do espírito e aparecer no Seu rosto o suor de sangue (Mc 14,33 Lc 22,44). No monte Tabor somos, porém, testemunhas também nós, com eles, da exaltação glorificadora de Cristo naquele Seu aspecto humano, no qual o puderam ver na terra os Apóstolos e as multidões.

"Este é o meu Filho escolhido, escutai-O".

Estas palavras ressoam sobre Cristo a segunda vez.

Pela segunda vez dá testemunho d'Ele a Voz do Alto: neste testemunho o Pai fala do Filho, do seu Predilecto, Eterno, que é da mesma substância do Pai — d'Aquele que é Deus de Deus e Luz da Luz, e Se fez homem semelhante a cada um de nós...

A primeira vez fora este testemunho pronunciado sobre o Jordão, no momento do Baptismo de João. Este disse: Aí está o Cordeiro de Deus, que vai tirar o pecado do mundo (Jn 1,29). E uma voz, vinda do céu, dizia: "Este é o Meu Filho muito amado, no qual pus toda a Minha complacência" (Mt 3,17).

Aconteceu isto no Jordão — no princípio da missão messiânica de Cristo. Agora acontece no Monte Tabor — diante da paixão que se aproxima: diante do Getsémani, do Calvário. E ao mesmo tempo em testemunho da futura Ressurreição.

303 Por isto lemos este Evangelho da Transfiguração do Senhor no princípio da Quaresma. No segundo domingo.

3. Quando o Pai vem naquela Voz misteriosa, do Alto, presta testemunho ao Filho e, ao mesmo tempo, dá-nos a conhecer que n'Ele e por Ele — por Ele e n'Ele — se encerra a nova e definitiva Aliança com o homem. Esta Aliança fora outrora concluída com Abraão, que é pai da nossa fé (como diz São Paulo, cfr. Rom
Rm 4,11): e este foi o inicio da Antiga Aliança. Todavia a Aliança fora concluída ainda antes com Adão, com o primeiro Adão (como lhe chama São Paulo, cfr. 1Co 15,45) mas, não sendo mantida depois pelos nossos progenitores, esperava ela Cristo o segundo, o último Adão (1Co 15,45) —, para adquirir n'Ele e por Ele — por Ele e n'Ele — a sua definitiva e perfeita forma.

Deus-Pai conclui a Aliança com o homem, com a humanidade do Seu Filho. É este o auge da Economia da salvação, da revelação do Divino Amor para com o homem. A Aliança foi concluída para que, em Deus-Filho, os seres humanos se tornassem filhos de Deus. Cristo "deu-nos o poder de nos tornarmos filhos de Deus" (Cfr. Jo Jn 1,12), sem olhar a raça, língua, nacionalidade e sexo. Já não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há homem nem mulher, pois todos somos um só em Cristo Jesus (Ga 3,28).

Cristo revela a cada homem a dignidade de filho adoptivo de Deus, dignidade a que está ligada a sua suprema vocação; terrestre e eterna. Nós somos cidadãos do Céu escreverá São Paulo aos Filipenses — e de lá esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará o nosso corpo miserável, tornando-o conforme ao Seu corpo glorioso, com o mesmo poder que Lhe permite sujeitar ao Seu domínio todas as coisas (Flp 3, 20-21).

E esta obra da Aliança — a obra de levar o homem à dignidade de filho adoptivo (ou de filha) de Deus — realiza-a Cristo de modo definitivo por meio da Cruz. Esta é a verdade que a Igreja, no presente período da Quaresma, deseja pôr em realce de modo especial: sem a Cruz de Cristo não existe aquela suprema elevação do homem.

Donde derivam também as palavras duras do Apóstolo na segunda leitura de hoje acerca daqueles que se portam como inimigos da cruz de Cristo... pois o seu deus é o ventre (Flp 3, 18-19) (quer dizer, para quem a temporalidade é a única coisa a ter valor de proveito material e de utilidade). O Apóstolo fala destes com as lágrimas nos olhos (Flp 3, 18). Experimentemos perguntar-nos se estas lágrimas do Apóstolo das Gentes não dizem também respeito a nós, à nossa época histórica, ao homem dos nossos tempos. Pensemos nisto e perguntemo-nos se, também na nossa geração, não cresce certa hostilidade à Cruz de Cristo, ao Evangelho — talvez indiferença que, por vezes, é pior que hostilidade...

4. A voz do Alto diz: "Este é o Meu Filho dilecto, escutai-O".

Que significa: escutar a Cristo?

É pergunta que não pode deixar um cristão desinteressado. Nem o seu conhecimento. Nem a sua consciência. Que significa escutar a Cristo?

Toda a Igreja deve dar sempre resposta a esta pergunta na medida das gerações, das épocas, das condições sociais, económicas e políticas, que variam. A resposta deve ser autêntica, deve ser sincera — assim como autêntico e sincero é o ensinamento de Cristo, o Seu Evangelho, e depois o Getsémani, a cruz e a Ressurreição.

E cada um de nós deve sempre dar resposta a esta pergunta: se o seu cristianismo, se a sua vida, são conformes à fé, se são autênticos e sinceros. Deve dar esta resposta se não quer arriscar-se a ter como deus o próprio ventre (Cfr. Flp 3, 19) — e portar-se ele mesmo como inimigo da cruz de Cristo (Flp 3, 18).

304 A resposta será cada vez um pouco diversa: diversa será a resposta do pai e da mãe de família, diversa a dos noivos, diversa a da criança, diversa a do rapaz e a da jovem, diversa a do ancião, diversa a do doente preso ao leito de dor, diversa a do homem da ciência, da política, da cultura e da economia, diversa a do homem da pesada labuta física, diversa a da irmã ou do irmão religioso, diversa a do sacerdote, do pastor de almas, do Bispo e do Papa...

E embora estas respostas tenham de ser tantas, quantos são os homens que confessam Cristo — todavia em certo sentido será única, caracterizada pela interna semelhança com Aquele, que o Pai Celeste nos recomendou escutássemos ("escutai-O"). Assim como diz de novo São Paulo Sede meus imitadores... (Flp 3, 17) e noutra passagem como eu o sou de Cristo (
1Co 11,1).

Ora, permiti-me, caros irmãos e irmãs, que eu me detenha aqui, para vos recordar esta pergunta: Que significa escutar a Cristo? E com esta pergunta vos deixarei por toda a Quaresma. Não vos dou nenhuma resposta excessivamente particularizada, peço-vos só que se faça cada um constantemente esta pergunta: Que significa escutar a Cristo na minha vida? Esta pergunta faça-a toda a Paróquia — e nela cada comunidade particular.

5. E acrescento ainda seguindo a liturgia de hoje — que escutar a Cristo, que é o predilecto Filho do Eterno Pai, constitui ao mesmo tempo a fonte daquela esperança e alegria, de que nos fala esplendidamente o Salmo da liturgia de hoje:

O Senhor é a minha luz e salvação; / a quem temerei? / o Senhor é a defesa da minha vida; / quem me fará tremer? (Sl 26/27, 1).

Daqui nasce o constante motivo da aspiração espiritual:

Escutai-me, Senhor, eu clamo! / Por piedade, respondei-me! / Segredou-me o coração: / "Procura a Sua face!" (Sl 26/27, 7-8).

Procurar a face de Deus — aqui está a direcção que imprime Cristo à vida humana:

É, Senhor, o Vosso rosto que eu procuro. / Não escondais de mim o Vosso rosto, / nem rejeiteis, com ira, o Vosso servo (Sl 26/27, 8-9).

Continuando nesta direcção, o homem não se fecha nos limites da sua temporalidade. Vive na grande perspectiva.

Espero a dita de ver a vontade do Senhor / na terra dos vivos. / Coragem! Tem esperança no Senhor! / Coração firme! Espera em Deus! (Sl 26/27, 13-14).

305 Sim, espera em Deus!

Amen.



VISITA PASTORAL DO SANTO PADRE À PARÓQUIA ROMANA

DE SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA NO BAIRRO DO «STATUARIO»


Domingo, 16 de Março de 1980




Caros fiéis da Paróquia de Santo Inácio de Antioquia

Quero manifestar-vos primeiramente a alegria de estar no meio de vós, reunidos tão numerosos neste encontro com o vosso Bispo a fim de participar na celebração da Eucaristia e oferecer juntamente com Ele "o símbolo daquela caridade e daquela unidade do Corpo místico, sem a qual não pode haver salvação'" (Cfr. Conc. Vat II, Lumen gentium LG 26).

Animados pela presença santificadora de Cristo, dirigimos juntos o nosso pensamento de veneração e de prece, pedindo a sua intercessão ao grande Bispo e Mártir Inácio, orago desta vossa Paróquia. Sucedendo a São Pedro na Sé de Antioquia e condenado às feras pelo seu testemunho cristão, sofreu o martírio em Roma por fins do mês de Dezembro do ano de 107. Os seus restos mortais repousam na Basílica de São Clemente na Via Labicana. Santificando com o próprio sangue o solo romano, tornou-se deste modo um dos Pais mais ilustres da fé desta nossa gloriosa Igreja, que segundo ele se exprimia — "digna de Deus, digna de glória, digna de ser chamada bem-aventurada,... preside à universal comunidade de amor" (Carta aos Rm 1). A propósito do seu ardentíssimo desejo de testemunhar a fé e ser imolado por Cristo, apraz-me recordar neste momento algumas passagens célebres da mesma Carta por ele escrita aos Romanos: "Sou trigo de Deus e devo ser moído pelos dentes das feras, para vir a ser puro pão de Cristo... Então serei verdadeiro discípulo de Jesus, quando o meu corpo for subtraído à vista do mundo. Suplicai a Cristo por mim, a fim de que me torne hóstia para Deus" (Carta aos Rm 4).

1. Um conteúdo fundamental do ensinamento de Santo Inácio diz respeito à unidade da Igreja, que se constrói unicamente à volta do Bispo. Reparemos no que escrevia aos fiéis de Esmirna: "Obedecei todos ao Bispo, como Jesus Cristo obedece ao Pai... Separadamente do Bispo ninguém faça nada do que pertence à Igreja. Onde estiver presente o Bispo aí esteja também a multidão dos fiéis, como onde estiver Jesus Cristo aí estará a Igreja católica" (Carta aos Esmirnenses, 8).

Neste espírito de unidade e caridade dirijo a minha saudação afectuosa a vós aqui presentes e a todos os 8.000 fiéis da paróquia; em particular desejo atingir, com o meu pensamento de bons votos, os doentes, as crianças e quantos se vêem em necessidade.

O meu espírito dirige-se agora reconhecido, para o Cardeal Vigário, para o Bispo Auxiliar da zona, Dom Giulio Salimei, para o benemérito Pároco Mons. Giovanni Scorza, para os seus zelosos colaboradores e para todos quantos prepararam com generoso desvelo este nosso encontro.

Saúdo os Religiosos e as Religiosas, as várias Associações Católicas, o grupo dos Catequistas, o grupo do Voluntariado Vicentino e todos os que ajudam o Pároco e os Sacerdotes nas diversas iniciativas, para aquela conversão contínua das almas, das famílias e das instituições sociais, conduzindo-as àqueles valores espirituais que devem caracterizar uma comunidade cristã.

2. Hoje, quarto Domingo da Quaresma, a Igreja, mediante a liturgia, pretende dirigir-nos um decidido apelo à reconciliação com Deus. Esta apresenta-a o Evangelho como atitude fundamental, como primário conteúdo da nossa vida de fé. Nesta particular estação do espírito, qual é a Quaresmal, o convite à reconciliação deve ressoar com especial energia nos nossos corações e nas nossas consciências. Se verdadeiramente somos discípulos e confessores de Cristo, que reconciliou o homem com Deus, não podemos viver sem procurar, da nossa parte, esta interior reconciliação. Não podemos ficar no pecado e deixar de esforçar-nos por encontrar o caminho que leva à casa do Pai, sempre ansioso do nosso regresso.

306 Durante a Quaresma, chama-nos a Igreja a que procuremos esse caminho: Suplicamo-vos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus (2Co 5,20). Só reconciliando-nos com Deus por meio de Cristo, poderemos apreciar quanto o Senhor é bom (Sl 33/34, 9), verificando-o, por assim dizer, experimentalmente.

Não é da severidade de Deus que falam os confessionários pelo mundo, nos quais os homens manifestam os próprios pecados; é antes da Sua bondade misericordiosa. E todos os que se aproximam do confessionário, às vezes ao cabo de muitos anos e com o peso de pecados graves, no momento de se afastarem dele encontram o desejado conforto; encontram a alegria e a serenidade da consciência, que fora da confissão não poderão achar. Ninguém, de facto, tem o poder de libertar-nos do nosso pecado, senão Deus unicamente. E o homem, que obtém essa remissão, recebe a graça de uma vida nova do espírito, que só Deus pode conceder-lhe na Sua infinita bondade.

Este pobre clamou e o Senhor o ouviu, / salvou-o de todas as angústias (Sl 33/34, 7).

3. Por meio da parábola do filho pródigo, quis o Senhor Jesus imprimir e aprofundar esta verdade, esplêndida e riquíssima, não só na nossa inteligência mas também na nossa imaginação, no nosso coração e na nossa consciência. Quantos homens no decurso dos séculos, quantos no nosso tempo, podem encontrar nesta parábola os traços fundamentais da própria história pessoal! São três os momentos-chaves na história daquele filho, com o qual cada um de nós, em certo sentido, se identifica quando se entrega ao pecado.

O primeiro momento: o afastamento. Afastamo-nos de Deus, como se afastara do pai aquele filho, quando começamos a comportar-nos, a respeito de todo o bem que há em nós, assim como ele fez com a parte dos bens recebidos em herança. Esquecemos ser-nos dado aquele bem por Deus como encargo, como o talento evangélico. Aplicando-o, devemos multiplicar o nosso património, e, desse modo, dar glória Aquele de quem o recebemos. Infelizmente, nós às vezes comportamo-nos como se aquele bem que está em nós — o bem da alma e do corpo, as capacidades, as faculdades e as forças — fosse de nossa exclusiva propriedade, podendo nós de qualquer maneira servir-nos e abusar dele, esbanjando-o e dissipando-o.

O pecado, de facto, é sempre esbanjamento da nossa humanidade, esbanjamento dos nossos valores mais preciosos. Tal é a verdadeira realidade, embora possa parecer por vezes que precisamente o pecado nos permite conseguir bons êxitos. O afastamento do Pai traz sempre consigo grande destruição àquele que o pratica, àquele que transgride a vontade de Deus e dissipa em si mesmo a sua herança: a dignidade da própria pessoa humana, a herança da graça.

O segundo momento na nossa parábola é o do regresso à recta razão e do processo de conversão. O homem deve reconhecer com dor o que perdeu, aquilo de que se privou ao cometer o pecado, ao viver no pecado, reconhecer para que chegue a termo nele o passo decisivo: Levantar-me-ei e irei ter com o meu pai (Lc 15,18). Há-de ver de novo o rosto daquele Pai, a quem voltou as costas e com quem cortou relações para poder pecar "livremente", para poder desperdiçar "livremente" os bens recebidos. Há-de encontrar-se com o rosto do Pai dando-se conta, como o jovem da parábola, de ter perdido a dignidade de filho, de não merecer nenhum acolhimento na casa paterna. Ao mesmo tempo, deverá ele desejar ardentemente voltar. A certeza da bondade e do amor, que pertencem à essência da paternidade de Deus, deverá conseguir nele a vitória sobre a consciência da culpa e da própria indignidade. Mais, essa certeza deverá apresentar-se como a via única de saída, que se deve percorrer com ânimo e confiança.

Por fim, o terceiro momento: o regresso. Dar-se-á o regresso, como o descreve Cristo na parábola. O Pai espera e esquece todo o mal cometido pelo filho, e já não toma em consideração todo o esbanjamento de que o filho é culpado. Para o Pai uma só coisa é importante: que o filho seja encontrado; que não tenha perdido até ao fim a própria humanidade; que, apesar de tudo, abrigue em si o propósito resoluto de viver de novo como filho, precisamente em virtude da consciência adquirida da indignidade e da culpa.

Pai, pequei... já não sou digno de ser chamado teu filho (Lc 15,21).

4. A Quaresma é o tempo de uma expectativa especialmente amorosa do nosso Pai a respeito de cada um de nós, que, sendo embora o mais pródigo dos filhos, vem contudo a tomar consciência do esbanjamento cometido, chama pelo nome ao seu pecado e se dirige afinal para Deus com plena sinceridade.

Tal homem deve chegar à casa do Pai. O caminho que a ela conduz passa através do exame de consciência, do arrependimento e do propósito de emenda. Como na parábola do filho pródigo, são estas as etapas, ao mesmo tempo lógicas e psicológicas, da conversão. Quando o homem ultrapassar em si mesmo, no seu íntimo humano, todas estas etapas, nascerá nele a necessidade da confissão. Tal necessidade enfrenta talvez, no vivo da alma, a vergonha, mas, quando a conversão é verdadeira e autêntica, a necessidade vence a vergonha: é mais forte a necessidade da confissão, da libertação dos pecados. Confessamo-los a Deus mesmo, embora na confissão os oiça o homem-sacerdote. Este homem é humilde e fiel servidor daquele grande mistério que se realizou entre o filho e o Pai.

307 No período da Quaresma esperam os confessionários; esperam os confessores; e espera o Pai. Poderemos dizer tratar-se de um período de particular solicitude de Deus para perdoar e remitir os pecados: o tempo da reconciliação.

5. A nossa reconciliação com Deus, o regresso à casa do Pai, efectua-se mediante Cristo. A Sua paixão e morte na cruz interpõe-se entre cada consciência humana, cada pecado humano, e o infinito Amor do Pai. Este Amor, pronto a aliviar e perdoar, não é senão a Misericórdia. Cada um de nós na conversão pessoal, no arrependimento, no firme propósito de emenda, e enfim na confissão, aceita sujeitar-se a uma pessoal fadiga espiritual, que é prolongamento e revérbero longínquo daquela Fadiga salvífica, a que se sujeitou o nosso Redentor. Eis como se exprime o Apóstolo referindo-se à reconciliação com Deus: Aquele que não havia conhecido pecado, Deus O fez pecado em nosso favor, para que nos tornássemos n'Ele justiça de Deus (
2Co 5,21). Portanto, este nosso esforço de conversão e penitência, empreendamo-lo por Ele, com Ele e n'Ele. Se não o empreendermos, não seremos dignos do Nome de Cristo, não seremos dignos da herança da Redenção.

Se alguém está em Cristo, é nova criatura: Passou o que era velho, eis que tudo se fez novo. Tudo isto vem de Deus que por meio de Cristo nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da reconciliação (2Co 5,17-18).

6. À vossa querida Paróquia — que se honra com o nome do grande Mártir Inácio de Antioquia, fervoroso amante da Paixão de Cristo — desejo portanto que ela se torne nesta Quaresma lugar privilegiado daquele serviço da reconciliação dos homens com Deus, que em Cristo se actua no sacramento da Penitência.

Não faltem a nenhum de nós, caros Irmãos e Irmãs, a paciência e a coragem de fazer retratação dos próprios pecados, confessando-os no Sacramento da Penitência. Sobretudo não nos falte o amor a Cristo que se deu por nós a Si mesmo, por meio da Paixão e Morte na Cruz. Faça tal amor brotar nos vossos corações a mesma profunda consciência, que brotou no coração do filho da parábola de hoje: "Levantar-me-ei e irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei!".



MISSA PARA OS UNIVERSITÁRIOS EM PREPARAÇÃO À PÁSCOA




Quinta-feira, 20 de Março de 1980

«Quaerite Dominum dum inveniri potest. Invocate Eum, dum prope est».


Buscai o Senhor, enquanto se pode encontrar; invocai-O, enquanto está perto (Is 55,6).

Se hoje me reúno de novo, na Basílica de São Pedro, com professores e estudantes da Universidade e das outras escolas superiores de Roma, é certamente a Quaresma que nos traz aqui. O período de 40 dias de preparação da Páscoa foi estabelecido antigamente pela Igreja, para nele aceitarmos o convite a procurar o Senhor: «Quaerite Dominum»! Não podemos deixar nunca de O procurar: existem todavia períodos que requerem que isto se faça mais intensamente, porque neles o Senhor está especialmente perto, e é portanto mais fácil encontrá-1'O e encontrarmo-nos com Ele. Esta proximidade constitui a resposta do Senhor à invocação da Igreja, que se exprime continuamente através da liturgia. Mais ainda, é precisamente a liturgia que traz a vizinhança do senhor.

Daqui a invocação: buscai, quaerite.

A Quaresma, como período de 40 dias em preparação da Páscoa, tem na Igreja a sua história concreta, através da qual se inscreve na história dos corações e das consciências humanas. Como sabeis, a origem da Quaresma parece remontar ao século IV; mas já nos séculos II e III — antes de se chegar ao período fixo de 40 dias — se preparavam os fiéis para a Páscoa com especiais jejuns e orações (Cfr. Terluliano. Traditio Apostolica de Hipólito e Santo Ireneu). Neste período, os penitentes públicos preparavam-se para a reconciliação, e os catecúmenos para o Baptismo.

308 A quaresma é período de penitência, de conversão, de mudança do coração (metanóia), que se inspira em diversos motivos, mas sobretudo nasce da meditação da Paixão e da Morte de Jesus Cristo. Exactamente desta meditação nasce aquele voltar os olhos para o Senhor, aquela «expectativa do Deus da salvação», de que fala hoje o profeta Miqueias; Eu esperarei no Senhor. - Porei a minha esperança no Deus da minha salvação; - O meu Deus me ouvirá (Mi 7,7).

Bom é portanto que neste período nos reunamos nós aqui, e bom é também que em Roma, precisamente nos nossos ambientes universitários e académicos, não tenham faltado iniciativas favoráveis ao recolhimento, à oração e ao aprofundamento quaresmal. Talvez estas iniciativas não tenham carácter de «massa», como outrora, e como ainda hoje nalgumas localidades. E necessário, por outro lado, atender sempre aos factores que favorecem ou tornam difíceis tais iniciativas e determinam a sua extensão «social». As vezes bastará continuá-las nas condições uma vez já criadas, outras vezes é preciso começar por criá-las. Procurá-las de maneira mais adaptada às circunstâncias. Apesar disso, a Igreja nunca pode deixar de favorecer tais iniciativas. A presença do Senhor neste período do ano litúrgico é tão profunda, tão eloquente e tão poderosa que não podemos deixar de empenhar-nos por andar ao encontro dEle.

2. Talvez na Quaresma sejam poucos os dias em que a liturgia põe em realce, tão claramente como hoje, a verdade que diz ser o encontro com Cristo encontro com a luz que ilumina, de maneira radical e salvífica, os caminhos da vida humana: radical, porque desce aos fundamentos do ser; salvífica, porque mostra a perspectiva plena do bem.

O senhor é a minha luz e a minha salvação, a quem temerei? O Senhor é o baluarte da minha vida, de quem terei medo (Ps 27,1).

Tudo isto encontra confirmação no acontecimento que o apóstolo-evangelista João nos conservou de modo excepcionalmente preciso e particularizado: Jesus cura um cego de nascença (Cf. Jo Jn 9,1-41).

Primeiramente, dá Jesus resposta à pergunta dos discípulos sobre a origem da cegueira daquele infeliz: resposta que diz muito. Em seguida, Jesus faz lodo com a saliva, unta com ele os olhos do cego e manda que se vá lavar à piscina de Siloé: Cumprida a ordem, o cego recebe a vista.

Examinemos bem as circunstâncias desta dávida. O homem, cego de nascença, nunca viu nada nem ninguém. No momento em que adquiriu a vista, manifestaram-se-lhe, pela primeira vez, como novidade absoluta, as coisas todas que nós vemos cada dia. Até agora orientava-se com o auxílio do tacto, talvez com ajuda da bengala branca, como os cegos nos nossos tempos, ou talvez fosse ajudado por algum cão-guia. Tais ajudas, todavia, permitiam-lhe unicamente mover-se com dificuldade, arrastando a vida no apertado círculo dos objectos. Que sentiu ao adquirir a vista? Como iria viver agora? Como devia interpretar ver-se agora liberto? Liberto, porque via!

E por fim: que sentimentos alimentava perante Aquele que, nesse dia memorável, estendeu lodo sobre as suas pálpebras e lhe mandou que fosse lavar-se à piscina de Siloé? Que havia de pensar d'Ele?

Aconteceu depois que ainda por alguns dias, Cristo continuou a ser para ele um desconhecido. Não o vira quando Ele lhe untou os olhos com o lodo; só o ouvia dizer: «vai, lava-te na piscina de Siloé». Depois quando do seu encontro com Jesus, realizado só após algum tempo, travou-se esta conversa: «Tu crês no Filho do Homem?...»; «Quem é Ele, Senhor, para que n'Ele creia?»...; «Tu já O viste; é Ele que fala contigo». Respondeu: «Creio Senhor».

O dom da vista atingia não só o sentido do corpo, mas penetrou até ao íntimo da alma.

3. Esta passagem do Evangelho tem a sua particular motivação histórica na 4ª semana da Quaresma. Nos primeiros séculos o período de 40 dias foi, na Igreja, o tempo de preparação especial intensiva para o Baptismo. Foi o tempo dedicado de modo especial ao catecumenato. Realizava-se deste modo, durante ele, o processo de conversão que é necessário considerar como o primeiro e mais fundamental: a conversão a Deus que nos dá a nova vida em Cristo. Devemos, de facto, ser mergulhados na sua Morte para nos tornarmos depois, no sacramento do Baptismo, a nova criatura — participando, à custa desta Morte, na Sua Ressurreição. Para nos tornarmos o sujeito vivo do Mistério em que Deus renova, em cada um de nós, o homem velho criando-o de novo por meio da graça, à imagem do Seu Filho Unigénito.

309 Aqueles que se preparavam deste modo para o Baptismo que se recebia na noite da Ressurreição, tinham o nome de catacúmenos. Rodeava-os especial solicitude por parte de toda a comunidade da Igreja, porque devia cada um deles tornar-se, na Noite Pascal já próxima, o sujeito do maior Mistério. E que devia repetir-se neles, de modo sacramental, a Ressurreição do Senhor. Cada um devia tornar-se o sujeito da Páscoa, isto é, da Passagem da morte à Vida.

Para chegar ao caminho que leva àquela Passagem — à Páscoa — para perseverar nela até ao fim, cada um dos catecúmenos devia encontrar-se com a Luz do Senhor. O senhor devia abrir-lhe os olhos, assim como abrira os olhos daquele homem cego de nascença, de que fala a liturgia de hoje, cego sem culpa dos pais. Cego, para se manifestarem nele as obras de Deus (
Jn 9,3), as grandes obras de Deus — magnalia Dei (Ac 2,11).

Com esta finalidade, o catecúmeno passava pelos diversos graus de ensino. Tomava conhecimento dos artigos da fé. Devia conhecê-los na sua expressão humana. Mas não bastava só o conhecimento. Devia receber a luz interior que provém do próprio Cristo. Esta luz faz que o homem veja tudo — ao mundo e a si mesmo — de maneira radicalmente nova. Veja de modo completamente novo: desde a base, desde o princípio. Torne-se o sujeito de uma Nova Consciência, porque participa do conhecimento com que o próprio Deus conhece, o qual nos comunicou no seu filho. O Homem torna-se portanto o sujeito do Novo Conhecimento, para poder tornar-se, de modo plenamente consciente, o sujeito da Nova Vida.

4. A liturgia de hoje relaciona-se portanto, de modo especial, com a liturgia da Noite Pascal. Os catecúmenos — os que, por obra de Cristo, se tornaram participantes do Novo Conhecimento, os que adquiriram (como o cego de nascença) a vista — caminhavam no decurso desta liturgia com o seu canto: com o canto dos homens, a quem se revelou Deus, e juntamente com Deus, revelaram-se também, de modo novo, o mundo e o homem.

O Senhor é minha luz e salvação: — a quem hei-de temer? — O Senhor é protector da minha vida: de quem hei-de temer?... — Ouvi, Senhor, a voz da minha súplica, — tende compaixão de mim e atendei-me.

Diz-me o coração: — «Procurai a sua face». — A vossa face, Senhor, eu procuro: não escondais de mim o vosso rosto, — nem afasteis com ira o vosso servo. — Sois o meu refúgio. — Não me rejeiteis nem me abandoneis, — ó Deus, meu Salvador... — Espero vir a contemplar a bondade do senhor na terra dos vivos. Confia no Senhor, sê forte. — Tem coragem e confia no Senhor (Ps 26 Ps 27,1 Ps 2627, Ps 13-14).

Os catecúmenos, na perspectiva do Baptismo já próximo, exprimem a alegria da vista espiritual que receberam, da qual se tornaram participantes. Encontraram-se no caminho que leva a visão de Deus face a face (1Co 13-12). A busca do «rosto de Deus» tornou-se o caminho do homem consciente da sua plenitude definitiva. E este o caminho da fé.

5. Também nós estamos no caminho. Já não é o caminho dos catecúmenos. E o caminho da fé. Portanto esta experiência, em que nos deseja introduzir a liturgia de hoje, nós já a completámos em certo modo. Mas pode também acontecer que não a conheçamos verdadeiramente.

Recebendo o Baptismo no período infantil, chegamos à fé mediante a comunidade da nossa família, que deseja patentear-nos as riquezas da Igreja o mais depressa possível, assumindo nós os deveres todos que disso derivam.

A igreja estabeleceu, há muito tempo, entrar por este caminho, tomando em consideração tanto a circunstância de não se poder retardar o momento da graça na vida dalguma criatura, quanto a de que, por meio do baptismo das crianças, é preciso ajudar a construção da família, entendida como a «igreja doméstica», ajudá-la conferindo a esta sobretudo as possibilidades do «segundo catecumenato», por assim dizer. E deste modo, em lugar da «educação primária pára a fé» formou-se e chegou à maturidade uma rica experiência de educação «na fé». Enquanto, no primeiro caso, a graça do Baptismo constituía o ponto de chegada, no segundo é a base: é o ponto de partida de tudo aquilo que nos faz cristãos e nos leva a comportarmo-nos como tais.

E é também o ponto de partida deste nosso encontro quaresmal de hoje.

310 6. Bom é que na moldura deste encontro possamos considerar o problema do catecumenato. Pois o catecumenato deve sempre constituir, de um modo ou de outro, o fundamento do nosso ser de cristãos e do nosso comportamento como tais; e porque ele constitui para nós precisamente a base e o ponto de partida.

E, portanto, bom que, na liturgia de hoje, nos encontremos com um catecúmeno — isto é com o homem para quem se tornou Cristo a luz, com o homem que recebeu a vista da fé, que se encontrou no caminho do Novo Conhecimento.

Olhemos com atenção para o comportamento deste homem. Logo depois de receber a vista, torna-se objecto de interrogações e investigações. Primeiro, são-lhe feitas perguntas pelos conhecidos e vizinhos. Estes, em seguida, levam-no aos escribas e fariseus. Aqui muda o carácter das perguntas. Estes não se limitam ao pasmo diante do facto de um cego de nascença ter adquirido a vista. Nem ainda se limitam a aceitar — como os vizinhos e os conhecidos tudo o que ele declara, quer dizer, ter recebido a vista graças ao homem que se chama Jesus. Mais, procuram enfraquecer nele a certeza e levá-lo a negar precisamente esta verdade. Mas não podendo negar o facto, que é evidente — era incontestável que o cego de nascença agora via — procuram negar as circunstâncias e o significado do acontecimento. As circunstâncias: «Este homem não vem de Deus, pois não guarda o sábado»... «Sabemos que esse homem é pecador». E o significado do facto, o que, precisamente para eles, é o mais importante: «Tu que dizes daquele que te abriu os olhos?». E ele respondeu: «Que é profeta». A resposta perturba-os. Poderia ser perigosa caso se difundisse entre o povo (é preciso que Jesus de Nazaré seja considerado como pecador que transgride a lei do sábado). Os fariseus procuram influir nele por meio dos pais. Em vão. Todos os esforços destinados a desacreditar o Taumaturgo aos olhos do curado, acabam por gorar-se. Apertado por tais perguntas, ele mantém grande prontidão de espírito. Faz um raciocínio lógico e incontestável, e termina com as palavras: «Se Ele não fosse de Deus, nada poderia fazer». Os fariseus só podem mostrar desprezo e raiva: «Tu nasceste inteiramente em pecado e ensinas-nos a nós?». («E expulsaram-no».

Assim termina o primeiro exame prático sobre a fé do catecúmeno.

7. Examinemos este problema com exactidão. No caminho da fé em Cristo, nós seremos repetidamente chamados a um exame de fé. Talvez pensemos injustamente que, se o nosso exame se passasse do mesmo modo que o do cego de nascença, também nós teríamos sem dúvida bom resultado como ele.

Ora, o nosso exame de fé em Cristo não é esse. Não é nunca como o do cego. Cada exame de fé é diverso dos outros.

Qual é?

Qual é este exame de fé exame de conhecimento de Jesus Cristo, exame acerca das nossas convicções cristãs — que deve fazer cada um de vós, homens de agora, representantes do ambiente universitário em Roma, na Cidade que há 2.000 anos se tornou a capital do Cristianismo e, ao mesmo tempo, a capital da cultura europeia?

Qual é este exame?

Não procurarei responder a esta pergunta. Seria esforço vão. Deve haver tantas respostas quantos sois vós, presentes nesta Basílica.

Proponho contudo a pergunta. E peço-vos que procureis dar-lhe resposta. Precisamente nesta Quaresma. Seja esta o testemunho daquele «segundo catecumenato», para o qual sempre apela em certo modo a Quaresma no que respeita a cada um de nós baptizados; a cada um nós, cristãos adultos.

311 Nem por um momento penseis que pode cada um de nós escapar a ser interrogado, na sua vida, sobre Cristo.

Não penseis que os nossos tempos não exigem, relativamente a cada um de nós, aquele exame sobre conhecermos ou não a Cristo e sobre pertencermos a Cristo na Sua Igreja.

Os nossos tempos impõem-no, e quão profundamente!

Impõem-no com diversos métodos, formulados num diverso catálogo de perguntas. As vezes estas parecem muito desconexas. O que é certo é que somos interrogados, e que ao exame não se foge. E exame muito profundo. Muito radical.

8. Assim a Quaresma é o tempo de um especial encontro com Cristo, que não pára de falar de Si mesmo.

Eu sou a luz do mundo, quem Me segue... terá a luz da vida (
Jn 8,12).

Assim era há muito tempo — nos tempos do primitivo catecumenato. E assim é hoje — nos tempos do «segundo catecumenato».

A Quaresma constitui aquele tempo feliz em que pode cada um de nós, de modo especial, passar através da zona de luz. Luz potente, luz intensa, provém do Cenáculo, do Getsémani, do Calvário e enfim do Domingo da Ressurreição.

É necessário atravessar esta zona de luz de maneira que encontre cada um a Vida em si.

Está em mim a luz? Está em mim a Vida? A vida que enxertou em mim Cristo?

Cristo, juntamente com a luz da fé, enxertou em cada um de nós a vida da Graça.

312 Está em mim a vida da Graça?

Ou não terá acaso dominado em mim o pecado?

Na luz pascal, na luz da Paixão e da Cruz, o pecado desenha-se mais claramente. Na luz pascal, na luz da Ressurreição, abre-se mais claramente o caminho para vencer o pecado e chegar à expiação, ao arrependimento, à remissão. Quem Me segue, terá a luz da vida (
Jn 8,12).

Cada um de Vós, caros Amigos, passe esta Quaresma de maneira que o penetre a luz da vida.

O homem renasce para a vida em Cristo pela primeira vez, no Sacramento do Baptismo.

O homem, com o Baptismo, renasce para a vida em Cristo, para a graça que tinha perdido por causa do pecado.

E todas as vezes renasce por meio do Sacramento da Penitência.

Renascei para a vida em Cristo. Amen.






Homilias JOÃO PAULO II 302