Homilias JOÃO PAULO II 363

363 3. No Evangelho que escutámos juntos, Jesus falou-nos da sede e da água. Ele parou junto de um poço, um poço profundo, que o Patriarca Jacob cavara com muita fadiga para a sua família e para os seus rebanhos. Era lá que se ia buscar água. Foi lá que Jesus encontrou uma mulher da Samaria. Ela ia buscar a água necessária para a sua casa. Ela precisava de água para a sua própria sede, mas sem o saber, ela tinha ainda mais sede da verdade, da certeza de ter, apesar dos seus pecados, um lugar no amor de Deus. Ela tinha sede da palavra de Jesus e daquela vida da alma que só Ele nos pode dar.

Todos nós somos, como aquela mulher, sedentos da verdade que vem de Deus. Verdade sobre nós mesmos, sobre o sentido da nossa vida, sobre o que podemos e devemos fazer, desde agora e onde quer que nos encontremos, para responder ao que Deus espera de cada um de nós, a fim de podermos fazer verdadeiramente parte da Sua família e vivermos como filhos de Deus. Conheço as vossas dificuldades, e a extrema pobreza de muitos de vós, tão numerosos; conheço também a vossa generosidade no serviço do Senhor; e é por isto que, a vós que sois filhos de Deus pelo vosso baptismo e pela vossa pertença a Igreja, posso lembrar a Sua palavra: "Procurai primeiro o Reino de Deus e a Sua justiça..." (
Mt 6,33)! Sim, para nós cristãos, eis o essencial!

4. Todavia, meditando o Evangelho, não podemos esquecer que, se os habitantes da Samaria regressaram às suas casas, levando no coração a palavra de salvação, a água que jorra para a vida eterna, eles continuaram ainda a ir buscar àquele poço a água necessária para a vida dos seus corpos. Os homens têm sede de amor, de caridade fraterna; mas há também povos inteiros que têm sede da água necessária para a sua vida, nas circunstâncias particulares que estão presentes no meu espírito, agora que me encontro entre vós, nestas terras do Alto Volta, nesta zona do Sahel. Embora o problema da "desertificação" progressiva se apresente também noutras regiões do globo, os sofrimentos das populações do Sahel, de que o mundo foi testemunha, levam-me a falar dele aqui.

Desde o início, Deus confiou ao homem a natureza que Ele criara. Servir-se da criação para uma promoção humana, integral e solidária, que permita ao homem atingir a sua plena dimensão espiritual, é render glória a Deus. O homem deve portanto esforçar-se por respeitar a natureza, e descobrir as suas leis para que o serviço ao homem seja garantido. Grandes progressos foram realizados no domínio da ecologia, grandes esforços foram envidados. Mas resta muito a fazer para educar o homem a respeitar a natureza, a preservá-la e a melhorá-la, e também para reduzir ou prevenir as consequências dás chamadas calamidades "naturais".

É então que a solidariedade humana deve manifestar-se vindo em ajuda, das vítimas e dos países, que não podem fazer face subitamente a necessidades tão graves e urgentes e cuja economia pode estar arruinada. É uma questão de justiça internacional principalmente para com aqueles países frequentemente atingidos por estes desastres, enquanto outros se encontram em condições geográficas ou climáticas que, comparadas com as deles, podem dizer-se privilegiadas. E também uma questão de caridade para todos aqueles que consideram que cada homem é um irmão e cada mulher é uma irmã e cujos sofrimentos devem ser compartilhados e aliviados por todos. A solidariedade, na justiça e na caridade, não deve conhecer nem fronteiras nem limites.

5. Daqui, de Uagadugu, do centro de um destes, países que podem chamar-se os países da sede, seja-me portanto permitido dirigir a todos, na África e para além deste continente, um apelo solene a não fechar os olhos diante do que aconteceu e está a acontecer na região do Sahel.

Não me é possível narrar a história e os pormenores desta tragédia que, de resto, estão na mente de todos vós. Seria preciso evocar pelo menos o tempo empregado para tomar consciência do drama provocado por uma seca persistente; e depois o movimento de solidariedade que se estendeu em todos os níveis: local, nacional, regional e internacional. Muito foi feito, tanto pelos cidadãos e pelos Governos dos países interessados, como pelas diversas Instituições Internacionais. A Igreja teve também a sua larga parte; a sua acção foi sustentada e seguida com atenção pelos vossos bispos e pelo Papa Paulo VI que, angustiado desde o início pela amplidão da catástrofe, não poupou os seus apelos e o seu apoio, principalmente por intermédio do Pontifício Conselho "Cor Unum", cujo Presidente me é grato saudar aqui, o caro Cardeal Bernardin. Gantin, que aceitou deixar a sua África natal e a sua diocese de Cotonou, no Benin, para ir trabalhar em Roma com o Papa. Agradecemos, portanto, hoje, a todos os que se devotaram, a todos os que souberam ir em auxílio dos seus irmãos em necessidade. Oxalá possam um dia ouvir do Senhor: "Tive sede e deste-me de beber" (Mt 25,35)! Por meio deles, de facto, Deus deu a resposta que escutámos na leitura desta Missa: "Eu, o Deus de Israel, não os abandonarei" (Is 41,17).

6. E no entanto quantas vítimas às quais o socorro chegou tarde demais! Quantos jovens cujo desenvolvimento foi perturbado ou comprometido! E o perigo não foi esconjurado. Desde o início destes acontecimentos dolorosos que constituem o drama do Sahel, as condições para o futuro foram estudadas na vossa região em nível intergovernamental com a ajuda das Nações Unidas, elaboraram-se planos para lutar contra a seca, contra as suas causas e as suas consequências, para encontrar remédios eficazes quais a irrigação, a perfuração de poços, o reflorestamento, a construção de celeiros, a introdução de várias culturas, e outras coisas.

Mas as necessidades são imensas se se quer deter o avanço do deserto e mesmo progressivamente levá-lo a recuar, se se quer que cada homem, cada mulher e cada criança do Sahel disponha de água e de alimento suficiente, e tenha um futuro cada vez mais digno de um ser humano.

7. Por isso, deste lugar, desta capital do Alto Volta, lanço um apelo solene ao mundo inteiro. Eu, João Paulo II, Bispo de Roma e Sucessor de Pedro, elevo a minha voz suplicante porque não posso ficar em silêncio quando os meus irmãos e as minhas irmãs são ameaçados. Faço-me aqui a voz dos que não têm voz, a voz dos inocentes mortos porque não tinham água nem pão; a voz dos pais e das mães que viram morrer os seus filhos sem compreender, ou que verão sempre nos seus filhos as consequências da fome que sofreram; a voz das gerações futuras que já não devem viver com esta ameaça terrível que pesa sobre as suas vidas. Lanço um apelo a todos!

Não esperemos que a seca retorne, horripilante e devastadora! Não esperemos que a areia volte a trazer a morte! Não permitamos que o futuro destes povos fique ameaçado para sempre! A solidariedade de ontem demonstrou, pela sua extensão e pela sua eficácia, que só é possível escutar a voz da justiça e da caridade, e não a do egoísmo, individual ou colectivo.

364 Escutai o meu apelo!

A vós, Organizações Internacionais, peço que continueis o trabalho notável já feito; que acelereis a concretização perseverante dos programas de acção já elaborados. A vós, Responsáveis pelos Estados, peço-vos que deis uma contribuição generosa aos países do Sahel, a fim de que um novo esforço, conspícuo e firme, possa encontrar remédio ainda mais eficaz para o drama da seca. A vós, Organismos não-Governamentais, peço-vos que dupliqueis os vossos esforços: sabei suscitar uma corrente de generosidade pessoal, dos homens, das mulheres e das crianças, a fim de que todos saibam que o fruto das suas privações serve verdadeiramente para garantir a vida e a possibilidade de futuro dos seus irmãos e irmãs. Peço-vos, homens de ciência e técnicos, Institutos de pesquisa, que orienteis os vossos trabalhos para a busca de novos meios de luta contra a "desertificação"; não progrediria igualmente a ciência se fosse posta ao serviço da vida do homem? A ciência pode e deve ter outros objectivos que não sejam a busca de novos instrumentos de morte, criadores de novos desertos, ou mesmo a satisfação de necessidades artificiais suscitadas pela publicidade. Por isso, peço-vos também a vós que trabalhais nos meios de comunicação social: jornalistas da imprensa, da, rádio e da televisão: falai deste problema segundo a sua verdadeira dimensão: a dimensão da pessoa humana diminuída e mutilada. Sem procurar efeitos inúteis, sabei mostrar as soluções possíveis, o que foi feito e o que resta a fazer. Saber despertar a generosidade e a boa vontade: não vos parece esta uma bela tarefa? Suplico-vos a todos, escutai este apelo, escutai estas vozes do Sahel e de todos os países vítimas da seca, sem nenhuma excepção. E a todos vós eu digo: "Deus recompensar-vos-á"!

8. Mas quero também dirigir-me, de modo especial, aos vossos irmãos católicos do mundo, aos dos países mais favorecidos. Que eles meditem as palavras tão conhecidas de São Vicente de Paulo, um dos heróis da caridade e do amor aos pobres. A quem lhe perguntava, no fim da sua vida, que teria ele podido fazer ainda pelo próximo, respondia: "Ainda mais". Querer fazer sempre "mais" é a glória da caridade cristã, deste amor que temos uns para com os outros e que é infundido nos nossos corações pelo Espírito Santo. Por isso, digo-vos: agora, os que têm fome e sede no mundo estão à vossa porta! Os meios modernos permitem vir em sua ajuda. Não é possível contar apenas com as responsabilidades políticas nacionais e internacionais. Além do dever universal de solidariedade, é a vossa fé que deve levar-vos a examinar as vossas possibilidades reais, a examinar, pessoalmente e em família, se não consideramos muitas vezes como necessário o que na realidade é supérfluo. É o Senhor que nos convida a fazermos mais.

9. Exprimo a todos a minha confiança. Ela está fundamentada naquele amor do Senhor que nos une, na nossa participação, na imensidão do mundo, no seu único sacrifício, pois todos nós comemos do mesmo pão e bebemos do mesmo cálice (cfr.
1Co 10,17). Possa o Senhor, a quem vamos rezar juntos e que vem sacramentalmente entre nós para que o recebamos, possa Ele fazer-nos progredir no seu amor e fazer brotar em todos os corações a água da vida eterna! Amém.



PEREGRINAÇÃO APOSTÓLICA DO SANTO PADRE À ÁFRICA



DURANTE A MISSA CELEBRADA


EM ABIDJÃO, COSTA DO MARFIM


Sábado, 10 de Maio de 1980




Caros Irmãos e Irmãs

Demos graças a Deus, que nos chamou a formarmos uma só Igreja, em Seu Filho Jesus Cristo.

1. O profeta Ezequiel anunciava já este grande Mistério, pensando primeiro nos Israelitas do seu tempo, dispersos entre as nações. Mas, "por meio da Igreja", o apelo alargou-se aos filhos de todas as nações, que se chamavam pagãs. E atrevemo-nos, como diz São Paulo, o Apóstolo das nações, "a aproximar-nos de Deus com toda a confiança", "pelo caminho da fé em Cristo" — que é a fé comum. Sim, "o único Deus e Pai de todos" reúne-nos, de todas as proveniências, com todas as riquezas da nossa história própria, na família da Igreja. Derrama sobre nós uma água pura — "um só baptismo" — e nós somos então "purificados de todas as nossas manchas". Dá-nos "um coração novo", coração sensível ao Seu amor, "um coração de carne". Coloca em nós o Seu Espírito, "um só Espírito". Permite-nos "caminhar segundo a Sua lei e praticar os costumes que nos ensina". É assim que em todo o universo se constrói o mesmo Corpo de Cristo, com membros diferentes, dos quais recebeu cada pessoa as suas qualidades, a sua parte de graça e as suas funções na Igreja.

Esta unidade profunda, através da variedade multiforme dos povos e das raças, constitui a nossa alegria e a nossa força. É dom de Deus, mas nós devemos também da nossa parte oferecer a nossa contribuição consciente e generosa, para se realizar, na maturidade, a plenitude de Cristo.

Por isso convido-vos, caros Irmãos e Irmãs, a percorrer comigo os diversos círculos concêntricos desta unidade: ao nível de Cristo, primeiro; ao nível da Igreja universal e do seu Pastor; ao nível da Igreja que está na Costa do Marfim e da vossa diocese: ao nível de cada uma das vossas comunidades paroquiais, com a irradiação que daí surge para a unidade dos homens que nos rodeiam.

2. Sim, a nossa unidade não é, só nem primeiro, unidade exterior, como a de um corpo social com as suas estruturas de organização. É um mistério, como o Concílio Vaticano II sublinhou desde o princípio da Constituição Lumen gentium (LG 4). Formamos "um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo".

365 O Espírito Santo "habita na Igreja e nos corações dos fiéis", "conduz a Igreja à verdade total" e "unifica-a na comunhão e no ministério". "Guia-a com diversos dons hierárquicos e carismáticos"; "pela força do Evangelho rejuvenesce a Igreja, renova-a continuamente e leva-a à união perfeita com o seu Esposo", Cristo (cfr. ibid.). Assim o Espírito Santo distribui na Igreja "a insondável riqueza de Cristo", e dirige a sua aspiração para Cristo e para o Seu Pai (cfr. Apoc Ap 22,17).

Cristo ressuscitado vive, com efeito, pelos séculos dos séculos junto de Seu Pai que O fez Senhor do Universo e Cabeça da Igreja que é o Seu Corpo místico (cfr. Flp 2, 11; Col 1,18). Pelo Espírito Santo, comunica Ele a Sua vida àqueles que crêem n'Ele, renascendo da água e do Espírito (cfr. Jo Jn 3,5), os quais se unem a Ele pela oração, pelos sacramentos e por uma vida conforme ao Seu amor. E Ele o Chefe invisível da Igreja, e é quem a sustém (cfr. Lumen gentium LG 8); é o bom Pastor que reúne os filhos de Deus dispersos e deles faz um reino de sacerdotes para o seu Pai (Ap 1,6).

Isto sabei-lo vós bem, caros amigos, mas eu recordo-o para vos exortar a voltardes-vos sem cessar para Cristo, a rezar-Lhe melhor ainda, na comunidade, na família e também pessoalmente, e a reler a Sua Palavra. Uma Igreja não está viva, não está unida nem está forte senão quando os seus membros têm vida interior, vida espiritual, isto é, vida ligada ao Espírito de Deus, vida de oração. Nisto está o coração da Igreja. Nisto se estabelece a comunhão mais íntima que é fonte de todas as outras. A vossa vida, a vossa unidade está primeiramente "escondida com Cristo, em Deus (cfr. Col Col 3,3).

3. Mas esta graça de Cristo chegou-vos e é vos incessantemente dada pela Igreja visível, que é o "Corpo" de Cristo, o "sacramento" de Cristo, o sinal que torna visível e realiza a comunhão. A unidade manifesta-se à volta daquele que, em cada diocese, foi constituído Pastor, Bispo. E para o conjunto da Igreja, manifesta-se à volta do Bispo de Roma, do Papa, que é "o princípio perpétuo e visível, e o fundamento da unidade que liga entre si quer os Bispos quer a multidão dos fiéis" (Lumen gentium LG 23). E reparai que isto se realiza esta tarde, à vossa vista. Que enorme graça para nós todos!

Cada Bispo da Igreja católica é sucessor dos Apóstolos. Está ligado aos Apóstolos por uma linha ininterrupta de ordenações. Eu sou o sucessor do Apóstolo Pedro, na Sé de Roma. Ora vós ouvistes, no Evangelho, a maravilhosa profissão de fé de Pedro "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo", e a resposta de Jesus: "sobre esta pedra edificarei a minha Igreja... dar-te-ei as chaves do Reino dos céus" (Jn 1,16-19).

E mais tarde, acrescentou Cristo: "Fortalece os teus irmãos" (Lc 22,32); "sê o pastor dos meus cordeiros... sê o pastor das minhas ovelhas" (Jn 21,15-17). Tal é também a fé do Papa, que professei solenemente ao inaugurar o meu ministério, em Roma; e tal é também a missão de que o Senhor me encarregou, apesar da minha indignidade: fortalecer-vos na fé e na unidade.

Qualquer Igreja local, como a que vós formais aqui, deve sempre manter-se solidária com a Igreja universal, isto pelo sinal visível da comunhão com o sucessor de Pedro. Porque não há senão uma Igreja de Jesus Cristo, que é como grande árvore em que fostes enxertados, como os cristãos de Roma e os cristãos da Polónia. O ramo não poderia ficar fora da árvore, nem o sarmento fora da videira. Viveis participando na grande corrente vital que faz viver a árvore toda. Mas o vosso enxerto vai permitir à Igreja ter nova floração, novos frutos. E disto regozija-se o Papa. Regozija-se da primavera da Igreja que está na Costa do Marfim.

4. Vou referir-me agora às vossas comunidades diocesanas, de Abidjão ou das outras dioceses. Nelas conhecem os Bispos quanto é necessário intensificar a unidade que os liga entre si, ao nível por exemplo da colaboração pastoral para todo o país.

E em cada diocese, a que podemos chamar "Igreja particular", deve criar-se grande unidade à volta do Bispo que é o chefe dela à maneira do Evangelho, isto é, como pastor e pai. Unidade da fé, certamente; unidade da oração; unidade de sentimentos fraternos e unidade dos esforços pastorais. Isto numa grande diversidade de funções indispensáveis e complementares. Ouvistes São Paulo falar de "apóstolos", de "profetas", de "missionários do Evangelho", de "pastores", de "doutores" e de "santos" (Ep 4,11-12). Hoje, poder-se-ia ampliar a lista dos ministérios, dos serviços e dos carismas. Nesta Igreja, saiba portanto cada cristão que é responsável ao seu nível e que a Igreja achará falta daquilo que ele não tiver sabido dar.

5. O primeiro pensamento vai para os padres anunciadores do Evangelho, dispensadores dos mistérios de Deus, guias espirituais que presidem à unidade nos seus diversos cargos: párocos e coadjutores de paróquias, professores, capelães... Quanta é a minha felicidade por concelebrar com os novos sacerdotes, que receberam há pouco tempo os poderes sagrados pela imposição das mãos! Quanto desejo eu que muitos habitantes da Costa do Marfim oiçam o mesmo apelo! A messe é grande. Oh, vós todos, meus Irmãos, apoiai as vocações sacerdotais, para que a vossa Igreja não venha a ter falta de padres, de santos padres. É sobre eles que deverá apoiar-se a Igreja de amanhã. Mas os missionários vindos de longe têm ainda papel importante neste país, papel actualmente indispensável, pelo serviço muito apreciado que prestam e como testemunhas da Igreja universal; pertencem de pleno direito à vossa Igreja. Todos os padres são chamados a formar um mesmo presbitério à volta do Bispo, na humildade e na ajuda fraterna. E haveria também lugar para o ministério dos diáconos junto dos padres.

Por outro lado, que boa sorte também beneficiar do exemplo e da ajuda de outras almas consagradas, religiosos e religiosas; indígenas ou missionários, que despertam tanta confiança no povo, porque a castidade, a pobreza e a obediência fazem, deles e delas, testemunhas sem igual do amor de Cristo e do seu Evangelho, plenamente disponíveis para todos.

366 Continuem os catequistas bem formados o seu papel educador da fé, e saibam os animadores das pequenas comunidades de bairros que sem eles haveria falta de um recurso importante. Penso ainda na responsabilidade dos pais e das mães de família: cada lar cristão não é como um "santuário doméstico da Igreja" (Decreto Apostolicam actuositatem AA 11)? E permito-me insistir aqui no papel especial das mães: a mulher tem a missão maravilhosa de dar a vida, de trazer consigo a vida nascente e na África ela continua muito tempo a transportar o seu filho com imensa ternura e a alimentá-lo com enorme dedicação. E também não se esqueça ela de abrir o coração dos seus filhos à ternura de Deus, à vida de Cristo: trata-se de uma educação inicial que só dificilmente pode ser substituída: Há ainda muitos outros serviços na comunidade cristã: serviços de educação, serviços de assistência sanitária e social. E os jovens têm também neles a sua parte.

6. Mas de que maneira conservar; a unidade da oração, a unidade da caridade e a unidade pastoral entre todos? É o papel privilegiado da paróquia, com a sua igreja e o seu grupo de pastores, em ligação com os responsáveis religiosos e leigos. A paróquia deve ser acolhedora para todos: não há verdadeiros "estrangeiros" numa família de cristãos. Penso em especial nos trabalhadores migrantes ou nos técnicos dos outros países que devem receber e dar a sua parte de vida cristã. Um só Corpo, um só Espírito, como dizia São Paulo.

7. Caros amigos, a unidade não fica ainda por aqui. Desejamos promovê-la também com todos os que sem professar integralmente a nossa fé católica ou sem conservar a comunhão em obediência ao sucessor Pedro, foram baptizados e usam o belo nome de cristãos: o Espírito Santo suscita em todos os discípulos de Cristo o desejo e a acção que tendem à unidade, tal como a ambicionou Cristo, na verdade e na caridade (cfr. Lumen gentium LG 15). E o desígnio de salvação abrange, ao no lado, também os que adoram o Deus único ou aqueles que, sem O conhecerem bem nas sombras e debaixo das imagens, procuram a Deus com coração sincero (ibid., LG 16). Assim, testemunhando embora a nossa própria fé, estamos animados para com todos de sentimentos de estima e de diálogo fraterno.

8. Por fim, os discípulos de Cristo, as comunidades cristãs, deves ser fermentos de unidade, agentes de aproximação fraterna, para todos os habitantes deste país, africanos ou não africanos. A Costa do Marfim e a sua capital estão a passar por uma evolução social rápida, em que a concentração urbana, o desenraizamento familiar, a busca do alojamento e do trabalho, mas também, para alguns, as possibilidades insuspeitadas de êxito técnico, de enriquecimento rápido, com as tentações de proveito pessoal e às vezes apresentado diversamente – com exploração do homem, do pequeno, do trabalhador do país ou do migrante – sim, tudo isto corre o risco, como infelizmente noutros países chamados "avançados", de pôr à prova a solidariedade, a justiça, a esperança dos humildes, a paz e também o sentimento religioso. É preciso evitar a todo o custo – digo-o por amor a vós, por amor deste país e dos seus responsáveis – que a oportunidade, oferecida hoje à Costa do Marfim e aos seus trabalhadores pelo desenvolvimento, se perca, que se afunde perigosamente o fosso entre ricos e pobres, como aumenta o fosso entre países ricos e países pobres, e que a civilização se materialize. Nestas condições, o cuidado dos pobres e dos abandonados, o sentido do bem comum de todos e a equidade hão-de habitar especialmente no coração dos cristãos. Felizes cristãos, felizes comunidades cristãs, se os outros homens de boa vontade encontrarem neles exemplo de unidade e fonte de fraternidade. O recente Concílio não hesitava em dizer: "A unidade católica do povo de Deus prefigura e promove a - paz universal" (Lumen gentium LG 13).

Eis aqui, caros Irmãos e Irmãs, em todos os degraus, desde Roma até à vossa aldeia ou ao vosso bairro, o dinamismo de unidade da nossa Igreja. Como Vigário de Cristo, sinto-me feliz de estar no meio de vós para reforçar esta esperança. O projecto é esplêndido. Mas o caminho será longo e difícil: supõe sacrifícios, Jesus preveniu-nos no Evangelho. Mas a Sua graça opera no meio de vós, o Seu Espírito está em vós. E como, a Virgem Maria se dispôs maravilhosamente, ela que do Espírito Santo concebeu Cristo e é também Mãe da Igreja, nós pedir-lhe-emos de modo especial que disponha para a graça os nossos corações. Agora, esta Eucaristia vai tornar presente o Sacrifício de Cristo, que destruiu o muro de separação (cfr. Ef Ep 2,14), para unir todos os filhos de Deus e lhes dar acesso, em conjunto, ao Deus de amor.

Senhor, fortifica a unidade da tua Igreja.

Amém. Aleluia.





PEREGRINAÇÃO APOSTÓLICA DO SANTO PADRE À ÁFRICA



DURANTE A SOLENE LITURGIA EUCARÍSTICA


DEDICADA AOS ESTUDANTES


Yamoussoukro, Costa do Marfim

Domingo, 11 de Maio de 1980




Caros universitários e universitárias

1. Como agradecer-vos terdes vindo tão numerosos, tão alegres e tão confiantes, até junto do Pai e do Chefe da Igreja Católica? Desejo e peço a Deus que este encontro seja momento de comunhão profunda dos nossos corações e dos nossos espíritos, momento inesquecível para mim e determinantes para vós.

367 Os vossos problemas e as vossas aspirações de estudantes da Costa do Marfim chegaram ao meu conhecimento, o que me trouxe ao mesmo tempo felicidade e comoção. É portanto a jovens, com situação concreta e com grandes esperanças humanas e cristãs no coração, que eu me dirijo coro toda a confiança. A liturgia da Palavra, que agora mesmo terminou, contribuiu certamente para colocar as vossas almas em estado de receptividade. Estas três leituras constituem enquadramento ideal para a exigente meditação que faremos em breve. A Igreja, a que estais agregados pelos sacramentos do Baptismo e da confirmação — eu terei aliás o prazer de conferir este último a vários dentre vós — é uma Igreja aberta, desde a fundação, a todos os homens e a todas as culturas: Igreja certa de vir a alcançar um termo glorioso por meio das humilhações e perseguições que lhe são infligidas no decurso da história; Igreja misteriosamente animada pelo Espírito do Pentecostes e apaixonada por revelar aos homens a dignidade inalienável e a vocação que têm de "familiares de Deus", de criaturas habitadas por Deus, Pai, Filho e Espírito. Como é tonificante respirar esta atmosfera de uma Igreja sempre jovem e resoluta!

Os vossos Bispos dirigiram-vos recentemente, a vós mas também aos vossos pais e aos responsáveis por vós, uma carta que pretendia diagnosticar os perigos que ameaçam a juventude e provocar, nas suas fileiras como entre os adultos, um generoso despertar espiritual. Muitos dentre vós estão bastante conscientes das dificuldades e das misérias que atingem os meios juvenis. Sem generalizar, não têm medo de chamar às coisas pelos seus nomes e de interrogar os mais velhos referindo-se às célebres palavras do profeta Jeremias: "Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos é que sofreram" (
Jr 31,29).

2. Hoje, pela minha parte, desejaria convencer-vos de uma verdade de bom senso mas capital, que tem valor para todo o homem e toda a sociedade que sofre física ou moralmente; é esta: o doente não pode curar-se se ele próprio não toma os remédios necessários. É o que o Apóstolo São Tiago queria que os primeiros cristãos compreendessem (cfr. Tg Jc 1,23-26). Para que serve diagnosticar o mal do espelho da consciência individual e colectiva, se isso se esquece logo ou se há recusa em o tratar? Cada pessoa tem na sociedade responsabilidades quanto a esta situação, e cada um é portanto chamado a uma conversão pessoal que é em substância forma de participar na evangelização do mundo (cfr. Evangelii nuntiandi EN 21 EN 41). Mas pergunto-vos: não é verdade que, se todos os jovens consentirem em mudar a sua própria vida, toda a sociedade mudará? Porque esperar mais tempo soluções já prontas para os problemas de que sofreis? O vosso dinamismo, a vossa imaginação e a vossa fé são capazes de transportar montanhas!

Juntos olhemos, com calma e realismo, para os caminhos que vos levarão à sociedade que sonhais. Para uma sociedade construída sobre a verdade, a justiça, a fraternidade e a paz; sociedade digna do homem e conforme ao projecto de Deus. Estes caminhos são infalivelmente os da ardente preparação para as vossas responsabilidades de amanhã e os de um verdadeiro despertar espiritual.

Jovens da Costa do Marfim, reconquistai juntos a coragem de viver. Os homens que fazem que a história avance, no que é mais humilde ou no mais elevado, são com certeza os que se mantêm convencidos da vocação do homem: vocação de investigador, de lutador e de construtor. Qual é a concepção que tendes do homem? E questão fundamental, porque a resposta será determinante para o vosso futuro e para o futuro do vosso país, porque é vosso dever triunfar na vida.

3. Tendes, na verdade, obrigações para com a comunidade nacional. As gerações passadas impelem-vos invisivelmente. Foram elas que vos permitiram o acesso a estudos e a uma cultura que se destinam a transformar-vos em quadros de uma nação jovem. O povo conta convosco. Perdoai-lhe que vos considere como privilegiados. Soi-lo realmente, ao menos no plane da repartição dos bens culturais. Quantos jovens da vossa idade — no vosso país e no mundo inteiro — estão a trabalhar e contribuem já, como operários ou agricultores, para a produção e pujança económica do seu país? Outros, por desgraça, estão sem trabalho, sem ofício e às vezes sem esperança. Outros ainda não têm, e não terão a possibilidade de chegar a uma escolarização qualificada. Para com todos esses tendes vós um dever de solidariedade. E eles têm para convosco o direito a ser exigentes. Caros jovens, quereis vós ser os pensadores, os técnicos e os responsáveis de que o vosso país e a África toda sentem necessidade? Fugi como de peste do "deixar correr" e das "soluções de facilidade". Sede indulgentes para com os outros e severos para convosco mesmos! Sede homens!

4. Permiti-me ainda que sublinhe um aspecto importantíssimo da vossa preparação humana, intelectual e técnica, para as vossas tarefas futuras. Também isto faz parte dos vossos deveres. Conservai bem as vossas raízes africanas. Conservai os valores da vossa cultura. Conhecei-los e orgulhais-vos deles: o respeito da vida, a solidariedade familiar e o amparo aos pais, a deferência perante as pessoas idosas, o sentido da hospitalidade, a judiciosa conservação das tradições, o gosto das festas e dos símbolos, o apego ao diálogo e à arenga para resolver as contendas. Tudo isto forma verdadeiro tesouro de que vós podeis e deveis tirar coisas novas, para a edificação do vosso país segundo um modelo original e tipicamente africano, feito de harmonia entre os valores do seu passado cultural e os dados mais aceitáveis da civilização moderna. Segundo este plano concreto, mantende-vos muito vigilantes perante os modelos de sociedade que são fundados na busca egoísta da felicidade individual e no deus-dinheiro, ou na luta das classes e na violência dos meios. Todo o materialismo é fonte de degradação para o homem e de escravização da vida em sociedade.

5. Vamos ainda mais longe na visão clara do caminha que deve seguir-se ou retomar-se. Qual é o vosso Deus? Sem nada ignorar das dificuldades que as mudanças sócio-culturais da nossa época causam a todos os crentes, mas pensando também em todos os que lutam para conservar a fé, atrevo-me a dizer brevemente e com insistência: Levantai a cabeça! Olhai com novos olhos para Jesus Cristo! Permito-me perguntar-vos amigavelmente: tivestes conhecimento da carta que escrevi o ano passado a todos os cristãos sobre Cristo redentor? Seguindo na esteira dos Papas que me precederam, de Paulo VI especialmente, esforcei-me por afastar a tentação e o erro do homem contemporâneo e das sociedades modernas de relegar Deus e pôr fim à expressão do sentimento religioso. A morte de Deus no coração e na vida dos homens é a morte do homem. Escrevia eu nessa carta: "O homem que quiser compreender-se a si mesmo profundamente — não apenas segundo imediatos, parciais, não raro superficiais e até mesmo só aparentes critérios e medidas do próprio ser — deve, com a sua inquietude, incerteza e também fraqueza e pecaminosidade, com a sua vida e a sua morte, aproximar-se de Cristo. Deve, por assim dizer, entrar n'Ele com tudo o que é em si mesmo, deve 'apropriar-se' e assimilar toda a realidade da Encarnação e da Redenção, para se encontrar a si mesmo. Se no homem se actuar este processo profundo, então ele produz frutos, não somente de adoração de Deus, mas também de profunda maravilha perante si próprio. Que enorme valor deve ter o homem aos olhos do Criador, se 'mereceu ter um tal e tão grande Redentor', se 'Deus deu o Seu Filho', para que ele, o homem, 'não pereça mas tenha a vida eterna'" (Redemptor hominis RH 10)! Sim, caríssimos jovens, Jesus Cristo não é raptor do homem mas Salvador. E quer libertar-vos, para fazer, de vós todos e de cada um, salvadores no mundo estudantil de hoje, como nas profissões e responsabilidades importantes que assumireis amanhã.

6. Então, deixai de pensar baixinho ou de dizer bem alto que a fé cristã é boa semente para crianças e gente simples. Se ela assim aparece ainda, quer dizer que adolescentes e adultos descuidaram gravemente fazer crescer a sua fé segundo o ritmo do próprio desenvolvimento humano. A fé não é um lindo vestido para o tempo da infância. A fé é dom de Deus, corrente de luz e de força que vem d'Ele, e deve iluminar e dinamizar todos os sectores da vida, à medida que ela se enraíza nas responsabilidades. Decidi-vos, decidi os vossos amigos e os vossos camaradas estudantes a tomar os meios de uma formação religiosa pessoal, digna deste nome. Aproveitai-vos dos capelães e dos dinamizadores postos ã vossa disposição. Com eles, habituai-vos a fazer a síntese entre os vossos conhecimentos humanos e a vossa fé, entre a vossa cultura africana e a modernidade, entre o vosso zelo de cidadãos e a vossa vocação cristã. Celebrai a vossa fé e aprendei a rezar juntos. Reencontrareis assim o sentido da Igreja que é comunhão no mesmo Senhor entre crentes, que partem em seguida para o meio dos seus irmãos e irmãs a fim de os amarem e servirem à maneira de Cristo. Tendes necessidade vital de inserção em comunidades cristãs, fraternais e dinâmicas. Frequentai-as assiduamente. Animai-as com o sopro da vossa juventude. Construí-as se não existem. Assim é que desaparecerá a tentação de irdes buscar noutra parte — em grupos esotéricos — o que vos traz o Cristianismo em plenitude.

7. Logicamente, o aprofundamento pessoal e comunitário de que terminámos de falar deve conduzir-nos a compromissos apostólicos concretos. Muitos entre vós estão já neste caminho, felicito-os. Jovens da Costa do Marfim, chama-vos hoje Cristo por meio do seu representante na terra. Chama-vos exactamente como chamou Pedro e André, Tiago e João e os outros Apóstolos. Chama-vos para edificardes a Sua Igreja, para construirdes uma sociedade nova. Vinde em multidão! Tomai lugar nas vossas comunidades cristãs. Oferecei regiamente o vosso tempo e os vossos talentos, o vosso coração e a vossa fé, para animar as celebrações litúrgicas, para tomar parte no imenso trabalho catequético junto das crianças, dos adolescentes e mesmo dos adultos, para vos inserirdes nos numerosos serviços em benefício dos mais pobres, dos analfabetos, dos diminuídos, dos isolados, dos refugiados e elos migrantes, para animar os vossos movimentos de estudantes, para trabalhar nos postos de defesa e promoção da pessoa humana. Na verdade, o campo de trabalho é imenso e entusiasmante para os jovens que se sentem transbordantes de vida.

O momento parece-me muito indicado para me dirigir aos jovens que vão receber o sacramento da confirmação, precisamente para entrarem em novo período da sua vida baptismal: o período do serviço activo no campo imenso da evangelização do mundo. A imposição das mãos e a unção do santo Crisma vão significar real e eficazmente a vinda plenária do Espírito Santo ao mais profundo da vossa pessoa, à encruzilhada, por assim dizer, das vossas faculdades humanas de inteligência a procura de verdade, e de liberdade em busca de ideal. A vossa confirmação de hoje é o vosso Pentecostes para toda a vida. Tomai consciência da gravidade e da grandeza deste sacramento. Qual será o vosso estilo de vida para o futuro? O dos Apóstolo à saída do Cenáculo. O dos cristãos de todas as épocas, energicamente fiéis à oração, ao aprofundamento e ao testemunho da fé, ao partir do pão eucarístico, ao serviço do próximo e sobretudo dos mais pobres (cfr. Act Ac 2,42-47). Jovens confirmados de hoje ou de ontem, avançai todos pelos caminhos da vida como testemunhas fervorosas do Pentecostes, fonte inesgotável de juventude e dinamismo, para a Igreja e para o mundo Contai com encontrar por vezes oposição, desprezo e zombaria. Os verdadeiros discípulos não estão acima do Mestre. As cruzes deles são como a paixão e a cruz de Cristo: fonte misteriosa de fecundidade. Este paradoxo do sofrimento, oferecido e fecundo, verifica-se há 20 séculos no decurso da história da Igreja.

368 Permiti-me por fim que vos assegure que tais compromissos apostólicos vos preparam não só a suportar as vossas pesadas responsabilidades futuras, mas também a fundar lares unidos, sem as quais é impossível manter-se uma nação sólida muito tempo; e, o que mais é, lares cristãos, que são outras tantas células de base, da comunidade eclesial. São compromissos que encaminharão alguns dentre vós para o dom total a Cristo, no sacerdócio ou na vida religiosa. As dioceses da Costa do Marfim, como todas as dioceses da África, têm direito de contar com a vossa generosa resposta ao apelo que o Senhor faz certamente ouvir a muitos dentre vós: "Vem e segue-me".

Será fogo de palha esta celebração? Fogo de palha esta meditação? Os textos litúrgicos deste sexto domingo de Páscoa afirmam-nos o contrário. O evangelho de João certifica-nos que o Espírito Santo habita nos corações amantes e fiéis dos discípulos de Cristo. A sua missão está em lhes reavivar a memória de crentes, em iluminá-los em profundidade e em ajudá-los a responder aos problemas do seu tempo, na paz e na esperança deste mundo novo, evocado pela leitura do Apocalipse.

Este mesmo Espírito nos una a todos e nos consagre a todos ao serviço de Deus nosso Pai e dos homens nossos irmãos, por Cristo, em Cristo e com Cristo. Amém.

Homilias JOÃO PAULO II 363