Homilias JOÃO PAULO II 432


SANTA MISSA PARA OS DEPENDENTES DA VILA PONTIFÍCIA


Castel Gandolfo, 20 de Julho de 1980




Caros Irmãos e Irmãs

Tenho o prazer de celebrar hoje convosco este Banquete Eucarístico, no primeiro domingo da minha estada estiva em Castel Gandolfo. A comunhão, que agora estabelecemos à volta do Altar do Senhor, quer ser sinal, particular e singularíssimo, daqueles vínculos de fé e de intenções que nos ligam realmente cada dia, embora não possam sempre exprimir-se com esta forma privilegiada. Aproveito, portanto, a ocasião tão oportuna para manifestar o meu apreço quanto ao trabalho por vós realizado, e o meu cordial reconhecimento pela vossa pronta dedicação.

Mas, porque estamos celebrando a Santa Missa, devemos tirar da Liturgia da Palavra o ensinamento acomodado à nossa vida. Acabamos de ler, no Evangelho segundo Lucas, o episódio da hospitalidade concedida a Jesus por Marta e Maria. Estas duas irmãs, na história da espiritualidade cristã, foram entendidas como figuras simbólicas referidas, respectivamente, à acção e à contemplação: Marta está ocupadíssima nos trabalhos da casa, ao passo que Maria está sentada ao pés de Jesus para ouvir a Sua palavra. Podemos tirar deste texto evangélico, duas lições.

Primeiramente, note-se a frase final de Jesus: "Maria escolheu a melhor parte que não lhe será tirada". Sublinha assim, com energia, o valor fundamental e insubstituível que, para a nossa existência, tem a audição da Palavra de Deus: deve ser o nosso constante ponto de referência, a nossa luz e a nossa força. Mas é necessário escutá-la.

É preciso saber criar silêncio, criar espaços de solidão ou, melhor, de encontro reservado a uma intimidade com o Senhor. É preciso saber contemplar. O homem de hoje sente muito a necessidade de não limitar-se às puras preocupações materiais, e de integrar pelo contrário a própria cultura técnica com superiores e desintoxicantes recursos provenientes do mundo do espírito. Infelizmente a nossa vida quotidiana arrisca-se a experimentar, ou experimenta mesmo, casos, mais ou menos vulgares, de inquinamento interior. Mas o contacto de fé com a palavra do Senhor purifica-nos, eleva-nos e restitui-nos energia.

433 Por isso, é necessário conservarmos sempre diante dos olhos do coração o mistério do amor, com que Deus nos veio ao encontro no Seu Filho, Jesus Cristo: o objecto da nossa contemplação está todo aqui, e daqui provém a nossa salvação, o resgaste de toda a forma de alienação e sobretudo da forma do pecado. Em substância, somos convidados a fazer como a outra Maria, a Mãe de Jesus, que "retinha todas estas coisas, meditando-as no seu coração" (Lc 2,19).

É sob esta condição que nós seremos homens de uma só dimensão, mas ricos da grandeza mesma de Deus.

Mas há uma segunda lição para aprender; e é que não devemos nunca ver contraste entre a acção e a contemplação. De facto, lemos no Evangelho que foi "Marta" (e não Maria) quem recebeu Jesus "na sua casa". Aliás, a Primeira Leitura de hoje sugere-nos a harmonia entre as duas coisas: o episódio da hospitalidade concedida por Abraão às três misteriosas personagens enviadas pelo Senhor, as quais, segundo uma antiga interpretação, são precisamente imagem da Santíssima Trindade, ensina-nos que até com os nossos mais miúdos trabalhos quotidianos podemos servir o Senhor e estar em contacto com Ele. E, como celebramos este ano o XV centenário do nascimento de São Bento, recordemo-nos do seu conhecido mote: "Orae trabalha, Ora et labora! Estas palavras encerram um programa completo: não de oposição mas de síntese, não de contraste mas de fusão, entre dois elementos igualmente importantes.

Daqui resulta para nós uma lição muito concreta, que se pode exprimir em forma interrogativa: Até que ponto somos capazes de ver na contemplação e na oração um momento de autêntico enriquecimento para os nossos deveres quotidianos? E, por outro lado, até que ponto somos capazes de infundir no íntimo do nosso trabalho uma aliviadora comunhão com o Senhor? Estas perguntas podem servir para um exame de consciência e tornar-se estímulo para uma retomada da nossa vida de cada dia, que seja ao mesmo tempo mais contemplativa e mais activa.

Enquanto agora continuarmos a celebração da Santa Missa, ofereçamos ao Senhor estes nossos propósitos, e sobretudo invoquemos a Sua poderosa graça, para que nos ajude a transformarmo-la em realidade vivida.



SANTA MISSA PARA OS JOVENS


DO MOVIMENTO INTERNACIONAL OÁSIS




24 de Julho de 1980




Caríssimos Irmãos e filhos pertencentes ao Movimento OÁSIS.

1. Participando no Congresso Internacional por ocasião do XXX aniversário de se fundar a vossa Associação, desejastes conclui-lo com a Santa Missa celebrada pelo Papa. É verdadeiramente grande alegria para mim receber-vos nesta oportunidade, que forma o ponto culminante do vosso encontro e envio aos dirigentes e a vós todos a minha saudação mais efectuosa. E digo-vos obrigado pela vossa ardente e fervorosa juventude, pela vossa generosidade e pela alegria que me trazeis, à Igreja e ao mundo.

Passaram-se 30 anos desde aquele dia em que, durante o Ano Santo de 1950, oculta e humildemente surgiu este Movimento eclesial, tão prometedor e determinante, que foi denominado OÁSIS, por desejardes indicar como sublinhou Pio XII, de venerada memória — que «no deserto deste mundo, tão árido porque tão requeimado», era vosso desejo e vossa vontade deliberada que nascesse, crescesse e se multiplicasse a vida de Deus, ficando vós sendo os canais, alimentados por Aquele que é fonte de água viva (cf. Discurso de 23 de Novembro de 1952).

Desde então a sementezinha desenvolveu-se dando uma grande árvore, que estende os seus ramos fecundos em nada menos de 35 Estados em todos os Continentes, agrupando milhares e milhares de jovens que se deixam guiar total e alegremente pelo amor de Cristo para dar-lhe testemunho na sociedade moderna. Por este fenómeno espiritual, tão significativo e eficaz, primeiro que tudo agradecemos ao Senhor e à Virgem Santíssima, a que estais particularmente consagrados, e depois exprimimos também o nosso reconhecimento àqueles que o iniciaram confiadamente e o continuaram com perseverante dedicação.

2. Hoje porém que, depois das celebrações dos 30 anos, vos preparais para voltar como fermento, escondido mas precioso, à sociedade, tão necessitada de certeza e de salvação, vós esperais do Vigário de Cristo uma palavra de programa, que vos comprometa ulteriormente na vossa «consagração» tão bela e tão necessária.

434 Apelando para a palavra OÁSIS, que sugere imediatamente a ideia de paz, de repouso e de serenidade, desejo evocar o encontro de Cristo com Marta e Maria, realizado em Betânia, que era um pouco o «oásis» de Jesus, como lemos no Evangelho do domingo passado.

Escreve o evangelista que Jesus foi recebido em casa por Marta: «Tinha ela uma irmã chamada Maria, a qual se sentara aos pés do Senhor e escutava a Sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços e, aproximando-se, disse: 'Senhor, não se Te dá que a minha irmã me deixe só a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar'. O Senhor respondeu-lhe: 'Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que lhe não será tirada'» (
Lc 10,38-42).

Evidentemente Jesus não repreendia Marta pela solicitude caseira, cheia de atenções e gentilezas, mas pela sua excessiva preocupação material, que lhe fazia quase esquecer a «precedência absoluta» devida ao Hóspede divino; ao mesmo tempo elogiava Maria que, escutando Jesus, tinha escolhido a parte melhor.

Eis onde se encontra «a parte melhor»: na escuta da palavra de Deus, na escuta da mensagem de Cristo. E eis exactamente onde se encontra o «espírito» do OÁSIS. Vós quereis escolher a «parte melhor», escutando a palavra de Cristo e permanecendo fiéis testemunhas da Sua mensagem salvífica.

Esta, de facto, é a única coisa de que temos verdadeiramente necessidade: a luz da revelação e a potência redentora da graça. Sem a luz de Cristo, tudo se torna enigmático, obscuro e contraditório, até mesmo absurdo, como infelizmente confirmam tantas correntes do agnosticismo contemporâneo. E o agitar-se frenético das multidões torna-se realidade trágica e tremenda, se falta a certeza que provém unicamente de Cristo Salvador. «Jesus Cristo é o Senhor — disse eu recentemente à multidão de Curitiba —, Ele é a única orientação do espírito, a única direcção da inteligência, da vontade e do coração, para todos nós; Ele é o Redentor do homem; Ele é o Redentor no mundo; n'Ele está a nossa salvação».

Vós, que no OÁSIS, escutando a palavra de Deus, quereis escolher a parte melhor, permanecei então fiéis e testemunhai-a em toda a parte, com espírito de serviço e de amor.

Da palavra de Jesus aprendamos, primeiro que tudo, a natureza mesma de Deus, que é Vida, Luz, Amor e Trindade. Nenhum filósofo e teólogo pode penetrar na essência de Deus; só Jesus, o Verbo Encarnado, pode revelar e garantir esta verdade fundamental, pela qual estamos certos de que, entre Deus criador e os homens, há uma relação de amor: todo o ser humano é palpitação eterna do amor de Deus;

da palavra de Jesus conheçamos o nosso destino eterno: só Jesus, com a Sua palavra divina, nos pode assegurar de modo absoluto a imortalidade da alma e a ressurreição final dos corpos, pela qual vale a pena nascer, viver e projectar a nossa existência para além do tempo, para a felicidade sem fim;

da palavra de Jesus aprendamos ainda onde está a verdadeira dignidade do homem, quer dizer, na participação da própria vida divina, mediante a graça. «Se alguém Me ama, guardará a Minha palavra; Meu Pai amá-lo-á e viremos a ele e faremos nele morada» (Jn 14,23). A verdadeira alegria, a autêntica grandeza e a suprema dignidade encontram-se unicamente na vida da graça:

da palavra de Jesus aprendamos como devemos comportar-nos, porque Ele revela-nos que a vontade de Deus é expressa na lei moral e no mandamento supremo da caridade recíproca. A vontade de Deus, com efeito, é a discriminação absoluta entre o bem e o mal, a linha directriz para o justo procedimento e para a verdadeira pedagogia;

— enfim, da palavra de Jesus conheçamos também a Sua presença sempre actual e viva no tempo e na história, mediante a Igreja, por Ele querida e fundada, que nos dá a segurança acerca da verdade para crermos e praticarmos e nos oferece a Eucaristia, mistério de fé e ao mesmo tempo suprema manifestação de amor.

435 3. Esta é a «parte melhor», que desejais escolher ouvindo Jesus; esta é a riqueza que deveis possuir. Certamente, como escrevia São Paulo aos Coríntios, «trazemos um tesouro em vasos de barro», quer dizer, somos frágeis e débeis; mas tudo isto acontece para que «tão excelso poder se reconheça vir de Deus e não de nós» (2Co 4,7). Por isso, tende sempre a coragem da verdade, da firmeza e da fidelidade ao espírito do OÁSIS.

Este é o maravilhoso programa, que deveis executar dia a dia; este é o vosso serviço de amor, recordando-vos do que disse o divino Mestre aos Apóstolos: «...quem quiser fazer-se grande entre vós, seja vosso servo. Do mesmo modo, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida pelo resgate de muitos» (Mt 20,26-28).

Caríssimos jovens do OÁSIS:

O mundo precisa da vossa fé, da vossa pureza, da vossa alegria, da vossa ajuda e do vosso sorriso. Também vós, que escolhestes «a parte melhor», deveis ser evangelizadores. Eu confio-vos a Maria Santíssima, com terno afecto e grande confiança, e convosco lhe repito a invocação, que lhe dirigi durante a minha viagem apostólica ao Brasil: «Mãe, Mãe, envolvida pelo mistério de vosso Filho, muitas vezes incapaz de entender mas capaz de recolher tudo e meditar no coração, fazei que nós, evangelizadores, compreendamos sempre que, para além das técnicas e estratégias, da preparação e dos planos, evangelizar é mergulhar no mistério de Cristo e tentar comunicar algo dele aos irmãos» (Homilia da Santa Missa em Belém).

Com estes votos, vos concedo de coração a propiciadora Bênção Apostólica, penhor de copiosos favores celestiais, que de boa vontade torno extensiva a todos os membros e amigos de cada OÁSIS do mundo.
***


(Em francês): Caros jovens de língua francesa, senti-me felicíssimo deste encontro com o vosso movimento OÁSIS. Felicito-vos. Animo-vos a que aprofundeis a vossa união a Cristo, ouvindo a Sua palavra e na oração: é Ele que faz de vós a sua morada e vos dá então a serenidade na fé. Sede, por vossa vez, testemunhas da Sua paz, do Seu amor puro e forte, junto de todos aqueles que Deus coloca no vosso caminho.

(Em inglês): Saúdo-vos também em inglês. Lembrai-vos que é só Jesus quem pode satisfazer a vossa ansiedade espiritual. A água que Jesus dá torna-se dentro de nós nascente de água a jorrar para a vida eterna. Bebei vós desta água e fornecei-a àqueles que dizem como a samaritana: «Dai-me dessa água, para que eu não volte a sentir sede».

(Em espanhol): Uma especial saudação cordialíssima, a todos os jovens procedentes das diversas Nações de língua espanhola. Sede valentes no caminho para Cristo, que vos fará descobrir esse magnífico oásis de paz, de graça e de ideias superiores que dão à própria existência uma dimensão nova. E entregai-vos generosamente à tarefa de mostrar aos demais jovens que vale a pena viver a vida, iluminando-a sempre com os grandes valores da fraternidade e do amor efectivo que nos ensina Cristo. Maria, Mãe nossa, vos acompanhe no vosso percurso.

(Em português): Queridos irmãos de língua portuguesa: Ao saudar-vos cordialmente, desejo que, desta Eucaristia e encontro de irmãos, leveis bem avivado o espírito do movimento OÁSIS: na luz de Maria Santíssima, cultivai a graça divina esplendorosa; sede «fermento na massa» em que sois chamados a viver e a testemunhar, olhos e coração fixos no Senhor Jesus, o destino, a dignidade e os autênticos valores de pessoas humanas; e servi sempre, com a vossa fidelidade a Deus e a vós mesmos, a causa do homem, na luz do mistério de Cristo Redentor, com optimismo, serenidade e alegria.

(Na língua do Papa): Uma afectuosa saudação dirijo aos presentes, que representam o Movimento OÁSIS na Polónia. Este encontro de hoje convosco é continuação de todos os precedentes contactos, que tinha convosco enquanto Arcebispo de Cracóvia; e é continuação do nosso encontro em Nowy Targ, em Cracóvia, mas também dos precedentes já realizados em Castel Gandolfo.

436 Meus caros! Tenho muito prazer em que estejais e trabalheis na Pátria e em que os representantes do vosso Movimento tenham podido chegar a Roma e participar neste Congresso e também neste encontro com o Papa. Está nisto grande riqueza para a Igreja e para vós. Agradeço-o a Deus.

Levai, por favor, a minha cordial saudação a todos os vossos colegas, Irmãos e Irmãs, e a todos os que participam no Movimento «Luz e Vida» na Polónia. Como sempre, confio-vos a Maria Santíssima, Mãe do Amor Formoso. Não pareis, sede o fermento evangélico, sede testemunhas da presença de Deus no homem e entre os homens, tende a Vida e a Luz em Si mesma, e sede vós vida e luz para os outros.

Abençoo-vos de todo o coração.



SANTA MISSA PARA UM GRUPO DE PEREGRINOS

NA "VILLA BARBERINI" EM CASTEL GANDOLFO


Domingo, 27 de Julho de 1980




Seja louvado Jesus Cristo

"Senhor, ensina-nos a orar": estas palavras dirigidas directamente a Cristo, que nos são recordadas hoje na leitura do Evangelho, não pertencem só ao passado. São as palavras repetidas continuamente pelos homens. É problema sempre actual: o problema da oração.

Que significa orar? Como se há-de orar? Por isso a resposta, que deu Cristo, é sempre actual. E como respondeu Cristo? Em certo sentido, ensinou, aos que pediam, as palavras que deviam pronunciar quando oravam, quando se dirigiam ao Pai. Estas palavras encontram-se nas duas versões evangélicas: o texto do Evangelho de hoje difere ligeiramente daquele a que estamos habituados na nossa oração quotidiana; de facto, nós recordamos o Pai Nosso segundo a versão de São Mateus.

Cristo ensinou portanto as palavras da oração: as palavras mais perfeitas, as palavras mais completas; nelas tudo está encerrado.

Todavia a resposta de Cristo não se limita exclusivamente ao texto, às palavras que devemos pronunciar quando oramos. Trata-se de um problema muito mais urgente e, poder-se-ia dizer, também muito mais complexo.

Que quer dizer orar? Orar quer dizer sentir a própria insuficiência, sentir a própria insuficiência através das variadas necessidades que se apresentam ao homem, as necessidades que fazem parte constantemente da sua vida. Como, por exemplo, a necessidade do pão a que se refere Cristo dando como exemplo aquele homem que vai despertar o amigo à meia-noite para pedir-lhe pão. Semelhantes necessidades são numerosas. A necessidade do pão é, em certo sentido, o símbolo de todas as necessidades materiais, das necessidades do corpo humano, das necessidades desta existência que nasce de o homem ser corpo. Todavia a escala destas necessidades é mais vasta.

As respostas de Cristo, na liturgia hodierna, pertence também este maravilhoso acontecimento do Génesis de que a personagem principal é Abraão. E o principal problema é o de Sodoma e Gomorra; ou, por outras palavras, o do bem e do mal, do pecado e da culpa, isto é: o problema da justiça e da misericórdia. Esplêndido é este colóquio entre Abraão e Deus, e demonstra que orar quer dizer mover-se continuamente na órbita da justiça e da misericórdia, é introduzir-se entre uma e outra em Deus mesmo.

437 Orar portanto quer dizer estar consciente, estar consciente, até ao fundo, de todas as necessidades do homem, de toda a verdade sobre o homem, e, em nome desta verdade cujo sujeito directo sou eu mesmo, e não só eu mas também o meu próximo, todos os homens, a humanidade inteira; e em nome desta verdade dirigir-se a Deus como a Pai. Então, segundo a resposta de Cristo ao pedido "ensina-nos a orar" tudo se reduz a este único conceito: aprender a orar quer dizer "aprender o Pai". Se nós aprendemos, no sentido pleno da palavra, na sua plena dimensão, a realidade "Pai", temos tudo aprendido. Aprender o Pai quer dizer encontrar a resposta à pergunta sobre como orar, porque orar quer dizer também encontrar a resposta a uma série de perguntas ligadas, por exemplo, ao facto de eu pedir e nalguns casos não ser ouvido.

Cristo dá respostas indirectas a estas perguntas ainda no Evangelho de hoje. Dá-as em todo o Evangelho e em toda a experiência cristã. Aprender quem é o Pai quer dizer aprender o que é à confiança absoluta. Aprender o Pai quer dizer adquirir a certeza de que Ele de maneira nenhuma poderá recusar seja o que for. Tudo isto é dito no Evangelho de hoje. Ele não te recusa nem sequer quando tudo, material e psicologicamente, parece indicar recusa. Ele não te dá recusas nunca.

Portanto aprender a orar quer dizer "aprender o Pai" deste modo; aprender a estar seguro que o Pai não te recusa nunca coisa nenhuma, mas que pelo contrário dá o Espírito Santo àqueles que O pedem.

Os dons que nós pedimos são diversos, são as nossas necessidades. Pedimos segundo as nossas exigências e não pode ser diversamente. Cristo confirma esta nossa atitude: sim, é assim: deveis pedir segundo as vossas exigências, assim como as sentis. Como estas necessidades vos agitam, muitas vezes dolorosamente, contrário, se trata da resposta a todos os vossos pedidos, ela é sempre dada através de um dom substancial: o Pai dá-nos o Espírito Santo. E dá-O em consideração do Seu Filho. Por isto deu o Seu Filho, deu o Seu filho pelos pecados do mundo, deu o seu Filho indo ao encontro de todas as necessidades do mundo, a todas as necessidades do homem, para poder sempre, neste Filho crucificado e ressuscitado, dar o Espírito Santo. Este é o Seu dom.

Aprender a orar quer dizer aprender o Pai e aprender uma confiança absoluta para com Aquele que nos oferece sempre este dom maior, e oferecendo-o não nos engana nunca. E se às vezes, ou mesmo frequentemente, não recebemos directamente aquilo que pedimos, neste dom tão grande — quando nos é oferecido — estão encerrados todos os outros dons; apesar de nem sempre nos dar-mos conta.

O exemplo, que ontem me perturbou, foi o de um homem que encontrei num hospital. Estava gravemente doente em consequência das lesões recebidas durante a Insurreição de Varsóvia. Naquele hospital falou-me da sua extraordinária felicidade.

Este homem chegou à felicidade por qualquer outro caminho, porque visivelmente, julgando o seu estado físico do ponto de vista médico, não havia motivos para estar assim feliz, para sentir-se tão bem e considerar-se ouvido por Deus. Mas foi ouvido noutra dimensão da sua humanidade. Recordou o dom em que se lhe deparou a felicidade, apesar de ser tão infeliz.

A hodierna liturgia, que celebramos nestes jardins vaticanos de Castel Gandolfo, oferece ocasião talvez particular para nos unirmos em espírito com todos os presentes e com todos os que estão presentes por meio de vós.

Se é verdade que através do mundo passa a revolução, aquela que decantastes no princípio do nosso encontro, então esta revolução é a mais necessária para o homem. O homem iludido por tantos programas, por tantas ideologias ligadas à dimensão do corpo, à temporalidade e à ordem da matéria, submete-se à acção do espírito e descobre em si o desejo do que é espiritual. Creio que hoje verdadeiramente tal revolução passa pelo mundo. Muitas são as comunidades que oram, oram como talvez nunca antes, de modo diverso, mais completo e mais rico, com mais vasta abertura àquele dom que nos dá o Pai; e também com nova e humana expressão desta abertura. Diria: como novo programa cultural da oração nova. Semelhantes comunidades são numerosas. Desejo unir-me com elas onde quer que se encontrem: na terra da Polónia e em toda a terra.

Esta grande revolução da oração é o fruto do dom, e é também o testemunho das imensas necessidades do homem moderno e das ameaças que impendem sobre ele
e sobre o mundo contemporâneo. Penso que a oração de Abraão com o seu conteúdo é muito actual nos tempos em que vivemos. E tão necessária uma oração assim, para tratar com Deus sobre cada homem justo e para resgatar o mundo da injustiça. É indispensável uma oração que se intrometa quase no coração de Deus entre o que nele é a justiça e nele é a misericórdia.

438 É necessária tal oração; grande súplica para os homens e para as comunidades, para os povos e para a humanidade inteira. A oração de Abraão.

Assim a resposta de Cristo ao pedido "ensina-nos a orar" é sempre actual; devemos decifrá-la no seu conteúdo original como está registada no Evangelho; e devemos decifrá-la também segundo os sinais do tempo em que vivemos.

O fruto de tal audição da resposta de Cristo, de tal leitura, será exactamente a oração, qualquer oração que rezamos, qualquer oração que celebramos, também esta que rezamos e celebramos agora: a oração maior que todas as orações, na qual Cristo em pessoa ora connosco e através de nós; na qual o Seu Espírito ora com "gemidos inefáveis" (
Rm 8,26), connosco e através de nós que estamos a celebrar a Eucaristia. Amen.



SANTA MISSA NO JARDIM DA "VILLA BARBERINI"

DE CASTEL GANDOLFO PARA UM GRUPO DE FIÉIS


Domingo, 3 de Agosto de 1980




No conjunto das leituras da liturgia de hoje está encerrado um profundo paradoxo, o paradoxo entre "a vaidade e o valor". As primeiras palavras do livro de Coelet falam "da vaidade de todas as coisas; em certo sentido da vaidade dos esforços, das actividades do homem nesta vida, da vaidade do que foi criado nalgum modo; da vaidade do homem, ele criatura também a passar a caminho da morte.

Neste salmo, que hoje cantamos na liturgia, ouvimos logo a seguir o elogio do que foi criado. Aliás esse elogio é um longínquo e primogénito eco, contido em todo o Génesis, eco do elogio da criação: quando Deus disse que tudo o que fez foi um bem, mais, quando viu que era um bem do homem, criado à Sua imagem e semelhança, disse que era muito bom. Viu que era muito bom. Por isso nos encontramos diante de certa interrogação: porquê a vaidade e porquê o valor? Que relação liga uma com o outro? A resposta, pelo menos a principal, encontra-se no Evangelho hoje lido. Não se trata de dar juízo sobre o criado. Trata-se do caminho da sabedoria. Não nos esqueçamos de que o Génesis é, primeiro que tudo, um livro (tenho no pensamento os seus primeiros capítulos). É portanto um livro sobre o mundo, em certo sentido um "livro-manual teológico" sobre a cosmologia e sobre o criado. O livro de Coelet, pelo contrário, é um livro sobre a sabedoria. Ensina a viver. E o que no Evangelho de hoje diz Cristo é o prolongamento daquela sabedoria do Antigo Testamento. Cristo fala por meio de exemplos e parábolas: fala do homem que encerrou o sentido da sua vida nos bens deste mundo. Teve-os em tal quantidade que precisou de construir novos celeiros para os guardar todos. O programa da vida é portanto acumular e usar. E nisto deve estar encerrada a felicidade. A tal homem responde Cristo: "Insensato! Nesta mesma noite pedir-te-ão a tua alma".

Se interpretaste assim o sentido do valor, então voltar-se-á contra ti a lei da vaidade. E esta é já uma resposta. Não se trata então da vaidade. E esta é já uma resposta. Não se trata então de juízo sobre o mundo, mas de sabedoria do homem; do modo do seu proceder. Nas minhas conversas com um inesquecível amigo, Jurek, chamávamos a tudo isto jerarquia dos valores. É necessário estabelecer, na própria vida, uma jerarquia dos valores. Cristo, através de tudo o que disse e sobretudo através do que Ele foi, através de todo o mistério pascal, estabeleceu a jerarquia dos valores na vida do homem. Na segunda leitura de hoje, São Paulo atém-se exactamente a esta jerarquia ao dizer que devemos procurar o que está no alto. Portanto o homem não pode fechar o horizonte da sua vida com o que é temporal; não pode reduzir o sentido da vida a usufruir dos bens que lhe foram dados pela natureza, pelo que foi criado, bens que o circundam e se encontram também no interior dele. Não pode encerrar deste modo o primado da sua existência, mas deve ir mais longe que si mesmo. Sendo ele à imagem e semelhança de Deus, deve ver-se a si mesmo mais acima e deve procurar para si um sentido nisto, que lhe é superior.

O Evangelho contém a verdade sobre o homem porque encerra tudo o que está acima do homem, o qual, ao mesmo tempo, pode atingir em Cristo colaborando com a acção de Deus que actua dentro do homem. Este é o caminho da sabedoria. E neste caminho da sabedoria resolve-se o paradoxo entre a vaidade e o valor o paradoxo que muitas vezes o homem vive.

Muitas vezes o homem é propenso a contemplar a sua vida do ponto de vista da vaidade. Ora Cristo deseja que nós a olhemos do ponto de vista do valor, estando contudo sempre atentos a usar da jerarquia dos valores, da justa escala dos valores.

E quando a liturgia de hoje, juntamente com a palavra Aleluia, nos recorda também a bem-aventurança "Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus", resume nela esse programa da vida.

Cristo exortou o homem à pobreza, a assumir uma atitude que não o leve a fechar-se na temporalidade, que não lhe faça ver nela o fim último da própria existência e não o leve a fundar tudo no consumo, no gozo. Tal homem é, neste sentido, pobre, porque está continuamente aberto. Aberto para Deus e aberto para estes valores que nos são trazidos pela Sua acção, pela Sua Graça, pela Sua Criação, pela Sua Redenção e pelo Seu Cristo.

439 Eis o breve resumo dos pensamentos contidos na liturgia de hoje; pensamentos sempre importantes. Não perdem nunca o seu significado; mantêm-se perpetuamente actuais.

Em certo sentido — prosseguiu o Papa —procurávamos sempre resposta para a pergunta: que significa ser cristão? Que quer dizer ser cristão no mundo moderno: ser cristão cada dia, sendo, ao mesmo tempo, professor de universidade, engenheiro, médico, homem contemporâneo e, antes ainda, estudante de um ou de outro sexo.

Que significa ser cristão? E descobrindo este valor e, sobretudo, este conteúdo da palavra "cristão" e o valor a ela inato, encontrávamos também a alegria. Não somente uma consolação imediata, mas uma continua afirmação. Uma resposta para a pergunta sobre se vale a pena viver, encontra aqui a sua confirmação. Em tal caso, vale a pena viver. Com tal compreensão da jerarquia dos valores, da escala dos valores, vale a pena viver. Se a vida tem este sentido, vale a pena vivê-la. E vale a pena esforçar-se alguém e sofrer, porque a vida humana não está livre disto, e cada um de nós, individualmente e na nossa comunidade, viveu os grandes sofrimentos.

Nesta perspectiva vale a pena esforçarmo-nos e sofrer, porque "Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus".

Construí a Igreja nesta dimensão da vida, de que sois participantes. Amen".



SANTA MISSA PARA A COMISSÃO ITALIANA DE SOLIDARIEDADE DIRIGIDA PELO PADRE MÁRIO PICCHI - Castel Gandolfo, 9 de Agosto de 1980

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Caríssimos filhos e irmãos

Desejastes este encontro eucarístico com o Papa para exprimir de modo concreto a vossa fé e a vossa devoção; e eu, acolhendo-vos à volta do altar do Senhor, apresento-vos a minha saudação mais cordial e expresso-vos o meu profundo reconhecimento. Vós, de facto, ofereceis ocasião de me encontrar com pessoas sérias e responsabilizadas, que participam activamente nas ansiedades e nas preocupações da Igreja e trazem experiências, às vezes dramáticas mas úteis, para valer a tantos incómodos e tantas necessidades da sociedade moderna. A vossa presença, tão deferente e afectuosa, é para mim de grande conforto: vós de facto compreendeis a solicitude do Vigário de Cristo, que, sendo Pastor responsável, imerso nesta sociedade do século XX, sente a responsabilidade de iluminar e guiar todos os homens. Vós ofereceis-lhe a vossa ajuda, a vossa prece e a vossa sincera colaboração. Aonde não pode chegar Ele, chegais vós, para aliviar penas e sofrimentos, para diminuir dúvidas e apreensões, e para salvar quem na derrota e na desolação desesperadamente invoca auxílio. Vós dais-me confiança e esperança, e isso vos agradeço sentidamente.

A obra de recuperação e prevenção das nefastas e terríveis consequências da droga é actualmente não só benemérita mas necessária: o caminho, em que jazem os numerosos feridos e vítimas dos traumas dolorosos da vida, alargou-se espantosamente, e por isso maior necessidade existe de bons Samaritanos.

De modo especial, tomando a inspiração desta Celebração eucarística, desejaria apresentar-vos algumas exortações concretas.

Dizem os psicólogos e os sociólogos que a primeira causa, que impele jovens e adultos à deletéria experiência da droga, é a falta de claras e convincentes motivações de vida. Na verdade, a falta de pontos de referência, o vazio dos valores, a convicção de nada ter sentido e portanto não valer a pena viver, o sentimento trágico e desolado de serem viandantes desconhecidos num universo absurdo, tudo isto pode incitar alguns à procura de fugas exasperadas e desesperadas.

Já o escrevia a bem conhecida pensadora francesa Raissa Maritain, narrando as experiências da sua juventude, no início do século, quando era estudante na Sorbona de Paris e tinha perdido qualquer fé: "Tudo se tornava absurdo e inaceitável... A ausência de Deus despovoava o universo. Se devemos renunciar a encontrar um sentido qualquer à palavra 'verdade', à distinção do bem e do mal, do justo e do injusto, não é possível viver humanamente. Não queria saber de tal comédia" — diz a escritora. "Aceitaria uma vida dolorosa, não uma vida absurda... Ou a justificação do mundo era possível, e ela não podia fazer-se sem um conhecimento verdadeiro; ou a vida não merecia um instante de atenção". E concluía com dramático realismo: "Esta angústia metafísica, que penetra nas fontes mesmas do desejo de viver, é capaz de se tornar desespero total e vir a dar no suicídio" (I grande amici, Vita e Pensiero, Milão 1955, PP 73-75). São palavras que fazem pensar: os homens precisam da verdade; têm necessidade absoluta de saber porque vivem, morrem e sofrem. Pois bem: vós sabeis que a "verdade" é Jesus Cristo. Ele mesmo o afirmou categoricamente: "Eu sou a verdade" (
Jn 14,6), "Eu sou a luz do mundo; quem me segue, não anda nas trevas" (Jn 8,12). Amai portanto a verdade. Levai a verdade ao mundo. Testemunhai a verdade que é Jesus, com toda a doutrina revelada por Ele mesmo, e ensinada pela Igreja, divinamente assistida e inspirada. a verdade que salva os nossos jovens: a verdade bem inteira, iluminante e exigente, tal como é. Não tenhais medo da verdade e oponde só e sempre Jesus Cristo aos numerosos mestres do absurdo e do suspeito, que podem por desgraça fascinar, mas depois fatalmente levam à destruição.

Há um segundo motivo, ainda segundo dizem as competentes, que leva à procura dos "paraísos artificiais" nos vários tipos de droga, e é a estrutura social deficiente e não satisfatória.

Sem dúvida é este um argumento muito importante, mas também bastante difícil e complicado. De facto, estamos a assistir ao difundir-se e ao radicar-se em todos os Estados de uma "moral laica", que prescinde quase totalmente da moral objectiva, chamada "natural", e da moral revelada do Evangelho. Nós não queremos fazer o processo à sociedade: devemos porém verificar que tantas carências na estrutura da sociedade — como o desemprego, a falta de alojamentos, a injustiça social, o arrivismo politico, a instabilidade internacional, a falta de preparação para o matrimónio, a legalização do aborto e do divórcio — causam fatalmente um sentido de desconfiança e de opressão, que pode vir a dar por vezes também em experiências temerosamente negativas. Não devemos perder o ânimo. Apesar das dificuldades, continuai a exercer boa influência para bem da sociedade; trazei o vosso contributo prático também para o campo politico e legislativo; defendei sempre e com entusiasmo o que deve ser o primeiro e principal intento de cada organismo e cada Estado: o respeito e o amor pelo homem. O que escrevia São João aos primeiros cristãos vale ainda hoje: "Deus deu-nos a vida eterna, e esta vida está em Seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho não tem a vida" (1Jn 5,11).

A este propósito, associo-me com toda a profunda participação do meu espírito às preocupações expressas pela "Associação dos Médicos Católicos Italianos" acerca da proposta de lei relativa liberalização das drogas erroneamente chamadas "ligeiras" e à faculdade de ministrar heroína em ambiente hospitalar (XV Congresso Nacional, Novembro 1979, de Assis; VI Congresso Europeu, Maio 1980,. de Bruxelas). Como agora demonstra a dolorosa experiência de algumas Nações, uma legislação mais permissiva, em tal campo, não serve nem para prevenir nem para remir.

Por fim, dizem ainda os competentes em psicossociologia, causa do fenómeno da droga é também o sentido de solidão e incomunicabilidade, que infelizmente pesa na sociedade moderna, rumorosa e alienada, e até na própria família. E dado, de facto, dolorosamente verdadeiro, que, juntamente com a falta de intimidade com Deus, leva a compreender, mas não ‘certamente a justificar, a fuga para a droga a fim de esquecer, de se estontear, de sair de situações tornadas insuportáveis e opressoras, precisamente para iniciar voluntariamente uma viagem sem regresso.

Com efeito, o mundo moderno tem extrema necessidade de amizade, de compreensão, de amor e de caridade. Levai portanto, com perseverança e com sensibilidade, a vossa caridade, o vosso amor e o vosso auxilio.

E a caridade que salva e abre o caminho à verdade. Cada vez se compreende mais que o jovem, dominado pelas espiriais envenenadas da droga, precise essencialmente de sentir-se amado e compreendido para remir-se e retomar 'o caminho normal de quem aceita a vida na perspectivada eternidade. Mas sobretudo sede os portadores e as testemunhas do amor e da misericórdia de Deus, o amigo que não trai e continua a amar e a esperar com confiante esperança. Como são verdadeiras e comovedoras as palavras, escritas por Santa Teresa do Menino Jesus na sua última doença: "Sim, sinto-o: se tivesse na consciência todos os pecados que se podem cometer, lançar-me-ia mesmo assim nos braços de Jesus, com o coração prostrado de arrependimento, porque sei quanto ama o filho pródigo que volta a Ele" (MSC 1.).

Caríssimos! Eis o vosso encargo e a vossa Obrigação: levai confiança e amor!

A Sagrada Escritura por boca do antigo profeta diz que "o justo viverá pela sua fé" (Ha 2,4 cf. Rm 1,17 ss; Ga 3,11) e Jesus exorta a termos fé, igual ao menos a um grãozinho de mostarda (Mt 17,18-19).

Também vós estais empenhados em salvar a sociedade com amor e com fé. Recomendai-vos Cada dia a Maria Santíssima, pedi-lhe cada dia com afecto e confiança que ilumine sempre os vossos pensamentos e guie os vossos passos pelos caminhos do mundo, para conforto de tantos que precisam de encontrar o seu Coração imaculado e maternal!

E acompanhe-vos a minha propiciadora bênção!

Homilias JOÃO PAULO II 432