Homilias JOÃO PAULO II 712


FESTA DE APRESENTAÇÃO DO SENHOR


Segunda-feira, 2 de Fevereiro de 1981




Caríssimos Irmãos e Irmãs no Senhor!

1. É para mim uma profunda alegria encontrar-vos hoje, nesta Basílica, vós, Religiosos e Religiosas, que representais de maneira privilegiada aquela grande riqueza espiritual, que é, para o crescimento e o dinamismo, da Igreja de Deus, a vida consagrada.Saúdo também os representantes das Basílicas patriarcais, das Colegiadas de Roma, das Igrejas nacionais na Urbe, o Colégio dos Párocos urbanos, os Seminários romanos, os Colégios eclesiásticos, as Arquiconfrarias e todos os fiéis.

Este encontro realiza-se num rito que, na Liturgia renovada pelo Concílio Vaticano II, assumiu um posto e um significado particulares: reunimo-nos para celebrar a festa, à qual foi restituída — como afirmou o meu Predecessor Paulo VI — a denominação de "Apresentação do Senhor", e que "deve ser considerada, a fim de que se possa captar plenamente o seu riquíssima conteúdo; nela se evoca, de facto, a memória, ao mesmo tempo, do Filho e da Mãe; quer dizer, é a celebração de um mistério da salvação operada por Cristo, em que a Virgem Santíssima esteve a Ele intimamente unida, como Mãe do Servo sofredor de Javé e como executora de uma missão respeitante ao antigo Israel, e, ainda, qual exemplar do novo Povo de Deus, constantemente provado na fé e na esperança, pelo sofrimento e pela perseguição" (Marialis Cultus, 7).

2. A Liturgia de hoje representa e reactualiza um "mistério" da vida de Cristo: no Templo, centro religioso da nação hebraica, no qual eram continuamente sacrificados animais para serem oferecidos a Deus, faz o seu primeiro ingresso, humilde e modesto, Aquele que, segundo a profecia do profeta Malaquias, deverá sentar-se "para fundir e purificar" (Ml 3,3), de modo particular, as pessoas consagradas ao culto e ao serviço de Deus. No Templo faz a seu primeiro ingresso Aquele que "teve de assemelhar-Se em tudo aos Seus irmãos, a fim de ser um sumo sacerdote misericordioso e fiel no serviço de Deus, para expiar os pecados do povo" (He 2,17).

713 O Salmista, antevendo tal vinda, exclama cheio de entusiasmo, ao dirigir-se ao mesmo Templo: "Levantai, ó pórticos, os vossos dintéis, / levantai-vos, ó pórticos antigos, / para que entre o rei da Glória! / Quem é este rei da Glória? / É o Senhor forte e poderoso, / o Senhor poderoso nas batalhas / ... O Senhor dos exércitos, Ele, é o rei da Glória" (Ps 23,7-10).

Mas o "rei da Glória" é, agora, um pequeno recém-nascido de quarenta dias, que é levado ao Templo para ser oferecido a Deus, segundo a prescrição da lei de Moisés.

Quem é na realidade este recém-nascido? A resposta a esta pergunta, fundamental para a história do mundo e da humanidade, é dada profeticamente pelo velho Simeão, que, tomando a criança nos seus braços, vê e intui nela "a salvação" de Deus, a "luz para iluminar os povos", a "glória" do povo de Israel, a "queda e o ressurgimento de muitos em Israel", o "sinal de contradição". Tudo isto é aquela criancinha, que, embora sendo o "rei da glória", o "Senhor do Templo", ali entra pela primeira vez, no silêncio, no escondimento e na fragilidade da natureza humana.

3. Hoje, quarenta dias após a solenidade do mistério do Nascimento de Cristo, como festa da Apresentação do Senhor, a Liturgia entende já iluminar, diante de nós, a perspectiva da Vigília pascal, em que será benzido o círio, símbolo do Cristo ressuscitado, vencedor do pecado e da morte.

Também hoje a Igreja faz-nos benzer os círios, que vós, caríssimos Irmãos e Irmãs, trouxestes convosco num gesto de oferta, cheio de um profundo significado interior. O círio, que tendes nas vossas mãos, é antes de tudo o símbolo do Cristo, "glória de Israel e luz dos povos", e também símbolo do seu poder e da sua missão messiânica. Por isso compartilhamos com os outros esta luz e pretendemos transferi-la para todas as atitudes da nossa vida.

4. Este círio representa também o dom da fé, infundida em vós no santo Baptismo, no qual fostes oferecidos e consagrados Santíssima Trindade. Mas este círio, nas vossas mãos de Religiosos e de Religiosas, quer significar, em particular, aquela escolha incondicional, que fizestes de Cristo, luz da vossa vida, no dom definitivo e total de vós mesmos, dedicando-vos vida religiosa, que é uma forma mais perfeita da consagração baptismal: "Os membros de cada um dos Institutos — afirma o Concilio Vaticano II — tenham, antes de tudo, presente que, pela profissão dos conselhos evangélicos, responderam ao chamamento divino, de modo a, não mortos para o pecado, mas renunciando também ao mundo, viverem exclusivamente para Deus. Colocaram toda a sua vida ao Seu serviço, o que constitui uma consagração especial, radicada intimamente e expressa mais plenamente na consagração do Baptismo" (Decr. Perfectae Caritatis PC 5).

Sois portanto chamados a uma particular imitação de Jesus e a um testemunho vivido das exigências espirituais do Evangelho na sociedade contemporânea. E se o círio, que tendes na mão, é também símbolo da vossa vida, oferecida a Deus, esta deve consumar-se toda inteira pela sua glória.

5. Sois confortados, ajudados e estimulados a esta imitação e a este testemunho pela exemplar atitude interior das pessoas, de que nos fala o Evangelho de hoje: pelo amor silencioso e terno de São José; pela fé forte e constante do velho Simeão; pela fidelidade contínua e orante de Ana, profetiza de idade avançada; mas, sobretudo, pela absoluta e total disponibilidade da Virgem Santíssima, protagonista, juntamente com o Filho, deste mistério de salvação, que orienta o episódio da Apresentação no Templo para o acontecimento salvífico da Cruz. "A própria Igreja — escreveu Paulo VI — entreviu no coração da Virgem Maria, que leva o Filho a Jerusalém para O oferecer ao Senhor, uma vontade oblativa, que "transcendia o sentido ordinário do rito" (Marialis Cultus, 20).

Também vós, Irmãos e Irmãs caríssimos, deveis sempre conservar intacta aquela "vontade oblativa", com a qual respondestes generosamente ao convite de Jesus a segui-l'O mais de perto, no caminho para o Calvário, mediante os sagrados vínculos, que a Ele vos unem de maneira, singular na castidade, na pobreza e na obediência: estes votos constituem uma síntese, em que o próprio Cristo deseja exprimir-Se, ao delinear — através da vossa resposta — uma luta decisiva contra o espírito deste mundo. A castidade, abraçada pelo reino dos céus (cf. Mt Mt 1,12), torna, livre de maneira especial o coração da pessoa (cf. 1Co 7,32 ss.), a ponto de inflamá-la sempre de maior caridade para com Deus e para com os irmãos; a pobreza, voluntariamente abraçada para se colocar no seguimento de Cristo, faz que se participe naquela pobreza de Cristo, o qual, sendo rico, se fez pobre por amor de nós, a fim de que nos enriquecêssemos com a sua pobreza (cf. 2Co 8,9 Mt 8,20); a obediência, mediante a qual se oferece a Deus a completa consagração da própria vontade como sacrifício de si próprio, e por ele se une vontade salvífica, de Deus (cf. Decr. Perfectae Caritatis PC 12-14)

Mas precisamente por esta escolha tão radical, tomastes-vos, como Cristo e como Maria, una "sinal de contradição", isto é um sinal de divisão, de ruptura e de contraste nos confrontos do espírito do mundo que põe a finalidade e a felicidade do homem na riqueza, no prazer e na auto-afirmação da própria personalidade.

6. Hoje, ao comunicarmos e compartilharmos reciprocamente a "luz", que brilha dos círios, pensemos em todos os Religiosos e as Religiosas, espalhados no mundo, peçamos intensamente por eles, para que, onde quer que se encontrem e trabalhem, brilhem verdadeiramente com aquela luz, que é o Cristo, e sejam sempre um sinal autêntico do seu Evangelho e do seu Espírito!

714 Que todos os Religiosos e as Religiosas saibam oferecer-se juntamente com Cristo, como uma chama que se consome no amor! Que vivam d'Ele e para Ele, na Igreja e para a Igreja! E Maria Santíssima os leve a esta sempre maior intimidade com o seu Filho, precedendo-os no caminho da oblação e da doação! Maria seja sempre o vosso exemplo, o vosso modelo, a vossa força, caríssimos Irmãos e Irmãs! "Esta Mulher — como disse em outra ocasião — torna-se também, associada com o seu Filho, sinal de contradição para o mundo, e, ao mesmo tempo, sinal de esperança. Esta Mulher, que espiritualmente concebeu antes de fisicamente conceber; esta Mulher, que foi inserida inteira e irrevogavelmente no mistério da Igreja, e exerce uma maternidade espiritual quanto a todas as gentes... Esta Mulher... é a expressão máxima de consagração total a Jesus Cristo" (Discurso às Religiosas, Washington, 7 de Outubro de 1979).

São os meus votos e a minha bênção.

Amém.



VISITA PASTORAL À PARÓQUIA ROMANA DE SÃO CARLOS E SÃO BRÁS


Domingo, 8 de Fevereiro de 1981




1. "Vós sois o sal do mundo..." (Mt 5,14).

Repito de boa vontade as palavras da perícope evangélica de hoje, e com estas mesmas palavras desejo saudar a paróquia de São Carlos e São Brás "ai Catinari". Porquê com estas palavras? Porque as pronunciou Cristo diante dos seus discípulos, e a paróquia é precisamente a comunidade dos discípulos de Cristo. Foi com estas palavras que definiu Cristo os seus discípulos e, ao mesmo tempo, lhes confiou uma missão: explicou como devem ser, dada que são seus discípulos.

Enquadrada nesta perspectiva, a minha saudação dirige-se, antes de mais, ao Senhor Cardeal Carlo Confalonieri, decano do Sacro Colégio dos Cardeais, ao Senhor Cardeal Ugo Poletti que, como meu primeiro colaborador na pastoral diocesana, me acompanha sempre nas visitas dominicais às várias Paróquias da Urbe, e hoje veio com o novo Bispo Auxiliar D. Filippo Giannini. Desejo em seguida saudar os outros irmãos no Episcopado, o Pároco Padre António Francesconi, que é também Superior da Comunidade religiosa local, constituída pelos Filhos Espirituais de Santo António Maria Zacarias chamados comummente Barnabitas.

Esta, como sabeis, é uma Igreja do centro histórico, e basta tal atracção ambiental para fazer compreender imediatamente o seu perfil sócio-religioso: ao número não muito elevado de fiéis correspondem numerosas estruturas e entidades de carácter público e de importância não só local mas também nacional, como também se apresentam, em relação à tipologia complexa e à "mobilidade" dos habitantes, especiais problemas para a assistência e a animação pastoral. Como recordar, entretanto, todas as instituições e as pessoas que trabalham na zona? Permiti-me só que nomeie, de entre os outros, os Padres Teatinos da vizinha Basílica de Santo André do Vale e os Padres Palotinos, em cuja casa fui hóspede por algum tempo, no longínquo 1946. Entre as Religiosas recordarei apenas as Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, as quais trabalham no Pontifício Instituto "São Clemente", Recordo, por fim, e saúdo, no que se refere aos grupos laicais, a Obra O.A.S.I. em favor dos irmãos Israelitas, o grupo neocatecumenal, constituído recentemente em São Salvador em Campo, e o Centro Italiano de solidariedade. O que me está a peito declarar no final desta enumeração, necessariamente incompleta, é que a todos e a cada um dos Sacerdotes, Religiosos e Leigos, compreendidos no âmbito desta insigne Comunidade paroquial, a minha visita quer trazer uma palavra de benevolência, de encorajamento e de estímulo para o seu louvável e multi-orme compromisso de testemunho eclesial.

Desejo depois dirigir uma afectuosa saudação aos fiéis da paróquia de Santa Maria de Constantinopla de Avelino, aqui presentes com o seu Pároco, os quais vieram a Roma por ocasião da gemelagem da primeira e da segunda Perfeitura da diocese romana com a sua paróquia. E mediante eles envio, com particular intensidade de sentimento, a minha saudação, os meus votos e a certeza da minha recordação e da minha prece a quantos sofrem pelo terremoto de há poucos meses.

2. Porque é que o Senhor Jesus chamou aos seus discípulos "o sal da terra"? Ele próprio nos dá a resposta, se considerarmos, por um lado, as circunstâncias em que pronuncia estas palavras e, pelo outro, o significado imediato da imagem do sal. Como sabeis, a afirmação de Jesus está inserida no Sermão da montanha, cuja leitura teve início no domingo passado com o texto das oito Bem-aventuranças: Jesus, rodeado por uma grande multidão, está a ensinar os seus discípulos (cf. Mt Mt 5,1), e precisamente a eles, quase de repente, não diz que "devem ser", mas que "são" o sal da terra. Dir-se-ia, em suma, que ele, sem excluir obviamente o conceito de dever, indica uma condição normal e estável do discipulado: não se é seu verdadeiro discípulo, se não se é sal da terra.

Fácil, por outro lado, é a interpretação da imagem: o sal é aquela substância que se usa para dar sabor aos alimentos e para os preservar, também da deterioração. O discípulo de Cristo, portanto, é sal na medida em que oferece realmente aos outros homens, melhor à sociedade humana inteira, qualquer coisa que valha como um salutar fermento moral, alguma coisa que dê sabor e tonifique. Afora a metáfora, um tal fermento não pode ser senão a virtude ou, mais exactamente, o conjunto daquelas virtudes tão bem indicadas na série precedente das Bem-aventuranças.

715 Compreende-se, então, como estas palavras de Jesus têm valor para todos os seus discípulos. É necessário, portanto, que cada um de nós, cada um de vós, caros Irmãos e Filhos, as compreenda como dirigidas a si mesmo. Quando na minha saudação inicial citei tais palavras programáticas, pensava precisamente em vós, e agora, depois da explicação que delas fiz, deveis sentir-vos incluídos nelas todos vós paroquianos. Não digo apenas os chamados "comprometidos" mas todos, e cada um de vós, sem excepção. Porque todos sois discípulos de Cristo!

E agora a segunda pergunta: porque é que o Senhor chamou aos discipulos "a luz do mundo"? Ele próprio nos dá a resposta, sempre tendo por base as mencionadas circunstâncias e o valor peculiar da imagem. À da luz, de facto, apresenta-se imediatamente como complementar e integrante em relação à imagem do sal: se este sugere a ideia da penetração em profundidade, aquela sugere a ideia da difusão no sentido da extensão e da amplitude, porque — direi com as palavras do grande poeta italiano e cristão — "A luz rápida / chove de coisa em coisa, e as cores várias suscita / onde quer que pousa" (A. Manzoni, La Pentecoste, vv. 41-44).

O cristão, por conseguinte, para ser fiel discípulo de Cristo mestre, deve iluminar com o seu exemplo, com as suas virtudes, com aquelas "boas obras" (Kala Erga), de que fala o texto evangélico hodierno (
Mt 5,16) e que os homens estão em condições de ver. Ele deve iluminar precisamente porque é seguidor daquele que é "a luz verdadeira que, vindo ao mundo, a todo o homem ilumina" (Jn 1,9) e que se auto-define "luz do mundo" (Jn 8,12). Na segunda-feira passada celebrámos a festa das "Candeias", cujo nome exacto é o de "Apresentação do Senhor". Levado em criança ao templo, ele foi saudado profeticamente pelo velho Simeão como "luz para iluminar as nações" (Lc 2,32). Ora, não nos diz nada esta "persistência de imagem" na visão dos evangelistas? Se Cristo é luz, o esforço da imitação e a coerência da nossa profissão cristã não poderão nunca prescindir de uma ideal e ao mesmo tempo real assimilação a Ele.

Também esta segunda imagem representa uma situação normal e universal válida para a vida cristã; oferece-se e impõe-se como obrigação de estado e deve ter, portanto, uma actuação prática e pormenorizada, de tal modo que nela se encontrem os Sacerdotes, as Religiosas, os pais, os jovens, os anciãos, as crianças e sobretudo os doentes, os que estão sós e os que sofrem. Assim como todos são convidados a tornarem-se discípulos de Cristo, assim também todos podem e devem tornar-se na concretização das suas obras, sal e lua para os outros homens.

3. E agora ouçamos a confissão do verdadeiro discípulo de Cristo.

Ei-la, fala-nos São Paulo com as palavras da sua Carta aos Coríntios. Vêmo-lo, quando ele se apresenta diante dos seus auditores, e sentimos que o fez "cheio de fraqueza, de temor e de grande tremor" (1Co 2,3). Porquê?

Esta atitude de "temor e tremor" nasce do facto de ele saber que choca a mentalidade corrente, a sabedoria puramente humana e terrena, satisfeita apenas com as coisas materiais e mundanas. Ele, ao contrário, anuncia Cristo e Cristo Crucificado, isto é anuncia uma sabedoria que vem do alto. Para fazer isto, como verdadeiro discípulo de Cristo, vive interiormente todo o mistério de Cristo, toda a realidade da sua cruz e da sua ressurreição. E é necessário notar, além disso, que assim também a intensa vida interior se torna, quase de modo natural, aquela a que o Apóstolo chama "o testemunho de Deus" (1Co 2,1). Na vida prática, ensuma, um verdadeiro discípulo deve sempre tornar-se tal no sentido da aprovação interior do mistério de Cristo, que é alga de totalmente "original", não confundido com a ciência "humana" nem com a "sabedoria" deste mundo.

Vivendo neste mundo, devemos, certamente, ter o "conhecimento" dele e também a capacidade de agir nele. É necessário, porém, que em relação a estes empenhos de natureza laical, a nossa fé não seja fundada na sabedoria humana, mas no poder de Deus" (1Co 2,5).

4. A paróquia — como disse no início — é a comunidade dos discípulos de Cristo. Quais as consequências práticas que nos convém tirar das leituras litúrgicas de hoje? A mim parece devam ser estas as consequências a tirar: antes de tudo, o aprofundamento da fé e da vida interior; em segundo lugar, um sério compromisso na actividade apostólica: "de modo que (os homens) vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus" (Mt 5,16); e por fim, a prontidão em agir pelos outros, como muito bem diz a I Leitura com as palavras de Isaías: "Repartir o seu pão com o esfomeado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir o nu, e não desprezar o teu irmão. Então a tua luz surgirá como a aurora, e as tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se; a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor atrás de ti. Então invocarás o Senhor e Ele te atenderá; clamarás e Ele dirá: Eis-me aqui!" (Is 58,7-9).

5. Permiti agora que da palavra divina do presente domingo, que meditámos juntos, eu tire as últimas conclusões e, ao mesmo tempo, os votos quer para a vossa Comunidade cristã, quer para cada um de vós. Antes de tudo, desejo que renoveis em vós a consciência pessoal e comunitária: sou discípulo — quero ser discípulo de Cristo. É, esta, uma coisa maravilhosa: ser discípulo de Cristo! Seguir o seu chamamento e o seu Evangelho! Faço votos por que possais sentir isto mais profundamente, e que a vida de cada um de vós e de todos assuma, graças a esta consciência, o seu plena significado.

Nas palavras de Isaías está contida uma promessa especial: o Senhor ouve aqueles que lhe obedecem. Responde "Eis-me aqui "àqueles que se encontram diante d'Ele com a mesma prontidão e, com o seu comportamento, dizem o mesmo: "eis-me aqui". Desejo-vos que a vossa relação com Jesus Cristo nosso Senhor, redentor e mestre, seja orientada deste modo. Faço votos por que Cristo esteja convosco, e que mediante vós esteja com os outros: e que se realize assim a vocação dos seus verdadeiros discípulos que devem ser "o sal da terra" e "a luz do mundo". Assim seja.

SANTA MISSA PARA OS DOENTES E PEREGRINOS DA UNITALSI


716
Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 1981




1. "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre" (
Lc 1,42). As palavras que Isabel dirigiu à Santíssima Virgem no dia da Visitação brotam espontaneamente dos nossos lábios quando, recolhidos em comunhão de fé e de amor em torno do Altar de Cristo, testemunhamos o nosso reconhecimento à Mãe celeste por tudo o que Ela fez e continua a fazer naquela "encruzilhada espiritual" do mundo moderno, que é a cidade de Lourdes.

Desejo, antes de tudo, dirigir a minha cordial saudação a todos os que participam nesta celebração eucarística, promovida pela Obra Romana de Peregrinações e pela UNITALSI. De modo particular a minha saudação dirige-se a vós, Senhor Cardeal, aos Bispos e Sacerdotes que promovem, com a ajuda de leigos de boa vontade, esta forma tão meritória de pastoral; e em seguida àqueles que estiveram em peregrinação na cidade de Lourdes e que, esta tarde, quiseram encontrar-se reunidos nesta Basílica, como que para reviver as inesquecíveis emoções experimentadas naquele lugar de graça. Saúdo os doentes, que são os hóspedes privilegiados deste encontro de oração. Com eles saúdo todos aqueles que, generosamente, se ofereceram para lhes assegurar a necessária assistência e, por fim, todos os que participam nesta Eucaristia para exprimirem a sua devoção à Virgem e para manifestarem igualmente a sua solidariedade para com tantos irmãos sofredores.

2. Maria está espiritualmente presente no meio de nós: ouvimos-lhe ressoar a voz na página evangélica, há pouco proclamada. Olhamos para Ela com o mesmo olhar que lhe dirigiu Isabel, quando A viu chegar com passo apressado e ouviu a sua saudação: "Pois logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio" (Lc 1,44).

Como não acolher este primeiro convite à reflexão? O estremecimento de alegria de Isabel acentua o dom que pode estar contido numa simples saudação, quando ela provém de um coração pleno de Deus. Quantas vezes a escuridão do isolamento, que oprime uma alma, pode ser dissipada pelo raio luminoso de um sorriso e de uma palavra gentil!

Uma boa palavra diz-se rapidamente; não obstante, muitas vezes torna-se-nos difícil pronunciá-la. Detém-nos o cansaço, distraem-nos as preocupações, paralisa-nos um sentimento de frieza ou de egoística indiferença. Assim, acontece que passamos ao lado de pessoas que conhecemos, sem lhes olhar para o rosto e sem nos darmos conta que muitas vezes elas estão a sofrer aquela subtil, desgastante pena devida a sentirem-se ignoradas. Bastaria uma palavra cordial, um gesto afectuoso e logo alguma coisa despertaria nelas: um sinal de atenção e de cortesia pode ser um sopro de ar fresco no íntimo de uma existência, oprimida pela tristeza e pelo desalento. A saudação de Maria encheu de alegria o coração da sua idosa prima Isabel.

3. "Feliz daquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor" (Lc 1,45). Assim disse Isabel, ao responder à saudação de Nossa Senhora. São palavras sugeridas pelo Espírito Santo (cf. Lc Lc 1,41). Elas põem em luz a principal virtude de Maria: a fé. Os Padres da Igreja reflectiram sobre o significado de tal virtude na vicissitude espiritual da Virgem e não hesitaram em exprimir opiniões que nos podem parecer surpreendentes. Basta citar, entre todos, Santo Agostinho: "O seu parentesco de Mãe não teria dado benefício algum a Maria, se Ela não tivesse trazido mais ricamente Cristo no coração do que no corpo" (De Sancta Virg.3, 3).

A fé consentiu a Maria aproximar-se sem temor do abismo inexplorado do desígnio salvífico de Deus: não era fácil acreditar que Deus pudesse "fazer-se Homem" e "habitar entre nós" (cf. Jo Jn 1,14), isto é, que Ele quisesse esconder-se na insignificância do nosso dia-a-dia, revestindo-se da nossa fragilidade humana, sujeita a tantos e tão humilhantes condicionamentos. Maria ousou crer nesse projecto "impossível confiou no Omnipotente e tornou-se a principal colaboradora da admirável iniciativa divina, que reabriu a nossa história à esperança.

Também o cristão é chamado a uma tal atitude de fé, que o leva a olhar corajosamente "para além" das possibilidades e dos limites do acontecimento puramente humano. Ele sabe que pode contar com Deus, o qual, para afirmar a própria liberdade soberana em relação aos condicionamentos humanos, não raro escolhe o que no mundo é fraco e desprezível para confundir os sábios e os fortes, "e assim ninguém se vangloriará diante de Deus" (1Co 1,29).

Na história bimilenária da Igreja podem citar-se clamorosas provas deste singular agir de Deus, que continua a deixar perplexos todos os que, nos desígnios da Providência, procuram explicações simplesmente humanas. Basta citar apenas o nome de Santa Bernadette. Mas incomparavelmente mais numerosos são os acontecimentos cuja relevância social permanece por enquanto escondida: é a multidão interminável das almas que passaram a própria existência consumindo-se no anonimato da casa, da fábrica, do escritório; que se consumaram na solidão orante do claustro; que se imolaram no martírio quotidiano da enfermidade. Virá um dia a revelação da Parusia e, então, ver-se-á o papel decisivo que elas tiveram, não obstante as aparências em contrário, nos desenvolvimentos da história do mundo. E isto será também causa de alegria para os Bem-aventurados que encontrarão motivo de louvor perene ao Deus três vezes santo.

4. Um antegozo de tal alegria é concedido já desde agora aos "pequeninos", aos quais o Pai revela os seus desígnios (cf. Mt Mt 11,25). Maria guia a multidão destes "pequeninos", que têm no coração a sabedoria de Deus. Por isso Ela pôde pronunciar diante de Isabel o canto do "Magnificat", que permanece nos séculos como a expressão mais pura da alegria esfuziante em cada alma fiel.

717 É a alegria que brota do espanto pela força omnipotente de Deus, o qual pode permitir-se realizar "grandes coisas", não obstante a inadequação dos instrumentos humanos (cf. Lc Lc 1,47-49). É a alegria pela superior justiça de Deus, que "derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes; encheu de bens os famintos e aos ricos despediu-os com as mãos vazias" (Lc 1,52 s.). É, enfim, a alegria pela misericórdia de Deus que, fiel às promessas, recolhe sob as asas do seu amor os filhos de Abraão, "de geração em geração", socorrendo-os em todas as suas necessidades (cf. Lc Lc 1,50-54).

É este o canto de Maria. Deve tornar-se o canto de cada dia da nossa vida: de facto, não existe situação humana que não possa encontrar nele uma adequada interpretação. A Virgem pronuncia-o ao mesmo tempo que no seu espírito se acumulam as interrogações acerca das reacções do Esposo, ainda ignaro da intervenção divina, e, sobretudo, as interrogações sobre o futuro desse Filho, sobre o qual pesam inquietantes palavras proféticas (cf. Is Is 53).

5. Poderemos cantar o "Magnificat" com interior júbilo de espírito, se procurarmos ter em nós os sentimentos de Maria: a sua fé, a sua humildade e o seu candor. Existe uma bela expressão de Ambrósio, com que o santo Bispo de Milão nos exorta justamente a isto: "Seja em cada um — diz ele — a alma de Maria a louvar o Senhor; seja em cada um o espírito de Maria a exultar em Deus; se, segundo a carne, uma só é a mãe de Cristo, segundo a fé todas as almas geram Cristo; de facto, cada uma acolhe em si o Verbo de Deus desde que, conservando-se sem mancha e livre do pecado, guarde com intemerato pudor a castidade" (Expos. Ev. sec. Lucam, II, 26).

Eis, caríssimos Irmãos e Irmãs, o que nos quis dizer Nossa Senhora, esta tarde. Se soubermos ouvir a sua voz, Ela repetirá para nós, reunidos em torno do Altar do seu Filho, as palavras que ouvimos na primeira Leitura: "Como uma mãe consola o seu filho, assim Eu vos consolarei e em Jerusalém sereis consolados" (Is 66,13).

Nós sabemos a que Jerusalém se faz referência: é a Jerusalém "lá do alto" (Ga 4,26), que João viu "descer do céu, de junto de Deus, preparada como uma esposa adornada para o seu esposo" (Ap 21,2). Em direcção de tal Jerusalém se elevam os nossos olhos, para ela se dirige a nossa esperança, porque nela se realizará finalmente a promessa profética, que mais uma vez escutamos: "Os vossos ossos retomarão vigor como a erva. A mão do Senhor manifestar-se-á aos seus ser-vos" (Is 66,14).

Na expectativa desta suprema manifestação da "mão do Senhor", nós prosseguimos o caminho pela estrada que, dia após dia, nos abre a Providência divina. Temos connosco o "pão dos peregrinos", o sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo, que se nos oferece como fonte inesgotável, onde se haure força, serenidade e confiança em todos os momentos da existência. "Tu qui cuncta scis et vales — repetimos-lhe com júbilo — qui nos pascis hic mortales; tuos ibi commensales, coheredes et sodales fac sanctorum civium" (Tu, que tudo sabes e podes, que sobre a terra nos alimentas, conduz os teus irmãos à mesa celeste, na alegria dos teus santos. Amém.

SANTA MISSA PARA CELEBRAR O CINQUENTENÁRIO

DO INÍCIO DAS TRANSMISSÕES DA RÁDIO VATICANO


Capela Sistina

Segunda-feira, 12 de Fevereiro de 1981




Caros Irmãos e Irmãs

1. Há cinquenta anos, neste mesmo dia meu venerado Predecessor Pio XI dirigia pela primeira vez ao mundo uma radiomensagem, inaugurando assim aquela que, com legitimo orgulho, vós chamais a Rádio do Papa. Foi vosso desejo em ideal continuidade com aquele acontecimento que este dia cinquentenário vos visse reunidos ao redor do Pastor visível da Igreja universal, para participardes com gratidão e alegria na Eucaristia.

E para que nesta Eucaristia tomassem parte também os inumeráveis ouvintes, aos quais prestais o vosso quotidiano serviço e que constituem a grande riqueza da Rádio Vaticano sobretudo aqueles que sofrem pela sua fidelidade a Cristo, e ainda os doentes mas também os anciãos, pedistes que esta celebração eucarística se realizasse e fosse transmitida na mesma hora em que todos os dias a Santa Missa é radiodifundida da vossa Capela.

718 Este desejo corresponde à fundamental vocação da Rádio Vaticano. Cada um de vós sabe que a obra da evangelização através da rádio exige uma assídua busca de mediação cultural, de linguagem eficaz e de expressões criativas. Mas em cada um de vós há a certeza, corroborada pelos testemunhos de tantos ouvintes, que a primeira e fundamental tarefa da Rádio Vaticano, deste precioso e irrenunciável serviço à Igreja, é difundir o ensinamento e a própria voz do Vigário de Cristo, permitindo-Lhe, como já dizia Pio XI, "estender o Seu colóquio ao mundo inteiro".

No cumprimento desta sua essencial missão a Rádio Vaticano contribui para reforçar a unidade da Igreja, permitindo aos fiéis de todas as partes da terra unirem-se quase fisicamente ao redor do Papa, "sobretudo coligando com a Sé de Pedro e entre si aquelas Igrejas locais que se encontram em precárias condições de liberdade religiosa", como dizia por ocasião da minha visita à vossa sede a 5 de Fevereiro do ano passado,

2. Vós bem sabeis que as ondas portadoras das vossas mensagens superam distâncias geográficas e fronteiras de toda a natureza, mas estais também conscientes que, além da mesma informação tão preciosa para aqueles que não tem outras fontes, e juntamente com a catequese, indispensável para tantos que não possuem outros recursos, existe a comunhão eclesial, à qual prestais serviço levando algo que não é vosso mas que vos é continuamente dado.

Por isso o momento da oração, da Eucaristia, é o momento mais elevado que a vossa diligente jornada pode viver: é o momento em que, invisível mas concretamente, vos encontrais no centro de uma comunhão eclesial formada não de simples ouvintes, mas de membros vivos e participantes no ininterrupto mistério que é a Igreja de Cristo peregrina no mundo.

Esta vossa centralidade, que para vós é dom precioso e também altíssima responsabilidade, faz que compreendais imediatamente a razão profunda da vossa união com o Papa, da vossa fidelidade ao Papa, da vossa necessidade de pulsar em uníssono com o coração do Papa. Alimentados pela Eucaristia, factor primeiro de unidade da Igreja, e fiéis ao Papa, "perpétuo e visível princípio e fundamento", sinal e garantia da unidade da lgreja, vós podereis cada dia, com humildade e confiança, desempenhar o vosso ministério, que é serviço de evangelização. E se os limites dos recursos materiais e a vossa própria limitação humana puderem às vezes tornar trépida a vossa serenidade, recordai-vos que a mensagem a vós confiada é maior que vós e que ela constitui também, e antes para vós, fonte de vida e de força.

Humildade, reconhecimento e confiança: são estes os sentimentos que vos convido a renovardes neste cinquentenário da fundação da Rádio Vaticano, ao mesmo tempo que vos renovo aquele mandato de evangelizar todos os povos, que o Cristo Senhor não cessa de fazer ressoar nos vossos corações.

3. As Leituras bíblicas desta Liturgia recordam-nos oportunamente este mesmo tema.

"Euntes, docete omnes gentes": "Ide, pois, ensinai todas as nações" (
Mt 28,19). Neste supremo mandato de Cristo ressuscitado aos seus discípulos fundamenta-se e nutre-se todo o enorme esforço desenvolvido pela Igreja no curso da história destes dois milénios para testemunhar, com as palavras e com as obras, o Evangelho e a sua força de transformação. E é-me grato divisar uma linha de orientação, precisamente aquela do próprio anúncio de salvação centralizado em Cristo, que une também o primeiro discurso de Pedro no dia do Pentecostes, narrado no capítulo segundo dos Actos dos Apóstolos, e os dos seus Sucessores neste vigésimo século, que se serviram do meio radiofónico. O anúncio, dizia, é o mesmo; mas também a mesma é a sua destinação universal, então significada pela prodigiosa capacidade com que os representantes de todas as terras, naquele tempo conhecidas, puderam ouvir a palavra apostólica em Jerusalém, e hoje realizada, em raio bem mais vasto, pela possibilidade que tem a Rádio de transmitir nas principais línguas faladas e de chegar a todas as partes do mundo. E queira o Senhor que seja o mesmo o resultado de conversão (cf. Act Ac 2,41), isto é de renovação interior dos ouvintes em vista de uma nova orientação de vida. Se, de facto, a Rádio Vaticano não se esforçasse, ao menos, por alcançar estes êxitos missionários, trairia a própria identidade: isto é, aquela de ser um instrumento privilegiado de evangelização, que é ao mesmo tempo anúncio, testemunho e autêntica promoção do homem.

É na pregação, realmente, que se baseia e se insere a fé cristã. A primeira Leitura, bíblica, tirada da Carta de São Paulo aos Romanos, no-lo recordou em termos explícitos e típicos: "Fides ex auditu, auditus autem per verbum Christi" (Rm 10,17): a fé, portanto, depende da pregação do anúncio, e este por sua vez diz respeito à mesma palavra de Cristo e quase a encarna. Como em outra parte se exprime o mesmo Apóstolo, "não pregamos a nós mesmos, mas a Jesus Cristo, o Senhor" (2Co 4,5), pois "se quisesse ainda agradar aos homens, não seria servidor de Cristo" (Ga 1,10). Precisamente a relação palavra-pregação-fé está na linha puríssima, do mistério da Cruz salvífica de Jesus, porque nos diz que aquilo que é aparentemente mais débil e inconsistente, como é sem dúvida a palavra, está em grau de produzir, mediante a intervenção da graça divina, a realidade mais forte, isto é a fé que "vence o mundo" (1Jn 5,4).

4. Pois bem, caros Irmãos e Irmãs, sede destes cristãos que sentem vibrar profundamente as exigências inerentes ao próprio baptismo, e realizai o vosso serviço quotidiano não só com a competência que vos é própria, mas também com aquela alma apostólica, ao mesmo tempo zelante e inteligente, que é pedida ao discípulo de Cristo comprometido com a Igreja e com o mundo.

E uma particular saudação quero dirigir também a todos aqueles que neste momento e em vários Países ouvem a minha voz. É o Bispo de Roma que vos fala, o Sucessor de Pedro e Vigário de Cristo, unido paternalmente com todos os filhos da Igreja no idêntico vínculo da fé, da caridade e da esperança. Convido todos vós a sempre mais vos sentirdes parte desta única e grande família que é a Comunidade eclesial, o Corpo de Cristo, no qual "não há mais judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos nós somos um em Cristo Jesus" (cf. Gál Ga 3,28). E se a algum de "vós é dado por Cristo, não que n'Ele creia, mas ainda que por Ele padeça", (Flp 1, 29), saiba que eu lhe estou afectuosamente unido, na certeza que "a palavra de Deus não está, presa" (2Tm 2,9).

719 O Senhor assista a cada um de nós "todos os dias" (Mt 28,20), nos robusteça com a sua força, fecunde o empenho e os cansaços pelo seu Evangelho.

Em particular, mediante o vosso qualificado serviço na Rádio Vaticano, adquiram sempre maior verdade as palavras do Salmo responsorial: "O Senhor fez conhecer a sua salvação, manifestou a sua justiça à face dos povos" (Ps 97,2). Amém!



Homilias JOÃO PAULO II 712