Homilias JOÃO PAULO II 871


VIAGEM APOSTÓLICA EM PORTUGAL

MISSA PARA AS FAMÍLIAS


Braga, 15 de Maio de 1982




1. “Não temas, Abraão . . . a tua descendência será numerosa” (1Gen. 15, 1-5).

A maravilhosa história de Abraão, “Pai da nossa fé”, evocada pela leitura da liturgia de hoje, põe em relevo duas verdades fundamentais. Nelas se concentrará a nossa atenção e a nossa oração durante esta Eucaristia.

A primeira é que o futuro do homem sobre a terra está ligado à família. A segunda, que o Plano Divino da Salvação e a história da Salvação passam pela família.

É num encontro de família - da família dos filhos de Deus, reunidos para celebrar o sacrifício eucarístico - que vamos aprofundar estas verdades.

Permiti que, antes de mais nada eu saúde a família portuguesa aqui representada por um grande número de casais e famílias da cidade e Aquidiocese de Braga e de várias regiões de Portugal: venho trazer-lhes uma palavra de estímulo a cultivar os valores essenciais do matrimónio.

Uma saudação também aos movimentos e organizações familiares, sobretudo de cunho eclesial, empenhados uns na preparação do casamento, outros na promoção da espiritualidade conjugal, outros no atendimento a problemas que surgem no seio das famílias; trago-lhes um incentivo a levar avante uma Pastoral Familiar sólida, ampla, bem articulada, eficaz para o bem de muitos lares portugueses.

Que as famílias deste País se consolidem no amor e na unidade como imagem do amor de Cristo à sua Igreja (Cfr. Eph Ep 5,25) e continuem assim a cumprir a missão que Deus lhes confiou: para isso rezamos nesta Eucaristia, persuadidos de que também o futuro de Portugal passa pela família (cf. João Paulo II, Familiaris Consortio, Concl.).

2. Na família reside e da família, mais do que de qualquer outra sociedade, instituição ou ambiente, depende o futuro do homem.

Esta verdade fundamental ressoava no colóquio de Abraão com Deus, ouvido há instantes na leitura da sugestiva página do Génesis.

872 “A tua recompensa será muito grande”, prometia o Senhor ao seu amigo. “Que é que me dareis, Senhor?” - interrogava Abraão, com uma ponta de cepticismo - “Vou partir sem filhos . . .” (Gn 15,2).

À desconsolada prostração de Abraão seguir-se-á a sua alegria quando, “no tempo fixado por Deus” (Ibid. 21, 2) Sara lhe dará um filho.

O futuro do homem é, antes de tudo, o próprio homem. É o homem nascido do homem: de um pai e de uma mãe, de um homem e de uma mulher. Por isso o futuro de homem decide-se na família.

O matrimónio é o alicerce da família como a família é o vértice do matrimónio. É impossível separar um da outra. É preciso considerá-los juntos à luz do futuro do homem.

Esta é uma verdade evidente e, não obstante, é também uma verdade ameaçada. Por muitas razões, a humanidade é levada a pensar na sua própria existência presente e futura mais segundo categorias daquilo que o homem produz - ou seja, com categorias de meios - do que segundo a dimensão do fim, própria do homem.

Várias circunstâncias parecem explicar e justificar tal maneira de pensar. Pode até dizer-se que o homem faz assim por “consideração para com o homem”: pela preocupação da assegurar a sua existência material sobre a terra. Sobre este ponto, teriam muito a dizer as publicações contemporâneas no campo da demografia ou da economia.

Contudo, pensando no homem, no seu futuro sobre a terra, primariamente segundo categorias do que ele produz e faz produzir à terra, muito facilmente cometemos um erro fundamental: o homem deixa de ser o valor principal e essencial. De fim, passa a ser meio.

Assim, o nosso modo de pensar afasta-se do pensamento do Criador que, dentre todas as criaturas da terra, somente quis por si mesmo o homem...(cf. Gaudium et Spes GS 24))

Nesto ponto, precisamente, é insubstituível a vocação da família. Também a família, pela sua própria natureza, “quer o homem por ele mesmo”; forma-se como comunidade de pessoas voltada para o homem como tal: o homem concreto, sempre único e irrepetível, marido, mulher, pai, mãe, filho e filha.

Por isso a família, na atmosfera actual do mundo - especialmente do mundo “rico”, do mundo da “elevada civilização material” - está ameaçada. Ela permanece, contudo, a fonte de esperança do mundo. É nela que, apesar de tudo, se decide o futuro do homem; e - seja-me permitido concretizar - do homem em Portugal, empenhado em consolidar as bases sobre as quais assentam o progresso equilibrado, a concórdia e a paz.

3. “Ergue os olhos para os céus e conta as estrelas, se és capaz... assim será a tua descendência - (Gn 15,5) diz o Senhor a Abraão. O filho que está para nascer será o início da família e da estirpe, o tronco ou o fundador da tribo e da nação.

873 O homem não é destinado a estar sozinho. Não subsiste solitário sobre a terra. É chamado a viver a sua vida em comunidade. Por isso nascem as comunidades, a primeira e a mais fundamental das quais é exactamente a família. E por meio das comunidades, primeira delas, a família, o homem vai-se formando e amadurecendo como homem.

Assim, nascido na comunidade matrimonial do homem e da mulher, o homem fica a dever a sua educação à família.

A educação, de acordo com o significado particular desta palavra, destina-se a “humanizar” o homem. Homem desde o primeiro instante da sua concepção no seio materno, gradualmente ele “aprende a ser homem”¡ e esta aprendizagem fundamental identifica-se precisamente com a educação. O homem é o futuro da própria família e da humanidade inteira - mas o seu futuro acha-se inseparavelmente ligado à educação.

A família tem o primeiro e fundamental direito a educar; mas incumbe-lhe também o primeiro e fundamental dever da educação. No cumprimento deste dever essencial, que pertence estritamente à sua vocação, a família vai beber nas fontes do grande tesouro de toda a humanidade que é a cultura; e mais directamente, da cultura do ambiente onde está radicada.

Por esta ordem de factos o homem torna-se herdeiro do passado que nele se vai transformando em futuro: Não só futuro da própria família, mas também da própria nação e da humanidade inteira.

4. Ao mesmo tempo que se vai processando este ciclo normal da família, do nascimento e da educação do homem, através dele passa organicamente o Plano Divino da Salvação, proporcionado ao homem desde o princípio, conjuntamente à aliança matrimonial, e confirmado e renovado - depois da queda no pecado - em Jesus Cristo. Em Jesus Cristo, o Plano Divino da Salvação tem a sua plenitude.

Desejaria, irmãos e irmãs muito amados, ao enunciar esta doutrina, de validade universal, não ter senão que dar graças a Deus e congratular-me com as famílias portuguesas, por serem aqui respeitados e observados:
- os princípios da centralidade do homem na instituição familiar,
- as implicações e os imperativos práticos para o papel da cultura e para o múnus da educação.

Dada, porém, a generalização rápida que têm os fenómenos sociais com incidências na mentalidade e comportamento das células da sociedade e das pessoas, não deixarei de alertar aqui a consciência humana e cristã de todos, porque a grande causa da família a todos interessa; de apelar para o empenho dos mais directamente responsáveis pela cultura, sobretudo da cultura chamada “de massa”, dos responsáveis pela educação, dos agentes de pastoral; de apelar enfim, para todos os que podem contribuir para manter e preservar uma situação favorável à comunidade conjugal e familiar, onde, com a transmissão da vida, existe a gravíssima obrigação de educar a prole.

E vós, queridos pais e mães de família, conscientes de que o vosso lar é a primeira escola de valorização humana dos filhos que Deus vos deu, estareis conscientes também, certamente, deste outro grave dever que vos incumbe: de tudo dispor ou até exigir, para que os vossos filhos possam progredir harmonicamente, na ascensão para a vida, apoiados numa conveniente formação humana e cristã. A Igreja alegra-se quando os poderes constituídos na sociedade, tendo em conta o pluralismo e a justa liberdade religiosa, “ajudam as famílias, para que a educação dos filhos possa ser dada em todas as escolas, segundo os princípios morais e religiosos das mesmas famílias” (Gravissimum Educationis
GE 7).

874 5. A primeira verdade sobre a família, apresentada até aqui, sobressai no episódio da apresentação de Jesus no Templo, episódio há pouco relembrado pela leitura do texto de São Lucas.

Recordemos o que se passou: de acordo com a prescrição da lei do Antigo Testamento, é levado ao Templo um menino, quarenta dias depois de vir ao mundo. Levou-O Maria para se submeter à lei ritual da Purificação da mãe, depois de conceber. Com Ela, veio também José para oferecer o sacrifício obrigatório em tais circunstâncias. Nascido na noite de Belém, o filho de Maria entrava assim na herança espiritual de Israel - da sua Nação.

Ao mesmo tempo, o Menino trazia consigo outra Herança espiritual: a herança do Eterno Amor do Pai, o qual “amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho para que nenhum homem pereça, mas tenha a vida eterna” (Cfr. Io. 3, 16).

Com Jesus Cristo, a divina Herança da vida eterna entra não apenas na vida de Israel, mas na de toda a humanidade. Exprimem-no as palavras proféticas pronunciadas por Simeão, ao ver o Menino: “Agora, Senhor, podes deixar ir o Teu servo, segundo a Tua promessa, em paz; porque os meus olhos viram a Tua salvação, que preparaste em favor de todos os povos, luz para iluminar as nações e glória de Israel, Teu povo” (
Lc 2,29-32).

O próprio Simeão, nas suas palavras inspiradas e proféticas, dá a entender ao mesmo tempo que se trata de uma Herança difícil. Diz à Mãe do recém-nascido: “Este Menino está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel, e para ser sinal de contradição, a fim de se revelarem os pensamentos de muitos corações. E também a ti, uma espada trespassará a tua alma” (Ibid. 2, 34).

6. Os bens divinos da Aliança e da Graça estão, desde o princípio, unidos à família. Por isso, também o matrimónio, em certo sentido, desde o princípio, é sacramento, como símbolo da futura encarnação do Verbo de Deus. Sacramento que Cristo confirmou e ao mesmo tempo renovou com a palavra do Evangelho e com o mistério da sua Redenção.

Pela virtude do Espírito Santo, o homem e a mulher estreitam entre si a Aliança Matrimonial, que, por instituição divina, “desde o princípio” é indissolúvel.

Radicada na complementaridade natural que existe entre o homem e a mulher, a indissolubilidade é sancionada pelo recíproco compromisso de doação pessoal e total, e é exigida pelo bem dos filhos. À luz da fé, manifesta-se a sua verdade última, que é a de ser proposta “como fruto, sinal e exigência do amor absolutamente fiel, que Deus Pai tem para com o homem, e que o Senhor Jesus vive para com a Igreja”. Com estas palavras expus o ensino tradicional da Igreja, na Exortação Apostólica “Familiaris Consortio, 20”, a pedido dos Bispos de todas as partes do mundo, reunidos em Sínodo, em Roma, para estudar os problemas da família cristã no mundo de hoje.

Esta doutrina não se harmoniza, certamente, com a mentalidade de tantos contemporâneos nossos que julgam impossível um compromisso de fidelidade para a vida inteira. Os Padres do Sínodo, conscientes embora das actuais correntes ideológicas contrárias, declararam que é missão específica da Igreja “apregoar o alegre anúncio da irrevocabilidade daquele amor conjugal que tem em Jesus Cristo o fundamento e o vigor” (Familiaris Consortio FC 20). E esclareceram que tal missão não se impõe somente à Hierarquia; também a vós, a cada um dos casais cristãos, chamados a ser no mundo um “sinal”, sempre renovado, “da fidelidade imutável com que Deus e Jesus Cristo amam a todos e cada um dos homens” (Ibid.84).

7. Cada um dos homens: portando também aquele ou aquela que se encontra a braços com um casamento que fracassou. Deus não deixa de amar os que se separam, nem mesmo os que iniciaram uma nova união irregular. Ele continua a acompanhar tais pessoas com a imutável fidelidade do seu amor, chamando continuamente a atenção para a santidade da norma violada e, ao mesmo tempo, convidando a não abandonarem a esperança.

Reflectindo, de algum modo, o amor de Deus, também a Igreja não exclui da sua preocupação pastoral os cônjuges separados e novamente casados; pelo contrário, põe à sua disposição os meios de salvação. Embora mantendo a prática, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir tais pessoas à comunhão eucarística, dado que a sua condição de vida se opõe objectivamente ao que a Eucaristia significa e opera, a Igreja exorta-os a ouvir a Palavra de Deus, a frequentar o sacrifício da Missa, a perseverar na oração e nas obras de caridade, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência, a fim de implorarem dessa forma a graça de Deus e se disporem para a receber.

875 A Igreja tem consciência de ser no mundo, com este ensino, “sinal de contradição”. As palavras proféticas, que Simeão pronunciou sobre o Menino, aplicam-se a Cristo na sua vida, e também à Igreja na sua história. Muitas vezes Cristo, o seu Evangelho e a Igreja, tornam-se “sinal de contradição” perante aquilo que no homem não é “de Deus”, mas do mundo ou até do “príncipe das trevas”.

Mesmo chamando o mal pelo nome e opondo-se-lhe decididamente Cristo vem sempre ao encontro da fraqueza humana. Procura a ovelha tresmalhada. Cura as feridas das almas. Consola o homem com a sua cruz. No Evangelho não faz exigências a que o homem não possa satisfazer com a graça de Deus e com a própria vontade. Pelo contrário, as suas exigências têm como finalidade o bem do homem: a sua verdadeira dignidade.

8. É preciso que a visão do matrimónio e da família, pela qual vos procurais guiar, queridos irmãos e irmãs, se forme a partir da luz trazida por Cristo: que tal perspectiva seja fruto de fé viva.
“Pela fé Abraão, chamado por Deus, obedeceu, partindo para um lugar que devia receber em herança, e partiu sem saber para onde ia”(
He 11,8).

Este chamamento divino que um dia coube a Abraão, torna-se pertença de cada um de nós, em primeiro lugar por meio do Baptismo. Pelo Baptismo somos chamados a ser “co-herdeiros da promessa divina” para tomarmos a vida como “peregrinação em direcção à Terra Prometida”, ou seja, à Cidade duradoura “cujo arquitecto e construtor é o próprio Deus”.

Com esta concepção da vida, vós sabeis que é uma constante da solicitude da Igreja proclamar os direitos da pessoa humana, subordinados aos direitos de Deus supremo Senhor; e dentre tais direitos, o direito à vida ocupa sempre um lugar cimeiro. No matrimónio, o homem e a mulher são chamados a transmitir o tesouro da vida a outros homens, por uma paternidade e uma maternidade humanamente responsáveis.

Em continuidade com as normas reafirmadas no Concílio Vaticano II e na Encíclica “Humanae Vitae” e recolhendo o sentimento dos Padres do último Sínodo dos Bispos, recordei na recente Exortação Apostólica “Familiaris Consortio”, entre os direitos prioritários dos pais, o de terem os filhos que desejarem, recebendo ao mesmo tempo o necessário para criá-los e educá-los dignamente. Por isso, a Igreja condena como ofensa grave à dignidade humana e à justiça as manobras para cercear de maneira indiscriminada a liberdade dos cônjuges em relação à transmissão da vida e à educação dos filhos.

Senti-me no dever de denunciar também uma insidiosa “mentalidade contra a vida”, que se infiltra no pensamento actual.

Deus diz a cada homem: acolhe a vida concebida por obra tua! Di-lo pelos seus mandamentos e pela voz da Igreja; e di-lo directamente, pela voz da consciência humana. Voz potente que não se pode deixar de ouvir, não obstante outras a vozes” dissonantes, não obstante o que se fizer para a abafar.

O carácter ao mesmo tempo corporal e espiritual da união conjugal, sempre iluminada pelo amor pessoal, há-de levar a respeitar a sexualidade, a sua dimensão plenamente humana, e a nunca “usá-la” como um “objecto”, a fim de não dissolver a unidade pessoal da alma e do corpo, ferindo a a própria criação de Deus, na relação mais íntima entre natureza e pessoa” (Familiaris Consortio FC 32)

A responsabilidade na geração da vida humana - da vida que deve nascer numa família - é grande díante de Deus!

876 9. Servindo-se da colaboração criadora dos pais, Deus-Pai quer repetir mais uma vez o seu chamamento a um novo descendente do género humano. Quer chamá-lo também a ele para que se torne “co-herdeiro da promessa de Deus” e a partir para a “Terra” que foi “Prometida” em Jesus Cristo a todos os homens.

A família é o lugar da vocação divina do homem. É preciso que os casais cristãos e os pais estejam conscientes desta responsabilidade e colaborem com a melhor boa vontade nesta vocação divina do novo homem, desenvolvendo a obra da educação cristã, sobretudo com aquela catequese que é feita pela vida exemplar.

Também as vocações, particularmente importantes para a missão salvífica da Igreja, nascem das famílias cristãs, berço dos futuros sacerdotes, religiosos, religiosas, missionários e apóstolos!

Embora existam hoje dificuldades na obra educativa, os pais cristãos devem, com confiança e coragem, formar os filhos para os valores essenciais da vida humana, sem nunca perder de vista que, sendo responsáveis pela igreja doméstica do seu lar, são chamados a edificar a grande Igreja nos filhos e, quiçá, a edificá-la pelos seus filhos (Familiaris Consortio
FC 38) “chamados por Deus”. E se Deus de facto os chamar para o serviço do Seu reino, queridos pais e mães, sede generosos para com Ele, como Ele o foi para convosco.

10. Alegra-me celebrar esta Eucaristia e meditar convosco sobre a família no quadro deste Santuário do Sameiro, monumento da gente portuguesa, do amor à Santíssima Virgem, aqui venerada e invocada sob o título de Imaculada Conceição. Os numerosos nubentes que escolhem este Santuário para a celebração do seu casamento, fazem-no certamente para colocar os seus lares sob a especial protecção de Nossa Senhora. Seja este gesto de devoção penhor de solidez dos lares cristãos desta Região, confirmando aquilo que afirmava o Senhor Arcebispo: que nesta Região, geralmente, as famílias assentam em bases cristãs e florescem nelas, com frequência, vocações “sacerdotais, religiosas e missionárias”. Dou graças a Deus, por isso.

Agradeço também ao Senhor Dom Eurico Dias Nogueira as calorosas e amáveis palavras que me quis dirigir. Também eu o saúdo, Senhor Arcebispo, assim como às Excelentíssimas Autoridades e aos bracarenses e igualmente aos habitantes desta bela região do Minho e de Trás-os-Montes (das Dioceses de Viana do Castelo, de Bragança e Miranda e de Vila Real) a todos, sem excepção: Bispos, Sacerdotes, Religiosos e Fiéis - sem esquecer os numerosos espanhóis, vindos com seus Pastores, das vizinhas terras da Galiza. E daqui exprimo cordiais sentimentos de simpatia e de afeição em Cristo Senhor a todos os emigrantes da família portuguesa.

Nas suas referências históricas à cidade e à Arquidiocese de Braga e seu termo, sublinho com prazer a elevada percentagem da prática cristã entre a população que frequenta a Missa dominical e os outros Sacramentos. Assim continue e se intensifique constantemente, aqui e em todo o Portugal, a fidelidade a Deus pela fidelidade ao seu passado. E nisto tem um papel insubstituível a família. Irmãos e Irmãs,

É grande o sacramento do Matrimónio, que deu origem às vossas famílias e continua a vivificá-las!

É grande a missão das vossas famílias:
- o futuro do homem sobre a terra está ligado à família;
- o Plano Divino da Salvação e a história da Salvação passam através da família humana!

877 Virgem Imaculada, Nossa Senhora do Sameiro, / Mãe do “Menino” posto como “Sinal de Contradição”: / junto do vosso Filho, Jesus Cristo, / cujas palavras conserváveis e meditáveis no Vosso coração / dai a todas as famílias de Portugal a graça / de saberem ouvir e guardar fielmente a Palavra de Deus! / Mãe do Verbo divino, na Sagrada Família de Nazaré, / obtende para estas famílias a harmonia, o amor e a graça! / Que nelas nunca seja contradição “o Sinal”, / nunca seja contradito o amor de Deus misericordioso, / manifestado em Jesus Cristo! Ámen.







1988



VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II

AO ZIMBÁBUE, BOTSUANA, LESOTO,

SUAZILÂNDIA E MOÇAMBIQUE (10 A 19 DE SETEMBRO)

HOMILIA DA MISSA CELEBRADA

NO LARGO DO GOTO EM BEIRA


(MOÇAMBIQUE)


Sábado, 17 de Setembro de 1988




Todos os povos vos louvem, ó Deus! Todos os povos vos glorifiquem” (Ps 67,6)

1. REPETIMOS HOJE estas palavras do Salmista, em terra moçambicana. Repito-as aqui, juntamente convosco, meus amados irmãos e irmãs, filhos e filhas do Povo que habita esta hospitaleira e esperançosa terra: aqui, na Beira, centro de irradiação do Cristianismo no vosso País.

Todos os povos vos glorifiquem, ó Deus, pela graça de me encontrar com a Igreja que aqui vive, também ela única grei, levantada entre as nações, oferecendo o Evangelho da Paz, como peregrina em esperança (Cfr. Unitatis Redintegratio UR 2) , também ela empenhada em fomentar e elevar tudo o que de verdadeiro, bom e belo se encontra nesta comunidade dos homens (Cfr. Gaudium et Spes GS 76).

Saúdo, com afecto, a Igreja aqui congregada, em nome do Senhor; e nos presentes – Pastores e fiéis – saúdo toda a Igreja que está em Moçambique. Saúdo, em especial, o Pastor desta Arquidiocese, Dom Jaime Pedro Gonçalves e o seu Bispo auxiliar e os demais Prelados, particularmente os das Dioceses sufragâneas de Quelimane e Tete, os Sacerdotes, os Religiosos e Religiosas, as pessoas consagradas, os vocacionados, os catequistas e animadores de comunidades e todos os fiéis presentes. Ao mesmo tempo, saúdo esta jovem Nação; saúdo-a pela sua independência; saúdo toda a população, com os ilustres Responsáveis pelos seus destinos. E quero aqui reconhecer os méritos de quantos têm vinco a edificar esta comunidade nacional, à custa de sacrifícios; e render homenagem aos muitos missionários, que têm labutado e labutam em toda a extensão de Moçambique por construir esta Igreja viva.

2. É para mim motivo de alegria intensa estar hoje aqui, a celebrar nesta Eucaristia a graça da evangelização, realizando ao mesmo tempo o serviço de Pedro na vossa terra; venho como peregrino do Evangelho e como missionário, mandado pelo Pai e por Jesus Cristo. Nesta Igreja missionária, por força do ministério pontifical, que um misterioso desígnio de Deus me confiou, eu tenho consciência de ser o primeiro responsável pela acção evangelizadora. E por isso

– como Pastor da Igreja universal, em obediência ao Bom Pastor venho “conhecer” e “apascentar” as ovelhas do seu rebanho, e dar-lhes a oportunidade de “verem Pedro” na pessoa do seu humilde sucessor como Bispo de Roma, que aqui vem realizar o mandato de “confirmar os irmãos”;

– como Vigário de Cristo, venho anunciar o Reino de Deus, desejando trazer a todos a sua bênção e a sua paz.

3. Venho, pois, a Moçambique – e hoje à Beira – em nome de Jesus Cristo. Ele – depois de ter realizado a sua missão de Messias na terra afirmou: “Todo o poder me foi dado no Céu e na Terra”; e deu aos Apóstolos o seguinte encargo: “Ide, pois, fazer discípulos de todas as nações, baptizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinai-lhes a cumprir tudo quanto vos mandei” (Mt 28,18-20).

Os Apóstolos obedeceram prontamente. E desde então, cumprindo este mandato do Senhor Jesus, muitos missionários têm cruzado os caminhos do mundo inteiro. E chegou o tempo de essa ordem do Redentor do homem começar a realizar-se também entre os povos que habitavam o continente africano, ao longo da costa do Oceano Indico. E aqui começou a implantar-se a Igreja, que nasceu do Mistério pascal e se propaga pela missão dada por Jesus Cristo, o primeiro Evangelizador, aliás, o “Evangelho de Deus”.

878 4. A história diz-nos que, no final do século quinze, com os navegadores portugueses que aportaram à ilha de Moçambique, vinham nas suas caravelas alguns Sacerdotes missionários, trazendo o Evangelho como bagagem e a Cruz como distintivo. Entre estes, a história regista o nome de São Francisco Xavier, que, após alguns meses de permanência na ilha de Moçambique, prosseguiu a sua viagem para a India. Sucessivamente vieram novos missionários, da Ordem dos Dominicanos e da Companhia de Jesus, que aqui iniciaram o trabalho de evangelização.

Depois desse trabalho pioneiro, outras Famílias religiosas se vieram juntar aos primeiros que aqui “pregaram a Palavra da verdade e geraram igrejas”: (Sto. Agostinho Enarrat. in
Ps 44, 23:CCL 38, 510) dos Agostinhos aos Irmãos de São João de Deus, dos Franciscanos aos Padres de Cernache e aos Padres do Verbo Divino e Monfortinos, sem nomear os mais recentes.

No seu trabalho de evangelizar, não deixaram de contribuir também para a promoção social e cultural das populações deste território, que hoje forma a Nação Moçambicana. Em obediência às palavras do Mestre – “quem acreditar e for baptizado será salvo” (Mc 16,16) – os missionários realizaram um trabalho amplo e meritório, apesar das limitações impostas pelo condicionalismo das diversas épocas. Comprova-o a vossa presença aqui, neste dia.

5. São conhecidas as não fáceis condições em que, no presente, aqui se processa a caminhada do Evangelho e os entraves ao dinamismo do Reino, para a realização plena do mandato: “fazer discípulos” e ensiná-los a cumprir “tudo quanto” o Senhor mandou. E isso não provém apenas de falhas do passado; mas de toda uma situação de procura de caminhos novos, nesta jovem Nação.

O quadro frequentemente descrito pelos missionários que vivem convosco não é sem sombras, por causa da predominante situação de insegurança, devida à violência, que, como sempre, gera violência, ansiedade e morte, ficando limitados os espaços de liberdade. Isto agrava-se ainda, quando se dá a ampliação e a socialização da atitude de, singular e colectivamente, os homens se fecharem à transcendência, se fecharem a Deus. Mas não quereria deixar de reconhecer aqui os esforços que estão a ser feitos, neste momento, para estas dificuldades serem superadas.

Uma sociedade – sabemo-lo – depende do tipo de homens que a constituem; e o seu desenvolvimento autêntico e integral não pode prescindir da realidade e da vocação do homem, da igualdade fundamental das pessoas, com todos os seus direitos e deveres. E quando prescinde, isso vai repercutir-se também na família, na escola, nos grupos intermediários legítimos e, por fim, na sociedade como tal.

Com efeito, enquanto os indivíduos e as comunidades não virem rigorosamente respeitadas as exigências morais, espirituais e culturais, fundadas na dignidade da pessoa humana e na identidade de cada comunidade, todos os demais bens resultarão insatisfatórios. É, afinal, o que o mesmo Senhor advertia, relacionado com a hierarquia dos valores: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma?” (Mt 16,26 Sollicitudo Rei Socialis SRS 29-33)

6. Não obstante os obstáculos encontrados, a Igreja de Cristo, chamada a seguir pelo caminho que Ele trilhou, quando realizou a obra da Redenção na pobreza e na perseguição, continua a caminhar. E para isso encontra forças no poder do Senhor ressuscitado (Cfr. Lumen Gentium LG 8). Atendo-nos, mais uma vez, às palavras do Salmo responsorial, repitamos a súplica: “Deus se compadeça de nós... resplandeça sobre nós a luz do seu rosto” (Ps 67,5).

Esta “luz do rosto de Deus” resplandece entre os homens, quando a vida social se desenrola segundo o espírito da justiça e da paz. A verdade e a justiça ligam o céu e a terra, em perfeita harmonia, desde o momento em que “a terra germinou o Justo”, Jesus Cristo, que é a nossa paz. Ele é o “fruto” de uma terra tornada fecunda pelo Espírito Santo; incarnou e realizou a nossa salvação, que se abre no sentido de um aperfeiçoamento da terra dos homens, originando e sustentando a nossa esperança. Por isso, continua a oração do Salmista: “Exulte o mundo de alegria, pois o julgais com justiça; julgais os povos com equidade e governais as nações sobre a terra”(Ibidem).

7. Evangelizar a Boa Nova do Reino, “que vem e que já começou”, é a missão perene da Igreja “até ao fim do mundo” como comunidade de esperança e de amor fraterno: “Na terra se conhecerão os seus caminhos; e entre os povos a sua salvação” (Ibidem, 11). Também nesta terra e entre este Povo de Moçambique.

Evangelizar, “é antes de mais der testemunho, de maneira simples e directa, de Deus revelado por Jesus Cristo no Espírito Santo” (Evangelii Nuntiandi EN 26); é testemunhar que “Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho único” (Jn 3,16); que Deus é Pai, rico em misericórdia, continuamente a oferecer aos homens a possibilidade de entrarem e viverem no âmbito da salvação. Evangelizar é, ainda, empenhar-se para que se realize a petição do “Pai-nosso”: “venha a nós o vosso Reino”.

879 Neste Reino entra-se pela graça baptismal: “baptizai-os, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19); e nele se permanece e se vive mediante um esforço contínuo de conversão e o recurso à vida sacramental, a fim de poder “cumprir tudo quanto” o Salvador nos mandou e quis nos fosse ensinado, a partir de quando pedimos à Igreja o dom da fé, para a vida eterna, no Baptismo.

8. A salvação, como anúncio profético do Além e como vocação profunda do homem, está ao mesmo tempo em continuidade e em descontinuidade com a sua situação histórica presente, no cenário deste mundo que passa (Cfr. 1Co 7,31).

Mas deve marcar o homem, os seus valores, a sua convivência social e a consciência de si mesmo. Em Cristo e por Cristo, nasceu o “homem novo”, com aquela novidade de “justiça” e “santidade” que lhe foi obtida pelo Mistério pascal. E é com “homens novos” que hão-de surgir as sociedades novas.

Mas para que a mensagem da salvação, o Evangelho, influencie de facto a vida do homem moçambicano, é preciso que ele o entenda e o veja como um bem para si, como um valor que pode trazer-lhe um enriquecimento. Põe-se o problema da inculturação.

9. É um trabalho importante e delicado, que exige discernimento, seriedade, competência e respeito, a fim de transpor sem traição à sua verdade essencial, toda a mensagem do Evangelho para uma “linguagem”, em sentido lato, que possa tronar-se a “linguagem” deste homem moçambicano, no seu “diálogo” com Deus e com os irmãos. Quero exprimir aqui a dúplice confiança:

em Deus, cuja Palavra incarnou em Jesus Cristo: “O Verbo fez-se homem e habitou entre nós” (Jn 1,14). Ao assumir assim as dimensões da nossa história e o rosto do nosso mundo revestiu-se da “nossa” cultura e tomou sobre si o peso das nossas situações. Compartilhou e fez-se partilha. Está aqui o modelo a imitar, para que a evangelização possa dizer-se, nalgum sentido, prolongamento da revelação que Deus fez de si mesmo;

nos Pastores e directos colaboradores nesta terra moçambicana, que têm dado provas de sabedoria e facto, no esforço de conjugar de forma harmoniosa as exigências do Evangelho com os traços da cultura local, com atenção à presença da Igreja universal.

Devendo entrar em contacto com todos os povos e todas as culturas, a Igreja quer enriquecer-se com os valores verdadeiros que aí encontra.

E a experiência ensina-lhe que é pastoralmente frutuoso usar expressões culturais peculiares de um povo, por exemplo, no sistema de relacionamento dentro da comunidade, na pregação, na catequese e na liturgia. Mas neste campo há que respeitar, com amorosa e total fidelidade, os textos e os ritos que a legítima Autoridade deliberou excluir do âmbito da criatividade de pessoas e de grupos.

10. Neste momento, vive-se em Moçambique uma experiência eclesial da caridade, na esperança da reconciliação do homem com Deus, consigo mesmo e com os outros. O Evangelho é reconciliação e é comunhão.

E alegro-me por saber que a Igreja está bem cônscia de que aquilo que tem a dizer aos homens, como Igreja, não nasce simplesmente de uma situação peculiar e não é mero resultado de reflexões humanas: tem a sua fonte em Jesus Cristo, “o mesmo ontem, hoje e para sempre”(He 13,89).

880 O Evangelho é escuta e diálogo, que exige valentia e coragem apostólica. Deus fala e quer falar, através do presente condicionalismo, ao Povo moçambicano. E compete aos pastores, interpretar essa fala às comunidades cristãs. Muito tem feito, apesar das dificuldades. Mas muito resta ainda por fazer.

Este povo, que se interroga, será portador, certamente de mensagens que preconizam um futuro mais humano para os Moçambicanos. A luta por salvar a vida própria e a dos seus semelhantes, impelidos por sentimentos de caridade e de solidariedade, não deixará de plasmar, mais tarde ou mais cedo, a grande família da Nação.

11. A acção evangelizadora global, deve prosseguir, sem quebra nem esmorecimento. Neste momento, em que circulam com frequência notícias tristes em Moçambique e de Moçambique, é preciso apontar a todos o projecto de salvação de Deus, exarado na Bíblia: a Boa Nova da alegria pelo Salvador, que veio instaurar o Reino da fraternidade e da paz entre todos os homens.

Que continue o diálogo dos Responsáveis da Igreja, com quem de direito, em prol da vida e da liberdade e para alcançar as infra-estruturas necessárias à evangelização, como serviço de valorizacão integral do homem e da sociedade. A Palavra e o Espírito da verdade não podem senão ter em vista educar no respeito, fazer crescer no amor, purificar e libertar da ambiguidade, restituindo às pessoas a sua dignidade e liberdade: “A verdade vos tornará livres” (
Jn 8,32).

12. Depois da sua ressurreição – e antes de voltar para junto do Pai – Cristo Senhor permaneceu com os seus discípulos preparando-os para o dia do Pentecostes: “Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria, e até aos confins do mundo” (Ac 1,8).

Sereis minhas testemunhas também em terras de Moçambique. Hoje as testemunhas de Cristo ressuscitado em Moçambique sois vós: todos aqueles que escutando e acolhendo a Palavra de Deus, se empenham em viver cristãmente, cada um segundo a sua vocação, e testemunham, mesmo silenciosamente, a Boa Nova da salvação. É um compromisso de todos os baptizados que, tendo recebido o dom da fé, se sentem adultos em Igreja, responsáveis na comunidade e conscientes da adesão e pertença ao Reino do Rei-Servo e Sacerdote-Profeta, Jesus Cristo.

É obrigação que incumbe aos Bispos e Sacerdotes, aos membros dos Institutos de vida consagrada e aos Leigos; e dentre estes, em especial aos comprometidos no apostolado, aos pais de família, aos padrinhos, aos catequistas, aos animadores das comunidades; mas também aos jovens, às pessoas idosas, aos que sofrem, enfim, a todo o Povo de Deus (Cfr. Ad Gentes AGD 35-41).

A evangelização é uma obra de fé, mas é também arte; e como tal exige preparação e uso de meios adequados. Conheço os esforços e sacrifícios que fazeis neste sentido, para que o Evangelho se expanda e crie raízes na alma do vosso povo. Encorajo-vos a prosseguir, na certeza de que o principal compromisso do evangelizador é com o Evangelho; e o resto, embora urgente, é subsidiário (Cfr. Mt Mt 6,33).

13. Juntamente convosco uma vez mais, com as palavras inspiradas do Salmista, suplico: “Deus se compadeça de nós”! Deus se compadeça do vosso País! E vos dê a sua bênção, para continuardes a actividade evangelizadora, que vos impele a revelar a todos, pequenos e grandes, “o mistério escondido desde séculos às gerações passadas” (Cfr. Cl Col 1,26). E que resplandeça sobre vós a luz do seu rosto!

Sim! Que Deus faça resplandecer a luz do seu rosto e ilumine os caminhos, pelos quais deve enveredar Moçambique em direção ao futuro: a sociedade e a Igreja!

No momento em que o Senhor Jesus “enviava” os Apóstolos por todo o mundo, primeiro disse-lhes: “Todo o poder me foi dado no Céu e na Terra”. Não se trata, obviamente, de um poder temporal, nem político. É o poder de decidir quanto ao Reino de Deus na terra: é o poder sobre o pecado e sobre a consciência de todos e cada um dos homens.

881 É o poder que foi consolidado pelo Sacrifício da Cruz e que foi revelado na Ressurreição pela vitória sobre a morte.

É o poder que não é de origem humana: mas, verdadeiramente, de origem divina.

É revestido da autoridade que esse poder lhe confere, que Jesus fala aos Apóstolos no momento da separação visível: e, pelos Apóstolos, fala à Igreja, ao longo de todas as gerações: fala-nos, aqui e agora, a nós em Moçambique.

“E Eu estou sempre convosco, todos os dias, até ao fim do mundo” (
Mt 28,20). Também aqui, com os missionários, antes de nós. E, hoje, connosco!

No meio de todos os sofrimentos e provações do nosso tempo, que estas palavras se tornem para nós, cada vez mais, motivo de firmeza e nos sirvam de apoio.

Glória a Vós, Rei dos séculos!

Amém.



Homilias JOÃO PAULO II 871