Homilias JOÃO PAULO II 993


NA MISSA CELEBRADA NA PARÓQUIA ROMANA


DE SÃO SALVADOR «IN LAURO»


Domingo, 16 de Março de 1997




1. «Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto» (Jn 12,24).

Com estas palavras, a Liturgia hodierna convida-nos a preparar o tempo da Paixão do Senhor, no qual entraremos a partir de domingo próximo. Cristo pronunciou- as quando alguns Gregos, que desejavam aproximar-se d’Ele, pediram a Filipe: «Senhor, queríamos ver a Jesus » (Jn 12,21). Cristo pronunciou então um discurso de conteúdo, à primeira vista difícil e obscuro: «Chegou a hora de ser glorificado o Filho do homem... Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo aborrece a sua vida conservá-la-á para a vida eterna» (Jn 12,23 Jn 12,25).

Na realidade, nestas palavras está contido em síntese o significado essencial dos acontecimentos da Semana santa. Aquela «hora», na qual deve ser glorificado o Filho do Homem, é a «hora» da Sua paixão e morte na cruz. Precisamente naquela «hora» o grão de trigo lançado na terra, isto é, o Filho de Deus feito homem, morrerá para produzir os inestimáveis frutos da redenção. N’Ele a morte levará ao triunfo da Vida.

O trecho evangélico há pouco proclamado fala do temor de Jesus, no limiar do Mistério pascal. «Agora a Minha alma está perturbada; e que direi Eu? Pai, salva-Me desta hora? » (Jn 12,27-28). Parece como que ressoar neste texto a oração do Getsémani, quando Jesus, experimentando o drama da solidão e do temor, pede ao Pai que afaste o cálice do sofrimento. Ao mesmo tempo, porém, Ele aceita cumprir até ao fim a Sua vontade. Depois de ter dito: «Pai, salva-Me desta hora», imediatamente prossegue: «Mas por causa disto é que cheguei a esta hora. Pai, glorifica o Teu nome» (Ibidem).

2. Do Mistério pascal fala também a segunda Leitura, que recorda como Cristo, «quando vivia na carne, ofereceu, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas Àquele que O podia salvar da morte, e foi atendido pela Sua piedade» (He 5,7). Dever-se-ia aqui perguntar: de que modo Cristo foi atendido, se Aquele que O podia salvar permitiu que fosse submetido à experiência trágica da Sexta-feira santa?

994 Na sequência do texto sagrado encontramos a resposta: «Apesar de Filho de Deus, aprendeu a obedecer, sofrendo, e, uma vez atingida a perfeição, tornou-Se para todos os que Lhe obedecem fonte de salvação» (He 5,8-9). Cristo foi atendido, então, como Redentor do mundo, tendo-Se tornado causa de salvação para todos os que n’Ele acreditam. É quanto está escrito com clareza no trecho de S. João: «Se alguém quer servir-Me, que Me siga; e, onde Eu estiver, ali estará também o Meu servidor» (Jn 12,26).

3. Caríssimos Irmãos e Irmãs da paróquia de São Salvador «in Lauro»! É-me grato estar no meio de vós, hoje, para celebrar o Dia do Senhor. Saúdo cordialmente o Cardeal Vigário, o Bispo Auxiliar do Sector, o vosso Pároco, Padre António Tedeschi, e os seus Colaboradores, entre os quais — já há muitos anos — Mons. Luigi De Magistris, Regente da Penitenciaria Apostólica. Saúdo os representantes dos vários grupos e associações que trabalham nesta comunidade e todos vós, queridos paroquianos, que não quisestes faltar a esta celebração.

Dirijo um especial pensamento ao Presidente, ao Assistente Eclesiástico e aos Membros do Pio Sodalício dos «Piceni », e aos Senhores Bispos D. Sérgio Sebastiani e D. Elio Sgreccia, assim como aos inúmeros fiéis provenientes da Região das Marcas aqui presentes, ligados por profundos vínculos de fé e de tradição cultural a esta antiga e bonita igreja. Este templo é testemunha de séculos de história e, sobretudo, da antiga devoção à Bem-aventurada Virgem de Loreto, aqui tão venerada. Dirijo uma especial saudação ao Cardeal Pietro Palazzini.

Caríssimos, a vossa é uma pequena paróquia situada no centro histórico de Roma e, como muitas outras a vós limítrofes, na sua actividade pastoral ressente dos fenómenos típicos destes bairros da cidade, tais como a escassez de novas famílias e de jovens, o número reduzido de residentes devido ao alto custo dos apartamentos e às numerosas lojas e escritórios que, aos poucos, os substituíram, e à dispersão dos fiéis nas muitas e próximas igrejas do centro. Tudo isto condiciona, quase inevitavelmente, a pastoral paroquial. Por isso, enquanto se deve insistir nas iniciativas ordinárias para os poucos habitantes do território, que estão empenhados em manter vivas as características da antiga Roma, e na assistência humana e espiritual a quantos prestam serviço junto das famílias da zona, é necessário empenhar-se por uma pastoral renovada, que responda de modo cada vez mais adequado às novas exigências do bairro.

4. Penso, por exemplo, em quanto já fazeis de modo louvável quando no bairro se realizam exposições-mercado ou outras manifestações semelhantes, que atraem para o território paroquial um grande número de pessoas. Manter aberta a vossa bonita igreja também à noite e acolher os visitantes até muito tarde, oferecendo-lhes a possibilidade de participarem numa liturgia bem cuidada e de se aproximarem do sacramento da Reconciliação, é um modo válido e concreto de evangelizar.

Por ocasião do Grande Jubileu do Ano 2000, o centro de Roma será visitado por muitos peregrinos. Ter a possibilidade de visitar igrejas acolhedoras e prontas a oferecer momentos espirituais e culturais qualificados, constituirá uma importante ocasião de encontro com a Igreja que está em Roma, e para os fiéis da Cidade será estímulo a criar novas formas de anúncio do Evangelho, empenhando-se naquela obra missionária integral, que cada vez mais deve ser a Missão da Cidade.

Sei que também na vossa Paróquia estais a mover-vos neste sentido. A Missão da Cidade, que já estimula a trabalhar juntos por zonas pastorais, ajude e favoreça os esforços que estais a realizar para uma sempre maior e mais incisiva presença evangelizadora em Roma.

5. «Dias virão — oráculo do Senhor — em que firmarei nova Aliança» (Jr 31,31). Com esta sugestiva visão da Nova Aliança o profeta Jeremias, na Primeira Leitura há pouco proclamada, anuncia o futuro renovamento das relações entre Deus e o Seu povo, mediante o sacrifício de Cristo.

O texto profético assenta esta decisiva intervenção salvífica de Deus no dom de uma nova Lei: «Oráculo do Senhor: Imprimirei a Minha Lei, gravá-la-ei no seu coração. Serei o seu Deus e Israel será o Meu povo» (Jr 31,33).

Para que a Lei definitiva de Deus, isto é, o Decálogo completado por Jesus no mandamento do amor, pudesse ser gravada no coração do homem, era necessário precisamente aquele Sacrifício, para o qual a Liturgia destes dias nos está a encaminhar. À luz da paixão e morte de Cristo, adquirem um novo e mais profundo significado também as palavras do rei David, ressoadas no Salmo responsorial: «Ó Senhor, criai em mim um coração puro, e renovai no meu interior um espírito recto. Não me afasteis da Vossa presença nem me priveis do Vosso santo espírito» (Ps 50,12-13).

São palavras que encontrarão a sua plena realização no Mistério pascal. Com efeito, a Redenção coincide com a nova criação uma vez que, através dela, ao homem pecador é restituída a alegria da salvação e lhe é dado o júbilo do Espírito Santo.

995 Enquanto nos encaminhamos, já a passos largos, para a paixão, morte e ressurreição do Senhor, façamos nossa a oração do profeta David:

Senhor, dai também a nós a alegria de sermos salvos, sustentai em todos os Vossos fiéis um espírito generoso.

Renovai a firmeza do nosso espírito, a fim de podermos ensinar as Vossas vias aos nossos irmãos (cf. Sl
Ps 50,13-14), para fazer com que todos retornem a Vós, e juntos gozem dos frutos da Vossa Redenção.

Amém!







NO DOMINGO DE RAMOS


E XII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE


23 de Março de 1997


1. «Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor!... Hosana nas alturas! » (Mc 11,9-10).

Estas aclamações da multidão, reunida para a festa da Páscoa em Jerusalém, acompanham o ingresso de Cristo e dos Apóstolos na cidade santa. Jesus entra em Jerusalém montado num jumentinho, segundo a palavra do Profeta: «Dizei à filha de Sião: Aí vem o teu Rei, ao teu encontro, manso e montado num jumentinho, filho duma jumenta» (Mt 21,5).

O animal escolhido está a indicar que não se trata de um ingresso triunfal, mas do ingresso de um rei manso e humilde de coração. Contudo, as multidões reunidas em Jerusalém, quase sem notar esta expressão de humildade, ou talvez reconhecendo nela um sinal messiânico, saúdam Cristo com palavras repletas de enlevo: «Hosana ao Filho de David! Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!» (Mt 21,9). E quando Jesus entra em Jerusalém, toda a cidade está em agitação. O povo pergunta-se: «“Quem é Este?”, é há quem responde: “É Jesus, o profeta de Nazaré, da Galileia”» (Mt 21,10-11).

Não era a primeira vez que o povo reconhecia em Cristo o rei esperado. Já havia acontecido depois da multiplicação milagrosa dos pães, quando a multidão queria levá-l’O em triunfo. Jesus, porém, sabia que o Seu reino não era deste mundo; por isso subtraiu-Se àquele entusiasmo. Agora Ele encaminha-Se rumo a Jerusalém para enfrentar a prova que O espera. Está consciente de ir lá pela última vez, para uma semana «santa», no termo da qual esperam-n’O a paixão e a morte. Ele vai ao encontro de tudo isto com plena disponibilidade, sabendo que assim se cumpre n’Ele o eterno desígnio do Pai.

A partir daquele dia, a Igreja difundida em todo o orbe terrestre repete as palavras da multidão de Jerusalém: «Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor». Repete-as todos os dias ao celebrar a Eucaristia, pouco antes da consagração. Repete-as com particular ênfase hoje, Domingo de Ramos.

2. As Leituras litúrgicas apresentam-nos o Messias que sofre. Elas referem-se, antes de tudo, aos Seus sofrimentos e à Sua humilhação. A Igreja proclama o Evangelho da paixão do Senhor segundo um dos Sinópticos; o apóstolo Paulo, ao contrário, na Carta aos Filipenses oferece-nos uma síntese admirável do mistério de Cristo, o Qual, «Ele que era de condição divina, não reivindicou o direito de ser equiparado a Deus. Mas despojou-Se a Si mesmo tomando a condição de servo... Por isso é que Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus... toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus Pai» (2, 6-11).

996 Este hino de inestimável valor teológico apresenta uma síntese completa da Semana Santa, desde o Domingo de Ramos, através da Sexta-Feira Santa, até ao Domingo da Ressurreição. As palavras da Carta aos Filipenses, retomadas em forma progressiva dum antigo responsório, acompanhar-nos-ão durante o inteiro Triduum Sacrum.

O texto paulino contém em si o anúncio da ressurreição e da glória, mas a Liturgia da Palavra do Domingo de Ramos concentra-se, antes de tudo, na paixão. Dela falam quer a primeira Leitura quer o Salmo responsorial. No texto, que é parte dos chamados «cânticos do Servo de Javé», é delineado o momento da flagelação e da coroação de espinhos; no Salmo é descrita com realismo impressionante a dolorosa agonia de Cristo na cruz: «Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?» (
Ps 21,2).

Estas palavras, as mais comoventes, as mais tocantes, pronunciadas do alto da cruz na hora da agonia, ressoam hoje como uma antítese manifesta, expressa à voz alta, daquele «Hosana», que também ressoa durante a procissão dos ramos.

3. Desde há alguns anos o Domingo de Ramos tornou-se o grande dia mundial da juventude. Foram os próprios jovens que abriram o seu caminho: desde o início do meu ministério na Igreja de Roma, neste dia eles reuniam-se aos milhares na Praça de São Pedro. A partir deste facto, no decurso dos anos, desenvolveram- se os Dias Mundiais da Juventude, cuja celebração atravessa a Igreja inteira, nas paróquias, nas dioceses, e cada dois anos num lugar escolhido para todo o orbe terrestre. A partir do ano de 1984, os encontros mundiais foram realizados sucessivamente em ritmo bienal: em Roma, em Buenos Aires na Argentina, em Santiago de Compostela na Espanha, em Czêstochowa-Jasna Góra na Polónia, em Denver nos Estados Unidos, em Manila nas Filipinas. No próximo mês de Agosto, o encontro está fixado em Paris, na França.

Por este motivo, no ano passado, durante a celebração do Domingo de Ramos, os representantes dos jovens das Filipinas entregaram aos seus coetâneos franceses a cruz peregrinante do «Dia Mundial da Juventude». Este gesto tem uma sua eloquência particular: é como que uma redescoberta, por parte dos jovens, do significado do Domingo de Ramos, no qual eles são efectivamente protagonistas. Recorda a Liturgia que «pueri hebraeorum, portantes ramos olivarum...», «os jovens hebreus, levando ramos de oliveira, iam ao encontro do Senhor e aclamavam em voz alta: Hosana ao Filho de David» (Ant.).

Pode-se dizer que o primeiro «Dia Mundial da Juventude» foi precisamente o de Jerusalém, quando Cristo entrou na cidade santa; de ano em ano nós nos ligamos àquele evento. O lugar dos «pueri hebraeorum» foi ocupado por jovens de várias línguas e raças. Todos, como os seus predecessores na Terra Santa, desejam acompanhar Cristo, ser partícipes da sua Semana de Paixão, do seu Triduum Sacrum, da Sua Cruz e ressurreição. Eles sabem que Ele é aquele «Bendito» que «veio em nome do Senhor», trazendo a paz sobre a terra e a glória no alto dos céus. Aquilo que, na noite de Natal, cantaram os anjos sobre a manjedoura de Belém, ressoa hoje com um alto eco no limiar da Semana Santa, na qual Jesus se apresta para cumprir a Sua missão messiânica, operando a redenção do mundo mediante a cruz e a ressurreição.

Glória a Vós, ó Cristo, Redentor do mundo! Hosana

HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II

NA SANTA MISSA CRISMAL

27 de Março de 1997

1. Jesu, Pontifex quem Pater unxit Spiritu Sancto et virtute — miserere nobis.


Vêm à mente estas palavras das Ladainhas a Cristo Sacerdote e Vítima, enquanto celebramos a santa Missa Crismal da Quinta-Feira Santa. No decurso desta Liturgia, que se distingue pela sua peculiaridade e intensidade, benzemos o sagrado Crisma, juntamente com o óleo dos catecúmenos e o dos enfermos. Óleos que depois servirão para a administração dos sacramentos do Baptismo, da Confirmação, da Ordem e da Unção dos enfermos.

As leituras da Liturgia hodierna falam da unção, sinal visível do invisível dom do Espírito Santo. Na leitura tirada do Livro do profeta Isaías, lemos: «O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor me ungiu. Enviou-me a levar a Boa Nova aos pobres, a curar os de coração despedaçado, a anunciar a liberdade aos cativos, a libertação aos que estão presos; proclamar um ano de graças da parte do Senhor» (Is 61,1-2).

997 A estas palavras de Isaías referir-se-á o Senhor Jesus na sinagoga de Nazaré, no início da Sua missão messiânica. Naquele dia, como nos foi recordado no trecho evangélico, Jesus levantou-Se para ler. Foi-Lhe dado o livro do profeta Isaías. Tendo-o aberto, encontrou a passagem onde estavam escritas as palavras mencionadas acima. Jesus leu aquelas palavras, depois enrolou o livro, entregou- o ao empregado e disse: «Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura, que acabastes de ouvir» (cf. Lc Lc 4,16-21).

2. Este hoje de Nazaré, devemos transpô-lo para a Quinta-Feira Santa, que agora celebramos. Neste dia, com a santa Missa in Caena Domini, a Igreja inicia o Triduum Sacrum, os três dias santos que tornam presente o Mistério pascal de Cristo.

A Quinta-Feira Santa é o dia da instituição da Eucaristia e, juntamente com ela, do Sacramento do Sacerdócio. Parecem indicá-lo de modo particular as palavras do Apocalipse, ressoadas na segunda Leitura: «Àquele que nos ama e que com o Seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus, Seu Pai, glória e poder para todo o sempre» (Ap 1,5-6). Esta doxologia é dirigida a Cristo «sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque» (cf. He 5,6). Melquisedeque era rei e sacerdote do Deus Altíssimo. Oferecia em sacrifício não os seres vivos, mas o pão e o vinho. Cristo no Cenáculo instituiu a Eucaristia na qual, sob as espécies do pão e do vinho, tornou presente até ao fim dos tempos o Sacrifício da Sua morte na cruz.

Igreja renova continuamente de modo incruento o Sacrifício cruento do seu Senhor, a imolação do Seu corpo e do Seu sangue. Contemplando com o olhar da fé, todos os que participam na Eucaristia sabem que, misticamente, tomam parte no Sacrifício da cruz, culminado no lado trespassado de Cristo por parte de um soldado romano. São João, fazendo-se eco do profeta Zacarias, escreve no Evangelho: «Hão-de olhar para Aquele que trespassaram» (Jn 19,37); e no Apocalipse: «...se lamentarão por causa d’Ele» (Ap 1,7).

3. Caríssimos Irmãos Sacerdotes, a Quinta-Feira Santa é um dia particular para o nosso sacerdócio. É a festa da sua instituição. Por isso, hoje, todos os Bispos, nas respectivas Dioceses espalhadas pelo mundo inteiro, concelebram a Liturgia eucarística com os presbíteros das suas Comunidades. Também o Bispo de Roma o faz. Com espírito repleto de reconhecimento renovamos juntos as promessas feitas no dia da Ordenação, quando recebemos a unção do Espírito Santo. Oremos para que a graça daquela unção jamais nos abandone e sempre nos conforte. Antes, nos acompanhe cada dia do nosso ministério para que, fiéis a Cristo que nos chamou, sirvamos com zelo apostólico o povo cristão e cheguemos vigilantes e operosos até ao final dos nossos dias.

«Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição à espera da vossa vinda». Cristo, Vós sois «o Alfa e o Ómega... O que é, que era e que há-de vir» (Ap 1,8).

Amém!



MISSA "IN COENA DOMINI"




27 de Março de 1997




1. Todos os anos, esta Basílica de S. João de Latrão acolhe a assembleia que se reúne para o solene Memorial da Última Ceia.

Os fiéis vêm, da Cidade e do mundo, para perpetuarem a lembrança daquele acontecimento que se verificou numa Quinta-feira, há tantos anos, no Cenáculo, e que a Liturgia, neste dia, comemora como sempre actual. Ele continua como Sacramento do Altar, Sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo. Continua como Eucaristia.

Estamos reunidos, antes de mais, para repetir o gesto que Cristo realizou ao início da Última Ceia, isto é, o lava-pés. O Evangelho de João pôs à nossa consideração a resistência de Pedro face à humilhação do Mestre, e o ensinamento com que Cristo comentou o seu gesto: «Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, visto que o sou. Ora, se Eu vos lavei os pés, sendo Senhor e Mestre, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, como Eu vos fiz, façais vós também» (Jn 13,13-15).

998 E quando chega a hora do Banquete Eucarístico, Cristo reitera a necessidade de servir. «O Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por todos» (Mc 10,45).

Estamos aqui reunidos, portanto, para novamente apresentar ao vivo a memória do maior mandamento, o mandamento do amor: «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos» (Jn 15,13). Isto mesmo é representado ao vivo no gesto que Cristo cumpriu na presença dos Apóstolos: «Chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai»; a hora do amor supremo: «Ele que amara os seus que estavam no mundo, levou até ao extremo o seu amor por eles» (Jn 13,1).

2. O ponto culminante de tudo isto é a Última Ceia, no Cenáculo de Jerusalém. Estamos reunidos para reviver este acontecimento, a instituição daquele admirável Sacramento de que vive incessantemente a Igreja, daquele Sacramento que, ao nível da sua realidade mais autêntica e profunda, constitui a Igreja. Não existe a Eucaristia sem a Igreja, mas também, e antes ainda, não existe a Igreja sem a Eucaristia.

Eucaristia quer dizer dar graças. Por isso, rezávamos no Salmo Responsorial: «Que retribuirei ao Senhor por tudo quanto Ele me deu?» (cf. Sal Ps 115,12). Apresentamos sobre o altar a oferta do pão e do vinho, como permanente acção de graças por todo o bem que recebemos de Deus, pelos bens da criação e da redenção. A Redenção foi realizada por meio do Sacrifício de Cristo. A Igreja, que anuncia a Redenção e vive da Redenção, deve continuar a fazer sacramentalmente presente este Sacrifício; e do mesmo deve auferir as forças para ser ela mesma.

3. Esta celebração eucarística in Cena Domini recorda-o, com singular eloquência. A primeira leitura, tirada do livro do Êxodo, relembra aquele momento da história do povo da Antiga Aliança em que mais intensamente foi prefigurado o mistério da Eucaristia: a instituição da Páscoa. O povo devia ser liberto da escravidão do Egipto, devia sair livre da terra de escravidão, e o preço do resgate era o sangue do cordeiro.

Aquele cordeiro da Antiga Aliança encontrou o seu significado pleno na Nova Aliança. Foi o que aconteceu, nomeadamente, através do ministério profético de João Baptista, quando ele disse, apontando para Jesus de Nazaré que vinha ao rio Jordão receber o baptismo: «Aí está o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» (Jn 1,29).

Não é por acaso que aparecem estas palavras no centro da Liturgia Eucarística. As leituras da Santa Missa da Ceia do Senhor recordam-no-las, para indicar que, com este vivo Memorial, entramos na hora da Paixão de Cristo. E é precisamente nesta hora que será revelado o mistério do Cordeiro de Deus. Deste modo as palavras pronunciadas por João Baptista, nas margens do Jordão, obterão um claro cumprimento. Cristo será crucificado. Como Filho de Deus, aceitará a morte, para libertar o mundo do pecado.

Abramos os nossos corações, participemos com fé neste grande mistério e aclamemos, juntamente com toda a Igreja, reunida em assembleia eucarística: «Anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição. Vinde Senhor Jesus».



MISSA NA VIGÍLIA PASCAL




Sábado, 29 de Março de 1997

1. «Haja luz» (Gn 1,3).


Durante a Vigília Pascal, a Liturgia proclama estas palavras tiradas do livro do Génesis. E, de facto, constituem um eloquente motivo condutor desta celebração admirável. Ao princípio, é benzido o «lume novo» e, com ele, acende-se o círio pascal, que, depois, é levado em procissão até ao altar. O círio inicia o seu caminho e avança durante algum tempo na escuridão, até ao momento em que, entoado pela terceira vez "Lumen Christi", a luz volta a iluminar toda a Basílica.

999 Foram, assim, ligados entre si os elementos das trevas e da luz, da morte e da vida. E, neste cenário, ressoa o relato bíblico da criação. Deus diz: «Haja luz» (Gn 1,3). Em certo sentido, trata-se do primeiro passo rumo à vida. Nesta noite, deve operar-se uma singular passagem da morte para a vida, e o rito da luz, acompanhado pelas palavras do Génesis, proporciona o primeiro anúncio dela.

2. No Prólogo do seu Evangelho, S. João escreve a propósito do Verbo que Se fez carne: «N'Ele estava a vida, e a vida era a luz dos homens» (Jn 1,4). Esta noite santa torna-se, assim, uma manifestação extraordinária daquela vida que é a luz dos homens. Nesta manifestação, toma parte a Igreja inteira e, de modo especial, os catecúmenos, que, no decurso desta Vigília, recebem o Baptismo.

A Basílica de S. Pedro acolhe-vos, nesta solene celebração, a vós, caríssimos Irmãos e Irmãs, que, daqui a pouco, ides ser baptizados em Cristo, nossa Páscoa. De entre vós, dois provêm da Albânia e outros dois do Zaire, países que estão a viver horas dramáticas da sua história: Que o Senhor ouça o grito dos pobres e os guie pelo caminho que leva à paz e à liberdade! Outros procedem do Benim, de Cabo Verde, da China, de Taiwan. Rezo por cada um de vós que representais, nesta assembleia, as primícias da nova humanidade, redimida por Cristo, para que sejais sempre testemunhas fiéis do seu Evangelho.

As leituras litúrgicas da Vigília Pascal unem dois elementos entre si: o fogo e a água. O elemento do fogo, que dá a luz, e o elemento da água, que se torna a matéria do sacramento do renascimento, isto é, do santo Baptismo: «Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus» (Jn 3,5). A passagem dos Israelitas através do Mar Vermelho, ou seja, a libertação da escravidão do Egipto, é figura e como que antecipação do Baptismo que liberta da escravidão do pecado.

3. A multiplicidade de motivos que, nesta Liturgia da Vigília de Páscoa, sobressaem nas leituras bíblicas, converge e funde-se, assim, numa imagem unitária. A forma mais completa desta verdade é-nos apresentada pelo apóstolo S. Paulo, na Carta aos Romanos, há pouco proclamada: «Todos nós, que fomos baptizados em Jesus Cristo, fomos baptizados na sua morte. Sepultámo-nos com Ele, pelo baptismo, na morte, e, assim como Cristo ressuscitou dos mortos, por meio da glória do Pai, também nós caminharemos numa vida nova» (Rm 6,3-4).

Estas palavras conduzem-nos mesmo ao centro da verdade cristã. A morte de Cristo, a morte redentora, é o início da passagem à vida, que se manifestou na sua ressurreição: «Se nós morremos com Cristo - continua S. Paulo -, acreditamos que também viveremos com Ele. Pois sabemos que, uma vez ressuscitado dos mortos, Cristo já não pode morrer; a morte já não tem domínio sobre Ele» (Rm 6,8-9).

4. Empunhando nas mãos a chama da Palavra de Deus, a Igreja, ao celebrar a Vigília Pascal, de certa forma detém-se no último limiar. Detém-se em grande expectativa, ao longo desta noite inteira. Ao pé do sepulcro, aguardamos pelo acontecimento, sucedido há dois mil anos. As primeiras testemunhas daquele facto extraordinário foram as mulheres de Jerusalém: elas chegaram ao lugar onde Jesus fora sepultado na Sexta-feira Santa, e encontraram o túmulo vazio. Uma voz as surpreendeu: «Procurais Jesus de Nazaré, o crucificado! Ressuscitou, não está aqui. Ali está o lugar onde O haviam depositado. Ide, pois, dizer aos seus discípulos e a Pedro: Ele vai à vossa frente para a Galileia. Lá O vereis, como vo-lo tinha dito» (Mc 16,6-7).

Ninguém viu com os seus próprios olhos a ressurreição de Cristo. As mulheres, chegadas ao sepulcro, foram as primeiras a constatar o facto já realizado.

Reunida durante a Vigília Pascal, a Igreja ouve de novo, em silenciosa expectativa, este testemunho, exteriorizando depois a sua grande alegria. Ouvímo-la anunciar há pouco pela boca do diácono: «Annuntio vobis gaudium magnum...», «Anuncio-vos uma grande alegria, Aleluia!».

Abramos o nosso coração para acolher este anúncio, participemos juntos da grande alegria da Igreja.

Cristo ressuscitou verdadeiramente! Aleluia!







NA PARÓQUIA ROMANA DE SÃO JUDAS TADEU


1000
6 de Abril de 1997


1. «Na tarde desse dia, o primeiro da semana, estando as portas da casa fechadas..., veio Jesus pôr-Se no meio deles e disse-lhes: “A Paz seja convosco!” »(
Jn 20,19).

O trecho evangélico de hoje, «Domingo in albis», narra a dúplice aparição do Ressuscitado aos Apóstolos no dia mesmo de Páscoa e oito dias depois. Na tarde do primeiro dia após o sábado, enquanto os Apóstolos se encontram reunidos num único lugar, estando as portas fechadas, vem Jesus e diz-lhes: «A Paz seja convosco!» (cf. Ibid.). Com essa saudação Ele, na realidade, oferece- lhes o dom da paz autêntica, fruto da Sua morte e ressurreição. No Mistério pascal, com efeito, realizou-se aquela reconciliação definitiva da humanidade com Deus, a qual é a fonte de todo o verdadeiro progresso rumo à plena pacificação dos homens e dos povos, entre si e com Deus.

Depois, Jesus transmite aos Apóstolos o empenho de prosseguirem a Sua missão salvífica, a fim de que através do seu ministério a salvação atinja todos os lugares e todos os tempos da história humana: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós» (Jn 20,21). À entrega da missão evangelizadora e do poder de perdoar os pecados está intimamente ligado também o dom do Espírito, como indicam as sucessivas palavras de Jesus: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados» (Jn 21,22-23).

Com estas palavras, é o ministério da misericórdia que Jesus confia aos Seus discípulos. Com efeito, no Mistério pascal manifesta-se plenamente o amor salvífico de Deus, rico em misericórdia — «dives in misericordia» (cf. Ef Ep 2,4). Neste segundo domingo de Páscoa somos convidados pela Liturgia a reflectir de modo particular sobre a misericórdia divina, que supera todo o limite humano e resplandece na obscuridade do mal e do pecado. A Igreja impele-nos a aproximar-nos com confiança de Cristo, que com a Sua morte e ressurreição revela, de maneira plena e definitiva, as extraordinárias riquezas do amor misericordioso de Deus.

2. Na aparição do Ressuscitado, ocorrida na tarde de Páscoa, não estava presente o apóstolo Tomé. Informado deste evento extraordinário, ele, incrédulo diante do testemunho dos outros Apóstolos, deseja verificar pessoalmente a veracidade de quanto eles afirmam.

Oito dias depois — isto é, na oitava de Páscoa, precisamente como hoje — repete-se a aparição. Jesus mesmo vem ao encontro da incredulidade de Tomé, oferecendo-lhe a possibilidade de tocar com a mão os sinais da paixão e convidando-o a passar da incredulidade à plenitude da fé pascal.

Diante da profissão de fé de Tomé: «Meu Senhor e meu Deus!» (Jn 20,28), Jesus pronuncia uma bem-aventurança que amplia o horizonte para a multidão dos crentes futuros: «Porque Me viste, acreditaste. Bem-aventurados os que, sem terem visto, acreditam!» (Jn 20,29). A experiência pascal do apóstolo Tomé foi maior do que a sua própria exigência. Ele, com efeito, não só pôde constatar a veracidade dos sinais da paixão e da ressurreição mas, através do contacto pessoal com o Ressuscitado, compreendeu o significado profundo da ressurreição de Jesus e, transformado no seu íntimo, declarou abertamente a sua plena e total fé no seu Senhor ressuscitado e presente no meio dos discípulos. Ele, então, pôde num certo sentido «ver» a realidade divina do Senhor Jesus, morto e ressuscitado por nós. É o próprio Ressuscitado o argumento definitivo, ao mesmo tempo, da Sua divindade e humanidade.

3. Também todos nós somos convidados a ver, com os olhos da fé, Cristo vivo e presente na Comunidade cristã. Caríssimos Irmãos e Irmãs da Paróquia de São Judas Tadeu! Sinto-me muito feliz em poder estar finalmente no meio de vós, nesta vossa bonita Paróquia.

Saúdo-vos a todos com grande afecto! Esta visita foi um pouco adiada por causa de uma doença, mas no fim chegou, e chegou no dia mais solene possível. Dirijo um pensamento cordial ao Cardeal Vigário, ao Arcebispo Vice-Gerente, ao vosso zeloso Pároco, Padre Gabriele Zuccarini, e aos Sacerdotes que colaboram com ele no cuidado pastoral da vossa Comunidade. Saúdo, além disso, as Religiosas do Instituto das Irmãs Misericordiosas e as Filhas da Caridade do Preciosíssimo Sangue. Faço extensivo o meu pensamento aos habitantes do bairro, de modo especial a quantos, por qualquer impedimento, não podem estar aqui presentes. Penso em particular nos doentes, nos anciãos e naqueles que, por vários motivos, se encontram em dificuldade.

Caríssimos Irmãos e Irmãs, na vossa Paróquia, onde aumentou nos últimos anos o número das pessoas idosas ou sozinhas e teve início o estabelecimento de uma segunda jovem geração de famílias, é mais do que nunca necessária uma obra capilar de nova evangelização. O desafio pastoral é, de facto, ajudar todas as famílias, e sobretudo as mais jovens, a descobrirem a riqueza do Evangelho e a perseverarem nos compromissos da fé cristã.

1001 Confio em particular a vós, caros fiéis membros dos inúmeros grupos paroquiais, a tarefa de serdes veículos de esperança, levando o Evangelho aos vossos irmãos que vivem no bairro. Não espereis que eles venham a vós, mas sede vós a ir ao encontro deles, confiando no poder da Palavra que levais. A Missão da Cidade, com efeito, com as suas múltiplas iniciativas actualmente em curso, chama cada cristão de Roma a redescobrir o mandato missionário, que Jesus ressuscitado confiou a todos os baptizados através do ministério dos Apóstolos. Segundo as notícias que recebo do Cardeal Vigário e dos Bispos Auxiliares dos Sectores, são muitas as pessoas dispostas a participar na Missão da Cidade. São pessoas que se apresentam para participar activamente na nova evangelização de Roma.

4. A evangelização proposta pela Missão da Cidade será, contudo, tanto mais eficaz quanto mais a obra dos missionários for sustentada e acompanhada pela oração. Congratulo-me, portanto, convosco pelas numerosas iniciativas de oração e de adoração eucarística semanal — também nocturna — que realizais nesta bonita Comunidade. A oração é a alma da missão. Perseverai, caríssimos Irmãos e Irmãs, na oração, porque o contacto com Deus assegura autenticidade à actividade apostólica.

Nos Evangelhos lemos que o próprio Jesus, embora se prodigalizasse a favor de tantos homens e mulheres, Se retirava durante longos períodos na solidão e orava (cf. Mt
Mt 14,23 Mc 1,35 Lc 6,12 Lc 9,18 Lc 11,1 Jn 6,15 etc. ). Devemos imitá-l’O e encontrá- l'O nos momentos de solidão e de silêncio dedicados à oração. Estas providenciais pausas espirituais ajudarão todos vós a serdes autênticos missionários do Evangelho nesta nossa gran de Cidade.

5. «A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma» (Ac 4,32).

A Comunidade apostólica de Jerusalém, descrita nos Actos dos Apóstolos, é modelo de cada comunidade cristã. Também nós que vivemos já no limiar do Terceiro Milénio cristão devemos tornar- nos cada vez mais um só coração e uma só alma na acção litúrgica, e também na actividade apostólica e no testemunho da caridade. Devemos empenhar-nos por testemunhar com grande vigor (cf. Act Ac 4,33), em comunhão com os sucessores dos Apóstolos, a ressurreição de Jesus.

«Esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé», recordou-nos há pouco a primeira Carta de João (5, 4). Mediante a fé, que se realiza na observância dos mandamentos, também nós somos chamados a destruir as forças do mal, para prepararmos desde agora, com o nosso apostolado, a plena manifestação do Reino de Deus.

Com as palavras do Salmo responsorial, queremos exprimir a exultação pelas maravilhas que Deus continua a realizar também no nosso tempo. Na Páscoa do Seu Filho, morto e ressuscitado, Ele de facto vem ao encontro de cada homem, manifestando-lhe as infinitas riquezas da Sua misericórdia sem limites.

«Este é o dia que o Senhor fez, cantemos e alegremo-nos n’Ele» (Ps 117,24).

Amém. Aleluia!





Homilias JOÃO PAULO II 993