Homilias JOÃO PAULO II 1019

1019 2. Nesta assembleia excepcional, queremos manifestar ao mundo a importância do Líbano, a sua missão histórica, realizada ao longo dos séculos: país de numerosas confissões religiosas, ele mostrou que estas diferentes confissões podem viver juntas na paz, na fraternidade e na colaboração; mostrou que se pode respeitar o direito de todo o homem à liberdade religiosa; que todos estão unidos no amor por esta pátria, que amadureceu no decurso dos séculos, conservando a herança espiritual dos seus antepassados, sobretudo do monge São Maron.

3. Estamos aqui na região que foi palmilhada por Cristo, Salvador do mundo, há dois mil anos. A Sagrada Escritura informa-nos que Jesus foi pregar para além dos limites da Palestina de outrora, visitou também o território das dez cidades da Decápole — Tiro e Sidónia em particular — e ali realizou milagres. Libaneses e Libanesas, o próprio Filho de Deus foi o primeiro evangelizador dos vossos antepassados. Trata-se dum privilégio extraordinário. Ao falar de Tiro e de Sidónia, não posso deixar de mencionar os grandes sofrimentos por que passam as suas populações. Peço hoje a Jesus que ponha fim a estas dores. Imploro-Lhe a graça duma paz justa e duradoura no Médio Oriente, no respeito dos direitos e das aspirações de todos.

Ao escutar o Evangelho deste dia, o Evangelho das oito Bem-aventuranças contidas no Sermão da Montanha, não podemos esquecer que o eco destas palavras da salvação, pronunciadas certa vez na Galileia, chegou depressa até aqui. Os autores do Antigo Testamento dirigiam-se com frequência nos seus escritos para os montes do Líbano e do Hermon, que viam no horizonte. O Líbano é, pois, um país bíblico. Ao encontrar-se muito próximo dos lugares onde Jesus realizou a Sua missão, ele foi um dos primeiros países a receber a Boa Nova. A Boa Nova que os vossos antepassados receberam dos lábios do Salvador.

Certamente, os vossos antepassados aprenderam pela pregação apostólica, em particular pelas missões de São Paulo, a história da salvação, os eventos que se sucederam desde o Domingo de Ramos à Sexta-Feira Santa e ao Domingo de Páscoa. Cristo foi crucificado, colocado no sepulcro, mas ressuscitou ao terceiro dia. O Mistério pascal de Jesus Cristo constitui o centro mesmo da história da salvação, como bem o demonstra, na Missa, a aclamação paulina após a consagração: «Proclamamos a vossa morte, Senhor Jesus, celebramos a vossa ressurreição e esperamos a vossa vinda na glória». A Igreja inteira espera a Sua vinda, no Oriente e no Ocidente. Os filhos e as filhas do Líbano esperam o Seu novo advento. Todos nós vivemos o Advento dos últimos tempos da história e todos procuramos preparar a vinda de Cristo, para edificarmos o Reino de Deus que Ele anunciou.

4. A primeira leitura desta liturgia, nos Actos dos Apóstolos, recorda-nos o período sucessivo à Ascensão de Cristo ao céu, quando os Apóstolos, segundo a Sua recomendação, retornaram ao Cenáculo e ali permaneceram em oração, com a Mãe de Jesus e os irmãos e irmãs da comunidade primitiva, que foi o primeiro núcleo da Igreja (cf. Act
Ac 1,12-14). Cada ano, após a Ascensão, a Igreja revive esta primeira novena, a novena ao Espírito Santo. Os Apóstolos, reunidos no Cenáculo, com a Mãe de Cristo, oram para que se cumpra a promessa que lhes foi feita por Cristo ressuscitado: «Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis Minhas testemunhas» (Ac 1,8). Esta primeira novena apostólica ao Espírito Santo é o modelo daquilo que a Igreja faz cada ano.

A Igreja ora: Veni, Creator Spiritus! «Vinde, ó Espírito criador! Visitai as almas dos vossos fiéis; enchei, com a graça que vem do alto, os corações que são as vossas criaturas...».

Repito com emoção esta oração da Igreja universal convosco, caros Irmãos e Irmãs, filhos e filhas do Líbano. Temos a certeza de que o Espírito Santo renovará a face da vossa terra, renovará a paz na terra.

5. Na Carta que lemos hoje, São Pedro escreve: «Pelo contrário, alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, para que vos possais alegrar e exultar no dia em que for manifestada a Sua glória. Se sois ultrajados por causa do nome de Cristo, bem-aventurados sois vós, porque o Espírito de glória, o Espírito de Deus, repousa sobre vós» (1P 4,13-14).

Com frequência se falou do «Líbano mártir», sobretudo durante o período da guerra que marcou o vosso país há mais de dez anos. Neste contexto histórico, as palavras de São Pedro aplicam-se a todos aqueles que sofreram nesta terra. O Apóstolo escreve: «Alegrai-vos em ser participantes dos sofrimentos de Cristo, porque o Espírito de glória, o Espírito de Deus, repousa sobre vós» (cf. ibid.). Não esqueço que estamos reunidos nas proximidades do centro histórico de Beirute, a Praça dos Mártires; mas chamaste- la também Praça da Liberdade e Praça da Unidade. Estou certo de que os sofrimentos dos anos passados não serão em vão; eles hão-de fortificar a vossa liberdade e a vossa unidade.

Hoje, a palavra de Jesus inspira a nossa oração. Oramos para que os que choram sejam consolados, para que os misericordiosos alcancem misericórdia (cf. Mt 5,5-7), para que, ao receber o perdão do Pai, todos, por sua vez, aceitem perdoar as ofensas. Oramos para que os filhos e as filhas desta terra se sintam felizes de ser artífices de paz e de ser chamados filhos de Deus (cf. Mt 5,9). Se, mediante o sofrimento, participarmos na paixão de Cristo, teremos também parte na Sua glória.

6. O Espírito Santo, o Espírito de Jesus Cristo, é um Espírito de glória. Oramos hoje para que esta glória divina envolva todos aqueles que na terra libanesa conhecem o sofrimento. Oramos para que ela se torne um germe de força espiritual para todos vós, para a Igreja e para a nação, a fim de que o Líbano possa desempenhar o próprio papel no Médio Oriente, entre as nações vizinhas e com todas as nações do mundo.

1020 Espírito de Deus, infundi a vossa luz e o vosso amor nos corações, para efectuar a reconciliação entre as pessoas, no seio das famílias, entre vizinhos, nas cidades e nas aldeias e no seio das instituições da sociedade civil!

Espírito de Deus, que a vossa força congregue todos os filhos desta terra, para que caminhem juntos, com coragem e tenacidade, pela estrada da paz e da convivência, no respeito mútuo pela dignidade e pela liberdade das pessoas, para o desenvolvimento de cada um e para o bem do país inteiro!

Espírito de Deus, permiti às famílias libanesas desenvolverem os dons da graça do matrimónio! Dai aos jovens a graça de construírem a própria personalidade com confiança e de tomarem consciência das suas responsabilidades na Igreja e na cidade! Espírito de Deus, concedei aos fiéis do Líbano a graça de consolidarem a unidade de cada uma das Igrejas patriarcais, de toda a Igreja católica no Líbano! Ajudai-as a dar novos passos pelos caminhos da plena unidade de todos aqueles que receberam o dom da fé em Cristo Salvador!

Espírito de Deus, «Vós que sois chamado Conselheiro, Fonte viva, Fogo, Caridade», manifestai neste povo os frutos esperados da Assembleia sinodal! Espírito de luz e de amor, sede para os filhos e as filhas do Líbano fonte de força, de força espiritual, especialmente nesta hora, no limiar do terceiro milénio do cristianismo!

Vinde, Espírito de Deus!
Veni, Sancte Spiritus!
Amém.





NA PARÓQUIA ROMANA DE SANTO ATANÁSIO


18 de Maio de 1997


1. Veni Creator Spiritus! «Do vosso Espírito, Senhor, está repleta a terra» (Refrão do Salmo responsorial).

Assim exclama hoje a Igreja, ao celebrar a solenidade do Pentecostes, com a qual se conclui o tempo pascal, centrado na morte e ressurreição de Cristo.

Depois da ressurreição, Cristo apareceu várias vezes aos Apóstolos (cf. Act Ac 1,3), revigorando-lhes a fé e preparando-os para iniciar a grande missão evangelizadora, que lhes foi transmitida de modo definitivo no momento da Sua Ascensão ao céu. Na terra, as últimas palavras pronunciadas por Jesus aos seus Apóstolos, foram estas: «Ide pelo mundo inteiro» (Mc 16,15). «Ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo» (Mt 28,19-20).

1021 2. Precedentemente, Jesus ordenara aos Onze que esperassem em Jerusalém a vinda do Consolador. Dissera-lhes: «Dentro de pouco tempo sereis baptizados no Espírito Santo» (Ac 1,5). Seguindo as orientações de Jesus, do Monte das Oliveiras, onde se tinham encontrado pela última vez com o Mestre, eles retornaram ao Cenáculo e ali, juntamente com Maria, permaneceram assíduos na oração, esperando o evento prometido. Na solenidade do Pentecostes aconteceu o facto extraordinário, descrito pelos Actos dos Apóstolos, que assinala o nascimento da Igreja: «Subitamente ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que encheu toda a casa onde se encontravam. Viram, então, aparecer umas línguas à maneira de fogo, que se iam dividindo, e poisou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes inspirava que se exprimissem» (Ac 2,2-4). Estes fenómenos extraordinários chamaram a atenção dos Israelitas e dos prosélitos, presentes em Jerusalém para a festa do Pentecostes. Assombraram-se ao ouvir aquele forte som e, mais ainda, ao escutarem os Apóstolos que se exprimiam em várias línguas. Tendo vindo de várias partes do mundo, ouviam estes doze Galileus falar cada um na própria língua: «Ouvimo-los anunciar nas nossas línguas as maravilhas de Deus» (Ac 2,11).

3. Nos Actos dos Apóstolos São Lucas descreve a extraordinária manifestação do Espírito Santo ocorrida em Pentecostes, como comunicação da própria vitalidade de Deus que Se doa aos homens. Este dom divino é, ao mesmo tempo, luz e força: luz, para anunciar o Evangelho, a Verdade revelada por Deus; força, para infundir a coragem do testemunho da fé, que os Apóstolos inauguram naquele mesmo momento.

Cristo dissera-lhes: «Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria, e até aos confins do mundo» (Ac 1,8). Precisamente a fim de os preparar para esta grande missão, Jesus tinha-lhes prometido o Espírito Santo no primeiro dia da Paixão, no Cenáculo, dizendo-lhes: «Quando vier o Consolador, que vos hei-de enviar da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, Ele testificará de Mim. E vós também testificareis, pois estivestes Comigo desde o princípio» (Jn 15,26-27).

O testemunho do Espírito da Verdade deve tornar-se uma só coisa com o dos Apóstolos, fundindo assim numa única realidade salvífica o testemunho divino e o testemunho humano. Desta fusão brota a obra da evangelização, iniciada no dia do Pentecostes e confiada à Igreja como tarefa e missão que atravessa os séculos.

4. Caríssimos Irmãos e Irmãs da Paróquia de Santo Atanásio! Saúdo-vos a todos com afecto. O meu cordial pensamento dirige-se, antes de tudo, ao Cardeal Vigário, ao Bispo Auxiliar do Sector, ao vosso Pároco, Padre Vincenzo Luzi, ao Vice-Pároco e aos Sacerdotes que colaboram com ele na actividade pastoral. O meu cordial pensamento dirige-se ao Presidente da Câmara Municipal de Roma. Com alegria saúdo todos vós, que hoje estais reunidos aqui em tão grande número nesta vossa igreja paroquial, recentemente renovada também com a vossa generosa e louvável contribuição. Por meio de vós, desejo fazer chegar uma recordação repleta de afecto e a certeza da minha oração a todos os doentes e aos anciãos da Paróquia, que não puderam estar aqui connosco.

Obrigado pelo acolhimento caloroso e pelas felicitações que me quisestes formular na ocasião do meu aniversário natalício. Estou feliz por me encontrar, neste dia tão significativo para mim, na vossa Comunidade, rica de diversas experiências espirituais. Agradeço ao Conselho pastoral, aos numerosos e bem organizados grupos paroquiais e a todos os habitantes dos sete bairros em que se subdivide o território. Sei que todos os anos, neste período, se realiza a vossa Festa patronal com várias iniciativas populares, aptas para favorecer o conhecimento e a união das famílias, criando estima e amizade entre todos os que trabalham juntos, em vista do anúncio do Evangelho, que é obra essencial da Comunidade cristã. Exprimo o meu apreço pelo vosso empenho e encorajo-vos a continuar a valorizar estas tradições culturais e religiosas.

5. A liturgia hodierna convida-nos a acolher com generosa disponibilidade o dom do Espírito, para sermos capazes de anunciar o Ressuscitado com incisiva eficácia. Anunciai-O, caríssimos Irmãos e Irmãs, nos modos e nas ocasiões que as circunstâncias vos oferecem. Sei que já o fazeis de numerosas e válidas formas: nos grupos de catecismo em preparação para os Sacramentos e no oratório, com o

testemunho da caridade e mediante as festas e as manifestações populares, nos centros de escuta, nas casas e no bairro. Sustentados também pelo impulso oferecido pela Missão da Cidade, esforçai-vos por transmitir a todos a novidade do Evangelho, procurando vias e modalidades cada vez mais correspondentes às necessidades do homem de hoje.

Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. Tendo subido ao céu, Ele enviou o Espírito da unidade, que chama a Igreja a viver em comunhão no seu interior e a levar avante a missão evangelizadora no mundo.

Dirijo-me em particular a vós, jovens e adolescentes que viveis no âmbito da Paróquia: não tenhais medo de Cristo, sede Seus apóstolos entre os vossos coetâneos, afligidos neste bairro, como noutras partes da Cidade, por problemas muitas vezes bastante graves. Penso no desemprego, na difícil procura do sentido da vida, que pode conduzir ao desespero, à droga ou, até mesmo, a gestos absurdos e irreflectidos.

A Missão da Cidade, que está a envolver também a vossa Paróquia, chama todos os crentes a anunciar a esperança do Evangelho em todos os ambientes e em cada família.

1022 6. «O Espírito da Verdade... guiarvos-á para a verdade total... Ele glorificar-Me-á, porque há-de receber do que é Meu, para vo-lo anunciar» (Jn 16,13-14). Desta promessa de Jesus brota a certeza da fidelidade no ensinamento, parte essencial da missão da Igreja. Neste anúncio, que se actua ao longo da história, está presente e opera o Espírito Santo com a luz e o poder da Verdade divina.

O Espírito da Verdade ilumina o espírito humano, como afirma São Paulo: «Foi num só Espírito que todos nós fomos baptizados» (1Co 12,13). A sua presença gera nova consciência e conhecimento no que concerne à verdade revelada, fazendo assim participar no conhecimento do próprio Deus. Desse modo, o Espírito Santo revela aos homens Cristo crucificado e ressuscitado e indica a via para se tornarem sempre mais semelhantes a Ele.

Da vinda do Espírito Santo, no Pentecostes, tiveram início todas as grandes obras de Deus, tanto na vida dos indivíduos como na da inteira Comunidade eclesial. Surgida no dia da descida do Espírito Santo, a Igreja na realidade nasce continuamente, por obra do mesmo Espírito, em muitos lugares do mundo, em muitos corações humanos, nas várias culturas e nações.

7. «Veni Creator Spiritus!», invoca hoje a Igreja inteira com grande fervor. Assim ora também esta vossa bonita Comunidade. Juntamente com o seu Bispo, também ela celebra hoje o próprio nascimento no Espírito. Se de facto no dia do Pentecostes nasceu a Igreja na sua mais ampla dimensão, católica e universal, naquele mesmo momento já estavam presentes também todas as Comunidades cristãs que permanecem na unidade, em comunhão com os seus Pastores, com o Colégio episcopal e com o Sucessor de Pedro. O Espírito Santo continua ainda hoje a realizar as grandes obras da salvação, inauguradas no dia do Pentecostes.

«Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis
e acendei neles
o fogo do vosso amor» (Aclamação ao Evangelho).
Amém!







NA PARÓQUIA ROMANA DE SÃO LINO PAPA


Domingo, 25 de Maio de 1997




1. «Glória ao Pai, ao Filho, ao Espírito Santo: a Deus que é, que era e que há-de vir (Aclamação ao Evangelho).

1023 A Igreja repete incessantemente este louvor à Santíssima Trindade. A oração cristã inicia, de facto, com o sinal da Cruz: «Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo», e conclui-se, com frequência, com a doxologia trinitária: «Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, que é Deus e vive e reina Convosco, Pai, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos».

Da Comunidade dos crentes sobe a Deus todos os dias um ininterrupto louvor trinitário; hoje, contudo, primeiro domingo depois do Pentecostes, celebramos de modo especial este grande mistério da fé.

Gloria Tibi Trinitas, aequalis, una Deitas, et ante omnia saecula et nunc, et in perpetuum! — «Glória a Vós, Trindade, igual nas Pessoas, único Deus, antes de todos os séculos, agora e para sempre!» (Primeiras Vésperas da Solenidade da Santíssima Trindade).

Nesta fórmula litúrgica contemplamos o mistério da inefável unidade e da inescrutável Trindade de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. É quanto professamos no Credo apostólico:

«Creio em um só Deus... Creio em um só Senhor, Jesus Cristo... Por obra do Espírito Santo encarnou no seio da Virgem Maria e fez-Se homem».

E ainda, no Credo niceno-constantinopolitano:

«Creio no Espírito Santo, que é Senhor e dá a vida, e procede do Pai e do Filho. Com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas».

Esta é a nossa fé! Esta é a fé da Igreja!

Este é o Deus da nossa fé: Pai, Filho e Espírito Santo.

2. A Liturgia da Palavra convida-nos a aprofundar a nossa fé trinitária. Na primeira Leitura, tirada do Deuteronómio, escutámos as palavras de Moisés, que nos lembram como Deus escolheu um povo e a ele Se manifestou de modo particular. O Concílio Vaticano II, depois de ter afirmado que o homem, através da criação, pode chegar a conhecer a Deus como Ser primeiro e absoluto, nota porém que Deus mesmo Se revelou à humanidade, em primeiro lugar através dos mediadores e depois por meio do próprio Filho (cf. Dei Verbum
DV 3-4). O Deus que hoje professamos é o Deus da Revelação, e nós acreditamos em tudo o que Ele quis revelar de Si mesmo.

As Leituras bíblicas deste domingo põem em evidência que Deus veio falar de Si mesmo ao homem, revelando-lhe quem Ele é. E escolheu Israel como destinatário da Sua manifestação. Disse ao povo eleito: «Interroga os primitivos tempos, que precederam o teu, desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra... jamais houve porventura um povo que, como tu, tenha ouvido a voz de Deus falando do meio das chamas, sem perder a vida?» (cf. Dt Dt 4,32-33).

1024 Com estas expressões, Moisés quer aludir à manifestação de Deus no monte Sinai e à entrega dos dez mandamentos, como também à sua experiência pessoal no monte Horeb. Naquela ocasião, Deus tinha-lhe falado duma sarça que estava a arder, confiando-lhe a missão de libertar Israel da escravidão do Egipto, e tinha- lhe revelado o próprio nome: «Javé» – «Eu sou Aquele que sou!» (cf. Êx Ex 3,1-14). 3.

Estes textos bíblicos guiam-nos num caminho de aprofundamento do mistério trinitário, que conduz desde Moisés até Cristo. O evangelista Mateus relata que, antes de subir ao céu, o Ressuscitado disse aos discípulos: «Foi-Me dado todo o poder no céu e na terra: Ide, pois, ensinai todas as nações, baptizando- as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,18-19). O mistério manifestado a Moisés junto da sarça ardente foi revelado plenamente em Cristo no seu aspecto trinitário. Por meio d’Ele, de facto, nós descobrimos a unidade da divindade, a trindade das Pessoas. Mistério do Deus vivo, mistério da vida de Deus! Deste mistério Jesus é Profeta. Ele ofereceu-Se a Si mesmo em sacrifício sobre o altar deste imenso mistério de amor.

4. Caríssimos Irmãos e Irmãs da Paróquia de São Lino! É-me grato celebrar hoje juntamente convosco a Solenidade da Santíssima Trindade. Saúdo com todo o afecto o Cardeal Vigário, o Bispo Auxiliar do Sector, o vosso Pároco, Mons. Sérgio Casalini, e os Sacerdotes que colaboram com ele nas múltiplas actividades pastorais.

Dirijo um especial pensamento às numerosas Comunidades religiosas que vivem e actuam neste território, agradecendo- lhes, em particular, o seu apreciado serviço nos jardins-de-infância, nas escolas elementares e médias, no cuidado das crianças recém-nascidas, no Hospital Cristo Rei e na Pia Obra «Ambrosini ». Saúdo o grupo «Segue-Me» e os hóspedes e responsáveis da «Casa Betânia », assim como os membros dos vários grupos paroquiais e todos vós, caros fiéis desta Paróquia, que precisamente este ano celebra o quadragésimo aniversário de vida pastoral. O Senhor abençoe todos!

O vosso primeiro Pároco, Mons. Marcello Rosatella — ao qual se dirige o meu reconhecido pensamento — e muitos de vós recordam, certamente com emoção, os inícios desta Comunidade, quando as Celebrações litúrgicas se realizavam numa Capela construída em madeira. Outrora zona rural, este bairro conheceu progressivamente uma rápida urbanização, com o estabelecimento de numerosos habitantes provenientes de várias regiões da Itália.

Este bairro conhece, infelizmente, os muitos problemas que pesam sobre os habitantes de uma grande metrópole, mas quereria repetir também a vós neste dia: Não tenhais medo! Empenhai-vos, antes, com grande generosidade, em comunhão com a inteira Comunidade diocesana, em preparar a Cidade para o Jubileu do ano 2000.

5. Sei que, graças ao interesse do Vicariato de Roma e à generosa contribuição dos Sócios do «Rotary International », até ao Ano Santo a vossa Comunidade paroquial poderá celebrar o culto numa nova igreja paroquial. A todos aqueles que participam na iniciativa, dirige-se o meu apreço e o meu reconhecimento por este importante dom. A construção do novo templo, sinal da presença de Deus entre as vossas casas, constitui para vós um estímulo a tornar-vos cada vez mais Igreja viva, feita de baptizados conscientes da sua dignidade e vocação, capazes de testemunhar com coerência e coragem Jesus Cristo e a Sua exigente mensagem evangélica.

6. «Recebestes um espírito de adopção, pelo qual chamamos: Abba, Pai!» (Rm 8,15).

São Paulo, com estas palavras, põe em evidência a Igreja apostólica como anunciadora da Santíssima Trindade. Deus manifesta-Se como Aquele que dá a vida por meio de Cristo, único Mediador.

Nós cremos no Filho de Deus, que trouxe a vida divina como fogo, para que se acendesse sobre a terra. Cremos no Espírito Santo, que é Senhor e dá a vida. Por obra do Espírito Santo os crentes são constituídos filhos no Filho, como escreve São João no Prólogo do seu Evangelho (cf. Jo Jn 1,13). Gerados pelo Espírito, os homens dirigem-se a Deus com as mesmas palavras de Cristo, chamando-O: «Abba, Pai!».

Com o Baptismo somos inseridos na comunhão trinitária. Cada cristão é baptizado no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; é imerso na vida de Deus. Que grande dom e grande mistério!

1025 Com razão, portanto, a Igreja com profunda gratidão canta no «Te Deum» a sua fé na Trindade:

«Sanctus, Sanctus, Sanctus
Dominus Deus Sabaoth».

«Os céus e a terra estão cheios da Vossa glória.
A Vós celebra o coro dos Apóstolos e o luminoso exército dos mártires;
a Santa Igreja proclama a Vossa glória,
adora o Vosso Filho único,
e o Espírito Santo Paráclito».

Amém!







NA MISSA DE CORPUS CHRISTI


Basílica de São João de Latrão, 29 de Maio de 1997




1. «Isto é o Meu corpo, que será entregue por vós... Este cálice é a Nova Aliança no Meu sangue... Fazei isto em Minha memória» (1Co 11,24-25).

1026 A Liturgia hodierna comemora o grande mistério da Eucaristia com uma clara referência à Quinta-Feira Santa. Na Quinta-Feira Santa passada estávamos aqui, na Basílica lateranense, como todos os anos, para fazer memória da Ceia do Senhor. No final da Santa Missa in «Caena Domini» seguiu-se a breve procissão que acompanha o Santíssimo Sacramento até à Capela da reposição, onde permaneceu até à solene Vigília pascal. Hoje, preparamo-nos para uma procissão muito mais solene, que nos levará pelas ruas da Cidade.

Na festividade de hoje, ajudam-nos a reviver os mesmos sentimentos da Quinta-Feira Santa as palavras de Jesus, pronunciadas no Cenáculo: «Tomai, isto é o Meu corpo», «Isto é o Meu sangue, sangue da aliança, que vai ser derramado por muitos» (
Mc 14,22 Mc 14,24). Estas palavras, há pouco proclamadas, fazem-nos entrar ainda mais no mistério do Verbo de Deus encarnado que, sob as espécies do pão e do vinho, Se doa a cada homem, como alimento e bebida de salvação.

2. João, no cântido do Evangelho, oferece uma significativa chave de leitura das palavras do divino Mestre, referindo quanto Ele mesmo disse de Si junto de Cafarnaum: «Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Se alguém comer deste pão, viverá eternamente» (Jn 6,51).

Encontramos assim nas Leituras de hoje o sentido pleno do mistério da salvação. Se a primeira, tirada do Êxodo (cf. Êx Ex 24,3-8), nos remete à Antiga Aliança estabelecida entre Deus e Moisés, mediante o sangue de animais sacrificados, na Carta aos Hebreus recorda-se «entrou uma só vez no Santo dos Santos, não com o sangue dos carneiros ou dos bezerros, mas com o Seu próprio sangue» (9, 12).

A solenidade de hoje ajuda-nos, portanto, a atribuir a Cristo a centralidade que Lhe compete no desígnio divino para a humanidade, e impele-nos a configurar sempre mais a nossa vida a Ele, Sumo e Eterno Sacerdote.

3. Mistério da fé! Ao longo dos séculos, a solenidade hodierna foi objecto de atenção particular nas diversas tradições do povo cristão. Quantas manifestações religiosas surgiram em torno do culto eucarístico! Teólogos e pastores esforçaram-se por fazer compreender, com a linguagem dos homens, o mistério inefável do Amor divino.

Entre estas vozes autorizadas, um lugar especial ocupa o grande Doutor da Igreja, S. Tomás de Aquino que, nas composições poéticas, canta com enlevo inspirado os sentimentos de adoração e de amor do crente diante do mistério do Corpo e Sangue do Senhor. Basta pensar no conhecido «Pange, lingua», que constitui uma profunda meditação sobre o mistério eucarístico, mistério do Corpo e do Sangue do Senhor – «gloriosi Corporis mysterium, Sanguinisque pretiosi».

E ainda, o cântico «Adoro Te, devote», que é um convite a adorar o Deus oculto sob as espécies eucarísticas: Latens Deitas, quae sub his figuris vere latitas: Tibi se cor meum totum subjicit! Sim, todo o nosso coração se abandona a Vós, ó Cristo, porque quem acolhe a Vossa palavra, descobre o sentido pleno da vida e encontra a verdadeira paz — (...) quia Te contemplans totum deficit.

4. Brote espontâneo do coração o agradecimento pelo tão extraordinário dom. «Que darei eu ao Senhor por todos os Seus benefícios? » Quid retribuam Domino pro omnibus, quae retribuit mihi?» (Sl 115[116], 12). Cada um de nós pode pronunciar as palavras do salmista, na consciência do inestimável dom que o Senhor nos concedeu com o Sacramento eucarístico.

«Elevemos o cálice da salvação e invoquemos o nome do Senhor»: esta atitude de louvor e de adoração ressoa hoje, nas orações e nos cânticos da Igreja, em todos os cantos da terra.

Ressoa esta tarde aqui em Roma, onde está viva a herança espiritual dos Apóstolos Pedro e Paulo. Entoaremos mais uma vez, dentro em breve, o antigo cântico de adoração e de louvor, caminhando pelas ruas da Cidade, dirigindo-nos desta Basílica à de Santa Maria Maior. Repetiremos com devoção:

1027 Pange, lingua, gloriosi...
Povos todos,
proclamai o mistério do Senhor!

E ainda:

Nobis datus, nobis natus
Ex intacta Virgine...
Que nos foi dado através de mãe pura
e por todos nós encarnou...

In supremae nocte caenae
Recumbens cum fratribus...
Na noite da ceia com os irmãos
Se encontrou...

1028 Cibum turbae duodenae
Se dat suis manibus.
Aos Apóstolos admirados
como alimento Se doou.

5. Sacramento do dom, sacramento do amor de Cristo impelido até ao extremo: «In finem dilexit» (
Jn 13,1). O Filho de Deus doa-Se a Si mesmo. Sob as espécies do pão e do vinho, dá o Corpo e o Sangue, recebidos de Maria, Mãe virginal. Dá a Sua divindade e a Sua humanidade, para nos enriquecer de modo inexprimível.

Tantum ergo
Sacramentum Veneremur cernui...
Adoremos o Sacramento
que Deus Pai nos doou.

Amém!





VIAGEM APOSTÓLICA DE JOÃO PAULO II À POLÓNIA



NA CATEDRAL DE WROCLAW


31 de Maio de 1997




1029 1. «Eu sou o pão da vida» (Jn 6,35). Como peregrino ao 46° Congresso Eucarístico Internacional, dirijo os meus primeiros passos para a antiquíssima Catedral de Wroclaw, para me ajoelhar com fé diante do Santíssimo Sacramento — o «Pão da vida». Faço-o com profunda comoção e com o coração repleto de gratidão, à Divina Providência, pelo dom deste Congresso e porque ele se realiza precisamente aqui, em Wroclaw, na Polónia — na minha Pátria.

Após a multiplicação miraculosa dos pães, Cristo diz às multidões que O circundavam: «Em verdade, em verdade vos digo: procurais-Me, não porque vistes milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados. Trabalhai, não pela comida que perece, mas por aquela que dura até à vida eterna, e que o Filho do Homem vos dará» (Jn 6,26-27). Como era difícil, a quem escutava Jesus, esta passagem do sinal ao mistério indicado por aquele sinal, do pão quotidiano àquele pão «que dura até à vida eterna»! Isto não é fácil nem sequer para nós, homens do século XX. Os Congressos Eucarísticos são celebrados precisamente por isto, a fim de recordar esta verdade ao mundo inteiro: «Trabalhai, não pela comida que perece, mas por aquela que dura até à vida eterna».

Os interlocutores de Cristo, continuando o diálogo, perguntam com razão: «Que devemos fazer para executar as obras de Deus» (Jn 6,28). E Cristo responde: «A obra de Deus [a obra querida por Deus] é esta: que acrediteis n’Aquele que Ele enviou» (ibid., 6, 29). É uma exortação a ter fé no Filho do Homem, no Dador do alimento que não perece. Sem a fé n’Aquele que o Pai enviou, não é possível reconhecer e aceitar este Dom que não passa. Precisamente por isso estamos aqui — aqui, em Wroclaw, no 46° Congresso Eucarístico Internacional. Estamos aqui para confessar, juntamente com a Igreja inteira, a nossa fé em Cristo-Eucaristia, em Cristo — Pão vivo e Pão que dá a vida. Dizemos com São Pedro: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo» (Mt 16,16) e ainda: «Senhor, para quem havemos nós de ir Tu tens palavras de vida eterna » (Jn 6,68).

2. «Senhor, dá-nos sempre desse pão» (Jn 6,34).

A multiplicação miraculosa dos pães não tinha despertado a esperada resposta da fé nas testemunhas oculares daquele evento. Elas pretendiam um novo sinal: «Que milagres fazes Tu, para nós vermos e Te acreditarmos. Que obras realizas Os nossos pais comeram o maná no deserto, conforme está escrito: Deu-lhes a comer um pão que veio de Deus» (Jn 6,30-31). Os discípulos que circundam Jesus esperam, pois, um sinal semelhante ao maná, que os seus antepassados tinham comido no deserto. Jesus, entretanto, exorta-os a esperar alguma coisa mais do que uma ordinária repetição do milagre do maná, a esperar um alimento de outro tipo. Cristo diz: «Não foi Moisés que vos deu o pão que vem do Céu. Meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão que vem do Céu, pois o pão de Deus é o que desce do Céu e dá a vida ao mundo» (Jn 6,32-33).

Além da fome física, o homem ainda traz em si outra fome, uma fome mais fundamental, que não pode ser saciada com um alimento ordinário. Trata-se aqui da fome de vida, da fome de eternidade. O sinal do maná era o anúncio do advento de Cristo, que haveria de satisfazer a fome de eternidade por parte do homem, tornando-Se Ele mesmo o «pão vivo» que «dá a vida ao mundo». E então, aqueles que O escutam, pedem a Jesus que realize o que fora anunciado pelo sinal do maná, talvez sem se darem conta de como estava distante aquele seu pedido: «Senhor, dá-nos sempre desse pão» (Jn 6,34). Como é eloquente este pedido! Quão generosa e surpreendente é a sua realização. «Eu sou o pão da vida; o que vem a Mim jamais terá fome e o que acredita em Mim jamais terá sede... Porque a Minha carne é, em verdade, uma comida e o Meu sangue é, em verdade, uma bebida. Quem come a Minha carne, e bebe o Meu sangue fica em Mim e Eu nele» (Jn 6,35 Jn 6,55-56). «Quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia» (Jn 6,54).

Que grande dignidade nos foi concedida! O Filho de Deus doa-Se a nós no Santíssimo Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue. Como é infinitamente grande a liberalidade de Deus! Responde aos nossos desejos mais profundos, que não são apenas desejos de pão terreno, mas atingem os horizontes da vida eterna. Este é o grande mistério da fé!

3. «Rabbi [Mestre], quando chegaste aqui» (Jn 6,25).

Fizeram a Jesus esta pergunta aqueles que O procuravam depois da multiplicação miraculosa dos pães. Também nós fazemos hoje, em Wroclaw, a mesma pergunta. Fazem-na todos os participantes no Congresso Eucarístico Internacional. E Cristo responde-nos: vim quando os vossos antepassados receberam o baptismo, nos tempos de Mieszko I e de Boleslau, o Valoroso, quando os bispos e os sacerdotes começaram a celebrar nesta terra o «mistério da fé», que reunia todos aqueles que tinham fome do alimento que dá a vida eterna.

Deste modo Cristo chegou a Wroclaw, há mais de mil anos, quando aqui nasceu a Igreja e Wroclaw se tornou sede episcopal, uma das primeiras nos territórios dos Piast. No decurso dos séculos Cristo chegou a todos os lugares do globo terrestre, de onde provêm os participantes no Congresso Eucarístico. E a partir de então continua a Sua presença na Eucaristia, sempre igualmente silenciosa, humilde e generosa. Na verdade, «Ele que amara os Seus que estavam no mundo, levou até ao extremo o Seu amor por eles» (Jn 13,1).

Agora, no limiar do terceiro milénio, queremos dar uma particular expressão à nossa gratidão. Este Congresso Eucarístico de Wroclaw tem uma dimensão internacional. Nele participam não só os fiéis da Polónia, mas os do mundo inteiro. Todos juntos queremos exprimir a nossa profunda fé na Eucaristia e a nossa ardente gratidão pelo alimento eucarístico, do qual há quase dois mil anos se nutrem inteiras gerações dos que crêem em Cristo. Como é inexaurível e aberto a todos o tesouro do Amor de Deus! Como é enorme a dívida contraída em relação a Cristo-Eucaristia! Damo- nos conta disto e, juntamente com S. Tomás de Aquino, exclamamos: «Quantum potes, tantum aude: quia maior omni laude, nec laudare sufficis », «Quanto podes, tanto ousa, porque Ele supera todo o louvor, nem há cântico que seja digno d'Ele» (Lauda Sion).

1030 Estas palavras exprimem muito bem a atitude dos participantes no Congresso Eucarístico. Nestes dias procuramos dar ao Senhor Jesus na Eucaristia a honra e a glória que Ele merece. Procuramos dar-Lhe graças pela Sua presença, porque já há quase dois mil anos Ele permanece connosco.

«Nós Vos agradecemos,
ó Pai nosso...
a graça que nos foi dada de um alimento
e de uma bebida espiritual
e da vida eterna
por obra de Jesus, Vosso servo.
A Vós seja dada glória nos séculos»!
(cf. Didaqué).





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