Homilias JOÃO PAULO II 1126


DURANTE A MISSA NA PARÓQUIA ROMANA


DO MENINO JESUS EM "SACCOPASTORE"


Domingo, 8 de Fevereiro de 1998




1. «Não tenhas receio; de futuro, serás pescador de homens» (Lc 5,10). O trecho evangélico deste dia narra-nos a vocação de Simão Pedro e dos primeiros Apóstolos. Da barca de Simão, depois de ter falado à multidão, Jesus pede-lhes que se façam de novo ao largo para a pesca. Pedro replica manifestando as dificuldades encontradas na noite anterior durante a qual, embora tivesse trabalhado muito, nada conseguira. Contudo, dá crédito ao Senhor e realiza o seu primeiro acto de confiança n'Ele: «Porque Tu o dizes, lançarei as redes» (Ibid., 5, 5).

O sucessivo prodígio da pesca milagrosa é um sinal eloquente do poder divino de Jesus e, ao mesmo tempo, prenuncia a missão que será confiada ao Pescador da Galileia, a de guiar a barca da Igreja entre as ondas da história e de reunir com a força do Evangelho uma multidão imensa de homens e de mulheres provenientes de todas as partes da terra.

A chamada de Pedro e dos primeiros Apóstolos é obra da gratuita iniciativa de Deus, à qual corresponde a livre adesão do homem. Este diálogo de amor com o Senhor ajuda o ser humano a tomar consciência da própria limitação e, ao mesmo tempo, do poder da graça de Deus, que purifica e renova a mente e o coração: «Não tenhas medo; de futuro, serás pescador de homens». O sucesso final da missão é garantido pela assistência divina. É Deus que conduz tudo à plena realização. Pede-se-nos que confiemos n'Ele e nos confirmemos docilmente à Sua vontade.

2. Não tenhas medo! Quantas vezes o Senhor nos repete este apelo. Hoje sobretudo, numa época marcada por fortes incertezas e temores, esta palavra ressoa como exortação a termos confiança em Deus, a dirigirmos o olhar para Ele. Ele, que guia os destinos da história com a força do seu Espírito, não nos abandona na prova e torna firmes os nossos passos na fé.

Caríssimos Irmãos e Irmãs, deixai que esta íntima consciência permeie a vossa existência. Deus chama cada crente a segui-l'O; pede-lhe que se torne cooperador do Seu projecto salvífico. Como Simão Pedro, também nós podemos proclamar: «Porque Tu o dizes, lançarei as redes». Porque Tu o dizes! A Sua palavra é o Evangelho, perene mensagem de salvação que, acolhida e vivida, transforma a existência. No dia do nosso Baptismo foi-nos comunicado este «alegre anúncio», que devemos aprofundar pessoalmente e testemunhar com coragem.

A Missão da cidade, que já entrou no centro da sua celebração, pede a todos os cristãos que proclamem o Evangelho com a palavra, mas sobretudo com a coerência da vida. Neste extraordinário empreendimento apostólico senti-vos incessantemente sustentados por Aquele que é o primeiro missionário, enviado pelo Pai ao mundo: Jesus Cristo, nosso Senhor.

3. Caríssimos Irmãos e Irmãs da Paróquia do Menino Jesus, em «Saccopastore»! Sinto-me muito feliz por estar hoje no meio de vós e por visitar a vossa bonita igreja. A todos se dirige a minha afectuosa saudação: ao Cardeal Vigário, ao Bispo Auxiliar do Sector, ao vosso jovem Pároco, Padre Antonino De Siati, e aos Sacerdotes seus colaboradores, às Irmãs da Caridade de Santa Joana Antida, que vivem em íntimo contacto com as obras paroquiais e prestam um generoso serviço aos inúmeros anciãos e doentes da comunidade. Saúdo, além disso, todos os que mais directamente participam na vida da paróquia e nos numerosos grupos de formação, serviço e apostolado, com um pensamento particular às pessoas e às famílias de origem filipina, que desde há algum tempo se reúnem aqui todas as semanas, para a celebração litúrgica festiva.

Sei que na vossa Comunidade há muitas pessoas idosas. Em particular a elas, como a todos os anciãos de Roma, chegue o meu afectuoso pensamento, juntamente com um cordial convite à oração constante e confiante pelas próprias necessidades e pelo bom êxito da Missão da cidade. O vosso testemunho de fé, caríssimos Irmãos e Irmãs, seja para todos, mas de modo especial para os jovens, exemplo de como acolher Cristo na própria vida.

1127 Alegro-me com os colaboradores, religiosos e leigos, pelas iniciativas de caridade e de socialização promovidas na paróquia. Sois dignos de honra em virtude da solidariedade concreta que manifestais para com todos os que se encontram em necessidade, tanto no vosso território como distante daqui. Refiro-me às diversas iniciativas de caridade por vós realizadas, como o apoio a um leprosário da África Central, a ajuda às populações vítimas do terremoto das regiões centrais italianas e a geminação com o Instituto «Lido dei Pini». Continuai neste vosso esforço, no espírito do Verbo de Deus que, ao encarnar-Se, veio ao encontro de todos e a cada um trouxe a salvação.

4. A vossa é uma Comunidade numerosa, que fica perto de uma enseada do rio «Aniene», situada na zona denominada «Saccopastore». A este lugar, até aos anos 30, os pastores vinham dos Abruzos para transcorrer os meses invernais com os seus rebanhos. Depois, com o progressivo povoamento de muitas famílias, teve início a actividade litúrgica numa pequena capela, dedicada ao Menino Jesus, a qual constituiu na zona o primeiro lugar de culto e de agregação. O título daquela capela, escolhido pelas pessoas de outrora em referência à inauguração ocorrida na vigília do Natal de 1952, passou em seguida à paróquia, erigida juridicamente em 1957. Trabalharam aqui com grande zelo diversos sacerdotes, entre os quais quereria recordar o primeiro Pároco, Mons. Giuseppe Simonazzi, do qual ainda é viva a memória.

O nome da vossa paróquia faz referência ao mistério do Verbo encarnado, a Deus, que veio habitar entre nós para salvar e redimir o homem inteiro e todos os homens: os de ontem, de hoje e as futuras gerações. É o mistério da assunção do tempo humano na dimensão divina, em si mesma transcendente e eterna. Este é também o conteúdo do Jubileu do Ano 2000. Jesus, Deus feito homem, é o único Salvador. É para Ele que dirigimos o olhar, enquanto nos aproximamos da meta histórica do início do terceiro milénio. Exorto-vos a preparar-vos, com esta disposição interior, para o evento jubilar.

5. «Eis-me aqui, enviai-me!» (
Is 6,8). A narração da vocação de Isaías, que escutámos na Primeira Leitura, ressalta a pronta resposta do Profeta ao chamamento do Senhor. Depois de ter contemplado a santidade de Deus e tomado consciência das infidelidades do povo, Isaías prepara-se para a grave missão de chamar de novo o povo de Israel aos grandes compromissos da aliança, em vista da vinda do Messias.

Assim como para o Profeta Isaías, proclamar a salvação comporta para todo o crente redescobrir antes de tudo a santidade de Deus. «Sanctus, sanctus, sanctus», fórmula que se repete em cada Celebração Eucarística. Aquele que se encontra com um cristão deve poder descobrir nele, apesar das inevitáveis fragilidades humanas, o rosto santo do Altíssimo.

Otenha-nos a Virgem, morada do Espírito Santo, o dom duma constante adesão ao chamamento divino. Obtenha-nos especialmente a graça de termos confiança n'Ele em todas as circunstâncias, para que possamos em tudo colaborar na Sua obra de salvação.

Amém!





DURANTE A MISSA NA PARÓQUIA ROMANA


DOS SANTOS CIRILO E METÓDIO


Domingo, 15 de Fevereiro de 1998




1. «Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda a criatura» (Mc 16,15). Antes de subir ao Pai, Jesus confia aos Apóstolos o mandato de prosseguirem a Sua missão sobre a terra, anunciando a salvação ao mundo inteiro. Esta tarefa, que caracteriza a Igreja, Povo de Deus em caminho rumo à pátria celeste, exprime-se na pluralidade dos ministérios e dos carismas, com os quais Cristo a enriquece. Pastores e confessores da fé, virgens e mártires, presbíteros e leigos, santos e santas de todas as épocas contribuem de maneira eficaz para difundir o Evangelho em cada recanto do globo.

Os Santos Cirilo e Metódio realizaram plenamente esta obra. Originários de Salonica e intrépidas testemunhas do Evangelho foram arquétipos, poderíamos dizer, do numeroso grupo de apóstolos que trabalharam activamente ao serviço de Cristo entre os povos eslavos. A vossa Paróquia honra-se de ter como próprios e especiais protectores estes dois grandes Santos Co-Padroeiros da Europa. O seu exemplo é mais do que nunca significativo também para nós. Com efeito, como ressaltei na Encíclica Slavorum apostoli, «pode mesmo afirmar-se que nos nossos dias a sua recordação se tornou particularmente viva e actual» (n. 1).

Embora tivessem a possibilidade de empreender brilhantes carreiras políticas, estes dois Irmãos dedicaram-se totalmente ao Senhor. A pedido do Príncipe Rastislav da Grande Morávia ao Imperador Miguel III, foram enviados a anunciar a fé cristã aos povos da Europa central na sua própria língua. Assim, dedicaram a própria vida a esta tarefa, enfrentando não poucas dificuldades e sofrimentos, perseguições e aprisionamentos, tornando-se ambos exemplos luminosos de dedicação à causa de Cristo e de amor aos irmãos sedentos da Verdade evangélica.

1128 2. A eles bem se aplicam as palavras de São Paulo, que há pouco escutámos: «Ai de mim, se não evangelizar!» (1Co 9,16). Abrindo a própria alma aos cristãos de Corinto, o Apóstolo exprime a consciência da necessidade e da urgência do anúncio evangélico. Sente-o como um grande dom, mas também como um empenho irrenunciável: um verdadeiro e próprio «dever» (cf. ibid.), cuja responsabilidade ele assume em comunhão com os outros Apóstolos. Com o seu fazer-se «tudo para todos, para salvar alguns a todo o custo» (ibid., 22), ele mostra-nos como todo o evangelizador deve aprender a adaptar-se à linguagem dos seus ouvintes, a fim de entrar em profunda sintonia com eles.

É quanto realizaram de modo admirável os dois Santos que hoje recordamos: a sua inteira missão teve em vista «encarnar» a Palavra de Deus na língua e na cultura eslavas. Deve-se a eles a transcrição dos textos sagrados e litúrgicos em língua paleoeslava, mediante um novo alfabeto. Para manter sólida a comunhão eclesial, vieram a Roma e obtiveram a aprovação do Papa Adriano II. Foi precisamente em Roma que morreu Cirilo a 14 de Fevereiro de 869, enquanto Metódio, consagrado Bispo para o território da antiga diocese da Panónia e nomeado Legado Pontifício para os povos eslavos, prosseguiu a tarefa missionária que havia empreendido juntamente com o irmão.

Demos graças a Deus por estes dois Santos, Cirilo e Metódio, que foram sábios arautos do Evangelho na Europa. Eles continuam ainda hoje a ensinar aos evangelizadores do nosso tempo a coragem do anúncio e a atitude necessária para inculturar a fé.

3. Caríssimos Irmãos e Irmãs da Paróquia dos Santos Cirilo e Metódio! É-me grato estar hoje no meio de vós para celebrar a festa patronal da vossa Comunidade. Saúdo cordialmente o Cardeal-Vigário, o Bispo Auxiliar D. Clemente Riva, o vosso Pároco Padre Giuseppe Trappolini, e os seus directos colaboradores na animação pastoral da Paróquia. A minha afectuosa saudação estende-se a todos vós que participais nesta Eucaristia, com um pensamento particular para quantos – doentes, idosos ou em todo o caso impossibilitados de sair das suas casas para vir à igreja – se unem à nossa celebração festiva através da televisão.

A vossa Comunidade é jovem e, em tempos relativamente breves, recebeu o dom desta nova igreja. Eu mesmo, há cerca de três anos na Praça de São Pedro, tive a alegria de benzer a primeira pedra da vossa igreja que, inserida no projecto «Cinquenta igrejas para Roma 2000», foi construída com rapidez e dedicada pelo Cardeal-Vigário no dia 8 de Novembro passado. Este complexo paroquial constitui agora para a zona de Acília, denominada «Dragoncello», o único centro religioso e social de agregação, aberto a inúmeras famílias jovens que habitam neste bairro. Enquanto dou graças ao Senhor, juntamente convosco, por tudo o que foi realizado até agora, quereria com esta minha Visita exortar-vos a crescer sempre mais no generoso serviço apostólico, preocupando-vos sobretudo com a formação cristã das vossas crianças e jovens. Nos primeiros cinco anos de vida da Comunidade, cerca de quatrocentas crianças receberam o Baptismo. Isto significa que no próximo futuro esta Paróquia contará com a presença de muitos adolescentes e jovens. Caros Irmãos e Irmãs, compete-vos preparar o terreno justo para o crescimento sadio e sereno destas crianças. E podereis desempenhar esta vossa missão, se vos deixardes guiar pela Palavra de Deus e vos preocupardes sempre em oferecer um coerente testemunho de fé e caridade.

4. A Missão da cidade, que se está a celebrar nesta e nas outras Paróquias de Roma, oferece-vos a oportunidade de um novo impulso espiritual e apostólico. Não vos contenteis, caríssimos, com sentir-vos à vontade dentro da igreja e dos locais paroquiais, mesmo que sejam novos e bonitos, mas saí para encontrar as pessoas que não os frequentam. Todos esperam um renovado anúncio de Jesus Cristo, o único que pode salvar o homem. Muitos são os que, de outras partes da Cidade, se transferiram para este bairro. Trata-se muitas vezes de jovens casais, que vieram morar aqui depois do seu matrimónio. Fazei com que a mudança de ambiente não os desoriente, provocando-lhes um prejudicial afastamento da vida eclesial e sacramental. Ao contrário, sede para eles uma comunidade capaz de os acolher e de lhes favorecer a integração harmoniosa.

Por isso, estai disponíveis a encontrar as famílias, oferecendo-lhes amizade, compartilhando com elas a alegria da fé. Neste sentido, muito útil será a Missão da cidade, com as reuniões nos vários centros de escuta. Este empenho de solidariedade e de acolhimento ao serviço do Evangelho deve tornar-se estilo de vida quotidiana, para que jamais cessem a oração comum, a reflexão sobre o Evangelho e o apoio mútuo. Mas toda esta interessante e urgente obra apostólica não pode ser eficaz, se não for sustentada por momentos de oração, de modo especial de prolongada pausa diante da Eucaristia. Sei que nesta Paróquia, graças à presença das Irmãs Missionárias da Caridade, se assegura a Adoração Eucarística quotidiana. Como seria maravilhoso se em cada paróquia se intensificasse a Adoração Eucarística em preparação para o Grande Jubileu do Ano 2000, que será um ano intensamente eucarístico, uma vez que verá na Urbe a realização do Congresso Eucarístico Internacional, sobre o tema: «Jesus Cristo único Salvador do mundo, pão para a nova vida».

5. «Todos os confins da terra verão o triunfo do nosso Deus» (Is 52,10). Como escutámos na primeira Leitura, o profeta Isaías prenuncia a universalidade da salvação, oferecida a todos os povos sem distinção de raça, língua e cultura. Cada crente é chamado, segundo as próprias possibilidades e responsabilidades, a participar na grande missão evangelizadora. Este é o empenho que também aqui, na vossa Paróquia, deve ser percorrido com perseverança e fidelidade, para que o Evangelho entre em cada lar, nas famílias e nos vários ambientes em que se articula a vida quotidiana.

O Espírito do Senhor vos ilumine e vos sustente nesta empenhativa obra apostólica. Caríssimos Irmãos e Irmãs, oremos juntos para que sejam defendidos e partilhados os valores do Evangelho, em particular os que se referem aos âmbitos da vida e da família fundada sobre o matrimónio. Oremos pelos jovens, para que encontrem no amor do Senhor a força para resistir às tentações e aos perigos que os ameaçam. Rezemos para que todos os homens de boa vontade se empenhem em edificar uma sociedade mais em sintonia com a mensagem evangélica.

Confio à celeste protecção de Maria e dos Santos Irmãos de Salonica esta vossa Comunidade, assim como o caminho dos povos eslavos e o futuro da Europa inteira. Santos Cirilo e Metódio, Apóstolos dos povos eslavos e Co-Padroeiros da Europa, rogai por nós!

Amém!





PALAVRAS DO PAPA JOÃO PAULO II


DURANTE A CELEBRAÇÃO DO CONSISTÓRIO


ORDINÁRIO PÚBLICO PARA


A CRIAÇÃO DE NOVOS CARDEAIS


1129
Sábado, 21 de Fevereiro de 1998

«Seniores qui in vobis sunt obsecro consenior et testis Christi passionum qui et eius quae in futuro revelanda est gloriae communicator» (1P 5,1).


1. Faço minhas as palavras do apóstolo Pedro ao dirigir-me a vós, venerados e caríssimos Irmãos, que tive a alegria de associar ao Colégio dos Cardeais.

Elas evocam a nossa radicação fundamental, como «seniores», no mistério de Cristo Cabeça e Pastor. Enquanto partícipes da plenitude da Ordem sagrada, d'Ele nós somos, na Igreja e para a Igreja, uma representação sacramental, chamados a proclamar de modo autorizado a Sua palavra, a repetir os Seus gestos de perdão e de oferta da salvação, a exercer a Sua solicitude amorosa até ao dom total de nós mesmos pelo rebanho (cf. Exortação Apostólica Pastores dabo vobis PDV 15).

Esta radicação em Cristo recebe hoje em vós, venerados Irmãos, uma ulterior especificação, uma vez que com a elevação à Púrpura sois chamados e habilitados a um serviço eclesial de responsabilidade ainda mais grave, em estreitíssima colaboração com o Bispo de Roma. Tudo o que hoje se realiza na Praça de São Pedro é, pois, a chamada a um serviço mais empenhativo porque, como escutámos do Evangelho, «quicumque voluerit in vobis primus esse, erit omnium servus» (Mc 10,44). A escolha compete a Deus, a nós o serviço. Não se deve porventura entender o próprio primado de Pedro como serviço à unidade, à santidade, à catolicidade e à apostolicidade da Igreja?

O Sucessor de Pedro é o servus servorum Dei, segundo a expressão de São Gregório Magno. E os Cardeais são os seus primeiros conselheiros e cooperadores no governo da Igreja universal: são os «seus» bispos, os «seus» presbíteros e os «seus» diáconos, não simplesmente na primitiva dimensão da Urbe, mas no apascentar o inteiro povo de Deus, ao qual a Sede de Roma «preside na caridade» (cf. Santo Inácio de Antioquia, Aos Rm 1,1).

2. Com esses pensamentos, dirijo a minha cordial saudação aos venerados Cardeais presentes, que no Colégio cardinalício, e sobretudo neste Consistório público, manifestam de modo eminente o «aspecto sinfónico», por assim dizer, da Igreja, isto é, a sua unidade na universalidade das proveniências e na variedade dos ministérios.

Com eles compartilho a alegria de acolher hoje os vinte novos Coirmãos, que provêm de treze Países de quatro Continentes e deram óptima prova de fidelidade a Cristo e à Igreja, alguns no serviço directo da Sé Apostólica, outros em guiar importantes Dioceses. Agradeço, em particular, ao Cardeal Jorge Arturo Medina Estévez as expressões, com que se fez intérprete dos comuns sentimentos nesta circunstância tão significativa.

É-me grato, neste momento, dirigir um pensamento orante ao saudoso D. Giuseppe Uhaè, que o Deus de toda a graça – como escreve o apóstolo Pedro – chamou a Si pouco antes da nomeação, para lhe oferecer outra coroa: a da glória eterna em Cristo (cf. 1P 5,10). Desejo, ao mesmo tempo, comunicar que reservei in pectore a nomeação a Cardeal a outros dois Prelados.

3. A celebração hodierna realiza-se durante o ano do Espírito Santo, em preparação para o Grande Jubileu do Ano 2000, segundo o itinerário traçado na Carta Apostólica Tertio millennio adveniente, que recolheu e elaborou as propostas de um memorável Consistório Extraordinário, que se realizou em Junho de 1994.

Que melhor contexto eclesial e espiritual, para invocar sobre os novos Cardeais os dons do Espírito Santo, «spiritus sapientiae et intellectus, spiritus consilii et fortitudinis, spiritus scientiae et pietatis et... spiritus timoris Domini» (Is 11,2-3 Vulg.)? Quem mais do que eles tem necessidade do abundante conforto destes dons, para exercer a missão recebida do Senhor? Quem mais do que eles está consciente do facto que «o Espírito é... o agente principal da nova evangelização» e que «a unidade do Corpo de Cristo está fundada sobre a acção do Espírito, é garantida pelo ministério apostólico e é sustentada pelo mútuo amor» (Tertio millennio adveniente, 45 e 47)?

1130 Venerados Irmãos, possa o Espírito Paráclito habitar plenamente em cada um de vós, cumular-vos com a consolação divina e tornar-vos assim consoladores de quantos se encontram na aflição, de modo particular dos membros mais provados da Igreja, das comunidades que maiormente sofrem tribulações por causa do Evangelho. Possais dizer-lhes com o apóstolo Paulo: «Sive autem tribulamur, pro vestra exhortatione et salute; sive exhortamur, pro vestra exhortatione, quae operatur in tolerantia earumdem passionum quas et nos patimur» (2Co 1,6).

4. Venerados Irmãos, vós sois criados Cardeais enquanto nos encaminhamos, já a largos passos, rumo ao terceiro milénio da era cristã. Já vislumbramos no horizonte a Porta Santa do Grande Jubileu do Ano 2000 e isto dá à vossa missão um valor e um significado de enorme relevo. Com efeito, sois chamados, juntamente com os outros Membros do Colégio cardinalício, a ajudar o Papa a conduzir a barca de Pedro para esta meta histórica. Conto com o vosso apoio e o vosso esclarecido e experimentado conselho, para guiar a Igreja na última fase da preparação para o Ano Santo. Ao dirigir, juntamente convosco, o olhar para além do limiar do Ano 2000, peço ao Senhor a abundância dos dons do Espírito divino para a Igreja inteira, a fim de que a «primavera» do Concílio Vaticano II possa encontrar no novo milénio o seu «verão», isto é, o seu amadurecido desenvolvimento.

A missão, a que Deus vos chama neste dia, exige um atento e constante discernimento. Eis por que vos exorto a ser sempre mais homens de Deus, ouvintes que penetram a sua Palavra, capazes de reflectir a sua luz no meio do Povo cristão e entre os homens de boa vontade. Só sustentada pela luz do Evangelho a Igreja pode enfrentar, com esperança segura, os desafios do presente e do futuro.

5. Dirijo agora cordiais boas-vindas aos familiares dos novos Cardeais, assim como às Delegações provenientes das várias Igrejas e às Representações governativas e civis, que quiseram participar neste solene momento eclesial. Caríssimos Irmãos e Irmãs, ilustres Senhores e Senhoras, agradeço-vos a vossa presença, expressão do afecto e da estima que vos ligam aos Arcebispos e Bispos por mim associados ao Colégio cardinalício. Assim como neles, também em vós vejo uma imagem da universalidade da Igreja e, além disso, um sinal eloquente do vínculo de comunhão de leigos e pessoas consagradas com os seus Pastores, assim como de presbíteros e diáconos com os seus Bispos. Doravante, os novos Cardeais terão ainda mais necessidade do vosso apoio espiritual: acompanhai-os sempre com a oração, como já o fazeis.

6. Amanhã terei a alegria de celebrar com particular solenidade a festa da Cátedra de Pedro, juntamente com os novos Cardeais, aos quais entregarei o anel. Quereria invocar, neste momento, a celeste intercessão do Príncipe dos Apóstolos: ele, que sentiu toda a sua própria indignidade diante da glória do seu Senhor, conceda a cada um de vós a humildade do coração, indispensável para acolher cada dia, como um dom, o alto encargo que vos foi confiado. Pedro, que ao seguir Cristo se tornou pescador de homens, vos obtenha o reconhecimento quotidiano pela chamada a serdes partícipes de modo singular no ministério do seu Sucessor. Ele, que nesta cidade de Roma selou com o sangue o seu testemunho de Cristo, vos alcance a graça de dar a vida pelo Evangelho e de fecundar assim a messe do Reino de Deus.

A Maria, Rainha dos Apóstolos, confio as vossas pessoas e o vosso serviço eclesial: a sua presença espiritual hoje, neste nosso cenáculo, seja para vós penhor da constante efusão do Espírito, graças ao qual podereis proclamar a todos, nas várias línguas do mundo, que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

Amém!







NA CONCELEBRAÇÃO DA MISSA COM


OS NOVOS PURPURADOS


Domingo, 22 de Fevereiro de 1998




1. «Tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a Minha Igreja» (Mt 16,18). As palavras de Cristo ao Apóstolo Pedro em Cesareia de Filipe ilustram bem os elementos fundamentais da hodierna celebração. Antes de mais, a festa da Cátedra de São Pedro constitui uma comemoração mais do que nunca significativa para esta Basílica, cerne do mundo católico e meta quotidiana de inumeráveis peregrinos. Depois, a entrega do Anel aos novos Cardeais criados no Consistório Ordinário Público, ao qual ontem tive a alegria de presidir, enriquece a presente Liturgia com um ulterior significado eclesial.

O trecho evangélico apresenta Pedro que, impelido por uma inspiração divina, manifesta a sua adesão total a Jesus, Messias prometido e Filho de Deus. Em resposta à clarividente profissão de fé, que Pedro faz também em nome dos outros Apóstolos, Cristo revela a missão que tenciona confiar-lhe, a de ser a «pedra» sobre a qual está construído o inteiro edifício espiritual da Igreja.

«Tu és Pedro!». O ministério confiado a Pedro e aos seus sucessores, de ser a rocha sólida sobre a qual se fundamenta a Comunidade eclesial, constitui a garantia da unidade da Igreja, a defesa da integridade do depósito da fé e o fundamento da comunhão de todos os componentes do Povo de Deus. Por conseguinte, a festividade litúrgica deste dia representa um convite a reflectir sobre o «serviço petrino» do Bispo de Roma em relação à Igreja universal. À Cátedra de Pedro estão unidos de maneira especial os Cardeais, que constituem o «senado» da Igreja, os primeiros colaboradores do Papa no serviço pastoral universal.

1131 Então, mais providencial do que nunca é o facto de, neste dia, celebrarmos juntos a festa da Cátedra de Pedro e a ampliação do Colégio cardinalício, com a nomeação de vinte novos Membros, Prelados que deram prova de sabedoria e de profundo espírito de comunhão com a Sé Apostólica, no seu generoso e fiel serviço à Comunidade eclesial. Na oração, confiamos todos eles ao Senhor, a fim de que o seu testemunho evangélico continue a ser um exemplo luminoso para todo o Povo de Deus.

2. Sem dúvida, cada um deles ouviu as palavras do Apóstolo Pedro como se fossem dirigidas a si mesmo: «Faço uma admoestação aos presbíteros que estão entre vós, eu que sou presbítero como eles, testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que vai ser revelada: cuidai do rebanho de Deus que vos foi confiado» (
1P 5,1-2).

Os «presbíteros» da Igreja não podem deixar de ser pastores zelosos e solícitos do «rebanho de Deus». Este é o estado de ânimo com que, nesta solene circunstância, o Sucessor de Pedro se prepara para entregar aos novos Purpurados o Anel cardinalício, sinal do especial ligame esponsal que doravante os vincula à Igreja de Roma, à qual preside na caridade. Estimados e venerados Irmãos, a vós é confiada a missão, em íntima comunhão de espírito e de intenções com o Papa, de ser testemunhas dos sofrimentos que ainda hoje Cristo padece no seu Corpo místico; ao mesmo tempo, sois chamados a proclamar com a palavra e a vida a esperança que não desilude.

Provenientes de treze nações de vários continentes, agora sois incardinados na Igreja de Roma. Desta forma, verifica-se um sublime intercâmbio de dons entre a Igreja que está nesta Cidade e as Igrejas peregrinantes nas diversas partes do mundo. À Igreja de Roma ofereceis a variedade dos carismas e a riqueza espiritual das vossas Comunidades cristãs, veneráveis segundo uma antiga tradição ou admiráveis pelo vigor e a pela vitalidade das suas energias. A Igreja de Pedro e de Paulo, por sua vez, exprime de maneira mais luminosa o rosto da sua catolicidade, alargando a própria solicitude pastoral às Comunidades cristãs do mundo inteiro, através do qualificado serviço eclesial dos Pastores chamados à dignidade e à responsabilidade cardinalícias. Desta forma, como o Papa Paulo VI se expressou na circunstância do Consistório durante o qual eu mesmo fui elevado à Púrpura, o Colégio cardinalício constitui como que o «Presbyterium do Orbe» (Homilia por ocasião da entrega do Anel cardinalício, 29 de Junho de 1967: Insegnamenti V [1967], pág. 352).

3. «Cuidai do rebanho de Deus... como modelos para o rebanho» (1P 5,2-3). Venerados Irmãos, ao entrardes a fazer parte deste exímio Senado eclesial, todos vós assumis a responsabilidade de Pastores da Igreja a um nível novo e mais elevado. A vós é confiado o múnus não só de eleger o Papa, mas também de compartilhar com ele a solicitude pelo inteiro povo cristão. Já estais repletos de méritos, em virtude da generosa e zelosa obra levada a cabo no ministério episcopal em ilustres Dioceses de muitas partes do mundo ou na dedicação ao serviço da Sé Apostólica em várias e difíceis tarefas.

A nova dignidade, à qual agora sois chamados mediante a nomeação cardinalícia, deseja manifestar apreço pelo vosso diuturno trabalho no campo de Deus e prestar homenagem às Comunidades e às Nações de onde provindes e das quais sois dignos representantes na Igreja. Ao mesmo tempo, investe-vos com novas e mais importantes responsabilidades, exigindo de vós um suplemento de disponibilidade a Cristo e ao seu inteiro Corpo místico.

Esta nova radicação em Cristo e na Igreja compromete-vos num serviço mais corajoso do Evangelho e numa dedicação incondicional aos irmãos. Além disso, exige de vós uma disponibilidade completa, até à efusão do sangue, como simboliza muito bem a cor purpúrea do vosso hábito cardinalício. «Usque ad sanguinis effusionem...». Esta radical prontidão a entregar a vida por Cristo haure constante alimento de uma fé sólida e humilde. Estai conscientes da missão que hoje o Senhor vos confia! Contai com Ele! Deus é fiel às suas promessas. Trabalhai sempre para Ele, persuadidos de que, como diz o Apóstolo Pedro, «quando aparecer o supremo Pastor, recebereis a coroa de glória que não se ofuscará» (1P 5,4).

4. «Eu mesmo conduzirei as Minhas ovelhas... procurarei aquela que se perder, reconduzirei aquela que se desgarrar» (Ez 34,15-16). Não vos deixeis abater pelas inevitáveis dificuldades da vida! Como escutámos na primeira Leitura, o profeta Ezequiel assegura-nos que o próprio Senhor cuida do seu Povo. Sois chamados a tornar-vos um sinal visível desta solicitude de Deus pela sua herança, imitando Cristo Bom Pastor, que reúne ao seu redor numa única grei, a humanidade dispersa pelo pecado.

Como deixar de ressaltar que esta missão de apascentar o rebanho de Cristo vos é confiada num momento particular da história da Igreja e da humanidade? Estamos a viver uma passagem histórica do segundo para o terceiro milénio, cuja aurora já vemos aproximar-se a largos passos: caminhamos rumo ao Grande Jubileu do Ano 2000. Em todas as partes do mundo, fervilham iniciativas apostólicas e missionárias em vista de fazer dessa data uma ocasião de renovação interior para todos os fiéis. Possa essa etapa histórica assinalar uma extraordinária primavera de esperança para os fiéis e para a inteira humanidade.

5. Confiamos estes votos à Virgem Maria, sempre presente na Comunidade cristã desde as suas origens, enquanto recolhida em oração ou empenhada em proclamar o Evangelho a todos, espera e prepara a vinda de Cristo, Senhor da História. Venerados Irmãos, a Ela cofiamos o vosso novo serviço eclesial, na perspectiva do grande evento jubilar; nas suas mãos maternas depositamos as expectativas e as esperanças de cada um dos fiéis e de toda a humanidade.

Amém!





NA LITURGIA DAS CINZAS


1132
25 de Fevereiro de 1998




1. «... Convertei-vos a Mim de todo o vosso coração, com jejuns, com lágrimas e com gemidos... Convertei-vos ao Senhor, vosso Deus» (
Jl 2,12-13).

Com as palavras do antigo profeta, a hodierna Liturgia das Cinzas, precedida pela procissão penitencial, introduz-nos na Quaresma, tempo de graça e de regeneração espiritual. «Retornai, convertei-vos...». No início dos quarenta dias, estes apelos prementes têm em vista estabelecer um singular diálogo entre Deus e o homem. Diante do Senhor que convida à conversão, o homem faz própria a oração de David, confessando humildemente os seus pecados:

«Tende piedade de mim, Senhor, segundo a Vossa misericórdia;
segundo a Vossa grande misericórdia, apagai os meus pecados.
Lavai-me totalmente das minhas iniquidades, purificai dos meus defeitos.
Reconheço, de verdade, as minhas culpas,
o meu pecado está sempre diante de mim.
Contra Vós apenas é que eu pequei, pratiquei o mal perante os Vossos olhos...;
Cobri o Vosso rosto perante os meus pecados,
e apagai todas as minhas culpas» (Sl 50[51], 3-6.11).

1133 2. O Salmista não se limita a confessar as próprias culpas e a pedir-lhe a remissão; ele espera da bondade do Senhor sobretudo a renovação interior: «Ó Senhor, criai em mim um coração puro, e renovai ao meu interior um espírito recto» (Ibid. v. 12). Iluminado pelo Espírito sobre o poder devastador do pecado, ele pede para se tornar uma criatura nova e ser, num certo sentido, de novo criado.

Eis, está aqui a graça da redenção! Diante do pecado que deturpa o coração do homem, o Senhor inclina-se para a Sua criatura a fim de restabelecer o diálogo salvífico e lhe abrir novas perspectivas de vida e de esperança. É especialmente durante o tempo da Quaresma que a Igreja aprofunda este mistério de salvação.

Ao pecador que se interroga sobre a sua situação e sobre a possibilidade de ainda obter a misericórdia de Deus, a Liturgia hoje responde com as palavras do Apóstolo, tiradas da segunda Carta aos Coríntios: «Aquele que não havia conhecido pecado, Deus O fez pecado por nós para que nos tornássemos n'Ele justiça de Deus» (5, 21). Em Cristo é proclamado e oferecido aos crentes o amor imenso do Pai celeste para cada homem.

3. Ressoa, aqui, o eco de quanto Isaías anunciava de longe a propósito do Servo do Senhor: «Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um seguia o seu caminho; o Senhor carregou sobre Si a iniquidade de todos nós» (
Is 53,6).

Deus ouve as invocações dos pecadores que, juntamente com David, suplicam: «Ó Senhor, criai em mim um coração puro». Jesus, o servo sofredor, toma sobre os Seus ombros a cruz, que representa o peso de todos os pecados da humanidade, e encaminha-Se para o Calvário a fim de dar, com a Sua morte, plena realização à obra da redenção. Jesus crucificado é o ícone da misericórdia ilimitada de Deus para com todos os homens.

Para nos recordar que «nas Suas chagas fomos curados» (Is 53,5) e suscitar em nós o horror ao pecado, a Igreja convida-nos a fazer muitas vezes, durante a Quaresma, a piedosa prática da Via Crucis. Para nós, aqui em Roma, assume grande relevo a da Sexta-Feira Santa no Coliseu, que nos oferece a oportunidade de tocar com a mão a poderosa verdade da redenção mediante a cruz, repercorrendo idealmente os vestígios dos primeiros mártires na Urbe.

4. «Cobri o Vosso rosto perante os meus pecados, e apagai todas as minhas culpas... Senhor, Vós não desprezais um espírito contrito e humilhado» (Sl 50[51], 11.19). É comovedora esta invocação quaresmal!

O homem, criado por Deus à Sua imagem e semelhança, proclama: «Contra Vós apenas é que eu pequei, pratiquei o mal perante os Vossos olhos» (Ibid.v. 6). Iluminado pela graça deste tempo penitencial, ele sente o peso do mal cometido e compreende que somente Deus o pode libertar. Do profundo da sua miséria pronuncia, então, a exclamação de David: «Lavai-me totalmente das minhas iniquidades, purificai-me dos meus delitos. Reconheço, de verdade, as minhas culpas, o meu pecado está sempre diante de mim». Oprimido pelo pecado, ele esconjura a misericórdia de Deus, faz apelo à Sua fidelidade à aliança, e pede-Lhe que realize a Sua promessa: «Apagai todas as minhas culpas» (Ibid. vv. 4.11).

No início da Quaresma, oremos para que, no tempo «favorável» destes quarenta dias, acolhamos o convite da Igreja à conversão.

Oremos para que, durante este itinerário rumo à Páscoa, se renove na Igreja e na humanidade a recordação do diálogo salvífico entre Deus e o homem, que a Liturgia da Quarta-Feira de Cinzas põe diante de nós. Oremos para que os corações se disponham ao diálogo com Deus. Para cada um Ele tem uma especial palavra de perdão e de salvação. Que cada coração se abra à escuta de Deus, para redescobrir na Sua palavra as razões da esperança que não engana.

Amém!







Homilias JOÃO PAULO II 1126