Homilias JOÃO PAULO II 1355


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II

À ÍNDIA E GEÓRGIA



DURANTE A MISSA NO ESTÁDIO


"JAWAHARLAL NEHRU"


7 de Novembro de 1999


"Comportai-vos como filhos da luz. O fruto da luz consiste em toda a bondade, justiça e verdade" (Ep 5,8-9).

Queridos Irmãos e Irmãs

1356 1. Hoje em todo este vasto país muitas pessoas estão a celebrar o Festival das Luzes. Alegramo-nos com elas, e nesta Eucaristia celebrada aqui em Nova Deli, na Índia, no continente da Ásia, também nós exultamos na luz e damos testemunho do Único que é "a luz verdadeira, aquela que ilumina todo o homem" (Jn 1,9).

Deus, Pai de misericórdia, concedeu-me a alegria de vir ao meio de vós para promulgar a Exortação Apostólica pós-sinodal "Ecclesia in Asia", o resultado dos trabalhos da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Ásia, que se realizou em Roma no ano passado. De que se tratou neste Sínodo para a Ásia? De um encontro de Bispos representantes da Igreja que está neste continente. O que é que eles fizeram? Em primeiro lugar, escutaram o Espírito em oração; reflectiram sobre o caminho percorrido até agora pela Igreja no meio dos povos da Ásia; depois, reconheceram a graça da "hora" que a Igreja está a viver neste continente; enfim, comprometeram todo o povo de Deus numa fidelidade ainda maior ao Senhor e na tarefa evangélica que Ele confiou a todos os baptizados para o bem da família humana.

2. Dilectos Irmãos e Irmãs, hoje aqui representais a comunidade católica não só da Índia, mas do inteiro continente asiático, e enquanto nos preparamos para iniciar um novo século e um novo milénio cristãos deposito nas vossas mãos a Exortação Apostólica pós-sinodal como guia para a vida espiritual e pastoral da Igreja neste continente.

É oportuno que este documento seja assinado e publicado na Índia, centro de muitas e veneráveis tradições culturais, religiosas e espirituais da Ásia. Estas antigas civilizações asiáticas forjaram a vida dos povos neste continente e deixaram uma marca indelével na história da raça humana. Hoje encontram-se aqui presentes ilustres representantes das várias comunidades cristãs e das grandes religiões da Índia. Saúdo todos eles com estima e amizade, enquanto lhes exprimo a minha esperança e os meus votos de que o próximo século seja um tempo de diálogo fecundo, que conduza a um novo relacionamento de compreensão e de solidariedade entre os seguidores de todas as religiões.

3. Desejo agradecer a D. Alan de Lastic, Pastor da Arquidiocese que hospeda esta Assembleia eucarística, as suas amáveis palavras de boas-vindas. Saúdo todos os meus irmãos Bispos das Igrejas latina, sírio-malabar e sírio-malancar. Abraço os Cardeais e os Bispos que vieram de outros países em vista de compartilhar a alegria desta ocasião.

Estou grato ao grande número de sacerdotes aqui presentes, que participam no único sacerdócio de Jesus Cristo juntamente com os Bispos e os Pastores da Ásia e do mundo. Dilectos irmãos no Sacerdócio, assumi como regra da vossa vida as palavras da Liturgia da Ordenação: "Recebe o Evangelho de Cristo, de quem és servidor; medita sobre a Lei de Deus; acredita naquilo que lês; prega aquilo em que acreditas; e pratica o que anuncias".

Com grande afecto no Senhor, saúdo os religiosos e as religiosas. Quer estejais empenhados na contemplação, quer trabalheis no apostolado activo, o vosso testemunho da supremacia do espírito coloca-vos no cerne mesmo da vida e da missão da Igreja que está na Ásia. Por isso agradeço-vos e encorajo-vos.

Confio os frutos do Sínodo de maneira especial a vós, membros do laicado, porque sobretudo vós sois chamados a transformar a sociedade, infundindo o "espírito de Cristo" na mentalidade, nos costumes, nas leis e nas estruturas do mundo em que viveis (cf. Ecclesia in Asia ). Um dos principais desafios que se vos apresentam consiste em fazer com que a luz do Evangelho brilhe na família e na salvaguarda da vida e da dignidade do homem. Dais testemunho da vossa fé num mundo repleto de contrastes. Por um lado, houve um enorme progresso económico e tecnológico, mas por outro ainda existem situações de extrema pobreza e injustiça. O Sínodo voltou a fazer eco do grito dos antigos profetas, repetindo o brado pela justiça, pela justa ordem da sociedade humana, sem as quais não pode haver verdadeiro culto a Deus (cf. Is Is 1,10-17 Am Am 5,21-24 cf. também Ecclesia in Asia ). A Igreja formula votos por que os homens e as mulheres da Ásia reflictam a luz de Cristo onde quer que a obscuridade do pecado, da divisão e da discriminação deturpe a imagem de Deus nos seus filhos.

4. "Essa luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram apagá-la" (Jn 1,5).
Estas palavras de São João no Evangelho de hoje falam-nos de Jesus Cristo. A Sua vida e obra são a luz que alumia a nossa viagem rumo ao destino transcendente. A Boa Nova da Encarnação do Salvador, bem como da sua Morte e Ressurreição para a nossa salvação, ilumina o caminho da Igreja enquanto esta percorre o seu caminho através da história, rumo à plenitude da Redenção.

O Sínodo, que estamos a encerrar hoje, alegrou-se ao reflectir sobre o nascimento de Jesus no solo da Ásia. O Verbo eterno encarnou como asiático! E foi neste continente, mediante a pregação do Evangelho no poder do Espírito Santo, que a Igreja começou a anunciar a Boa Nova. Juntamente com os cristãos do mundo inteiro, a Igreja que está na Ásia cruzará o limiar do novo milénio, dando graças por tudo aquilo que Deus realizou desde o princípio até agora. Assim como o primeiro milénio viu a Cruz firmemente plantada no solo da Europa, e o segundo a viu estabelecer-se na América e na África, que o terceiro milénio cristão possa dar testemunho de uma grande messe de fé neste vasto e vital continente (cf. Ecclesia in Asia ).

1357 5. Enquanto estamos prestes a cruzar o limiar do grande Jubileu, que há-de comemorar o bimilenário do nascimento de Jesus Cristo, a comunidade dos seus discípulos é chamada a emendar a grande rejeição mencionada no prólogo do Evangelho de São João: "O mundo foi feito por meio dela (da Palavra), mas o mundo não a conheceu. Ela veio para a sua casa, mas os seus não a receberam" (1, 10-11). O Verbo eterno, "a verdadeira luz, aquela que ilumina todo o homem, estava a chegar ao mundo" (Ibid., 1, 9). Todavia, em vez de se difundir livremente, essa luz é com frequência impedida e velada pela obscuridade. No coração do pecador, ela é rejeitada. E os pecados dos indivíduos consolidam-se e empedernecem nas estruturas sociais da injustiça, nos desequilíbrios económicos e culturais que discriminam as pessoas, forçando-as a marginalizar-se na sociedade. O sinal de que realmente estamos a celebrar o Jubileu como o ano da graça do Senhor (cf. Is Is 61,2) serão a nossa conversão à luz e os nossos esforços em vista de restabelecer a equidade e promover a justiça a todos os níveis da sociedade.

6. "Ela (a Palavra) deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos aqueles que a receberam, isto é, àqueles que acreditam no seu nome" (Jn 1,12).

Na Eucaristia damos graças a Deus Pai pelos seus numerosos dons, e de maneira especial pela dádiva do seu Filho muito amado, nosso Salvador Jesus Cristo. Jesus Cristo é a Testemunha fiel e verdadeira (cf. Ap Ap 3,14).

O Sínodo recorda aos cristãos da Ásia que "a vida perfeitamente humana de Jesus, devotada de forma completa ao amor e serviço do Pai e do homem, revela que a vocação de todo o ser humano é receber amor e, em troca, dar amor" (Ecclesia in Asia ). Nos Santos, surpreendemo-nos com a inextinguível capacidade que o coração humano tem de amar a Deus e ao próprio homem, mesmo quando isto envolve grandes sofrimentos. A herança de muitos mestres sábios na Índia e nas outras terras da Ásia não tem em vista porventura uma direcção análoga? Este ensinamento ainda hoje é válido! Com efeito, ele é necessário mais do que nunca! O mundo só se transformará se os homens e as mulheres de boa vontade, bem como todas as nações, reconhecerem genuinamente que o único caminho digno da família humana é a senda da paz, do respeito, da compreensão e do amor recíprocos, e da solidariedade para com os necessitados.

Estimados Irmãos e Irmãs, o que a Igreja pede aos seus membros na aurora de um novo milénio? Sobretudo que sejais testemunhas convincentes, assumindo na vossa vida a mensagem que proclamais. Como a Ecclesia in Asia recorda a todos nós: o fogo só pode ser ateado por quem está pessoalmente inflamado. O Evangelho só pode ser anunciado se os Bispos, o clero, os consagrados e os leigos tiverem em si mesmos a chama do amor de Cristo, ardentes de zelo em vista de O tornar conhecido, amado e seguido (cf. n. 23).

Esta é a mensagem do Sínodo: uma mensagem de amor e de esperança para os povos deste continente. A Igreja na Ásia preste atenção a esta mensagem, a fim de que todos "tenham vida, e a tenham em abundância" (cf. Jo Jn 10,10). Por nosso Senhor Jesus Cristo!

Amém.



VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II ÍNDIA E GEÓRGIA



DURANTE A MISSA


NO PALÁCIO DOS DESPORTOS


EM TBILISI (GEÓRGIA)


Tbilisi, 9 de Novembro de 1999



1. "Deus amou de tal forma o mundo que entregou o seu Filho único" (Jn 3,16).

Queridos Irmãos e Irmãs da Geórgia, venho até vós com esta mensagem de esperança: Deus ama-vos! O nosso Pai celestial deu o seu Filho unigénito também por vós, dilectos filhos desta terra rica de história. Neste último ano do século e do milénio, ano dedicado a Deus Pai, a Igreja inteira está, por assim dizer, imersa no mistério do amor de Deus para poder cruzar a Porta Santa do Grande Jubileu, renovada pela sua misericórdia divina.

Sem Deus o homem não consegue encontrar-se plenamente a si mesmo, nem a sua verdadeira felicidade. Com efeito, sem Deus o homem termina por ir contra si próprio, porque é incapaz de construir uma ordem social suficientemente respeitosa dos direitos fundamentais da pessoa e da coexistência cívica.

1358 Igreja de Cristo que vive nesta terra dos Kartveli, venho a ti como peregrino da Sé de Roma, honrada pelo sangue dos Santos Pedro e Paulo, e repito-te as palavras do Apóstolo das nações: "O campo e a construção de Deus sois vós... o templo de Deus é santo, e esse templo sois vós" (1Co 3,9 1Co 3,17).

2. Estou intensamente comovido e profunda é a alegria que sinto ao visitar-vos, Irmãos e Irmãs do nobre povo georgiano. Em primeiro lugar, saúdo o Presidente da Geórgia, Sua Ex.cia o Senhor Shevardnadze, e agradeço-lhe ter desejado honrar esta assembleia com a sua presença.

Com sincero afecto, abraço a inteira Comunidade católica de rito latino que vive neste país e o seu Administrador Apostólico, D. Giuseppe Pasotto, a comunidade de rito arménio-católico cujo Ordinário, D. Nerses Der Nersessian, está hospitalizado: desejo transmitir-lhe o meu afecto e os melhores votos. Também abraço a comunidade sírio-caldeia, juntamente com o seu pároco. De maneira especial, cumprimento todos os sacerdotes, religiosos e religiosas.

Penso inclusivamente naqueles que estão unidos a nós em espírito, de modo especial nos enfermos e nas pessoas idosas, assim como nas pessoas que vieram de outros países. A Geórgia sempre esteve no meu coração, nos difíceis e tristes anos da perseguição, e agora sinto-me feliz por estar aqui, rezar convosco e dar graças a Deus pela reconquistada liberdade.

3. "Deus amou de tal forma o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna" (Jn 3,16). Esta é a "boa nova" onde se há-de encontrar a fonte da esperança para cada homem e mulher! Esta é a semente evangélica que Cristo, depois da sua ressurreição, confiou à Igreja para que ela a consiga semear no solo da história. "Deus é amor"! (1Jn 4,8 1Jn 4,16) e a sua providência alcança todas as criaturas. O supremo sinal deste amor é o sacrifício do seu único Filho e o dom do Espírito Santo que renova o coração humano e a face de toda a terra.

A Igreja está prestes a celebrar o Grande Jubileu do bimilenário do nascimento de Cristo, que coincide com o terceiro milénio da nação georgiana. Venho a vós, queridos Irmãos e Irmãs em Cristo, na véspera do evento do Grande Jubileu, e convido-vos a acolher na sua integridade o grandioso dom deste "ano da graça do Senhor" (Lc 4,19).

Dirijo esta mensagem não só a vós, Irmãos e Irmãs da Geórgia, mas desta amada terra proclamo-a ao mundo cristão da Europa, do qual fostes um posto de vanguarda. Com a sua cultura, história e fé, a Geórgia orientou-se sempre para o Ocidente e ofereceu a própria contribuição à Europa cristã. Ao coração de cada homem e mulher, desejo repetir que Deus "entregou o seu Filho único" por todos e cada um dos indivíduos. Mediante a sua Encarnação, o Filho de Deus uniu-se de certa forma a cada pessoa (cf. Gaudium et spes GS 22).

4. "Deus é o nosso refúgio e a nossa força" (Ps 46 [45], 2). Nesta invocação, entoada no Salmo responsorial, ouço a vossa voz, Irmãos e Irmãs da Geórgia! Ouço a voz dos vossos antepassados, que defenderam a fé cristã ao longo dos séculos com amor e sacrifícios, enfrentando por vezes árduas e opressivas perseguições. Juntamente com os outros irmãos e irmãs cristãos, os católicos contribuíram para a cultura e a civilização da Geórgia. Mesmo além-fronteiras e com frequência em períodos muito difíceis, eles fizeram com que os valores e os homens ilustres do próprio país fossem conhecidos e estimados.

Continuai a viver no amor de Cristo, que chama os seus discípulos a serem misericordiosos e compreensivos uns com os outros. Este amor exige que os cristãos se comprometam em progredir ao longo do caminho da plena unidade pela qual Cristo rezou ao seu Pai, pouco antes da sua paixão: "Para que todos sejam um!" (Jn 17,21).

A Geórgia é também uma terra de singular hospitalidade e acolhimento, propondo-se como paradigma de respeito e de tolerância em relação aos seguidores das outras religiões. Um sinal eloquente desta vossa capacidade profundamente arraigada, de viverdes e trabalhardes em conjunto com as pessoas de boa vontade é o facto de que, não distante daqui, os principais lugares de culto para os cristãos, os judeus e os muçulmanos estão situados uns próximos dos outros.

5. Formado desde a antiguidade nos valores cristãos, o povo georgiano possui um perspicaz sentido da sacralidade da família. Oxalá sempre conserveis esta grande herança: tutelai e promovei a família nos campos social e político, mas sobretudo nas vossas próprias vidas; sede testemunhas da fidelidade no matrimónio e responsáveis na educação dos vossos filhos.

1359 Os casais e as famílias cristãs assumam a sua parte no anúncio do Evangelho do amor a toda a sociedade, mediante o exemplo de uma vida simples, laboriosa, hospitaleira e atenta aos pobres, como a Sagrada Família de Nazaré. Hoje é com grande afecto que abençoo as vossas famílias e filhos, os jovens e os idosos. Levai a saudação do Papa aos vossos lares!

6. Irmãos e Irmãs, empenhai-vos a fim de que toda a sociedade possa tornar-se uma grande família, aberta à verdadeira solidariedade e paz. Sei que não se trata de algo fácil, em parte devido ao longo período de dominação ateia, um tempo em que todos os crentes pagaram um preço demasiado elevado. Ao longo de todos aqueles numerosos anos, a comunidade católica viu a sua presença diminuir a um nível mínimo. Sacerdotes intrépidos, genuínos exemplos daquilo que o pastor é chamado a ser, realizaram esforços extraordinários em vista de nutrir a fé tanto quanto era possível.

Hoje encontrais-vos numa situação muito fragmentada, por um lado afligida pela pobreza e por outro tentada pelo consumismo secular. Não desanimeis! Deixai que a luz e o vigor do Evangelho vos sustentem ao longo da vossa viagem!

Sede sempre generosos para com aqueles de entre vós que estão em dificuldade, como já estais a fazer no vosso apoio à Cáritas e a outras louváveis formas de participação. Sei como o povo georgiano aprecia o trabalho indefesso destes ministros da caridade, oferecido como serviço a todos sem distinção, tendo em vista apenas as necessidades reais. Com o auxílio da doutrina social cristã, formai pessoas honestas e peritas, dispostas a empenharem-se nos campos social e político, ao serviço do bem comum.

7. Igreja de Deus que estás na Geórgia, deixa que a água viva do Espírito Santo jorre em grande medida no meio de ti! Ajuda os teus filhos a rejeitarem a mentalidade deste mundo e a estarem sempre prontos a escutar o Espírito de Cristo Redentor, a fim de conseguirem discernir o que é bom e perfeito aos olhos de Deus (cf. Rm
Rm 12,2). Desta forma, serás como uma cidade situada no píncaro de uma colina, cuja luz não fica escondida mas é para todos um testemunho da verdade e da liberdade, do amor e da paz.

Oxalá Maria Santíssima, ícone vivo do amor de Deus, te proteja e acompanhe sempre! Ao entrares no terceiro milénio cristão, confio-te à sua protecção materna e à intercessão dos teus Santos Padroeiros.

Povo de Deus que peregrinas nesta dilecta terra da Geórgia, caminha com confiança: Deus amou-te muito! O seu amor constitua a tua fortaleza hoje e sempre.

Amém!





NA CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA


DE SUFRÁGIO PELOS CARDEAIS E BISPOS


FALECIDOS DURANTE O ÚLTIMO ANO


12 de Novembro de 1999


1. "Viveremos na Sua presença" (Os 6,2).

Para o grande mistério da morte e da vida eterna nos orientaram, nos dias passados, as celebrações litúrgicas da solenidade de Todos os Santos e da Comemoração de todos os Fiéis defuntos. É neste clima espiritual que nos encontramos hoje na Basílica de São Pedro, para oferecer o Sacrifício eucarístico em sufrágio dos Cardeais e Bispos que chegaram à casa do Pai no decurso deste último ano.

1360 É-me grato recordar, em particular, os veneráveis Cardeais Carlos Oviedo Cavada, Raúl Silva Henríquez e George Basil Hume. A eles, assim como aos Arcebispos e Bispos falecidos no decurso do ano, dirige-se o nosso pensamento comovido e reconhecido. Na sua acção apostólica, fundada sobre a fé, e no seu atento serviço pastoral, eles dirigiram o olhar para além dos confins terrenos esperando no Senhor, anunciando o Seu nome aos irmãos e louvando-O, no meio da assembleia dos crentes. Possam agora repousar na casa do Pai celeste, morada de paz para os filhos de Deus!

2. "Na verdade, todos aqueles que são movidos pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus" (
Rm 8,14).

Quantas vezes estes Irmãos, que hoje comemoramos, fizeram referência, na sua vida e no exercício do seu ministério, à verdade fundamental exposta pelo Apóstolo! Quantas vezes invocaram o divino Paráclito e Lhe pediram que efundisse a sua graça sobre o Povo cristão!
O seu exemplo convida-nos a confirmar a fé na pessoa do nosso Salvador e na força vivificante do seu Espírito. A fé infunde em nós a consoladora certeza de que a morte é uma passagem para a vida eterna. O prefácio dos defuntos recorda-no-lo: "Aos vossos fiéis, Senhor, a vida não é tirada mas transformada e, enquanto é destruída a morada deste exílio terreno, é preparada uma habitação eterna no céu".

3. "O Filho dá a todos a vida eterna" (cf. Jo Jn 17,2).

No Evangelho escutámos o início da grande oração de Jesus ao Pai, antes da Paixão. Ela tem como fundo a cruz, mas deixa entrever a alegria da ressurreição.

Ao fixarmos o olhar no Crucificado, compreendemos que precisamente naquele extremo doar-se do Filho, o Pai efundiu em plenitude o Espírito Santo no mundo. O Bom Pastor, que veio para que os homens "tenham vida e a tenham em abundância" (Jn 10,10), leva assim a cumprimento a sua missão e dá o Espírito Santo para a salvação da inteira humanidade.

4. À luz de verdades tão confortadoras, dirijamo-nos ao Deus da vida, para que acolha estes nossos irmãos defuntos, durante longos anos generosos operários na Sua vinha. Agora que o Senhor os chamou a Si, possam experimentar a consoladora verdade da promessa de Cristo: "O Filho dá a todos a vida eterna".

Pensando neles e orando por eles, prossigamos com confiança no caminho rumo à Pátria celeste. Sustente-nos cada dia Maria Santíssima, que Jesus na cruz nos deu como mãe. A Ela, confiantes dirigimos o olhar, procurando refúgio sob a sua protecção. Ela, Virgem gloriosa e bendita, nos livre de todo o perigo e nos acompanhe ao encontro com Deus.

Amém!





DURANTE A CERIMÓNIA ECUMÊNICA


EM MEMÓRIA DE SANTA BRÍGIDA DA SUÉCIA,


CO-PADROEIRA DA EUROPA


13 de Novembro de 1999

1361
1. "Eu renovo todas as coisas... estas palavras são fiéis e verdadeiras" (Ap 21,5).


Cristo renova todas as coisas. Santa Brígida, ilustre filha da terra da Suécia, acreditou muito e com profundo amor em Cristo. Adornou com o seu cântico de fé e as suas boas obras a Igreja, na qual reconhecia a comunidade dos crentes, habitada pelo Espírito de Deus.

Hoje recordamos esta singular figura de Santa e sinto-me particularmente feliz por que nesta celebração estejam ao meu lado os mais altos representantes das Igrejas luteranas da Suécia e da Finlândia, juntamente com os meus venerados Irmãos no Episcopado de Estocolmo e de Copenhaga. Saúdo-os a todos e cada um com grande afecto.

Com deferência saúdo também o Rei e a Rainha da Suécia, que quiseram honrar esta celebração com a sua presença. A minha saudação estende-se, além disso, às Personalidades políticas que estão aqui connosco. Saúdo por fim todas vós, queridas Irmãs do Santíssimo Salvador de Santa Brígida, aqui guiadas pela vossa Superiora-Geral.

2. Estamos mais uma vez reunidos para renovar diante do Senhor o empenho pela unidade da fé e da Igreja, que Santa Brígida, com convicção, fez próprio em tempos difíceis. A paixão pela unidade dos cristãos foi o alimento de toda a sua existência. E este empenho, graças ao seu testemunho e ao da Madre Isabel Hesselblad, chegou até nós através da corrente misteriosa da Graça que ultrapassa os confins do tempo e do espaço.

A celebração hodierna impele-nos a meditar sobre a mensagem de Santa Brígida, que eu quis recentemente proclamar co-Padroeira da Europa, juntamente com Santa Catarina de Sena e Santa Teresa Benedita da Cruz. O seu amor activo pela Igreja de Cristo e o testemunho que deu da Cruz constituem um símbolo e uma inspiração para todos nós, que nos preparamos para cruzar o limiar de um novo milénio.

É-me muito grato inaugurar e benzer nesta tarde, no termo da presente celebração, uma estátua que tornará mais viva, aqui no Vaticano, a memória desta grande testemunha da fé. Colocada no exterior desta Basílica e precisamente ao lado da Porta chamada "da oração", a efígie em mármore de Santa Brígida constituirá para todos um constante convite a orar e a trabalhar sempre pela unidade dos cristãos.

3. O meu pensamento dirige-se agora para o dia 5 de Outubro de 1991, quando, nesta mesma Basílica, teve lugar uma solene celebração ecuménica no sexto centenário da canonização de Santa Brígida. Naquela circunstância pude dizer: "Já há vinte e cinco anos luteranos e católicos se esforçam por encontrar de novo o caminho comum... O diálogo teológico tornou evidente o vasto património de fé que nos une... Ninguém ignora que da doutrina da justificação teve início a Reforma protestante e que ela rompeu a unidade dos cristãos do Ocidente. Uma sua comum compreensão... ajudar-nos-á, disto estamos certos, a resolver as outras controvérsias que, directa ou indirectamente, a ela estão ligadas" (cf. L'Osserv. 13/10/1991, pág. Rm 2).

Aquela "comum compreensão" a que eu almejava há nove anos, hoje, graças ao Senhor, tornou-se realidade animadora. No dia 31 de Outubro passado, na cidade de Ausburgo, foi assinada solenemente uma Declaração conjunta, na qual luteranos e católicos amadureceram um consenso sobre verdades fundamentais da doutrina da justificação. Esta aquisição do diálogo ecuménico, marco miliário no caminho rumo à unidade plena e visível, é o resultado de um intenso trabalho de pesquisa, encontros e oração.

Contudo, permanece diante de nós um longo caminho a percorrer: "grandis resta nobis via". Devemos fazer ainda mais, conscientes das responsabilidades que nos competem no limiar de um novo milénio. Devemos continuar a comunhão juntos, sustentados por Cristo, que no Cenáculo, na vigília da sua morte, pediu ao Pai para que todos os seus discípulos "fossem um só" (Jn 17,21).

4. Como mais do que nunca necessário, no texto da Declaração conjunta está escrito que o consenso obtido pelos católicos e luteranos "sobre verdades fundamentais da doutrina da justificação, deve ter efeitos e encontrar uma verificação na vida e no ensino das Igrejas" (n. 43).
1362 Neste caminho, confiamo-nos à acção incessante do Espírito Santo. Além disso, temos confiança também em quem, antes de nós, amou tanto Cristo e a sua Cruz e orou, como Santa Brígida, pela característica irrenunciável da Igreja, a da sua unidade.

Não conhecemos o dia do encontro com o Senhor. Por isto o Evangelho convida-nos a vigiar, tendo acesas as nossas lâmpadas para que, quando o Esposo chegar, possamos estar prontos a acolhê-l'O. Nesta expectativa vigilante, ressoa no coração de cada crente a invocação do divino Mestre: "Ut unum sint".

Santa Brígida nos sirva de exemplo e interceda por nós. A vós, suas caríssimas filhas espirituais da Ordem do Santíssimo Salvador, peço de modo especial que prossigais com fidelidade no vosso precioso apostolado ao serviço da unidade.

O novo milénio já está às portas: "Cristo ontem, hoje e sempre" seja o centro e a meta de todas as nossas aspirações. É Ele que renova todas as coisas e traça para nós um itinerário de jubilosa esperança. Oremos sem cessar para que Ele nos conceda a sabedoria e a força do seu Espírito; invoquemo-l'O para que todos os cristãos cheguem quanto antes à unidade. Nada é impossível a Deus!





NA MISSA DE DEDICAÇÃO DA


CAPELA "REDEMPTORIS MATER"


NO VATICANO


Domingo, 14 de Novembro de 1999




1. O anjo "mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, resplandecente da glória de Deus" (Ap 21,10).

A página do Livro do Apocalipse, agora escutada, convida-nos a erguer o olhar para a Jerusalém celeste, repleta de luz, esplêndida como pedra preciosa, como que pedra de jaspe cristalino. Nas representações desta capela, que hoje inauguramos, reflectem-se as visões que João teve na ilha de Patmos, onde se encontrava "por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus" (Ap 1,9).

Vemos sobressair, na parede da frente, a cidade santa "que tinha uma grande e alta muralha com doze portas" (Ap 21,12). Sobre ela refulge a glória da Trindade, que se debruça sobre a multidão dos bem-aventurados, postos em baixo em grupos de três, como ícones vivos do grande Mistério. Percorrendo depois as outras paredes, o olhar pode seguir, através de imagens e símbolos, uma síntese grandiosa da inteira "economia" da salvação.

2. A imagem da Redemptoris Mater, que sobressai na parede central, põe diante dos nossos olhos o mistério do amor de Deus, que se fez homem para dar a nós, seres humanos, a capacidade de nos tornarmos filhos de Deus (cf. Santo Agostinho, Sermo 128: PL 39, 1997).

Já no limiar do terceiro milénio, quereria ressaltar esta mensagem de salvação e de alegria que Cristo, nascido de Maria, trouxe à humanidade.

Ao contemplarmos a imagem da Virgem Mãe, sentimos ecoar na alma o convite que escutámos na primeira Leitura tirada do Livro de Neemias: "Não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor será a vossa força" (8, 10).

1363 3. Tenho o prazer de consagrar o altar e de inaugurar a Capela renovada, em cujos mosaicos revive a riqueza da tradição oriental, relida com a consciência de quem conhece também a tradição ocidental. Aqui, o Oriente e o Ocidente, longe de se contraporem entre si, permutam um com o outro os dons na intenção de exprimirem melhor as insondáveis riquezas de Cristo.

Agradeço a quantos trabalharam com dedicação e amor na realização desta obra, que se propõe como expressão daquela teologia com dois pulmões, na qual pode haurir vitalidade nova a Igreja do terceiro milénio.

Agradeço, em particular, aos Senhores Cardeais que quiseram recordar com este dom o quinquagésimo aniversário do meu sacerdócio: é para mim motivo de alegria que esta celebração permaneça ligada à Redemptoris Mater, sob cuja protecção vivi em todos estes anos o meu serviço à Igreja e a cuja intercessão confio o tempo que o Senhor quiser ainda conceder-me.

4. O trecho evangélico que escutámos levou-nos à região de Cesareia de Filipe, onde Cristo fez aos seus discípulos a pergunta crucial: "E vós, quem dizeis que Eu sou?" (
Mt 16,15). Ao percorrer a mensagem que se desenvolve nos mosaicos das paredes, é possível ler a resposta que a Igreja continua a dar também hoje à pergunta do seu Senhor. É a mesma resposta que Pedro formulou naquele dia: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo" (Ibid.,16, 16).

Com humilde confiança façamos nossa aquela profissão de fé, bem sabendo que ela não vem "nem da carne nem do sangue", mas do Pai "que está nos céus" (cf. ibid., 16, 17).
"Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo"; o mesmo "ontem, hoje e sempre".

Amém!





DURANTE O RITO DE CANONIZAÇÃO


DE DOZE BEATOS


Cirilo Bertrán e oito Companheiros


Inocêncio da Imaculada


Bento Menni


Tomás de Cori


Domingo, 21 de Novembro de 1999


1. "Sentar-Se-á, então, no seu trono de glória" (Mt 25,31).

A hodierna solenidade litúrgica é dominada por Cristo, Rei do universo, Pantocrator, como resplandece na abside das antigas basílicas cristãs. Contemplamos esta majestosa imagem neste último domingo do ano litúrgico.

Segundo os critérios do mundo, a realeza de Jesus Cristo é paradoxal: é o triunfo do amor, que se realiza no mistério da encarnação, paixão, morte e ressurreição do Filho de Deus. Esta realeza salvífica revela-se plenamente no sacrifício da Cruz, supremo acto de misericórdia, no qual se cumprem a salvação do mundo e ao mesmo tempo o seu juízo.

1364 Todo o cristão participa na realeza de Cristo. No Baptismo recebe com a graça o impulso interior a fazer da sua existência um dom gratuito e generoso a Deus e aos irmãos. Isto aparece com grande eloquência no testemunho dos Santos e Santas, que são modelos de humanidade renovada pelo amor divino. Entre eles, incluímos com alegria a partir de hoje Cirilo Bertrán e os seus oito Companheiros, Inocêncio da Imaculada, Bento Menni e Tomás de Cori.

2. "É necessário que Cristo reine", escutámos São Paulo dizer na segunda leitura. O reinado de Cristo já está a ser construído nesta terra mediante o serviço ao próximo, lutando contra o mal, o sofrimento e as misérias humanas até aniquilar a morte. A fé em Cristo ressuscitado torna possível o compromisso e a entrega de santos homens e mulheres na transformação do mundo, para o devolver ao Pai: "Assim, Deus será tudo em todos".

Foi este mesmo compromisso que animou o Irmão Cirilo Bertrán e os seus sete companheiros, Irmãos das Escolas Cristãs do Colégio de "Nossa Senhora de Covadonga" que, tendo nascido em terras espanholas e um deles na Argentina, coroaram as suas vidas com o martírio em Turón (Astúrias) em 1933 e em 1934, juntamente com o passionista Padre Inocêncio da Imaculada. Não temendo derramar o próprio sangue por Cristo, venceram a morte e participam agora da glória no Reino de Deus. Por isso, hoje tenho a alegria de os inscrever no álbum dos Santos, propondo-os à Igreja universal como modelos de vida cristã e nossos intercessores diante de Deus.

Ao grupo dos mártires de Turón agrega-se o Irmão Jaime Hilari, da mesma Congregação religiosa, que foi assassinado em Tarragona três anos mais tarde. Enquanto perdoava os que o matavam, exclamou: "Amigos, morrer por Cristo é reinar".

Como narram as testemunhas, todos eles se prepararam para a morte como tinham vivido: com a oração perseverante, em espírito de fraternidade, sem esconder a sua condição de religiosos, com a firmeza própria de quem sabe ser cidadão do céu. Não são heróis duma guerra humana na qual não participaram, mas foram educadores da juventude. Pela sua condição de consagrados e mestres enfrentaram o seu trágico destino como autênticas testemunhas da fé, dando com o martírio a última lição da sua vida. Que o seu exemplo e intercessão cheguem a toda a família lassalista e à Igreja inteira!

3. "Vinde, benditos de Meu Pai, recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo... porque adoeci e visitastes-Me" (
Mt 25,34 Mt 25,36). Estas palavras do Evangelho proclamado hoje serão, sem dúvida, familiares a Bento Menni, sacerdote da Ordem de São João de Deus. A sua dedicação aos doentes, vivida segundo o carisma hospitaleiro, guiou a sua existência.

A sua espiritualidade surge da própria experiência do amor que Deus tem para com ele. Grande devoto do Coração de Jesus, Rei dos céus e da terra, e da Virgem Maria, encontra nele a força para a sua dedicação caritativa ao próximo, sobretudo aos que sofrem: anciãos, crianças, escrofulosos, poliomielíticos e doentes mentais. Prestou o seu serviço à Ordem e à sociedade com humildade a partir da hospitalidade, com uma integridade irrepreensível que o converteu em modelo para muitos. Promoveu diversas iniciativas, orientando algumas jovens que formariam o primeiro núcleo do novo Instituto religioso, fundando em Ciempozuelos (Madrid), as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus. O seu espírito de oração levou-o a imergir-se no mistério pascal de Cristo, fonte de compreensão do sofrimento humano e caminho para a ressurreição. Neste dia de Cristo Rei, São Bento Menni ilumina, com o exemplo da sua vida, aqueles que querem seguir as pegadas do Mestre pelos caminhos do acolhimento e da hospitalidade.

4. "Eu mesmo cuidarei das minhas ovelhas e Me interessarei por elas" (Ez 34,11). Tomás de Cori, sacerdote da Ordem dos Frades Menores, foi imagem viva do Bom Pastor. Como guia amoroso, soube conduzir para as pastagens da fé os irmãos confiados aos seus cuidados, animado sempre pelo ideal franciscano.

No convento demonstrava o seu espírito de caridade, fazendo-se disponível a qualquer exigência, mesmo a mais humilde. Viveu a realeza do amor e do serviço, segundo a lógica de Cristo que, como canta a Liturgia hodierna, "Se sacrificou a Si mesmo, como imaculada vítima de paz no altar da cruz, operando o mistério da redenção do homem" (Prefácio de Cristo Rei).

Como autêntico discípulo do Pobrezinho de Assis, S. Tomás de Cori foi obediente a Cristo, Rei do universo. Meditou e encarnou na sua existência a exigência evangélica da pobreza e do dom de si a Deus e ao próximo. Toda a sua vida se mostra assim como sinal do Evangelho, testemunho do amor do Pai celeste, revelado em Cristo e operante no Espírito Santo, para a salvação do mundo.
5. Damos graças a Deus que, ao longo das veredas do tempo, não cessa de suscitar luminosas testemunhas do seu Reino de justiça e de paz. Os nossos doze Santos, que hoje tenho a alegria de propor à veneração do Povo de Deus, indicam-nos o caminho a percorrer a fim de chegarmos preparados para o Grande Jubileu do Ano 2000. Com efeito, não é difícil reconhecer na sua exemplaridade alguns elementos que caracterizam o evento jubilar. Penso, em particular, no martírio e na caridade (cf. Incarnationis mysterium, 12-13). Mais em geral, a celebração hodierna evoca o grande mistério da comunhão dos Santos, fundamento de outro elemento do Jubileu que é a indulgência (cf. ibid., nn. 9-10).

1365 Os Santos mostram-nos o caminho do Reino dos céus, o caminho do Evangelho acolhido de maneira radical. Sustentam, ao mesmo tempo, a nossa serena certeza de que toda a realidade criada encontra em Cristo o seu cumprimento e que, graças a Ele, o universo será entregue a Deus Pai, plenamente renovado e reconciliado no amor.

Ajudem-nos São Cirilo Bertrán e os oito Companheiros, Santo Inocêncio da Imaculada, São Bento Menni e S. Tomás de Cori a percorrer também nós este caminho de perfeição espiritual. Ampare-nos e proteja-nos sempre Maria, Rainha de todos os Santos, que precisamente hoje contemplamos na sua apresentação no Templo. A seu exemplo, possamos também nós colaborar com fidelidade no mistério da Redenção.

Amém!




Homilias JOÃO PAULO II 1355