Jeremias (CNB) 9

9 1 Quem me daria no deserto um abrigo de viajantes!
E eu, então, abandonaria meu povo, iria para longe deles,
pois são todos adúlteros,
uma quadrilha de traidores.
2
“A língua é a arma que eles usam.
É a mentira, não a verdade, o que manda no país.
Vivem saindo de um crime para outro,
mas de mim mesmo nem querem saber
– oráculo do Senhor.
3
Cada um deve ser vigiado pelo companheiro,
irmão não pode confiar no irmão.
Todo irmão é um Jacó trapaceiro,
todo vizinho, um boateiro falador.
4
Todos enganam o próximo, ninguém fala a verdade,
treinaram a sua língua para a mentira.
Praticam o mal e não voltam atrás.
5
Injustiça sobre injustiça,
trapaça em cima de trapaça,
rejeitando o meu conhecimento”
– oráculo do Senhor.
6
Por isso, assim diz o Senhor dos exércitos:
“Vou testar, experimentar essa gente.
Que outra coisa poderia eu fazer pela
filha do meu povo?
7
A língua deles é uma flecha mortífera,
as palavras de sua boca, pura trapaça,
fazem votos de paz ao amigo
e por trás lhe preparam armadilha.
8
E não será por isso mesmo,
que tenho de vir castigá-los?
– oráculo do Senhor.
Ou será que não vou me vingar
de gente igual a essa?”

 Qual o porquê da desgraça? 

9 Pelo alto das serras desato a chorar e gemer,
pelos campos da baixada solto o meu lamento.
Está tudo arrasado, não há mais transeuntes,
nem o mugido do gado se ouve mais,
das aves do céu aos animais domésticos,
tudo fugiu, foram-se embora.
10
Farei de Jerusalém um montão de ruínas,
um esconderijo de chacais.
E dos povoados de Judá também farei
um lugar desolado, sem morador.
11
Quem é tão sábio que entenda isso?
A quem os lábios do Senhor terão falado,
que possa explicar por que a terra ficou destruída,
abandonada como um deserto,
sem ao menos um transeunte?
12
O Senhor responde: “Foi porque deixaram de lado a minha Lei, lei que pessoalmente eu lhes tinha dado; deixaram de obedecer à minha palavra e de viver de acordo com ela. 13 Continuaram seguindo seu coração endurecido, indo atrás dos ídolos de Baal, como seus pais lhes ensinaram”. 14 Por isso, assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: “Farei este povo comer ervas amargas e, para beber darei água envenenada, 15 vou espalhá-los entre nações de que nunca ouviram falar nem eles nem seus pais. Mandarei a espada persegui-los até acabar com eles.
16
Assim diz o Senhor dos exércitos:
Atenção, chamem as carpideiras!
Mandem chamar as mais experientes, venham!
17
E comecem logo a chorar a nossa sorte!
Nossos olhos em lágrimas se debulhem,
nossas pálpebras despejem água!
18
Sim! Um grito de dor vem de Sião!
“Como fomos arrasados! Enorme é a nossa vergonha,
pois deixamos a nossa terra,
fomos expulsos de nosso lar!”
19
Escutai, pois, ó mulheres, a palavra do Senhor!
Que vossos ouvidos acolham o que falam seus lábios.
Ensinai às vossas filhas um lamento,
cada uma ensine à vizinha
os cânticos de lamentação.
20
Pois a morte subiu pelas janelas,
entrou em nossas moradias
para levar as crianças que alegram a rua
e os jovens que animam a praça.
21
Fala: Este é o oráculo do Senhor:
“Os cadáveres das pessoas vão caindo
como esterco espalhado pelo chão,
como espigas de trigo no trilho de quem colhe,
sem que ninguém venha catar”.
22
Assim diz o Senhor:
“O sábio não se gabe de sua sabedoria,
o forte não se gabe de sua força,
o rico não se glorie de sua riqueza.
23
Se alguém quiser gloriar-se,
seja sensato e tenha o meu conhecimento,
pois eu sou o Senhor, que põe em prática a misericórdia,
a justiça e o direito no país,
porque é disso que eu gosto
– oráculo do Senhor.

 A circuncisão carnal não salva 

24“ Dia virá – oráculo do Senhor –, quando hei de castigar todos os que têm o prepúcio circuncidado: 25 os egípcios, os judeus, os edomitas, os amonitas, os moabitas e os beduínos de cabeça raspada. Sim, os gentios são incircuncisos, mas a casa de Israel é incircuncisa de coração.

 Os ídolos e o Senhor

10 1 Casa de Israel, escutai a palavra que o Senhor vos dirige! 2 Assim diz o Senhor:
“Não vos acostumeis ao modo de viver dos gentios.
Nunca tenhais medo de sinais do céu,
mesmo que os gentios respeitem tais coisas.
3
Coisa tola é a religião desses povos!
É um pedaço de pau cortado no mato
e trabalho de artista com o formão.
4
Com prata e ouro ele o enfeita,
prega com cravos e martelo
para que não fique balançando.
5
Os ídolos parecem espantalho em plantação de pepinos.
Não falam e têm de ser carregados,
porque também não sabem andar.
Não vos preocupeis com isso,
nada de mal podem fazer,
como também nada de bom.
6
Igual a ti, Senhor, nada!
Grande és tu! Grande e poderoso é o teu nome!
7
Rei das nações, quem não te respeita?
E isso condiz contigo!
Pois entre os mais sábios das nações
e por todos os seus reinos,
ninguém há igual a ti!
8
São ao mesmo tempo grosseiros e tolos!
O cerne da tolice é de madeira,
9
prata batida trazem de Társis,
e o ouro, de Ofir.
Obra de artesão, de mão de ourives,
as cores de suas vestes são o roxo e o vermelho,
trabalho de mestres no ofício!
10
Só o Senhor é Deus verdadeiro.
É ele o Deus vivo, o eterno rei!
Se fica irritado, a terra treme,
sua indignação as nações não agüentam.
11
Esta deve ser a vossa resposta: “Os deuses que não fizeram o céu e a terra, da terra devem desaparecer, sumir de debaixo do céu!”
12
Foi o Senhor que em seu poder fez a terra,
foi ele que firmou o chão com sabedoria
e com sua inteligência estendeu o céu.
13
Ao barulho do seu trovão as águas do céu se agitam,
nuvens faz subir lá do horizonte,
produz raios para a chuva derramar
e faz o vento sair do esconderijo.
14
Todos ficam tontos, sem entender,
e o fabricante de imagens, decepcionado com o ídolo,
porque sua estátua é uma mentira, vida ela não tem.
15
Ídolos são coisa vazia, produtos da ilusão,
na hora do acerto de contas, serão destruídos.
16
Em nada se parece com eles
Aquele que é o quinhão de Jacó,
pois ele é o criador de tudo.
A tribo de Israel é a sua propriedade,
seu nome é Senhor dos exércitos.

 O povo será dispersado

17 Pega do chão tua trouxa,
tu que estás cercada pelo inimigo!
18
Porque assim diz o Senhor:
“Estou atirando para longe os cidadãos do país.
Vou apertá-los para que sejam encontrados”.
19
Ai de mim, estou ferida!
É grave este meu ferimento!
A mim só me resta dizer: “É meu ferimento,
hei de agüentá-lo!”
20
Minha tenda foi derrubada,
as amarras cortadas,
meus filhos saíram daqui, sumiram.
Não há mais ninguém para armar minha tenda,
ninguém para esticar minha lona!
21
Os pastores se apalermaram,
deixaram de procurar o Senhor.
É por isso que estão incapazes de governar
e o rebanho que conduziam já se dispersou.
22
Ei! Está chegando um barulho!
Grande agitação vem da terra do norte!
Vão reduzir os povoados de Judá
a lugar arrasado, esconderijo de chacais.
23
“Senhor, bem sei que o ser humano
não é dono do próprio caminho,
que não pertence ao caminhante dirigir
os próprios passos.
24
Corrige-me, Senhor, mas com moderação,
não com tua ira, senão acabas comigo.
25
Derrama tua ira contra as nações que não te conhecem,
ou contra as tribos que nunca invocam o teu nome;
porque elas devoraram Jacó,
devoraram até acabar com ele,
e arrasaram-lhe a moradia.

 Os termos da Aliança

11 1 Palavra do Senhor a Jeremias: 2 “Escuta os termos desta aliança e anuncia-os aos senhores de Judá e aos cidadãos de Jerusalém. 3 Dirás: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Maldito aquele que não obedecer os termos desta aliança, 4 que determinei aos vossos pais, no dia em que os tirei do Egito, aquela fornalha de ferro. Eu dizia, então: Dai ouvidos à minha palavra, fazei tudo o que vos mando, e sereis povo para mim e eu serei Deus para vós. 5 Então cumprirei o juramento que fiz a vossos pais de lhes dar a terra onde correm leite e mel, conforme hoje acontece”. E eu respondi: “Amém, Senhor!”
6
Disse-me o Senhor: “Grita todas estas pa­la­vras nos povoados de Judá e nas ruas de Jeru­salém: Obedecei aos termos desta aliança, colocai-os em prática, 7 pois esta é a proclama­ção solene que fiz a vossos pais desde o dia em que os tirei do Egito até hoje. Sem cessar eu repetia: Obedecei à minha palavra! 8 Mas não obedeceram nem prestaram atenção; ao contrário, cada um foi em frente seguindo seu coração duro e perverso. Então, eu fiz cair sobre eles todas as maldições contidas na aliança, aliança que eu tinha mandado que pu­sessem em prática, mas eles não o fizeram”.
9
Disse-me o Senhor: “Foi descoberta uma conspiração entre os senhores de Judá e os cidadãos de Jerusalém. 10 Voltaram aos antigos pecados de seus pais, que não quiseram obedecer às minhas palavras, para seguir deuses estrangeiros e cultuá-los. A casa de Israel e a casa de Judá romperam a minha aliança concluída com seus pais. 11 Por isso, assim diz o Senhor: Trago-lhes uma desgraça da qual não poderão escapar. Clamareis por mim e eu não atenderei! 12 Os povoados de Judá e os cidadãos de Jerusalém irão queixar-se aos deuses aos quais incensaram, mas na hora da desgraça eles não serão capazes de livrá-los. 13 Sim, mais numerosos do que teus povoados, ó Judá, são os teus deuses, mais numerosos do que as ruas de Jerusalém são os altares que ergueste para a Vergonha, altares de queimar incenso a Baal.
14
Tu, porém, não vás interceder por esse povo! Nunca me faças subir súplica e oração­ em favor dele, porque eu não atenderei, mes­mo quando gritarem por mim no momento da desgraça.

 A oliveira do Senhor 

15 “Que pretende a minha amada, em minha casa?
Executar seus maus projetos?
Acaso, promessas e carne consagrada
poderão afastar de ti as maldades que eram a tua glória?”
16
Oliveira florescente, bonita, de frutos lindos
era o nome que o Senhor te dava.
Mas ao barulho de enorme gritaria,
ele ateou fogo em suas folhas
e seus ramos se queimaram.
17
O Senhor dos exércitos, aquele que te plantou, pronunciou contra ti uma maldição, em vista da desgraça que a casa de Israel e a casa de Judá contra si mesmas atraíram ao provocarem minha indignação, ao incensarem a Baal.

 Jeremias ameaçado por seus parentes

18 O Senhor me fez conhecer, e eu fiquei sabendo; fez-me ver os projetos deles, 19 pois eu, qual manso cordeiro levado para o matadouro, não sabia que planos tramavam contra mim. Eles diziam: “Vamos acabar com essa árvore enquanto é nova. Vamos cortá-lo, hoje, da terra dos vivos, para que seu nome não mais seja lembrado”.
20
Mas, Senhor dos exércitos,
cuja sentença é a justiça,
que examinas a mente e o coração,
possa eu ver a tua vingança contra eles,
pois a ti eu expus a minha causa.
21
Por isso, assim diz o Senhor contra os senhores de Anatot, que te querem matar e dizem: “Não profetizes mais em nome do Senhor, para não morreres em nossas mãos!” 22 Por isso, assim diz o Senhor dos exércitos: “Venho acertar contas com eles; os jovens morrerão à espada, seus filhos e filhas morrerão de fome. 23 Não ficarão sobreviventes entre­ eles, pois vou trazer a desgraça aos senhores de Anatot no ano do acerto de contas”.

12 1 Tu és justo, Senhor, mesmo quando contigo eu debato.
Eu queria, porém, te propor uma questão de direito:
Por que o caminho dos maus prospera
e tudo vai bem para os que sabem enganar?
2
Tu os plantastes e eles criaram raízes,
foram em frente e produziram frutos.
Na sua boca tu estás presente,
mas longe do coração.
3
Tu, Senhor, tu me conheces, me vês
e examinas meu coração junto de ti.
Separa-os como gado para o matadouro,
reserva-os para o dia da matança.
4
Até quando a terra estará de luto,
o verde dos campos secando,
pelos crimes dos seus cidadãos?
Animais domésticos e aves desapareceram
porque eles pensavam: “Ele não vê o nosso caminhar!”
5
“Se correndo com os pedestres tu te cansas,
como competirás com os cavalos?
Se numa região pacífica não te sentes seguro,
como farás na floresta do Jordão?
6
Pois até os teus irmãos, família do teu pai,
até eles te traíram,
até eles te caluniaram pelas costas;
não confies neles mesmo quando falam coisas boas!”

 Deus e sua herança 

7 Deixei a minha casa, recusei a minha herança.
Entreguei o amor da minha vida nos braços dos inimigos.
8
Minha família tornou-se para mim um leão na floresta,
ergueu contra mim a voz, e eu passei a odiá-la.
9
Minha família virou uma fera para mim
aves de rapina giram em torno.
Vinde, reuni-vos, feras do mato,
achegai-vos para comer!
10
Pastores numerosos devastaram minha vinha,
pisoaram meu patrimônio,
transformaram minha deliciosa propriedade
num deserto abandonado.
11
Fizeram dela uma desolação,
desolada ela chora por mim,
o país está todo devastado,
porque nele ninguém pensou”.
12
Por sobre as dunas do deserto chegam os invasores,
é a espada do Senhor que vai devorando
de um extremo a outro do país,
e ninguém fica imune.
13
Semearam trigo e colheram espinhos,
esgotaram-se sem proveito,
ficaram decepcionados com seu lucro,
a ira do Senhor!

 Os maus vizinhos e a volta do povo

14 Assim fala o Senhor contra os maus vizinhos que põem a mão na herança que dei a Israel, meu povo: “Eu os arranco do seu chão, e também à casa de Judá arranco do meio deles. 15 Acontecerá, porém que, depois de arrancá-los, voltarei atrás e terei compaixão, farei que voltem cada qual para a sua herança, cada um para o seu terreno. 16 Aí, então, se eles aprenderem de verdade os caminhos do meu povo e passarem a jurar pelo meu nome, dizendo: “Pela vida do Senhor!”, da mesma forma como ensinaram a jurar por Baal, serão restabelecidos no meio do meu povo. 17 Se, porém, não quiserem obedecer, arrancarei e destruirei de uma vez esta gente”­ – oráculo do Senhor.

 O cinto de Jeremias 

13 1 Assim falou-me o Senhor: “Vai comprar para ti um cinto de linho, coloca-o na cintura, sem deixá-lo de molho”. 2 Conforme a palavra do Senhor, comprei o cinto e coloquei-o na cintura. 3 De novo veio a mim a palavra do Senhor: 4 “Pega o cinto que compraste e que tens à cintura, vai até o rio Eufra­tes e aí esconde-o na fenda de uma rocha”. 5 Fui e escondi o cinto à margem do Eufrates conforme o Senhor mandara. 6 Muito tempo depois, o Senhor me disse: “Vai até o Eufrates pegar o cinto que lá te mandei esconder”. 7 Fui ao Eufrates, procurei e peguei o cinto no lugar­ onde o havia escondido, mas ele estava podre,­ já não servia para nada.
8
Veio a mim, então, a palavra do Senhor: 9 “Assim diz o Senhor: Da mesma forma farei apodrecer o orgulho de Judá e de Jerusalém, que é tão grande! 10 Este povo perverso que se recusa a obedecer à minha palavra e vai se­guindo sua cabeça dura, que vai atrás dos deuses estranhos, para servilos e adorá-los, este povo ficará como o cinto que já não serve para nada. 11 E como o cinto fica preso à cintura, assim também procurei prender a mim toda a casa de Israel e toda a casa de Judá – oráculo do Senhor –, para que fossem­ para mim povo, fama, louvor e glória. Mas eles não quiseram ouvir.

 Os jarros bêbados 

12 Dirás a este povo: Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Pode-se encher de vinho qualquer vasilha? Eles responderão: ‘Será que não sabemos que toda vasilha se pode encher de vinho?’ 13 Tu, então, lhes dirás: Assim diz o Senhor: Estou enchendo os cidadãos do país: os reis que se sentam no trono de Davi, os sacerdotes, os profetas e todos os cidadãos de Jerusalém. 14 Depois vou quebrá-los uns contra os outros, pais contra filhos por igual – oráculo do Senhor –, sem dor, sem dó nem piedade acabarei com eles”.

 Antes que chegue a escuridão... 

15 Escutai, atenção, não sejais arrogantes,
é o Senhor quem fala!
16
Dai glória ao Senhor vosso Deus,
antes que escureça,
antes que, ao entardecer,
vossos pés acabem tropeçando pelos morros.
Quando esperardes pela luz,
ele vai mudá-la em trevas da morte,
vai trazer a grande escuridão.
17
Se não quiserdes obedecer,
em segredo minha alma vai chorar:
por causa do orgulho,
estarão meus olhos chorando sem parar,
derramando lágrimas,
porque o rebanho do Senhor será feito prisioneiro.
18
“Dize ao rei e à senhora sua mãe:
sentai-vos no chão,
pois caíram de vossas cabeças
os diademas que as enfeitavam.
19
As cidades do sul estão trancadas,
ninguém que possa abri-las.
Judá inteira levada para o exílio,
deportação perfeita.
20
Levanta os olhos para ver
os que chegam do norte.
Onde está o rebanho que te deram,
aquele gado maravilhoso?
21
Que dirás quando vierem acertar contas?
Tu mesma, Jerusalém, te familiarizaste
com eles,
para tua desgraça, os companheiros
serão teus tiranos.
E, então, será que não chegará para ti uma dor
igual à de mulher em trabalhos de parto?
22
E até poderás pensar:
‘Por que me aconteceu isso?’
Foi por causa do grande número de teus pecados.
Levantaram-te a saia,
Violentaram tua intimidade.
23
Pode o negro mudar a sua pele,
ou o leopardo, as suas pintas?
E vós, viciados na maldade,
Será que um dia podereis praticar o bem?
24
Pois eu vou dispersá-los
como palhas sopradas pelo vento do deserto.
25
Esta é a parte que te dou, na exata medida
– oráculo do Senhor –,
porque me abandonaste
para confiar na Mentira.
26
Agora sou eu que te levanto as saias
até a altura do rosto,
para pôr a descoberto tua nudez
27
e também teus adultérios, os gemidos de prazer,
as safadezas de prostituta.
Nas montanhas do descampado eu vi o
que tens de repugnante.
Ai de ti, Jerusalém, que não te procuras purificar!
Até quando, enfim?”

 A seca 

14 1 Palavra do Senhor a Jeremias a
propósito da seca:
2
Judá está chorando,
suas cidades, deprimidas.
As pessoas vestem luto, caídas pelo chão,
ergue-se o grito de Jerusalém.
3
Os patrões mandam os servos buscar água.
Vão à cisterna, não encontram água,
voltam com as jarras vazias.
Desiludidos e abatidos,
levam a mão à cabeça.
4
Com o próprio chão rachado
pela falta de chuva na terra,
os lavradores, desesperados,
levam a mão à cabeça.
5
Até a veada, lá no mato, dá a cria e
abandona o filhote,
porque não existe erva verdejante.
6
Jumentos selvagens, de pé no alto dos morros pelados,
fungam feito chacais,
os olhos mortiços por falta de pasto.
7
Se são nossos pecados que depõem contra nós,
Senhor, faz alguma coisa
por causa do teu nome!
Nossas traições se multiplicaram,
pecamos contra ti.
8
Esperança de Israel,
salvação na hora da angústia,
por que pareces um peregrino no país,
viajante que arma a tenda só para pernoitar?
9
Por que pareces um homem apavorado,
um valente incapaz de salvar?
Tu, porém, estás no meio de nós, Senhor,
fomos consagrados ao teu nome,
não nos abandones!
10
Assim diz o Senhor a este povo: “É desta­ forma que eles gostam de se desviar e não controlam os seus pés. Deles o Senhor não?se agrada”. Agora, lembrando os seus pecados ele vem cobrar-lhes a culpa.

 O povo prefere os falsos profetas

11 O Senhor me disse: “Não ores pedindo fe­licidade para este povo! 12 Podem até jejuar, que não hei de atender-lhes o pedido. Mesmo que ofereçam holocaustos e sacrifícios, não me deixarei agradar. É com a espada, com a fome e peste que acabo com eles”. 13 Eu respondi: “Ah! Senhor Deus! Ai estão os profetas­ di­zendo-lhes: ‘Não vereis espada, fome não haverá! É uma paz de verdade que vos dou neste lugar!’” 14 Disse-me o Senhor: “O que es­ses profetas anunciam em meu nome é men­tira, não os enviei, não lhes dei ordens, nem falei com eles; o que anunciam é apenas uma visão mentirosa, adivinhação, ilusão e logro da cabeça deles. 15 Por isso mesmo, assim diz o Senhor: Há profetas que anunciam em meu nome quando não fui eu quem os mandou. Estão dizendo que não haverá guerra ou fome no país, pois é pela guerra e pela fome que irão terminar esses profetas. 16 As pessoas­ pa­ra quem profetizaram ficarão atiradas pelas ruas de Jerusalém, por causa da guerra e da fome. Não haverá ninguém para sepultá-los, nem a eles, nem às suas mulheres, nem aos filhos e filhas. Derramarei sobre eles sua própria maldade.
17
A eles dirás esta palavra:
Derramem lágrimas os meus olhos,
noite e dia sem parar,
pois a virgem filha do meu povo
sofreu grande derrota,
padece de ferida incurável.
18
Se saio para o campo,
aí estão os atingidos pela espada,
se entro na cidade,
aí, os abatidos pela fome!
Pois até o profeta e o sacerdote
vagueiam pela terra sem saber o rumo!”
19
Senhor, acaso jogaste fora Judá,
ou tomaste nojo por Sião?
Por que nos feres e remédio não há?
Espera-se a felicidade e, nada de bom,
um tempo de alento e, mais tormento?
20
Reconhecemos, Senhor, a nossa perversidade,
reconhecemos a culpa dos nossos pais,
pois pecamos contra ti.
21
Por causa do teu nome, não desprezes,
não humilhes teu trono glorioso!
Recorda! Não quebres tua aliança conosco!
22
Acaso entre os ídolos dos gentios
há algum que mande chuva?
Ou é o céu que dá o orvalho?
Não és Tu que és, somente tu, Senhor,
o nosso Deus, em quem esperamos?

 Punição irrevogável 

15 1 Disse-me o Senhor: “Mesmo que Moisés e Samuel estivessem diante de mim para interceder, nem assim eu aceita­ria esse povo. Manda-os sair da minha presença e que saiam mesmo! 2 Se, então, te per­guntarem: ‘Para onde iremos?’ responderás: Assim diz o Senhor:
Quem for da morte, para a morte;
quem for da espada, para a espada;
quem for da fome, para a fome;
quem for do exílio, para o exílio.
3
Vou castigá-los com quatro coisas – orácu­lo do Senhor –: espada para matar, cães para?es­traçalhar, aves do céu e feras do mato para de­vorar e acabar com tudo. 4 Farei que se tornem algo horripilante para todos os reinos da terra, por causa de Manassés, o rei de Judá,?fi­lho de Ezequias, pelo que fez em Jerusalém.
5
Quem terá pena de ti, Jerusalém,
ou quem te mostrará compaixão?
Quem mudará de caminho
para vir desejar-te a paz?
6
Tu me deixaste – oráculo do Senhor –,
viraste-me as costas!
Dei-te um murro e derrubei-te,
cansei-me de ter piedade.
7
Eu os agitei na peneira,
pelas praças do país.
Tirei-lhe os filhos, destruí meu povo,
mas ele não recuou de seus caminhos!
8
Multipliquei suas viúvas
mais que as areias do mar.
Para a mãe do jovem guerreiro
em pleno dia fiz chegar o invasor
e, de repente, fiz cair sobre ela
a angústia e o terror.
9
Desolada, a mãe de sete filhos
vai perdendo a respiração.
Ainda é dia, e para ela o sol já se pôs,
está desenganada, envergonhada.
E o que deles sobrar entregarei à espada,
quando se apresentar o inimigo,
– oráculo do Senhor.

 Ai de mim porque me geraste! 

10 Ai de mim, ó minha mãe!
Tu me geraste homem de protesto
e de contestação por todo o país.
Nada devo a ninguém, ninguém me deve nada
e todos falam mal de mim.
11
Sim, Senhor, juro que sempre te servi em vista do bem,
que nas horas de sofrimento
e nos momentos de angústia,
sempre intercedi por quem me odeia.
12
Será fácil quebrar o ferro,
o ferro do norte, e o bronze?
13
“Por teus pecados no país inteiro,
de graça entregarei aos ladrões,
tuas riquezas e teus tesouros.
14
Farei que sejas escravo dos inimigos,
numa terra que não conheces.
Pois o fogo da minha ira se acenderá
para queimar a todos vós”.
15
Tu bem sabes, Senhor!
Lembra-te de mim, olha por mim,
vinga-me dos que me perseguem.
Que eu não seja vítima de tua paciência,
toma conhecimento dos insultos
que por tua causa venho suportando.
16
Bastava descobrir tuas palavras
e eu já as devorava,
tuas palavras para mim
são prazer e alegria do coração,
pois a ti sou consagrado,
Senhor, Deus dos exércitos.
17
Não me sento na roda dos gozadores, sigo em frente.
Consciente da tua mão eu me assento, solitário,
pois tu me encheste da tua indignação.
18
Por que minha dor se fez permanente
e minha ferida, incurável, sem remédio?
Tu bem me pareces um córrego falso, água de mentira.
19
Por isso, assim disse o Senhor:
“Se tu te converteres, eu te converterei,
e na minha presença ficarás.
E se souberes separar o que tem valor
daquilo que não presta,
serás a minha boca,
eles passarão para o teu lado
e tu não passarás para o lado deles.
20
Para esse povo farei que sejas
um muro forte, de bronze,
vão guerrear contra ti,
mas não te vencerão,
pois contigo eu estarei
para te salvar e livrar – oráculo do Senhor.
21
Das mãos dos malvados eu te livrarei
das garras dos tiranos eu te libertarei”.

 A solidão de Jeremias 

16 1 Veio a mim a palavra do Senhor: 2 “Não tomes mulher, não tenhas filhos ou filhas neste lugar, 3 porque assim diz o Senhor a respeito das crianças nascidas neste lugar, das mães que as deram à luz e dos pais que as geraram: 4 Terão morte muito triste, não terão velório nem sepultura, ficarão como cisco jogado pelo chão, mortos pela espada ou de fome e seus cadáveres servirão de comida para as aves do céu e os animais do chão”. 5 Pois assim diz o Senhor: “Não entres numa casa onde há velório, não adianta chorar, nem dar os pêsames, pois decidi retirar deste povo – oráculo do Senhor – a minha amizade, a simpatia e a compaixão. 6 Grandes e pequenos morrerão nesta terra, mas ninguém vai sepultá-los ou chorar por eles. Por causa deles, ninguém vai se ferir ou cortar o cabelo \em sinal de luto. 7 Ninguém vai repartir pão em velório, em meio às condolências, ninguém dará de beber a quem dá os pêsames pelo pai ou pela mãe. 8 Em casa onde há festa não entres para sentar com as pessoas, para comer e beber juntos. 9 Porque assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: “Estou mandando embora deste lugar, diante dos vossos olhos e no vosso tempo, o som da música, o rumor da alegria e o sussurro dos namorados.
10
Quando anunciares ao povo essas palavras, e eles te perguntarem: ‘Por que o Senhor nos ameaça com tão grandes desgraças? Que erros ou pecados cometemos contra o Senhor, nosso Deus?’ 11 responderás: É porque os vossos pais me abandonaram – oráculo do Senhor –, para seguir os deuses estranhos, servindo-os e adorando-os, a mim, porém, abandonaram, deixando de seguir a minha lei. 12 Mas vós fizestes pior que vossos pais: cada qual seguiu seu coração endurecido e rebelde, sem nunca me dar ouvidos. 13 Por isso eu vos expulso para uma terra que nem vós nem vossos pais conheceram. Lá estareis dia e noite a serviço dos deuses estranhos, pois de vós não terei compaixão.

 Volta dos exilados, conversão das nações

14 “Por isso, dias hão de vir – oráculo do Senhor –, quando não se dirá mais assim: ‘Pelo Senhor que tirou Israel da terra do Egito!’ 15 e sim: ‘Pelo Senhor que os tirou da terra do norte e de outros países para onde os havia expulsado!” Vou trazê-los de volta para a terra que lhes pertence, que dei a seus pais.
16
Mas agora mando numerosos pescadores – oráculo do Senhor –, para pescá-los, depois­ caçadores para caçá-los, por todas as mon­ta­nhas, pelos morros e cavernas rochosas.­ 17 Meus olhos acompanham todo o seu caminhar, eles não conseguem esconder-se da mi­nha presença, nem aos meus olhos ocultar seus pecados. 18 Serei o primeiro a deles cobrar em dobro os erros e pecados, por terem profanado a minha terra com os ídolos mortos e abomináveis, enchendo a minha propriedade com essas coisas repugnantes”.
19
Senhor, meu agasalho, meu abrigo,
minha guarida na hora da angústia.
A ti chegarão gentios dos extremos da terra dizendo:
“É pura mentira, essa herança de nossos pais,
é coisa inútil e sem proveito”.
20
Pode o ser humano fabricar deuses?
Essas coisas não são deuses!
21
“Por isso aqui estou eu para mostrar-lhes:
Desta vez darei a conhecer
minha mão, minha força,
hão de aprender que meu nome é: o Senhor”.

 O pecado de Judá: a idolatria 

17 1 O pecado de Judá está gravado
com estilete de ferro,
escrito com ponta de diamante,
na lousa do seu coração
e nas pontas dos altares,
2
para lembrar aos filhos
os altares e símbolos pagãos,
instalados junto às árvores frondosas nos altos morros,
3
montanhas do descampado.
“Tuas riquezas, todos os teus tesouros entregarei ao saque,
por causa dos lugares altos,
teus pecados, em todo o território.
4
Terás de dar descanso à tua herança,
herança que eu te dei,
e serás feito escravo dos inimigos,
numa terra que tu não conheces,
pois o fogo da ira que me provocaste
ficará aceso para sempre”.
5
Assim diz o Senhor:
“Maldito o homem que confia no ser humano,
que na carne busca a sua força
e afasta do Senhor seu coração!
6
Será como um arbusto no deserto,
nunca vê chegar a chuva
mora na secura do deserto,
terra salobra, inabitável.
7
Bendito aquele que confia no Senhor,
o Senhor mesmo será sua segurança.
8
Ele será como árvore plantada à beira d’água,
que deita raízes rumo ao rio,
nem vê chegar o tempo do calor.
Suas folhas estão sempre verdejantes,
nem se preocupa com um ano de seca,
e nunca deixa de produzir  o seu fruto.
9
O coração é o que há de mais enganador,
e não há remédio. Quem pode entendê-lo?
10
Eu, o Senhor,
examino o coração e experimento os rins,
retribuo a cada um conforme caminhou,
conforme o fruto de suas ações.
11
Perdiz que choca ovos que não pôs
é quem ajunta riquezas sem respeitar o direito.
No meio da vida a riqueza o abandona,
na última hora será considerado insensato”.
12
O nosso Lugar santo é Trono glorioso,
elevado desde o princípio.
13
A esperança de Israel és tu, Senhor,
os que te abandonam ficarão frustrados,
os que de ti se afastam serão inscritos no pó,
porque abandonaram o Senhor, a fonte de água viva.

 “Cura-me, Senhor”

14 Cura-me, Senhor, e ficarei curado
salva-me e serei salvo,
porque és tu a minha glória.
15
São eles que dizem:
“Onde está a Palavra do Senhor? Que ela venha!”
16
Mas eu não insisti em ver a desgraça,
nunca desejei o dia fatal.
Tu bem conheces o que sai de meus lábios:
está sempre diante de ti.
17
Não me sejas ameaça,
tu és o meu refúgio no dia da desgraça.
18
Fracassem meus perseguidores, não eu,
apavorem-se eles, não eu.
Traze para eles o dia da desgraça,
impõe a eles derrota dobrada.

 Outro pecado de Judá: o sábado

19 Assim falou-me o Senhor: “Vai, põe-te?de pé junto à porta de Benjamim, por onde entram e saem os reis de Judá, e depois, junto a todas as portas de Jerusalém, 20 para dizer-lhes: Ouvi a palavra do Senhor, reis de Judá e Judá inteiro, cidadãos de Jerusalém, que costumais entrar por estas portas! 21 Assim fala o Senhor: Cuidado para não car­regardes peso no dia de sábado, nem tran­si­tardes pelas portas de Jerusalém. 22 Não deveis­ sair de casa carregando objetos no dia de sábado, nem fazer qualquer trabalho. Santificai o dia de sábado da forma como ordenei aos vossos pais. 23 Eles, porém, não obedeceram, nem prestaram atenção, mas endureceram o pescoço, sem ouvir a ordem, sem acatar a cor­reção. 24 Então, se me obedecerdes de verdade – oráculo do Senhor –, evitando carregar peso pelas portas da cidade em dia de sábado,­ e se santificardes o dia de sábado, evitando­ qualquer trabalho, 25 os reis que se sentam no trono de Davi continuarão entrando pelas portas desta cidade, transitando de carroça ou a cavalo, eles, seus altos oficiais, os senhores de Judá e os cidadãos de Jerusalém.­ Esta cida­de continuará sendo habitada para sempre. 26 E muitos virão, então, das cidades de Judá, dos arredores de Jerusalém, da região de Benjamim, da baixada, das serras e do Negueb ao templo do Senhor, para oferecer holocaustos,­ sacrifícios, oferendas e incenso e também sa­crifícios de louvor. 27 Se, porém, não me obedecerdes, deixando de santificar o dia de descanso, carregando peso e passando pelas portas de Jerusalém em dia de sábado, porei fogo nas portas a incendiar os palacetes de Jerusalém, sem que ninguém possa apagar”.

 Parábola do oleiro 

18 1 Palavra do Senhor a Jeremias: 2 “Vem, desce até a casa do oleiro, que ali te farei ouvir a minha palavra”. 3 Desci até a?ca­sa do oleiro e lá estava ele executando um tra­balho na roda. 4 O vaso que o oleiro fabricava de barro se estragou em sua mão. Ele fez um ou­tro­ objeto conforme lhe pareceu mais convenien­te. 5 Foi então que veio a mim a palavra­ do Senhor: 6 “Será que não posso agir convos­co, ca­sa de Israel, da forma como fez esse olei­ro?­ – oráculo do Senhor. Pois como o bar­ro na mão do oleiro, assim estais vós em minha mão, casa de Israel. 7 Quando falo con­tra nações e reinos, arrancando, derrubando e destruindo, 8 e aquela nação volta atrás das maldades que eu havia denunciado, desisto das des­graças que havia planejado contra ela. 9 Quando falo sobre uma nação ou reino, construindo e plantando, 10 e ela pratica o que a meus olhos é crime e não obedece à minha palavra, então eu desisto do bem que lhe havia prometido. 11 Agora, pois, dize aos senhores de Judá e aos cidadãos de Jerusalém: Assim diz o Senhor: Vejam que estou modelando uma desgraça contra vós, tramando contra vós um plano. E, então, cada qual volte atrás do seu mau caminho, melhore o modo de viver e de agir”. 12 Eles, porém, responderam: “Tempo perdido! Vamos continuar seguindo nossas­ idéias, cada um vai agir de acordo com seu coração endurecido e perverso”.

 “O meu povo me esqueceu” 

13 Por isso, assim diz o Senhor:
“Perguntai entre os gentios
se jamais alguém ouviu uma coisa destas:
horrores tão grandes como praticou a virgem Israel.
14
Será que a neve do Líbano
algum dia se afasta da rocha?
A água que corre fria seca na fonte?
15
Mas o meu povo me esqueceu
e foi incensar à Tolice.
Tropeçam por suas estradas,
traçados antigos,
vão andando por trilhas,
caminhos não abertos,
16
fazendo da sua terra uma solidão,
objeto de caçoada sem fim.
Quem por aí passa fica impressionado
e sacode a cabeça.
17
Com um vento do oriente vou dispersá-los,
na frente do inimigo.
No dia da destruição
Hei de mostrar-lhes as costas, não o Rosto”.

 O profeta perseguido 

18 Eles disseram: “Vamos armar um plano? contra Jeremias. Não nos há de faltar a instru­ção do sacerdote, nem o conselho do sábio, nem a palavra do profeta. Vamos massacrá-lo com a língua e deixar de dar ouvidos à sua palavra”.
19
Dá-me ouvido, ó Senhor,
ouve o que dizem meus adversários.
20
Vão pagar o bem com o mal!
Cavaram um buraco para eu cair.
Lembra-te de que intercedi junto de ti,
para falar coisas boas em favor deles
e afastar deles a tua ira.
21
Por isso, leva os filhos deles para a fome,
e quanto a eles, entrega-os à espada.
Fiquem suas esposas
sem maridos e sem filhos.
Os maridos morram trucidados,
os jovens, feridos à espada na guerra.
22
De suas casas surjam gritos de socorro,
pois de repente fizeste entrar os invasores,
porque fizeram um buraco para me pegar,
e para os meus pés armaram um laço.
23
Tu, Senhor, bem conheces
os planos deles para me matar.
Não acobertes as culpas deles,
não apagues de tua presença os seus pecados.
Sejam derrubados na tua presença,
age com eles na hora de tua ira.


Jeremias (CNB) 9