Jeremias (CNB) 36

 O rolo de Jeremias. Baruc 

36 1 No quarto ano de Joaquim filho de Josias como rei de Judá, veio a Jeremias esta palavra da parte do Senhor: 2 “Compra um rolo de papiro e escreve nele tudo o que eu te disse contra Israel, contra Judá e?con­tra todas as nações, desde o dia em que come­cei a falar-te, do tempo de Josias até hoje. 3 Quem sabe, assim, a casa de Judá tome conhecimento de toda a desgraça que estou planejando contra ela, a ver se cada um volta atrás do seu mau caminho e eu lhe possa per­doar sua falta, seu pecado”.
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Jeremias chamou então Baruc filho de Ne­rias, que escreveu num rolo de papiro, confor­me Jeremias ia ditando, tudo o que o Senhor lhe tinha dito. 5 Em seguida Jeremias dis­se a Ba­ruc: “Estou preso e não posso ir ao templo do Senhor. 6 Vai, então, e lê deste rolo as pala­vras do Senhor que eu ditei e tu escreveste. Lê para que o povo que estiver no templo no dia do jejum possa ouvir. Lê também para o pessoal de Judá que tenha vindo de seus povoados. 7 Quem sabe venham a chegar à presença do Senhor pedidos de perdão da parte de­les e cada um volte atrás dos seus maus?caminhos, pois grande é a ira, o furor que o Se­nhor ameaça contra esse povo.
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Baruc filho de Nerias fez como Jeremias lhe havia mandado e leu no templo as palavras do Senhor.
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No nono mês do quinto ano de Joaquim filho de Josias como rei de Judá, foi convoca­do um jejum na presença do Senhor para todo o povo que está em Jerusalém ou que, dos povoados de Judá, entra em Jerusalém. 10 No templo do Senhor, da sala do escrivão Ga­marias filho de Safã, que fica no balcão de cima, à entrada da Porta Nova do templo do Senhor, Baruc leu as palavras de Jeremias que ele havia escrito. 11 Mi­quéias, o filho de Ga­marias filho de Safã, ouviu todas as palavras do Senhor lidas daquele escrito. 12 Desceu, então, até o palácio do rei, à sala do escrivão. Lá estavam sentados os chefes:­ o escrivão Eli­sama, Delaias filho de Semeías, Elnatã filho de Acobor, Gamarias filho de Safã, Sedecias filho de Hananias, todos os chefes. 13 Miquéias contou-lhes, então, tudo o que tinha­ ouvido, lido por Baruc para o povo ouvir. 14 Os chefes mandaram, pois, Judi filho de Natanias, filho de Selemias, filho de Cusi, dizer a Baruc:­ “Pe­ga o rolo que leste para o povo e vem ca!” Ba­ruc filho de Nerias pegou o rolo e foi. 15 Disseram-lhe: “Senta-te aí e lê para a gente ouvir!” Baruc leu para eles ouvirem. 16 Quando acabaram de ouvir, eles olharam assustados uns para os outros e disseram a Baruc: “Deve­mos relatar ao rei todas essas palavras!” 17 Inter­ro­garam Baruc: “Conta-nos como foi que es­cre­veste o que ele ditou”. 18 Baruc respondeu: “Ele ia ditando para mim todas essas palavras­ e, com tinta, eu as escrevia no rolo”. 19 Os che­fes disse­ram a Baruc: “Vai te esconder, tu e Jeremias.?E que ninguém fique sabendo onde estais!” 20 Em seguida, foram ao encontro do rei, no interior do palácio. O escrito foi deixado na sala do escrivão Elisama. Relataram tudo ao rei.
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O rei mandou, então, que Judi fosse buscar o escrito. Ele o trouxe da sala do escrivão Elisama e passou a ler para que o ouvissem o rei e os chefes todos que estavam à sua volta. 22 O rei estava sentado na ala de inverno do palácio, era o nono mês do ano, e um braseiro­ estava aceso diante dele. 23 À medida que Judi lia três ou quatro colunas, o rei cortava o pe­da­ço com a faca do escrivão e atirava ao fogo do braseiro, até queimar todo o rolo no fogo do braseiro. 24 Nem o rei nem seus ministros ficaram impressionados, ninguém rasgou as vestes ao ouvir aquelas palavras. 25 Apenas Elnatã, Delaias e Gamarias pediam ao rei que não queimasse o rolo, mas ele não os atendeu.­ 26 No final, o rei mandou que o comissário Ja­ramiel, Saraias filho de Azriel e Semeías filho­ de Abdeel fossem prender o secretário Baruc e o profeta Jeremias, mas o Senhor não permi­tiu que eles fossem encontrados.
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Após o rei ter queimado o rolo onde Baruc­ tinha escrito as palavras ditadas por Jeremias, a palavra do Senhor veio a Jeremias nestes termos: 28 “Compra outro rolo de se escrever e manda anotar nele todas as palavras anteriores que estavam no primeiro rolo, queimado pelo rei Joaquim de Judá. 29 E a respeito do rei Joaquim dirás: Assim diz o Senhor: Queimaste aquele rolo dizendo: ‘Por que escreveste naquele rolo o anúncio da chegada do rei da Babilônia para devastar esta terra, eliminando dela o ser humano e também os animais?’ 30 É por isso que assim diz o Senhor contra Joaquim, o rei de Judá: Nenhum filho dele há de sentar-se no trono de Davi. Seu cadáver ficará jogado ao calor do dia e ao gelo da noite. 31 Cobrarei dele, da sua família e dos seus ministros os pecados que cometeram. Farei vir sobre eles, sobre os cidadãos de Jerusalém e os senhores de Judá toda a desgraça com que os ameacei, sem que me escutassem.
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Jeremias adquiriu, então, um outro rolo e o entregou ao secretário Baruc filho de Nerias, que foi escrevendo, à medida que Jeremias ditava, todas as palavras que estavam no rolo que Joaquim, rei de Judá, havia queimado. E a essas palavras muitas outras foram acrescentadas.

 Sedecias e Jeremias 

37 1 Em lugar de Jeconias filho de Joaquim, Sedecias filho de Josias foi feito­ rei de Judá por Nabucodonosor, o rei da Babi­lônia. 2 Mas nem ele, nem seus ministros, nem o povo da terra obedeceram ao que o Senhor havia dito por meio do profeta Jeremias.
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O rei Sedecias mandou Jucal filho de Selemias e o sacerdote Sofonias filho de Maasias pedirem ao profeta Jeremias: “Reza por nós ao Senhor nosso Deus!” 4 Jeremias andava livremente no meio do povo, pois ainda não o tinham posto na prisão. 5 Entretanto o exército do faraó tinha saído do Egito. Ao receberem a notícia, os caldeus que faziam o cerco a Jerusalém afastaram-se da cidade. 6 A palavra do Senhor veio, então, ao profeta Jeremias: 7 “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Ao rei de Judá que vos mandou consultar-me assim direis: O exército do faraó que vos veio em socorro voltará para o Egito, sua terra. 8 Retornarão, então, os caldeus para lutar contra esta cidade, tomá-la e incendiá-la. 9 Assim diz o Senhor: Não vos enganeis pensando que os caldeus foram-se embora de vez! Não foram! 10 Mesmo que derrotásseis todo o exército dos caldeus que faz guerra contra vós, e só lhes restassem alguns feridos, em suas tendas eles se levantariam para incendiar esta cidade”.
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Quando o exército caldeu se afastou de Jerusalém acuado pelo exército do faraó, 12 Jeremias tentou sair de Jerusalém para ir ao território de Benjamim receber uma herança entre os seus. 13 Ao chegar à porta de Benjamim, lá estava o guarda, de nome Jerias filho de Selemias, filho de Hananias, que o prendeu dizendo: “Estás passando para o lado dos caldeus!” 14 Jeremias respondeu: “É mentira! De maneira alguma estou passando para o lado dos caldeus!” Mas Jerias não lhe deu atenção, prendeu Jeremias e o levou aos chefes. 15 Os chefes, indignados com Jeremias, depois de torturá-lo, deixaram-no preso na casa do escriba Jônatas, que tinham transformado em prisão. 16 Jeremias foi levado para uma cela subterrânea, onde ficou preso por muito tempo. 17 O rei Sedecias mandou buscar­ Jeremias. No palácio, secretamente, o rei lhe perguntou: “Existe mesmo uma palavra que vem do Senhor?” Jeremias respondeu: “Existe!”, e acrescentou: “Serás entregue nas mãos do rei da Babilônia!” 18 Depois Jeremias disse ao rei Sedecias: “Que pecado cometi eu contra ti, contra teus ministros ou contra este povo, para que me ponhas na prisão? 19 E onde estão agora aqueles profetas que vos garan­tiam que o rei da Babilônia não viria em guerra contra vós e vossa terra!? 20 Mas agora, por favor, que vossa majestade me atenda, que minha súplica tenha valor perante o rei: não me mandes de volta para a casa do escrivão Jônatas, não me deixes morrer lá!”
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Então, o rei Sedecias mandou colocar Jeremias no pátio da guarda e dar-lhe todo dia um pão vindo da rua dos padeiros, enquanto houvesse pão na cidade. E, assim, Jeremias ficou no pátio da guarda.

 Jeremias na cisterna 

38 1 Safatias filho de Matã, Gedalias filho de Fassur, Jucal filho de Se­me­lias e Fassur filho de Melquias ouviram o que Jeremias repetia a todo o povo: 2 “Assim diz o Senhor: Quem ficar nesta cidade vai mor­rer pela espada, pela fome ou pela peste,­ mas quem se refugiar junto aos caldeus fica­rá vivo, a própria vida será o seu troféu. 3 Assim­ também diz o Senhor: A cidade será mesmo entregue ao exército do rei da Babilônia, que dela vai se apoderar”.
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Os altos funcionários disseram ao rei: “Manda, por favor, matar esse indivíduo! Fa­lando assim ele está abatendo o ânimo dos sol­dados que ainda restam na cidade, do exér­cito inteiro. Esse homem não procura a fe­li­cidade mas a desgraça do povo. 5 O rei Se­de­cias respondeu: “Ele está nas vossas mãos, pois o rei nada pode contra vós”. 6 Pegaram, en­tão, Jeremias e o abandonaram na cisterna do comissário Melquias, que ficava no pátio da guarda. Com uma corda deixaram Jeremias dentro da cisterna. A cisterna não tinha água, só barro. Jeremias ficou atolado no barro.
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O etíope Ebed-Melec, funcionário residente no palácio real, soube que haviam colocado­ Jeremias na cisterna. O rei estava sentado à porta de Benjamim. 8 Ebed-Melec saiu do pa­lácio para dizer ao rei: 9 Majestade, essas pessoas agiram muito mal contra o profeta Jeremias, jogando-o naquela cisterna. Ali ele vai morrer de fome, pois já não há mais pão na ci­dade”. 10 O rei deu ao etíope Ebed-Melec esta ordem: “Leva contigo três homens e tira o pro­feta Jeremias da cisterna, antes que ele morra!” 11 Ebed-Melec levou os homens, entraram no palácio, foram até o porão, aí pegaram uns trapos, panos velhos. Jogaram para Je­remias os trapos e uma corda. 12 O etíope Ebed-Melec disse a Jeremias: “Põe esses trapos, essas roupas velhas, debaixo dos braços, antes de passar a corda”. Assim fez Jeremias. 13 Puxaram-no pela corda e o tiraram da cister­na. Jeremias passou a ficar, então, no pátio da guarda.
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O rei Sedecias mandou trazer Jeremias até onde ele estava, na terceira entrada do templo do Senhor. O rei disse a Jeremias: “Vou te?per­guntar uma coisa, nada me escondas!” 15 Jeremias, porém, disse ao rei: “Se eu te declarar?a verdade, acaso não me matarás? Se te der um conselho, não me atenderás!” 16 Então o rei?Se­decias jurou secretamente a Jeremias: “Pela vida do Senhor que nos deu esta vida, não te matarei, nem te entregarei nas mãos dos que te querem tirar a vida”. 17 Jeremias disse, então,­ ao rei Sedecias: “Assim diz o Senhor dos exér­citos, o Deus de Israel: Se de fato saíres da cidade e te dirigires aos comandantes do rei da Babilônia, conservarás a tua vida e a cidade­ não será incendiada. Continuarás vivo, tu e a tua casa. 18 Se, porém, não saíres ao encontro dos comandantes do rei da Babilônia, a cidade­ cairá nas mãos dos caldeus e deles não conse­guirás escapar”. 19 Falou o rei Sedecias: “Tenho­ medo dos judeus que passaram para o lado dos caldeus, medo de cair nas mãos deles, que vão me desmoralizar”. 20 Jeremias respondeu: “Não vais cair! Presta atenção à voz do Se­nhor que eu te transmiti: tudo te correrá bem, ficarás vivo! 21 Se, porém, não quiseres sair, aqui está o que me mostrou o Senhor: 22 as mulheres que sobrarem na corte do rei de Judá serão levadas para os comandantes do rei da Babilônia, cantando assim:
‘Teus caros amigos te iludiram, te tapearam:
teus pés atolaram no barro e eles escaparam’.
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Tuas mulheres e filhos serão levados para os caldeus, deles não escaparás, serás pri­sio­nei­ro do rei da Babilônia e a cidade será incendiada”.
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Sedecias disse a Jeremias: “Que ninguém fique sabendo disso, senão serás morto! 25 Se os chefes souberem que falei contigo, e vie­rem dizer: ‘Conta-nos o que falaste com o rei, nada nos escondas! Não te mataremos! Que foi que o rei falou contigo?’, 26 deverás responder: ‘Eu estava apresentando ao rei meu pedido de não ser mandado de volta para a casa de Jônatas, onde acabaria morto’”.
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De fato os chefes vieram todos procurar Jeremias e lhe fizeram perguntas, mas ele respondeu conforme o rei lhe mandara. Eles, então, ficaram quietos, pois nada ouviram. 28 Jeremias ficou no pátio da prisão até a tomada de Jerusalém. Quando Jerusalém foi tomada...

 A tomada de Jerusalém 

39 1 No décimo mês do nono ano de Sedecias como rei de Judá, o rei da Ba­bilônia Nabucodonosor chegou a Jerusalém com todo o seu exército e cercou a cidade. 2 No dia nove do quarto mês do décimo primeiro ano de Sedecias, a cidade foi arrom­bada. 3 Os comandantes do rei da Babilônia entraram e alojaram-se na porta do Meio. Eram eles Nergalsereser, Samgar-Nebo, Sar-Saquim, chefe do pessoal do palácio, o oficial superior Nebuzardã e os outros comandantes do rei da Babilônia.
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Sedecias e seus soldados, ao verem isso, tentaram fugir. À noite, saíram da cidade pelo jardim do rei, que dá na porta entre as duas muralhas, tomando o caminho do deserto. 5 O exército caldeu, porém, saiu-lhe em perseguição e alcançou Sedecias nos campos de Jericó. Levaram-no preso ao rei da Babilônia, Nabucodonosor, que estava em Rebla, região de Emat. Ali mesmo ele decretou sua sentença.
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Foi então que o rei da Babilônia, em Rebla, matou os filhos de Sedecias diante dos seus olhos. Matou também todos os nobres de Judá. 7 Depois vazou os olhos de Sedecias e acorrentou-o a fim de levá-lo para a Babilônia. 8 Quanto ao palácio do rei e às casas par­ticulares, os caldeus a tudo incendiaram e demoliram as muralhas de Jerusalém. 9 Quanto ao restante do exército que ficou na cidade,­ aos desertores e ao restante dos artesãos que ficaram, Nebuzardã, o chefe da guarda, man­dou-os para a Babilônia. 10 Aos mais pobres do povo, os que nada tinham, Nebuzardã deixou-os na terra de Judá e deu-lhes vinhedos e terra de plantio. 
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A respeito de Jeremias, Nabucodonosor, o rei da Babilônia, determinou a Nebuzardã, chefe da guarda, o seguinte: 12 Pega-o tu mesmo e olha por ele, nada lhe faças de mal, faze-lhe só o que ele te pedir”. 13 Nebuzardã, chefe da guarda, o comandante Nebusasbã, o oficial­ superior Nergal-Sereser e os outros oficiais do rei da Babilônia 14 mandaram tirar Jeremias do pátio da guarda e o confiaram a Godolias, filho de Aicam, filho de Safã, para que o levas­se para casa. A partir de então, Jeremias ficou­ livre no meio do povo.
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Quando ainda estava preso no pátio da guarda, a palavra do Senhor veio a Jeremias: 16 “Vai dizer a Ebed-Melec, o etíope: Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Aqui estou para cumprir contra esta cidade mi­nhas palavras de desgraça e não de felicidade. Isto acontecerá na tua presença neste dia. 17 Neste dia eu te livrarei – oráculo do Se­nhor –, não cairás em poder daqueles que temes. 18 Vou te livrar realmente, não tombarás­ à espada. Tua vida será o teu troféu, porque em mim confiaste” – oráculo do Senhor.

 Godolias governador 

40 1 Palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor depois que Nebuzardã, o chefe da guarda, mandou libertá-lo em Ramá, quando ia, acorrentado, no meio dos prisioneiros que eram levados para o cativeiro na Babilônia. 2 Ao tirar Jeremias do meio dos prisioneiros, assim lhe falou o chefe da guarda: “Foi o Senhor teu Deus quem assim ameaçou este lugar 3 e agora cumpriu as ameaças. O Senhor realizou o que tinha dito, porque pecastes contra ele, não destes atenção à pala­vra do Senhor. Foi por isso que tal coisa vos aconteceu. 4 Pois bem, estou agora te livrando das correntes que estão nos teus punhos. Se quiseres vir comigo para a Babilônia, vem, que eu estarei olhando por ti. Se, porém, não te agrada vir comigo para a Babilônia, fica, o território inteiro está à tua disposição, podes ir para onde achares melhor e mais ade­quado”. 5 Antes de Jeremias tomar uma decisão, ele continuou: “Vai para junto de Godolias, filho de Aicam filho de Safã. O rei da Ba­bilônia o nomeou governador das cidades da Judéia. Fica morando com ele no meio do povo ou, então, vai para onde achares melhor”. O chefe da guarda ainda lhe deu alimentos e água potável e o liberou. 6 Jeremias foi até Go­dolias, filho de Aicam, em Masfa onde passou­ a morar com o povo que permanecera no país.

 Os judaítas com Godolias 

7 Alguns comandantes do exército e seus comandados tinham se dispersado para fora da cidade. Eles ouviram falar que o rei da Babilônia nomeara governador a Godolias filho de Aicam e lhe confiara homens, mulheres e crianças, os restantes pobres do país que não foram levados prisioneiros para a Babilônia. 8 Foram, então, procurar Godolias em Masfa. Eram eles Ismael filho de Natanias, Joanã e Jônatas filhos de Carea, Sareas filho de Teneumet, os filhos de Ofi de Netofa e Jesonias filho de Maacati, com os seus comandados. 9 Godolias filho de Aicam, filho de Safã, garantiu a eles e a seus companheiros: “Não tenhais medo de vos sujeitar aos caldeus. Permanecei no país, submissos ao rei da Babilônia e tudo vos correrá bem. 10 Vede, eu estou residindo em Masfa como responsável diante dos caldeus quando vierem até nós. Vós podeis cuidar de produzir o vinho, as frutas, o azeite e de abastecer as vossas vasilhas, permanecendo nas cidades que ocupais”.
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Também os judaítas que estavam em Moab, Amon, Edom ou outros países, souberam que o rei da Babilônia tinha deixado sobreviventes em Judá e que nomeara governador deles a Godolias filho de Aicam, filho de Safã. 12 Começaram, então, a voltar judaítas de todos os lugares onde se tinham refugiado. Tão logo entravam no país apresentavam-se a Godolias em Masfa. Em pouco tempo passaram a produzir vinho e frutas em grande quantidade.
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Joanã filho de Carea, e os outros comandantes militares que se tinham dispersado pe­lo país foram procurar Godolias em Masfa. 14 Disseram-lhe: “Precisas ficar sabendo que o rei dos amonitas, Baalis, mandou Ismael filho de Natanias para te matar”. Godolias fi­lho de Aicam, porém, não acreditou. 15 Mesmo­ assim, Joanã, filho de Carea, disse em segredo­ a Godolias: “Vou matar Ismael filho­ de Na­tanias, sem que ninguém saiba, senão ele te matará e os judaítas que em torno de?ti se reu­niram se dispersarão e acabará se destruindo o que restou de Judá”. 16 Mas Godolias filho de Aicam disse a Joanã filho de Carea: “Não faças uma coisa dessas! O que estás falando de Ismael não é verdade!”

 Godolias assassinado por Ismael 

41 1 No sétimo mês, Ismael filho de Natanias, filho de Elisama, de sangue real, foi, acompanhado de dez homens, visitar­ Godolias filho de Aicam, filho de Safã, em Mas­fa. Tomaram juntos uma refeição em Mas­fa. 2 De surpresa, Ismael filho de Natanias e os dez homens que o acompanhavam agrediram Godolias filho de Aicam, filho de Safã, à espada e, assim, mataram aquele que o rei da Babilônia colocara à frente do país. 3 Assas­sinaram também os judaítas que estavam com Godolias em Masfa bem como os militares caldeus que aí se encontravam.
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No dia seguinte ao assassinato de Godolias, quando ninguém ainda sabia, 5 vieram uns indivíduos de Siquém, de Silo e de Samaria, uns oitenta homens, de barba raspada, roupas rasgadas e cortes pelo corpo. Traziam nas mãos oferendas e incenso para um sacrifício na casa do Senhor. 6 Ismael filho de Netanias saiu de Masfa ao encontro deles, caminhando­ e chorando. Ao encontrá-los, disse: “Venham ver Godolias filho de Aicam!” 7 Quando chegaram ao meio da cidade, Ismael filho de Na­tanias, ajudado pelos homens que o acompanhavam, os matou e jogou os cadáveres num fosso. 8 Entre esses havia dez homens que disseram: “Não nos mates! Temos, escon­dido no campo, trigo, cevada, azeite e mel!” Ele, então,­ parou e não os matou como aos outros. 9 O fosso no qual Ismael jogou os cadá­veres dos homens que tinha assassinado é o grande fosso­ que o rei Asa cavara por medo do rei Baasa de Israel. Ismael filho de Na­ta­nias o encheu de mortos.
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Ismael subjugou os sobreviventes do povo que estavam em Masfa, desde as filhas do rei até o povo simples que lá estava. Ne­buzardã, o chefe da guarda, havia confiado todos eles a Godolias filho de Aicam, mas Ismael filho de Natanias os prendeu e partiu,­ para passar para o lado dos amonitas.

 Joanã liberta os prisioneiros de Ismael 

11 Joanã filho de Carea e os outros comandantes que estavam com ele ouviram contar todo mal que tinha feito Ismael, filho de Na­ta­nias. 12 Reuniram todos os homens e partiram para lutar contra Ismael, filho de Nata­nias. Encontraram-no junto à grande aguada que há em Gabaon. 13 O povo conduzido por Ismael ficou muito alegre ao ver Joanã, filho de Ca­rea, e os comandantes que com ele vinham. 14 O povo que Ismael havia aprisionado em Masfa voltou atrás ao encontro de Joanã filho­ de Carea. 15 Enquanto isso, Ismael, filho de Netanias, com oito homens, fugiu de Joanã e refugiou-se junto aos amonitas.
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Joanã e os comandantes que com ele es­ta­vam se responsabilizaram pelos sobreviventes­ que Ismael vinha trazendo de Masfa, após ter assassinado Godolias, filho de Ai­cam. Eles os retiraram de Gabaon. Eram guer­reiros, mu­lheres, crianças e funcionários. 17 Seguiram adiante, fizeram uma parada em Caamã, perto­ de Belém, para então tomarem o caminho do Egito. 18 Estavam com medo dos caldeus, pelo fato de Ismael ter assassinado Godolias, que?o rei da Babilônia nomeara governador do país.

 Nova intervenção de Jeremias 

42 1 Os comandantes, isto é, Joanã filho de Carea e Azarias filho de Osaías, e a população inteira, do menor ao maior, foram­ à procura do profeta Jeremias. 2 Disseram-lhe: “Nós te imploramos, por favor, ora ao Senhor teu Deus por nós, este resto. De tão numerosos­ sobramos tão poucos, como podes ver com os próprios olhos. 3 Que o Senhor teu Deus nos mostre o caminho que devemos seguir, o que devemos fazer”. 4 O profeta Jeremias respondeu-lhes: “Pois não! Vou orar ao Senhor vosso Deus, conforme pedistes. Tudo o que o Senhor responder para vós, eu vos anunciarei,­ sem nada omitir”. 5 Eles disseram a Jeremias: “Esteja o Senhor entre nós como testemunha fiel e segura. Qualquer coisa que o Senhor teu Deus mandar para nós, assim o faremos. 6 Seja ela agradável ou não, obedeceremos a voz do Senhor nosso Deus, a quem te en­viamos, para que, obedientes à voz do Senhor nosso Deus, tudo nos corra bem”.
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Decorridos dez dias, a palavra do Senhor veio a Jeremias. 8 Chamou Joanã, filho de Ca­rea, os comandantes seus companheiros e a população inteira, do menor ao maior. 9 Disse­-lhes: “Assim fala o Senhor, o Deus de Israel, a quem me mandastes apresentar vossas preces: 10 Se de fato ficardes no país, eu vos construirei e não destruirei, eu vos plantarei e não arrancarei! Já estou satisfeito com o casti­go que apliquei. 11 Não temais o rei da Babilô­nia, que tanto vos apavora, não tenhais medo – oráculo do Senhor –, pois estou convosco para vos salvar e libertar das mãos dele. 12 Provocarei compaixão por vós, ele terá compaixão e vos permitirá ficar morando no vosso país.
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Se, porém, pensardes: ‘Não vamos ficar nes­te país!’; se desobedecerdes à voz do Senhor vosso Deus, 14 pensando: ‘Não! Nós vamos para o Egito! Lá não vamos ver guerra, nem ouvir o toque da trombeta, nem passar fome. É lá que vamos morar!’ 15 – então, ó resto de Judá, escutai a palavra do Senhor: Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Se decidirdes  ir para o Egito e lá encontrar refúgio, 16 a espada que tanto vos assusta, no Egito vos alcançará; a fome, que tanto vos apavora, no Egito vos agarrará. Lá morrereis! 17 Todos aqueles, portanto, que insistirem em buscar refúgio no Egito, lá morrerão, vitimados pela espada, pela fome ou pela peste. Não haverá quem sobre ou?es­cape ao castigo que lhes mandarei. 18 Assim diz ainda o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Da mesma forma como despejei minha ira e minha indignação contra os cida­dãos­ de Jerusalém, também vou desafogar minha indignação contra vós, assim que en­trardes no Egito. Sereis amaldiçoados, desgraçados, desprezados e envergonhados. E nunca mais vereis esta terra!
19
Esta é a palavra do Senhor para vós, resto de Judá: ‘Não vos refugieis no Egito!’ Que isso fique bem claro: é exatamente o que eu acabo de declarar! 20 Vós vos enganais. Vós me enviastes ao Senhor nosso Deus, dizendo:­ ‘Ora por nós ao Senhor nosso Deus e tudo o que o Senhor nosso Deus te disser anuncia-nos, que nós o faremos’. 21 Pois bem, eu acabo­ de anunciar e não quereis obedecer à palavra do Senhor vosso Deus, nem fazer aquilo que ele me mandou dizer. 22 Ficai, pois, sabendo: no lugar onde vos quereis refugiar, morrereis à espada, de fome ou de peste”.

 Jeremias arrastado ao Egito 

43 1 Logo que Jeremias acabou de comunicar ao povo as palavras que o Senhor seu Deus lhe mandara transmitir, 2 Aza­rias, filho de Osaias, Joanã, filho de Carea, e os outros homens, cheios de petulância, disseram a Jeremias: “É mentira o que estás dizendo! O Senhor nosso Deus nunca te man­dou dizer que não nos devemos refugiar no Egito! 3 Foi Baruc, filho de Nerias, que te jogou contra nós, para nos entregar aos cal­deus, a fim de que nos matem ou nos levem para a Babilônia”.
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Assim Joanã, filho de Carea, os comandantes que com ele estavam e toda a popula­ção não obedeceram a palavra do Senhor que mandava ficarem na terra de Judá. 5 Ao contrário, Joanã filho de Carea e os comandantes­ que estavam com ele arrastaram todo o resto de Judá que, das diversas nações entre as quais havia sido dispersado, retornara para viver na terra de Judá . 6 Eram homens, mulheres, crianças, as filhas do rei, enfim todas­ as pessoas que Nebuzardã, o chefe da guarda,­ tinha deixado sob as ordens de Godolias, filho de Ai­cam, filho de Safã, e também o profeta Jeremias e Baruc, filho de Nerias. 7 Com eles, en­traram na terra do Egito, e che­garam a Táfnis, desobedecendo à voz do Senhor.
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Em Táfnis, a palavra do Senhor veio a Jeremias nestes termos: 9 “Toma algumas pedras grandes e, à vista dos judaítas, escon­de-as na poeira à entrada do palácio do faraó em Táfnis. 10 Dirás então: Assim diz o Senhor­ dos exércitos, o Deus de Israel: Estou mandando buscar o meu servo Nabucodonosor, o rei da Babilônia, e colocarei o seu trono sobre estas pedras que acabo de esconder; sobre elas, ele vai instalar seu esplendor. 11 Ele vai atacar o Egito! E, então: Morte para quem é da morte! Cativeiro para quem é do cativei­ro! Espada para quem é da espada! 12 Vai in­cendiar os templos dos deuses do Egito e quei­má-los todos. Tomará a terra do Egito e a jogará aos ombros como o pastor ao vestir sua capa. Em seguida sairá tranqüilamente. 13 Der­rubará as colunas sagradas do templo do Sol no Egito e incendiará os templos­ dos deuses do Egito”.

 Os judaítas no Egito 

44 1 Palavra que veio a Jeremias para todos os judaítas que moravam no Egito, moradores de Magdol, de Táfnis, de Mênfis e da região sul: 2 “Assim diz o Senhor­ dos exércitos, o Deus de Israel: Vós bem vis­tes toda a desgraça que eu fiz cair sobre Jeru­salém e os povoados de Judá. Hoje elas estão­ abandonadas, sem qualquer habitante. 3 A causa disso foi o mal que praticaram. Irritaram-me queimando oferendas e prestando culto a deuses estranhos, que jamais conhecestes, nem vós, nem vossos pais. 4 Continuamente eu vos mandei meus servos, os profetas, que diziam: Deixai essas práticas abomináveis que eu odeio. 5 Mas eles não atenderam, nem prestaram atenção, para se converterem de sua malícia e deixarem de queimar oferendas aos deuses estranhos. 6 Inflamou-se, então, mi­nha ira e minha indignação contra os povoados de Judá e as praças de Jerusalém,?que se tornaram lugar deserto e abandonado,­ co­mo hoje se vê.
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Agora, pois, assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Por que praticais um mal tão grande contra vós mesmos? Elimi­nastes do vosso meio homens e mulheres, aca­bastes com crianças e bebês em Judá a ponto de não vos restar sobrevivente. 8 Vós me irritais com vossas práticas, incensando a deuses estranhos na terra do Egito, onde vos refugiastes. Assim, minha ira vos elimina­ e transforma numa coisa maldita e vergonho­sa­ para todas as nações da terra. 9 Já esque­cestes os pecados dos vossos pais? os pecados dos reis de Judá e de suas mulheres? e até vossos próprios pecados e de vossas mu­lheres? pecados cometidos por toda a terra de Judá e nas praças de Jerusalém! 10 E até ho­je ninguém se envergonhou, ninguém mostrou temor, ninguém cuidou de andar na lei e nos preceitos que eu mesmo dei na presença vossa e de vossos pais. 11 Por isso, assim­ diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:­ Ponho sobre vós o meu olhar para desgraça, para acabar com Judá inteiro! 12 Vou pegar esse resto de Judá que decidiu emigrar para a terra do Egito e aí todos encontrarão o fim. Cairão mortos à espada ou de fome. Do me­nor ao maior, todos encontrarão seu fim. Morrerão pela espada ou de fome. Serão amaldiçoados, desgraçados, desprezados, en­vergonhados. 13 Cuidarei dos que foram mo­rar no Egito como cuidei de Jerusalém com a espada, com a fome e com a peste. 14 Não haverá fugitivo ou sobrevivente do resto dos judaítas que emigrou para o Egito, para voltar­ à terra de Judá, para onde ansiosos­ desejam voltar e ficar morando. Não voltarão, a não ser os fugitivos”.

 Cultuando, no Egito, a Rainha do Céu 

15 Todos os homens, que bem sabiam que suas mulheres incensavam aos deuses estranhos, as mulheres todas, uma grande multidão, toda a população que estava morando no Egito na região sul, responderam a Jeremias: 16 “Nenhum de nós vai obedecer ao que acabas de nos dizer em nome do Senhor! 17 Sim, nós vamos fazer tudo o que dissemos, continuaremos incensando à Rainha do Céu e vertendo vinho em sua honra, como sempre­ fize­mos, nós e nossos pais, nossos reis e nos­sas autoridades, por todos os povoados de Judá e nas praças de Jerusalém. Então estáva­mos bem alimentados, tudo nos ia bem, e não vía­mos qualquer desgraça. 18 Mas a partir­ de quan­do deixamos de incensar à Rainha do Céu e de verter vinho em sua honra, começamos a carecer de tudo e agora estamos sendo destruídos pela espada e pela fome. 19 E quando in­censamos à Rainha do Céu ou vertemos vinho em sua honra, acaso fazemos­ bolos com a figura dela ou vertemos vinho em sua honra­ sem o consentimento dos maridos?”
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A todo o povo, aos homens, mulheres, toda a população, que tais coisas lhe responderam, falou Jeremias: 21 “O que o Senhor lembrou, o que ele tem em mente não será exa­tamente o incenso que vós e vossos pais queimastes por todos os povoados de Judá e nas praças de Jerusalém? 22 O Senhor já não mais agüentava, por causa da maldade de vos­sas práticas, e das coisas abomináveis que fizestes. Vossa terra, então, transformou-se num lugar devastado, desgraçado e despreza­do, sem moradores, como hoje se vê. 23 Por terdes queimado incenso, pecando contra o Senhor, deixando de atender à sua palavra e de caminhar na sua lei, preceitos e mandamentos, por isso aconteceram esses males como hoje se vê”.
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Falou Jeremias à população toda, especial­mente às mulheres: “Ouvi a palavra do Senhor, judaítas que estais na terra do Egito! 25 As­sim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Vós e vossas mulheres prometestes e cum­pristes a promessa: ‘Vamos cumprir o voto que fizemos de incensar à Rainha do Céu e verter vinho em sua honra’. Pois bem, cumpri a vossa­ promessa e voto! 26 Mas escutai, en­tão, a palavra do Senhor, judaítas todos que estais morando na terra do Egito! Estou juran­do por meu nome grandioso, diz o Senhor, que nunca mais o meu nome será invocado por qualquer judaíta que, na terra do Egito, ve­nha a dizer: ‘Pela vida do Senhor Deus!’ 27 Vou montar guarda contra eles para o mal, não para o bem, hei de liquidar os cidadãos de Judá que estão na terra do Egito, pela espa­da ou pela fome, até acabarem todos. 28 Uns pou­cos que conseguirem escapar da espada voltarão do Egito para Judá. Então, o resto de Judá que se refugiou no Egito ficará sabendo qual a palavra que se há de cumprir, a minha ou a deles.
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E para vós haverá um sinal – oráculo do Senhor – de que estou cuidando de vós neste­ lugar, sabereis que cumpro as ameaças que fiz contra vós. 30 Assim diz o Senhor: Entregarei o rei do Egito, o faraó Hofra, nas mãos dos inimigos, dos que querem tirar-lhe a vida, da mesma forma como entreguei Sedecias, o rei de Judá, nas mãos do rei da Babilônia, Nabucodonosor, seu inimigo mortal.


Jeremias (CNB) 36