Jeremias (SAV) 35

Fidelidade dos recabitas

35 1 Eis a palavra que foi dirigida pelo Senhor a Jeremias, no tempo de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá.
2
Vai procurar a família dos recabitas para falar com eles. Em seguida conduzi-los-ás a uma das salas do templo, onde lhes oferecerás vinho para beber.
3
Fui, então, à procura de Jezonias, filho de Habsanias, seus irmãos e filhos, e toda a família dos recabitas,
4
e os conduzi ao templo, à sala dos filhos de Hanã, filho de Jegdelias, homem de Deus, perto da sala dos chefes, acima da de Maasias, filho de Selum, guarda do vestíbulo.
5
Coloquei diante deles um vaso cheio de vinho e taças, e lhes disse: Bebei este vinho!
6
Responderam eles, porém: Não bebemos vinho, pois que Jonadab, filho de Recab, e nosso avô, assim nos prescreveu: jamais bebereis vinho, vós e vossos filhos.
7
Não construireis casa, não semeareis, não plantareis nem possuireis vinhas, mas habitareis sempre em tendas, a fim de que, por muito tempo, possais viver em uma terra onde permanecereis como estrangeiros. -
8
Observamos a ordem de Jonadab, filho de Recab, nosso avô, em todos os pontos: abstemo-nos de vinho em todos os nossos dias, nós, nossas mulheres, nossos filhos e filhas;
9
não construímos casa para habitar nelas, não possuímos vinhas, nem campos de sementeiras,
10
vivendo debaixo de tendas. Assim em tudo temos obedecido ao que nosso avô Jonadab nos prescreveu.
11
Quando, porém, Nabucodonosor, rei de Babilônia, invadiu a terra, uns aos outros dissemos: vinde e entremos em Jerusalém a fim de escapar do exército dos caldeus e dos arameus. Eis a razão por que nos encontramos em Jerusalém.
12
Foi, então, dirigida assim a Jeremias a palavra do Senhor:
13
Eis o que diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: vai e dize ao povo de Judá e aos habitantes de Jerusalém: não aceitareis a minha admoestação e não obedecereis à minha palavra? - oráculo do Senhor. -
14
São observadas as ordens de Jonadab, filho de Recab, que proibiu a seus filhos beberem vinho. Abstiveram-se de beber, a fim de se conformarem com a ordem de seu pai. E a mim, que não cesso de vos falar, não me escutais.
15
Sem descanso, enviei-vos desde o princípio os profetas, meus servos, para dizer-vos: desviai-vos do mau caminho e reformai a vossa vida. Não andeis a correr atrás de deuses estranhos para lhes render culto. Ficareis, então, na terra que vos dei, a vós e a vossos pais. Não destes, porém, ouvidos, nem obedecestes.
16
Os filhos de Jonadab, filho de Recab, respeitam as prescrições de seus pais, mas esse povo não me escuta!
17
Eis por que, assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel, vou lançar sobre Judá e os habitantes de Jerusalém os flagelos de que os ameacei, porquanto lhes falei e não me escutaram, e quando os chamei não me responderam.
18
A seguir, disse Jeremias à família dos recabitas: Eis o que diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: já que obedecestes à ordem do vosso pai Jonadab, e observastes tudo o que vos prescreveu,
19
promete-vos o Senhor dos exércitos, Deus de Israel, que a Jonadab, filho de Recab, não faltarão descendentes que se hão de conservar na minha presença.

O rolo queimado

36 1 No quarto ano de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, foi a palavra do Senhor dirigida a Jeremias, nestes termos:
2
Toma um rolo de um livro e nele escreverás todos os oráculos que te ditei a propósito de Israel, de Judá e das nações pagãs, desde que te comecei a falar, no tempo de Josias, até o presente.
3
Quando o povo de Judá compreender todo o mal que lhe pretendo fazer, talvez cada um se afaste de seu perverso caminho, de sorte que eu lhes possa perdoar as iniqüidades e os pecados.
4
Mandou então Jeremias que viesse Baruc, filho de Néria, o qual, sob ditado do profeta, escreveu em um rolo todos os oráculos que recebera do Senhor.
5
Em seguida, Jeremias deu esta ordem a Baruc: Estou impossibilitado de dirigir-me ao templo.
6
Vai até lá em dias de jejum e, tomando o rolo em que escreveste as palavras que te ditei, lerás os oráculos do Senhor perante o povo e a gente de Judá, vinda de suas cidades.
7
Talvez dirijam eles súplicas ao Senhor e se convertam da má vida, porquanto imensa é a indignação e grande o furor com que o Senhor ameaça esse povo.
8
E Baruc, filho de Néria, executou pontualmente a ordem do Profeta Jeremias, lendo no templo os oráculos do Senhor inscritos no rolo.
9
No quinto ano do reinado de Joaquim, filho de Josias, rei de Judá, no nono mês, um jejum foi prescrito diante do Senhor, para toda a população de Jerusalém e os habitantes, das cidades de Judá que lá se haviam reunido.
10
Então Baruc leu em seu rolo as palavras de Jeremias, achando-se no templo, na sala do secretário Gamarias, filho de Safã, sala esta situada no vestíbulo superior, à entrada da porta nova do templo. Foi feita essa leitura perante o povo.
11
Miquéias, filho de Gamarias, filho de Safã, ouvindo a leitura de todos esses oráculos do Senhor,
12
desceu ao palácio real, à câmara do secretário, onde se achava reunido um conselho de ministros: o secretário Elisama, Dalaias, filho de Semeias, Elnatã, filho de Acobor, Gamarias, filho de Safã, Sedecias, filho de Ananias, assim como todos os ministros.
13
Contou-lhes Miquéias tudo o que ouvira ler Baruc perante o povo.
14
Então os ministros enviaram Judi, filho de Natanias, filho de Selemias, filho de Cusi, com a missão de dizer a Baruc: toma o rolo do qual acabas de ler ao povo, e vem ter conosco. Munido do rolo, dirigiu-se Baruc, filho de Néria, para onde o chamavam os ministros.
15
Disseram-lhe então: senta-te e lê. Pôs-se Baruc a ler.
16
Ao ouvirem esses oráculos, entreolharam-se aterrados os ministros. É preciso, disseram eles, que levemos todas estas coisas ao conhecimento do rei.
17
Em seguida, dirigindo-se a Baruc: como, perguntaram-lhe, escreveste todos esses oráculos?"
18
Ele mos ditava, respondeu Baruc, e eu os escrevia com tinta neste rolo."
19
Então disseram-lhe os ministros: Vai e esconde-te, assim como Jeremias, e que ninguém conheça o teu esconderijo.
20
Em seguida, deixando guardado o rolo na mesa do secretário Elisama, foram procurar o rei em sua casa a fim de pô-lo a par do assunto.
21
Mandou este, então, que Judi fosse buscar o rolo; Judi, tendo-o apanhado na sala do secretário Elisama, voltou com ele a fim de lê-lo em presença do rei, tendo em torno, de pé, os seus ministros.
22
O rei estava assentado num aposento de inverno - era o nono mês -, com um braseiro aceso em sua frente.
23
À medida que Judi acabava de ler três ou quatro colunas, cortava-as o rei com o canivete do escriba e as atirava às chamas do braseiro, até que todo o rolo foi consumido pelo fogo.
24
Nem o rei nem os ministros presentes à leitura se encheram de temor ou rasgaram suas vestes.
25
Nem mesmo quis o rei escutar os rogos que lhe dirigiram EInatã, Dalaias e Gamarias para que não queimasse o rolo.
26
Ordenou, a seguir, ao príncipe real Jeremiel, a Saraias, filho de Ezriel e a Selemias, filho de Abdel, que prendessem Baruc, o escriba, e o profeta Jeremias. O Senhor, porém, os escondeu.
27
Depois que o rei queimou o rolo que continha os oráculos escritos por Baruc e que Jeremias lhe ditara, foi a palavra do Senhor dirigida ao profeta nestes termos:
28
toma outro rolo, e nele escreverás todos os oráculos contidos no primeiro, que foi queimado por Joaquim, rei de Judá.
29
E dirás ao rei: Eis o que diz o Senhor: queimaste aquele rolo, dizendo: por que nele escreveste a ameaça de que o rei de Babilônia viria arruinar esta terra, e exterminar-lhe os homens e os animais?
30
Pois bem, eis o que diz o Senhor a respeito de Joaquim, rei de Judá: nenhum de seus descendentes ocupará o trono de Davi. Ficará seu cadáver exposto ao calor do dia e ao frio da noite.
31
Castigarei assim a iniqüidade nele, em sua raça e em seus servidores. E sobre eles, sobre os habitantes de Jerusalém e o povo de Judá, farei cair todos os flagelos de que os ameacei, sem que me houvessem escutado.
32
Tomou Jeremias outro rolo e o entregou a Baruc, filho de Néria, seu secretário, o qual nele escreveu, sob ditado do profeta, todos os oráculos contidos no rolo atirado ao fogo por Joaquim, rei de Judá. E vários outros oráculos lhes foram acrescentados.

Prisão do profeta

37 1 O rei Sedecias, filho de Josias, sucedeu a (Je) Conias, filho de Joaquim, tendo sido proclamado rei da terra de Judá por Nabucodonosor, rei de Babilônia.
2
Nem ele, porém, nem seus súditos e a população da terra escutaram os oráculos que lhes transmitia o Senhor, por intermédio do profeta Jeremias.
3
O rei Sedecias enviou, entretanto, Jucal, filho de Selemias, e o sacerdote Sofonias, filho de Maasias, ao profeta Jeremias, a fim de lhe dizer: Intercede por nós junto ao Senhor, nosso Deus.
4
Jeremias, que ainda não havia sido aprisionado, andava entre o povo.
5
Partira então do Egito o exército do faraó. Ao receberem tal notícia, os caldeus, que sitiavam Jerusalém, abandonaram a cidade.
6
Nestes termos foi a palavra do Senhor dirigida ao profeta Jeremias: Eis o que diz o Senhor Deus de Israel:
7
assim falarás ao rei de Judá que te envia seus delegados para interrogar-me: o exército do faraó que saiu para vos dar socorro vai regressar ao Egito.
8
Voltarão os caldeus a sitiar a cidade, tomá-la-ão de assalto e a entregarão às chamas.
9
Oráculo do Senhor: não queirais enganar-vos, julgando que os caldeus se irão definitivamente. Eles não irão embora.
10
Ainda que derrotásseis todo o exército dos caldeus que combate contra vós, e que dele só restassem feridos sob as tendas, cada um deles ainda se levantaria para incendiar a cidade.
11
Quando as tropas dos caldeus se afastaram de Jerusalém, ante a aproximação do exército do faraó,
12
quis Jeremias sair da cidade para dirigir-se à terra de Benjamim, a fim de lá se reabastecer com o resto do povo.
13
Encontrava-se porém um guarda às portas de Benjamim, chamado Jerias, filho de Selemias, filho de Ananias, o qual, ao chegar o profeta, deteve-o, dizendo: tu foges para os caldeus.
14
É falso! retorquiu o profeta, eu não passo para os caldeus. Não quis porém Jerias ouvi-lo; prendeu-o e levou-o à presença dos chefes.
15
E estes, enfurecendo-se contra Jeremias, açoitaram-no e prenderam-no na casa do escriba Jonatã, transformada em prisão.
16
Foi então o profeta atirado num calabouço, onde permaneceu vários dias.
17
O rei Sedecias, porém, mandou-o buscar, a fim de interrogá-lo secretamente em seu palácio. Tens, porventura, perguntou-lhe, algum oráculo do Senhor? Sim, respondeu-lhe Jeremias. Serás entregue nas mãos do rei de Babilônia.
18
E acrescentou ao rei Sedecias: em que te ofendi, a ti, aos teus servos e a teu povo, para que me lançasses na prisão?
19
Onde estão os profetas que vos prediziam não dever mais voltar o rei de Babilônia contra vós e contra a terra?
20
Escuta-me, agora, ó meu rei e digna-te acolher minha súplica: não permitas que seja eu reconduzido à casa do escriba Jonatã, para que eu não morra lá.
21
Ordenou então o rei Sedecias que Jeremias fosse retido no pátio do cárcere e que lhe dessem todos os dias uma torta de pão, da rua dos Padeiros, enquanto na cidade houvesse pão. E assim permaneceu Jeremias no pátio do cárcere.

Jeremias na cisterna

38 1 Safatias, filho de Matã, Gedelias, filho de Fassur, Jucal, filho de Selemias, e Fassur, filho de Melquias, ouviram as palavras que Jeremias pronunciara diante de todos.
2
Oráculo do Senhor, dizia ele: aquele que ficar na cidade morrerá pela espada, fome e peste, ao passo que o que sair, a fim de se entregar aos caldeus, viverá, e a vida a salvo será seu espólio. E viverá.
3
Oráculo do Senhor: a cidade será entregue ao exército do rei de Babilônia, que a tomará de assalto.


4 Disseram, então, os chefes ao rei: Seja esse homem eliminado, pois que desencoraja o que resta de guerreiros na cidade em todo o povo, proferindo semelhantes palavras. Não procura ele a salvação do povo mas a sua perdição.
5
Respondeu-lhes o rei Sedecias: "Ele está em vossas mãos. O rei nada vos pode recusar.
6
Tomaram então Jeremias e, por meio de cordas, o fizeram descer na cisterna de Melquias, o príncipe real, a qual se encontrava no pátio do cárcere. Não havia água na cisterna; havia, porém, lodo, onde Jeremias se atolou.


7 Um eunuco etíope do palácio real, chamado Abdemelec, soube, porém, que haviam lançado Jeremias na cisterna. Como estivesse o rei nesse momento assentado à porta de Benjamim,


8 saiu ele do palácio para ir encontrá-lo.
9
Ó rei, meu Senhor, disse-lhe o eunuco, andaram mal esses homens, tratando assim o profeta Jeremias e lançando-o na cisterna. Morrerá de fome, pois que não há mais pão na cidade.
10
Respondeu-lhe então o rei com esta ordem: Leva daqui contigo trinta homens e faze com que retirem o profeta Jeremias da cisterna, antes que morra.


11 Abdemelec, tomando então os homens consigo, dirigiu-se ao palácio e ao vestiário da tesouraria e de lá tirou pedaços de estofo e velhos andrajos. E, tomando uma corda, fê-los descer até Jeremias, na cisterna.
12
Coloca, disse Abdemelec a Jeremias, estes pedaços de estofo e estes retalhos sob tuas axilas embaixo das cordas. Assim fez o profeta.
13
Então, erguendo-o por meio das cordas, retiraram-no para fora da cisterna. E Jeremias ficou no pátio do cárcere.

Entrevista do rei e do profeta

14 Mandou então o rei Sedecias que lhe trouxessem o profeta Jeremias e o conduzissem à terceira porta do templo, e lhe disse: Tenho algo a perguntar-te; nada me ocultes.
15
Disse Jeremias ao rei: Se eu te responder, não me mandarás matar? Aliás, se te der um conselho, não me ouvirás.
16
Então o rei Sedecias fez em segredo a Jeremias este juramento: Pela vida de Deus que nos deu a vida, não te mandarei matar nem te entregarei aos que odeiam a tua vida!
17
E Jeremias disse então a Sedecias: Eis o que diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: se te entregares aos oficiais do rei de Babilônia, terás a vida salva e a cidade não será queimada. E sobreviverás, assim como tua família.
18
Mas, se te não entregares aos oficiais do rei de Babilônia, cairá a cidade nas mãos dos caldeus, os quais a incendiarão. E tu não lhes escaparás.
19
Temo os judeus, replicou o rei Sedecias, que já se aliaram aos caldeus, e que me maltratarão se a eles for entregue.
20
Tal não acontecerá, retorquiu Jeremias. Escuta, portanto, a voz do Senhor naquilo que te digo: nada te acontecerá e terás a vida salva.
21
Mas, se recusares entregar-te, eis (a visão) que o Senhor me mostrou:
22
todas as mulheres que ficarem no palácio do rei de Judá serão entregues aos oficiais do rei de Babilônia. E elas dirão: foste enganado, e te subjugaram os teus bons amigos. Desapareceram, enquanto teus pés se atolavam na lama.
23
Todas as tuas mulheres e teus filhos serão entregues aos caldeus. E tu não lhes escaparás. Serás feito prisioneiro pelo rei de Babilônia e a cidade será entregue às chamas!
24
Disse, então, Sedecias e Jeremias: Que ninguém saiba do que falamos, senão poderás morrer.
25
Se souberem os ministros que tivemos esta entrevista, se te vierem procurar a fim de perguntar-te, sob ameaça de morte, tudo quanto te disse o rei, sem nada ocultar,
26
dir-lhes-ás: fui suplicar ao rei que não fosse reconduzido à casa de Jonatã, onde encontraria a morte.
27
Com efeito, todos os ministros foram interrogá-lo, tendo-lhes respondido o profeta exatamente como lhe ordenara o rei. Deixaram-no então tranqüilo, porquanto nada transpirou da conversa havida.
28
Assim passou Jeremias a habitar o pátio do cárcere, até o dia da tomada de Jerusalém. De fato, lá estava ele quando foi expugnada Jerusalém...

Libertação de Jeremias

39 1 No ano nono do reinado de Sedecias, rei de Judá, no décimo mês, Nabucodonosor, rei de Babilônia, veio sitiar Jerusalém com todo o seu exército.
2
No undécimo ano do reinado de Sedecias, no nono dia do quarto mês, foi aberta uma brecha na cidade.
3
Penetraram então por essa brecha os oficiais de Babilônia e se apossaram da porta do centro. Eram eles Nabusezbã, chefe dos eunucos, Nergal-Sereser, chefe dos magos, e todos. os demais oficiais do rei de Babilônia.
4
Ao vê-los, Sedecias, rei de Judá, e todos os seus guerreiros, puseram-se em fuga, saindo da cidade durante a noite, pelo caminho do jardim real e pela porta entre os dois muros, e tomaram o rumo da planície (do Jordão).
5
Mas as tropas dos caldeus perseguiram-nos e alcançaram Sedecias nas planícies de Jericó. Aprisionaram-no então e o conduziram à presença de Nabucodonosor, rei de Babilônia, em Rebla, na terra de Emat. Após ter pronunciado contra ele uma sentença,
6
o rei de Babilônia mandou decapitar os filhos de Sedecias ante os olhos do pai, assim como os nobres de Judá.
7
Em seguida, mandou furar os olhos de Sedecias e metê-lo em grilhões de bronze, a fim de conduzi-lo a Babilônia.
8
Então os caldeus atearam fogo ao palácio real, assim como às casas particulares, e demoliram as muralhas de Jerusalém.
9
Nabuzardã, chefe dos guardas, deportou para Babilônia o que restava da população da cidade, os que se lhe haviam rendido e o resto do povo.
10
Deixou, contudo, na terra de Judá, uma parte dos pobres do povo, aqueles que não possuíam bens, e entre eles distribuiu naquele dia vinhas e terras.
11
(Quando da tomada de Jerusalém), Nabucodonosor, rei de Babilônia, deu a Nabuzardã, chefe dos guardas, a seguinte ordem a respeito de Jeremias:
12
Toma-o e nele põe os olhos. Não lhe faças porém mal algum, agindo a respeito dele conforme seus desejos.
13
Então, Nabuzardã, chefe dos guardas, Nabusezbã, chefe dos eunucos, Nergal-Sereser, chefe dos magos, e todos os principais oficiais do rei de Babilônia,
14
mandaram buscar Jeremias no pátio do cárcere, e o entregaram a Godolias, filho de Aicão, filho de Safã, para que fosse reconduzido à sua casa. E assim permaneceu Jeremias no meio do povo.

Oráculo sobre Abdemelec

15 Enquanto Jeremias estava ainda detido no pátio do cárcere, foi-lhe dirigida a palavra do Senhor nestes termos:
16
Vai e dize ao etíope Abdemelec: eis o que diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: vou executar contra essa cidade as predições que fiz para sua desgraça e não para o bem. E elas se realizarão naquele dia à tua vista.
17
Então, porém, te salvarei - oráculo do Senhor - e não serás entregue aos homens que temes.
18
Farei com que escapes, e não cairás a golpe de espada. A vida a salvo será o teu espólio, porque em mim puseste confiança - oráculo do Senhor.

Jeremias em casa de Godolias

40 1 Eis a palavra do Senhor que foi dirigida a Jeremias, depois que Nabuzardã, chefe dos guardas, mandou trazê-lo de Ramá, onde o encontrara carregado de ferros, entre os deportados de Jerusalém e de Judá que eram conduzidos a Babilônia.
2
Mandou o chefe dos guardas que trouxessem Jeremias e lhe disse: havia predito o Senhor, teu Deus, a calamidade que caiu sobre este lugar.
3
Ele a fez vir, fez como havia anunciado; e porque pecastes contra ele e não lhe escutastes a voz, tudo isso aconteceu.
4
Pois bem, agora tiro-te dos grilhões que te prendem as mãos. Se te agradar, vem comigo para Babilônia; velarei por ti. Se, porém, preferes ficar, deixa. Vê: toda essa terra está ao teu dispor; podes ir para onde melhor te parecer.
5
(Ele, porém, ainda não se voltava.) Volta para Godolias, filho de Aicão, filho de Safã, nomeado pelo rei de Babilônia para governador das cidades de Judá, e vai morar com ele no meio do povo, ou aonde melhor te aprouver'. Deu-lhe, então, o chefe dos guardas víveres e presentes, e o deixou ir.
6
Jeremias foi para junto de Godolias, filho de Aicão, em Masfa, e com ele permaneceu entre o povo que havia deixado na terra.

Governos de Godolias

7 Ante a notícia de que o rei de Babilônia nomeara governador da terra Godolias, filho de Aicão, e lhe confiara homens, mulheres, crianças e pobres que não haviam sido deportados, vieram os chefes das tropas, que se tinham dispersado pela terra,
8
procurar o governador, com seus companheiros, em Masfa. Eram eles, Ismael, filho de Natanias, Joanã e Jonatã, filhos de Carée, Saraias, filho de Taneumet, os filhos de Efoi, de Netofa, e Jezonias, filho de Maacati, e suas gentes.
9
Godolias, filho de Aicão, filho de Safã, declarou-lhes sob juramento: Não tenhais receio de servir aos caldeus. Ficai na terra submissos ao rei de Babilônia, e nada vos acontecerá.
10
Ficarei em Masfa para estar às ordens dos caldeus que para aqui vierem. Recolhei, pois, o vinho, as frutas e o óleo, fazendo deles provisão. E instalai-vos nas cidades para onde voltais.
11
Sabendo, a seu turno, que o rei de Babilônia deixara em Judá o resto do povo, sob as ordens de Godolias, filho de Aicão, filho de Safã, todos os judeus, que estavam em Moab e entre os filhos de Amon, ou na Iduméia e nas demais regiões,
12
deixaram esses lugares por onde andavam dispersos e vieram à terra de Judá para junto de Godolias, em Masfa, e lá fizeram abundante colheita de vinho e de frutos.

Assassínio de Godolias

13 Joanã, filho de Carée, e todos os chefes de tropas, disseminados pelas províncias, vieram procurar Godolias em Masfa.
14
Sabes, disseram-lhe então, que Baalis, rei dos filhos de Amon, encarregou Ismael, filho de Natanias, de tirar-te a vida? Não quis, porém, Godolias acreditar nisso.
15
Então Joanã, filho de Carée, tomou à parte Godolias, em Masfa, e lhe disse: E se eu fosse matar Ismael, filho de Natanias, sem que pessoa alguma o soubesse? Por que permitir que te matem? Seria isso a dispersão de todos os judeus que se reuniram em torno de ti e o aniquilamento do que resta de Judá.
16
Godolias, filho de Aicão, disse porém a Joanã, filho de Carée: Não faças isso. É falso o que dizes de Ismael.


41 1 Decorria o sétimo mês. Ismael, filho de Natanias, filho de Elisama, de linhagem real e um dos grandes do rei, apresentou-se, acompanhado de dez homens, diante de Godolias, filho de Aicão, em Masfa, e juntos comeram.
2
Então Ismael, filho de Natanias, e seus dez companheiros, a golpes de espada, atentaram contra a vida de Godolias, filho de Aicão, filho de Safã. E assim mataram aquele que o rei de Babilônia nomeara governador da terra,
3
bem como todos os judeus que estavam com ele. Ismael matou, igualmente, todos os guerreiros caldeus que lá se encontravam.
4
Dois dias depois da morte de Godolias, quando ainda todos a ignoravam,
5
chegou a Siquém, de Silo e de Samaria um grupo de oitenta homens, de barba raspada, vestes rasgadas e o rosto desfigurado. Traziam oferendas e incenso para a casa do Senhor.
6
Ismael, filho de Natanias, saiu de Masfa ao encontro deles, banhado em lágrimas. Quando, afinal, os encontrou, disse-lhes: Vinde a Godolias, filho de Aicão.
7
Apenas, porém, chegaram ao meio da cidade, mandou Ismael decapitá-los, e lançar seus corpos em uma cisterna.
8
Entre as vítimas, contudo, encontravam-se dez homens que disseram a Ismael: Não nos mates. Temos no campo provisões escondidas de trigo, cevada, azeite e mel. Diante disso, suspendeu Ismael o massacre e não os matou como os demais, seus irmãos.
9
A cisterna em que Ismael lançara os cadáveres dos homens que matara era imensa e fora perfurada pelo rei Asa, quando se defendia contra Baasa, rei de Israel. Foi essa cisterna que Ismael encheu de cadáveres.
10
Em seguida, aprisionou quantos ainda restavam em Masfa, as princesas reais e toda a população que lá ficara, entregue por Nabuzardã, chefe dos guardas, aos cuidados de Godolias, filho de Aicão. Conduzindo seus cativos, pôs-se Ismael a caminho das terras dos filhos de Amon.
11
Ante a notícia de todo o mal que cometera Ismael, filho de Natanias, Joanã, filho de Carée e os oficiais de guerra que o acompanhavam
12
reuniram todos os seus homens a fim de atacar Ismael, filho de Natanias. Alcançaram-no perto da piscina de Gabaon.
13
Quando todo o povo que estava com Ismael avistou Joanã, filho de Carée, e todos os oficiais de guerra que vinham com ele, encheu-se de alegria.
14
E a multidão que Ismael trouxera de Masfa abandonou-o e foi unir-se a Joanã, filho de Carée.
15
Entretanto, Ismael, filho de Natanias, conseguiu escapar de Joanã, com mais oito homens, fugindo para a terra dos filhos de Amon.
16
Então, Joanã, filho de Carée, e os oficiais que o acompanhavam, puseram-se à testa da tropa de sobreviventes de que Ismael, filho de Natanias, se apoderara em Masfa, após o assassínio de Godolias, filho de Aicão. Guerreiros, mulheres, crianças e eunucos, fê-los todos regressar de Gabaon.
17
Puseram-se então a caminho, detendo-se em Camaã, nas proximidades de Belém, para de lá se retirarem para o Egito.
18
Queriam assim furtar-se aos caldeus, dos quais receavam represálias, dado que Ismael, filho de Natanias, assassinara Godolias, filho de Aicão, nomeado para governar a terra pelo rei de Babilônia.

Partida forçada do profeta para o Egito

42 1 Foram, então, todos os oficiais, Joanã, filho de Carée, e Jesonias, filho de Osaías, bem como o povo, desde os grandes até os pequenos,
2
dizer ao profeta Jeremias: Ouve a nossa súplica, e intercede por nós, junto ao Senhor, em favor do que resta de nós. De muitos que éramos, bem podes ver a quão poucos fomos reduzidos.
3
Que o Senhor, teu Deus, nos indique o caminho que devemos seguir e o que devemos fazer.
4
Ouço o que me dizeis, respondeu Jeremias, e o que desejais vou solicitar ao Senhor, vosso Deus. O que me disser o Senhor vo-lo transmitirei fielmente.
5
Clamaram então: Que o Senhor seja testemunha fiel e verdadeira contra nós se não fizermos o que o Senhor, teu Deus, te encarregar de nos transmitir!
6
Seja-nos favorável ou adverso, obedeceremos à ordem do Senhor, nosso Deus, junto ao qual te delegamos a fim de que nos seja propícia a submissão às ordens do Senhor, nosso Deus.
7
Decorridos dez dias, a palavra do Senhor foi dirigida a Jeremias.
8
Convocou este então Joanã, filho de Carée, todos os oficiais e o povo, grandes e pequenos.
9
Eis, disse-lhes Jeremias, o que me falou o Senhor Deus de Israel, junto ao qual me delegastes a fim de apresentar-lhe a vossa súplica:
10
se quiserdes permanecer nesta terra, nela vos restaurarei, e não vos destruirei. Plantar-vos-ei e dela não vos arrancarei. Pesa-me o mal que vos fiz.
11
Não tenhais receio do rei de Babilônia que tanto temeis! Não o temais - oráculo do Senhor -, porque estou convosco para salvar-vos e livrar-vos de suas mãos.
12
Conseguir-vos-ei as suas graças, e ele terá piedade de vós, devolvendo-vos a posse de vossa terra.
13
Se, porém, desobedecendo à voz do Senhor, disserdes: não permaneceremos aqui;
14
iremos para o Egito, onde não teremos mais guerras, nem ouviremos mais o som da trombeta e onde o pão não nos faltará mais, e lá nos instalaremos -,
15
então, escutai a palavra do Senhor, sobreviventes de Judá. Eis o que disse o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: obstinando-vos em partir para o Egito, a fim de lá habitar,
16
sereis atingidos no Egito pela espada que temeis, pela fome que vos aterroriza, e lá morrereis.
17
Quantos se obstinarem em ir para o Egito perecerão pela espada, fome e peste, e nenhum escapará ao flagelo que contra eles lançarei.
18
Porquanto, eis o que diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: assim como o furor de minha cólera se lançou sobre os habitantes de Jerusalém, também contra vós se lançará, se fordes para o Egito. Servireis de exemplo de execração, sereis objeto de horror, de maldição e vergonha, e jamais tornareis a ver esses lugares.
19
Eis o que vos diz o Senhor, sobreviventes de Judá: não entreis no Egito, e sabei que hoje vos dou solene aviso.
20
Seria enganar-vos a vós mesmos o delegar-me junto ao Senhor, vosso Deus, dizendo: intercedei por nós junto ao Senhor, nosso Deus. Faremos quanto disserdes que nos foi ordenado pelo Senhor, nosso Deus.
21
Hoje eu vo-lo digo: não escutastes a voz do Senhor, vosso Deus, nem coisa alguma do que me encarregou de transmitir-vos.
22
Sabei, pois, que morrereis pela espada, fome e peste nessa terra onde quereis ir estabelecer-vos.


43 1 Assim que Jeremias acabou de dizer ao povo o que o Senhor lhe tinha encarregado de transmitir,
2
Azarias, filho de Osaías, Joanã, filho de Carée, e todos aqueles orgulhosos exclamaram: São mentiras o que proferes. Não te deu o Senhor, nosso Deus, o encargo de nos dizer que não fôssemos morar no Egito.
3
É Baruc, filho de Néria, que te lança contra nós com o fim de nos entregar aos caldeus para a morte e para a deportação à Babilônia.
4
E assim Joanã, filho de Carée, os chefes e os sobreviventes do povo mostraram-se surdos à voz do Senhor que lhes ordenara permanecerem em Judá.
5
Joanã, filho de Carée, e os chefes conduziram os sobreviventes judeus que haviam regressado dos países em que se tinham dispersado, a fim de habitarem novamente na terra de Judá.
6
Eram homens, mulheres e crianças, as princesas reais, todos os que Nabuzardã, chefe dos guardas havia deixado junto de Godolias, filho de Aicão, filho de Safã, entre eles o profeta Jeremias e Baruc, filho de Néria.
7
Desobedecendo, assim, à voz do Senhor, partiram para o Egito e alcançaram Táfnis.

Oráculo de Jeremias no Egito

8 Em Táfnis foi dirigida a Jeremias a palavra do Senhor nestes termos:
9
toma em tuas mãos pedras bem grandes e, ante os olhos dos judeus, introduze-as na calçada em frente à porta do palácio do faraó, em Táfnis.
10
E, em seguida, lhes dirás: Eis o que diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: vou mandar chamar aqui meu servo Nabucodonosor, rei de Babilônia; colocar-lhe-ei o trono sobre as pedras introduzidas neste lugar, e sobre elas estenderá ele também o seu tapete.
11
Ele virá aqui e ferirá o Egito. O que é para a morte, à morte! O que é para o cativeiro, ao cativeiro! O que é para a espada, à espada!
12
Lançará fogo aos templos dos deuses do Egito, e os queimará, levando cativos (os seus ídolos). Despojará o Egito, qual pastor a limpar seu manto, e regressará triunfante.
13
E destruirá os obeliscos do templo do Sol, no Egito, e entregará às chamas todos os templos dos seus deuses.

Idolatria dos judeus no Egito

44 1 Eis a palavra que foi dirigida a Jeremias a propósito de todos os judeus, residentes no Egito, em Migdol, em Táfnis, em Mênfis e na região de Faturés:
2
Eis o que diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: vistes todas as calamidades que fiz recair sobre Jerusalém e sobre todas as cidades de Judá. Converteram-se, agora, em desertos inabitáveis.
3
(Tudo isso aconteceu) por causa do mal que cometeram, irritando-me por incensarem e renderem culto a deuses estranhos que não conheciam, nem vós nem vossos pais.
4
Desde o início, contudo, jamais cessei de enviar-vos os profetas, meus servos, a fim de dizer-vos que não devíeis cometer tão detestáveis abominações.
5
Não me escutaram, porém, e nem deram ouvidos, recusando abandonar sua maldade e cessar de oferecer incenso a deuses estranhos.
6
Assim, sobre eles recaiu toda a minha cólera, consumindo as cidades de Judá e as ruas de Jerusalém, que ficaram reduzidas ao estado de devastação, como hoje se apresentam.
7
E, agora, eis o que diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: por que trabalhais assim contra vós mesmos, causando desse modo no seio de Judá a exterminação dos homens, das mulheres, das crianças e dos meninos de peito, a tal ponto que de vosso povo ninguém sobreviverá,
8
dado que me irritastes pela vossa vida, ofertando incenso a deuses estranhos, aqui no Egito, aonde viestes estabelecer-vos? Por que perecer e tornar-vos entre todas as nações da terra um tema de maldição e objeto de vergonha?
9
Esquecestes os crimes de vossos pais, os dos reis de Judá e das mulheres de vossa terra, vossos próprios crimes e os de vossas mulheres, cometidos na terra de Judá e nas ruas de Jerusalém?
10
Nenhum arrependimento até hoje sentiram, nem temor tiveram. Não observaram minha lei, nem os mandamentos que vos havia imposto assim como a vossos pais.
11
Eis por que, assim disse o Senhor dos exércitos, Deus de Israel, vou desviar de vós a minha face para vossa desgraça e extermínio de Judá.
12
E tomarei o resto de Judá que quis vir habitar no Egito. Perecerão todos, vítimas da espada e da fome. Perecerão pequenos e grandes, pela espada e pela fome; serão citados como execráveis, e constituirão objeto de espanto, de maldição e de opróbrio.
13
Castigarei os que residem no Egito, como o fiz em Jerusalém, pela espada, pela fome e pela peste.
14
Dos que vieram de Judá estabelecer-se no Egito, nenhum escapará nem sobreviverá para regressar à Judéia, local a que aspiram voltar para lá de novo habitar. Ninguém voltará, a não ser alguns fugitivos.
15
Então, todos os homens, cientes de que suas mulheres ofereciam incenso aos deuses estranhos, todas as mulheres em grande número lá reunidas e todo o povo residente em Faturés, no Egito, responderam a Jeremias:
16
O que nos dizes em nome do Senhor não o aceitamos.
17
Cumpriremos, porém, todas as promessas que fizemos de queimar incenso à rainha do céu e de lhe oferecer libações, como o fazíamos, nós e nossos pais, nossos reis e chefes, nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém. Então, tínhamos pão em fartura, vivíamos na abundância e não sabíamos o que fosse a desgraça.
18
Ora, depois que cessamos de queimar incenso à rainha do céu e de lhe oferecer libações, tudo nos falta, e perecemos pela espada e pela fome.
19
Além disso, quando queimamos incenso à rainha do céu e lhe oferecemos libações, é, porventura, sem o consentimento de nossos maridos que ofertamos torta à sua efígie e lhe rendemos libações?
20
Dirigiu-se então Jeremias à multidão, aos homens e mulheres e a quantos lhe haviam assim respondido:
21
Do incenso que queimastes, disse-lhes, nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém, vós, vossos pais, vossos reis e chefes, assim como o povo, não se terá recordado o Senhor e nisso não terá pensado?
22
Não tendo o Senhor podido suportar mais tempo a maldade de vossos atos e abominações, foi nossa terra reduzida ao estado de solidão, devastada e amaldiçoada, onde ninguém mais habita, como hoje se apresenta.
23
E, se a calamidade presente vos adveio, é porque oferecestes o incenso desse modo, pecando contra o Senhor, e porque lhe recusastes ouvir a voz e observar suas leis e preceitos.
24
Jeremias acrescentou, a respeito do povo e das mulheres: Escutai a palavra do Senhor, povo de Judá que reside no Egito.
25
Eis o que diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: vós e vossas mulheres fazeis com as mãos o que diz a vossa boca. Dizeis: cumpriremos as promessas de oferecer incenso e libações em honra da rainha do céu. - Pois bem! Cumpri vossos votos, mantende vossas promessas.
26
Escutai, porém, a palavra do Senhor, judeus que habitais no Egito. Eis, diz o Senhor, pelo meu grande nome eu juro! Esse nome não será mais pronunciado em todo o Egito por nenhum homem de Judá, dizendo: Pela vida do Senhor Javé!
27
Vou ocupar-me com eles para a desgraça e não para o bem. Todos os judeus que residem no Egito perecerão pela espada e pela fome, até o total aniquilamento.
28
O pequeno número deles que escapar à espada voltará do Egito para Judá. Os sobreviventes de Judá que vierem estabelecer-se no Egito saberão que predição se há de consumar, se a minha, ou a deles.
29
Eis o sinal - oráculo do Senhor - pelo qual reconhecereis que, aqui mesmo, me laçarei contra vós, a fim de que saibais que minha predição se há de cumprir com certeza para a vossa desgraça.
30
Eis o que diz o Senhor: vou entregar o faraó Hofra, rei do Egito, aos seus inimigos e àqueles que lhe querem roubar a vida, assim como entreguei Sedecias, rei de Judá, ao poder de Nabucodonosor, rei de Babilônia, seu inimigo, e que lhe procurava tirar a vida.


Jeremias (SAV) 35