Marco (CNB) 1




João Batista e jesus

1 1 Início do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
2
Está escrito no profeta Isaías:
Eis que envio à tua frente o meu mensageiro, e ele preparará teu caminho. 3
Voz de quem clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as veredas para ele”.
4
Assim veio João, batizando no deserto e pregando um batismo de conversão, para o perdão dos pecados. 5 A Judéia inteira e todos os habitantes de Jerusalém saíam ao seu encontro, e eram batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados. 6 João se vestia de pêlos de camelo, usava um cinto de couro à cintura e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. 7 Ele proclamava: “Depois de mim vem aquele que é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de, abaixando-me, desatar a correia de suas sandálias. 8 Eu vos batizei com água. Ele vos batizará com o Espírito Santo”.

 Batismo de Jesus

9 Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Ga­liléia e foi batizado por João, no rio Jordão. 10 Logo que saiu da água, viu o céu rasgar-se e o Espírito, como pomba, descer sobre ele. 11 E do céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho amado; em ti está o meu agrado”.

Jesus no deserto 

12 Logo depois, o Espírito o fez sair para o deserto. 13 Lá, durante quarenta dias, foi posto­ à prova por Satanás. E ele convivia com as feras, e os anjos o serviam.


Jesus anunciando o reino

A Boa-Nova anunciada por Jesus

14 Depois que João foi preso, Jesus veio para a Galiléia, proclamando a Boa Nova de Deus: 15 “Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa-Nova”.

Vocação dos primeiros discípulos

16 Caminhando à beira do mar da Galiléia, Jesus viu Simão e o irmão deste, André, lançando as redes ao mar, pois eram pescadores. 17 Então disse-lhes: “Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens”. 18 E eles, imediatamente, deixaram as redes e o seguiram. 19 Prosseguindo um pouco adiante, viu também Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão, João, consertando as redes no barco. 20 Imediatamente, Jesus os chamou. E eles, deixando o pai Zebedeu no barco com os empregados, puseram-se a seguir Jesus.

Na sinagoga de Cafarnaum

21 Entraram em Cafarnaum. No sábado, Jesus foi à sinagoga e pôs-se a ensinar. 22 Todos ficaram admirados com seu ensinamento, pois ele os ensinava como quem tem autoridade, não como os escribas. 23 Entre eles na sinagoga estava um homem com um espírito impuro; ele gritava: 24 “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: o Santo de Deus!” 25 Jesus o repreendeu: “Cala-te, sai dele!” 26 O espírito impuro sacudiu o homem com violência, deu um forte grito e saiu. 27 Todos ficaram admira­dos e perguntavam uns aos outros: “Que é isto? Um ensinamento novo, e com autoridade: ele dá ordens até aos espíritos impuros, e eles lhe obedecem!” 28 E sua fama se espalhou ra­pidamente por toda a região da Galiléia.

Cura da sogra de Pedro e outras curas

29 Logo que saíram da sinagoga, foram com Tiago e João para a casa de Simão e André. 30 A sogra de Simão estava de cama, com febre, e logo falaram dela a Jesus. 31 Ele aproximou-se e, tomando-a pela mão, levantou-a; a febre a deixou, e ela se pôs a servi-los.
32
Ao anoitecer, depois do pôr do sol, levavam a Jesus todos os doentes e os que tinham­ demônios. 33 A cidade inteira se ajuntou à porta da casa. 34 Ele curou muitos que sofriam­ de diversas enfermidades; expulsou também muitos demônios, e não lhes permitia falar, porque sabiam quem ele era.

Jesus deixa Cafarnaum

35 De madrugada, quando ainda estava bem escuro, Jesus se levantou e saiu rumo a um lugar deserto. Lá, ele orava. 36 Simão e os que estavam com ele se puseram a procurá-lo. 37 E quando o encontraram, disseram-lhe: “To­dos te procuram”. 38 Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, nas aldeias da re­dondeza, a fim de que, lá também, eu procla­me a Boa Nova. Pois foi para isso que eu saí”. 39 E foi proclamando nas sinagogas por toda a Galiléia, e expulsava os demônios.

 O leproso 

40 Um leproso aproximou-se de Jesus e, de joe­lhos, suplicava-lhe: “Se queres, tens o po­der de purificar-me!” 41 Jesus encheu-se de compaixão, e estendendo a mão sobre ele, o to­cou, dizendo: “Eu quero, fica purificado”. 42 Imediatamente a lepra desapareceu, e ele fi­cou purificado. 43 Jesus, com severidade, despediu-o e recomendou-lhe: 44 “Não contes­ nada a ninguém! Mas vai mostrar-te ao sacer­dote e apresenta, por tua purificação, a ofe­renda prescrita por Moisés. Isso lhes servirá de testemunho”. 45 Ele, porém, assim que par­tiu, começou a proclamar e a divulgar muito este acontecimento, de modo que Jesus já não podia entrar, publicamente, na cidade. Ele ficava fora, em lugares desertos, mas de toda parte vinham a ele.

 O paralítico 

2 1 Alguns dias depois, Jesus passou novamente por Cafarnaum, e espalhou-se a notícia de que ele estava em casa. 2 Ajuntou-se tanta gente que já não havia mais lugar, nem mesmo à porta. E Jesus dirigia-lhes a palavra. 3 Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens. 4 Como não conseguiam apresentá-lo a ele, por causa da multidão, abri­ram o teto, bem em cima do lugar onde ele estava e, pelo buraco, desceram a maca em que o paralítico estava deitado. 5 Vendo a fé?que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados são perdoados”.
6
Estavam ali sentados alguns escribas, que no seu coração pensavam: 7 “Como pode ele falar deste modo? Está blasfemando. Só Deus pode perdoar pecados”! 8 Pelo seu espí­rito, Jesus logo percebeu que eles assim pensavam e disse-lhes: “Por que pensais essas coisas no vosso coração? 9 Que é mais fácil, dizer ao paralítico: ‘Os teus pecados são per­doados’, ou: ‘Levanta-te, pega a tua maca e anda’? 10 Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados – disse ao paralítico – 11 eu te digo: levanta-te, pega a tua maca e vai para casa!” 12 O paralítico se levantou e, à vista de todos, saiu carregando a maca. Todos ficaram admi­rados e louvavam a Deus dizendo: “Nunca vimos coisa igual”!

 Vocação de Levi. À mesa com os pecadores 

13 Outra vez, Jesus saiu para a beira do lago. Toda a multidão ia até ele, e ele os ensinava. 14 Ao passar, viu Levi, o filho de Alfeu, senta­do na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Se­gue-me”! Ele se levantou e seguiu-o.
15
Enquanto estava à mesa na casa de Levi, muitos publicanos e pecadores puseram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. Pois eram muitos os que o seguiam. 16 Os escribas,­ que eram fariseus, vendo que ele comia com os pecadores e os publicanos, disseram aos discípulos de Jesus: “Por que ele come com os publicanos e os pecadores?” 17 Tendo ouvi­do, Jesus respondeu-lhes: “Não são as pessoas com saúde que precisam de médico,­ mas as doentes. Não é a justos que vim chamar, mas a pecadores”.

 A questão do jejum 

18 Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Vieram então perguntar a Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?” 19 Jesus respondeu: “Acaso os convidados do casamento podem jejuar enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. 20 Dias virão em que o noivo lhes será tirado. Então, naquele dia jejuarão.
21
Ninguém costura remendo de pano novo em roupa velha; senão, o remendo novo repu­xa o pano velho, e o rasgão fica maior ainda.­ 22 Ninguém põe vinho novo em odres velhos, senão, o vinho arrebenta os odres, e perdem-se o vinho e os odres. Mas, vinho novo em odres novos!”

 Arrancando espigas no sábado 

23 Certo sábado, Jesus estava passando pelas­ plantações de trigo, e os discípulos começaram a abrir caminho, arrancando espigas. 24 Os fariseus disseram então a Jesus: “Olha! Por que eles fazem no dia de sábado o que não é permitido?” 25 Ele respondeu: “Nunca lestes o que fez Davi quando passou necessi­dade e teve fome, e seus companheiros também? 26 Ele entrou na casa de Deus, no tempo­ em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães da oferenda, que só os sacerdotes podem comer, e ainda os deu aos seus companheiros!” 27 E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28 Deste modo, o Filho do Homem é Senhor também do sábado”.

 Uma cura em dia de sábado 

3 1 Outra vez, Jesus entrou na sinagoga, e lá estava um homem com a mão seca. 2 Eles observavam se o curaria num dia de sábado, a fim de acusá-lo. 3 Jesus disse ao homem da mão seca: “Levanta-te! Vem para o meio!” 4 E perguntou-lhes: “Em dia de sábado, o que é permitido: fazer o bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou matar?” Eles ficaram calados. 5 Passando sobre eles um olhar irado, e entristecido pela dureza de seus corações, disse ao homem: “Estende a mão!” Ele estendeu a mão, que ficou curada. 6 Saindo daí, imediatamente os fariseus, com os herodianos, tomaram a decisão de eliminar Jesus.

 Jesus e as multidões 

7 Jesus, então, com seus discípulos, retirou-se em direção ao lago, e uma grande multidão da Galiléia o seguia. 8 Também veio a ele muita gente da Judéia e de Jerusalém, da Idu­méia e de além do Jordão, e até da região de Tiro e Sidônia, porque ouviram dizer quan­ta coisa ele fazia. 9 Ele disse aos discípu­los que providenciassem um barquinho para ele, a fim de que a multidão não o apertasse. 10 Pois, co­mo tivesse curado a muitos, aqueles­ que tinham doenças se atiravam sobre ele?pa­ra tocá-lo. 11 E os espíritos impuros, ao vê-lo, caíam a seus pés, gritando: “Tu és o Filho­ de Deus”. 12 Mas ele os repreendeu, proibindo que manifestassem quem ele era.

 Os Doze 

13 Jesus subiu a montanha e chamou os que ele quis; e foram a ele. 14 Ele constituiu então doze, para que ficassem com ele e para que os enviasse a anunciar a Boa Nova, 15 com o poder de expulsar os demônios. 16 Eram: Simão (a quem deu o nome de Pedro); 17 Tiago, o filho de Zebedeu, e João, seu irmão (aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer “filhos do trovão”) ; 18 e ainda André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago filho­ de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu, 19 e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.

 Jesus e Beelzebu

20 Jesus voltou para casa, e outra vez se ajuntou tanta gente que eles nem mesmo po­diam se alimentar. 21 Quando seus familiares souberam disso, vieram para detê-lo, pois diziam: “Está ficando louco”. 22 Os escribas vindos de Jerusalém diziam que ele estava pos­suído por Beelzebu e expulsava os demô­nios pelo poder do chefe dos demônios.
23
Jesus os chamou e falou-lhes em parábo­las: “Como pode Satanás expulsar Satanás? 24 Se um reino se divide internamente, ele não consegue manter-se. 25 Se uma família se divi­de internamente, ela não consegue manter­-se. 26 Assim também, se Satanás se levanta con­tra si mesmo e se divide, ele não consegue­ manter-se, mas se acaba. 27 Além disso, ninguém pode entrar na casa de um homem forte­ para saquear seus bens, sem antes amarrá-lo; só depois poderá saquear a sua casa. 28 Em ver­dade, vos digo: tudo será perdoado às pessoas,­ tanto os pecados como as blasfê­mias que tive­rem proferido. 29 Aquele, porém, que blasfemar­ contra o Espírito Santo nunca será perdoado; será réu de um ‘pecado eterno’”. 30 Isso, porque diziam: “Ele tem um espírito impuro”.

 A verdadeira família de Jesus 

31 Nisso chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. Ficaram do lado de fora e mandaram cha­má-lo. 32 Ao seu redor estava sentada mui­ta gente. Disseram-lhe: “Tua mãe e teus irmãos e irmãs estão lá fora e te procuram”. 33 Ele respondeu: “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?” 34 E passando o olhar so­bre os que estavam sentados ao seu redor, dis­se: “Eis minha mãe e meus irmãos! 35 Quem faz a vontade de Deus, esse é meu ir­mão, minha irmã e minha mãe”.

 Parábola do semeador 

4 1 Outra vez, à beira-mar, Jesus começou a ensinar, e uma grande multidão se ajuntou ao seu redor. Por isso, entrou num barco e sentou-se, enquanto toda a multidão ficava em terra, à beira-mar. 2 Ele se pôs a ensinar-lhes muitas coisas em parábolas. No seu ensinamento, dizia-lhes: 3 “Escutai! O semeador saiu a semear. 4 Ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e os passarinhos vieram e comeram. 5 Outra parte caiu em terreno cheio de pedras, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não era profunda, 6 mas quando o sol saiu, a semente se queimou e secou, porque não tinha raízes. 7 Outra parte caiu no meio dos espinhos; estes cresceram e a sufocaram, e por isso não deu fruto. 8 E outras sementes caíram em terra boa; brotaram, cresceram e deram frutos: trinta, sessenta e até cem por um.” 9 E acrescentou: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!”

 O efeito das parábolas 

10 Quando ficaram a sós, os que estavam com ele junto com os Doze faziam perguntas sobre­ as parábolas. 11 Ele dizia-lhes: “A vós é confia­do o mistério do Reino de Deus. Mas para aqueles que estão fora tudo é apresentado em parábolas, 12 de modo que, por mais que olhem, não en­xergam, por mais que escutem, não entendem, e não se convertem, nem são perdoados”.­

 Explicação da parábola do semeador 

13 Jesus então perguntou-lhes: “Não com­preendeis esta parábola? Como então, com­preendereis todas as outras parábolas? 14 O se­meador semeia a palavra. 15 Os da beira do ca­minho onde é semeada a palavra são os que a ouvem, mas logo vem Satanás e arranca a pa­lavra semeada neles. 16 Os do terreno cheio de pedras são aqueles que, ao ouvirem a palavra,­ imediatamente a recebem com alegria, 17 mas não têm raízes em si mesmos, são de momento; chegando tribulação ou perseguição por causa da palavra, desistem logo. 18 Outros ainda são os que foram semeados entre os espinhos: são os que ouvem a palavra, 19 mas quando surgem as preocupações do mundo, a ilusão da riqueza e os outros desejos, a palavra é sufocada e fica sem fruto. 20 E os que foram semeados em terra boa são os que ouvem a palavra e a acolhem, e produzem frutos: trinta,­ sessenta e cem por um”.

 A lâmpada e a medida

21 Jesus dizia-lhes: “Será que a lâmpada vem para ficar debaixo de uma caixa ou debaixo da cama? Pelo contrário, não é ela posta no candelabro? 22 De fato, nada há de escondido que não venha a ser descoberto; e nada acontece em segredo que não venha a se tornar público. 23 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!”
24
Jesus dizia-lhes: “Considerai bem o que ouvis! A medida que usardes para os outros, servirá também para vós, e vos será acrescentado ainda mais. 25 A quem tem, será dado; e a quem não tem, será tirado até o que tem.

 A semente 

26 Jesus dizia-lhes: “O Reino de Deus é como quando alguém lança a semente na terra. 27 Quer ele esteja dormindo ou acordado, de dia ou de noite, a semente germina e cresce, sem que ele saiba como. 28 A terra produz o fruto por si mesma: primeiro aparecem as folhas, depois a espiga e, finalmente, os grãos que enchem a espiga. 29 Ora, logo que o fruto está maduro, mete-se a foice, pois o tempo da colheita chegou”.

 O grão de mostarda 

30 Jesus dizia-lhes: “Com que ainda podemos comparar o Reino de Deus? Com que parábola podemos apresentá-lo? 31 É como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra,­ é a menor de todas as sementes. 32 Mas, depois­ de semeada, cresce e se torna maior que todas as outras hortaliças, com ramos grandes a tal ponto que os pássaros do céu podem fazer seus ninhos em sua sombra”.

 O uso das parábolas 

33 Jesus lhes anunciava a palavra usando mui­tas parábolas como estas, de acordo com o que podiam compreender. 34 Nada lhes falava sem usar parábolas. Mas, quando estava a sós com os discípulos, lhes explicava tudo.

 A tempestade acalmada

35 Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos discípulos: “Passemos para a outra margem!” 36 Eles despediram a multidão e levaram Jesus, do jeito como estava, consigo no barco; e outros barcos o acompanhavam. 37 Veio, então, uma ventania tão forte que as ondas se jogavam dentro do barco; e este se en­chia de água. 38 Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram-lhe: “Mestre, não te importa que estejamos perecendo?” 39 Ele se levantou e repreendeu o vento e o mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento parou, e fez-se uma grande calmaria. 40 Jesus disse-lhes então:­ “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes­ fé?” 41 Eles sentiram grande temor e comentavam uns com os outros: “Quem é este, a quem obedecem até o vento e o mar?”

 O possesso de Gerasa 

5 1 Jesus e os discípulos chegaram à outra margem do lago, na região dos gerasenos. 2 Logo que Jesus desceu do barco, um homem­ que tinha um espírito impuro saiu do meio dos túmulos e foi a seu encontro. 3 Ele morava­ nos túmulos, e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4 Muitas vezes­ tinha sido preso com grilhões e com correntes, mas ele arrebentava as correntes e quebrava os grilhões, e ninguém conseguia do­miná-lo. 5 Dia e noite andava entre os túmulos e pelos morros, gritando e ferindo-se com pedras. 6 Ao ver Jesus, de longe, o homem cor­reu, caiu de joelhos diante dele 7 e gritou bem alto: “Que queres de mim, Jesus, Filho de Deus Altíssimo? Por Deus, não me atormentes!” 8 Jesus, porém, disse-lhe: “Espírito impuro, sai deste homem!” 9 E perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?” Ele respondeu: “Legião é meu nome, pois somos muitos”. 10 E suplicava-lhe para que não o expulsasse daquela região.
11
Entretanto estava pastando, no morro, uma grande manada de porcos. 12 Os espíritos impuros suplicaram então: “Manda-nos entrar nos porcos”. 13 Jesus permitiu. Eles saíram do homem e entraram nos porcos. E os porcos, uns dois mil, se precipitaram pelo despenhadeiro no lago e foram se afogando. 14 Os que cuidavam deles fugiram e espalharam a notícia­ na cidade e no campo. As pessoas saíram para ver o que tinha acontecido. 15 Chegaram onde estava Jesus e viram o possesso sentado, vesti­do e no seu perfeito juízo – aquele que tivera o Legião. E ficaram com medo. 16 Os que tinham presenciado o fato explicavam-lhes o que havia acontecido com o possesso e com os porcos. 17 Então, suplicaram Jesus para que fosse embora do território deles. 18 Enquanto Jesus entrava no barco, o homem que tinha sido possesso pediu para que o deixasse ir com ele. 19 Jesus, porém, não permitiu, mas dis­se-lhe: “Vai para casa, para junto dos teus, e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”. 20 O homem foi embora e começou a anunciar, na Decápole, tudo quanto Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam admirados.

 A filha de Jairo e a mulher com hemorragias 

21 Jesus passou novamente para a outra margem, e uma grande multidão se ajuntou ao seu redor. Ele estava à beira-mar. 22 Veio então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Vendo Jesus, caiu-lhe aos pés 23 e suplicava-lhe insistentemente: “Minha filhinha está nas últimas. Vem, impõe as mãos sobre ela para que fique curada e viva!” 24 Jesus foi com ele. Uma grande multidão o acompanhava e o apertava de todos os lados.
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Estava aí uma mulher que havia doze anos sofria de hemorragias 26 e tinha padecido muito nas mãos de muitos médicos; tinha gas­tado tudo o que possuía e, em vez de me­lhorar,?pio­rava cada vez mais. 27 Tendo ouvido­ falar de Jesus, aproximou-se, na multidão, por detrás e tocou-lhe no manto. 28 Ela dizia: “Se eu conseguir tocar na roupa dele, ficarei curada”. 29 Imediatamente a hemorragia estancou, e a mulher sentiu dentro de si que es­tava curada da doença. 30 Jesus logo percebeu que uma for­ça tinha saído dele e, voltan­do-se para a multi­dão, perguntou: “Quem tocou na minha roupa”? 31 Os discípulos disseram: “Tu vês a mul­tidão que te aperta, e ain­da perguntas: ‘Quem me tocou?’” 32 Ele olha­va ao redor para ver quem o havia tocado. 33 A mulher, tremendo de medo ao saber o que lhe havia acontecido, veio, caiu-lhe aos pés e contou toda a verdade.­ 34 Jesus então dis­se à mulher: “Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e fica livre da tua doença”.
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Enquanto ainda estava falando, chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga dizendo:­ “Tua filha morreu. Por que ainda incomodas­ o mestre?” 36 Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: “Não tenhas medo, somente crê”. 37 Ele não permitiu que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e?seu irmão João. 38 Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a agitação, pois choravam e lamuriavam muito. 39 Entrando na casa, ele perguntou: “Por que essa agitação, por que chorais? A menina não morreu, ela dorme”. 40 E começaram a zombar dele. Afas­tando a multidão, levou consigo o pai e a mãe da menina e os discípulos que o acompanhavam. Entrou no lugar onde estava a menina. 41 Pegou a menina pela mão e disse-lhe: “Talitá cum!” (que quer dizer: “Menina,­ eu te digo, levanta-te”). 42 A menina logo se le­vantou e começou a andar – já tinha doze anos de idade. Ficaram extasiados de tanta admiração. 43 Jesus recomendou com insistên­cia que ninguém soubesse do caso e falou para que dessem de comer à menina.

 Jesus rejeitado em Nazaré 

6 1 Saindo dali, Jesus foi para sua própria terra. Seus discípulos o acompanhavam. 2 No sábado, ele começou a ensinar na sinago­ga, e muitos dos que o ouviam se admiravam.­ “De onde lhe vem isso?”, diziam. “Que sabe­doria é esta que lhe foi dada? E esses milagres realizados por suas mãos? 3 Não é ele o car­pinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago,­ Joset, Judas e Simão? E suas irmãs não estão­ aqui conosco?” E mostravam-se chocados com ele. 4 Jesus, então, dizia-lhes: “Um profeta só não é valorizado na sua própria terra, entre os parentes e na própria ca­sa”. 5 E não conseguiu fazer ali nenhum mila­gre, a não ser impor as mãos a uns poucos doentes. 6 Ele se admirava da incredulidade deles. E percorria os povoados da região, ensinando.

 Missão dos Doze 

7 Ele chamou os Doze, começou a enviá-los dois a dois e deu-lhes poder sobre os espíritos­ impuros. 8 Mandou que não levassem nada pelo caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro à cintura, 9 mas que calçassem sandálias e não usassem duas túnicas. 10 Dizia-lhes ainda: “Quando entrardes nu­ma casa, permanecei ali até a vossa partida. 11 Se em algum lugar não vos receberem, nem vos escutarem, saí de lá e sacudi a poeira dos vossos pés, para que sirva de testemunho contra eles”. 12 Eles então saíram para proclamar que o povo se convertesse. 13 Expulsavam muitos demônios, ungiam com óleo numerosos doentes e os curavam.

 Herodes sobre Jesus. Morte de João Batista 

14 O rei Herodes ouviu falar de Jesus, pois o nome dele tinha-se tornado muito conhe­ci­do. Alguns até diziam: “João Batista ressuscitou dos mortos, e é por isso que atuam nele essas­ forças milagrosas!” 15 Outros di­ziam: “É Elias!” Ainda outros: “É um profeta como um dos antigos profetas”. 16 Depois de ouvir isso, Herodes dizia: “Esse João, que eu mandei decapitar, ressuscitou”.
17
De fato, Herodes tinha mandado prender João e acorrentá-lo na prisão, por causa de He­rodíades, mulher de seu irmão Filipe, com a qual ele se tinha casado. 18 Pois João vivia di­zendo a Herodes: “Não te é permitido ter a mulher do teu irmão”. 19 Por isso, Herodíades lhe tinha ódio e queria matá-lo, mas não conseguia, 20 pois Herodes temia João, sabendo que era um homem justo e santo, e até lhe dava proteção. Ele gostava muito de ouvi-lo, mas ficava desconcertado. 21 Finalmente, chegou o dia oportuno. Por ocasião de seu aniver­sário, Herodes ofereceu uma festa para os proe­minentes da corte, os chefes militares e os grandes da Galiléia. 22 A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e a seus convidados. O rei, então, disse à moça: “Pede-me o que quiseres, e eu te darei”. 23 E fez até um juramento: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade­ do meu reino”. 24 Ela saiu e perguntou à mãe: “Que devo pedir?” A mãe respondeu: “A cabe­ça de João Batista”. 25 Voltando depressa para junto do rei, a moça pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”. 26 O rei ficou muito triste, mas, por causa do juramento e dos convidados, não quis faltar­ com a palavra. 27 Imediatamente, mandou um carrasco cortar e trazer a cabeça de João. O car­rasco foi e, lá na prisão, cortou-lhe a cabeça, 28 trouxe-a num prato e deu à moça. E ela a entregou à sua mãe. 29 Quando os discípulos de João ficaram sabendo, vieram e pegaram o corpo dele e o puseram numa sepultura.

 Volta dos Doze. Primeiro milagre do pão 

30 Os apóstolos se reuniram junto de Jesus e lhe contaram tudo o que tinham feito e ensinado. 31 Ele disse-lhes: “Vinde, a sós, para um lugar deserto, e descansai um pouco”! Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo, que não tinham nem tempo para comer. 32 Foram, então, de barco, para um lugar deserto, a sós.
33
Muitos os viram partir e perceberam a intenção; saíram então de todas as cidades e, a pé, correram à frente e chegaram lá antes­ deles. 34 Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por eles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou, então, a ensinar-lhes mui­tas coisas. 35 Já estava ficando tarde, quando os discípulos se aproximaram de Jesus e dis­seram: “Este lugar é deserto e já é tarde. 36 Des­pede-os, para que possam ir aos sítios e povoados vizinhos e comprar algo para co­mer”. 37 Mas ele respondeu: “Vós mes­mos, dai-lhes de comer”! Os discípulos pergunta­ram: “Queres que gastemos duzentos dená­rios para comprar pão e dar de comer a toda essa gente?” 38 Jesus perguntou: “Quantos pães tendes? Ide ver”. Eles foram ver e disse­ram: “Cinco pães e dois peixes”. 39 Então, Je­sus mandou que todos se sentassem, na relva­ verde, em grupos para a refeição. 40 Todos se sentaram, em grupos de cem e de cinqüenta. 41 Em seguida, Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e ia dando-os aos discípulos, para que os distribuíssem. Dividiu, também, entre todos, os dois peixes.­ 42 Todos comeram e ficaram saciados, 43 e ainda encheram doze cestos de pedaços dos pães e dos peixes. 44 Os que comeram dos?pães foram cinco mil homens.

 Jesus anda sobre as águas 

45 Logo em seguida, Jesus mandou que os dis­cípulos entrassem no barco e fossem na frente para Betsaida, na outra margem, enquanto ele mesmo despediria a multidão. 46 Depois de os despedir, subiu a montanha para orar. 47 Já era noite, o barco estava no meio do mar e Jesus, sozinho, em terra. 48 Vendo-os com dificuldade no remar, porque o vento era contrário, nas últimas horas da noite, foi até eles, andando sobre as águas; e queria passar adiante. 49 Quando os discípulos o viram andar sobre o mar, acharam que fosse um fantasma e começaram a gritar. 50 Todos o tinham visto e ficaram apavorados. Mas ele logo falou: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” 51 Ele subiu no barco, juntando-se a eles, e o vento cessou. Mas os discípulos ficaram ainda mais espantados. 52 De fato, não tinham compreendido nada a respeito dos pães. O coração deles continuava endurecido.

 Curas em Genesaré 

53 Tendo atravessado o lago, foram para Ge­nesaré e atracaram. 54 Logo que desceram do barco, as pessoas reconheceram Jesus. 55 Percorriam toda a região e começaram a levar os doentes, deitados em suas macas, para o lugar­ onde ouviam falar que Jesus estava. 56 E, em toda parte onde chegava, povoados, cidades ou sítios do campo, traziam os doentes para as praças e suplicavam-lhe para que pudessem ao menos tocar a franja de seu manto. E todos os que tocavam ficavam curados.

 Jesus e as leis da pureza: tradições humanas 

7 1 Os fariseus e alguns escribas vindos de Jerusalém ajuntaram-se em torno de Jesus. 2 Eles perceberam que alguns dos seus discípulos comiam com as mãos impuras – isto é, sem lavá-las. 3 Ora, os fariseus e os judeus em geral, apegados à tradição dos an­tigos, não comem sem terem lavado as mãos até o cotovelo. 4 Bem assim, chegando da praça, eles não comem nada sem a lavação ritual.­ E seguem ainda outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar co­pos, jarras, vasilhas de bronze, camas. 5 Os fari­seus e os escribas perguntaram a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas tomam a refeição com as mãos impuras?” 6 Ele disse: “O profeta Isaías bem profetizou a vosso respeito, hipócritas, como está escrito:
Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. 7
É inútil o culto que me prestam, as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos’.
8
Vós abandonais o mandamento de Deus
e vos apegais à tradição humana”.
9
E dizia-lhes: “Sabeis muito bem como anu­lar o mandamento de Deus apegando-vos à vos­sa tradição. 10 De fato, Moisés ordenou: ‘Hon­ra teu pai e tua mãe’. E ainda: ‘Quem?in­sulta pai ou mãe, deve morrer’. 11 Mas vós en­sinais que alguém pode dizer a seu pai e à sua mãe: ‘O sustento que poderíeis receber de mim é ‘corban’, isto é, oferenda’. 12 E já não dei­xais tal pessoa ajudar seu pai ou sua mãe. 13 Assim anulais a palavra de Deus por causa da vossa tradição, que passais uns para os ou­tros. E fazeis ainda muitas outras coisas como essas!”

 O que é impuro vem de dentro 

14 Chamando outra vez a multidão, dizia: “Es­cutai-me, vós todos, e compreendei! 15 Na­da que, de fora, entra na pessoa pode torná-la impura. O que sai da pessoa é que a torna impura. [16 ] 17 Quando Jesus entrou em casa, longe da multidão, os discípulos lhe faziam perguntas sobre essa parábola. 18 Ele lhes disse: “Também vós não entendeis? Não compreendeis que nada que de fora entra na pessoa a torna impura, 19 porque não entra em seu coração, mas em seu estômago, e vai para a fossa?” Assim, ele declarava puro todo alimento. 20 E acrescentou: “O que sai da pessoa é que a torna impura. 21 Pois é de den­tro, do coração humano, que saem as más in­tenções: imoralidade sexual, roubos, homi­cídios, 22 adultérios, ambições desmedidas, perversidades; fraude, devassidão, inveja, ca­lúnia, orgulho e insensatez. 23 Todas essas coi­sas saem de dentro, e são elas que tornam al­guém impuro”.

 A mulher siro-fenícia

24 Jesus se pôs a caminho e, dali, foi para a região de Tiro. Entrou numa casa e não queria­ que ninguém soubesse onde ele estava. Mas não conseguia ficar escondido. 25 Logo, uma mulher que tinha uma filha com um espírito impuro, ouviu falar dele. Ela foi e jogou-se a seus pés. 26 A mulher não era judia, mas de origem siro-fenícia, e pedia que ele expul­sas­se­ o demônio de sua filha. 27 Jesus lhe dis­se: “Deixa que os filhos se saciem primeiro; pois não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”. 28 Ela respondeu: “Senhor, também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que os filhos deixam cair”. 29 Jesus, então, lhe disse: “Por causa­ do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de tua filha”. 30 Ela voltou para casa e encontrou sua filha deitada na cama. O demônio havia saído dela.

 Cura do surdo-mudo 

31 Jesus deixou de novo a região de Tiro, pas­sou por Sidônia e continuou até o mar da Galiléia, atravessando a região da Decápole. 32 Trouxeram-lhe, então, um homem que era surdo e mal podia falar, e pediram que impusesse as mãos sobre ele. 33 Levando-o à par­te, longe da multidão, Jesus pôs os dedos nos seus ouvidos, cuspiu, e com a saliva to­cou-lhe a língua. 34 Olhando para o céu, suspi­rou e disse: “Efatá!” (que quer dizer: “Abre-te”). 35 Imediatamente, os ouvidos do homem se abriram, sua língua soltou-se e ele começou a falar corretamente. 36 Jesus recomendou, com insistência, que não contassem o ocorrido para ninguém. Contudo, quan­to mais ele insistia, mais eles o anuncia­vam. 37 Cheios de grande admiração, diziam: “Tudo ele tem feito bem. Faz os surdos ouvi­rem e os mudos falarem”.

 Segundo milagre do pão 


Marco (CNB) 1