Marco (CNB) 8

8 1 Naqueles dias, novamente se juntou uma grande multidão e não tinham o que comer. Jesus, então, chamou os discípulos e disse: 2 “Sinto compaixão desta multidão! Já faz três dias que estão comigo e não têm o que comer. 3 Se eu os mandar embora sem comerem, vão desfalecer pelo caminho; e alguns­ vieram de longe”. 4 Os discípulos responderam: “De onde conseguir, aqui em lugar de­serto, pão para saciar tanta gente?” 5 Ele perguntou-lhes: “Quantos pães tendes?” Eles res­ponderam: “Sete”. 6 Jesus mandou que a mul­tidão se sentasse no chão. Depois, pegou­ os sete pães, deu graças, partiu-os e deu aos discípulos para que os distribuíssem. E distri­buíram à multidão. 7 Tinham também alguns peixinhos. Jesus os abençoou e mandou distribuí-los. 8 Comeram e ficaram sacia­dos, e ainda recolheram sete cestos com os pedaços­ que sobraram. 9 Eram umas quatro mil. Então ele os despediu.

 Pedido de um sinal 

10 Logo em seguida, Jesus entrou no barco com seus discípulos e foi para a região de Dalmanuta. 11 Os fariseus vieram e começaram a discutir com ele. Para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal do céu. 12 Jesus deu um suspiro profundo e disse: “Por que esta gera­ção pede um sinal? Em verdade vos digo: ne­nhum sinal será dado a esta geração!”. 13 E, deixando-os, entrou de novo no barco e foi pa­ra a outra margem.

 O fermento dos fariseus e de Herodes 

14 Os discípulos se esqueceram de levar pães; tinham apenas um pão consigo no barco. 15 Jesus os advertia, dizendo: “Atenção! Cuida­do com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes”. 16 Os discípulos começaram então a discutir entre si, porque não tinham pães. 17 Percebendo, Jesus perguntou-lhes:­ “Por que discutis sobre o fato de não ter­des pães? Ainda não entendeis, nem com­preendeis? Vosso coração continua endurecido? 18 Tendo olhos, não enxergais,?e ten­do ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais? 19 Quando reparti cinco pães para cinco mil pessoas, quantos cestos recolhestes, cheios de pedaços?” – “Doze”, responderam eles. 20 “E quando reparti sete pães com quatro mil pessoas, quantos cestos recolhestes, cheios de pe­daços?” – “Sete”, responderam. 21 Jesus então lhes disse: “E ainda não entendeis?”

 O cego de Betsaida 

22 Chegaram a Betsaida. Trouxeram-lhe um cego e pediram que tocasse nele. 23 Tomando o cego pela mão, levou-o para fora do povoa­do, cuspiu nos olhos dele, impôs-lhe as mãos e perguntou: “Estás vendo alguma coisa?” 24 Erguendo os olhos, o homem disse: “Estou­ vendo as pessoas como se fossem árvores an­dando”. 25 Jesus impôs de novo as mãos so­bre os seus olhos, e ele começou a enxergar­ perfeitamente. Ficou curado e era capaz de ver tudo claramente. 26 Jesus despediu-o e dis­se-lhe: “Não entres no povoado”.


O Messias “diferente”

 A profissão de fé de Pedro 

27 Jesus e seus discípulos partiram para os povoados de Cesaréia de Filipe. No caminho, ele perguntou aos discípulos: “Quem dizem as pessoas que eu sou?” 28 Eles responderam: “\Uns dizem João Batista; outros, Elias; outros ainda, um dos profetas”. 29 Jesus, então, perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Cristo”. 30 E Jesus os advertiu para que não contassem isso a ninguém.

 Primeiro anúncio da Paixão 

31 E começou a ensinar-lhes que era necessário o Filho do Homem sofrer muito, ser re­jeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e es­cribas, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar. 32 Falava isso abertamente. Então, Pedro, chamando-o de lado, começou a cen­surá-lo. 33 Jesus, porém, voltou-se e, vendo os seus discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: “Vai para trás de mim, satanás! Pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim, as dos homens”!

 Seguimento e renúncia 

34 Chamou, então, a multidão, juntamente com os discípulos, e disse-lhes: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, to­me a sua cruz e siga-me! 35 Pois quem quiser­ salvar sua vida a perderá; mas quem perder sua vida por causa de mim e do Evangelho, a salvará. 36 De fato, que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida? 37 E que poderia alguém dar em troca da própria vida? 38 Se alguém se envergonhar de mim e de minhas palavras diante desta geração adúltera e pecadora, também o Filho­ do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai, com seus santos anjos”.

9 1 E disse-lhes: “Em verdade vos digo: alguns dos que estão aqui não provarão a morte, sem antes terem visto o Reino de Deus chegar com poder”.

 A transfiguração 

2 Seis dias depois, Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João e os fez subir a um lugar re­tirado, no alto de uma montanha, a sós. Lá, ele foi transfigurado diante deles. 3 Sua roupa fi­cou muito brilhante, tão branca como nenhuma lavadeira na terra conseguiria torná-la assim. 4 Apareceram-lhes Elias e Moisés, conversando com Jesus. 5 Pedro então tomou a palavra e disse a Jesus: “Rabi, é bom ficarmos­ aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6 Na realidade, não sabia o que devia falar, pois eles estavam tomados de medo. 7 Desceu, então, uma nuvem, cobrindo-os com sua sombra.­ E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai-o!” 8 E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém: só Jesus estava com eles.
9
Ao descerem da montanha, Jesus ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos. 10 Eles ficaram pensando nesta palavra e discutiam entre si o que significaria esse “ressuscitar dos mortos”.

 Elias já veio! 

11 Perguntaram a Jesus: “Por que os escribas dizem que primeiro deve vir Elias?” 12 Ele respondeu: “Sim, Elias vem primeiro, para pôr tudo em ordem. No entanto, como está escrito a respeito do Filho do Homem que ele deve sofrer muito e ser desprezado? 13 E eu vos digo mais: também Elias veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, exatamente como está escrito a seu respeito”.

 O menino epilético 

14 Quando voltaram para junto dos discípulos, encontraram-nos rodeados por uma grande multidão, e os escribas discutiam com eles. 15 Logo que a multidão viu Jesus, ficou admirada e correu para saudá-lo. 16 Jesus perguntou: “Que estais discutindo?” 17 Alguém da multidão respondeu-lhe: “Mestre, eu trouxe a ti o meu filho que tem um espírito mudo. 18 Cada vez que o espírito o agride, joga-o no chão, e ele começa a espumar, range os dentes e fica completamente duro. Eu pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas eles não conseguiram”. 19 Jesus lhes respondeu: “Ó geração sem fé! Até quando vou ficar convosco? Até quando vou suportar-vos? Trazei-me o menino!” 20 Levaram-no. Quando o espí­rito viu Jesus, sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e rolava espumando. 21 Jesus perguntou ao pai: “Desde quando lhe acontece isso?” O pai respondeu: “Desde criança. 22 Muitas vezes, o espírito já o lançou no fogo e na água, para matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem compaixão e ajuda-nos”. 23 Jesus disse: “Se podes...? Tudo é possível pa­ra quem crê”. 24 Imediatamente, o pai do me­nino exclamou: “Eu creio, mas ajuda-me na minha falta de fé”. 25 Vendo Jesus que a multidão­ se ajuntava ao seu redor, repreendeu o espírito impuro: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: sai do menino e nunca mais entres nele”. 26 O espírito saiu, gritando e sacudindo violen­tamente o menino. Este ficou como morto, tanto que muitos diziam: “Morreu”! 27 Mas Jesus o tomou pela mão e o levantou; e ele ficou de pé.
28
Depois que Jesus voltou para casa, os dis­cípulos lhe perguntaram, em particular: “Por que nós não conseguimos expulsá-lo?” 29 Ele respondeu: “Essa espécie só pode ser expulsa­ pela oração”.

 Segundo anúncio da Paixão 

30 Partindo dali, Jesus e seus discípulos atravessavam a Galiléia, mas ele não queria que ninguém o soubesse. 31 Ele ensinava seus discí­pulos e dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens, e eles o matarão. Morto, porém, três dias depois ressuscitará”. 32 Mas eles não compreendiam o que lhes dizia e tinham medo de perguntar.

 Quem é o maior? 

33 Chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “Que discutíeis pelo caminho?” 34 Eles, no entanto, ficaram calados,­ porque pelo caminho tinham discutido quem era o maior. 35 Jesus sentou-se, chamou os Do­ze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primei­ro, seja o último de todos, aquele que serve a to­dos!” 36 Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse:­ 37 “Quem acolhe em meu nome uma destas crianças, a mim acolhe. E quem me acolhe, acolhe, não a mim, mas Àquele que me enviou”.

 O exorcista estranho 

38 João disse a Jesus: “Mestre, vimos alguém­ expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proi­bimos, porque ele não andava conosco”. 39 Jesus, porém, disse: “Não o proi­bais, pois nin­guém que faz milagres em meu no­me po­derá logo depois falar mal de mim. 40 Quem não é con­tra nós, está a nosso favor. 41 Quem vos der um copo de água para beber porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa.

 Os escândalos que destroem e o sal que conserva 

42 “E quem provocar a queda um só destes pe­quenos que crêem em mim, melhor seria que lhe amarrassem uma grande pedra de moi­nho ao pescoço e o lançassem no mar. 43 Se tua mão te leva à queda, corta-a! É melhor en­trares na vida tendo só uma das mãos do que, tendo as duas, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. [44 ] 45 Se teu pé te leva à queda, corta-o! É melhor entrar na vida tendo só um dos pés do que, tendo os dois, ser lançado ao inferno. [46 ] 47 Se teu olho te leva à queda, arranca-o! É melhor entrar no Rei­no de Deus tendo um olho só do que, tendo­ os dois, ir para o inferno, 48 onde o verme deles não morre e o fogo nunca se apaga.
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Todos serão salgados pelo fogo. 50 O sal é uma coisa boa; mas se o sal perder o sabor, co­mo devolver-lhe o sabor? Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros”.

 A subida a Jerusalém 

10 1 Jesus se pôs a caminho e foi dali para a região da Judéia, pelo outro lado do rio Jordão. As multidões mais uma vez se ajuntaram ao seu redor, e ele, como de costu­me, as ensinava.

 O repúdio da esposa 

2 Aproximaram-se então alguns fariseus e, pa­ra experimentá-lo, perguntaram se era permitido ao homem despedir sua mulher. 3 Jesus perguntou: “Qual é o preceito de Moisés a respeito?” 4 Os fariseus responderam: “Moisés­ permitiu escrever um atestado de divórcio e despedi-la”. 5 Jesus então disse: “Foi por causa­ da dureza do vosso coração que Moisés­ escre­veu este preceito. 6 No entanto, desde o princípio­ da criação Deus os fez homem e mulher. 7 Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, 8 e os dois forma­rão uma só car­ne; assim, já não são dois, mas uma só carne. 9 Portanto, o que Deus uniu o homem não separe!”
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Em casa, os discípulos fizeram mais perguntas sobre o assunto. 11 Jesus respondeu: “Quem despede sua mulher e se casa com ou­tra, comete adultério contra a primeira. 12 E se uma mulher despede seu marido e se casa com outro, comete adultério também”.

 Abençoando as crianças 

13 Algumas pessoas traziam crianças para que Jesus as tocasse. Os discípulos, porém, as repreenderam. 14 Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: “Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, porque a pessoas as­sim é que pertence o Reino de Deus. 15 Em verdade vos digo: quem não receber o Reino­ de Deus como uma criança, não entrará ne­le!” 16 E abraçava as crianças e, impondo as mãos sobre elas, as abençoava.

 O rico querendo seguir Jesus 

17 Jesus saiu caminhando, quando veio alguém correndo, caiu de joelhos diante dele e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” 18 Disse Jesus: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais nin­guém. 19 Conheces os mandamentos: não cometerás homicídio, não cometerás adultério, não rouba­rás, não levantarás falso testemunho, não pre­judicarás ninguém, honra teu pai e tua mãe!” 20 Ele então respondeu: “Mestre, tudo isso eu tenho observado desde a minha juventude”. 21 Jesus, fitando-o, com amor, lhe disse: “Só te falta uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. 22 Ao ouvir isso, ele ficou pesaroso por causa desta palavra e foi embora cheio de tristeza, pois possuía muitos bens.
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Olhando em volta, Jesus disse aos seus discípulos: “Como é difícil, para os que possuem riquezas, entrar no Reino de Deus”. 24 Os discípulos ficaram espantados com estas palavras. E Jesus tornou a falar: “Filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25 É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” 26 Eles ficaram mais admirados e diziam uns aos outros: “Quem então poderá salvar-se?” 27 Olhando bem para eles, Jesus lhes disse:­ “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível!”
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Pedro começou a dizer-lhe: “Olha, nós dei­xamos tudo e te seguimos”. 29 Jesus respondeu: “Em verdade vos digo: todo aquele que deixa casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos e campos, por causa de mim e do evangelho, 30 recebe cem vezes mais agora, durante esta vida – casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições –, e no mundo futuro, vida eterna. 31 Muitos, porém, que são primeiros, serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros”.

 Terceiro anúncio da Paixão 

32 Estavam a caminho, subindo para Jerusalém. Jesus ia à frente, e eles, assombrados, se­guiam com medo. Jesus, outra vez, chamou os doze de lado e começou a dizer-lhes o que estava para acontecer com ele: 33 “Estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte e o entrega­rão aos pagãos. 34 Vão zombar dele, cuspir ne­le, açoitá-lo e matá-lo, mas três dias depois, ele ressuscitará”.

 Ambição dos filhos de Zebedeu 

35 Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que te vamos pedir”. 36 Ele perguntou: “Que quereis que eu vos faça?” 37 Responderam: “Permite que nos sentemos, na tua glória, um à tua direita e o outro à tua esquerda!” 38 Jesus lhes disse: “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber? Ou ser batizados com o batismo com que eu vou ser batizado?”­ 39 Responderam: “Podemos”. Jesus então lhes disse: “Sim, do cálice que eu vou beber, be­be­reis, com o batismo com que eu vou ser batiza­do, sereis batizados. 40 Mas o sentar-se à minha­ direita ou à minha esquerda não depende de mim; é para aqueles para quem foi preparado”.­
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Quando os outros dez ouviram isso, ficaram zangados com Tiago e João. 42 Jesus então os chamou e disse: “Sabeis que os que são considerados chefes das nações as dominam, e os seus grandes fazem sentir seu poder. 43 Entre vós não deve ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, 44 e quem quiser ser o primeiro entre vós seja o escravo de todos. 45 Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”.

 Cura do cego de Jericó 

46 Chegaram a Jericó. Quando Jesus estava saindo da cidade, acompanhavam-no os discí­pulos e uma grande multidão. O mendigo ce­go, Bartimeu, filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho. 47 Ouvindo que era Jesus Nazareno, começou a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim”. 48 Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gri­tava ainda mais alto: “Filho de Davi, tem com­paixão de mim”. 49 Jesus parou e disse: “Cha­mai-o!” Eles o chamaram, dizendo: “Coragem, levanta-te! Ele te chama!” 50 O cego jogou o manto fora, deu um pulo e se aproximou­ de Jesus. 51 Este lhe perguntou: “Que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Rabûni, que eu veja”. 52 Jesus disse: “Vai, tua fé te salvou”. No mesmo instante, ele recu­perou a vista e foi seguindo Jesus pelo caminho.­

 Entrada em Jerusalém 

11 1 Jesus e os discípulos aproximaram-se de Jerusalém. Estavam perto de Betfagé e de Betânia, junto ao Monte das Oliveiras. Jesus enviou dois dos discípulos 2 e disse-lhes: “Ide até o povoado ali na frente, e logo na entrada encontrareis, amarrado, um ju­mentinho no qual ninguém ainda montou. Desamarrai-o e trazei-o. 3 E se alguém vos per­guntar por que fazeis isso, respondei: ‘O Senhor precisa dele, mas logo o mandará de volta’”. 4 Eles foram e encontraram um jumentinho amarrado a um portão, fora, na rua, e o desamarraram. 5 Alguns dos que estavam ali disseram: “Que estais fazendo, desamarrando o ju­mentinho?” 6 Os discípulos responderam conforme Jesus tinha mandado, e eles permitiram. 7 Trouxeram então o jumentinho até Jesus, puseram seus mantos em cima, e Jesus montou. 8 Muitos estenderam seus mantos no caminho, enquanto outros espalharam ramos apa­nhados no campo. 9 Os que iam à frente e os que vinham atrás clamavam: “Hosana! Ben­dito o que vem em nome do Senhor! 10 Bendito seja o Reino que vem, o Reino de nosso Pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!”

 Maldição da figueira 

11 Jesus entrou em Jerusalém e foi ao templo. Lá observou todas as coisas. Mas, como já era tarde, ele e os Doze foram para Betânia. 12 No dia seguinte, ao saírem de Betânia, Jesus sentiu fome. 13 Avistando de longe uma figueira coberta de folhas, foi lá ver se en­con­trava algum fruto. Chegando perto, só en­con­trou folhas, pois não era tempo de figos. 14 En­tão reagiu dizendo à figueira: “Nunca mais ninguém coma do teu fruto”. Os discípulos ouviram isso.

 Expulsão do comércio do templo 

15 Foram então a Jerusalém. Entrando no templo, Jesus começou a expulsar os que ali estavam vendendo e comprando. Derrubou as mesas dos que trocavam moedas e as bancas dos vendedores de pombas. 16 Também não permitia que se carregassem objetos passando pelo templo. 17 Pôs-se a ensinar e dizia-lhes: “Não está escrito que a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos? Vós, porém, fizestes dela um antro de ladrões”.
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Os sumos sacerdotes e os escribas ouviram isso e procuravam um modo de matá-lo. Mas tinham medo de Jesus, pois a multidão estava maravilhada com o ensinamento dele. 19 E quando anoiteceu, Jesus e os discípulos foram saindo da cidade.

 A figueira ressequida 

20 De manhã cedo, ao passarem, verificaram que a figueira tinha secado desde a raiz. 21 Pedro lembrou-se e disse: “Rabi, olha, a figueira que amaldiçoaste secou”. 22 Jesus lhes observou: “Tende fé em Deus. 23 Em verdade, vos digo: se alguém disser a esta montanha: ‘Arranca-te e joga-te no mar’, sem duvidar no coração, mas acreditando que vai acontecer, então acontecerá. 24 Por isso, vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crede que já o recebestes, e vos será concedido. 25 E, quando estiverdes de pé para a oração, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai que está nos céus também perdoe os vossos pecados”. [26 ]

 A questão da autoridade 

27 Jesus e os discípulos foram outra vez a Jerusalém. Enquanto andava pelo templo, os sumos sacerdotes, os escribas e os anciãos se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: 28 “Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?” 29 Jesus disse: “Vou fazer-vos uma só pergunta. Respondei-me, que eu vos direi com que autoridade faço isso. 30 O batismo de João era do céu ou dos homens? Respondei-me!” 31 Eles discutiam entre si: “Se respondermos: ‘Do céu’, ele dirá: ‘Por que não acreditastes em João?’ 32 Vamos então responder: ‘Dos homens’?...” – Eles tinham medo do povo, já que todos diziam que João era realmente um profeta. 33 Responderam então a Jesus: “Não sabemos”. E Jesus retrucou-lhes: “Pois eu também não vos digo com que autoridade faço essas coisas!”

 Os agricultores assassinos 

12 1 Jesus começou a falar-lhes em pará-bolas: “Um homem plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, cavou um la­gar­ para pisar as uvas e construiu uma torre­ de guarda. Ele a alugou a uns agricultores e viajou para longe. 2 Depois mandou um servo­ para receber dos agricultores a sua parte dos frutos da vinha. 3 Mas os agricultores o agar­raram, bateram nele e o mandaram de volta sem nada. 4 O proprietário mandou novamente outro servo. Este foi espancado na cabeça e ainda o insultaram. 5 Mandou ainda um ou­tro, e a esse mataram. E assim diversos outros: em uns bateram e a outros mataram. 6 Agora restava ainda alguém: o filho amado.­ Por último, então, enviou o filho aos agricultores, pensando: ‘A meu filho respeitarão’. 7 Mas aqueles agricultores disseram uns aos outros: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo, e a heran­ça será nossa’. 8 Agarraram o filho, ma­taram e o lançaram fora da vinha. 9 Que fará o dono da vinha? Ele virá e fará perecer os agriculto­res, e entregará a vinha a outros. 10 Acaso não lestes na Escritura:
A pedra que os construtores rejeitaram, esta é que se tornou a pedra angular. 11 Isto foi feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos’?”
12
Eles procuravam prender Jesus, pois entenderam que tinha contado a parábola com referência a eles. Mas ficaram com medo da multi­dão; por isso, deixaram Jesus e foram embora.

 O imposto pago a César 

13 Então, mandaram alguns fariseus e partidários de Herodes, para apanhar Jesus em alguma palavra. 14 Logo que chegaram, disseram-lhe: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e não te deixas influenciar por ninguém. Tu não olhas a aparência das pessoas, mas ensinas segundo a verdade o caminho de Deus. Dize-nos: é permitido ou não pagar imposto a César? Devemos dá-lo ou não?” 15 Ele percebeu-lhes o fingimento e respondeu: “Por que me armais uma armadilha? Trazei-me a moeda do imposto para eu ver”. 16 Trouxeram-lhe uma moeda. Ele perguntou: “De quem é esta figura e a inscrição?”. Responderam: “De César”. 17 Então, Jesus disse: “Devolvei, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus”. E estavam extremamente admirados a respeito dele.

 A ressurreição dos mortos 

18 Uns saduceus, os quais dizem não existir ressurreição, aproximaram-se de Jesus e lhe perguntaram: 19 “Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se alguém tiver um irmão e este morrer, deixando a mulher sem filhos, ele deve casar-se com a mulher para dar descendência ao irmão’. 20 Havia sete irmãos. O mais velho casou-se com uma mulher e morreu sem deixar descendência. 21 O segundo, então, casou-se com ela e igualmente morreu sem deixar descendência. A mesma coisa aconteceu com o terceiro. 22 E nenhum dos sete irmãos deixou descendência. Depois de todos, morreu também a mulher. 23 Na ressurreição, quando ressuscitarem, ela será a esposa de qual deles? Pois os sete a tiveram por esposa?” 24 Jesus respondeu: “Acaso não estais errados, porque não compreendeis as Escrituras, nem o poder de Deus? 25 Quando ressuscitarem dos mortos, os homens e as mulheres não se casarão; serão como anjos no céu. 26 Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes, no livro de Moisés, na passagem da sarça ardente, como Deus lhe falou: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó!’ 27 Ele é Deus não de mortos, mas de vivos! Estais muito errados”.

 O principal mandamento 

28 Um dos escribas, que tinha ouvido a discussão, percebeu que Jesus dera uma boa resposta. Então aproximou-se dele e perguntou: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” 29 Jesus respondeu: “O primeiro é este: ‘Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é um só. 30 Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força!31 E o segundo mandamento é: ‘Amarás teu próximo como a ti mesmo’! Não existe outro mandamento maior do que estes.” 32 O escriba disse a Jesus: “Muito bem, Mestre! Na verdade, é como disseste: ‘Ele é o único,e não existe outro além dele’. 33 Amar a Deus de todo o coração, com toda a mente e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo, isto supera todos os holocaustos e sacrifícios”. 34 Percebendo Jesus que o escriba tinha respondido com inteligência, disse-lhe: “Tu não estás longe do Reino de Deus”. E ninguém mais tinha coragem de fazer-lhe perguntas.

 O senhor e filho de Davi 

35 Então Jesus tomou a palavra e ensinava, no templo: “Por que os escribas dizem que o Cristo é filho de Davi? 36 O próprio Davi, movido pelo Espírito Santo, falou:
Disse o Senhor ao meu senhor: Senta-te à minha direita, até que eu ponha teus inimigos debaixo dos teus pés.
37
Se o próprio Davi o chama de ‘senhor’, como então ele pode ser seu filho?” E a grande multidão o escutava com prazer.

 Crítica aos escribas 

38 Ao ensinar, Jesus dizia: “Cuidado com os escribas! Eles fazem questão de andar com amplas túnicas e de serem cumprimentados nas praças, 39 gostam dos primeiros assentos na sinagoga e dos lugares de honra nos banquetes. 40 Mas devoram as casas das viúvas, enquanto ostentam longas orações. Por isso, serão julgados com mais rigor.

 A oferta da viúva pobre

41 Jesus estava sentado em frente do cofre das ofertas e observava como a multidão punha dinheiro no cofre. Muitos ricos deposi­tavam muito. 42 Chegou então uma pobre viúva­ e deu duas moedinhas. 43 Jesus chamou os dis­cípulos e disse: “Em verdade vos digo: esta viúva pobre deu mais do que todos os outros que depositaram no cofre. 44 Pois todos eles de­ram do que tinham de sobra, ao passo que ela, da sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha para viver”.

 Pregação sobre o Fim: a destruição do templo

13 1 Enquanto Jesus estava saindo do templo, um dos discípulos lhe falou: “Mestre, olha que pedras, que construções!” 2 Jesus lhes respondeu: “Estás vendo estas grandes construções? Não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído!”

 O começo das dores 

3 E quando ele se sentou no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe, em particular: 4 “Conta-nos quando será, e qual o sinal de que isso estará para se consumar?” 5 Jesus, então, começou a dizer-lhes: “Cuidado para que ninguém vos engane! 6 Muitos virão usando o meu nome e dizendo: ‘Sou eu’; e enganarão muita gente. 7 Quando ouvirdes falar de batalhas e notícias de guerras, não fiqueis alarmados: é preciso que essas coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. 8 De fato, há de se levantar nação contra nação e reino contra reino. Haverá terremotos em vários lugares, e muita fome. Isso é o começo das dores.

 As perseguições 

9 “Cuidado quanto a vós mesmos! Sereis en­tregues aos tribunais e castigados nas sinagogas; comparecereis diante de governadores e reis, por minha causa, de modo que dareis tes­temunho diante deles. 10 Primeiro é necessá­rio que a Boa Nova seja anunciada a todas as nações. 11 Quando vos levarem para vos entre­gar, não vos preocupeis com o que falar. Falai o que vos for dado naquela hora, pois não sereis vós que falareis, mas o Espírito Santo.
12
O irmão entregará o irmão à morte; o pai entregará o filho; os filhos ficarão contra os pais e os matarão. 13 Por causa de meu nome sereis odiados por todos. Mas quem perseve­rar até o fim será salvo.

 A grande tribulação 

14 “Quando virdes a abominação desola­do­ra instalada onde não deve – o leitor entenda! –, os que estiverem na Judéia fujam para as montanhas. 15 Quem estiver no terraço não desça, nem entre em casa para pegar coisa alguma; 16 e quem estiver no campo não volte atrás para pegar o manto. 17 Ai das mulheres grávidas e das que estiverem amamentando, naqueles dias. 18 Orai para que não aconteça no inverno. 19 Pois aqueles dias serão de tanta aflição como nunca houve, des­de­ o início do mundo que Deus criou até ago­ra, e nunca mais haverá. 20 E se o Senhor não encurtasse aqueles dias, ninguém escaparia; mas por causa dos seus eleitos, encurtou aqueles dias. 21 Se então alguém vos disser: ‘O Cristo está aqui’ ou ‘Ele está ali’, não acrediteis. 22 De fato, surgirão falsos cris­tos e falsos profetas, que farão sinais e prodígios capazes de enganar, se possível, até os eleitos. 23 Cuidado, pois! Eu vos preveni de tudo.

 A vinda do Filho do Homem 

24 “Mas, naqueles dias, depois daquela aflição, o sol ficará escuro e a lua perderá sua claridade, 25 as estrelas estarão caindo do céu e as potências celestes serão abaladas. 26 Então verão o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. 27 Ele enviará­ os anjos para reunir os seus eleitos dos quatro­ cantos da terra, da extremidade da terra à extremidade do céu.

 A lição da figueira 

28 “Aprendei da figueira a lição: quando seus ramos vicejam e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. 29 Vós, do mesmo­ modo, quando virdes acontecer estas coisas, ficai sabendo que está próximo, às portas. 30 Em verdade vos digo: esta geração não passará até que tudo isso aconteça. 31 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não pas­sarão. 32 Ora, quanto àquele dia ou hora, nin­guém tem conhecimento, nem os anjos do céu, nem mesmo o Filho. Só o Pai.

 Vigilância 

33 “Cuidado! Ficai atentos, pois não sabeis quando chegará o momento. 34 É como um homem que, ao viajar, deixou sua casa e con­fiou­ a responsabilidade a seus servos, a cada um sua tarefa, mandando que o porteiro ficasse vigiando. 35 Vigiai, portanto, pois não sa­beis quando o senhor da casa volta: à tarde,­ à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. 36 Não aconteça que, vindo de repente, vos­ encontre dormindo. 37 O que vos digo, di­go a todos: vigiai!”

 Relato da Paixão. O sinédrio decide matar Jesus 

14 1 Faltavam dois dias para a Páscoa e a festa dos Pães sem Fermento. Os sumos sacerdotes e os escribas procuravam um modo de prender Jesus e matá-lo à traição, 2 pois diziam: “Não na festa, para que não haja tumulto entre o povo”.

 A unção em Betânia 

3 Quando Jesus estava sentado à mesa, em Betânia, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher com um frasco de alabastro cheio de perfume de nardo puro, muito caro. Ela o quebrou e derramou o conteúdo na cabeça de Jesus. 4 Alguns que lá estavam ficaram irritados e comentavam: “Para que este desperdício de perfume? 5 Este perfume poderia ter sido vendido por trezentos denários para dar aos pobres.” E se puseram a censurá-la. 6 Jesus, porém, lhes disse: “Deixai-a em paz! Por que a incomodais? Ela praticou uma boa ação para comigo. 7 Os pobres sempre tendes convosco e podeis fazer-lhes o bem quando quiserdes. Mas a mim não tereis sempre. 8 Ela fez o que estava a seu alcance. Com antecedência, em­balsamou o meu corpo para a sepultura. 9 Em verdade vos digo: onde for anunciado o Evangelho, no mundo inteiro, será mencionado também, em sua memória, o que ela fez”.

 Complô de Judas 

10 Judas Iscariotes, um dos Doze, foi procurar­ os sumos sacerdotes para lhes entregar Jesus. 11 Ouvindo isso, eles ficaram contentes e prometeram dar-lhe dinheiro. Judas, então, procu­rava uma oportunidade para entregá-lo.

 Preparação da Ceia

12 No primeiro dia dos Pães sem Fermento, quando se sacrificava o cordeiro pascal, os dis­cípulos perguntaram a Jesus: “Onde queres­ que façamos os preparativos para comeres a páscoa?” 13 Jesus enviou então dois dos seus discípulos, dizendo-lhes: “Ide à cidade. Um homem carregando uma bilha de água virá ao vosso encontro. Segui-o 14 e dizei ao dono da casa em que ele entrar: ‘O Mestre manda perguntar: Onde está a sala em que posso comer a ceia pascal com os meus discípulos?’ 15 Ele, então, vos mostrará, no andar de cima, uma grande sala, arrumada. Lá fareis­ os preparativos para nós!” 16 Os discípulos­ saí­ram e foram à cidade. Encontraram tudo como ele tinha dito e prepararam a ceia pascal.

 A ceia. O anúncio da traição 

17 Ao anoitecer, Jesus foi para lá com os Doze. 18 Enquanto estavam à mesa comendo, Jesus disse: “Em verdade vos digo, um de vós vai me entregar, aquele que come comigo”. 19 Eles ficaram tristes e, um após o outro, começaram a perguntar: “Acaso, serei eu?” 20 Jesus lhes disse: “É um dos doze, aquele que se serve comigo do prato”. 21 O Filho do Homem se vai, conforme está escrito a seu respeito. Ai, porém, daquele por quem o Filho do Homem é entregue. Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido!”

 A eucaristia 

22 Enquanto estavam comendo, Jesus tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e lhes deu, dizendo: “Tomai, isto é o meu corpo”. 23 Depois, pegou o cálice, deu graças, passou-o a eles, e todos beberam. 24 E disse-lhes: “Este é o meu sangue da nova Aliança, que é derramado por muitos. 25 Em verdade, não beberei mais do fruto da videira até o dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus”.

 Predição da desistência

26 Depois de cantarem o salmo, saíram para o Monte das Oliveiras 27 Jesus disse aos discí­pulos: “Todos vós vos escandalizareis, pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão”.­ 28 Mas, depois que eu ressuscitar, irei à vossa frente para a Galiléia”. 29 Pedro, então, disse: “Mesmo que todos se escandalizem, eu não.” 30 Res­pondeu-lhe Jesus: “Em verdade te digo, hoje mesmo, esta noite, antes que o galo can­te duas vezes, três vezes me negarás”. 31 Pedro voltou a insistir: “Ainda que eu tenha de mor­rer contigo, não te negarei”. E todos di­ziam a mesma coisa.

 A oração no Getsêmani 

32 Chegaram a uma propriedade chamada Getsêmani. Jesus disse aos discípulos: “Sen­tai-vos aqui, enquanto eu vou orar”. 33 Levou con­sigo Pedro, Tiago e João, e começou a sen­tir pavor e angústia. 34 Jesus, então, lhes disse: “Sinto uma tristeza mortal! Ficai aqui e vigiai”!
35
Jesus foi um pouco mais adiante, caiu por terra e orava para que aquela hora, se fosse possível, passasse dele. 36 Ele dizia: “Abbá! Pai! tudo é possível para ti. Afasta de mim este cálice! Mas seja feito não o que eu quero,­ porém o que tu queres”. 37 Quando voltou, en­controu os discípulos dormindo. Então disse a Pedro: “Simão, estás dormindo? Não foste capaz de ficar vigiando uma só hora? 38 Vigiai e orai, para não cairdes em tentação! O espíri­to está pronto, mas a carne é fraca”. 39 Jesus afas­tou-se outra vez e orou, repetindo as mesmas palavras. 40 Voltou novamente e encontrou-os dormindo, pois seus olhos estavam pesados de sono. E eles não sabiam o que responder. 41 Ao voltar pela terceira vez, ele lhes disse: “Ainda dormis e descansais? Basta! Chegou a hora! Vede, o Filho do Homem está sendo entregue às mãos dos pecadores. 42 Levantai-vos! Vamos! Aquele que vai me entregar está chegando”.

 A prisão de Jesus 

43 Jesus ainda falava, quando chegou Judas, um dos Doze, acompanhado de uma multidão­ com espadas e paus; eles vinham da parte dos sumos sacerdotes, escribas e anciãos. 44 O traidor tinha combinado com eles um sinal: “É aquele que eu vou beijar. Prendei-o e levai-o com cautela!” 45 Chegando, Judas logo se aproximou e disse: “Rabi!” E beijou-o. 46 Então, eles lançaram as mãos em Jesus e o prenderam. 47 Um dos presentes puxou a espada e fe­riu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a ponta da orelha. 48 Tomando a palavra, Jesus disse: “Viestes com espadas e paus para me prender, como se eu fosse um bandido? 49 Todos os dias eu estava convosco, no templo,­ ensinando, e não me prendestes. Mas, isto acon­tece para que se cumpram as Escrituras”. 50 Então, abandonando-o, todos os discípulos fugiram. 51 Um jovem o seguia coberto só de um lençol. Eles o pegaram, 52 mas ele largou o lençol e fugiu nu.

 Diante do sinédrio 

53 Levaram Jesus ao sumo sacerdote, e reuni­ram-se todos os sumos sacerdotes, os anciãos e os escribas. 54 Pedro tinha seguido Jesus de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote. Sentado com os guardas, aquecia-se perto do fogo. 55 Os sumos sacerdotes e o sinédrio intei­ro procuravam um testemunho contra Jesus pa­ra condená-lo à morte, mas não encontravam. 56 Muitos testemunhavam contra ele falsamente, mas os depoimentos não concordavam entre si. 57 Alguns se levantaram e falsamente testemunharam contra ele: 58 “Nós o ou­vimos dizer: ‘Vou destruir este santuário feito por mão humana, e em três dias construirei um outro, não feito por mão humana’!” 59 Mas nem assim concordavam os depoimentos deles. 60 O sumo sacerdote se levantou no meio de­les e perguntou a Jesus: “Nada tens a responder ao que estes testemunham contra ti?” 61 Jesus continuou calado e nada respondeu. O sumo sacerdote perguntou de novo: “És tu o Cristo, o Filho de Deus Bendito?” 62 Jesus res­pondeu:­ “Eu sou. E vereis o Filho do Homem­ sentado­ à direita do Todo-Poderoso, vindo com as nuvens do céu”.
63
O sumo sacerdote rasgou suas vestes e disse: “Que necessidade temos ainda de testemunhas? 64 Ouvistes a blasfêmia! Que vos parece?” Então, todos o sentenciaram réu de morte. 65 Alguns começaram a cuspir nele. Cobrindo-lhe o rosto, batiam nele e diziam: “Profetiza!” Os guardas, também, o receberam a tapas.

 A negação de Pedro 

66 Pedro estava no pátio, em baixo. Veio uma criada do sumo sacerdote 67 e, quando viu Pedro que se aquecia, olhou bem para ele e disse: “Tu também estavas com Jesus, esse nazareno!” 68 Mas, Pedro negou dizendo: “Não sei nem entendo de que estás falando”! Ele saiu e foi para a entrada do pátio. E o galo can­tou. 69 A criada, vendo Pedro, começou ou­tra vez a dizer, aos que estavam por perto: “Este é um deles”. 70 Mas Pedro negou outra vez. Pouco depois os que lá estavam diziam a Pe­dro: “É claro que és um deles, pois tu és ga­lileu”. 71 Ele começou então a praguejar e a jurar: “Nem conheço esse homem de quem estais falando”! 72 E nesse instante, pela segun­da vez, o galo cantou. Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe tinha dito: “Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás”. E começou a chorar.

 O processo perante Pilatos e a soltura de Barrabás 


Marco (CNB) 8