Mateus (CNB) 19

19 1 Quando terminou essas palavras, Jesus deixou a Galiléia e foi para a re­gião da Judéia, pelo outro lado do Jordão. 2 Grandes multidões o acompanhavam, e ali, ele realizava curas.

O repúdio da mulher

3 Alguns fariseus aproximaram-se de Jesus e, para experimentá-lo, perguntaram: “É permitido ao homem despedir sua mulher por qualquer motivo?” 4 Ele respondeu: “Nunca lestes que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher 5 e disse:
Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne’?
6
De modo que eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe”. 7 Perguntaram: “Como então Moisés mandou dar atestado de divórcio e despedir a mulher?” 8 Jesus respondeu: “Moisés permitiu despedir a mulher, por causa da dureza do vosso coração. Mas não foi assim desde o princípio. 9 Ora, eu vos digo: quem despede sua mulher – fora o caso de união ilícita – e se casa com outra, comete adultério”.

Não casar-se, por causa do Reino

10 Os discípulos disseram-lhe: “Se a situação­ do homem com a mulher é assim, é me­lhor não casar-se”. 11 Ele respondeu: “Nem to­dos são capazes de entender isso, mas só aqueles a quem é concedido. 12 De fato, existem eunucos que nas­ceram assim do ventre materno; outros foram feitos eunucos por mão humana; outros ainda, tornaram-se eunucos por?cau­sa do Reino dos Céus. Quem puder entender, entenda”.

Jesus abençoa as crianças

13 Naquele momento, levaram crianças a Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os discípulos, porém, as repreenderam. 14 Jesus disse: “Deixai as crianças, e não as impeçais de virem a mim; porque a pessoas assim é que pertence o Reino dos Céus”. 15 E depois de impor as mãos so­bre­ elas, ele partiu dali.

O jovem rico

16 Alguém aproximou-se de Jesus e disse: “Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?” 17 Ele respondeu: “Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos”. – 18 “Quais?”, perguntou ele. Jesus respondeu: “Não cometerás homicídio, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso­ testemunho, 19 honra pai e mãe,­ ama teu pró­xi­mo como a ti mesmo”. 20 O jovem disse-lhe: “Já observo tudo isso. Que me falta ainda?” 21 Jesus respondeu: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá o dinheiro aos po­bres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. 22 Quando ouviu esta pala­vra, o jovem foi embora cheio de tristeza,­ pois possuía mui­tos bens.
23
Então Jesus disse aos discípulos: “Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no Reino dos Céus. 24 E digo ainda: é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Rei­no de Deus”. 25 Ouvindo isso, os discí­pu­los ficaram perplexos e perguntaram: “Quem, pois, poderá salvar-se?” 26 Jesus olhou bem para eles e disse: “Humanamente isso é impossível, mas para Deus tudo é possível”.

A recompensa do Reino

27 Em seguida, Pedro tomou a palavra e disse-lhe: “Olha! Nós deixamos tudo e te seguimos. Que haveremos de receber?” 28 Jesus respondeu: “Em verdade vos digo, quando o mundo for renovado e o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, também vós, que me seguistes, havereis de sen­tar-vos em doze tronos, para julgar as do­ze tribos de Israel. 29 E todo aquele que ti­ver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, fi­l­hos ou campos, por causa do meu nome,­ receberá cem vezes mais e terá como herança a vida eterna.
30
Ora, muitos que são primeiros serão úl­ti­mos, e muitos que são últimos serão primeiros.

Os trabalhadores na vinha

201 Pois o Reino dos Céus é como o proprietário que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. 2 Combinou com os trabalhadores a diária e os mandou para a vinha. 3 Em plena manhã, saiu de novo, viu outros que estavam na praça, desocupados, 4 e lhes disse: ‘Ide também vós para a minha vinha! Eu pagarei o que for justo’. 5 E eles foram. Ao meio-dia e em plena tarde, ele saiu novamente e fez a mesma coisa. 6 Saindo outra vez pelo fim da tarde, encontrou outros que estavam na praça e lhes disse: ‘Por que estais aí o dia inteiro desocupados? 7 Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. E ele lhes disse: ‘Ide vós também para a minha vinha’. 8 Ao anoitecer, o dono da vinha disse ao administrador: ‘Chama os trabalhadores e faze o pagamento, começando pelos últimos até os primeiros!’ 9 Vieram os que tinham sido contratados no final da tarde, cada qual recebendo a diária. 10 Em seguida vieram os que foram contratados primeiro, pensando que iam receber mais. Porém, cada um deles também recebeu apenas a diária. 11 Ao receberem o pagamento, começaram a murmurar contra o proprietário: 12 ‘Estes últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que su­portamos o peso do dia e o calor ardente’. 13 Então, ele respondeu a um deles: ‘Companheiro, não estou sendo injusto contigo. Não combinamos a diária? 14 Toma o que é teu e vai! Eu quero dar a este último o mesmo que dei a ti. 15 Acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja porque estou sendo bom?’ 16 Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos”.

Terceiro anúncio da Paixão

17 Subindo para Jerusalém, Jesus chamou os doze discípulos de lado e, pelo caminho, disse-lhes: 18 “Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte 19 e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, açoitá-lo e cru­cificá-lo. Mas no terceiro dia, ressuscitará”.

O pedido dos filhos de Zebedeu

20 A mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, aproximou-se de Jesus e prostrou-se para lhe fazer um pedido. 21 Ele perguntou: “Que queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. 22 Jesus disse: “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23 “Sim”, declarou Jesus, “do meu cálice bebereis, mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda não depende de mim. É para aqueles a quem meu Pai o preparou”. 24 Quando os outros dez ouviram isso, ficaram zangados com os dois irmãos. 25 Jesus, porém, chamou-os e disse: “Sabeis que os chefes das nações as dominam e os grandes fazem sentir seu poder. 26 Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, 27 e quem quiser ser o primeiro entre vós, seja vosso escravo. 28 Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”.

Os cegos de Jericó

29 Quando estavam saindo de Jericó acompanhava-os uma grande multidão. 30 Nisso, dois cegos sentados à beira da estrada ouviram que Jesus estava passando. Gritaram: “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós!” 31 A multidão os repreendia para que se calassem. Mas eles gritavam ainda mais alto: “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós!” 32 Jesus parou e os chamou, dizendo: “Que quereis que eu vos faça?” 33 Eles disseram: “Senhor, que nossos olhos se abram!” 34 Jesus teve compaixão e tocou nos olhos deles. Imediatamente recuperaram a vista e passaram a segui-lo.

Entrada em Jerusalém

21 1 Jesus e os discípulos aproximaramse de Jerusalém e chegaram a Betfagé, no Monte das Oliveiras. Então Jesus enviou dois discípulos, 2 dizendo-lhes: “Ide até o povoado ali na frente, e logo encontrareis uma jumenta amarrada e, com ela, um ju­mentinho. Desamarrai-os e trazei-os a mim! 3 E se alguém vos disser alguma coisa, direis: ‘O Senhor precisa deles, mas logo os mandará de volta’”. 4 Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta:
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Dizei à filha de Sião:
Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta”.
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Então os discípulos foram e fizeram como Jesus lhes havia mandado. 7 Trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram seus mantos em cima, e Jesus montou. 8 A numerosa multidão estendeu seus mantos no caminho, enquanto outros cortavam ramos de árvores e os espalhavam no caminho. 9 As multidões na frente e atrás dele clamavam: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!”
10
Quando Jesus entrou em Jerusalém, a cidade inteira ficou alvoroçada, e diziam: “Quem é este?” 11 E as multidões respondiam: “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia”.

A purificação do templo

12 Jesus entrou no templo e expulsou todos os que ali estavam vendendo e comprando. Derrubou as mesas dos que trocavam moedas e as bancas dos vendedores de pombas. 13 E disse-lhes: “Está escrito: ‘Minha casa será chamada casa de oração’. Vós, porém, fizestes dela um antro de ladrões”.
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Os cegos e os aleijados aproximaram-se de Jesus, no templo, e ele os curou. 15 Os su­mos sacerdotes e os escribas ficaram indignados, ao ver as maravilhas que ele fazia e as crianças que gritavam no templo: “Hosana ao Filho de Davi!” 16 Interpelaram-no: “Estás ouvindo o que dizem?” – “Sim, estou”, respondeu Jesus. “Nunca lestes nas Escrituras: ‘Da boca dos pequeninos e das criancinhas preparaste um louvor’?” 17 Então, os deixou, saiu da cidade e foi para Be­tânia, onde passou a noite.

Maldição da figueira

18 De manhã cedo, voltando para a cidade, Jesus teve fome. 19 Ao avistar uma figueira na beira do caminho, foi até lá, mas não achou nada, a não ser folhas. Disse então à figueira: “Nunca mais produzas fruto algum!” E, no mesmo instante, a figueira secou. 20 Vendo, os discípulos disseram admirados: “Como é que a figueira secou tão de repente?” 21 Jesus respondeu-lhes: “Em ver­dade, vos digo: se tiverdes fé e não duvidar­des, não só fareis o que fiz com a figueira, mas também, se disserdes a esta montanha: ‘Arranca-te daí e joga-te no mar’, aconte­cerá. 22 Tudo o que, na oração, pedirdes com fé, vós o recebereis”.

A questão da autoridade

23 Jesus voltou ao templo. Enquanto ensinava, os sumos sacerdotes e os anciãos do povo aproximaram-se dele, perguntando: “Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu essa autoridade?” 24 Jesus respondeu-lhes: “Eu também vou fazer-vos uma só pergunta. Se me responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço isso. 25 De onde era o ba­tismo de João, do céu ou dos homens?” Eles ponderavam entre si: “Se respondermos: ‘Do céu’, ele nos dirá: ‘Por que não acreditastes nele?’ 26 Se respondermos: ‘Dos homens’, fi­camos com medo do povo, pois todos têm João em conta de profeta”. 27 Então responderam-lhe: “Não sabemos.” Ao que ele retrucou:­ “Pois eu também não vos digo com que autoridade faço essas coisas.

Os dois filhos

28 “Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ 29 O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de atitude e foi. 30 O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu:­ ‘Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi. 31 Qual dos dois fez a vontade do pai?” Os sumos sa­cerdotes e os anciãos responderam: “O primeiro.” Então Jesus lhes disse: “Em verdade vos digo que os publicanos e as pros­titutas vos precedem no Reino de Deus. 32 Pois João veio até vós, caminhando na justiça, e não acreditastes nele. Mas os publi­ca­nos e as prostitutas creram nele. Vós, porém,­ mesmo vendo isso, não vos arrepen­destes, para crer nele.

Os agricultores assassinos

33 “Escutai esta outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, cavou nela um lagar para pisar as uvas e construiu uma torre de guarda. Ele a alugou a uns agricultores e viajou para o estrangeiro. 34 Quando chegou o tempo da colheita, ele mandou os seus servos aos agricultores para receber seus frutos. 35 Os agricultores, porém, agarraram os servos, espancaram a um, mataram a outro, e a outro apedrejaram. 36 Ele ainda mandou outros servos, em maior número que os primeiros. Mas eles os trataram do mesmo modo. 37 Por fim, enviou-lhes o próprio filho, pensando: ‘A meu filho respeitarão’. 38 Os agricultores, porém, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e tomemos posse de sua herança!’ 39 Então agarraram-no, lançaram-no fora da vinha e o mataram. 40 Pois bem, quando o dono da vinha voltar, que fará com esses agricultores?” 41 Eles responderam: “Dará triste fim a esses criminosos e arrenda­rá a vinha a outros agricultores, que lhe entre­garão os frutos no tempo certo”. 42 Então, Jesus lhes disse: “Nunca lestes nas Escrituras:
A pedra que os construtores rejeitaram, esta é que se tornou a pedra angular. Isto foi feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos’?
43
Por isso vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e entregue a um povo que produza frutos. 44 Quem cair sobre essa pedra ficará despedaçado, e se ela cair sobre alguém, o esmagará”.
45
Os sumos sacerdotes e os fariseus ouviram as parábolas de Jesus e entenderam que estava falando deles. 46 Procuraram pren­dê-lo, mas ficaram com medo das multidões, pois elas o tinham na conta de profeta.

O banquete de casamento e o traje de festa

22 1 Jesus voltou a falar em parábolas aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo, 2 dizendo: “O Reino dos Céus é como um rei que preparou a festa de casamento do seu filho. 3 Mandou seus servos chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram vir. 4 Mandou então outros servos, com esta ordem: ‘Dizei aos convidados: já preparei o banquete, os bois e os animais cevados já foram abatidos e tudo está pronto. Vinde para a festa!’ 5 Mas os convidados não deram a menor atenção: um foi para seu campo, outro para seus negócios, 6 outros agarraram os servos, bateram neles e os mataram.
7
O rei ficou irritado e mandou suas tropas matar aqueles assassinos e incendiar a cidade deles. 8 Em seguida, disse aos servos: ‘A festa de casamento está pronta, mas os convidados não foram dignos dela. 9 Portanto, ide às encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes’. 10 Os servos saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados.
11
Quando o rei entrou para ver os convidados, observou um homem que não estava em traje de festa 12 e perguntou-lhe: ‘Meu caro, como entraste aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem ficou sem responder. 13 En­tão o rei disse aos que serviam: ‘Amarrai os pés e as mãos desse homem e lançai-o fo­ra, nas trevas! Ali haverá choro e ranger de dentes’. 14 Pois muitos são chamados, mas poucos são escolhidos”.

O imposto pago a César

15 Os fariseus saíram e fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. 16 Man­daram os seus discípulos, junto com alguns partidários de Herodes, para perguntar: “Mes­tre, sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus segundo a verdade. Não te deixas influenciar por ninguém, pois não olhas a aparência das pessoas. 17 Dize-nos o que pensas: é permitido, ou não, pagar imposto a César?” 18 Jesus percebeu-lhes a maldade e disse: ‘Hipócritas! Por que me armais uma cilada? 19 Mostrai-me a moeda do imposto!” Apresentaram-lhe a moeda. 20 “De quem é esta figura e a inscrição?”, perguntou­ ele. 21 “De César”, responderam. Ele então lhes dis­se: “Devolvei, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus”. 22 Ouvin­do isto, eles ficaram assombrados e, deixando­ Jesus, foram embora.

A ressurreição dos mortos

23 Naquele dia, aproximaram-se dele uns saduceus, os quais afirmam que não há ressurreição. Perguntaram-lhe: 24 “Mestre! Moisés disse: se alguém morrer sem deixar filhos, seu irmão deve se casar com a mulher dele, para dar descendência ao irmão.25 Ora, havia entre nós sete irmãos. O primeiro era casado, morreu e, como não tivesse filhos, deixou a mulher para o irmão. 26 Do mesmo modo aconteceu com o segundo e o terceiro, até o sétimo. 27 No fim de todos, morreu a mulher. 28 Na ressurreição, a qual dos sete pertencerá a mulher, já que todos a tiveram por esposa?” 29 Jesus lhes respondeu: “Estais errados. Não compreendeis a Escritura, nem o poder de Deus. 30 Na ressurreição não haverá homens e mulheres casando-se, mas serão como anjos no céu. 31 E quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que Deus vos disse: 32Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó’? Ele é Deus não de mortos, mas de vivos”. 33 Ouvindo isso, as multidões se extasiavam com seu ensinamento.

O principal mandamento

34 Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então se reuniram, 35 e um deles, um doutor da Lei, perguntou-lhe, para experimentá-lo: 36 “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” 37 Ele respondeu: “‘Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento!’ 38 Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39 Ora, o segundo lhe é semelhante: ‘Amarás teu próximo como a ti mesmo’. 40 Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos”.

O senhor e filho de Davi

41 Estando os fariseus reunidos, Jesus lhes perguntou: 42 “Que pensais sobre o Cristo? De quem ele é filho?” – “De Davi”, responderam. 43 Ele replicou: “Como, então, movido pelo Espírito, Davi o chama de ‘senhor’, quando diz:
44
Disse o Senhor ao meu senhor: Senta-te à minha direita até que eu ponha teus inimigos debaixo dos teus pés’?
45
Se Davi o chama ‘senhor’, como pode ele ser seu filho?” 46 Ninguém conseguia responder-lhe nada. E a partir daquele dia, ninguém mais teve coragem de lhe fazer perguntas.

Advertência a respeito dos escribas e dos fariseus

23 1 Depois, Jesus falou às multidões e aos discípulos: 2 “Os escribas e os fa­ri­seus sentaram-se no lugar de Moisés para ensinar. 3 Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. 4 Amar­ram fardos pesados e insuportáveis e os põem nos ombros dos outros, mas eles mesmos não querem movê-los, nem sequer com um dedo. 5 Fazem todas as suas ações só para serem?vistos pelos outros, usam faixas bem largas com trechos da Lei e põem no manto franjas bem longas. 6 Gostam do lugar de honra nos banquetes e dos primeiros assentos nas sina­go­gas, 7 de serem cumprimentados nas pra­ças­ pú­blicas e de serem chamados de ‘rabi’. 8 Quanto a vós, não vos façais chamar de ‘ra­bi’,­ pois um só é vosso Mestre e todos vós sóis irmãos. 9 Não chameis a ninguém na terra de ‘pai’, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. 10 Não deixeis que vos chamem de ‘guia’, pois um só é o vosso Guia, o Cristo. 11 Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. 12 Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.­

Sete “ais” dirigidos aos escribas e aos fariseus

13 “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!­ Fechais aos outros o Reino dos Céus, mas vós mesmos não entrais, nem deixais entrar aqueles que o desejam. [14 ]
15
Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Percorreis o mar e a terra para converter alguém, e quando o conseguis, o tornais merecedor do inferno, duas vezes mais do que vós.
16
Ai de vós, guias cegos! Dizeis: ‘Se alguém jura pelo Santuário, não vale; mas se alguém jura pelo ouro do Santuário, então vale!’ 17 Insensatos e cegos! Que é mais importante, o ouro ou o Santuário que santifica o ouro? 18 Dizeis também: ‘Se alguém jura pelo altar, não vale; mas, se alguém jura pela oferenda que está sobre o altar, então vale!’ 19 Cegos! Que é mais importante: a oferen­da ou o altar que santifica a oferenda? 20 De fato, quem jura pelo altar jura por ele e por tudo o que está sobre ele. 21 E quem jura pelo Santuário jura por ele e por Deus, que ha­bita no Santuário. 22 E quem jura pelo céu jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado.
23
Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixais de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como o direito, a misericórdia e a fidelidade. Isto é que deveríeis praticar, sem contudo deixar aquilo. 24 Guias cegos! Filtrais o mosquito, mas en­golis o camelo.
25
Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Limpais o copo e o prato por fora, mas por dentro estais cheios de roubo e cobiça. 26 Fariseu cego! Limpa primeiro o copo por dentro, que também por fora ficará limpo.
27
Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de?os­sos de cadáveres e de toda podridão! 28 Assim­ também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios­ de hipocrisia e injustiça.
29
Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Construís sepulcros para os profetas e enfei­tais os túmulos dos justos, 30 e dizeis: ‘Se ti­véssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas’. 31 Com isso, confessais que sois fi­lhos daqueles que mataram os profetas. 32 Vós, pois, completai a medida de vossos pais! 33 Serpentes! Víboras que sois! Como escapareis da condenação ao inferno? 34 Ve­de, eu vos envio profetas, sábios e escri­bas: a uns matareis e crucificareis; outros açoi­ta­reis nas vossas sinagogas e expul­sa­reis de cidade em cidade. 35 Deste modo, re­cairá so­bre vós todo o sangue dos justos derramado na terra, desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que as­sassinastes entre o Santuário e o altar. 36 Em verdade, vos digo: tudo isso vai recair sobre esta geração.

Lamento sobre Jerusalém

37 “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas aqueles que te foram envia­dos! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos como uma galinha reúne seus pintainhos debaixo das asas, mas não quisestes! 38 Vede, vossa casa ficará deserta. 39 Pois eu vos digo: desde agora não mais me vereis até que di­gais: ‘Bendito aquele que vem em nome do Senhor!’”


SERMÃO ESCATOLÓGICO

Anúncio da destruição do templo

24 1 Jesus saiu do templo e foi caminhando. Os discípulos se aproximaram para lhe mostrar as construções do templo. 2 Ele então declarou: “Não estais vendo tudo isto? Em verdade vos digo: não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”.

O começo das dores

3 Quando, então, se sentou no Monte das Oliveiras, os discípulos se dirigiram a ele em particular e perguntaram: “Dize-nos: quando será isso? Qual será o sinal da tua vinda e do fim do mundo?” 4 Jesus tomou a palavra e disse: “Cuidado para que ninguém vos engane! 5 Pois muitos virão, usando o meu nome e dizendo: ‘Eu sou o Cristo!’ E enganarão muita gente. 6 Ouvireis falar de batalhas, notícias de guerras. Prestai atenção e não vos assusteis, pois é preciso que essas coisas aconteçam. Mas ainda não é o fim. 7 De fato, há de se levantar nação contra nação e reino contra reino. Haverá fome e terremotos em vários lugares. 8 Tudo isso é o começo das dores.

As perseguições

9 “Então vos entregarão à tortura e à morte. E por causa do meu nome sereis odiados por todas as nações. 10 Muitos tropeçarão, trairão uns aos outros e se odiarão mutuamente. 11 Hão de surgir muitos falsos profetas, que enganarão muita gente. 12 A maldade se espalhará tanto que o amor de muitos esfriará. 13 Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo”. 14 A Boa Nova do Reino será proclamada em todo o mundo, como testemunho para todas as nações. E então virá o fim.

A grande tribulação

15 “Quando virdes, então, a abominação desoladora, de que falou o profeta Daniel, ins­talada no Lugar santo – o leitor entenda! –, 16 aqueles que estiverem na Judéia fujam para as montanhas. 17 Quem estiver no terraço não entre para apanhar coisa alguma em casa. 18 Quem estiver no campo não volte atrás para pegar o manto. 19 Ai das mulheres grávidas e das que estiverem amamentando naqueles dias. 20 Orai, para que vossa fuga não aconteça no inverno ou em dia de sábado. 21 Haverá então grande aflição, como nunca houve desde o início do mundo até agora e nunca mais haverá. 22 Se aqueles dias não fossem encurtados, ninguém escaparia; mas, por causa dos eleitos, serão encurtados. 23 Se então alguém vos disser: ‘O Cristo está aqui!’, ou: ‘Ele está ali!’, não acrediteis. 24 Surgirão falsos cristos e falsos profetas, que farão grandes prodígios e maravilhas para enganar, se possível, até os eleitos. 25 Vede, eu vos preveni! 26 Se vos disserem: ‘Ele está no deserto’, não andeis até lá, ou: ‘Ele está nos esconderijos’, não acre­diteis. 27 Como de repente o relâmpago sai do oriente e reluz até o poente, assim será a vinda­ do Filho do Homem. 28 Onde estiver o cadáver, ali se ajuntarão os abutres.

A vinda do Filho do Homem

29 “Depois da aflição daqueles dias, o sol ficará escuro, a lua perderá sua claridade, as estrelas cairão do céu e as potências celestes serão abaladas. 30 Aparecerá, então, no céu, o sinal do Filho do Homem. Então todas­ as tribos da terra baterão no peito e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com grande poder e glória. 31 Ele enviará seus anjos com uma grande trombeta; ao seu toque, os eleitos serão reunidos dos quatro cantos da terra, de uma extremidade dos céus à outra.

A lição da figueira

32 “Aprendei da figueira a lição: quando seus ramos vicejam e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. 33 Vós, do mesmo modo, quando virdes todas essas coisas, ficai sabendo que está próximo, às portas. 34 Em verdade vos digo: não passará esta geração até que tudo isso aconteça. 35 Passarão o céu e a terra, mas minhas palavras não passarão.
36
Quanto àquele dia e hora, porém, ninguém tem conhecimento, nem os anjos do céu, nem mesmo o Filho, mas somente o Pai.

Os dias de Noé

37 “A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. 38 Nos dias antes do dilúvio,­ todos comiam e bebiam, homens e mu­lheres casavam-se, até o dia em que Noé en­trou na arca. 39 E nada perceberam até que veio o di­lúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. 40 Dois ho­mens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. 41 Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada.
42
Vigiai, portanto, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.

O vigilante dono de casa

43 “Ficai certos: se o dono de casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que sua casa fosse arrombada. 44 Por isso, também vós, ficai preparados! Pois na hora em que menos pensais, virá o Filho do Homem.

O servo fiel e prudente

45 “Quem é o servo fiel e prudente, que o Se­nhor encarregou do pessoal da casa, para lhes dar alimento na hora certa? 46 Feliz aquele servo que o senhor, ao chegar, encontrar agindo assim. 47 Em verdade vos digo, ele lhe con­fiará a administração de todos os seus bens. 48 O servo mau, porém, se pensar consi­go mesmo: ‘Meu senhor está demorando’ 49 e começar a bater nos companheiros e a comer­ e a beber com os bêbados, 50 então o senhor desse servo virá num dia inesperado e numa hora imprevista. 51 Ele o excluirá e lhe imporá a sorte dos hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes.

As dez virgens

25 1 “O Reino dos Céus pode ser comparado a dez moças que, levando suas lamparinas, saíram para formarem o séquito do noivo. 2 Cinco delas eram descuidadas e as outras cinco eram previdentes. 3 As descuidadas pegaram suas lâmpadas, mas não levaram­ óleo consigo. 4 As previdentes, porém, levaram jarros com óleo junto com as lâmpadas. 5 Como o noivo demorasse, todas acabaram cochilando e dormindo. 6 No meio da noite, ouviu-se um alvoroço: ‘O noivo está chegando. Ide acolhê-lo!’ 7 Então todas se levantaram e prepararam as lâmpadas. 8 As descuidadas disseram às previdentes: ‘Dai-nos um pouco de óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando’. 9 As previdentes responderam: ‘De modo algum, pois o óleo pode ser insuficiente para nós e para vós. É melhor irdes comprar dos vendedores”. 10 Enquanto elas foram comprar óleo, o noivo chegou, e as que estavam preparadas entraram com ele para a festa do casamento. E a porta se fechou. 11 Por fim, chegaram também as outras e disseram: ‘Senhor! Senhor! Abre-nos a por­ta!’ 12 Ele, porém, respondeu: ‘Em verdade vos digo: não vos conheço!’ 13 Portanto, vigiai, pois não sabeis o dia, nem a hora.

Os talentos

14O Reino dos Céus é também como um homem que ia viajar para o estrangeiro. Chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens: 15 a um, cinco talentos, a outro, dois e ao terceiro, um – a cada qual de acordo com sua capacidade. Em seguida viajou. 16 O servo que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles e lucrou outros cinco. 17 Do mes­mo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. 18 Mas aquele que havia recebido um só, foi cavar um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
19
Depois de muito tempo, o senhor voltou e foi ajustar contas com os servos. 20 Aquele que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco­ que lucrei’. 21 O senhor lhe disse: ‘Parabéns, servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da alegria do teu senhor!’ 22 Chegou também o que havia recebido dois talentos e disse: ‘Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei’. 23 O senhor lhe disse: ‘Parabéns, servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da alegria do teu senhor!’ 24 Por fim, chegou aquele que havia recebido um só talento, e disse: ‘Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ajuntas onde não semeaste. 25 Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’. 26 O senhor lhe respondeu: ‘Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu colho onde não plantei e que ajunto onde não semeei. 27 Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence’. 28 Em seguida, o senhor ordenou: ‘Tirai dele o talento e dai àquele que tem dez! 29 Pois a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30 E quanto a este servo inútil, lançai-o fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes!’

O julgamento das nações

31 “Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, ele se assentará em seu trono glorioso. 32 Todas as nações da terra serão reunidas diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos, à sua esquerda.
34
Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! 35 Pois eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; 36 estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e fostes visitar-me’. 37 Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede, e te demos de beber? 38 Quando foi que te vimos como forasteiro, e te recebemos em casa, sem roupa, e te ves­timos? 39 Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ 40 Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade, vos digo: todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pe­quenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!’
41
Depois, o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos!­ Ide para o fogo eterno, preparado para o dia­bo e para os seus anjos. 42 Pois eu estava com fome, e não me destes de comer; com sede, e não me destes de beber; 43 eu era forasteiro, e não me recebestes em casa; nu, e não me vestistes; doente e na prisão, e não fostes visitar-me. 44 E estes responderão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome ou com sede, forasteiro ou nu, doente ou preso, e?não te servimos?’ 45 Então, o Rei lhes responderá:­ ‘Em verdade, vos digo, todas as vezes que não fizestes isso a um desses mais pequenos,­ foi a mim que o deixastes de fazer!’ 46 E estes­ irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna”.


MORTE E RESSURREIÇÃO

A conspiração contra Jesus


Mateus (CNB) 19