Evangelii praecones PT 49

10. Assistência social


49 Passamos agora a outro ponto que não é de menor importância ou gravidade; queremos aludir à questão social, que se deve resolver segundo a justiça e a caridade. Enquanto as máximas dos comunistas, que hoje correm por toda parte, enganam facilmente as inteligências simples e incultas, parecem ressoar outra vez aos nossos ouvidos as palavras de Jesus Cristo: "Compadeço-me da multidão" (Mc 8,2). É absolutamente necessário que os princípios justos, ensinados pela Igreja nesta matéria, sejam seriamente aplicados. É absolutamente necessário preservar todos os povos desses erros perniciosos; ou, se já estão imbuídos deles, libertá-los de tais doutrinas funestas que propõem o gozo deste mundo como fim único e necessário desta vida mortal; doutrinas essas que entregam todas as coisas ao poder e arbítrio do Estado, para que as possua e administre diminuindo a dignidade da pessoa humana a ponto de a aniquilar quase totalmente. É absolutamente necessário ensinar a todos, em particular e em público, que tendemos como exilados para uma pátria imortal; e que estamos destinados para uma vida e felicidade eternas, a que havemos de ser levados pela verdade e pela virtude. Só Cristo é o defensor da justiça e o consolador terníssimo da dor humana, inevitável nesta vida; só ele nos mostra o porto da paz, da justiça e do gozo eterno, ao qual todos os que fomos remidos pelo sangue divino devemos chegar, ao fim do caminho desta vida na terra.


50 Mas, por outro lado, é dever também de todos mitigar, suavizar e aligeirar, quanto possível, as angústias, misérias e dores desta vida que afligem os nossos irmãos.


51 A caridade, é certo que pode remediar parcialmente muitas injustiças sociais, mas não basta. É preciso, antes de mais, que a justiça vigore, reine, e se aplique.


52 A este propósito convém citar o que dissemos no ano de 1942, pelo Natal, dirigindo-nos ao sacro colégio e aos prelados: "A Igreja, assim como condenou os vários sistemas do socialismo marxista, assim os volta a condenar ainda, como é seu dever e como o pede a eterna salvação dos homens, posta em grave perigo por esses raciocínios falazes e maquinações insidiosas. Mas a Igreja não pode ignorar ou deixar de reconhecer que os operários, ao procurarem melhorar a sua condição, encontram-se de frente muitas vezes a alguma coisa que longe de ser conforme à natureza, contrasta com a ordem de Deus e com o objetivo que ele assinalou aos bens terrenos. Por mais falsos, condenáveis e perigosos que tenham sido e sejam os caminhos seguidos nas reivindicações, quem, sobretudo se é sacerdote ou cristão, poderá fechar os ouvidos ao grito que se levanta do fundo da alma e clama justiça e espírito de fraternidade no mundo de um Deus justo? Não o notar ou nada dizer seria pecado diante de Deus e seria, além disso, contrário ao sentir do apóstolo, que, se recomenda decisão contra o erro, ensina também que devemos atender com a maior benignidade os que erram, examinar-lhes as razões, alimentar-lhes as esperanças e satisfazer os anseios... A dignidade da pessoa humana exige pois, ordinariamente, como fundamento natural para viver, o direito ao uso dos bens da terra; a tal direito corresponde a obrigação fundamental de facultar uma propriedade privada, possivelmente a todos. As normas jurídicas positivas reguladoras da propriedade privada podem mudar e conceder uso mais ou menos circunscrito dos bens; mas, se querem contribuir para a pacificação da comunidade, deverão obstar a que o operário, que é ou será pai de família, seja condenado a uma dependência ou escravidão econômica, inconciliáveis com os seus direitos de pessoa. Quer essa servidão derive da prepotência do capital privado, quer venha do poder do Estado, o efeito não muda; antes, pelo contrário, sob a pressão de um Estado que tudo domina, e regula por completo a vida pública e privada, penetrando até no campo do pensamento e da consciência, semelhante falta de liberdade pode ter conseqüências ainda mais funestas, como a experiência o manifesta e testemunha". (14)

(14) AAS 35(1943), p 16-17.

53 A vós, veneráveis irmãos, que exerceis vossa esclarecida atividade nos territórios das missões católicas, a vós compete procurar diligentemente que esses princípios e normas sejam aplicados. Considerando as condições peculiares do lugar, e trocando mutuamente impressões nas assembléias de bispos, nos sínodos e noutras reuniões, esforçai-vos o mais possível por fundar a tempo agrupamentos, associações e instituições econômicas e sociais requeridas pela época e pela índole do vosso povo. É sem dúvida um dever pastoral, para que vosso rebanho não venha a ser impelido para fora do caminho reto, iludido por novos erros que se apresentam com o engodo de justiça e de verdade. Procurem ir à frente de todos, nesta causa construtiva, os propagadores do evangelho, que trabalham ativamente ao vosso lado, e conseguirão deste modo a certeza de que não foi dito deles que "os filhos deste século são mais prudentes que os filhos da luz" (Lc 16,8). Será porém conveniente recrutarem quanto possível leigos católicos bem preparados, honestos e hábeis, que tomem à sua conta lançar e desenvolver tais iniciativas.

11. Contra o exclusivismo territorial e jurisdicional


54 Em tempos antigos, nem o grandíssimo campo do apostolado missionário se dividia em circunscrições eclesiásticas definidas, nem estava confiado aos cuidados simultâneos de ordens ou congregações religiosas e do clero indígena em aumento. Todos, porém, sabem que é precisamente isto o que hoje acontece, de lei geral; e dá-se também às vezes o caso de algumas regiões estarem confiadas a religiosos de província particular dum instituto. Reconhecemos de bom grado a vantagem deste estado de coisas, pois facilita a organização das missões. Mas também pode originar seríssimos inconvenientes, a que é preciso prover quanto possível. Já os nossos predecessores trataram este assunto em cartas especiais (15) e assentaram normas prudentes. Apraz-nos hoje renová-las e confirmá-las, exortando-vos paternalmente, "pelo exemplar zelo da religião e da salvação das almas que vos anima, a que as recebais com docilidade e obediência pronta. Os territórios confiados pela Sé Apostólica ao vosso diligente cuidado, para os ganhardes para Cristo Senhor nosso, são ordinariamente de grande extensão. Pode portanto o número dos missionários, pertencentes ao vosso próprio instituto, ser muito inferior às necessidades. Em tal caso não deixeis de imitar o exemplo das dioceses já organizadas. Como nessas se vêem os bispos ajudados por religiosos de várias famílias, clérigos ou leigos, e também por religiosas diversas, do mesmo modo vós não deveis hesitar em convidar e receber para a tarefa comum missionários que não sejam do vosso instituto, que vos ajudarão a propagar a fé, a educar a juventude indígena, e em outras empresas semelhantes. É justo que as ordens e congregações religiosas se prezem das missões que têm entre pagãos e das conquistas já obtidas para o reino de Cristo; mas não se esqueçam também que os territórios das missões não lhes pertencem em virtude de qualquer direito exclusivo e perpétuo, mas que os possuem ao arbítrio da Santa Sé. Esta conserva o direito e o dever de velar para que sejam devida e plenamente cultivados. Nem, por conseguinte, cumpriria o pontífice romano o seu dever apostólico, se se limitasse apenas a distribuir territórios de maior ou menor extensão a este ou aquele instituto; mas - o que mais importa - deve sempre e com toda a diligência procurar que esses institutos enviem às regiões que receberam missionários tais em número e sobretudo em qualidade, que possam bastar para um trabalho eficaz de completa evangelização da verdade".(16)

((16) AAS 18(1926), pp. 81-82.


12. Respeito a tudo o que há de bom na civilização e nos costumes dos diferentes povos


55 Falta-nos ainda tocar um ponto, que muito desejamos fique bem claro para todos. A Igreja, desde a origem até hoje, sempre seguiu a norma prudentíssima de não permitir que o evangelho destrua, nos vários povos que o recebem, qualquer parcela da bondade e beleza que enriquece a índole e o gênio de cada um. A Igreja, quando civiliza os povos sob inspiração da religião cristã, não procede como quem corta, lança por terra e extermina uma floresta luxuriante, mas sim, como quem enxerta árvores bravas com qualidades escolhidas, para que elas venham a dar frutos mais saborosos e sazonados.


56 A natureza humana, apesar de contaminada hereditariamente pelo pecado de Adão, conserva todavia em si alguma coisa naturalmente cristã, (17) a qual, sendo iluminada pela divina luz e alimentada pela graça, se elevará à categoria de virtude perfeita e de vida sobrenatural.


57 Por isso, a Igreja católica não desprezou nem lançou fora as doutrinas dos pagãos, mas, pelo contrário, purificou-as de todo erro e impureza, desenvolveu-as, e aperfeiçoou-as com a sabedoria cristã. Assim fez também com as artes e a cultura, que a tão alto grau tinham chegado entre alguns povos: recebeu-as acolhedora, desenvolveu-as com afã e elevou-as a um apogeu talvez nunca atingido. Os costumes particulares dos povos, não os reprimiu violentamente nem as suas instituições tradicionais, mas tudo santificou; e até, embora transformando o espírito e o conteúdo dos dias festivos, soube aplicá-los à celebração das memórias dos mártires e dos sagrados mistérios. A esse respeito, escreve com muita razão s. Basílio: "Como... os tintureiros primeiro preparam o pano e depois o impregnam da cor de púrpura ou qualquer outra, assim nós, para conservarmos fixa e para sempre inapagável a glória da virtude, devemos preparar-nos com os estudos profanos para, depois, chegarmos a possuir a ciência sagrada e revelada: uma vez habituados a suportar o sol refletido na água, atrever-nos-emos a fitar a própria luz... Se é verdade que a vida própria da árvore consiste em produzir fruto abundante a seus tempos, não deixam as folhas de lhe dar beleza e movimento; assim também o fruto primário da alma é a verdade em si mesma, mas não lhe fica mal um revestimento de sabedoria humana, como folhas a darem sombra e realce ao fruto. Por isso se diz que o celebérrimo Moisés, considerado o maior sábio de todos os homens, cultivou primeiro o espírito nas ciências dos egípcios, e só depois chegou à contemplação daquele que é. Coisa semelhante se refere de Daniel: aprendeu primeiro em Babilônia a ciência dos caldeus, antes de penetrar as doutrinas sagradas".(18)


58 E nós mesmos, na nossa primeira encíclica Summi pontificatus, escrevemos: "Inumeráveis pesquisas e indagações dos pregoeiros da palavra divina, levadas a cabo através dos tempos com sacrifício, dedicação e amor, propuseram-se fazer compreender mais completa e dignamente as civilizações dos vários povos e desenvolver nestes os dotes e valores espirituais para assim tornarem entre eles mais fecunda, assimilável e vital a pregação do evangelho de Cristo. Tudo quanto em tais usos e costumes não está indissoluvelmente ligado a erros religiosos encontrará sempre benévolo exame e será até, quanto possível, protegido e desenvolvido".(19)


59 No discurso que fizemos no ano de 1944 aos diretores das Pontifícias Obras Missionárias, dissemos entre outras coisas: "O apóstolo é mensageiro do evangelho e pregoeiro de Jesus Cristo. Não tem o encargo de transplantar a civilização especificamente européia para as terras de missões. Mas deve preparar esses povos, que se orgulham às vezes de civilizações milenárias, para acolherem e assimilarem os elementos de vida e de moral cristã, que fácil e naturalmente se adaptam a toda a verdadeira cultura profana e lhe conferem a plena capacidade e força de assegurar e garantir a dignidade e felicidade humanas. Os católicos indígenas embora sejam em primeiro lugar membros da família de Deus e cidadãos do seu reino (Ep 2,19), não deixam contudo de ser também cidadãos da própria pátria terrena".(20)

(17) Cf. Tertuliano., Apologet., c. XVII; PL 1, 377A.
(18) S. Basílio, Ad Adolescentes 2; PG 31, 567A.
(19) AAS 31(1939), p. 429.
(20) AAS 36(1944), p. 210.

13. Exposições missionárias dos anos santos de 1925 e 1950


60 O nosso predecessor de feliz memória Pio XI, no ano jubilar de 1925, mandou organizar uma grandiosa exposição missionária, cujo resultado felicíssimo assim descreveu: "Parece obra suscitada por Deus, para termos novo testemunho e quase experiência da viva união da sua Igreja, que abraça na unidade a terra inteira... Realmente a exposição mostrou-se e ainda se mostra como um grande, imenso livro". (21)

(21) Alocução de 10 de Janeiro de 1926.

61 Nós, levados do mesmo propósito, para tornarmos o mais possível conhecidos os méritos insignes das missões, sobretudo no campo da alta cultura, mandamos durante o ano santo passado juntar número abundante de documentos e expô-los, como sabeis, perto do palácio Vaticano. Assim puderam muitos contemplar abundantes provas da renovação cristã das belas artes, promovida pelos missionários, quer entre povos civilizados quer entre outros menos desenvolvidos.


62 Teve a vantagem de deixar bem claro quanto contribuiu o trabalho dos pregoeiros do evangelho para o progresso das artes liberais e dos estudos universitários; mostrou também que a Igreja não contraria o gênio próprio de cada povo, mas, pelo contrário, o leva à perfeição mais alta.


63 Agradecemos a Deus terem todos recebido com interesse e favor essa realização, manifestadora do revigoramento e expansão da obra missionária. Pois o espírito do evangelho, graças ao zelo dos seus propagadores, conseguiu penetrar o espírito de povos pagãos muito distantes e variados, a ponto de estes apresentarem já claras provas de renascimento artístico. O que mostra de novo que só a fé cristã, arraigada na alma e manifestada na vida, é capaz de elevar as inteligências até realizarem essas obras requintadas, louvor imorredouro da Igreja católica e adorno esplêndido do culto.

14. A União missionária do clero e as Obras Pontifícias de cooperação missionária


64 Bem vos recordais de que na encíclica Rerum Ecclesiae se recomenda instantemente a União missionária do clero, cujo fim é arregimentar membros de ambos os cleros e os seminaristas para, em ativa união, propagarem a causa das missões católicas. Nós que, segundo dissemos, seguimos com grande alegria os notáveis progressos desta União, desejamos com ardor que ela se desenvolva mais ainda e estimule sempre, tanto nos sacerdotes como no povo a eles entregue, o zelo pelas obras missionárias. Essa União é, de certo modo, a fonte que rega, como campos floridos, as obras pontifícias da Propagação da Fé, de São Pedro apóstolo para o clero indígena e da Santa Infância. Não há razão para nos demorarmos a salientar o valor, necessidade e notáveis serviços de tais obras, que nossos predecessores enriqueceram com tesouros de numerosas indulgências. Muito nos agrada que se recolham esmolas dos fiéis, sobretudo no dia das missões; mas desejamos mais ainda que todos orem a Deus onipotente, fomentem e auxiliem as vocações missionárias e desenvolvam as obras pontifícias referidas, principalmente alistando-se nelas. Não ignorais, é claro, veneráveis irmãos, que foi instituída há pouco por nós uma festa especial de crianças para auxiliar com orações e esmolas a Obra da Santa Infância. Oxalá se habituem assim os nossos filhinhos a rezar instantemente a Deus pela salvação dos infiéis; e oxalá nas suas almas, ainda inocentes, cresçam os germes da vocação missionária.


65 Merecem também louvores tantas e tão bonitas iniciativas que com a mesma finalidade e zelo tão intenso promovem os institutos religiosos para sustentar de toda forma as Pontifícias Obras Missionárias; e queremos mostrar também nossa gratidão às associações de senhoras que se dedicam a confeccionar paramentos litúrgicos e roupa de altar. Finalmente queremos assegurar a todos os nossos muito amados ministros da Igreja que o zelo do povo cristão em promover a salvação dos infiéis produz esplêndido reflorescimento de fé e que ao aumento do zelo missionário corresponderá sempre igual aumento de piedade.

15. Apelo ao mundo católico


66 Não queremos por fim terminar esta encíclica sem manifestarmos ao clero e aos fiéis nosso vivo interesse, e mais ainda nosso agradecimento profundo. Pois sabemos que ainda este ano aumentou notavelmente o auxílio prestado pelos nossos filhos às missões. E é bem verdade que vossa caridade não pode aplicar-se melhor do que no alargamento do reino de Cristo e em levar a salvação a tantas almas sem fé; porque o Senhor "deu ordens a cada um sobre o seu próximo" (Si 17,12).


67 A esse propósito, apraz-nos insistir agora com novo empenho no que escrevemos a 9 de Agosto de 1950 na carta dirigida ao nosso amado filho, cardeal presbítero da santa Igreja romana, Pedro Fumasoni Biondi, prefeito da Sagrada Congregação "De Propaganda Fide": "Perseverem todos os féis no propósito de fomentar as missões, multipliquem os meios de as ajudar, elevem sem cessar preces a Deus e ajudem os chamados para o trabalho missionário dando-lhes, quanto puderem, os auxílios necessários.


68 A Igreja é o corpo místico de Cristo, no qual, "se um membro sofre, todos os membros sofrem também" (1Co 12,26). Por isso, sofrendo hoje vários desses membros dores cruéis e encontrando-se até cobertos de feridas, todos os fiéis têm o dever sagrado de se unir com eles em comunhão de forças e de espírito. Em algumas missões, a violência bélica aniquilou horrivelmente Igrejas, escolas e hospitais. Para reparar esses prejuízos e reedificar tantos edifícios, todo o orbe católico na sua dedicação ardente pelas missões dará generosamente o necessário".(22).

(22) AAS 42(1950), p. 727-728.

69 Conheceis muito bem, veneráveis irmãos, que o gênero humano quase todo tende hoje rapidamente a separar-se em dois opostos campos de batalha, por Cristo ou contra Cristo. Vê-se agora num momento decisivo, de que há de sair ou a salvação de Cristo ou tremenda ruína. A veemente atividade e zelo dos pregoeiros do evangelho procura, é certo, dilatar o reino de Cristo; mas há outros pregoeiros que, reduzindo tudo à materialidade e rejeitando toda a esperança de eternidade feliz, procuram reduzir os homens à condição indigníssima.


70 Mais um motivo para a Igreja católica, mãe extremosa de todos os homens, convocar os seus filhos sem exceção para ajudarem quanto puderem os semeadores da verdade evangélica com esmolas, orações e interesse pelas vocações missionárias. Como mãe, insiste ainda para que revistam entranhas de misericórdia (cf. Col 3,12), participem no trabalho apostólico - se não de fato ao menos de coração - e, numa palavra, não consintam que fique inútil o desejo do benigníssimo coração de Jesus que "veio... procurar e salvar o que perecera" (Lc 19,10). Se ajudarem a iluminar com a luz suave da fé cristã ao menos um lar, saibam que contribuem para a efusão de graça que há de prosseguir sempre sem limites; se ajudarem a formar ao menos um padre, terão parte abundantíssima no fruto de imensas missas e nos méritos do trabalho e da santificação própria dele. De fato, todos os fiéis formam uma só e grandíssima família, cujos membros comunicam entre si as riquezas da Igreja militante, padecente e triunfante. Meio incomparável parece, portanto, o dogma da comunhão dos santos para inculcar ao povo cristão a utilidade e importância das missões.



CONCLUSÃO



71 Depois de exprimirmos esses votos paternais e de proclamarmos essas normas, esperamos que todos os católicos tomem o 25° aniversário da encíclica Rerum Eclesiae como incitamento para fazerem mais e melhor pelas missões.


72 Entretanto, confiados nesta doce esperança, a cada um de vós, veneráveis irmãos, ao clero e a todo o povo, especialmente àqueles que promovem esta santíssima causa - ou na pátria com orações e esmolas, ou em países estrangeiros com o trabalho direto - concedemos a bênção apostólica, penhor dos dons celestes e testemunho do nosso paternal amor.

Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 2 de junho, na festa de santo Eugênio I, no ano de 1951, XIII do nosso pontificado.

PIO PP. XII












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