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IV RESTAURAÇÃO DO MOSTEIRO DE MONTECASSINO:


DÍVIDA DA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA



31 Tendo o furacão da guerra assolado, como sabeis, veneráveis irmãos, as regiões do Lácio e da Campânia, subiu também ao vértice do sagrado monte de Cassino. E ainda que nada do que estava ao nosso alcance tenhamos omitido para obviar aos irreparáveis estragos infligidos à santíssima religião, à arte e a própria civilização, o grandioso cenóbio, todavia, que tinha chegado até nós, através dos séculos, como farol luminoso vencendo a treva, foi arrasado, totalmente destruído. Ao contemplarmos as cidades, vilas e aldeias circunjacentes, reduzidas a ruínas e destroços, é quase para dizer que o velho Arquicenóbio, berço da ordem beneditina, quis partilhar do luto e da desgraça dos que realmente podia considerar seus filhos; quase nada mais resta de pé a não ser o sagrado hipogeu onde se conservam os restos do santo patriarca.


32 Onde se erguiam magníficos monumentos de arte, apenas restam hoje paredes em ruínas, montões de escombros e de entulho, que a vegetação selvagem vai amortalhando de verde, ao lado da pequena habitação que se levantou, há pouco, para abrigo dos monges. No entanto, não podemos duvidar de que, completando-se, na presente conjuntura, catorze séculos depois que o santíssimo Patriarca passou à bem-aventurança após haver dado início e remate a tão gloriosa obra, não podemos duvidar de que todos os homens de bem, de ânimo generoso e, sobretudo, os que dispõem de maiores possibilidades pecuniárias, hão de colaborar na restituição do antiquíssimo mosteiro a seu passado esplendor. É uma dívida da sociedade contemporânea à ordem beneditina. Porque, se efetivamente nos podemos gloriar do adiantamento da nossa cultura, se ainda sentimos prazer na leitura dos velhos escritores, devemo-lo - necessário confessá-lo - a Bento e a seus filhos. Estamos, pois, persuadidos de que a nossa esperança e os nossos votos vão ter perfeita correspondência. De modo que se não limite, apenas, esta obra a reconstrução material do mosteiro, mas seja augúrio de mais venturosos tempos para a expansão e progresso sempre renovado da Ordem e da oportuníssima Regra beneditina.


33 Animados desta suavíssima esperança, a vós, veneráveis irmãos, a todos os que estão comados ao vosso zelo apostólico, à numerosíssima família dos monges que se gloriam de haver por pai e mestre o santo Patriarca, do mais íntimo da alma concedemos a bênção apostólica, penhor de celestiais graças e testemunho da nossa benevolência.

Dado em Roma, junto de São Pedro, na festa de São Bento, no dia 21 de março de 1947, IX ano de nosso pontificado.



PIO PP. XII







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