Salmos (CNB) 70

 Senhor, vem depressa em meu auxílio!

70(69) 1 [Ao maestro do coro. De Davi. Para comemorar.]
2
Senhor, livra-me;
vem depressa, Senhor, em meu auxílio.
3
    §Fiquem confusos e envergonhados
os que buscam tirar-me a vida;
caiam para trás e fiquem cobertos de
ignomínia
os que se alegram com minha ruína.
4
    §Recuem, cobertos de vergonha,
os que zombam de mim.
5
Exultem e se alegrem em ti
todos os que te buscam;
digam sempre: “O Senhor é grande”
os que desejam a tua salvação.
6
    §Eu porém sou pobre e infeliz;
Deus socorre-me!
Tu és meu auxílio e meu libertador,
Senhor, não demores.

 Vou narrar as maravilhas do Senhor 

71(70) 1 Em ti me refugio, Senhor,
que eu não seja confundido para sempre.
2
Liberta-me, defende-me pela tua justiça,
atende-me e salva-me.
3
    §Sê para mim uma rocha de defesa,
uma fortaleza para a minha salvação,
porque és meu rochedo e meu refúgio.
4
Meu Deus, salva-me da mão do ímpio,
do poder do malvado e do opressor.
5
    §És tu, Senhor, a minha esperança,
és minha confiança, Senhor, desde a
minha juventude.
6
Sobre ti me apoiei desde o seio materno,
desde o colo de minha mãe és minha
proteção;
em ti está sempre o meu louvor.
7
Muitos se espantavam ao ver-me:
mas tu és o meu abrigo seguro.
8
    §De teu louvor está cheia a minha boca,
de tua glória, o dia todo.
9
Não me rejeites no tempo da velhice,
não me abandones quando diminuem
minhas forças.
10
§Pois contra mim falam meus inimigos,
os que me espreitam tramam juntos:
11
“Deus o abandonou, persegui-o, agarrai-o,
porque não há quem o liberte”.
12
§Ó Deus, não fiques longe de mim,
meu Deus, vem logo ajudar-me.
13
Sejam confundidos e aniquilados os que
me acusam,
sejam cobertos de infâmia e de vergonha
os que querem me arruinar.
14
§Eu, porém, não perco a esperança,
multiplicarei teu louvor.
15
Minha boca anunciará a tua justiça,
sempre proclamará a tua salvação, que
não sei avaliar.
16
§Virei com o poder do Senhor,
recordarei que só tu és justo.
17
Tu me instruíste, ó Deus, desde a minha
juventude
e ainda hoje proclamo os teus prodígios.
18
E agora, na velhice, de cabelos brancos,
Deus, não me abandones,
até que eu anuncie teu poder, as tuas
maravilhas
a todas as gerações que virão.
19
§A tua justiça, ó Deus, é alta como o céu,
fizeste coisas grandes: quem é como tu,
ó Deus?
20
Fizeste-me provar muitas angústias e
desventuras;
tornarás a dar-me vida,
me farás subir de novo dos abismos da terra.
21
Aumentarás minha grandeza
e outra vez me consolarás.
22
§Então te darei graças com a harpa,
pela tua fidelidade, meu Deus;
vou te cantar com a cítara, ó santo de Israel.
23
Cantando os teus louvores, exultarão
meus lábios
e a minha vida, que resgataste.
24
Também minha língua o dia todo
proclamará tua justiça,
quando serão confundidos e humilhados
os que procuram arruinar-me.

 Deus fará justiça aos pobres

72(71) 1 [De Salomão.]
Deus, dá ao rei teu julgamento,
ao filho do rei a tua justiça;
2
para que governe teu povo com justiça
e com retidão os teus pobres.
3
    §As montanhas tragam a paz ao povo
e as colinas lhe tragam justiça.
4
Aos pobres do seu povo fará justiça,
salvará os filhos dos pobres
e abaterá o opressor.
5
Seu reino durará quanto o sol,
quanto a lua, por todos os séculos.
6
    §Descerá como a chuva sobre a erva,
como a água que molha a terra.
7
Nos seus dias florescerá a justiça
e haverá paz em abundância, enquanto
existir a lua.
8
E dominará de um mar a outro,
do rio até os confins da terra.
9
    §Diante dele se curvarão os habitantes
do deserto,
seus inimigos beijarão o pó da terra.
10
Os reis de Társis e das ilhas vão trazer-lhe
ofertas,
os reis da Arábia e de Sabá vão pagar-lhe
tributo.
11
Que o adorem todos os reis da terra,
e o sirvam todas as nações.
12
§Ele libertará o pobre que invoca
e o indigente que não acha auxílio;
13
terá piedade do fraco e do pobre,
e salvará a vida de seus indigentes.
14
Vai defendê-los da opressão e da violência,
será precioso aos olhos dele o seu sangue.
15
§Viverá e lhe será dado ouro da Arábia;
todo dia vão rezar por ele,
será bendito para sempre.
16
No país haverá fartura de trigo,
ondulando sobre o alto dos montes;
seu fruto florescerá como o Líbano,
sua colheita como a erva da terra.
17
§Seu nome dure para sempre,
diante do sol permaneça seu nome.
Nele serão abençoadas  todas as raças
da terra
e todos os povos vão proclamá-lo feliz.
18
§Bendito o Senhor, Deus de Israel,
o único que faz prodígios!
19
E bendito o seu nome glorioso para sempre,
da sua glória se encha toda a terra.
Amém, amém.
20
Final das orações de Davi, filho de Jessé.
Livro III (
Ps 73-89)

 Sou feliz perto de Deus 

73(72) 1 [Salmo de Asaf.]
Sim, Deus é bom para Israel,
o Senhor é bom para os puros de coração.
2
Mas quase tropeçaram meus pés,
por um nada vacilavam meus passos.
3
Pois comecei a ter inveja dos arrogantes,
vendo a prosperidade dos maus.
4
    §Para eles sofrimento não existe,
sadio e bem nutrido é seu corpo;
5
não sofrem as labutas dos mortais,
não são atingidos como os demais.
6
    §Como colar os cinge o orgulho,
como veste os envolve a violência;
7
seu olhar desponta de sua gordura,
transbordam as ambições de seu coração.
8
Zombam, falam com malícia,
com soberba ameaçam de cima.
9
    §Levantam sua boca até o céu
e sua língua percorre a terra.
10
Por isso no alto estão sentados
e a enchente não os atinge;
11
e dizem: “O que é que Deus sabe?
Acaso o Altíssimo toma conhecimento?”
12
Assim são os maus, sempre tranqüilos,
só fazem aumentar o seu poder.
13
§Então foi em vão que conservei puro
meu coração
e que na inocência lavei minhas mãos?
14
Sou molestado o dia todo
e castigado cada manhã.
15
    §Estava quase dizendo: “Vou falar como eles”.
Mas assim estaria traindo os filhos teus.
16
Pensei, pois, nesse problema,
porém achei difícil demais para meus olhos.
17
Até que entrei no santuário de Deus
e entendi qual era o fim deles.
18
De certo, tu os pões num chão escorregadio
e assim os fazes cair em ruína.
19 §Como ficam reduzidos a escombros
num instante!
Caem por terra, destruídos pelo terror.
20
Como um sonho ao despertar, Senhor,
quando te levantas, desprezas a figura
deles.
21
§Quando meu coração se amargurava
e nos meus rins sentia dor aguda,
22
eu era imbecil, ignorante,
como um animal diante de ti.
23
No entanto, estou sempre contigo;
tu me tomaste pela mão direita.
24
Com teu conselho me guias
e depois na glória me recebes.
25
§Que tenho eu em meu favor no céu?
Fora de ti, ninguém mais desejo sobre
a terra.
26
Minha carne e meu coração desfalecem;
rochedo do meu coração e minha porção
é Deus para sempre!
27
Pois os que se afastam de ti perecem,
destróis os que são infiéis a ti.
28
Quanto a mim, minha felicidade é estar
perto de Deus.
Ponho no Senhor Deus o meu refúgio,
para que eu possa contar todas as suas
obras.

 Senhor, não abandones teu povo!

74(73) 1 [Poema de Asaf.]
Ó Deus, por que nos rejeitas para sempre?
Por que arde tua ira contra o rebanho do teu pasto?
2
Recorda o teu povo que adquiriste desde o início,
que resgataste como tribo que é tua posse,
o monte Sião, que escolheste para morar.
3
Volta teus passos a essas ruínas sem fim:
o inimigo devastou tudo no teu santuário.
4
    §Rugiram teus adversários no teu templo,
ergueram seus estandartes como emblema.
5
Como quem brande o machado
no meio de uma densa floresta,
6
com martelo e machado
quebravam as tuas portas.
7
    §Entregaram às chamas o teu santuário,
profanaram e demoliram a morada do
teu nome.
8
Pensavam: “Destruamo-los todos”;
queimaram todos os santuários de Deus
no país.
9
Não vemos mais sinais para nós,
não há mais profetas, e entre nós ninguém
sabe até quando.
10
§Até quando, ó Deus, o adversário
proferirá insultos?
O inimigo desprezará o teu nome até o fim?
11
Por que retiras tua mão \protetora,
reténs escondida no seio tua mão direita?
12
No entanto, Deus é o meu rei desde os
tempos antigos,
ele que realizou a salvação na nossa terra.
13 §Com poder tu dividiste o mar,
quebraste a cabeça dos dragões nas águas,
14
ao Leviatã tu esmagaste as cabeças,
deste-o como pasto aos monstros do mar.
15
Tu fizeste brotar fontes e torrentes,
secaste rios perenes.
16
Teu é o dia e tua é a noite,
tu criaste a luz e o sol.
17
Tu marcaste todos os limites da terra,
tu ordenaste o verão e o inverno.
18
    §Lembra-te: o inimigo insultou o Senhor,
um povo imbecil desprezou o teu nome.
19
Não abandones às feras a vida de quem
te louva,
não esqueças jamais a vida dos teus pobres.
20
Sê fiel à tua aliança;
os cantos da terra estão cheios de violência.
21
§Que o humilde não volte confuso;
que o aflito e o pobre louvem o teu nome.
22
Levanta-te, ó Deus, defende a tua causa,
recorda que o estulto te insulta o dia todo.
23
Não esqueças o rumor dos teus inimigos;
o tumulto dos teus adversários aumenta
sem fim.

 Deus julgará com retidão

75(74)1 [Ao maestro do coro. “Não destruas”. Salmo de Asaf. Cântico.]
2
Nós te damos graças, ó Deus, te damos graças:
invocando teu nome, narramos tuas maravilhas.
3
    §“No tempo que eu tiver marcado
julgarei com retidão.
4
Trema a terra com seus habitantes,
mantenho firmes suas colunas.
5
    §Digo a quem se orgulha: Não vos
orgulheis.
E aos ímpios: Não levanteis a cabeça.
6
Não levanteis a cabeça contra o céu,
não insulteis a Deus”.
7
    §Pois não é do oriente nem do ocidente
nem do deserto nem das montanhas,
8
mas é de Deus que vem o juízo:
é ele que abate um homem e ergue o outro.
9
    §Pois na mão do Senhor há uma taça
com vinho a fermentar, misturado com
veneno.
Ele o derrama: até as fezes deverão bebê-lo,
dele vão beber todos os ímpios da terra.
10
§Mas eu exultarei para sempre,
cantarei hinos ao Deus de Jacó.
11
Acabarei com toda a arrogância dos ímpios,
então aumentará o poder dos justos.

 Só Deus é grande

76(75)1 [Ao maestro do coro. Com instrumentos de corda. Salmo de Asaf. Cântico.]
2
Deus se manifesta em Judá,
em Israel é grande o seu nome;
3
sua morada está em Salém,
e sua casa em Sião.
4
Ali quebrou as flechas do arco,
o escudo, a espada e a guerra.
5
    §És magnífico, ó poderoso,
sobre os montes de despojos.
6
Os corajosos foram despojados,
apanhados pelo sono,
nenhum guerreiro tinha força no seu braço.
7
A tua ameaça, ó Deus de Jacó,
carro e cavalo ficaram parados.
8
    §Tu és terrível! Quem te resiste
quando desencadeias tua ira?
9
Do céu fazes ouvir a sentença:
a terra treme e permanece calada,
10
quando Deus se levanta para julgar,
para salvar todos os pobres da terra.
11
    §O homem atingido por tua ira te dá glória;
os que escapam da ira te fazem festa.
12
Fazei votos ao Senhor vosso Deus e
cumpri-os,
vós que estais ao seu redor, trazei ofertas
ao Terrível,
13
a ele que retira o sopro dos príncipes,
para os reis da terra ele é terrível!

 O poder de Deus nos consola

77(76) 1[Ao maestro do coro. Sobre Iditun. Salmo de Asaf.]
2
Sobe até Deus a minha voz, e
peço socorro;
chega a Deus a minha voz e ele me ouve.
3
No dia da angústia busco o Senhor;
a noite toda estendo a mão, sem me cansar,
e rejeito qualquer consolo.
4
Lembro-me de Deus e solto gemidos,
medito e meu espírito se abate.
5
    §Conservas em vigílias os meus olhos,
fico aturdido sem poder falar.
6
Relembro os dias antigos,
recordando os anos de outrora.
7
De noite medito no meu coração,
reflito, e meu espírito se interroga.
8
        §Será que Deus vai nos rejeitar para sempre
e não mais terá dó de nós?
9
Terá acabado para sempre seu amor
e a promessa feita para todas as gerações?
10
Acaso Deus vai se esquecer de agir com
clemência,
ou na sua ira fechou o coração?
11
§E concluo: “Meu sofrimento é este:
está mudada a mão direita do Altíssimo”.
12
Quero lembrar os feitos do Senhor,
sim, quero recordar teus milagres de
outrora,
13
refletir sobre toda a tua obra
e meditar nos teus grandes feitos.
14
§Deus, é santo o teu caminho,
quem é um Deus grande como nosso Deus?
15
És o único Deus que fez milagres,
cujo poder se conhece entre os povos.
16
Com teu braço libertaste o teu povo,
os filhos de Jacó e de José.
17
§As águas te viram, ó Deus,
as águas te viram e tremeram
e se agitaram os mares.
18
As nuvens derramaram águas,
os céus soltaram a voz, e voaram tuas setas.
19
Teu trovão ressoou no turbilhão,
teus relâmpagos iluminaram o mundo,
a terra tremeu e se abalou.
20
§Abriu-se no mar o teu caminho,
tua senda na imensidão das águas,
mas teus vestígios ficaram invisíveis.
21
Guiaste o teu povo como a um rebanho,
por meio de Moisés e de Aarão.

 Narrarei as glórias do Senhor

78(77) 1 [Poema de Asaf.]
Meu povo, escuta meu ensinamento;
presta atenção às palavras da minha boca.
2
Vou abrir a boca pronunciando sentenças,
relembrar os mistérios do passado.
3
    §O que nós ouvimos, o que aprendemos,
o que nossos pais nos contaram,
4
não ocultaremos a seus filhos;
mas vamos contar à geração seguinte
as glórias do Senhor, o seu poder
e os prodígios que operou.
5
    §Ele estabeleceu uma regra em Jacó,
pôs uma lei em Israel;
ordenou a nossos pais
que a ensinassem a seus filhos,
6
para que tomasse conhecimento a
geração seguinte,
a dos filhos que vão nascer,
que por sua vez dirão a seus filhos,
7
para porem em Deus sua confiança,
não esquecerem as obras de Deus,
mas observarem seus preceitos;
8
para não serem, como seus pais,
uma geração indócil e rebelde,
cujo coração foi inconstante
e cujo espírito foi infiel a Deus.
9
    §Os filhos de Efraim, armados de arco,
bateram em retirada no dia do combate;
10
não respeitaram a aliança de Deus,
não quiseram proceder segundo a sua lei;
11
esqueceram suas obras,
e os prodígios que lhes tinha mostrado.
12
Diante de seus pais, fez milagres,
na terra do Egito, no campo de Tânis.
13
Abriu o mar para fazê-los passar,
segurou as águas em pé como num dique.
14
Guiou-os de dia com a nuvem,
e de noite pelo clarão do fogo.
15
Fendeu os rochedos no deserto,
e deu-lhes a beber água em abundância.
16
Do rochedo fez brotar riachos
e fez correr torrentes de água.
17
§Mas continuaram pecando contra ele,
revoltando-se contra o Altíssimo no
deserto.
18
Tentaram a Deus no seu coração,
pedindo comida segundo seu capricho.
19
Falaram contra Deus dizendo:
“Será que Deus pode preparar uma mesa
no deserto?
20
Eis que bateu na rocha, escorreram águas
e as torrentes transbordaram.
Ele poderá dar-nos pão também,
ou fornecer carne a seu povo?”
21
Assim, quando o Senhor ouviu, ficou irado
e um fogo se acendeu contra Jacó
e a cólera explodiu contra Israel,
22
porque não acreditaram em Deus
e não esperaram no seu socorro.
23
§No entanto ordenou às nuvens do alto
e abriu as portas do céu;
24
fez chover sobre eles maná para nutri-los
e deu-lhes o trigo do céu.
25
Pão dos anjos os homens comeram,
pão com fartura lhes enviou.
26
Fez soprar no céu o vento do oriente,
e trouxe com seu poder o vento sul;
27
fez chover sobre eles carne, como poeira,
e aves como areia da praia.
28
Fê-las cair no meio do acampamento,
ao redor de suas tendas.
29
Comeram e ficaram saciados;
foi satisfeito o desejo deles.
30
Mal haviam matado a fome,
a comida ainda estava na sua boca,
31
quando a ira de Deus se acendeu contra eles;
castigou com a morte os mais robustos,
abateu os jovens de Israel.
32
§Apesar de tudo, tornaram a pecar,
não tiveram fé nos seus prodígios.
33
Então dissipou seus dias como um sopro
e seus anos com um terror repentino.
34
Quando os matava, o buscavam,
convertiam-se a Ele para reencontrá-lo;
35
recordavam que Deus era seu rochedo,
e o Deus Altíssimo o seu libertador.
36
Mas o adulavam com suas palavras
e com a língua lhe mentiam;
37
seu coração não era sincero com ele
e não eram fiéis à sua aliança.
38
Mas ele, na sua misericórdia,
perdoava o pecado e não os destruía.
Muitas vezes refreou sua ira
e não deixava agir todo o seu furor.
39
Lembrava-se de que eram mortais,
um sopro que se vai e não volta.
40
§Quantas vezes se revoltaram contra Ele
no deserto
e o irritaram na solidão!
41
Recomeçaram a tentar a Deus
e ofenderam o Santo de Israel.
42
Não mais se lembraram de seu poder,
do dia em que os libertou do opressor.
43
    §Quando realizou seus prodígios no Egito
e seus milagres no campo de Tânis.
44
Mudou em sangue seus rios e riachos
para impedi-los de beber.
45
Enviou contra eles moscas para os devorar
e rãs para afligi-los.
46
Entregou às pragas suas colheitas,
ao gafanhoto o produto do seu trabalho.
47
Destruiu suas vinhas com o granizo,
seus sicômoros com a geada.
48
Entregou seu gado ao granizo,
seus rebanhos ao raio.
49
Lançou contra eles o fogo da sua ira,
a cólera, a indignação, a desgraça,
todo um exército de anjos do mal.
50
Deixou agir livremente sua cólera,
não os preservou da morte,
entregou a sua vida à peste.
51
§Matou todos os primogênitos do Egito,
as primícias do seu vigor no país de Cam.
52
Fez sair seu povo como ovelhas,
conduziu-os como um rebanho no deserto.
53
Guiou-os com segurança, e não temeram
e o mar recobriu seus inimigos.
54
Conduziu-os ao seu domínio santo,
ao monte que sua mão direita conquistara.
55
Expulsou diante dele as nações,
repartiu por sorte entre eles a herança
e fez morar nas suas tendas as tribos de
Israel.
56
§Mas eles tentaram, com suas revoltas, o
Deus Altíssimo,
não observaram seus preceitos.
57
Desviaram-se e foram infiéis como seus pais,
voltaram-se como um arco enganador.
58
Com seus lugares altos o provocaram
e com seus ídolos excitaram seu zelo.
59
§Deus o soube e se indignou,
e rejeitou Israel completamente.
60
Abandonou a morada de Silo,
a tenda onde morava entre os homens.
61
Entregou ao cativeiro sua força
e às mãos do inimigo sua glória.
62
Abandonou seu povo à espada
e se indignou contra sua herança.
63
O fogo devorou seus jovens,
e suas virgens não ouviram o canto nupcial.
64
Seus sacerdotes caíram vítimas da espada,
e suas viúvas não fizeram lamentações.
65
§O Senhor despertou como de um sono,
como um guerreiro dominado pelo vinho.
66
Golpeou os inimigos pelas costas,
infligindo-lhes eterna ignomínia.
67
Repudiou a tenda de José,
não escolheu a tribo de Efraim.
68
Mas escolheu a tribo de Judá,
a montanha de Sião que ele amava.
69
Levantou alto como o céu, seu santuário,
como a terra estável para sempre.
70
Escolheu Davi, seu servo,
tirou-o do aprisco das ovelhas;
71
tirou-o do ofício de pastor
para apascentar Jacó, seu povo,
e Israel, sua herança.
72
Ele os apascentou com um coração honesto,
e os conduziu com mão sábia.

 Ajuda-nos, Salvador nosso!

79(78) 1 [Salmo de Asaf.]
Ó Deus, os pagãos invadiram tua herança,
profanaram o teu santo templo,
reduziram Jerusalém a um montão
de ruínas.
2
Abandonaram os corpos dos teus servos
como alimento para as aves do céu,
a carne dos teus fiéis para os animais
do campo.
3
Derramaram o sangue deles
como água em torno de Jerusalém
e ninguém lhes deu sepultura.
4
Tornamo-nos um opróbrio para nossos
vizinhos,
zombaria e ludíbrio de quem nos rodeia.
5
    §Até quando, Senhor? Estarás irado para
sempre?
Arderá como fogo o teu zelo?
6
Lança teu furor contra os pagãos que
não te conhecem
e sobre os reinos que não invocam o
teu nome;
7
pois devoraram Jacó
e devastaram sua morada.
8
    §Não recordes contra nós as culpas dos
nossos pais;
venha logo ao nosso encontro a tua
misericórdia,
porque estamos reduzidos à miséria extrema.
9
Ajuda-nos, ó Deus, nosso salvador,
pela glória do teu nome,
salva-nos e perdoa os nossos pecados
por amor do teu nome.
10
§Por que os povos deveriam dizer:
“Onde está o Deus deles?”
Seja conhecida entre os povos, sob
nossos olhos,
a vingança pelo sangue dos teus servos
que foi derramado.
11
Chegue à tua presença o gemido dos
prisioneiros;
com o poder do teu braço salva os
condenados à morte.
12
Devolve sete vezes a nossos vizinhos no
seio deles
o insulto que lançaram contra ti, Senhor.
13
§E nós, teu povo e rebanho do teu pasto,
sempre te daremos graças;
de idade em idade proclamaremos o teu
louvor.

 Senhor, protege tua vinha!

80(79) 1 [Ao maestro do coro. Conforme “Os lírios do testemunho”. Salmo de Asaf.]
2
Pastor de Israel, escuta,
tu que guias José como um rebanho.
Sentado sobre os querubins refulge
3
diante de Efraim, Benjamim e Manassés.
Desperta o teu poder
e vem em nosso auxílio.
4
    §Deus dos exércitos, restaura-nos,
faze brilhar o teu rosto e seremos salvos.
5
    §Senhor, Deus dos exércitos,
até quando arderás de indignação contra
as preces do teu povo?
6
Tu nos nutres com pão de lágrimas,
dá-nos a beber lágrimas em abundância.
7
Fizeste de nós motivo de disputa para
nossos vizinhos
e nossos inimigos riem de nós.
8
Deus dos exércitos, restaura-nos,
faze brilhar teu rosto e seremos salvos.
9
    §Tiraste uma videira do Egito,
para transplantá-la expulsaste os povos.
10
Preparaste-lhe o terreno;
ela criou raízes e encheu a terra.
11
Sua sombra cobriu as montanhas
e seus ramos, os mais altos cedros.
12
Estendeu seus sarmentos até o mar
e chegavam até o rio seus brotos.
13
§Por que derrubaste sua cerca,
de modo que todo caminheiro a vindime,
14
o javali do bosque a devaste
e o animal selvagem a devore?
15
Deus dos exércitos, volta-te,
olha do céu e vê, visita esta vinha;
16
    §protege a cepa que tua mão direita plantou,
o germe que cultivaste para ti.
17
Os que a queimaram com o fogo e a
cortaram,
morrerão à ameaça do teu rosto.
18
Que tua mão proteja teu escolhido,
o homem que fortaleceste.
19
De ti não nos separaremos mais,
tu nos farás viver e invocaremos o teu nome.
20
§Deus dos exércitos, restaura-nos,
faze brilhar teu rosto e seremos salvos.

 Escutai a voz de Deus

81(80) 1 [Ao maestro do coro. Para harpa de Gat. De Asaf.]
2
1&Exultai em Deus, nossa força,
aclamai ao Deus de Jacó.
3
Entoai o canto e tocai o tímpano,
a cítara melodiosa com a harpa.
4
Tocai a trombeta na lua nova,
na lua cheia, nosso dia de festa.
5
    §Este é um preceito para Israel,
um decreto do Deus de Jacó.
6
Deu-o como um testemunho a José,
quando saiu da terra do Egito.
Ouvi uma língua desconhecida:
7
§“Libertei do peso o seu ombro,
suas mãos depuseram o cesto.
8
Gritaste a mim na angústia e eu te libertei,
envolto na nuvem te dei resposta,
te provei junto às águas de Meriba.
9
    §Ouve, meu povo, quero te avisar;
Israel, quem dera que me ouvisses!
10
Não haja no teu meio um outro deus,
não adores um deus estrangeiro.
11
Eu sou o Senhor teu Deus
que te tirei da terra do Egito;
abre a boca, eu quero enchê-la.
12
§Mas meu povo não ouviu minha voz,
Israel não me obedeceu.
13
Por isso abandonei-o à dureza do seu
coração,
deixando que seguisse sua própria cabeça.
14
§Se o meu povo me ouvisse,
se Israel andasse por meus caminhos,
15
logo eu venceria seus inimigos
e contra os seus adversários levantaria
a mão.
16
§Os inimigos do Senhor o adulariam
e a sorte deles estaria lançada para sempre;
17
eu o alimentaria com flor de trigo,
e o saciaria com mel do rochedo”.

 Deus julga os poderosos

82(81) 1 [Salmo de Asaf.]
Deus se levanta na assembléia divina,
no meio dos deuses pronuncia a sentença.
2
    §“Até quando julgareis injustamente,
apoiando a causa dos ímpios?
3
Defendei antes o fraco e o órfão,
ao humilde e ao necessitado fazei justiça.
4
Salvai o pobre e o indigente,
livrai-o da mão dos ímpios.
5
    §Não entendem, não querem entender,
caminham no escuro;
vacilam todos os fundamentos da terra.
6
Eu disse: “Vós sois deuses,
sois todos filhos do Altíssimo.
7
No entanto, morrereis como qualquer
homem,
caireis como todos os poderosos”.
8
    §Levanta-te, Deus, para julgar a terra
porque a ti pertencem todos os povos.

 Só Tu és o Altíssimo 

83(82) 1 [Cântico. Salmo de Asaf.]
2
1&Ó Deus, não fiques silencioso,
não fiques calado e indiferente, ó Deus!
3
Pois eis que teus inimigos tumultuam,
levantam a cabeça os que te odeiam.
4
    §Contra teu povo tramam com astúcia,
contra teus protegidos conspiram.
5
Disseram: “Eia, destruamo-los;
de modo que não sejam mais um povo
e não se fale mais o nome de Israel”.
6
    §Sim, todos juntos entraram em acordo
para formarem uma aliança contra ti:
7
as tendas de Edom com os ismaelitas,
as de Moab com os agarenos;
8
Gebal com Amon e Amalec,
a Filistéia com os habitantes de Tiro.
9
Até Assur se juntou a eles,
tornou-se o braço forte dos filhos de Ló.
10
§Trata-os como outrora a Madiã,
como Sísara e Jabin na torrente Quison,
11
que foram exterminados em Endor
e serviram de esterco para a terra.
12
Faz com os chefes deles como outrora
com Oreb e Zeb,
com todos os seus príncipes como com
Zebá e Sálmana.
13
Eles tinham dito: “Tomemos posse das
regiões de Deus”.
14
§Meu Deus, trata-os como folhas que a
ventania arrasta,
como a palha à mercê do vento,
15
como um fogo que queima a floresta,
como a chama que devora os montes;
16
assim persegue-os com tua tempestade,
enche-os de medo com teu furacão.
17
§Cobre de vergonha o rosto deles,
de modo que busquem o teu nome, ó
Senhor!
18
Fiquem confusos e perturbados para sempre
e morram de morte ignominiosa.
19
Assim saberão que tu só, cujo nome é
Senhor,
és o Altíssimo sobre toda a terra.

 Feliz quem mora em tua casa!

84(83) 1 [Ao maestro do coro. Para a harpa de Gat. Salmo dos filhos de Coré.]
2
Como são amáveis tuas moradas,
Senhor dos exércitos!
3
Minha alma desfalece e suspira pelos
átrios do Senhor.
Meu coração e minha carne exultam no
Deus vivo.
4
Até o pássaro encontra casa
e a andorinha o ninho, onde pôr os filhotes,
junto a teus altares, Senhor dos
exércitos, meu rei e meu Deus.
5
Feliz quem mora em tua casa:
sempre canta teus louvores.
6
    §Feliz quem encontra em ti sua força
e decide no seu coração a santa viagem.
7
Passando pelo vale do pranto,
transforma-o numa fonte
e a primeira chuva o cobre de bênçãos.
8
Cresce seu vigor ao longo do caminho,
e Deus lhes aparece em Sião.
9
    §Senhor, Deus dos exércitos, ouve
minha prece,
presta atenção, Deus de Jacó,
10
Vê, ó Deus, nosso escudo,
olha o rosto do teu consagrado.
11
§Para mim um dia nos teus átrios
vale mais que mil \em outro lugar;
estar na porta da casa do meu Deus
é melhor que morar nas tendas dos ímpios.
12
§Porque sol e escudo é o Senhor Deus;
o Senhor concede graça e glória,
não recusa o bem a quem caminha com
retidão.
13
Senhor dos exércitos,
feliz o homem que em ti confia.

 Dá-nos a tua salvação 

85(84) 1[Ao maestro do coro. Salmo dos filhos de Coré.]
2
Senhor, foste bom com tua terra,
trouxeste de volta os exilados de Jacó.
3
Perdoaste a iniqüidade do teu povo,
cancelaste todos os seus pecados.
4
Renunciaste a todo o teu furor
e acabaste com tua grande ira.
5
    §Restaura-nos, ó Deus, nossa salvação,
e acalma a tua ira contra nós.
6
Acaso estarás sempre irado conosco,
de idade em idade estenderás teu furor?
7
Acaso não tornarás a dar-nos vida,
para que em ti se alegre o teu povo?
8
Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia
e dá-nos a tua salvação.
9
    §Ouvirei o que diz o Senhor Deus:
ele anuncia paz para seu povo, para
seus fiéis,
para quem volta a ele de todo o coração.
10
Sua salvação está próxima de quem o teme
e sua glória habitará em nossa terra.
11
Misericórdia e fidelidade se encontram,
justiça e paz se abraçam.
12
A fidelidade brota da terra
e a justiça se inclina do céu.
13
§Quando o Senhor conceder o seu bem,
a nossa terra dará seu fruto.
14
Diante dele caminhará a justiça
e porá no caminho os seus passos.

 Salva teu servo que em ti espera

86(85) 1 [Oração de Davi.]
Senhor, presta atenção, responde-me,
porque sou pobre e infeliz.
2
Guarda-me porque sou fiel;
meu Deus, salva teu servo que em ti espera.
3
    §Piedade de mim, Senhor,
a ti eu clamo o dia todo.
4
Alegra a vida do teu servo,
porque a ti, Senhor, elevo a minha alma.
5
Tu és bom, Senhor, e perdoas,
és cheio de misericórdia para com todos
os que te invocam.
6
    §Presta atenção, Senhor, à minha prece
e sê atento à voz da minha súplica.
7
No dia da angústia levanto a ti meu clamor
e tu me ouves.
8
        §Entre os deuses nenhum é como tu, Senhor,
e nada há que se iguale às tuas obras.
9
Todos os povos que criaste virão
e se prostrarão diante de ti, Senhor,
para dar glória ao teu nome;
10
pois tu és grande e fazes maravilhas;
só tu és Deus.
11
§Mostra-me, Senhor, o teu caminho,
para eu caminhar na tua verdade;
faze que meu coração tema só o teu nome.
12
Eu te darei graças, Senhor, meu Deus,
de todo o coração
e darei glória a teu nome sempre,
13
  porque é grande para comigo o teu amor;
do profundo dos infernos me tiraste.
14
§Ó Deus, os arrogantes me assaltam,
uma turma de violentos atenta à minha vida,
não te põem diante dos olhos.
15
Mas tu, Senhor, Deus de piedade,
compassivo,
lento à ira e rico de amor e de fidelidade,
16
volta para mim e tem misericórdia;
dá a teu servo a tua força,
salva o filho da tua serva.
17
§Dá-me um sinal de benevolência
para que meus inimigos vejam e fiquem
envergonhados.
Porque tu, Senhor, me socorreste e
consolaste.

 Deus ama a sua cidade

87(86) 1 [Salmo dos filhos de Coré. Cântico.]
Seus fundamentos estão sobre os montes
sagrados;
2
o Senhor ama as portas de Sião
mais que todas as moradas de Jacó.
3
De ti se dizem coisas estupendas,
cidade de Deus.
4
    §Recordarei o Egito e Babilônia
entre os que me conhecem;
eis a Palestina, Tiro e Etiópia:
este nasceu lá.
5
De Sião se dirá: “Todos nasceram nela,
e o Altíssimo a mantém firme”.
6
    §O Senhor escreverá no livro dos povos:
“Lá este nasceu”.
7
E dançando cantarão:
“Em ti estão as minhas fontes todas”.

 Clamo a ti, meu salvador!

88(87) 1 [Cântico. Salmo dos filhos de Coré. Ao maestro do coro. Conforme a melodia “Mahalat”. Para cantar. Poema de Emã, o ezraíta.]
2
    1&Senhor, Deus meu salvador,
diante de ti clamei dia e noite.
3
Chegue à tua presença minha oração,
presta atenção ao meu lamento.
4
    §Pois estou saturado de desgraças,
minha vida está perto do túmulo.
5
Sou contado entre os que descem ao fosso,
sou como um homem já sem força.
6
É entre os mortos minha morada,
sou como os que dormem nos sepulcros,
dos quais não guardas lembrança
porque foram removidos para longe de
tua mão.
7
    §Lançaste-me no fosso profundo,
nas trevas, no abismo.
8
Pesa sobre mim teu furor
e com todas as tuas ondas me afogas.
9
    §Afastaste de mim meus conhecidos,
tornaste-me um objeto de horror para eles.
Sou prisioneiro sem esperança;
10
meus olhos se consomem, de tanto sofrer.
O dia todo te chamo, Senhor,
para ti estendo minhas mãos.
11
§Acaso fazes prodígios para os mortos?
Ou levantam-se as sombras para te louvar?
12
Celebra-se tua bondade no sepulcro
e a tua fidelidade no reino da morte?
13
Acaso se anunciam nas trevas os teus
prodígios,
a tua justiça no país do esquecimento?
14
§Mas eu, Senhor, clamo a ti pedindo
socorro,
e de manhã chega a ti minha prece.
15
por que, Senhor, me rejeitas,
por que me escondes teu rosto?
16
Sou infeliz e moribundo desde a infância,
estou acabado, oprimido pelos teus
terrores.
17
Sobre mim passou tua ira,
teus terrores me aniquilaram.
18
Rodeiam-me como água o dia todo,
todos juntos me envolvem.
19
Afastaste de mim amigos e colegas;
só as trevas me fazem companhia.


Salmos (CNB) 70