Romanos (CNB) 1




Saudação

1 1 Paulo, servo do Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus – 2 evangelho que Deus prometeu por meio de seus profetas, nas Sagradas Escrituras, 3 a respeito de seu Filho. Este, segundo a carne, era descendente de Davi, 4 mas, segundo o Espírito de santidade foi declarado Filho de Deus com poder, desde a ressurreição dos mortos: Jesus Cristo, nosso Senhor. 5 Por ele recebemos a graça da vocação para o apostolado, a fim de trazermos à obediência da fé, para a glória de seu nome, todas as nações; 6 entre as quais também vós, chamados a pertencer a Jesus Cristo. – 7 A vós todos que estais em Roma, amados de Deus e santos por vocação: graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e de nosso Senhor, Jesus Cristo.

 Ação de graças

8 Primeiramente, dou graças ao meu Deus, por meio de Jesus Cristo, por todos vós, pois no mundo inteiro se faz o elogio de vossa fé. 9 Deus, a quem presto um culto espiritual, servindo ao evangelho do seu Filho, é testemunha de que constantemente faço menção de vós, 10 pedindo sempre em minhas orações que eu possa, enfim, fazer uma boa viagem até vós, de acordo com a vontade de Deus. 11 Pois desejo vivamente estar convosco, para vos mediar alguma dádiva espiritual, a fim de serdes confirmados, 12 ou melhor, a fim de que todos nós sejamos reconfortados, eu por vós e vós por mim, graças à fé que nos é comum. 13 Aliás, irmãos, deveis saber que, muitas vezes, me propus ir até vós, mas até agora fui impedido de realizar este propósito. Na verdade, desejo colher algum fruto, tanto entre vós como entre as demais nações. 14 Sou devedor tanto aos gregos quanto aos bárbaros, tanto aos letrados quanto às pessoas sem instrução. 15 Daí o meu ardente desejo de anunciar o evangelho também a vós, que estais em Roma.

 Tema da carta: a justificação pela fé

16 Eu não me envergonho do evangelho, pois ele é a força salvadora de Deus para todo aquele que crê, primeiro para o judeu, mas também para o grego. 17 Nele se revela a justiça de Deus, que vem pela fé e conduz à fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé”.

 A humanidade culpada

18 Ao mesmo tempo revela-se, lá do céu, a ira de Deus contra toda impiedade e injustiça humana, daqueles que por sua injustiça reprimem a verdade. 19 Pois o que de Deus se pode conhecer é a eles manifesto, já que Deus mesmo lhes deu esse conhecimento. 20 De fato, as perfeições invisíveis de Deus – não somente seu poder eterno, mas também a sua eterna divindade – são percebidas pelo intelecto, através de suas obras, desde a criação do mundo. Portanto, eles não têm desculpa: 21 apesar de conhecerem a Deus, não o glorificaram como Deus nem lhe deram graças. Pelo contrário, perderam-se em seus pensamentos fúteis, e seu coração insensato se obscureceu. 22 Alardeando sabedoria, tornaram-se tolos 23 e trocaram a glória do Deus incorruptível por uma imagem de seres corruptíveis, como: homens, pássaros, quadrúpedes, répteis.
24
Por isso, Deus os entregou, dominados pelas paixões de seus corações, a tal impureza que eles desonram seus próprios corpos. 25 Trocaram a verdade de Deus pela falsidade, cultuando e servindo a criatura em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.
26
Por tudo isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: tanto as mulheres substituíram a relação natural por uma relação antinatural, 27 como também os homens abandonaram a relação sexual com a mulher e arderam de paixão uns pelos outros, praticando a torpeza homem com homem e recebendo em si mesmos a devida paga de seus desvios. 28 E, porque não aprovaram alcançar a Deus pelo conhecimento, Deus os entregou ao seu reprovado modo de pensar. Praticaram então todo tipo de torpeza: 29 cheios de injustiça, iniqüidade, avareza, malvadez, inveja, homicídio, rixa, astúcia, perversidade; intrigantes, 30 difamadores, abominadores de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, tramadores de maldades, rebeldes aos pais, 31 insensatos, traidores, sem afeição, sem compaixão. 32 E, apesar de conhecerem o juízo de Deus que declara dignos de morte os autores de tais ações, não somente as praticam, mas ainda aprovam os que as praticam.

 O juízo de Deus vale para todos

2 1 Ó homem, quem quer que sejas, tu que julgas, não tens desculpa. Pois julgando os outros condenas a ti mesmo, já que fazes as mesmas coisas, tu que julgas. 2 Ora, sabemos que o julgamento de Deus se exerce segundo a verdade, contra os que praticam tais coisas. 3 Ó homem, tu que julgas os que praticam tais coisas e, no entanto, as fazes também tu, pensas que escaparás ao julgamento de Deus? 4 Ou será que desprezas as riquezas de sua bondade, de sua tolerância, de sua paciência, não entendendo que a bondade de Deus te convida à conversão? 5 Por causa de teu endurecimento e de teu coração impenitente, estás acumulando ira para ti mesmo, no dia da ira, quando se revelará o justo juízo de Deus, 6 que retribuirá a cada um segundo as suas obras. 7 Àqueles que, perseverando na prática do bem, buscam a glória, a honra e a incorruptibilidade, Deus dará a vida eterna. 8 Para aqueles, porém, que por rebeldia desobedecem à verdade e se submetem à iniqüidade, estão reservadas a ira e a indignação. 9 Tribulação e angústia para todo aquele que faz o mal, primeiro para o judeu, mas também para o grego, 10 glória, honra e paz para todo aquele que pratica o bem, primeiro para o judeu, mas também para o grego, 11 pois Deus não faz acepção de pessoas.
12
Todos os que pecaram sem a Lei perecerão também sem a Lei; e todos os que pecaram sob o regime da Lei serão julgados de acordo com a Lei. 13 Pois não são justos diante de Deus os que se contentam de ouvir o ensino da Lei, mas somente aqueles que observam a Lei é que serão justificados por Deus. 14 Quando os pagãos, embora não tenham a Lei, cumprem o que a Lei prescreve, guiados pelo bom senso natural, esses que não têm a Lei tornam-se Lei para si mesmos. 15 Por sua maneira de proceder, mostram que a Lei está inscrita em seus corações: disso dão testemunho igualmente sua consciência e os juízos éticos de acusação ou de defesa que fazem uns aos outros. 16 É o que se verá no dia em que Deus vai julgar, segundo meu evangelho, por Cristo Jesus, as intenções e ações ocultas das pessoas.

 A inconsistência de Israel em relação à Lei

17 Tu te chamas judeu e colocas na Lei tua segurança, e em Deus, a tua glória; 18 tu aprendeste da Lei qual é sua vontade e sabes discernir o que é realmente importante; 19 tu estás convencido de ser guia dos cegos, luz dos que se acham nas trevas, 20 instrutor de ignorantes, mestre de pessoas simples, porque tens na Lei a lídima expressão do conhecimento e da verdade… 21 Como, então, ensinas aos outros e a ti mesmo não ensinas? Pregas que não se pode roubar e tu mesmo roubas? 22 Dizes que não se pode cometer adultério e tu mesmo cometes? Detestas os ídolos e, no entanto, roubas os templos? 23 Tu, que te glorias da Lei, desonras a Deus com tuas transgressões da Lei? 24 De fato, como está escrito, “o nome de Deus é blasfemado entre as nações por causa de vós”!
25
Por um lado, a circuncisão é útil, se cumpres a Lei. Por outro lado, se transgrides a Lei, mesmo com tua circuncisão não passas de um incircunciso. 26 Se, portanto, o incir­cunciso observar as prescrições da Lei, não será ele tido como circunciso? 27 Mais ainda: o incircunciso que cumpre a Lei te condenará a ti, que transgrides a Lei, embora possuas­ as Escrituras e sejas circuncidado. 28 Não é \verdadeiro judeu o que parece tal apenas pelo exterior, nem é \verdadeira circuncisão uma simples incisão na carne. 29\Verdadeiro judeu é o que se distingue como judeu por seu interior, e \verdadeira circuncisão é a do coração, segundo o espírito e não segundo a letra. Esta é que recebe o louvor, não dos homens, mas de Deus.

 Todos são culpáveis diante de Deus

3 1 Então, qual a superioridade do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? 2 Grande, e sob todos os pontos de vista. Primeiro, porque a eles, os judeus, é que foram confiados os oráculos de Deus. 3 Que importa, se alguns não creram? Acaso a incredulidade deles vai anular a fidelidade de Deus? 4 De modo algum. Seja Deus reconhecido veraz, e todo ser humano, mentiroso, como está escrito: “De modo que sejas reconhecido justo nas tuas palavras e saias vitorioso, quando fores julgado”. 5 Mas, se nossa injustiça realça a justiça de Deus, que diremos? Que Deus é injusto, quando em sua ira nos fere? (Estou falando em termos humanos.) 6 De modo algum. Do contrário, como Deus iria julgar o mundo? 7 No entanto, se, por minha falsidade, a veracidade de Deus sobressaiu para a sua glória, por que seria eu ainda condenado como pecador? 8 E então, por que não faríamos o mal, para que daí resulte o bem, como alguns caluniosamente afirmam que nós dizemos? (Esses merecem a condenação!)
9
Que diremos pois? Será que nós, judeus, levamos alguma vantagem? De modo algum! De fato, já denunciamos que todos, judeus e gregos, estão sob o domínio do pecado, 10 como está escrito:
Não há justo, nem mesmo um só;
11
não há quem seja sensato, não há quem
busque a Deus.
12
Todos se desviaram, degeneraram
todos juntos.
Não há ninguém que faça o bem,
nem mesmo um só.
13
Um sepulcro aberto, sua garganta,
suas línguas sempre a enganar;
sob seus lábios, veneno de víbora;
14
sua boca é cheia de imprecações e amargor;
15
velozes são seus pés para derramar sangue,
16
seus caminhos são cobertos de ruína
e desgraça;
17
desconheceram o caminho da paz;
18
diante de seus olhos não existe temor
de Deus”.
19
Ora, sabemos que tudo quanto diz a Lei, ela o diz para os que a ela estão sujeitos. Assim, toda boca se cala e todo o mundo se reconhece culpável diante de Deus, 20 porquanto ninguém será justificado diante dele pela prática da Lei. Pois a Lei dá apenas o conhecimento do pecado.

 A justificação de judeus e pagãos pela graça

21 Agora, sem depender da Lei, a justiça de Deus se manifestou, atestada pela Lei e pelos Profetas, 22 justiça de Deus que se realiza mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que crêem; pois não há diferença: 23 todos pecaram e estão privados da glória de Deus. 24 E só podem ser justificados gratuitamente, pela graça de Deus, em virtude da redenção no Cristo Jesus. 25 É ele que Deus destinou a ser, por seu próprio sangue, instrumento de expiação mediante a fé. Assim, Deus demonstrou sua justiça, deixando sem castigo os pecados cometidos outrora, 26 no tempo de sua tolerância. Assim também, ele demonstra sua justiça, no tempo presente, a fim de ser justo, e tornar justo todo aquele que se firma na fé em Jesus.
27
Onde fica então o orgulho? Fica excluído. Por qual lei? Pela lei das obras? Não, mas sim pela lei da fé. 28 Pois julgamos que a pessoa é justificada pela fé, sem a prática da Lei. 29 Acaso Deus é só dos judeus? Não é também Deus dos pagãos? Sim, é também Deus dos pagãos. 30 De fato, Deus é um só: ele justificará os circuncisos em virtude da fé, e os incircuncisos, mediante a fé. 31 Então, pela fé anulamos a Lei? De modo algum. Pelo contrário, a confirmamos.

 O exemplo de Abraão

4 1 Que diremos de Abraão, nosso Pai segundo a carne? Que terá ele conseguido? 2 Pois, se Abraão se tornou justo em virtude das obras, ele tem de que se gloriar… mas não aos olhos de Deus! 3 Com efeito, que diz a Escritura? “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi levado em conta como justiça”. 4 Ora, para quem faz determinada obra, o salário não é contado como um presente, mas como coisa devida; 5 ao contrário, quem, sem fazer obras, crê naquele que torna justo o ímpio, a sua fé é levada em conta como justiça. 6 É assim que Davi declara feliz aquele a quem Deus atribui a justiça independentemente das obras:
7
Felizes aqueles cujas transgressões
foram perdoadas
e cujos pecados foram cobertos;
8
  feliz aquele cujo pecado o Senhor não
leva em conta”.
9
Essa declaração de felicidade diz respeito só aos circuncisos ou também aos incircuncisos? Pois dizemos: “Para Abraão a fé foi levada em conta como justiça”. 10 Em que circunstâncias se deu isso: para Abraão circuncidado ou não? Não quando já estava circuncidado, mas quando era ainda incir­cunciso. 11 E ele recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça que possuía, pela fé, quando ainda incircunciso. Assim, tornou-se pai de todos os crentes incircuncisos, aos quais foi conferida a justiça; 12 tornou-se pai, também, daqueles circuncisos que, além de circuncidados fisicamente, seguem as pegadas da fé do nosso pai Abraão quando ainda incircunciso.

 A descendência de Abraão

13 Não foi por causa da Lei, mas por causa da justiça que vem pela fé, que Deus prometeu a Abraão ou à sua descendência ser herdeiro no mundo. 14 Portanto, se forem herdeiros os que se contentam com a Lei, a fé é esvaziada e a promessa fica sem efeito. 15 Pois a Lei produz a ira: onde não há lei, também não há transgressão. 16 Por conseguinte, é em virtude da fé que se dá a herança como dom gratuito; assim, a promessa continua firme para toda a descendência: não só para os que se firmam na Lei, mas para todos os que, acima de tudo, se firmam na fé, como Abraão, que é o pai de todos nós. 17 Pois é assim que está escrito: “Eu te constituí pai de muitos povos”. Pai diante de Deus, porque creu em Deus que vivifica os mortos e chama à existência o que antes não existia.
18
Esperando contra toda esperança, ele firmou-se na fé e, assim, tornou-se pai de muitos povos, conforme lhe fora dito: “Assim será tua posteridade”. 19 Não fraquejou na fé, à vista de seu físico desvigorado por sua idade, quase centenária, ou considerando o útero de Sara já incapaz de conceber. 20 Diante da promessa divina, não vacilou por falta de fé, porém, revigorando-se na fé, deu glória a Deus: 21 estava plenamente convencido de que Deus tem poder para cumprir o que prometeu. 22 Esta sua disposição foi levada em conta como justiça para ele.
23
Afirmando que “foi levada em conta para ele”, a Escritura visa não só a Abraão, 24 mas também a nós: a fé será levada em conta \como justiça para nós que cremos naquele que ressuscitou dos mortos a Jesus, nosso Senhor, 25 entregue por causa de nossos pecados e ressuscitado para nossa justificação.

 O ser humano justificado, reconciliado por Cristo

5 1 Assim, pois, justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo. 2 Por ele, não só tivemos acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes, mas ainda nos ufanamos da esperança da glória de Deus. 3 E não só isso, pois nos ufanamos também de nossas tribulações, sabendo que a tribulação gera a constância, 4 a constância leva a uma virtude provada e a virtude provada desabrocha em esperança. 5 E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
6
Com efeito, quando éramos ainda fracos, foi então, no devido tempo, que Cristo morreu pelos ímpios. 7 Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa muito boa, talvez alguém se anime a morrer. 8 Pois bem, a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores. 9 Muito mais agora que já estamos justificados pelo sangue de Cristo, seremos salvos da ira, por ele. 10 Se, quando éramos inimigos de Deus, fomos reconcilia­dos com ele pela morte de seu Filho, quanto mais agora, estando já reconciliados, se­remos­ salvos por sua vida! 11 Ainda mais: nós nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo. É por ele que, já desde o tempo presente, recebemos a reconciliação.

 Adão pecador, Cristo salvador

12 Pois como o pecado entrou no mundo por um só homem e, por meio do pecado, a morte; e a morte passou para todos os homens, porque todos pecaram… – 13 De fato, antes de ser dada a Lei, já havia pecado no mundo. Mas o pecado não pode ser imputado quando não há lei. 14 No entanto, a morte reinou no período de Adão até Moisés, mesmo sobre os que não pecaram à maneira da transgressão de Adão, o qual era figura daquele que devia vir. –
15
Entretanto, o dom da graça foi sem proporção com o pecado. Pois, se pelo pecado de um só toda a multidão humana foi ferida de morte, muito mais copiosamente se derramou, sobre a mesma multidão, a graça de Deus, concedida na graça de um só homem, Jesus Cristo. 16 Existe também uma grande diferença, quanto ao efeito, entre o dom da graça e o pecado de um só: este, o pecado de um só, provocou um julgamento de condenação, ao passo que o dom da graça, a partir de inúmeras faltas, frutifica em justificação. 17 Por um só homem que pecou, a morte começou a reinar. Muito mais reinarão na vida, pela mediação de um só, Jesus Cristo, os que recebem o dom gratuito e transbordante da justiça.
18
Como a falta de um só acarretou condenação para todos os seres humanos, assim a justiça de um só trouxe para todos a justificação que dá a vida. 19 Com efeito, como, pela desobediência de um só homem, a humanidade toda tornou-se pecadora, assim também, pela obediência de um só, todos se tornarão justos.
20
Quanto à Lei, ela interveio para que se multiplicassem as transgressões. Onde, porém, se multiplicou o pecado, a graça transbordou. 21 Enfim, como o pecado reinou pela morte, assim também a graça reina pela justiça, para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor.

 Morte e vida com Cristo

6 1 Que diremos? “Vamos permanecer no pecado para que a graça aumente”? De modo algum. 2 Nós que já morremos para o pecado, como vamos continuar vivendo nele? 3 Acaso ignorais que todos nós, batizados no Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados? 4 Pelo batismo fomos sepultados com ele na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela ação gloriosa do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova. 5 Pois, se fomos, de certo modo, identificados a ele por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a ele também pela ressurreição. 6 Sabemos que o nosso homem velho foi crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo sujeito ao pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado. 7 Pois aquele que morreu está livre do pecado.
8
E, se já morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele. 9 Sabemos que Cristo, ressuscitado dos mortos, não morre mais. A morte não tem mais poder sobre ele. 10 Pois aquele que morreu, morreu para o pecado, uma vez por todas, e aquele que vive, vive para Deus. 11 Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, no Cristo Jesus.

 Libertados do pecado para servir à justiça

12 Que o pecado não reine mais em vosso corpo mortal, levando-vos a obedecer às suas paixões. 13 Não ofereçais mais vossos membros ao pecado como armas de injustiça. Pelo contrário, oferecei-vos a Deus como pessoas que passaram da morte à vida, e ponde vossos membros a serviço de Deus como armas de justiça. 14 De fato, o pecado não vos dominará, visto que não estais sob a Lei, mas sob a graça.
15
Então, iremos pecar, porque não estamos sob a Lei, mas sob a graça? De modo algum! 16 Acaso não sabeis que, oferecendo-vos a alguém como escravos, sois realmente escravos daquele a quem obedeceis, seja escravos do pecado para a morte, seja escravos da obediência para a justiça? 17 Graças a Deus que vós, depois de terdes sido escravos do pecado, passastes a obedecer, de coração, ao ensino ao qual Deus vos confiou. 18 Libertados do pecado, vos tornastes servos da justiça.
19
Devido a vossas limitações naturais, falo de maneira bem humana: assim como outrora oferecestes vossos membros como escravos à impureza e à iniqüidade, para vi­verdes iniquamente, agora oferecei-os co­mo escravos à justiça, para a vossa santifi­cação. 20 Quando éreis escravos do pecado, estáveis livres em relação à justiça. 21 Que fruto co­lhíeis, então, de ações das quais hoje vos envergonhais? Pois o fim daquelas ações era a morte. 22 Agora, porém, libertados do pecado e como servos de Deus, produzis frutos para a vossa santificação, tendo como meta a vida eterna. 23 Com efeito, a paga do pecado é a morte, mas o dom de Deus é a vida eterna no Cristo Jesus, nosso Senhor.

 A isenção da Lei. Comparação com o matrimônio

7 1 Acaso ignorais, irmãos (estou falando a quem entende de leis), que a lei rege a pessoa só enquanto ela viver? 2 Assim, por exemplo, a mulher casada está ligada por lei ao marido enquanto ele vive. Se, porém, ele vier a falecer, ela estará livre da lei que a prendia ao marido. 3 Portanto, se, em vida do marido, ela se entregar a um outro homem, será chamada de adúltera. Mas, se seu marido for falecido, ela está livre da lei, de sorte que não será adúltera, se se entregar a um outro. 4 Também vós, meus irmãos, morrestes em relação à Lei, mediante o corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, àquele que ressurgiu dos mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus. 5 Quando vivíamos no nível da carne, as paixões pecaminosas, ativadas pela Lei, agiam em nossos membros, a fim de que frutificássemos para a morte. 6 Agora, porém, mortos para aquilo que nos aprisionava, fomos libertados da Lei, de modo a servirmos no novo regime do Espírito e não mais no regime antiquado da letra.

 A Lei conscientizadora do pecado

7 Que diremos então? Que a Lei é pecado? De modo algum. Mas foi por meio da Lei que eu conheci o pecado. Nem mesmo a cobiça eu conheceria, se a lei não dissesse: “Não cobiçarás”. 8 Aproveitando a ocasião oferecida pelo preceito, o pecado produziu em mim toda espécie de cobiça. Pois, sem a Lei, o pecado é coisa morta. 9 Outrora, sem lei, eu vivia; sobrevindo o preceito, o pecado começou a viver, 10 e eu morri, pois o preceito feito para a vida se tornou, para mim, fator de morte. 11 O que houve é que o pecado, aproveitando a ocasião oferecida pelo preceito, me seduziu e acabou me matando. 12 Assim, a Lei é santa, como também o preceito é santo, justo e bom.
13
Então, o que é bom se tornou morte para mim? De modo algum. Mas o pecado, a fim de se tornar conhecido como pecado, se serviu do que é bom para me matar. E assim, por meio do preceito, o pecado mostrou ao extremo seu caráter pecaminoso.

 Conflito entre o homem espiritual e a lei da carne

14 Sabemos que a Lei é espiritual; eu, porém, sou carnal, vendido ao pecado como escravo. 15 De fato, não entendo o que faço, pois não faço o que quero, mas o que detesto. 16 Ora, se faço o que não quero, estou concordando que a Lei é boa. 17 No caso, já não sou eu que estou agindo, mas sim o pecado que habita em mim. 18 De fato, estou ciente de que o bem não habita em mim, isto é, na minha carne. Pois querer o bem está ao meu alcance, não, porém, realizá-lo. 19 Não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero. 20 Ora, se faço aquilo que não quero, então já não sou eu que estou agindo, mas o pecado que habita em mim. 21 Portanto, descubro em mim esta lei: quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta. 22 Como homem interior, ponho toda a minha satisfação na Lei de Deus; 23 mas sinto em meus membros outra lei, que luta contra a lei de minha mente e me aprisiona na lei do pecado, que está nos meus membros.
24
Infeliz que eu sou! Quem me libertará deste corpo de morte? 25 Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Em suma: pela minha mente sirvo à Lei de Deus, mas pela carne sirvo à lei do pecado.

 A vida no Espírito

8 1 Agora, portanto, já não há condenação para os que estão no Cristo Jesus. 2 Pois a lei do Espírito, que dá a vida no Cristo Jesus, te libertou da lei do pecado e da morte. 3 Com efeito, aquilo que era impossível para a Lei, em razão das fraquezas da carne, Deus o realizou enviando seu próprio Filho em carne semelhante à do pecado, e por causa do pecado. Assim, Deus condenou o pecado na carne, 4 a fim de que a justiça exigida pela Lei seja cumprida em nós, que não procedemos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
5
Os que vivem segundo a carne se voltam para o que é da carne; os que vivem segundo o Espírito se voltam para o que é espiritual. 6 Na verdade, as aspirações da carne levam à morte e as aspirações do Espírito levam à vida e à paz. 7 Portanto, as aspirações da carne são uma rebeldia contra Deus: não se sub­metem – nem poderiam submeter-se – à Lei de Deus. 8 Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus.
9
Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em vós. Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo. 10 Se, porém, Cristo está em vós, embora vosso corpo esteja morto por causa do pecado, vosso espírito está cheio de vida, graças à justiça. 11 E, se o Espírito daquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos habita em vós, aquele que ressuscitou Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós.
12
Portanto, irmãos, estamos em dívida, mas não com a carne, como devendo viver segundo a carne. 13 Pois, se viverdes segundo a carne morrereis; mas se, pelo Espírito, matardes o procedimento carnal, então vivereis. 14 Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. 15 De fato, vós não recebestes espírito de escravos, para recairdes no medo, mas recebestes o Espírito que, por adoção, vos torna filhos, e no qual clamamos: “Abbá, Pai!” 16 O próprio Espírito se une ao nosso espírito, atestando que somos filhos de Deus. 17 E, se somos filhos, somos também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, se, de fato, sofremos com ele, para sermos também glorificados com ele.

 A esperança da glória

18 Eu penso que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que há de ser revelada em nós.
19
De fato, toda a criação espera ansiosamente a revelação dos filhos de Deus; 20 pois a criação foi sujeita ao que é vão e ilusório, não por seu querer, mas por dependência daquele que a sujeitou. 21 Também a própria criação espera ser libertada da escravidão da corrupção, em vista da liberdade que é a glória dos filhos de Deus. 22 Com efeito, sabemos que toda a criação, até o presente, está gemendo como que em dores de parto, 23 e não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nosso íntimo, esperando a condição filial, a redenção de nosso corpo. 24 Pois é na esperança que fomos salvos. Ora, aquilo que se tem diante dos olhos não é objeto de esperança: como pode alguém esperar o que está vendo? 25 Mas, se esperamos o que não vemos, é porque o aguardamos com perseverança.
26
Da mesma forma, o Espírito vem em socorro de nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis. 27 E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito, pois é de acordo com Deus que ele intercede em favor dos santos.
28
Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu desígnio. 29 Pois aos que ele conheceu desde sempre, também os predestinou a se configurarem com a imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito numa multidão de irmãos. 30 E àqueles que predestinou, também os chamou, e aos que chamou, também os justificou, e aos que justificou, também os glorificou.

 O amor salvador de Deus

31 Depois disto, que dizer ainda? Se Deus é por nós, quem será contra nós? 32 Deus, que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como é que, com ele, não nos daria tudo? 33 Quem acusará os escolhidos de Deus? Deus, que justifica? 34 Quem condenará? Cristo Jesus, que morreu, mais ainda, que ressuscitou e está à direita de Deus, intercedendo por nós?
35
Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada? 36 Pois está escrito:
Por tua causa somos entregues à
morte, o dia todo;
fomos tidos como ovelhas destinadas ao
matadouro”.
37
Mas, em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou. 38 Tenho certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potências, 39 nem a altura, nem a profundeza, nem outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus, que está no Cristo Jesus, nosso Senhor.

 A eleição de Israel

9 1 Não estou mentindo, mas digo a verdade, em Cristo, e minha consciência, no Espírito Santo, o atesta: 2 tenho no coração uma grande tristeza e uma dor contínua, 3 a tal ponto que desejaria ser, eu mesmo, excluído de Cristo em favor de meus irmãos, meus parentes segundo a carne. 4 Eles são israelitas, a eles pertencem a adoção como filhos, a glória, as alianças, as leis, o culto, as promessas 5 e também os patriarcas. Deles é que descende, quanto à carne, o Cristo, que está acima de tudo, Deus bendito para sempre! Amém!
6
Não que tenha falhado a palavra de Deus! De fato, nem todos os descendentes de Israel são Israel; 7 nem é por serem descendentes de Abraão que todos são seus filhos; mas “é em Isaac que terá começo a tua descendência”. 8 O que significa: não são os filhos físicos que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa é que são considerados descendência. 9 De fato, são estes os termos da promessa: “Por esta época, eu virei e Sara terá um filho”. 10 E não é só. Há também Rebeca, que concebeu \gêmeos de um só homem, Isaac, nosso pai, 11 e antes mesmo de eles nascerem e terem feito algo de bem ou de mal, 12 foi-lhe dito: “O mais velho servirá ao mais novo”, 13 conforme está escrito: “Amei mais a Jacó do que a Esaú”. 11-12 Assim se confirmou o propósito de Deus, propósito de livre escolha, dependendo d’Aquele que chama, e não de ações \humanas.
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Que diremos então? Haveria, porven­tura, injustiça em Deus? De modo algum. 15 Pois ele disse a Moisés: “Farei miseri­córdia a quem eu quiser e terei piedade de quem eu quiser”.
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Portanto, \a escolha de Deus não depende­ da vontade ou dos esforços do ser humano, mas somente de Deus que usa de misericórdia. 17 Pois a Escritura diz a respeito do faraó: “Eu te deixei de pé precisamente para mostrar em ti meu poder e para tornar meu nome conhecido por toda a terra”. 18 Assim, pois, ele faz misericórdia a quem ele quer e endurece a quem ele quer.

 A soberana liberdade de Deus

19 Então me dirás: “Que tem ele ainda a censurar? Pois, quem pode jamais resistir à sua vontade?” 20 Pensa bem, homem! Quem és tu para contestares a Deus? Porventura vai o vaso de barro dizer a quem o modelou: “Por que me fizeste assim?” 21 Acaso não pode o oleiro, da mesma massa, fazer um vaso de luxo e outro vulgar? 22 Se, pois, Deus, embora quisesse manifestar sua ira e tornar conhecido seu poder, suportou com muita paciência “vasos da ira” já preparados para a destruição; 23 se, a fim de tornar conhecida a riqueza de sua glória para com os “vasos da misericórdia” que de antemão preparou para a glória… 24 Nós é que somos estes vasos de misericórdia que ele chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os pagãos. 25 É isso que ele diz no livro do profeta Oséias:
Aquele que não era meu povo, eu o
chamarei meu povo,
e a não amada chamarei amada;
26
e lá onde lhes foi dito: ‘Vós não sois
meu povo’,
ali serão eles chamados filhos do
Deus vivo”.
27
Por seu lado, Isaías brada a respeito de Israel: “Mesmo se o número dos filhos de Israel for como a areia da praia, o resto é que será salvo; 28 pois o Senhor cumprirá, plena e prontamente, sua palavra sobre a terra”.
29
É como predisse ainda Isaías:
Se o Senhor dos exércitos não nos
tivesse deixado um germe,
nos teríamos tornado como Sodoma
e teríamos ficado iguais a Gomorra”.

 O erro de Israel

30 Que vamos concluir? O seguinte: os pagãos, que não buscavam a justiça, alcan­çaram justiça – a justiça que vem da fé –, 31 enquanto Israel, que procurava seguir uma lei de justiça, não chegou até esta lei. 32 Por quê? Porque queriam conseguir a justiça pela observância da Lei e não pela fé. Assim, tropeçaram na pedra de tropeço, 33 como está escrito:
Eis que ponho em Sião uma pedra de
tropeço, uma pedra que faz cair;
mas quem nela crer não passará vergonha”.


Romanos (CNB) 1