Sacerdotii nostri primordia PT 38


III. ZELO PASTORAL


O santo cura d'Ars modelo de zelo apostólico


39 Esta vida de ascese e de oração, cujos exemplos acabamos de expor, mostra claramente o segredo do zelo pastoral de s. João Maria Vianney e da extraordinária eficácia sobrenatural do seu ministério. Escrevia o nosso predecessor, de feliz memória, Pio XII: "Que o padre se lembre que o altíssimo ministério que lhe foi confiado será tanto mais fecundo quanto mais estreitamente estiver unido com Cristo e se deixar guiar pelo seu espírito".(65) A vida do cura d'Ars confirma, uma vez mais, esta grande lei de todo o apostolado, fundada na própria palavra de Jesus: "Sem mim, nada podeis fazer " (Jn 15,5).


40 Sem dúvida, não se trata aqui de relembrar a admirável história deste humilde pároco de aldeia, cujo confessionário foi, durante trinta anos, assediado por multidões tão numerosas que certos espíritos fortes da época ousaram acusá-lo de "perturbar o século XIX",(66) nem de tratar de todos os métodos de apostolado, com que ele se desempenhava do seu ofício e que nem sempre se podem aplicar em nossos dias. Basta-nos lembrar, sobre este ponto, que o Santo foi no seu tempo um modelo de zelo pastoral nesta aldeia de França, onde a fé e os costumes se ressentiam ainda dos abalos da Revolução. "Não há muito amor de Deus nessa paróquia, tereis vós de o despertar"(67) lhe disseram quando para lá o mandaram. Apóstolo infatigável, hábil e sagaz para conquistar a juventude e santificar os lares, atento às necessidades humanas das suas ovelhas, próximo da sua vida, trabalhando sem descanso por estabelecer escolas cristãs e promover missões paroquiais, ele foi na verdade, para o seu pequenino rebanho, o bom pastor, que conhece suas ovelhas e as livra dos perigos e conduz com fortaleza e suavidade. Sem dar por isso, não fazia ele seu próprio elogio nesta apóstrofe de um dos seus sermões: "Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus: eis o maior tesouro que Deus pode conceder a uma paróquia"?(68)


41 O exemplo do cura d'Ars conserva, na verdade, um valor permanente e universal sobre três pontos essenciais, que nos apraz, veneráveis irmãos, propor à vossa consideração.

Sentido apurado das suas responsabilidades pastorais


42 O que em primeiro lugar impressiona é o sentido apurado que ele tinha das suas responsabilidades pastorais. A humildade e o conhecimento sobrenatural do valor das almas fizeram-no levar com receio o ônus de pároco. "Meu amigo - confiava ele a um colega -, não sabeis o que é passar duma paróquia para o tribunal de Deus!"(69) Todos sabemos o desejo, que durante muito tempo o atormentou, de fugir para um lugar retirado para aí "chorar a sua pobre vida", e como a obediência e o zelo das almas o reconduziram sempre ao seu posto.


43 Mas se, em certas horas, ele se sentiu assim acabrunhado pelo seu cargo excepcionalmente pesado, é precisamente porque tinha uma concepção heróica do seu dever e das suas responsabilidades de pastor. Com efeito, nos primeiros anos de seu ofício paroquial elevava ao céus a prece suplicante: "Meu Deus, concedei-me a conversão da minha paróquia, sujeito-me a sofrer o que quiserdes, durante toda a minha vida!"(70) E obteve do céu essa conversão. Mas, mais tarde, confessava: "Quando vim para Ars, se tivesse previsto os sofrimentos que lá me esperavam, teria morrido imediatamente, de medo?"(71) A exemplo dos apóstolos de todos os tempos, ele via na cruz o grande meio sobrenatural de cooperar na salvação das almas que lhe estavam confiadas. Por elas, sofria, sem se queixar, calúnias, incompreensões e contradições; por elas, aceitou o verdadeiro martírio físico e moral de uma presença quase ininterrupta no confessionário, todos os dias, durante trinta anos; por elas, lutou como atleta do Senhor contra os poderes infernais; por elas, mortificou seu corpo. E é conhecida a sua resposta a um colega que se queixava da pouca eficácia do seu ministério: "Rezastes, chorastes, gemestes, suspirastes. Mas porventura jejuastes, fizestes vigílias, dormistes sobre o chão duro, fizestes penitências corporais? Enquanto não o fizerdes, não julgueis que fizestes tudo!"(72)


44 Dirigimo-nos a todos os padres, que têm cura de almas e incitamo-los a entender a força ínsita nessas graves palavras! Examine cada um, segundo a prudência sobrenatural que sempre deve regular nossas açäes, a sua vida, e veja se é tal como a exige a solicitude pastoral do povo que lhe está confiado. Sem nunca duvidar da misericórdia divina que vem em auxílio da nossa fraqueza, e pondo os olhos em s. João Maria Vianney, como num espelho, considere, a responsabilidade do cargo que assumiu. "O grande mal para nós, párocos, deplorava o Santo, é que a alma se deixe entibiar". Considerava isso um estado perigoso do pastor a quem não impressiona ver tantas ovelhas que lhe estão confiadas vivendo na sordidez do pecado. E, para melhor entender ainda os ensinamentos do cura d'Ars, que "estava convencido que, para fazer bem aos homens, é preciso amá-los",(73) examine-se cada um sobre a caridade que o anima para com aqueles que Deus confiou aos seus cuidados e pelos quais Cristo morreu!


45 É certo que a liberdade dos homens, ou determinados acontecimentos independentes da sua vontade, podem por vezes opor-se aos esforços dos maiores santos. Mas o padre nem por isso deve deixar de se lembrar que, segundo os insondáveis desígnios da divina Providência, a sorte de muitas almas está ligada ao seu zelo pastoral e ao exemplo da sua vida. Não será este pensamento de tal natureza que provoque nos obreiros de Cristo, que são tíbios, uma salutar inquietação e desperte nos fervorosos um zelo mais ardente?

Pregador e catequista infatigável


46 "Sempre pronto a corresponder às necessidades das almas",(74) João Maria Vianney, como bom pastor, primou em procurar-lhes com abundância o alimento primordial da verdade religiosa. Durante toda a sua vida, foi pregador e catequista.


47 Conhece-se o trabalho solícito e perseverante a que se obrigou para bem cumprir este dom do seu cargo, "primeiro e máximo dever", segundo o Concílio de Trento. Seus estudos, tardiamente feitos, foram laboriosos, e os sermões custaram-lhe no começo não poucas vigílias. Mas que exemplo para os ministros da palavras de Deus! Alguns não hesitam em desculpar, sem razão, a falta de zelo nos estudos, invocando a pouca erudição do Santo. Deveriam antes imitar a coragem com que se tornou apto para tão grande ministério, segundo a medida dos dons que lhe foram repartidos, estes, aliás, não eram tão poucos como por vezes se afirma, porque "tinha uma inteligência límpida e clara".(75)


48 Em todo o caso, cada padre tem o dever de adquir e desenvolver os conhecimentos gerais e a cultura teológica proporcionada às suas aptidões e funções. E praza a Deus que os pastores de almas façam sempre tanto como fez o cura d'Ars para desenvolver a capacidade da sua inteligência e fortalecer a memória com o exercício, sobretudo para tirar a iluminação do melhor de todos os livros que é a cruz de Cristo! O seu bispo dizia dele a alguns dos seus detratores: "Não sei se é instruído, mas o que é certo é que brilha com luz do céu".(76)


49 Foi com toda a razão que o nosso predecessor de feliz memória, Pio XII, não hesitou em apresentar como modelo aos pregadores da cidade eterna o humilde pároco de aldeia. "O santo cura d'Ars não tinha, por certo, o gênio natural dum P. Ségneri ou dum Benigno Bossuet; mas a convicção viva, clara e profunda, de que estava animado, vibrava na sua palavra, brilhava nos seus olhos, sugeria à sua imaginação e sensibilidade idéias, imagens, comparaçäes justas, apropriadas, deliciosas, que teriam encantado um s. Francisco de Sales. Tais pregadores conquistam o auditório. Àquele que está cheio de Cristo não será difícil conquistar os outros para Cristo".(77) Estas palavras descrevem à maravilha o cura d'Ars, catequista e pregador. Quando, no fim da vida com a voz enfraquecida, já não se podia fazer ouvir por todo o auditório, era ainda pelo olhar de fogo, pelas lágrimas, pelos gemidos de amor de Deus ou pela expressão de dor ao simples pensamento do pecado, que convertia os fiéis atraídos para junto da sua cátedra. Com efeito, quem não ficará impressionado pelo testemunho duma vida tão inteiramente votada ao amor de Cristo?


50 Até à santa morte, s. João Maria Vianney conservou-se assim fiel à missão de instruir o povo e os peregrinos que enchiam a sua igreja, a denunciar "a tempo e fora de tempo" (2Tm 4,2), o mal sob todas as formas, sobretudo a elevar as almas para Deus, porque "preferia antes mostrar o lado atraente da virtude, do que a fealdade do vício".(78) Este humilde padre tinha, com efeito, compreendido em alto grau a dignidade e a grandeza do ministério da Palavra de Deus: "Nosso Senhor, que é a própria Verdade - dizia ele - não faz menos caso da sua Palavra do que do seu corpo".


51 Compreende-se assim a alegria dos nossos predecessores, oferecendo este pastor de almas como modelo aos padres, porque é de suma importência que o clero seja, em toda a parte e em todos os tempos, fiel ao seu dever de ensinar. Dizia a este propósito s. Pio X: "Importa pôr em relevo, e com insistência, este ponto essencial: um padre, seja quem for, não tem missão mais importante, nem mais estrita obrigação".(79) Este vibrante apelo, constantemente renovado pelos nossos predecessores, e de que se faz eco o Direito Canônico, (80) nós vo-lo dirigimos, veneráveis irmãos, neste ano centenário do santo catequista e pregador de Ars. Encorajamos as tentativas feitas com prudência, sob a vossa orientação, em vários países, para melhorar as condições do ensino religioso dos jovens e dos adultos, nas suas diversas formas e tendo em conta os diferentes ambientes. Mas, por muito úteis que sejam tais trabalhos, Deus faz-nos lembrar, neste centenário do cura d'Ars, o irresistível poder apostólico de um padre que, tanto pela sua própria vida como pelas suas palavras, presta homenagem a Cristo crucificado não com "a persuasiva linguagem da sabedoria, mas com uma demonstração do poder do Espírito" (1Co 2,4).

Incansável apóstolo do confessionário


52 Por último, resta-nos evocar na vida de s. João Maria Vianney este aspecto do ministério pastoral, que para ele, durante muitos anos de sua vida, foi como um longo martírio e fica para sempre ligado à sua memória: a administração do sacramento da penitência, que dele recebeu singular brilho e produziu os mais abundantes e salutares frutos. "Em média, cada dia, passava quinze horas no confessionário. Este labor cotidiano começava de madrugada e só acabava à noite".(81) E quando caiu esgotado, cinco dias antes de morrer, os últimos penitentes aglomeravam-se à cabeceira do moribundo. Calculou-se que no final da vida, o número anual dos peregrinos atingisse oitenta mil. (82)


53 Dificilmente se podem imaginar as contrariedades e os sofrimentos físicos destas intermináveis horas no confessionário, para um homem já esgotado pelos jejuns, macerações, enfermidades, e falta de sono... Mas, acima de tudo, ele sentia-se como moralmente esmagado pela dor. Escutai a sua lamentação: "Ofende-se tanto a Deus, que quase nos sentimos tentados a pedir o fim do mundo!..É preciso vir a Ars para se saber o que é o pecado e a sua multidão quase infinita... Não se sabe o que se deve fazer: só se pode chorar e rezar". O santo esquecia-se de acrescentar que tomava também sobre si uma parte da expiação: "Pela minha parte - contava ele a quem lhe pedia conselho - dou-lhes uma penitência pequena e o resto faço-a eu por eles".(83)


54 Na verdade, o cura d'Ars não vivia senão para os "pobres pecadores", como ele dizia, na esperança de os ver converter-se e chorar. A sua conversão era "o fim para o qual convergiam todos os seus pensamentos e a obra em que dispendia todo o tempo e todas as forças".(84) É que, com efeito, ele sabia, pela experiência do confessionário, toda a malícia do pecado e as suas horrorosas devastações no mundo das almas. Falou disso em termos terríveis: "Se tivéssemos fé e víssemos uma alma em estado de pecado mortal, morreríamos de pavor!"(85)


55 Mas a acuidade da sua dor e a veemência da sua palavra provinham menos do receio das penas eternas que ameaçam o pecador endurecido, do que da emoção que sentia com o pensamento do amor divino ignorado e ofendido. Ante a obstinação do pecador e a sua ingratidão para com um Deus tão bom, as lágrimas brotavam-lhe dos olhos: "Oh, meu amigo - dizia ele - eu choro, porque vós não chorais!" (86) Mas, pelo contrário, com que delicadeza e fervor ele fazia a esperança renascer nos corações arrependidos! Incansavelmente, tornava-se junto deles o ministro da misericórdia divina, que é, dizia ele, poderosa "como uma torrente saída do leito, que arrasta os corações na sua passagem"(87) e mais terna do que a solicitude de uma mãe, porque Deus é "mais pronto em perdoar do que uma mãe em tirar seu filho do fogo". (88)


56 Seguindo o exemplo do santo cura d'Ars, os pastores de almas deverão tomar a peito consagrar-se, com competência e dedicação, a este ministério tão grave, porque é aí que, finalmente, a misericórdia divina triunfa da malícia dos homens e que o pecador ‚ reconciliado com Deus. Recordemos, igualmente, que nosso predecessor Pio XII condenou "com palavras bem duras" a opinião errônea segundo a qual não se deveria fazer tanto caso da confissão freqüente das faltas veniais: "Para avançar com ardor crescente no caminho da virtude, recomendamos vivamente este piedoso costume da confissão freqüente, introduzido pela Igreja não sem a inspiração do Espírito Santo". (89) Enfim, ousamos esperar que os ministros do Senhor serão os primeiros a ser fiéis, segundo as prescrições canônicas, (90) à prática regular e fervorosa do sacramento da penitência, tão necessário à sua santificação, e que tomarão na maior conta as insistentes recomendações que, muitas vezes e com sofrimento, Pio XII lhes dirigiu com esta finalidade.(91)

Conclusão


57 Ao terminar esta carta, veneráveis irmãos, desejamos afirmar-vos a nossa viva esperança de que, pela graça de Deus, este centenário da morte do santo cura d'Ars despertará em todos os padres o desejo de cumprir mais generosamente o seu ministério e, sobretudo, este "primeiro dever que é trabalhar na sua própria santificação".(92)


58 Quando, desde este cume do supremo Pontificado onde a Providência quis colocar-nos, consideramos a imensa ansiedade das almas, os graves problemas da evangelização em tantos países e as necessidades religiosas das populações cristãs, sempre e por toda a parte se apresenta diante dos nossos olhos a imagem do padre. Sem ele, sem a sua ação cotidiana, que seria das iniciativas mesmo as mais apropriadas às necessidades do momento? Que fariam mesmo os mais generosos apóstolos leigos?

Exortações


59 É a esses padres tão amados e sobre os quais se fundam tantas esperanças de progresso na Igreja, que ousamos pedir, em nome de Cristo Jesus, inteira fidelidade às exigências espirituais da sua vocação sacerdotal. Estas palavras cheias de sabedoria de s. Pio X realçam o nosso apelo: "Para fazer reinar Jesus Cristo no mundo, nada é mais necessário do que um clero santo, que seja, com o exemplo, com a palavra e com a ciência, guia dos fiéis".(93) Quase o mesmo dizia s. João Maria Vianney ao seu bispo: "Se quiserdes converter a vossa diocese, será preciso tornar santos todos os vossos párocos!".


60 A vós, veneráveis irmãos, que tendes a responsabilidade da santificação dos vossos padres, recomendamo-vos que os ajudeis nas dificuldades, por vezes graves, da sua vida pessoal ou do seu ministério. Quanto pode fazer um Bispo que ama os seus padres e ganhou a sua confiança, que os conhece, segue de perto e guia com autoridade firme e sempre paternal! Se vos pertence a solicitude de todas a diocese, vivei em primeiro lugar e com solicitude paternal para esses homens que colaboram tão estreitamente convosco e aos quais vos unem laços tão sagrados.


61 Igualmente pedimos a todos os fiéis, neste ano centenário, que rezem pelos padres e contribuam, pela sua parte, para a sua santificação. Hoje, os cristãos fervorosos esperam muito do padre. Querem ver nele, neste mundo onde triunfa com freqüência o poderio do dinheiro, a sedução dos sentidos, o prestígio da técnica, um testemunho do Deus invisível, um homem de fé, esquecido de si mesmo e cheio de caridade. Saibam esses cristãos que podem contribuir muito para que seus padres sejam fiéis a tão grande ideal, por um respeito religioso do seu caráter sacerdotal, uma compreensão mais exata da sua tarefa pastoral e das suas dificuldades, uma colaboração mais ativa no seu apostolado.


62 O nosso olhar paternal não pode deixar de voltar-se, cheio de afeição e esperança, para a juventude. "A colheita é grande, mas poucos os operários! (Mt 9,37). Em tantas regiões, os apóstolos, gastos pelo trabalho, esperam ansiosamente os que hão de rendê-los! Povos inteiros sofrem duma fome espiritual ainda mais grave do que a do corpo; quem lhes levará o alimento celeste da verdade e da vida? Esperamos firmemente que a juventude deste século não será menos generosa em corresponder ao apelo do Mestre do que a dos tempos passados.


63 Por certo, a condição do padre é muitas vezes difícil. Não é para admirar que seja o primeiro alvo visado pelos inimigos da Igreja, porque, dizia o cura d'Ars, quando se quer destruir a religião, começa-se por atacar o padre.


64 Mas, não obstante estas gravíssimas dificuldades, que ninguém duvide da felicidade profunda que é partilhar do padre fervoroso, chamado pelo Salvador Jesus a colaborar na mais santa das obras, a da redenção das almas e do crescimento do corpo místico de Cristo. Famílias cristãs, pesai as vossas responsabilidades e dai vossos filhos, com alegria e gratidão, ao serviço da Igreja.


65 Não pretendemos desenvolver aqui este apelo, que é também o vosso, veneráveis irmãos. Mas estamos certos de que compreendereis e partilhareis a ansiedade do nosso coração e todo o poder de convicção que desejaríamos pôr nestas poucas palavras. É a s. João Maria Vianney que confiamos esta causa tão grave e da qual depende o futuro de tantos milhares de almas!

Oração e bênção


66 Para a Virgem Imaculada volvemos agora os nossos olhares. Pouco antes de o cura d'Ars acabar a sua longa carreira, cheia de merecimentos, ela apareceu numa outra região de França a uma donzela humilde e pura, para lhe comunicar uma mensagem de oração e de penitência, cuja imensa repercussão espiritual ‚ bem conhecida desde há um século. Na verdade, a existência do santo padre, cuja memória estamos celebrando, era antecipadamente uma viva ilustração das grandes verdades sobrenaturais confiadas à vidente de Massabielle! Ele próprio tinha pela Imaculada Conceição da Santíssima Virgem uma viva devoção, ele que, em 1836, consagrara a sua paróquia a Maria concebida sem pecado, devia acolher com tanta fé e alegria a definição dogmática de 1854. (94)


67 Desta forma, comprazemo-nos em unir no pensamento e na nossa gratidão para com Deus estes dois centenários, de Lourdes e de Ars, que se sucederam providencialmente e honraram grandemente a nação tão querida ao nosso coração, à qual pertencem estes lugares tão santos. Lembrado de tantos benefícios obtidos e na esperança de novas graças, faremos nossa a invocação mariana, que era familiar ao santo cura d'Ars: "Bendita seja a santíssima imaculada conceição da bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus! Que todas as nações glorifiquem, que toda a terra invoque e bendiga o vosso Coração Imaculado!". (95)


68 Com a mais viva esperança de que este centenário da morte de s. João Maria Vianney possa despertar, em todo o mundo, uma renovação de fervor nos padres e nos jovens chamados ao sacerdócio, e também que possa suscitar por parte de todos os fiéis uma atenção maior e mais ativa para os problemas da vida e do ministério dos padres, nós de todo o coração concedemos a todos, e em primeiro lugar a vós, veneráveis irmãos, como penhor das graças celestes e da nossa benevolência, a bênção apostólica.



Dada em Roma, junto de S. Pedro, no dia 1° de agosto do ano de 1959, ano I do nosso Pontificado.



JOÃO PP. XXIII


Notas

1. AAS 17(1925), p. 224.

2. Carta Apost. Anno Iubilari; AAS 21(1929), p. 313.

3. Acta Pii X, IV, pp. 237-264.

4. AAS 28 (1936), pp. 5-53.

5. AAS 42 (1950), pp. 357-702.

6. AAS 46 (1954), pp. 313-317, e 666-677.

7. Cf. AAS 50 (1958), pp. 966-967; L'Osservatore Romano, 17 outubro 1958.

8. Pontificale Rom.; cf. Jo 15,15.

9. Exort. Haerent animo: Acta Pii X, IV, p. 238.

10. Oração da Missa, na festa de S. J. M. Vianney

11. Cf. Archiv. Secr, Vat., Congr. SS. Rituum, Processus, t. 227, p.196.

12. Alloc. Annus sacer; AAS 43(1951), p. 29.

13. Ibid.

14. S. Tomás, Sum. Th. II-II, q.184, a. 8, in c.

15. Cf. Pio XII, Discurso de 16 abril de 1953: AAS 45 (1953), p. 288.

16. Cf. Arch. Secret. Vat., t. 227, p. 42.

17. Cf. Ibid. t. 227, p.137.

18. Cf. Ibid, t. 227, p. 92.

19. Cf. Ibid. t. 3897, p. 510.

20. Cf. Ibid, t. 227, p. 334.

21. Cf. Ibid. t. 227, p. 305.

22. Carta Enc. Divini Redemptoris; AAS 29 (1937), p. 99.

23. Carta Enc. Ad catholici sacerdotii; AAS 28 (193), p. 28.

24. CIC., can.1473.

25. Cf. Sermons du B. Jean B. M. Vianney,1909, t, l, p. 364.

26. Cf. Arch. Secret. Vat., t. 227, p. 91.

27. In Lucae Evangelium Expositio, IV, in c.12; PL, 92, col. 494-495.

28. Cf. Exort. Apost. Menti Nostrae; AAS 42(1950), pp. 697-699.

29. Cf. Archiv. Secret. Vat., t. 227, p. 91.

30. Summa theol. II-II, q.184, a. 8, c.

31. Exort. Haerent animo: Acta Pii X, IV, p. 260.

32. AAS 46 (1954), pp.161-191.

33. Cf. Arch. Secret. Vat. t. 3897, p. 536.

34. Cf. Arch. Secr. Vat. t. 3897, p. 304.

35. Carta Enc. Ad catholici sacerdotii; AAS 28 (1936), p. 28.

36. Cf. Arch. Secr. Vat, t. 227, p. 29.

37. Cf. Ibid. t. 227, p. 74.

38. Cf. Ibid. t. 227, p. 39.

39. Cf. Ibid, t. 3895, p.153.

40. Exort. In auspicando: AAS 40 (1948), p. 375.

41. Cf. Arch. Secret. Vat. t. 227, p.136.

42. Cf. Ibid, t. 227, p. 33.

43. Pio XII, Discurso de 11 de janeiro de 1953: Discorsi e Radiomessagi di S. S. Pio X11, t. 14, p. 452.

44. Cf. Arch. Secret. Vat. t. 227, p.131.

45. Cf. Ibid. t. 227, p.1100.

46. Cf. Ibid. t. 227, p. 54.

47. Cf. Ibid. t. 227, p. 45.

48. Cf. Ibid. t. 227, p. 29.

49. Cf. Ibid, t. 227, p. 976.

50. CIC., cân.125.

51. Ibid. cân.135.

52. Cf. Arch. Secret. Vat. t. 227, p. 36.

53. Exort. Haerent animo: Acta Pii X, IV, pp. 248-249.

54. Discurso de 24 de giugno 1939; AAS 31(1939), p. 249.

55. Cf. Arch. Secret. Vat. t. 227, p.1103.

56. Cf. Ibid., t. 227, p. 45.

57. Cf. Ibid., t. 227, p. 459.

58. Cf. Nuntius scripto datus, de 25 de junho de 1956: AAS 48 (1956), p. 579.

59. Discurso de 13 de março de 1943: AAS 35(1943), p.114-115.

60. Exort. Apost. Menti Nostrae; AAS 42 (1950), p. 666-667.

61. Cf. Ibid. pp. 667-668.

62. Cf. Arch. Secret. Vat. t. 227, p. 319.

63. Cf. Ibid. t. 227, p. 47.

64. Exort. Apost. Menti Nostrae; AAS 42 (1950), p. 667-668.

65. Cf. Ibid.: AAS 42(1950), p. 676.

66. Cf. Arch. Secret. Vat. t. 227, p. 629.

67. Cf. Ibid. t. 227, p.15.
68. Cf. Sermons, 1909. t. 2, p. 86.
69. Cf. Arch. Secret. Vat. t. 227, p.1210.
70. Cf. Ibid, t. 227, p. 53.
71. Cf. Ibid. t. 227, p. 991.
72. Cf. Ibid, t. 227, p. 53.
73. Cf. Ibid. t. 227, p.1102.
74. Cf. Ibid. t. 227, 580.
75. Cf. Ibid.. t. 3897, p. 444.
76. Cf. Ibid, t. 3897, p. 272.
77. Cf. Discurso de 16 de março de 1946: AAS 38 (1946), p.186.
78. Cf. Arch. Secret. Vat. t. 227, p.185.
79. Carta Enc. Acerbo nimis; Acta Pii X, II, p. 75.
80. CIC., cân. CIS 1330-1332.
81. Cf. Arch. Secret. Vat. t. 227, p.18.
82. Cf. Ibid.
83. Cf. Arch. Secret. Vat. t. 227, p.1018.
84. Cf. Ibid. t. 227, p.18.
85. Cf. Ibid. t. 227, p. 290.
86. Cf. Ibid. t. 227, p. 999.
87. Cf. Ibid. t. 227, p. 978.
88. Cf. Ibid. t 3900, p.1554.
89. Carta Encic. Mystici Corporis: AAS 35 (1943), p. 235.
90. CIC., cân. CIS 125, § 1.
91. Cf. Carta Encic. Mystici Corporis: AAS 35 (1943), p. 235. Carta Encic. Mediator Dei: AAS 39 (1947), p. 585; Exort. Apost. Menti Nostrae: AAS 42(1950), p. 674.
92. Exort. Apost. Menti Nostrae: AAS 42 (1950), p. 677.
93. Cf. Carta La ristorazione: Acta Pii X, I, p. 257.
94. Cf. Arch. Secret. Vat. t. 227, p. 90.
95. Cf. Ibid. t. 227, p.1021.



Sacerdotii nostri primordia PT 38