Catecismo da Igreja Católica
PRIMEIRA PARTE -
SEGUNDA SEÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ - OS SÍMBOLOS DA FÉ
CAPITULO II -
ARTIGO 4
"JESUS CRISTO
PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS,
FOI CRUCIFICADO,
MORTO E SEPULTADO"
- O mistério pascal da Cruz e da
Ressurreição de Cristo está no centro da Boa Nova que os apóstolos e
a Igreja, na esteira deles, devem anunciar ao mundo. O projeto salvador de
Deus realizou-se "uma vez por todas" (Hb 9,26) pela morte
redentora de seu Filho, Jesus Cristo.
(Parágrafo
relacionado: 1067)
- A Igreja permanece fiel à
"interpretação de todas as Escrituras" dada por Jesus mesmo
antes e também depois de sua Páscoa. "Não era preciso que
Cristo sofresse tudo isso e entrasse em sua glória?" (Lc 24,26). Os sofrimentos de
Jesus tomaram sua forma histórica concreta pelo fato de ele ter sido
"rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos
escribas" (Mc 8,31), que o "entregarão aos gentios para ser
escarnecido, açoitado e crucificado" (Mt 20,19).
(Parágrafo
relacionado: 599)
- A fé pode, pois, tentar perscrutar as
circunstâncias da Morte de Jesus, transmitidas fielmente pelos Evangelhos
e iluminadas por outras fontes históricas, para melhor compreender o
sentido da Redenção.
(Parágrafo relacionado: 158)
PARÁGRAFO I - JESUS
E ISRAEL
- Desde o início do ministério público de
Jesus, fariseus e adeptos de Herodes, com sacerdotes e escribas,
mancomunaram-se para matá-lo. Por causa de certos atos por ele praticados
(expulsão de demônios, perdão dos pecados, curas em dia de sábado
interpretação original dos preceitos de pureza da Lei, de pureza da Lei,
familiaridade com os publicanos e com pecadores públicos), Jesus pareceu a
alguns mal-intencionados, suspeito de possessão demoníaca. Ele é acusado
de blasfêmia e de falso profetismo, crimes religiosos que a Lei punia com
a pena de morte sob forma de apedrejamento.
(Parágrafos
relacionados: 530,591)
- Muitos atos e palavras de Jesus
constituíram, portanto, um sinal de contradição" para as autoridades
religiosas de Jerusalém – que o Evangelho de São João com freqüência
denomina "os judeus" – mas ainda do que para o comum do povo de
Deus. Sem dúvida, suas relações com os fariseus não foram exclusivamente
polêmicas. São os fariseus que o previnem do perigo que corre. Jesus
elogia alguns deles, como o escriba de Mc 12,34, e repetidas vezes come
com fariseus. Jesus confirma doutrinas compartilhadas por essa elite
religiosa do povo de Deus: a ressurreição dos mortos, as formas de piedade
(esmola, jejum e oração) e o hábito de dirigir-se a Deus como Pai, a centralidade
do mandamento do amor a Deus e ao próximo.
(Parágrafo
relacionado: 993)
- Aos olhos de muitos, em Israel, Jesus
parece agir contra as instituições essenciais do Povo eleito:
- a submissão à Lei na integralidade de seus preceitos escritos e, para
os fariseus, na interpretação da tradição oral;
- a centralidade do Templo de Jerusalém como lugar santo, em que Deus
habita de forma privilegiada;
- a fé no Deus único, cuja glória nenhum homem pode compartilhar.
I. Jesus e a Lei
- Jesus fez uma advertência solene
no começo do Sermão da Montanha, em que apresentou a Lei dada por Deus no
Sinai por ocasião da Primeira Aliança à luz da graça da Nova Aliança:
Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não
vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento, porque em verdade vos digo que,
até que passem o céu e a terra, não será omitido um só i, uma só vírgula
da Lei, sem que tudo seja realizado. Aquele, portanto, que violar um só destes
menores mandamentos e ensinar os homens a fazerem o mesmo ser chamado o menor
no Reino dos Céus; aquele, porém, que os praticar e os ensinar, esse será
chamado grande no Reino dos Céus (Mt 5,17-19).
(Parágrafos
relacionados: 1965,1967)
- Jesus, o Messias de Israel, portanto o
maior no Reino dos Céus, tinha a obrigação de cumprir a Lei, executando-a
em sua integridade até seus mínimos preceitos, segundo suas próprias
palavras. Ele é o único que conseguiu cumpri-la com perfeição. Os judeus,
conforme sua própria confissão, nunca conseguiram cumprir a Lei em sua
integridade sem violar-lhe o mínimo preceito. Esta é a razão pela qual, em
cada festa anual da Expiação, os filhos de Israel pedem a Deus perdão por
suas transgressões da Lei. Com efeito, a Lei constitui um todo e, como
recorda São Tiago, "aquele que guarda toda a Lei, mas desobedece a um
só ponto, torna- se culpado da transgressão da Lei inteira" (Tg
2,10).
(Parágrafo
relacionado: 1953)
- Esse princípio da
integralidade da observância da Lei, não somente em sua letra, mas em seu
espírito, era caro aos fariseus. Tomando-o extensivo a Israel, levaram muitos judeus do tempo de
Jesus a um zelo religioso extremo. Este zelo extremo, se não quisesse
envolver-se em uma casuística "hipócrita", só podia preparar o
povo para essa intervenção inaudita de Deus que será o cumprimento
perfeito da Lei exclusivamente pelo Justo em lugar de todos os pecadores.
- O cumprimento perfeito da Lei só podia ser
obra do Legislador divino nascido sujeito à Lei na pessoa do Filho. Em
Jesus, a Lei não aparece mais gravada nas tábuas de pedra, mas "no
fundo do coração" (Jr 31,33) do Servo, o qual, pelo fato de
"trazer fielmente o direito" (Is 42,3), se tornou "a
Aliança do povo" (Is 42,6). Jesus cumpriu a Lei até o ponto de tomar
sobre si "a maldição da Lei" in quod illi incurrerant "qui
non permanent in omnibus, quae scripta sunt, ut faciant ea", na qual
incorrerreram aqueles que "não praticam todos os preceitos da mesma,
pois "a morte de Cristo aconteceu para resgatar as transgressões
cometidas no Regime da Primeira Aliança" (Hb 9, 15).
(Parágrafo
relacionado: 527)
- Jesus apareceu aos olhos dos judeus e de
seus chefes espirituais como um "rabi". Com freqüência
argumentou na linha da interpretação rabínica da Lei. Mas ao mesmo tempo Jesus só podia chocar
os doutores da Lei, já que não se contentava em propor sua interpretação
em pé de igualdade com as deles, senão que "ensinava como alguém que
tem autoridade, e não como os escribas" (Mt 7,28-29). Nele, é a mesma
Palavra de Deus que tinha ressoado no Sinai para a Moisés a Lei escrita,
que se faz ouvir novamente sobre o Monte Bem-aventuranças. Ela não abole a
Lei, mas a cumpre, fornecendo de modo divino a interpretação última dela:
"Aprendestes o que foi dito aos antigos... eu, porém, vos digo"
(Mt 5,33-34). Com esta mesma autoridade divina, Ele desabona certas "tradições
humanas" dos fariseus que "invalidam a Palavra de Deus".
(Parágrafo
relacionado: 2054)
- Indo mais longe, Jesus cumpre a Lei a
respeito da pureza dos alimentos, tão importante na vida diária judaica,
revelando o sentido "pedagógico" dela por uma interpretação
divina: "Tudo o que de fora, entrando no homem, não pode torná-lo
impuro..." assim declarava puros todos os alimentos. "O que sai
do homem, é isto que o torna impuro. Pois é de dentro, do coração dos
homens, que as intenções malignas" (Mc 7,18-21). Ao dar com
autoridade divina a interpretação definitiva da Lei, Jesus acabou
confrontando-se com certos doutores da Lei que não aceitavam a
interpretação da Lei dada por Jesus, apesar de garantida pelos sinais
divinos que a acompanhavam. Isto vale particularmente para a questão do
sábado: Jesus lembra, muitas vezes com argumentos rabínicos, que o
descanso do sábado não é lesado pelo serviço de Deus ou do próximo,
executado por meio das curas operadas por Ele.
(Parágrafos relacionados: 368,548,2173)
II. Jesus e o Templo
- Jesus, como os profetas anteriores a Ele,
teve pelo Templo de Jerusalém o mais profundo respeito. Nele foi
apresentado por José e Maria quarenta dias após seu nascimento. Com doze
anos, decide ficar no Templo para lembrar a seus pais que deve dedicar-se
às coisas de seu Pai. Durante os anos de sua vida oculta, subiu ao Templo
a cada ano, no mínimo por ocasião da Páscoa; até seu ministério público
foi ritmado por suas peregrinações a Jerusalém para as grandes festas
judaicas
(Parágrafos
relacionados: 529,534)
- Jesus subiu ao Templo como lugar
privilegiado de encontro com Deus. O Templo é para ele a morada de seu
Pai, uma casa de oração, e se indigna pelo fato de seu átrio externo
ter-se tornado um lugar de comércio. Se expulsa os vendilhões do Templo, é
por amor zeloso a seu Pai. "Não façais da casa de meu Pai uma casa de
comércio. Seus discípulos lembram-se do que está escrito: 'O zelo por tua
casa me devorará' (Sl 69)" (Jo 2,16-17). Depois de sua Ressurreição,
os apóstolos mantiveram um respeito religioso pelo Templo.
(Parágrafo
relacionado: 2599)
- Contudo, no limiar de sua Paixão, Jesus
anunciou a ruína desse esplêndido edifício, do qual não restará mais
pedra sobre pedra. Há aqui o anúncio de um sinal dos tempos finais
que vão abrir-se com sua própria Páscoa. Esta profecia, porém, pode ser
relatada de modo deformado por testemunhas falsas no momento do
interrogatório de Jesus diante do sumo sacerdote, sendo-lhe atribuída como
injúria quando ele foi pregado à cruz.
- Longe de ter sido hostil ao Templo, local
em que aliás, ministrou o essencial de seu ensinamento, Jesus fez questão
de pagar o imposto do Templo, associando a este ato Pedro, que acabara de
estabelecer como fundamento para sua Igreja futura. Mais ainda:
identificou-se com o Templo ao apresentar-se como a morada definitiva de
Deus entre os homens. Eis por que sua morte corporal decretada anuncia a
destruição do Templo, (destruição) que manifestará a entrada em uma nova
era História da Salvação: "Vem a hora em que nem sobre esta montanha
nem em Jerusalém adorareis o Pai" (Jo 4,21)
(Parágrafos relacionados: 797,1179)
III. Jesus e a fé de Israel no Deus Único e Salvador
- Se a Lei e o Templo de Jerusalém puderam
ser ocasião de "contradição" da parte de Jesus para as
autoridades religiosas de Israel, foi o papel dele na redenção dos
pecados, obra divina por excelência, que constituiu para elas a verdadeira
pedra de escândalo.
- Jesus escandalizou os fariseus ao comer
com os publicanos e os pecadores com a mesma familiaridade com que comia
com eles. Contra os que, dentre os fariseus, estavam "convencidos de
serem justos e desprezavam os outros" (Lc 18,9), Jesus afirmou:
"Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores, ao
arrependimento" (Lc 5,32). Foi mais longe ao proclamar diante dos
fariseus que, sendo o pecado universal, os que pretendem não necessitar de
salvação estão cegos para sua própria cegueira.
(Parágrafos
Relacionados 545)
- Jesus escandalizou sobretudo porque
identificou sua conduta misericordiosa para com os pecadores com a atitude
do próprio Deus para com eles. Chegou ao ponto de dar a entender que,
partilhando a mesa dos pecadores, os estava admitindo ao banquete
messiânico. Mas foi particularmente ao perdoar os pecados que Jesus deixou
as autoridades religiosas de Israel diante de um dilema. Foi isto que
disseram com razão, cheios de espanto: Só Deus pode perdoar os
pecados" (Mc 2,7). Ao perdoar os pecados, ou Jesus blasfema - pois é
um homem que se iguala a Deus -, ou diz a verdade, e sua pessoa torna
presente e revela o Nome de Deus.
(Parágrafos
Relacionados 431,1441,432)
- Somente a identidade divina da pessoa de
Jesus pode justificar uma exigência tão absoluta quanto esta: "Aquele
que não está comigo está contra mim" (Mt 12,30); assim,
também, quando diz que nele está "mais do que Jonas... mais do
que Salomão" (Mt 12,41-42), "mais do que o Templo"; ou
quando lembra, referindo-se a si mesmo, que Davi chamou o Messias de seu
Senhor, ao a firmar "Antes que Abraão fosse, Eu Sou" (Jo 8,58);
e até "Eu e o Pai somos um" (Jo 10,30).
(Parágrafo
Relacionado 253)
- Jesus pediu às autoridades religiosas de
Jerusalém que cressem nele por causa das obras de seu Pai que ele realiza.
Tal ato de fé tinha de passar, no entanto, por uma misteriosa morte de si
mesmo em vista de um novo "nascimento do alto", sob o impulso da
graça divina. Essa exigência de conversão ante um cumprimento tão
surpreendente das promessas permite compreender o trágico desprezo do
sinédrio ao estimar que Jesus merecia a morte como blasfemo. Seus
membros agiam assim por "ignorância" e ao mesmo tempo pelo
"endurecimento" da "incredulidade".
(Parágrafos
Relacionados 526,574)
RESUMINDO
- Jesus não aboliu a Lei do Sinai, mas a
cumpriu com tal perfeição que revela seu sentido último e resgata as
transgressões contra ela.
- Jesus venerou o Templo, subindo a ele nas
festas judaicas de peregrinação, e amou com amor cioso esta morada de Deus
entre os homens. O Templo prefigura seu próprio mistério. Se anuncia a
destruição do Templo, é como manifestação de sua própria morte e da
entrada em uma nova era da História da Salvação, na qual seu Corpo
será o Templo definitivo.
- Jesus realizou atos como o perdão dos
pecados – que o manifestaram como o próprio Deus Salvador. Alguns judeus,
não reconhecendo o Deus feito homem e vendo nele um homem que se faz
Deus", julgaram-no blasfemo.
PARÁGRAFO 2
JESUS MORREU
CRUCIFICADO
I. O processo de Jesus
DISSENSÕES ENTRE AS AUTORIDADES JUDAICAS EM RELAÇÃO A JESUS
- Entre as autoridades religiosas de
Jerusalém não houve somente o fariseu Nicodemos ou o ilustre José de
Arimatéia como discípulos secretos de Jesus, mas durante muito tempo foram
produzidas dissensões acerca de Jesus, a ponto de, às vésperas de sua
Paixão São João poder dizer deles que "um bom número deles creu
nele", ainda que de forma bem imperfeita (Jo 12,42). Isso não tem
nada de surpreendente se levarmos em conta que no dia seguinte a
Pentecostes "uma multidão de sacerdotes obedecia à fé" (At 6,7)
e que "alguns do partido dos fariseus haviam abraçado a fé" (At 15,5),
a ponto de São Tiago poder dizer a São Paulo que "zelosos partidários
da Lei, milhares de judeus abraçaram a fé" (At 21,20).
- As autoridades religiosas de Jerusalém não
foram unânimes na conduta a adotar em relação a Jesus. Os fariseus
ameaçaram de excomunhão os que o seguissem. Aos que temiam que "todos
crerão em Jesus e os romanos virão e destruirão nosso Lugar Santo e a
nação" (Jo 11,48), o Sumo Sacerdote Caifás propôs, profetizando:
"Não compreendeis que é de vosso interesse que um só homem morra pelo
povo e não pereça a nação toda?" (Jo 11,50). O Sinédrio, depois de
declarar Jesus "passível de morte" na qualidade deblasfemador,
mas, tendo perdido o direito de pô-lo à morte, entrega Jesus aos romanos,
acusando-o de revolta política, o que colocará Jesus no mesmo pé que
Barrabás, acusado de "sedição" (Lc 23,19). São também ameaças
políticas o que os chefes dos sacerdotes fazem a Pilatos para que condene
Jesus à morte.
(Parágrafo Relacionado 1753)
OS JUDEUS NÃO SÃO COLETIVAMENTE RESPONSÁVEIS PELA MORTE DE JESUS
- Levando em conta a complexidade histórica
do processo de Jesus manifestada nos relatos evangélicos, e qualquer que
possa ser o pecado pessoal dos atores do processo (Judas, o Sinédrio,
Pilatos), conhecido só de Deus, não se pode atribuirá responsabilidade ao
conjunto dos judeus de Jerusalém, a despeito dos gritos de uma multidão
manipulada e das censuras globais contidas nos apelos à conversão depois
de Pentecostes. O próprio Jesus, ao perdoar na cruz, e Pedro, depois dele,
apelaram para a "ignorância" dos judeus de Jerusalém e até dos
chefes deles. Menos ainda pode-se, a partir do grito do povo: "Seu
sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos" (Mt 27,25), que
significa uma fórmula de ratificação, estender a responsabilidade aos
outros judeus no espaço e no tempo.
(Parágrafo Relacionado 1735)
Por isso a Igreja declarou muito oportunamente no
Concílio Vaticano II: "Aquilo que se perpetrou em sua Paixão não pode
indistintamente ser imputado a todos os judeus que viviam então, nem aos de
hoje... Os judeus não devem ser apresentados nem como condenados por Deus nem
como amaldiçoados, como se isto decorresse das Sagradas Escrituras".
(Parágrafo Relacionado 839)
TODOS OS PECADORES FORAM OS AUTORES DA PAIXÃO DE CRISTO
- No magistério de sua fé e no testemunho de
seus santos a Igreja nunca esqueceu que "foram os pecadores como tais
os autores e como que os instrumentos de todos os sofrimentos por que
passou o Divino Redentor". Levando em conta que nossos pecados
atingem o próprio Cristo, a Igreja não hesita em imputar aos cristãos a
responsabilidade mais grave no suplício de Jesus, responsabilidade que com
excessiva freqüência estes debitaram quase exclusivamente aos judeus.
Devemos considerar como culpados desta falta horrível
os que continuam a reincidir em pecados. Já que são os nossos crimes que
arrastaram Nosso Senhor Jesus Cristo ao suplício da cruz, com certeza os que
mergulham nas desordens e no mal "de sua parte crucificam de novo o Filho
de Deus e o expõem as injúrias" (Hb 6,6). E é imperioso reconhecer que
nosso próprio crime, neste caso é maior do que o dos judeus. Pois estes, como
testemunha o Apóstolo, "se tivessem conhecido o Rei da glória, nunca o
teriam crucificado" (1Cor 2,8). Nós, porém, fazemos profissão de
conhecê-lo. E, quando o negamos por nossos atos, de certo modo levantamos
contra Ele nossas mãos homicidas. Os demônios, então, não foram eles que o
crucificaram; és tu que com eles o crucificaste e continuas a crucificá-lo,
deleitando-te nos vícios e. nos pecados.
(Parágrafo Relacionado 1851)
II. A morte redentora de Cristo no desígnio divino de salvação
"JESUS ENTREGUE SEGUNDO O DESÍGNIO BEM DETERMINADO DE DEUS"
- A morte violenta de Jesus não foi o
resultado do acaso um conjunto infeliz de circunstâncias. Ela faz parte do
mistério do projeto de Deus, como explica São Pedro aos judeus de
Jerusalém já em seu primeiro discurso de Pentecostes: "Ele foi
entregue segundo o desígnio determinado e a presciência de Deus" (At
2,23). Esta linguagem bíblica não significa que os que "entregaram Jesus"
tenham sido apenas executores passivos de um roteiro escrito de antemão
por Deus.
(Parágrafo
Relacionado 517)
- Para Deus, todos os momentos do tempo
estão presentes em sua atualidade. Ele estabelece, portanto, seu projeto
eterno de "predestinação" incluindo nele a resposta livre de
cada homem à sua graça: "De fato, contra teu servo Jesus, a quem
ungiste, verdadeiramente coligaram-se, nesta cidade, Herodes e Pôncio
Pilatos com as nações pagãs e os povos de Israel, para executar tudo o
que, em teu poder e sabedoria, havias predeterminado" (At 4,27-28).
Deus permitiu os atos nascidos de sua cegueira, a fim de realizar seu
projeto de salvação.
(Parágrafo Relacionado 312)
"MORREU POR NOSSOS PECADOS SEGUNDO AS ESCRITURAS"
- Este projeto divino de salvação mediante a
morte do "Servo, o Justo" havia sido anunciado antecipadamente
na Escritura como um mistério de redenção universal, isto é, de resgate
que liberta os homens da escravidão do pecado. São Paulo, em sua confissão
de fé que diz ter "recebido secundum Scripturas", professa que
"Cristo morreu por nossos pecados segundo as Escrituras. A morte
redentora de Jesus cumpre em particular a profecia do Servo Sofredor.
Jesus mesmo apresentou o sentido de sua vida e de sua morte à luz do Servo
Sofredor. Após a sua Ressurreição, ele deu esta interpretação das
Escrituras aos discípulos de Emaús, e depois aos próprios apóstolos.
(Parágrafos Relacionados 652,713)
"AQUELE QUE NÃO CONHECERA O PECADO, DEUS O FEZ PECADO POR CAUSA DE
NÓS"
- Por isso, São Pedro pode formular assim a
fé apostólica no projeto divino de salvação: "Fostes resgatados da
vida fútil que herdastes de vossos pais, pelo sangue precioso de Cristo,
como de um cordeiro sem defeitos e sem mácula, conhecido antes da fundação
do mundo, mas manifestado, no fim dos tempos, por causa de vós" (1Pd
1,18-20). Os pecados dos homens, depois do pecado original, são
sancionados pela morte. Ao enviar seu próprio Filho na condição de
escravo, condição de uma humanidade decaída e fadada à morte por causa do
pecado. "Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por
causa de nós, a fim de que, por ele, nos tornemos justiça de Deus"
(2Cor 5,21).
(Parágrafos
Relacionados 400,519)
- Jesus não conheceu a reprovação, como se
Ele mesmo tivesse pecado. Mas, no amor redentor que sempre o unia ao Pai,
nos assumiu na perdição de nosso pecado em relação a Deus a ponto de poder
dizer em nosso nome, na cruz: "Meu Deus, meu Deus por que me
abandonaste?" (Mc 15,34). Tendo-o tornado solidário de nós,
pecadores, "Deus não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por
todos nós" (Rm 8,32), a fim de que fôssemos "reconciliados com
Ele pela morte de seu Filho" (Rm 5,10).
(Parágrafo Relacionado 2572)
DEUS TEM A INICIATIVA DO AMOR REDENTOR UNIVERSAL
- Ao entregar seu Filho por nossos pecados,
Deus manifesta que seu desígnio sobre nós é um desígnio de amor
benevolente que antecede a qualquer mérito nosso: "Nisto consiste o
amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e
enviou-nos seu Filho como vítima de expiação por nossos pecados" (1Jo
4,10). "Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter
morrido por nós quando éramos ainda pecadores" (Rm 5,8).
(Parágrafos
Relacionados 211,2009,1925)
- Este amor não exclui ninguém. Jesus
lembrou-o na conclusão da parábola da ovelha perdida: "Assim, também,
não é da vontade de vosso Pai, que está nos céus, que um destes
pequeninos se perca" (Mt 18,14). Afirma ele "dar sua vida em
resgate por muitos" (Mt 20,28); este último termo não é restritivo:
opõe o conjunto da humanidade à única pessoa do Redentor que se entrega
para salvá-la. A Igreja, no seguimento dos apóstolos, ensina que Cristo
morreu por todos os homens sem exceção: "Não há, não houve e não
haverá nenhum homem pelo qual Cristo não tenha sofrido".
(Parágrafos Relacionados 402,634,2793)
III. Cristo ofereceu-se a seu Pai por nossos pecados
TODA A VIDA DE CRISTO É OFERENDA AO PAI
- O Filho de Deus, que "desceu do Céu
não para fazer sua vontade, mas a do Pai que o enviou", "diz ao
entrar no mundo:.. Eis-me aqui... eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade...
Graças a esta vontade é que somos santificados pela oferenda do corpo de
Jesus Cristo, realizada uma vez por todas" (Hb 10,5-10). Desde o
primeiro instante de sua Encarnação, o Filho desposa o desígnio de
salvação divino em sua missão redentora: "Meu alimento é fazer a
vontade daquele que me enviou e consumar sua obra" (Jo 4,34). O
sacrifício de Jesus "pelos pecados do mundo inteiro" (1Jo 2,2) é
a expressão de sua comunhão de amor ao Pai: "O Pai me ama porque dou
a minha vida" (Jo 10,17). "O mundo saberá que amo o Pai e
faço como o Pai me ordenou" (Jo 14,31).
(Parágrafos
Relacionados 517,536)
- Este desejo de desposar o desígnio de amor
redentor de seu Pai anima toda a vida de Jesus pois sua Paixão redentora é
a razão de ser de sua Encarnação: "Pai, salva-me desta hora. Mas foi
precisamente para esta hora que eu vim" (Jo 12,27). "Deixarei eu
de beber o cálice que o Pai me deu?" (Jo 18,11). E ainda na cruz,
antes que tudo fosse "consumado" (Jo 19,30), ele disse:
"Tenho sede" (Jo 19,28).
(Parágrafo Relacionado 457)
"O CORDEIRO QUE TIRA O PECADO DO MUNDO"
- Depois de ter aceitado dar-lhe o Batismo
junto com os pecadores, João Batista viu e mostrou em Jesus o
"Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo". Manifesta,
assim que Jesus é ao mesmo tempo o Servo Sofredor que se deixa levar
silencioso ao matadouro e carrega o pecado das multidões e o cordeiro
pascal, símbolo da redenção de Israel por ocasião da primeira Páscoa Toda
a vida de Cristo exprime sua missão: "Servir e dar sua vida em
resgate por muitos".
(Parágrafos Relacionados 523,517)
JESUS ABRAÇA LIVREMENTE O AMOR REDENTOR DO PAI
- Ao abraçar em seu coração humano o amor do
Pai pelos homens, Jesus "amou-os até o fim" (Jo 13,11),
"pois ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus
amigos" (Jo 15,13). Assim, no sofrimento e na morte, sua humanidade
se tornou o instrumento livre e perfeito de seu amor divino, que quer a
salvação dos homens. Com efeito, aceitou livremente sua Paixão e sua Morte
por amor de seu Pai e dos homens, que o Pai quer salvar: "Ninguém me
tira a vida, mas eu a dou livremente" (Jo 10,18). Daí a
liberdade soberana do Filho de Deus quando Ele mesmo vai ao encontro da
morte.
(Parágrafos
Relacionados 478,515,272,539)
NA CEIA, JESUS ANTECIPOU A OFERTA LIVRE DE SUA VIDA
- Jesus expressou de modo supremo a oferta
livre de si mesmo na refeição que tomou com os Doze Apóstolos na
"noite em que foi entregue" (1 Cor 11,23). Na véspera de sua
Paixão, quando ainda estava em liberdade, Jesus fez desta Última Ceia com
seus apóstolos o memorial de sua oferta voluntária ao Pai, pela salvação
dos homens: "Isto é o meu corpo que é dado por vós" (Lc 22,19).
"Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos
para remissão dos pecados" (Mt 26,28).
(Parágrafos
Relacionados 766,1337)
- A Eucaristia que instituiu naquele momento
será o "memorial" de seu sacrifício. Jesus inclui os apóstolos
em sua própria oferta e lhes pede que a perpetuem. Com isso, institui seus
apóstolos sacerdotes da Nova Aliança: "Por eles, a mim mesmo me santifico,
para que sejam santificados na verdade" (Jo 17,19).
(Parágrafos Relacionados 1364,1341,1566)
A AGONIA NO GETSÊMANI
- O cálice da Nova Aliança, que Jesus
antecipou na Ceia, oferecendo-se a si mesmo, aceita-o em seguida das mãos
do Pai em sua agonia no Getsêmani, tornando-se "obediente até a
morte" (Fl 2,8). Jesus ora: "Meu Pai, se for possível, que passe
de mim este cálice..." (Mt 26,39). Exprime assim o horror que a morte
representa para sua natureza humana. Com efeito, a natureza humana de
Jesus, como a nossa, está destinada à Vida Eterna; além disso,
diversamente da nossa, ela é totalmente isenta de pecado, que causa a
morte"; mas ela é sobretudo assumida pela pessoa divina do
"Príncipe da Vida", do "vivente". Ao aceitar em sua
vontade humana que a vontade do Pai seja feita, aceita sua morte como
redentora para "carregar em seu próprio corpo os nossos pecados sobre
o madeiro" (1Pd 2,24).
(Parágrafos Relacionados 532,2600,1009)
A MORTE DE CRISTO É O SACRIFÍCIO ÚNICO E DEFINITIVO
- A morte de Cristo é ao mesmo tempo o
sacrifício pascal, que realiza a redenção definitiva dos homens pelo
"cordeiro que tira o pecado do mundo", e o sacrifício da Nova
Aliança, que reconduz o homem à comunhão com Deus, reconciliando-o com ele
pelo "sangue derramado por muitos para remissão dos pecados".
(Parágrafos
Relacionados 1366,2009)
- Este sacrifício de Cristo é único. Ele
realiza e supera todos os sacrifícios. Ele é primeiro um dom do próprio
Deus Pai: é o Pai que entrega seu Filho para reconciliar-nos consigo. É ao
mesmo tempo oferenda do Filho de Deus feito homem, o qual, livremente e
por amor, oferece sua vida a seu Pai pelo Espírito Santo, para reparar
nossa desobediência.
(Parágrafos Relacionados 529,1330,2100)
JESUS SUBSTITUI NOSSA DESOBEDIÊNCIA POR SUA OBEDIÊNCIA
- Como pela desobediência de um só homem
todos se tornaram pecadores, assim, pela obediência de um só, todos se
tornarão justos" (Rm 5,19). Por sua obediência até a morte, Jesus
realizou a substituição do Servo Sofredor que "oferece sua vida em sacrifício
expiatório", "quando carregava o pecado das multidões",
"que ele justifica levando sobre si o pecado de muitos". Jesus
prestou reparação por nossas faltas e satisfez o Pai por nossos pecados.
(Parágrafos Relacionados 1850,433,411)
NA CRUZ, JESUS CONSUMA SEU SACRIFÍCIO
- É "o amor até o fim" que confere
o Valor de redenção de reparação, de expiação e de satisfação ao
sacrifício de Cristo. Ele nos conheceu a todos e amou na oferenda de sua
vida. "A caridade de Cristo nos compele quando consideramos que um só
morreu por todos e que, por conseguinte, todos morreram" (2 Cor
5,14). Nenhum homem, ainda que o mais santo, tinha condições de tomar
sobre si os pecados de todos os homens e de se oferecer em sacrifício por
todos. A existência em Cristo da Pessoa Divina do Filho, que supera e, ao
mesmo tempo, abraça todas as pessoas humanas, e que o constitui Cabeça de
toda a humanidade, torna possível seu sacrifício redentor por todos.
(Parágrafos
Relacionados 478,468,519)
- "Sua sanctissima
passione in ligno crucis nobis iustificationem meruit - Por sua santíssima
Paixão no madeiro da cruz mereceu-nos a justificação", ensina o
Concílio de Trento, sublinhando o caráter único do sacrifício de Cristo
como "princípio de salvação eterna". E a Igreja venera a Cruz, cantando: crux,
ave, spes única - Salve, ó Cruz, única esperança".
(Parágrafos Relacionados 1992,1235)
NOSSA PARTICIPAÇÃO NO SACRIFÍCIO DE CRISTO
- A Cruz é o único sacrifício de Cristo,
"único mediador entre Deus e os homens". Mas pelo fato de que,
em sua Pessoa Divina encarnada, "de certo modo uniu a si mesmo todos
os homens", "oferece a todos os homens, de uma forma que Deus
conhece, a possibilidade de serem associados ao Mistério Pascal".
Chama seus discípulos a "tomar sua cruz e a segui-lo", pois
"sofreu por nós, deixou-nos um exemplo, a fim de que sigamos seus
passos". Quer associar a seu sacrifício redentor aqueles mesmos que
são os primeiros beneficiários dele. Isto realiza-se de maneira suprema em
sua Mãe, associada mais intimamente do que qualquer outro ao mistério de
seu sofrimento redentor:
(Parágrafos Relacionados
1368,1460,307,2100,964)
Fora da Cruz não existe outra escada por onde subir ao
céu.
RESUMINDO
- "Cristo morreu por nossos pecados,
segundo as Escrituras" (1Cor 15,3).
- Nossa salvação deriva da iniciativa de
amor de Deus para conosco, pois "foi Ele quem nos amou e enviou seu
Filho como vítima de expiação por nossos pecados" (1Jo 4,10).
"Foi Deus que em Cristo reconciliou o mundo consigo" (2 Cor
5,19).
- Jesus ofereceu-se livremente por nossa
salvação. Este, dom, ele o significa e o realiza por antecipação durante a
Última Ceia: "Isto é meu corpo, que será dado por vós" (Lc
22,19).
- Nisto consiste a redenção de Cristo: ele
"veio dar a sua vida em resgate por muitos" (Mt 20,28), isto é,
"amar os seus até o fim" (Jo 13,1), para que sejais
"libertados da vida fútil que herdastes de vossos pais".
- Por sua obediência de amor ao Pai,
"até a morte de cruz" (Fl 2,8), Jesus realizou sua missão
expiadora do Servo Sofredor que "justificará a muitos e levar
sobre si as suas transgressões".
PARÁGRAFO 3
JESUS CRISTO FOI SEPULTADO
- "Pela graça de Deus, Ele provou a
morte em favor de todos os homens" (Hb 2,9). Em seu projeto de
salvação, Deus dispôs que seu Filho não somente "morresse por nossos
pecados" (1Cor 15,3), mas também que "provasse a morte",
isto é, conhecesse o estado de morte, o estado de separação entre sua alma
e seu corpo, durante o tempo compreendido entre o momento em que expirou
na cruz e o momento em que ressuscitou. Este estado do Cristo morto é o
mistério do sepulcro e da descida aos Infernos. É o mistério do Sábado
Santo, que o Cristo depositado no túmulo manifesta o grande descanso
sabático de Deus depois da realização da salvação dos homens, que confere
paz ao universo inteiro.
(Parágrafos Relacionados 362,1005,345)
CRISTO COM SEU CORPO NA SEPULTURA
- A permanência de Cristo no túmulo
constitui o vínculo real entre o estado passível de Cristo antes da Páscoa
e seu atual estado glorioso de Ressuscitado. E a mesma pessoa do
"Vivente" que pode dizer: "Estive morto, mas eis que estou
vivo pelos séculos dos séculos" (Ap 1,18).
Deus [o Filho] não impediu a morte de separar a alma
do corpo segundo a ordem necessária à natureza, mas os reuniu novamente um ao
outro pela Ressurreição, a fim de ser ele mesmo em sua pessoa o ponto de
encontro da morte e da vida, sustando nele a decomposição da natureza,
produzida pela morte, e tomando-se ele mesmo princípio de reunião para as
partes separadas.
- Visto que o "Príncipe da vida"
que mataram é o mesmo "Vivente que ressuscitou" é preciso que a
Pessoa Divina do Filho de Deus tenha continuado a assumir sua alma e seu
corpo separados entre si pela morte:
Pelo fato de que na morte de Cristo a alma tenha sido
separada da carne, a única pessoa não foi dividida em duas pessoas, pois o
corpo e a alma de Cristo existiram da mesma forma desde o início na pessoa do
Verbo; e na Morte, embora separados um do outro, ficaram cada um com a mesma e
única pessoa do Verbo.
(Parágrafos Relacionados 470,650)
"NÃO DEIXARÁS TEU SANTO VER A CORRUPÇÃO"
- A Morte de Cristo foi uma
Morte verdadeira enquanto pôs fim à sua existência humana terrestre. Mas, devido à união que a
pessoa do Filho manteve com o seu corpo, não estamos diante de um cadáver
como os outros, porque "não era possível que a morte o retivesse em
seu poder" (At 2,24) e porque "a virtude divina preservou o
corpo de Cristo da corrupção". Sobre Cristo pode-se dizer ao mesmo
tempo: "Ele foi eliminado da terra dos vivos" (Is 53,8) e
"Minha carne repousará na esperança, porque não abandonarás minha
alma no Hades, nem permitirás que teu Santo veja a corrupção" (At
2,26-27). A Ressurreição de Jesus "no terceiro dia" (1 Cor 15,4;
Lc 24,46) foi a prova disso, pois se pensava que a corrupção se
manifestaria a partir do quarto dia.
(Parágrafos Relacionados 1009,1683)
"SEPULTADOS COM CRISTO...
- O Batismo, cujo sinal original e pleno é a
imersão, significa eficazmente a descida ao túmulo do cristão que morre
para o pecado com Cristo em vista de uma vida nova: "Pelo Batismo nós
fomos sepultados com Cristo na morte, a fim de que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos
vida nova" (Rm 6,4).
(Parágrafos
Relacionados 537,1215)
RESUMINDO
- Em benefício de todo homem, Jesus
experimentou a morte. Foi verdadeiramente o Filho de Deus feito homem que
morreu e que foi sepultado.
- Durante a permanência de Cristo no túmulo,
sua Pessoa Divina continuou a assumir tanto a sua alma como o seu corpo,
embora separados entre si pela morte. Por isso o corpo Cristo morto
"não viu a corrupção" (At 2,27).
PRIMEIRA PARTE -
SEGUNDA SEÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
OS SÍMBOLOS DA FÉ
CAPITULO II -
ARTIGO 5
"JESUS CRISTO
DESCEU AOS INFERNOS, RESSUSCITOU DOS MORTOS NO TERCEIRO DIA"
- "Jesus desceu às profundezas da
terra. Aquele que desceu é também aquele que subiu" (Ef 4,9-10). O
Símbolo dos Apóstolos confessa em um mesmo artigo de fé a descida de
Cristo aos Infernos e sua Ressurreição dos mortos no terceiro dia, porque
em sua Páscoa é do fundo da morte que ele fez jorrar a vida:
Cristo, teu Filho,
que, retomado dos Infernos,
brilhou sereno para o gênero humano,
e vive e reina pelos séculos dos séculos. Amem.
PARÁGRAFO I
CRISTO DESCEU AOS INFERNOS
- As freqüentes afirmações do Novo
Testamento segundo as quais Jesus "ressuscitou dentre os mortos"
(1Cor 15,20) pressupõem, anteriormente à ressurreição, que este tenha
ficado na Morada dos Mortos. Este é o sentido primeiro que a pregação
apostólica deu à descida de Jesus aos Infernos: Jesus conheceu a morte
como todos os seres humanos e com sua alma esteve com eles na Morada dos
Mortos. Mas para lá foi como Salvador, proclamando a boa notícia aos
espíritos que ali estavam aprisionados.
- A Escritura denomina a Morada dos Mortos,
para a qual Cristo morto desceu, de os Infernos, o sheol ou o Hades, Visto
que os que lá se encontram estão privados da visão de Deus. Este é, com
efeito, o estado de todos os mortos, maus ou justos, à espera do Redentor
que não significa que a sorte deles seja idêntica, como mostra Jesus na
parábola do pobre Lázaro recebido no "seio de Abraão". "São
precisamente essas almas santas, que esperavam seu Libertador no seio de
Abraão, que Jesus libertou ao descer aos Infernos". Jesus não desceu
aos Infernos para ali libertar os condenados nem para destruir o Inferno
da condenação, mas para libertar os justos que o haviam precedido.
(Parágrafo
Relacionado 1033)
- "A Boa Nova foi igualmente anunciada
aos mortos..." (1Pd 4,6). A descida aos Infernos é o cumprimento, até
sua plenitude, do anúncio evangélico da salvação. É a fase última da
missão messiânica de Jesus, fase condensada no tempo, mas imensamente
vasta em sua significação real de extensão da obra redentora a todos os
homens de todos os tempos e de todos os lugares, pois todos os que são
salvos se tomaram participantes da Redenção.
(Parágrafo
Relacionado 605)
- Cristo desceu, portanto, no seio da terra,
a fim de que "os mortos ouçam a voz do Filho de Deus e os que a
ouvirem vivam" (Jo 5,25). Jesus, "o Príncipe da vida",
"destruiu pela morte o dominador da morte, isto é, O Diabo, e libertou
os que passaram toda a vida em estado de servidão, pelo temor da
morte" (Hb 2,5). A partir de agora, Cristo ressuscitado "detém a
chave da morte e do Hades" (Ap 1,18), e "ao nome de Jesus todo
joelho se dobra no Céu, na Terra e nos Infernos" (Fl 2,10).
Um grande silêncio reina hoje na terra, um grande
silêncio e uma grande solidão. Um
grande silêncio porque o Rei dorme. A terra tremeu e acalmou-se porque Deus
adormeceu na carne e foi acordar os que dormiam desde séculos... Ele vai
procurar Adão, nosso primeiro Pai, a ovelha perdida. Quer ir visitar todos os que se assentaram nas
trevas e à sombra da morte. Vai libertar de suas dores aqueles dos quais é
filho e para os quais é Deus: Adão acorrentado e Eva com ele cativa. "Eu
sou teu Deus, e por causa de ti me tornei teu filho. Levanta-te, tu que dormes,
pois não te criei para que fiques prisioneiro do Inferno: Levanta-te dentre os
mortos, eu sou a Vida dos mortos."
RESUMINDO
- Na expressão "Jesus desceu à mansão
dos mortos", o símbolo confessa que Jesus morreu realmente e que, por
sua morte por nós, venceu a morte e o Diabo, "o dominador da morte. (Hb
2,14)
- O Cristo morto, em sua
alma unida à sua pessoa divina, desceu à Morada dos Mortos. Abriu as portas do Céu aos
justos que o haviam precedido.
PARÁGRAFO 2
NO TERCEIRO DIA RESSUSCITOU DOS MORTOS
- "Anunciamo-vos a Boa Nova: a
promessa, feita a nossos pais, Deus a realizou plenamente para nós, seus
filhos, ressuscitando Jesus" (At 13,32-33). A Ressurreição de Jesus é
a verdade culminante de nossa fé em Cristo, crida e vivida como verdade
central pela primeira comunidade cristã, transmitida como fundamental pela
Tradição, estabelecida pelos documentos do Novo Testamento, pregada,
juntamente com a Cruz, como parte essencial do Mistério Pascal.
(Parágrafos Relacionados 90,651,991)
Cristo ressuscitou dos mortos.
Por sua morte
venceu a morte,
Aos mortos deu a vida.
I - O evento histórico e transcendente
- O mistério da Ressurreição de Cristo é um
acontecimento real que teve manifestações historicamente constatadas, como
atesta o Novo Testamento. Já São Paulo escrevia aos Coríntios pelo
ano de 56: "Eu vos transmiti... o que eu mesmo recebi: Cristo morreu
por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras. Apareceu a Cefas, e depois aos
Doze" (1Cor 15,3-4). O apóstolo fala aqui da viva tradição da
Ressurreição, que ficou conhecendo após sua conversão às portas de
Damasco.
O TÚMULO VAZIO
- "Por que procurais entre os mortos
Aquele que vive? Ele não esta aqui; ressuscitou" (Lc 24,5-6). No quadro dos acontecimentos da
Páscoa, c primeiro elemento com que se depara é o sepulcro vazio. Ele não
constitui em si uma prova direta. A ausência do corpo de Cristo no túmulo
poderia explicar-se de outra forma. Apesar disso, o sepulcro vazio
constitui para todos um sinal essencial. Sua descoberta pelos discípulos
foi o primeiro passo para o reconhecimento do próprio fato da
Ressurreição. Este é o caso das santas mulheres, em primeiro 1ugar, em
seguida de Pedro. "O discípulo que Jesus amava" (Jo 20,2) afirma
que, ao entrar no túmulo vazio e ao descobrir "os panos de linho no
chão" (Jo 20,6), "viu e creu". Isto supõe que ele tenha
constatado, pelo estado do sepulcro vazio, que a ausência do corpo de Jesus
não poderia ser obra humana e que Jesus não havia simplesmente retomado a
Vida terrestre, como tinha sido o caso de Lázaro.
(Parágrafo Relacionado 999)
AS APARIÇÕES DO RESSUSCITADO
- Maria de Mágdala e as santas mulheres, que
Vinham terminar de embalsamar o corpo de Jesus, sepultado às pressas,
devido à chegada do Sábado, na tarde da Sexta-feira Santa, foram as
primeiras a encontrar o Ressuscitado. Assim, as mulheres foram as
primeiras mensageiras da Ressurreição de Cristo para os próprios
apóstolos. Foi a eles que Jesus apareceu em seguida, primeiro a Pedro,
depois aos Doze. Pedro, chamado a confirmar a fé de seus irmãos, vê
portanto, o Ressuscitado antes deles, e é baseada no testemunho dele que a
comunidade exclama: "E verdade! O Senhor ressuscitou e
apareceu a Simão" (Lc 24,34).
(Parágrafos
Relacionados 553,448)
- Tudo o que aconteceu nesses dias pascais
convoca todos os apóstolos, de modo particular Pedro, para a construção da
era nova que começou na manhã de Páscoa. Como testemunhas do Ressuscitado,
são eles as pedras de fundação de sua Igreja. A fé da primeira comunidade
dos crentes tem por fundamento o testemunho de homens concretos,
conhecidos dos cristãos e, na maioria dos casos, vivendo ainda entre eles.
Estas "testemunhas da Ressurreição de Cristo" são, antes de
tudo, Pedro e os Doze, mas não somente eles: Paulo fala claramente de mais
de quinhentas pessoas às quais Jesus apareceu de uma só vez, além de Tiago
e de todos os apóstolos.
(Parágrafos
Relacionados 659,881,860)
- Diante desses testemunhos é
impossível interpretar a Ressurreição de Cristo fora da ordem física e não
reconhecê-la como um fato histórico. Os fatos mostram que a fé dos discípulos foi submetida à prova
radical da paixão e morte na cruz de seu Mestre, anunciada antecipadamente
por Ele. O abalo provocado pela Paixão foi tão grande que os discípulos
(pelo menos alguns deles) não creram de imediato na notícia da
ressurreição. Longe de nos falar de uma comunidade tomada de exaltação
mística, os Evangelhos nos apresentam discípulos abatidos, "com o
rosto sombrio" (Lc 24,17) e assustados. Por isso não acreditaram nas
santas mulheres que voltavam do sepulcro, e "as palavras delas
pareceram-lhes desvario" (Lc 24,11). Quando Jesus se manifesta aos
onze na tarde da Páscoa, "censura-lhes a incredulidade e a dureza de
coração, porque não haviam dado crédito aos que tinham visto o
Ressuscitado" (Mc 16,14).
- Mesmo confrontados com a realidade de
Jesus ressuscitado, os discípulos ainda duvidam, a tal ponto que o fato
lhes parece impossível: pensam estar vendo um espírito. "Por causa da
alegria, não podiam acreditar ainda e permaneciam perplexos" (Lc
24,41). Tomé conhecerá a mesma provação da dúvida e quando da última
aparição na Galiléia, contada por Mateus, "alguns, porém,
duvidaram" (Mt 28,17). Por isso, a hipótese segundo a qual a
ressurreição teria sido um "produto" da fé (ou da credulidade)
dos apóstolos carece de consistência. Muito pelo contrário, a fé que
tinham na Ressurreição nasceu - sob a ação da graça divina - da
experiência direta da realidade de Jesus ressuscitado.
O ESTADO DA HUMANIDADE RESSUSCITADA DE CRISTO
- Jesus ressuscitado estabelece com seus
discípulos relações diretas, em que estes o apalpam e com Ele comem.
Convida-os, com isso, a reconhecer que Ele não é um espírito, mas
sobretudo a constatar que o corpo ressuscitado com o qual Ele se apresenta
a eles é o mesmo que foi martirizado e crucificado, pois ainda traz as
marcas de sua Paixão. Contudo, este corpo autêntico e real possui, ao
mesmo tempo, as propriedades novas de um corpo glorioso: não está
mais situado no espaço e no tempo, mas pode tornar-se presente a seu modo,
onde e quando quiser, pois sua humanidade não pode mais ficar presa à
terra, mas já pertence exclusivamente ao domínio divino do Pai. Por esta
razão também Jesus ressuscitado é soberanamente livre de aparecer como
quiser: sob a aparência de um jardineiro ou "de outra forma" (Mc
16,12), diferente das que eram familiares aos discípulos, e isto
precisamente para suscitar-lhes a fé.
(Parágrafo
Relacionado 999)
- A Ressurreição de Cristo não constituiu
uma volta à vida terrestre, como foi o caso das ressurreições que Ele
havia realizado antes da Páscoa: a filha de Jairo, o jovem de Naim e
Lázaro. Tais fatos eram acontecimentos miraculosos, mas as pessoas
contempladas pelos milagres voltavam simplesmente à vida terrestre
"ordinária" pelo poder de Jesus. Em determinado momento,
voltariam a morrer. A Ressurreição de Cristo é essencialmente diferente.
Em seu corpo ressuscitado, Ele passa de um estado de morte para outra
vida, para além do tempo e do espaço. Na Ressurreição, o corpo de Jesus é
repleto do poder do Espírito Santo; participa da vida divina no estado de
sua glória, de modo que Paulo pode chamar a Cristo de "o homem
celeste".
(Parágrafos Relacionados 934,549)
A RESSURREIÇÃO COMO ACONTECIMENTO TRANSCENDENTE
- "Só tu, noite feliz "canta o
Exsultet da Páscoa – "soubeste a hora em que Cristo da morte
ressurgia." Com efeito ninguém foi testemunha ocular do próprio
acontecimento da Ressurreição, e nenhum Evangelista o descreve. Ninguém
foi capaz de dizer como ela se produziu fisicamente. Muito menos sua
essência mais íntima, sua passagem a outra vida, foi perceptível aos
sentidos. Como evento histórico constatável pelo sinal do sepulcro vazio e
pela realidade dos encontros dos apóstolos com Cristo ressuscitado, a
Ressurreição nem por isso deixa de estar no cerne do mistério da fé, no
que ela transcende e supera a história. E por isso que Cristo ressuscitado
não se manifesta ao mundo mas a seus discípulos, "aos que haviam
subido com ele da Galiléia para Jerusalém, os quais são agora suas
testemunhas diante do povo" (At 13,31).
(Parágrafo Relacionado 1000)
II. A Ressurreição - obra da Santíssima Trindade
- A Ressurreição de Cristo é objeto de fé
enquanto intervenção transcendente do próprio Deus na criação e na
história. Nela, as três Pessoas Divinas agem ao mesmo tempo, juntas, e
manifestam sua originalidade própria. Ela aconteceu pelo poder do Pai que
"ressuscitou" (At 2,24) Cristo, seu Filho, e desta forma
introduziu de modo perfeito sua humanidade - com seu corpo - na Trindade.
Jesus é definitivamente revelado "Filho de Deus com poder por sua
Ressurreição dos mortos segundo o Espírito de santidade" (Rm 1,4).
São Paulo insiste na manifestação do poder de Deus pela obra do Espírito
que vivificou a humanidade morta de Jesus e a chamou ao estado glorioso de
Senhor.
(Parágrafos
Relacionados 258,989,663,445,272)
- O Filho opera, por sua vez, a própria
Ressurreição em virtude de seu poder divino. Jesus anuncia que o Filho do
homem dever sofrer muito, morrer e, em seguida, ressuscitar (sentido
ativo da palavra). Alhures, afirma explicitamente: "Eu dou a minha
vida para retomá-la... Tenho poder de dá-la e poder para retomá-la"
(Jo 10,17-18 "Nós cremos... que Jesus morreu, em seguida ressuscitou"
(1Ts 4,14).
- Os Padres da Igreja contemplam a
Ressurreição a partir da Pessoa Divina de Cristo que ficou unida à sua
alma e a seu corpo separados entre si pela morte: "Pela unidade da
natureza divina, que permanece presente em cada uma das duas partes do
homem, estas se unem novamente. Assim, a Morte se produz pela
separação do composto humano, e a Ressurreição, pela união das duas partes
separadas"
(Parágrafos
Relacionados 626,1005)
III. Sentido e alcance salvífico da
Ressurreição
- "Se Cristo não
ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia é também a vossa fé"
(1Cor 15,14). A
Ressurreição constitui antes de mais nada a confirmação de tudo o que o
próprio Cristo fez e ensinou. Todas as Verdades, mesmo as mais
inacessíveis ao espírito humano, encontram sua justificação se, ao
ressuscitar, Cristo deu a prova definitiva, que havia prometido, de sua
autoridade divina.
(Parágrafos
Relacionados 129,274)
- A Ressurreição de Cristo é cumprimento das
promessas do Antigo Testamento" e do próprio Jesus durante sua vida
terrestre. A expressão "segundo as Escrituras" indica que a
Ressurreição de Cristo realiza essas predições.
(Parágrafos
Relacionados 994,601)
- A verdade da divindade de Jesus é
confirmada por sua Ressurreição. Dissera Ele: "Quando tiverdes
elevado o Filho do Homem, então sabereis que EU SOU, (Jo 8,28). A
Ressurreição do Crucificado demonstrou que ele era verdadeiramente "EU
SOU", o Filho de Deus e Deus mesmo. São Paulo pôde declarar aos
judeus: "A promessa feita a nossos pais, Deus a realizou plenamente
para nós...; ressuscitou Jesus, como está escrito no Salmo segundo: 'Tu és
o meu filho, eu hoje te gerei" (At 13,32-33). A Ressurreição de
Cristo está estreitamente ligada ao mistério da Encarnação do Filho de
Deus. E o cumprimento segundo o desígnio eterno de Deus.
(Parágrafos
Relacionados 445,422,461)
- Há um duplo aspecto no Mistério
Pascal: por sua morte Jesus nos liberta do pecado, por sua Ressurreição
Ele nos abre as portas de uma nova vida. Esta é primeiramente a
justificação que nos restitui a graça de Deus, "a fim de que, como
Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também
nós vivamos vida nova" (Rm 6,4). Esta consiste na vitória sobre a
morte do pecado e na nova participação na graça". Ela realiza a
adoção filial, pois os homens se tornam irmãos de Cristo, como o próprio
Jesus chama seus discípulos após a Ressurreição: "Ide anunciar a meus
irmãos" (Mt 28,10). Irmãos não por natureza mas por dom da graça,
visto que esta filiação adotiva proporciona uma participação real na vida
do Filho Único, que se revelou plenamente em sua Ressurreição.
(Parágrafos
Relacionados 1987,1996)
- Finalmente, a Ressurreição de Cristo - e o
próprio Cristo ressuscitado - é princípio e fonte de nossa ressurreição
futura: "Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que
adormeceram... assim como todos morrem em Adão, em Cristo todos receberão
a vida" (1Cor 15,20-22). Na expectativa desta realização, Cristo
ressuscitado vive no coração de seus fiéis. Nele, os cristãos
"experimentaram... as forças do mundo que há de vir" (Hb
6,5) e sua vida é atraída por Cristo ao seio da vida divina" "a
fim de que não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que morreu e
ressuscitou por eles" (2Cor 5,15).
(Parágrafos
Relacionados 989,1002)
RESUMINDO
- A fé na Ressurreição tem por objeto um
acontecimento ao mesmo tempo historicamente atestado pelos discípulos que
encontraram verdadeiramente o Ressuscitado e misteriosamente
transcendente, enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de Deus.
- O sepulcro vazio e os panos de linho no chão
significam por si mesmos que o corpo de Cristo escapou às correntes da
morte e da corrupção pelo poder de Deus. Eles preparam os discípulos para
o reencontro com o Ressuscitado.
- Cristo, "primogênito dentre os
mortos" (Cl 1,18), é o princípio de nossa própria ressurreição, desde
já pela justificação de nossa alma, mais tarde pela vivificação de
nosso corpo".
ARTIGO 6
"JESUS SUBIU
AOS CÉUS, ESTÁ SENTADO ·
DIREITA DE DEUS PAI
TODO-PODEROSO"
- "E o Senhor Jesus, depois de ter-lhes
falado, foi arrebatado ao Céu e sentou-se à direita de Deus" (Mc 9).
O corpo de Cristo foi glorificado desde o instante de sua Ressurreição,
como provam as propriedades novas e sobrenaturais de que desfruta partir
de agora seu corpo em caráter permanente". Mas, durante os quarenta
dias em que vai comer e beber familiarmente com seus discípulos e
instruí-los sobre o Reino sua glória permanece ainda velada sob os traços
de uma humanidade comum. A última aparição de Jesus termina com a entrada
irreversível de sua humanidade na glória divina, simbolizada pela nuvem e
pelo céu onde já está desde agora sentado à direita de Deus. Só de modo
totalmente excepcional e único Ele se mostrará a Paulo "como a um
abortivo" (1 Cor 15,8) em uma última aparição que o constitui
apóstolo.
(Parágrafos
Relacionados 645,66,697,642)
- O caráter velado da glória
do Ressuscitado durante esse tempo transparece em sua palavra misteriosa a
Maria Madalena "Ainda não subi para o Pai. Mas vai aos meus irmãos e dizer-lhes Eu
subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus (Jo 20,17). Isso
indica uma diferença de manifestação entre a glória de Cristo ressuscitado
e a de Cristo exaltado à direita do Pai. O acontecimento ao mesmo
tempo histórico e transcendente da Ascensão marca a transição de uma para
a outra.
- Esta última etapa permanece intimamente
unida à primeira, isto é, à descida do céu realizada na Encarnação. Só
aquele que "saiu do Pai" pode "retomar ao Pai":
Cristo. "Ninguém jamais subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do
céu, o Filho do Homem" (Jo 3,13). Entregue a suas forças naturais, a
humanidade não tem acesso à "Casa do Pai" à vida e à felicidade
de Deus. Só Cristo pôde abrir esta porta ao homem, "de sorte que nós,
seus membros, tenhamos a esperança de encontrá-lo lá onde Ele, nossa
cabeça e nosso princípio, nos precedeu".
(Parágrafos
Relacionados 461,792)
- "E, quando eu for elevado da terra,
atrairei todos os homens a mim" (Jo 12,32). A elevação na Cruz
significa e anuncia a elevação da Ascensão ao céu. É o começo dela. Jesus
Cristo, o Único Sacerdote da nova e eterna Aliança, não "entrou em um
santuário feito por mão de homem... e sim no próprio céu, a fim de
comparecer agora diante da face de Deus a nosso favor" (Hb 9,24). No
céu, Cristo exerce em caráter permanente seu sacerdócio, "por isso é
capaz de salvar totalmente aqueles que, por meio dele, se aproximam de
Deus, visto que ele vive eternamente para interceder por eles" (Hb
7,25). Como "sumo sacerdote dos bens vindouros" (Hb 9,11) ele é
o centro é o ator principal da liturgia que honra o Pai nos Céus.
(Parágrafos
Relacionados 1545,1137)
- A partir de agora, Cristo está
sentado à direita do Pai: "Por direita do Pai entendemos a glória e a
honra da divindade, onde aquele que existia como Filho de Deus antes de
todos os séculos como Deus e consubstancial ao Pai se sentou corporalmente
depois de encarnar-se e de sua carne ser glorificada"
(Parágrafo
Relacionado 648)
- O sentar-se à direita do
Pai significa a inauguração do Reino do Messias, realização da visão do
profeta Daniel no tocante ao Filho do Homem: "A Ele foram outorgados
o império, a honra e o reino, e todos os povos, nações e línguas o
serviram. Seu império é
um império eterno que jamais passará, e seu reino jamais será
destruído" (Dn 7,14). A partir desse momento, os apóstolos se tomaram
as testemunhas do "Reino que não terá fim".
(Parágrafo
Relacionado 541)
RESUMINDO
- A ascensão de Cristo assinala a entrada
definitiva da humanidade de Jesus no domínio celeste de Deus, donde
voltará, mas que até lá o esconde aos olhos dos homens.
- Jesus Cristo, Cabeça da Igreja, nos
precede no Reino glorioso do Pai para que nós, membros de seu Corpo,
vivamos na esperança de estarmos um dia eternamente com Ele.
- Tendo entrado uma vez por todas no
santuário do céu, Jesus Cristo intercede sem cessar por nós como mediador
que nos garante permanentemente a efusão do Espírito Santo
ARTIGO 7
"DONDE VIRÁ
JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS"
I. Ele voltará na glória
CRISTO JÁ REINA PELA IGREJA...
- "Cristo morreu e reviveu para ser o
Senhor dos mortos e dos vivos" (Rm 14,9). A Ascensão de Cristo ao Céu
significa sua participação, em sua humanidade, no poder e na autoridade do
próprio Deus. Jesus Cristo é Senhor: possui todo poder nos céus e na
terra. Está "acima de toda autoridade, poder, potentado e soberania",
pois o Pai "tudo submeteu a seus pés (Ef 1,20-22). Cristo é o Senhor
do cosmo e da história. Nele, a história do homem e mesmo toda a criação
encontram sua "recapitulação"' sua consumação transcendente.
(Parágrafos
Relacionados 450,518)
- Como Senhor, Cristo é também a cabeça da
Igreja, que é seu Corpo. Elevado ao céu e glorificado, tendo assim
cumprido plenamente sua missão, Ele permanece na terra em sua Igreja. A
redenção é a fonte da autoridade que Cristo, em Virtude do Espírito Santo,
exerce sobre a Igreja". O Reino de Cristo já está
misteriosamente presente na Igreja", germe e início deste Reino na
terra.
(Parágrafos
Relacionados 792,1088,541)
- Desde a Ascensão, o desígnio de Deus
entrou em sua consumação. Já estamos na "última hora" (1Jo
2,18)". "Portanto, a era final do mundo já chegou para
nós, e a renovação do mundo está irrevogavelmente realizada e, de
certo modo, já está antecipada nesta terra. Pois já na terra a Igreja se
reveste de verdadeira santidade, embora imperfeita." O Reino de
Cristo já manifesta sua presença pelos sinais milagrosos que acompanham
seu anúncio pela Igreja".
(Parágrafos Relacionados 1042,825,547)
À ESPERA DE QUE TUDO LHE SEJA SUBMETIDO
- Já presente em sua Igreja, o Reino
de Cristo ainda não está consumado "com poder e grande glória"
(Lc 21, 17) pelo advento do Rei na terra. Esse Reino é ainda atacado pelos
poderes maus, embora estes já tenham sido vencidos em suas bases
pela Páscoa de Cristo. Enquanto tudo não for submetido a ele,
"enquanto não houver novos céus e nova terra, nos quais habita a
justiça, a Igreja peregrina leva consigo em seus sacramentos e em suas
instituições, que pertencem à idade presente, a figura deste mundo que
passa, e ela mesma vive entre as criaturas que gemem e sofrem como que
dores de parto até o presente e aguardam a manifestação dos filhos de
Deus" Por este motivo os cristãos oram, sobretudo na Eucaristia, para
apressar a volta de Cristo, dizendo-lhe: "Vem, Senhor" (Ap
22,20).
(Parágrafos
Relacionados 1043,769,773,1043,2046,2817)
- Cristo afirmou antes de sua Ascensão que
ainda não chegara a hora do estabelecimento glorioso do Reino messiânico
esperado por Israel, que deveria trazer a todos os homens, segundo os
profetas a ordem definitiva da justiça, do amor e da paz. O tempo presente
é, segundo o Senhor, o tempo do Espírito e do testemunho mas é também um
tempo ainda marcado pela "tristeza" e pela provação do mal, que
não poupa a Igreja e inaugura os combates dos últimos dias. E um
tempo de expectativa e de vigília.
(Parágrafos
Relacionados 732,2612)
O ADVENTO GLORIOSO DE CRISTO, ESPERANÇA DE ISRAEL
- A partir da Ascensão, o advento de Cristo
na glória é iminente, embora não nos "caiba conhecer os tempos e os
momentos que o Pai fixou com sua própria autoridade" (At 1,7). Este
acontecimento escatológico pode ocorrer a qualquer momento, ainda que
estejam "retidos" tanto ele como a provação final que há
de precedê-lo.
(Parágrafos
Relacionados 1040,1048)
- A vinda do Messias glorioso depende a todo
momento da história do reconhecimento dele por "todo Israel".
Uma parte desse Israel se "endureceu" (Rm 5) na
"incredulidade" (Rm 11,20) para com Jesus. São Pedro o afirma
aos judeus de Jerusalém depois de Pentecostes: "Arrependei-vos, pois,
e convertei-vos, a fim de que sejam apagados os vossos pecados e deste modo
venham da face do Senhor os tempos de refrigério. Então enviará ele
o Cristo que vos foi destinado, Jesus a quem o céu deve acolher até os
tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca
de seus santos profetas" (At 3,19-21). E São Paulo lhe faz eco:
"Se a rejeição deles resultou na reconciliação do mundo, O que
será o acolhimento deles senão a vida que vem dos mortos?" A
entrada da "plenitude dos judeus" na salvação messiânica, depois
da "plenitude dos pagãos, dará ao Povo de Deus a possibilidade
de "realizar a plenitude de Cristo" (Ef 4, 13), na qual
"Deus ser tudo em todos" (1Cor 15,28).
(Parágrafos Relacionados 840,58)
A PROVAÇÃO DERRADEIRA DA IGREJA
- Antes do advento de Cristo, a Igreja deve
passar por uma provação final que abalar a fé de muitos crentes. A
perseguição que acompanha a peregrinação dela na terra"
desvendará o "mistério de iniquidade" sob a forma de uma
impostura religiosa que há de trazer aos homens uma solução aparente
a seus problemas, à custa da apostasia da verdade. A impostura religiosa
suprema é a do Anticristo, isto é, a de um pseudo-messianismo em que o
homem glorifica a si mesmo em lugar de Deus e de seu Messias que veio na
carne.
(Parágrafo
Relacionado 769)
- Esta impostura anticrística já se esboça
no mundo toda vez que se pretende realizar na história a esperança
messiânica que só pode realiza-se para além dela, por meio do juízo
escatológico: mesmo em sua forma mitigada, a Igreja rejeitou esta
falsificação do Reino vindouro sob o nome de milenarismo, sobretudo sob a
forma política de um messianismo secularizado, "intrinsecamente
perverso".
(Parágrafo
Relacionado 2425)
- A Igreja só entrará na glória do
Reino por meio desta derradeira Páscoa, em que seguirá seu Senhor em
sua Morte e Ressurreição. Portanto, o Reino não se realizará por um
triunfo histórico da Igreja segundo um progresso ascendente, mas por uma
vitória de Deus sobre o desencadeamento último do mal, que fará sua
Esposa descer do Céu. O triunfo de Deus sobre a revolta do mal assumirá
a forma do Juízo Final depois do derradeiro abalo cósmico deste mundo que
passa.
(Parágrafos Relacionados 1340,2853)
II. Para julgar os vivos e os mortos
- Na linha dos profetas e de João Batista,
Jesus anunciou em sua pregação o Juízo do último Dia. Então será
revelada a conduta de cada um e o segredo dos corações. Será também
condenada a incredulidade culpada que fez pouco caso da graça oferecida
por Deus. A atitude em relação ao próximo revelará o acolhimento ou a
recusa da graça e do amor divino Jesus dirá no último Dia:
"Cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a
mim o fizestes" (Mt 25,40).
(Parágrafo
Relacionado 1470)
- Cristo é Senhor da Vida Eterna. O pleno
direito de julgar definitivamente as obras e os corações dos homens
pertence a Ele enquanto Redentor do mundo. Ele "adquiriu" este
direito por sua Cruz. O Pai entregou "todo o julgamento ao
Filho" (Jo 5,22). Ora, o Filho não veio para julgar, mas para salvar
e para dar a vida que está nele. É pela recusa da graça nesta vida que
cada um já se julga a si mesmo recebe de acordo com suas obras e
pode até condenar-se para a eternidade ao recusar o Espírito de amor.
(Parágrafo
Relacionado 1021)
RESUMINDO
- Cristo Senhor já reina pela Igreja,
mas ainda não lhe estão submetidas todas as coisas deste mundo. O triunfo
do Reino de Cristo não se dará sem uma última investida das potências do
mal.
- No dia do juízo, por ocasião do fim do
mundo, Cristo virá na glória para realizar o triunfo definitivo do bem
sobre o mal os quais, como o trigo e o joio, terão crescido juntos ao
longo da história.
- Ao vir no fim dos tempos para julgar os
vivos e os mortos, Cristo glorioso revelará a disposição secreta dos
corações e retribuirá a cada um segundo suas obras e segundo tiver
acolhido ou rejeitado sua graça.
PRIMEIRA PARTE -
SEGUNDA SEÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
OS SÍMBOLOS DA FÉ
CAPITULO III -
CREIO NO ESPÍRITO SANTO
- "Ninguém pode dizer ‘Jesus é Senhor’
a não ser no Espírito Santo" (1Cor 12,3). "Deus enviou a nossos
corações o Espírito de seu Filho que clama: Abbá, Pai!" (Gl 4,6).
Este conhecimento de fé só é possível no Espírito Santo Para estar em
contato com Cristo, é preciso primeiro ter sido tocado pelo Espírito Santo
É ele que nos precede e suscita em nós a fé. Por nosso Batismo, primeiro
sacramento da fé, a Vida, que tem sua fonte no Pai e nos é oferecida no
Filho, nos é comunicada intimamente e pessoalmente pelo Espírito Santo na
Igreja:
(Parágrafos Relacionados 424,2670,152)
O Batismo nos concede a graça do novo nascimento em Deus
Pai por meio de seu Filho no Espírito Santo Pois os que têm o Espírito de Deus
são conduzidos ao Verbo, isto é, ao Filho; mas o Filho os apresenta ao Pai, e o
Pai lhes concede a incorruptibilidade. Portanto, sem o Espírito não é possível
ver o Filho de Deus, e sem o Filho ninguém pode aproximar-se do Pai, pois o
conhecimento do Pai é o Filho, e o conhecimento do Filho de Deus se faz pelo
Espírito Santo.
(Parágrafo
Relacionado 236)
- Espírito Santo, por sua graça, é primeiro
no despertar de nossa fé e na vida nova que é "conhecer o Pai e
aquele que Ele enviou, Jesus Cristo". Todavia, é último na revelação
das Pessoas da Santíssima Trindade. São Gregório Nazianzeno,
"o Teólogo", explica esta progressão pela pedagogia da
"condescendência" divina:
O Antigo Testamento
proclamava manifestamente o Pai, mais obscuramente o Filho. O Novo manifestou o
Filho, fez entrever a divindade do Espírito. Agora o Espírito tem direito
de cidadania entre nós e nos concede uma visão mais clara de si mesmo. Com
efeito, não era prudente, quando ainda não se confessava a divindade do Pai,
proclamar abertamente o Filho e, quando a divindade do Filho ainda não era
admitida, acrescentar o Espírito Santo como um peso suplementar, para usarmos
uma expressão um tanto ousada... É por meio de avanços e de progressões
"de glória em glória" que a luz da Trindade resplenderá em claridades
mais brilhantes.
- Crer no Espírito Santo é, pois, professar
que o Espírito Santo é uma das Pessoas da Santíssima Trindade,
consubstancial ao Pai e ao Filho, "e com o Pai e o Filho é adorado e
glorificado". É por isso que se tratou do mistério divino do Espírito
Santo na "teologia" trinitária. Aqui, portanto, só se
tratará do Espírito Santo na "Economia" divina.
(Parágrafo
Relacionado 236)
- O Espírito Santo está em
ação com o Pai e o Filho do início até a consumação do Projeto de nossa
salvação. Mas é nos
"últimos tempos", inaugurados pela Encarnação redentora do Filho
que ele é revelado e dado, reconhecido e acolhido como Pessoa. Então este
Projeto Divino, realizado em Cristo, "Primogênito" e Cabeça da
nova criação, poderá tomar corpo na humanidade pelo Espírito difundido: a
Igreja, a comunhão dos santos, a remissão dos pecados, a ressurreição da
carne, a Vida Eterna.
(Parágrafo Relacionado 258)
Artigo 8
"CREIO NO
ESPÍRITO SANTO"
- "O que está em Deus, ninguém o
conhece senão o Espírito de Deus" (1 Cor 2,11). Ora, seu Espírito que
o revela nos conhecer Cristo, seu Verbo, sua Palavra viva, mas não se
revela a si mesmo. Aquele que "falou pelos profetas" faz-nos ouvir
a Palavra do Pai. Mas, ele mesmo, nós não o ouvimos. Só o conhecemos no
momento em que nos revela o Verbo e nos dispõe a acolhê-lo na fé. O
Espírito de Verdade que nos "desvenda o Cristo "não fala de si
mesmo". Tal apagamento, propriamente divino, explica por que "o
mundo não pode acolhê-lo, porque não o vê nem o conhece", enquanto os
que crêem em Cristo o conhecem, porque ele permanece com eles (Jo 14,17).
(Parágrafo
Relacionado 243)
- A Igreja, comunhão viva na fé dos
apóstolos, que ela transmite, é o lugar de nosso conhecimento do Espírito
Santo:
-
nas Escrituras que ele inspirou;
-
na Tradição, da qual os Padres da Igreja são as testemunhas sempre atuais;
-
no Magistério da Igreja, ao qual ele assiste;
-
na Liturgia sacramental, por meio de suas palavras e de seus símbolos, na qual
o Espírito Santo nos coloca em Comunhão com Cristo;
-
na oração, na qual Ele intercede por nós;
-
nos carismas e nos ministérios, pelos quais a Igreja é edificada;
-
nos sinais de vida apostólica e missionária;
-
no testemunho dos santos, no qual ele manifesta sua santidade e continua a obra
da salvação.
I. A missão conjunta do Filho e do Espírito
- Aquele que o Pai enviou a nossos corações,
o Espírito de seu Filho" é realmente Deus. Consubstancial ao Pai e ao
Filho, ele é inseparável dos dois, tanto na Vida íntima da Trindade como
em seu dom de amor pelo mundo. Mas ao adorar a Santíssima Trindade,
vivificante, consubstancial e indivisível, a fé da Igreja professa também
a distinção das Pessoas. Quando o Pai envia seu Verbo, envia sempre seu
Sopro: missão conjunta em que o Filho e o Espírito Santo são distintos,
mas inseparáveis. Sem dúvida, é Cristo que aparece, ele, a Imagem visível
do Deus invisível; mas é o Espírito Santo que o revela.
(Parágrafos
Relacionados 24,254,485)
- Jesus é Cristo, "ungido", porque
o Espírito é a unção dele, e tudo o que advém a partir da Encarnação
decorre desta plenitude. Quando finalmente Cristo é glorificado, pode, por
sua vez, de junto do Pai, enviar o Espírito aos que crêem nele: comunica-lhes
sua glória, isto é, o Espírito Santo que o glorifica. A missão conjunta se
desdobrar então nos filhos adotados pelo Pai no Corpo de seu Filho: a
missão do Espírito de adoção será uni-los a Cristo e fazê-los viver nele:
(Parágrafos Relacionados 436,788)
A noção da unção sugere... que não existe nenhuma
distância entre o Filho e o Espírito. Com efeito, da mesma forma que entre a
superfície do corpo e a unção do óleo nem a razão nem os sentidos conhecem
nenhum intermediário, assim é imediato o contato do Filho com o Espírito, tanto
que, para aquele que vai tomar contato com o Filho pela fé é necessário
encontrar primeiro o óleo pelo contato. Com efeito não há nenhuma parte que
esteja privada do Espírito Santo Por isso a confissão do Senhorio do Filho se
faz no Espírito Santo para os que a recebem, vindo o Espírito de todas as
partes precedendo os que se aproximam pela fé.
(Parágrafo Relacionado 448)
II. O nome, as denominações e os símbolos do Espírito
O NOME PRÓPRIO DO ESPÍRITO SANTO
- "Espírito Santo", este é o nome
próprio daquele que adoramos e glorificamos com o Pai e o Filho. A Igreja
o recebeu do Senhor e o professa no Batismo de seus novos filhos.
O
termo "Espírito" traduz o termo hebraico "Ruah", o qual em
seu sentido primeiro, significa sopro, ar, vento. Jesus utiliza justamente a
imagem sensível do vento para sugerir a Nicodemos a nossa novidade
transcendente daquele que é pessoalmente o Sopro de Deus, o Espírito divino.
Por outro lado, Espírito e Santo são atributos divinos comuns às três Pessoas
Divinas. Mas ao juntar os dois termos, a Escritura, a Liturgia e a linguagem
teológica designam a Pessoa inefável do Espírito Santo, sem equívoco possível
com os outros empregos dos termos "espírito" e "santo".
(Parágrafo Relacionado 1433)
AS DENOMINAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO
- Ao anunciar e prometer a vinda do Espírito
Santo, Jesus o denomina o "Paráclito", literalmente: aquele que
é chamado para perto de, "advocatus" (Jo 14,16.26; 15,26; 16,7).
"Paráclito" é habitualmente traduzido por "Consolador",
sendo Jesus o primeiro consolador. O próprio Senhor chama o Espírito
Santo". Espírito de Verdade".
- Além de seu nome próprio, que é o mais
empregado nos Atos dos Apóstolos e nas Epístolas, encontram-se em São
Paulo as denominações: o Espírito da promessa (Gl 3,14; Ef 1,13), o
Espírito de adoção (Rm 8,15; Gl 4,6), o Espírito de Cristo (Rm 8,11), o
Espírito do Senhor (2Cor 3,17), o Espírito de Deus (Rm 8,9.14;15,19; 1Cor
6,11;7,40) e, em São Pedro, o Espírito de glória (1Pd 4,14).
OS SÍMBOLOS DO ESPÍRITO SANTO
- A água. O simbolismo da água é
significativo da ação do Espírito Santo no Batismo, pois após a invocação
do Espírito Santo ela se torna a sinal sacramental eficaz do novo
nascimento: assim como a gestação de nosso primeiro nascimento se operou
na água, da mesma forma também a água batismal significa realmente que
nosso nascimento para, a vida divina nos é dado no Espírito Santo Mas
"batizados em um só Espírito" também "bebemos de um só
Espírito" (1Cor 12,13): o Espírito é, pois também pessoalmente a água
viva que jorra de Cristo crucificado como de sua fonte e que em nós jorra
em Vida Eterna.
(Parágrafos
Relacionados 1218,2652)
- A unção. O
simbolismo da unção com óleo também é significativo do Espírito Santo, a
ponto de tomar-se sinônimo dele. Na iniciação cristã, ela é o sinal sacramental da confirmação,
chamada com acerto nas Igrejas do Oriente de "crismação". Mas,
para perceber toda a força deste simbolismo, há que retomar à unção
primeira realizada pelo Espírito Santo: a de Jesus. Cristo
("Messias" a partir do hebraico) significa "Ungido" do
Espírito de Deus. Houve "ungidos" do Senhor na Antiga Aliança de
modo eminente o rei Davi. Mas Jesus é o Ungido de Deus de uma forma única:
a humanidade que o Filho assume é totalmente "ungida do Espírito Santo".
Jesus é constituído "Cristo" pelo Espírito Santo A Virgem Maria
concebe Cristo do Espírito Santo, que pelo anjo o anuncia como Cristo por
ocasião do nascimento dele e leva Simeão a vir ao Templo para ver o Cristo
do Senhor; é Ele que plenifica o Cristo é o poder dele que sai de Cristo
em seus atos de cura e de salvação. É finalmente Ele que ressuscita Jesus
dentre os mortos. Então, constituído plenamente "Cristo" em sua
Humanidade vitoriosa da morte, Jesus difunde em profusão o Espírito Santo
até "os santos" constituírem, em sua união com a Humanidade do
Filho de Deus, "esse Homem perfeito... que realiza a plenitude de
Cristo" (Ef 4, 13): "o Cristo total", segundo a expressão
de Santo Agostinho.
(Parágrafos
Relacionados 1293,436,1504,794)
- O fogo. Enquanto a água significa o nascimento e
a fecundidade da Vida dada no Espírito Santo o fogo simboliza a energia
transformadora dos atos do Espírito Santo O profeta Elias, que
"surgiu como um fogo cuja palavra queimava como uma tocha" (Eclo
48,1), por sua oração atrai o fogo do céu sobre o sacrifício do monte
Carmelo, figura do fogo do Espírito Santo que transforma o que toca. João
Batista, que caminha diante do Senhor com o espírito e o poder de
Elias" (Lc 1,17), anuncia o Cristo como aquele que "batizará com
o Espírito Santo e com o fogo" (Lc 3,16), esse Espírito do qual Jesus
dirá "Vim trazer fogo à terra, e quanto desejaria que já estivesse
acesso (Lc 12,49). É sob a forma de línguas "que se diriam de
fogo" o Espírito Santo pousa sobre os discípulos na manhã de Pentecostes
e os enche de Si. A tradição espiritual manterá este simbolismo do fogo
como um dos mais expressivos da ação do Espírito Santo Não extingais o
Espírito" (1Ts 5,19).
(Parágrafos
Relacionados 1127,2586,718)
- A nuvem e a luz. Estes dois símbolos são
inseparáveis nas manifestações do Espírito Santo Desde as teofanias do
Antigo Testamento, a Nuvem, ora escura, ora luminosa, revela o Deus vivo e
salvador, escondendo a transcendência de sua Glória: com Moisés sobre a
montanha do Sinai, na Tenda de Reunião e durante a caminhada no deserto;
com Salomão por ocasião da dedicação do Templo. Ora, estas figuras são
cumpridas por Cristo no Santo Espírito Santo. É este que paira sobre a
Virgem Maria e a cobre "com sua sombra", para que ela conceba e
dê à luz Jesus. No monte da Transfiguração, é ele que "sobrevêm na
nuvem que toma" Jesus, Moisés e Elias, Pedro, Tiago e João
"debaixo de sua sombra"; da Nuvem sai uma voz que diz:
"Este é meu Filho, o Eleito, ouvi-o sempre" (Lc 9,34-35). É
finalmente essa Nuvem que "subtrai Jesus aos olhos" dos
discípulos no dia da Ascensão e que o revelará Filho do Homem em sua
glória no Dia de sua Vinda.
(Parágrafos
Relacionados 484,554,659)
- O selo é um símbolo próximo ao da unção.
Com efeito, é Cristo que "Deus marcou com seu selo" (Jo 6,27) e
é nele que também o Pai nos marca com seu selo. Por indicar o efeito
indelével da unção do Espírito Santo nos sacramentos do batismo, da
confirmação e da ordem, a imagem do selo ("sphragis") tem sido
utilizada em certas tradições teológicas para exprimir o "caráter"
indelével impresso por estes três sacramentos que não podem ser
reiterados.
(Parágrafos
Relacionados 1295,1296,1121)
- A mão. E impondo as mãos que Jesus cura os
doentes e abençoa as criancinhas. Em nome dele, os apóstolos farão o
mesmo. Melhor ainda: é pela imposição das mãos dos apóstolos que o
Espírito Santo é dado. A Epístola aos Hebreus inclui a imposição das mãos
entre os "artigos fundamentais" de seu ensinamento. A Igreja
conservou este sinal da efusão onipotente do Espírito Santo em suas
epicleses sacramentais.
(Parágrafos
Relacionados 292,1288,1300,1573,1668)
- O dedo. "E pelo dedo de Deus que (Jesus)
expulsa os demônios." Se a Lei de Deus foi escrita em tábuas de pedra
"pelo dedo de Deus" (Ex 31,18), a "letra de Cristo",
entregue aos cuidados dos apóstolos" é escrita com o Espírito de Deus
vivo não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, nos corações"
(2Cor 3,3). O hino "Veni, Creator Spiritus" (Vem, Espírito
criador) invoca o Espírito Santo como "dedo da direita paterna"
(digitus paternae dexterae).
(Parágrafo
Relacionado 2056)
- A pomba. No fim do dilúvio (cujo simbolismo está
ligado ao batismo), a pomba solta por Noé volta com um ramo novo de
oliveira no bico, sinal de que a terra é de novo habitável. Quando Cristo
volta a subir da água de seu batismo, o Espírito Santo, em forma de uma
pomba, desce sobre Ele e sobre Ele permanece. O Espírito desce e repousa
no coração purificado dos batizados. Em certas igrejas, a santa Reserva
eucarística é conservada em um recipiente metálico em forma de pomba (o
columbarium) suspenso acima do altar. O símbolo da pomba para
sugerir o Espírito Santo é tradicional na iconografia cristã.
(Parágrafos
Relacionados 1219,535)
III. O Espírito e a Palavra de Deus no
tempo das promessas
- Desde o começo até a "plenitude do
tempo", a missão conjunta do Verbo e do Espírito do Pai permanece
escondida, mas está em ação. O Espírito de Deus prepara aí o tempo do
Messias, e os dois, sem serem ainda plenamente revelados, já são
prometidos, a fim de serem esperados e acolhidos quando se manifestarem. E
por isso que, quando a Igreja lê o Antigo Testamento, procura nele o que o
Espírito, "que falou pelos profetas (Simbolo de
Niceno-Constantinopolitano:DS 150), quer falar-nos a respeito de Cristo.
(Parágrafos Relacionados 122,107)
Por "profetas", a fé da Igreja entende aqui todos aqueles que
o Espírito Santo inspirou para o anúncio de viva voz e na redação dos livros
sagrados, tanto do Antigo como do Novo Testamento. A tradição judaica distingue
a Lei (os cinco primeiros livros ou Pentateuco), os Profetas (nossos livros
denominados históricos e proféticos) e os Escritos (sobretudo sapienciais, em
particular os Salmos).
(Parágrafo
Relacionado 243)
NA CRIAÇÃO
- A Palavra de Deus e seu
Sopro estão na origem do ser e da vida de toda criatura:
(Parágrafo
Relacionado 292)
Ao Espírito Santo cabe reinar, santificar e animar a
criação, pois é Deus consubstancial ao Pai e ao Filho... A ele cabe o poder
sobre a vida, pois, sendo Deus, ele conserva a criação no Pai pelo Filho.
(Parágrafo
Relacionado 291)
- "Quanto ao homem, Deus
o modelou com as próprias mãos [isto é, o Filho e o Espírito Santo] (...)
e imprimiu na carne modelada sua própria forma, de modo que até o que
fosse visível tivesse a forma divina."
(Parágrafo Relacionado 356)
O ESPÍRITO DA PROMESSA
- Desfigurado pelo pecado e pela morte, o
homem continua sendo "à imagem de Deus", à imagem do Filho, mas
é "privado da Glória de Deus", privado da
"semelhança". A promessa feita a Abraão o inaugura a
Economia da salvação, no fim da qual o próprio Filho assumirá "a
imagem" e a restaurará na "semelhança" com o Pai,
restituindo-lhe a Glória, o Espírito "que dá a vida".
(Parágrafos
Relacionados 410,2809)
- Contra toda esperança humana, Deus promete
a Abraão a uma descendência, como fruto da fé e do poder do Espírito Santo
Nela serão abençoadas todas as nações da terra. Esta descendência será
Cristo, no qual a efusão do Espírito Santo fará "a unidade dos filhos
de Deus dispersos". Ao comprometer-se por juramento, Deus já se
compromete a dar seu Filho bem-amado e "o Espírito da promessa... que
prepara a redenção do Povo que Deus adquiriu para si".
(Parágrafo Relacionado 60)
NAS TEOFANIAS E NA LEI
- As Teofanias (manifestações de Deus)
iluminam o caminho da promessa, desde os patriarcas até Moisés e de Josué
até as visões que inauguram a missão dos grandes profetas. A tradição
cristã sempre reconheceu que, nessas Teofanias, o Verbo de Deus se fazia
ver e ouvir, revelado e ao mesmo tempo "oculto" na Nuvem do
Espírito Santo
- Esta pedagogia de Deus aparece especialmente
no dom da Lei, a qual foi dada como um "pedagogo" para conduzir
o Povo a Cristo. Mas sua impotência para salvar o homem privado da
"semelhança" divina e do conhecimento maior que ela dá do pecado
suscitam o desejo do Espírito Santo Os gemidos dos Salmos atestam isto.
(Parágrafos Relacionados 1961-1964,122,2585)
NO REINO E NO EXÍLIO
- A Lei, sinal da promessa e
da aliança, deveria ter regido o coração e as instituições do povo nascido
da fé de Abraão. "Se
ouvirdes minha voz e guardardes minha aliança... sereis para mim um reino
de sacerdotes e uma nação santa" (Ex 19,5-6). Mas, depois de Davi,
Israel sucumbe à tentação de tornar-se um reino como as demais nações.
Ora, o Reino, objeto da promessa feita a Davi, ser obra do Espírito Santo;
ele pertencerá pobres segundo o Espírito.
(Parágrafos
Relacionados 2579,544)
- O esquecimento da Lei e a infidelidade à
Aliança desembocam na morte: é o Exílio, aparentemente fracasso das
Promessas, mas, na realidade, fidelidade misteriosa do Deus salvador e
início de uma restauração prometida, mas segundo o Espírito. Era preciso
que o Povo de Deus sofresse essa purificação; o Exílio já traz a sombra da
Cruz no Projeto de Deus, e o Resto dos pobres que volta de lá é uma das
figuras mais transparentes da Igreja.
A EXPECTATIVA DO MESSIAS E DE SEU ESPÍRITO
- "Eis que vou fazer uma coisa
nova" (Is 43,19): duas linhas proféticas vão desenhar-se, uma levando
para a espera do Messias, a outra para o anúncio de um Espírito Novo, e
ambas convergindo no pequeno Resto, o povo dos Pobres, que aguarda na
esperança a "consolação de Israel" e "a libertação de
Jerusalém" (Lc 2,25.38).
(Parágrafos relacionados 64,522)
Vimos
anteriormente como Jesus realiza as profecias que lhe dizem respeito.
Limitamo-nos aqui àquelas em que aparece mais a relação entre o Messias e seu
Espírito.
- Os traços do rosto do Messias esperado
começam aparecer no Livro do Emanuel ("quando Isaias teve a visão da
Glória" de Cristo: Jo 12,41), em especial em Is 11,1-2:
(Parágrafo relacionado 439)
Um ramo sairá do tronco de Jessé,
um rebento brotará de suas raízes:
sobre ele repousará o espírito do Senhor,
espírito de sabedoria e de inteligência,
espírito de conselho e de fortaleza,
espírito de conhecimento e de temor do Senhor.
- Os traços do Messias são revelados
sobretudo nos cantos do Servo. Esses cantos anunciam o sentido da Paixão
de Jesus e indicam, assim, a maneira como ele derramará o Espírito Santo
para vivificar a multidão: não partindo de fora, mas desposando nossa
"condição de escravo" (Fl 2,7). Tomando sobre si nossa morte,
ele pode comunicar-nos seu próprio Espírito de vida.
(Parágrafo
relacionado 601)
- É por isso que Cristo
inaugura o anúncio da Boa Nova, fazendo sua esta passagem de Isaias (Lc
4,18-19):
O Espírito do Senhor está sobre mim,
porque ele me ungiu
para evangelizar os pobres;
curar aos de coração ferido;
enviou-me para proclamar a remissão aos presos,
e aos cegos a recuperação da vista,
para restituir a liberdade aos oprimidos
e para proclamar um ano de graça do Senhor.
- Os textos proféticos diretamente
referentes ao envio do Espírito Santo são oráculos em que Deus fala ao
coração de seu Povo na linguagem da promessa, com as tônicas do "amor
e da fidelidade"', cujo cumprimento São Pedro proclamará na manhã de
Pentecostes. Segundo essas promessas, nos "últimos tempos" o
Espírito do Senhor renovará o coração dos homens, gravando neles uma Lei
Nova; reunirá e reconciliará os povos dispersos e divididos; transformará
a criação primeira; e Deus habitará nela com os homens na paz.
(Parágrafos
relacionados 214,1965)
- O Povo dos "pobres" os humildes
e os mansos, totalmente entregues aos desígnios misteriosos de seu Deus,
os que esperam a justiça não dos homens, mas do Messias - é finalmente a
grande obra da missão escondida do Espírito Santo durante o tempo das promessas
para preparar a vinda de Cristo. É a sua qualidade de coração, purificado
e iluminado pelo Espírito, que se exprime nos Salmos. Nesses pobres, o
Espírito prepara para o Senhor "um povo bem-disposto".
(Parágrafo relacionado 368)
IV. O Espírito de Cristo na plenitude do tempo
JOÃO, PRECURSOR, PROFETA E BATISTA
- "Houve um homem enviado por Deus. Seu
nome era João" (Jo 1,6). João é "repleto do Espírito Santo, ainda no seio de sua
mãe" (Lc 1,15.41) por obra do próprio Cristo que a Virgem Maria
acabava de conceber do Espírito Santo A "visitação" de Maria a
Isabel tomou-se, assim, "visita de Deus ao seu povo".
(Parágrafo
relacionado 523)
- João é "Elias que deve vir": o
Fogo do Espírito habita nele e o faz "correr adiante" (na
qualidade de "precursor") do Senhor que vem. Em João, o
Precursor, o Espírito Santo concluía a obra de "preparar para o
Senhor um povo bem-disposto" (Lc 1, 17).
(Parágrafo
relacionado 696)
- João é "mais do que um profeta".
Nele, o Espírito Santo conclui a tarefa de "falar pelos profetas".
João encerra o ciclo dos profetas inaugurado por Elias. Anuncia a
iminência da Consolação de Israel, é a "voz" do Consolador que
vem. Como fará o Espírito de Verdade, "ele vem como testemunha, para
dar testemunho da Luz" (Jo 1,7). Aos olhos de João o Espírito
realiza, assim, as "pesquisas dos profetas" e o
"desejo" dos anjos: "Aquele sobre quem vires o Espírito
descer e permanecer é o que batiza com o Espírito Santo Eu vi e dou
testemunho de que ele é o Filho de Deus... Eis o Cordeiro de
Deus" (Jo 1,33-36).
(Parágrafos
relacionados 2684,536)
- Finalmente, com João
Batista o Espírito Santo inaugura, prefigurando-o, o que realizará com e
em Cristo: restituirá ao homem "a semelhança" divina. O Batismo
de João era para o arrependimento, o Batismo da água e no Espírito será um
novo nascimento
(Parágrafo
relacionado 535)
"ALEGRA-TE, CHEIA DE GRAÇA
- Maria, a Mãe de Deus toda santa, sempre
Virgem, é a obra prima da missão do Filho e do Espírito na plenitude do
tempo pela primeira vez no plano da salvação e porque o seu Espírito a
preparou, o Pai encontra a Morada em, que seu Filho e seu Espírito podem
habitar entre os homens. E neste sentido que a Tradição da Igreja muitas
vezes leu, com relação a Maria, os mais belos textos sobre a Sabedoria:
Maria é decantada e representada na Liturgia como o "trono da
Sabedoria". Nela começam a manifestar-se as "maravilhas de
Deus" que o Espírito vai realizar em Cristo e na Igreja.
(Parágrafo
relacionado 484)
- O Espírito Santo preparou
Maria com sua graça. Convinha que fosse "cheia de graça" a mãe
daquele em quem "habita corporalmente a Plenitude da Divindade"
(Cl 2,9). Por pura graça,
ela foi concebida sem pecado como a mais humilde das criaturas; a mais
capaz de acolher o Dom inefável do Todo-Poderoso. É com razão que o anjo
Gabriel a saúda como a "filha de Sião": "Alegra-te". É
a ação de graças de todo o Povo de Deus, e portanto da Igreja, que ela faz
subir ao Pai no Espírito Santo em seu cântico, enquanto traz em si o Filho
Eterno.
(Parágrafos
relacionados 489,2676)
- Em Maria, o Espírito Santo realiza o
desígnio benevolente do Pai. É pelo Espírito Santo que a Virgem concebe e
dá à luz o Filho de Deus. Sua virgindade transforma-se em fecundidade
única pelo poder do Espírito e da fé.
(Parágrafos
relacionados 485,506)
- Em Maria, o Espírito Santo
manifesta o Filho do Pai tornado Filho da Virgem. Ela é a Sarça ardente da
Teofania definitiva: repleta do Espírito Santo, ela mostra o Verbo na
humildade de sua carne, e é aos Pobres e às primícias das nações que ela o
dá a conhecer.
(Parágrafos
relacionados 208,2619)
- Finalmente, por Maria o Espírito Santo
começa a pôr em Comunhão com Cristo os homens, "objetos do amor
benevolente de Deus", e os humildes são sempre os primeiros a
recebê-lo: os pastores, os magos, Simeão e Ana, os esposos de Caná e os
primeiros discípulos.
(Parágrafo
relacionado 963)
- Ao final desta missão do Espírito, Maria
torna-se a "Mulher", nova Eva, "mãe dos viventes", Mãe
do "Cristo total". É nesta qualidade que ela está presente com
os Doze, "com um só coração, assíduos à oração" (At 1,14), na
aurora dos "últimos tempos" que o Espírito vai inaugurar na
manhã de Pentecostes, com a manifestação da Igreja.
(Parágrafos
relacionados 494,2618)
O CRISTO JESUS
- Toda a missão do Filho e do Espírito Santo
na plenitude do tempo está contida no fato de o Filho ser o Ungido do
Espírito do Pai desde a sua Encarnação: Jesus é o Cristo, o Messias. Todo
o segundo capitulo do Símbolo da fé deve ser lido sob esta luz. Toda a
obra de Cristo é missão conjunta do Filho e do Espírito Santo Aqui
mencionaremos somente o que diz respeito à promessa do Espírito Santo
feita por Jesus e o dom do Espírito pelo Senhor glorificado.
(Parágrafos
relacionados 438,695,536)
- Jesus não revela plenamente o Espírito
Santo enquanto Ele mesmo não é glorificado por sua Morte e Ressurreição.
Contudo, sugere-o pouco a pouco, mesmo em seus ensinamentos às multidões,
quando revela que sua Carne será alimento para a vida do mundo sugere-o
também a Nicodemos, à Samaritana e aos que participam da festa dos
Tabernáculos. A seus discípulos, fala dele abertamente a propósito da
oração do testemunho que deverão dar.
(Parágrafo
relacionado 2615)
- É somente quando chega a
Hora em que vai ser glorificado que Jesus promete a vinda do Espírito
Santo, pois sua Morte e Ressurreição serão o cumprimento da Promessa feita
aos Apóstolos: o Espírito de Verdade, o Paráclito, será dado pelo Pai a
pedido de Jesus; Ele será enviado pelo Pai em nome de Jesus; Jesus o
enviará de junto do Pai, pois ele procede do Pai. O Espírito Santo virá,
nós o conheceremos, Ele estará conosco para sempre, Ele permanecerá
conosco; Ele nos ensinará tudo e nos lembrará de tudo o que Cristo nos
disse, e dele dará testemunho; conduzir-nos-á à verdade inteira e
glorificará a Cristo. Quanto ao mundo, confundi-lo-á em matéria de pecado,
de justiça e de julgamento.
(Parágrafos
relacionados 388,1433)
- Finalmente chega a Hora de
Jesus. Jesus entrega seu espírito nas mãos do Pai momento em que, por sua
Morte, e, vencedor da morte, de maneira que, "ressuscitado dos mortos
pela Glória do Pai" (Rm 6,4), dá imediatamente o Espírito Santo,
"soprando" sobre seus discípulos. A partir dessa Hora, a missão
de Cristo e do Espírito passa a ser a missão da Igreja: "Como o Pai
me enviou, também eu vos envio" (Jo 20,21)
(Parágrafo relacionado
850)
V. O Espírito e a Igreja nos últimos tempos
PENTECOSTES
- No dia de Pentecostes (no
fim das sete semanas pascais), a Páscoa de Cristo se realiza na efusão do
Espírito Santo, que é manifestado, dado e comunicado como Pessoa Divina:
de sua plenitude, Cristo, Senhor, derrama em profusão o Espírito.
(Parágrafos
relacionados 2623,767,1302)
- Nesse dia é revelada
plenamente a Santíssima Trindade. A partir desse dia, o Reino anunciado
por Cristo está aberto aos que crêem nele; na humildade da carne e na fé,
eles participam já da comunhão da Santíssima Trindade. Por sua vinda e ela
não cessa, o Espírito Santo faz o mundo entrar nos "últimos
tempos", o tempo da Igreja, o Reino já recebido em herança, mas ainda
não consumado:
(Parágrafos
relacionados 244,672)
Vimos a verdadeira
Luz, recebemos o Espírito celeste, encontramos a verdadeira fé: adoramos a
Trindade indivisível, pois foi ela quem nos salvou.
O ESPÍRITO SANTO - O DOM DE DEUS
- "Deus é Amor"
(1Jo 4,8.16). e o Amor é o primeiro dom. Ele contém todos os demais. Este
amor, "Deus o derramou em nossos corações pelo Espírito que nos foi
dado" (Rm 5,5).
(Parágrafo
relacionado 218)
- Pelo fato de estarmos
mortos, ou, pelo menos, feridos pelo pecado, o primeiro efeito do dom do
Amor é a remissão de nossos pecados. É a comunhão do Espírito Santo (2Cor
13,13) que, na Igreja, restitui aos batizados a semelhança divina perdida
pelo pecado.
(Parágrafo
relacionado 1987)
- Ele dá, então, o
"penhor" ou as "primícias" de nossa Herança: a própria
vida da Santíssima Trindade, que é amar "como Ele nos amou".
Este amor (a caridade de 1Cor 13) é o princípio da vida nova em Cristo,
possibilitada pelo fato de termos "recebido uma força, a do Espírito
Santo" (At 1,8).
(Parágrafo
relacionado 1822)
- É por este poder do
Espírito que os filhos de Deus podem (dar fruto. Aquele que nos enxertou
na verdadeira vida nos fará produzir "o fruto do Espírito, que é
amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, autodomínio" (Gl 5,22-23). "Se vivemos pelo
Espírito", quanto mais renunciarmos a nós mesmos, tanto mais
"pelo Espírito pautemos também a nossa conduta":
(Parágrafo
relacionado 1832)
Por estarmos em
comunhão com Ele, o Espírito Santo torna-nos espirituais, recoloca-nos no
Paraíso, reconduz-nos ao Reino dos Céus e à adoção filial, dá-nos a confiança
de chamarmos Deus de Pai e de participarmos na graça de Cristo, de sermos
chamados filhos da luz e de termos parte na vida eterna.
O ESPÍRITO SANTO E A IGREJA
- A missão de Cristo e do
Espírito Santo realiza-se na Igreja, Corpo de Cristo e Templo do Espírito
Santo. Esta missão conjunta associa a partir de agora os fiéis de Cristo à
sua comunhão com o Pai no Espírito Santo: o Espírito prepara os homens,
antecipa-se a eles por sua graça, para atraí-los a Cristo. Manifesta-lhes
o Senhor ressuscitado, lembra-lhes sua palavra, abrindo-lhes o espírito à
compreensão de sua Morte e Ressurreição. Torna-lhes presente o mistério de
Cristo, eminentemente na Eucaristia, a fim de reconciliá-los, de
colocá-los em comunhão com Deus, a fim de fazê-los produzir "muito
fruto".
(Parágrafos
relacionados 787-798,1093-1109)
- Assim, a missão da Igreja
não é acrescentada à de Cristo e do Espírito Santo, senão que é o
Sacramento dela: por todo o seu ser e em todos os seus membros, a Igreja é
enviada a anunciar e testemunhar, atualizar e difundir o mistério da
comunhão da Santíssima Trindade (a ser tratado no próximo artigo):
Nós todos, que recebemos o único e mesmo
espírito, a saber, o Espírito Santo, unimo-nos profundamente entre nós e com
Deus. Pois embora sejamos numerosos separadamente e embora Cristo faça com que
o Espírito do Pai e o dele habite em cada um de nós, este Espírito único e
indivisível reconduz por si mesmo à unidade os que são distintos entre si... e
faz com que todos apareçam como uma só coisa nele mesmo. E, da mesma forma que
o poder da santa humanidade de Cristo faz com que todos aqueles em quem ela se
encontra formem um só corpo, penso que da mesma maneira o Espírito de Deus que
habita em todos, único e indivisível, os reconduz todos à unidade espiritual.
(Parágrafos
relacionados 850,777)
- Por ser o Espírito Santo a
unção de Cristo, é Cristo, a Cabeça do Corpo, que o difunde em seus
membros, para alimentá-los, curá-los, organizá-los em suas funções mútuas,
vivificá-los, enviá-los a testemunhar, associá-los,à sua oferta ao Pai e à
sua intercessão pelo mundo inteiro. É pelos sacramentos da Igreja que
Cristo comunica aos membros de seu Corpo o seu Espírito Santo e
Santificador (a ser tratado na segunda parte do Catecismo).
(Parágrafo
relacionado 1076)
- Essas "maravilhas de
Deus", oferecidas aos crentes nos sacramentos da Igreja, produzem
seus frutos na vida nova, em Cristo, segundo o Espírito (a ser tratado na
terceira parte do Catecismo).
- "O Espírito socorre a
nossa fraqueza, pois não sabemos o que seja conveniente pedir; mas o
próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis" (Rm 8,26).
O Espírito Santo, artífice das obras de Deus, é o Mestre da oração (a ser
tratado na quarta parte do Catecismo).
RESUMINDO
- "E, porque sois
filhos, enviou Deus a nossos corações Espírito de seu Filho que clama:
Abbá, Pai" (Gl 4,6).
- Desde o início até a
consumação do tempo, quando Deus envia seu Filho, envia sempre seu
Espírito: a missão dos dois é conjunta e inseparável.
- Na plenitude do tempo, o
Espirito Santo realiza em Maria todas as preparações para a vinda de
Cristo no Povo de Deus. Pela ação do Espírito Santo nela, o Pai dá ao
mundo o Emanuel, "Deus-conosco" (Mt 1,23).
- O Filho de Deus é
consagrado Cristo (Messias) pela unção do Espírito Santo em sua Encarnação
- Por sua Morte e
Ressurreição, Jesus é constituído Senhor e Cristo na glória. De sua
Plenitude, derrama o Espírito Santo sobre os apóstolos e a Igreja.
- O Espírito Santo que
Cristo, Cabeça, derrama em seus membros constrói, anima e santifica a
Igreja. Ela é o sacramento da Comunhão da Santíssima Trindade e dos
homens.
PRIMEIRA PARTE - SEGUNDA SEÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ
CRISTÃ
OS SÍMBOLOS DA FÉ
CAPITULO III - ARTIGO 9
"CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA"
- "Sendo Cristo a Luz
dos Povos, este sacrossanto Sínodo, congregado no Espírito Santo, deseja
ardentemente anunciar o Evangelho a toda criatura e iluminar todos os
homens com a claridade de Cristo que resplandece na face da Igreja. "
É com essas palavras que começa a "Constituição dogmática sobre a
Igreja" do Concílio Vaticano II. Com isso, o Concílio mostra que o
artigo de fé sobre a Igreja depende inteiramente dos artigos concernentes
a Cristo Jesus. A Igreja não tem outra luz senão a de Cristo; segundo uma
imagem cara aos Padres da Igreja, ela é comparável à lua, cuja luz toda é
reflexo do sol.
- O artigo sobre a Igreja
depende também inteiramente do artigo sobre o Espírito, que o precede.
"Com efeito, após termos mostrado que o Espírito Santo é a fonte e o
doador de toda santidade, confessamos agora que foi Ele quem dotou a
Igreja de Santidade. "Segundo a expressão dos Padres, a Igreja é o
lugar "onde floresce o Espírito".
- Crer que a Igreja é
"santa" e "católica" e que ela é "una" e
"apostólica" (como acrescenta o Símbolo niceno-constantinopolitano)
é inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo No Símbolo dos
Apóstolos, fazemos profissão de crer em uma Igreja Santa ("Credo...
Ecclesiam"), e não na Igreja, para não confundir Deus com suas obras
e para atribuir claramente à bondade de Deus todos os dons que ele pôs em
sua Igreja.
(Parágrafos
relacionados 811,169)
PARÁGRAFO I
A IGREJA NO DESÍGNIO DE DEUS
I. As denominações e as imagens da Igreja
- A palavra
"Igreja" ["ekklésia", do grego "ekkaléin"
"chamar fora"] significa "convocação". Designa
assembléias do povo, geralmente de caráter religioso. É o termo
freqüentemente usado no Antigo Testamento grego para a assembléia do povo
eleito diante de Deus, sobretudo para a assembléia do Sinai, onde Israel
recebeu a Lei e foi constituído por Deus como seu Povo santo. Ao
denominar-se "Igreja", a primeira comunidade dos que criam em
Cristo se reconhece herdeira dessa assembléia. Nela, Deus
"convoca" seu Povo de todos os confins da terra. O termo
"Kyriakà", do qual deriva "Church",
"Kirche", significa "a que pertence ao Senhor".
- Na linguagem cristã, a
palavra "Igreja" designa a assembléia litúrgica, mas também a
comunidade local ou toda a comunidade universal dos crentes. Esses três
significados são inseparáveis. "A Igreja" é o Povo que Deus reúne
no mundo inteiro. Existe nas comunidades locais e se realiza como
assembléia litúrgica, sobretudo eucarística. Ela vive da Palavra e do
Corpo de Cristo e se torna, assim, Corpo de Cristo.
(Parágrafos
relacionados 1140,832,830)
Os SÍMBOLOS DA IGREJA
- Na Sagrada Escritura,
encontramos uma multidão de imagens e figuras interligadas, pelas quais a
revelação fala do mistério inesgotável da Igreja. As imagens tiradas do
Antigo Testamento constituem variações de uma idéia de fundo, a do
"Povo de Deus". No Novo Testamento, todas essas imagens entram
um novo centro pelo fato de Cristo tornar-se "a Cabeça" deste
povo, que é, então, seu Corpo. Em torno deste centro agruparam-se imagens
"tiradas ou da vida pastoril ou da vida dos campos, ou do trabalho de
construção ou da família e do casamento".
(Parágrafos
relacionados 781,789)
- "Com efeito, a Igreja
é o redil, do qual Cristo é: a única e necessária porta. Ela é também a
grei, da qual o próprio Deus prenunciou que seria o pastor. Suas ovelhas,
embora governadas por pastores humanos, são, contudo, incessantemente
conduzidas e alimentadas pelo próprio Cristo, Bom Pastor e Príncipe dos
pastores, que deu sua vida por suas ovelhas".
(Parágrafo
relacionado 857)
- "A Igreja é a lavoura
ou campo de Deus (1 Cor 3,9). Nesse campo cresce a oliveira antiga, cuja
raiz santa foram os Patriarcas e em que foi feita e se fará a
reconciliação dos judeus e dos gentios. Ela foi plantada pelo celeste
Viticultor como vinha eleita. Cristo é a verdadeira Vide, que dá
vida e fecundidade aos ramos, que dizer, a nós, que pela Igreja
permanecemos nele, sem o qual nada podermos fazer".
(Parágrafo
relacionado 795)
- "Com freqüência a
Igreja é também chamada de construção de Deus. O próprio Senhor
comparou-se à pedra que os construtores rejeitaram e se tornou a pedra
angular (Mt 21,42 par.; At 4,11; 1 Pd 2,7; Sl 118,22). Sobre este
fundamento a Igreja é construída pelos apóstolos, e dele recebe firmeza e
coesão. Essa construção recebe vários nomes: casa de Deus (1 Tm 3,15) na
qual habita sua família, morada de Deus no Espírito, tenda de Deus entre
os homens e principalmente templo santo, que, representado pelos
santuários de pedra, é louvado pelos santos Padres e, não sem razão,
comparado na Liturgia com a Cidade santa, a nova Jerusalém. Pois nela somos,
nesta terra, como as pedras vivas que entram na construção. E João
contempla esta cidade santa que, na renovação do mundo, desce do céu, de
junto de Deus, adornada como uma esposa enfeitada para seu esposo (Ap
21,1-2).
(Parágrafos
relacionados 857,797,1045)
- "A Igreja é chamada
também de 'Jerusalém celeste' e 'nossa Mãe' (Gl 4,26). É ainda descrita
como a esposa imaculada do Cordeiro imaculado. Cristo 'amou-a e por Ela se
entregou, a fim de santificá-la' (Ef 5,26); associou-a a si por uma
aliança indissolúvel e incessantemente 'a nutre e dela cuida' (Ef
5,29)."
(Parágrafos
relacionados 507,796,1616)
II. Origem, fundação e missão da Igreja
- Para perscrutar o mistério
da Igreja, convém meditar primeiro sobre sua origem no desígnio da
Santíssima Trindade e sobre sua realização progressiva no curso da
história.
(Parágrafo
relacionado 257)
UM PROJETO NASCIDO NO CORAÇÃO DO PAI
- "O Pai eterno, por
libérrimo e arcano desígnio de sua sabedoria e bondade, criou todo o
universo; decidiu elevar os homens à comunhão da vida divina", à qual
chama todos os homens em seu Filho: "Todos os que crêem em Cristo, o
Pai quis chamá-los a formarem a santa Igreja". Esta "família de
Deus" se constitui e se realiza gradualmente ao longo das etapas da
história humana, segundo as disposições do Pai. Com efeito, "desde a
origem do mundo a Igreja foi prefigurada. Foi admiravelmente preparada na
história do povo de Israel e na antiga aliança. Foi fundada nos últimos
tempos. Foi manifestada pela efusão do Espírito. E no fim dos tempos será
gloriosamente consumada".
(Parágrafo
relacionado 293)
A IGREJA PREFIGURADA DESDE A ORIGEM DO
MUNDO
- "O mundo foi criado em
vista da Igreja", diziam os cristãos dos primeiros tempos. Deus criou
o mundo em vista da comunhão com sua vida divina, comunhão esta que se
realiza pela "convocação" dos homens em Cristo, e esta
"convocação" é a Igreja. A Igreja é a finalidade de todas as
coisas, e as próprias vicissitudes dolorosas, como a queda dos anjos e o
pecado do homem, só foram permitidas por Deus como ocasião e meio para
desdobrar toda a força de seu braço, toda a medida de amor que Ele queria
dar ao mundo:
(Parágrafos
relacionados 294,309)
Assim como a
vontade de Deus é um ato e se chama mundo, assim também sua intenção é a
salvação dos homens e se chama Igreja.
A IGREJA PREPARADA NA ANTIGA ALIANÇA
- O congraçamento do povo de
Deus começa no instante em que o pecado destrói a comunhão dos homens com
Deus e a dos homens entre si. A convocação da Igreja é por assim dizer a
reação de Deus ao caos provocado pelo pecado. Esta reunificação realiza-se
secretamente dentro de todos os povos: "Em qualquer nação, quem o
teme e pratica a justiça lhe é agradável" (At 10,35).
(Parágrafo
relacionado 55)
- A preparação longínqua da
reunião do Povo de Deus começa com a vocação de Abraão, a quem Deus
promete que será o pai de um grande povo. A preparação imediata tem
seus inícios com a eleição de Israel como povo de Deus. Por sua eleição,
Israel deve ser o sinal do congraçamento futuro de todas as nações. Mas já
os profetas acusam Israel de ter rompido a aliança e de ter-se comportado
como uma prostituta. Anunciam uma nova e eterna Aliança. "Esta
Aliança Nova, Cristo a instituiu."
(Parágrafos
relacionados 122,522,60,84)
A IGREJA - INSTITUÍDA POR CRISTO JESUS
- Cabe ao Filho realizar, na
plenitude dos tempos, o plano de salvação de seu Pai. Este é o motivo de
sua "missão". "O Senhor Jesus iniciou sua Igreja pregando a
Boa Nova, isto é, o advento do Reino de Deus prometido nas Escrituras
havia séculos." Para cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou o
Reino dos Céus na terra. A Igreja "é o Reino de Cristo
já misteriosamente presente"'.
(Parágrafo
relacionado 541)
- "Este Reino
manifesta-se lucidamente aos homens na palavra, nas obras e na presença de
Cristo." Acolher a palavra de Jesus é "acolher o próprio
Reino". O germe e o começo do Reino são o "pequeno rebanho"
(Lc 12,32) dos que Jesus veio convocar em torno de si, dos quais ele mesmo
é o pastor". Eles constituem a verdadeira família de Jesus. Aos que assim
reuniu em torno dele, ensinou uma "maneira de agir" nova e
também uma oração própria.
(Parágrafos
relacionados 543,1691,2558)
- O Senhor Jesus dotou sua
comunidade de uma estrutura que permanecerá até a plena consumação
do Reino. Há antes de tudo a escolha dos Doze, com Pedro como seu
chefe. Representando as doze tribos de Israel, eles são as pedras de
fundação da nova Jerusalém. Os Doze e os outros discípulos participam da
missão de Cristo, de seu poder, mas também de sua sorte (cf. Mt 10,
25 ; Jo 15, 20) . Por meio de todos os esses atos, Cristo prepara e
constrói sua Igreja.
(Parágrafos
relacionados 551,860)
- Mas a Igreja nasceu
primeiramente do dom total de Cristo para nossa salvação, antecipado na
instituição da Eucaristia e realizado na Cruz. "O começo e o
crescimento da Igreja são significados pelo sangue e pela água que
saíram do lado aberto de Jesus crucificado." "Pois do lado de
Cristo dormindo na Cruz é que nasceu o admirável sacramento de toda a
Igreja." Da mesma forma que Eva foi formada do lado de Adão
adormecido, assim a Igreja nasceu do coração traspassado de Cristo morto
na Cruz.
(Parágrafos
relacionados 813,610,1340,617,478)
A IGREJA MANIFESTADA PELO ESPÍRITO SANTO
- "Terminada a obra que
o Pai havia confiado ao Filho para realizará na terra, foi enviado o Espírito
Santo no dia de Pentecostes para santificar a Igreja
permanentemente." Foi então que "a Igreja se manifestou
publicamente diante da multidão e começou a difusão do Evangelho com a
pregação". Por ser "convocação" de todos os homens para a
salvação, a Igreja é, por sua própria natureza, missionária enviada por
Cristo a todos os povos para fazer deles discípulos.
(Parágrafos
relacionados 731,849)
- Para realizar sua missão, o
Espírito Santo "dota e dirige a Igreja mediante os diversos dons
hierárquicos e carismáticos. "Por isso a Igreja, enriquecida com os
dons de seu Fundador e empenhando-se em observar fielmente seus preceitos
de caridade, humildade e abnegação, recebeu a missão de anunciar o Reino
de Cristo e de Deus e de estabelecê-lo em todos os povos; deste Reino ela
constitui na terra o germe e o início."
(Parágrafo
relacionado 541)
A IGREJA - CONSUMADA NA GLÓRIA
- "A Igreja... só
terá sua consumação na glória celeste quando do retomo glorioso de
Cristo. Até aquele dia, "a Igreja avança em sua peregrinação por meio
das perseguições do mundo e das consolações de Deus". Aqui na terra,
sabe que está em exílio, longe do Senhor e aspira ao advento pleno do
Reino, "a hora em que ela será, 'na glória, reunida a seu Rei".
A consumação da Igreja e, por meio dela, a do mundo, na glória, não
acontecerá sem grandes provações. Só então "todos os justos,
desde Adão, em seguida Abel, o justo, até o último eleito, serão
congregados junto do Pai na Igreja universal"
(Parágrafos
relacionados 671,2818,675,1045)
III. O mistério da Igreja
- A Igreja está na história,
mas ao mesmo tempo a transcende. É unicamente "com os olhos da
fé" que se pode enxergar em sua realidade visível, ao mesmo tempo,
uma realidade espiritual, portadora de vida divina.
(Parágrafo
relacionado 812)
A IGREJA - AO MESMO TEMPO VISÍVEL E
ESPIRITUAL
- "O Mediador único,
Cristo, constituiu e incessantemente sustenta aqui na terra sua santa
Igreja, comunidade de fé, esperança e caridade, como um 'todo' visível
pelo qual difunde a verdade e a graça a todos." A Igreja é ao mesmo
tempo:
(Parágrafos
relacionados 827,1880,954)
- "sociedade provida de órgãos
hierárquicos e Corpo Místico de Cristo;
- assembléia visível e comunidade espiritual;
- Igreja terrestre e Igreja enriquecida de
bens celestes".
Essas dimensões constituem "uma só realidade
complexa em que se funde o elemento divino e humano":
Caracteriza-se a
Igreja por ser humana e ao mesmo tempo divina, visível, mas ornada de dons
invisíveis, operosa na ação e devotada à contemplação presente no mundo e, no
entanto, peregrina. E isso de modo que nela o humano se ordene divino e a ele
se subordine, o visível ao invisível, a ação à contemplação e o presente à
cidade futura, que buscamos.
Ó humildade! Ó
sublimidade! Tabernáculo de Cedar e santuário de Deus; morada terrestre e
palácio celeste; casa de barro e sala régia; corpo de morte e templo de luz;
finalmente, desprezo para os soberbos e esposa de Cristo! És negra, mas
formosa, ó filha de Jerusalém: ainda que desfigurada pelo labor e pelado longo
exílio, a beleza celeste te adorna.
A IGREJA - MISTÉRIO DA ÚNICO DOS HOMENS COM
DEUS
- É na Igreja que Cristo
realiza e revela seu próprio mistério como a meta do desígnio de Deus:
"Recapitular tudo nele" (Ef 1,10). São Paulo denomina de
"grande mistério" (Ef 5,32) a união esponsal entre Cristo e a
Igreja. Por estar ela unida a Cristo como a seu Esposo, a própria Igreja
também se torna mistério. Contemplando nela o mistério, São Paulo exclama
"Cristo em vós, a esperança da glória" (Cl 1,27).
(Parágrafos
relacionados 518,796)
- Na Igreja, esta comunhão
dos homens com Deus pela "caridade que nunca passará" (1 Cor
13,8) é a finalidade que comanda tudo o que nela é meio sacramental ligado
ao mundo presente que passa. Sua estrutura se ordena integralmente à
santidade dos membros do corpo místico de Cristo. E a santidade é medida
segundo o 'grande mistério', em que a Esposa responde com o dom do amor ao
dom do Esposo. Maria nos precede a todos na santidade que é o mistério da
Igreja como "a Esposa sem mancha nem ruga". Por isso, "a dimensão
marial da Igreja antecede sua dimensão petrina".
(Parágrafos
relacionados 671,972)
A IGREJA - SACRAMENTO UNIVERSAL DA SALVAÇÃO
- A palavra grega
"mysterion" foi traduzida para o latim por dois termos:
"mysterium" e "sacramentum". Na interpretação ulterior,
o termo "sacramentum" exprime mais o sinal visível da realidade
escondida da salvação, indicada pelo termo "mysterium". Neste
sentido, Cristo mesmo é o mistério da salvação: "Non est enim aliud
Dei mysterium, Christus - Pois não existe outro mistério de Deus a não ser
Cristo". A obra salvífica de sua humanidade santa e santificante é o
sacramento da salvação que se manifesta e age nos sacramentos da Igreja
(que as Igrejas do Oriente denominam também "os santos
mistérios"). Os sete sacramentos são os sinais e os instrumentos
pelos quais o Espírito Santo difunde a graça de Cristo, que é a Cabeça, na
Igreja, que é seu Corpo. A Igreja contém, portanto, e comunica a graça
invisível que ela significa. É neste sentido analógico que ela é chamada
de "sacramento".
(Parágrafos
relacionados 1075,515,2014,1116)
- "A Igreja é, em
Cristo, como que o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união com
Deus e da unidade de todo o gênero humano." Ser o sacramento da união
íntima dos homens com Deus é o primeiro objetivo da Igreja. Visto que a
comunhão entre os homens está enraizada na união com Deus, a Igreja
é também o sacramento da unidade do gênero humano. Nela, esta unidade
já começou, pois ela congrega homens "de toda nação, raça, povo
e língua" (Ap 7,9); ao mesmo tempo, a Igreja é "sinal e
instrumento" da plena realização desta unidade que ainda deve vir.
(Parágrafo
relacionado 360)
- Como sacramento, a Igreja é
instrumento de Cristo. "Nas mãos dele, ela é o instrumento da
Redenção de todos os homens" o sacramento universal da salvação"
pelo qual Cristo "manifesta e atualiza o amor de Deus pelos
homens". Ela "é o projeto visível do amor de Deus pela
humanidade" que quer que o "gênero humano inteiro constitua o
único povo de Deus, se congregue no único Corpo de Cristo, seja construído
no único templo do Espírito Santo".
(Parágrafo
relacionado 1088)
RESUMINDO
- A palavra
"Igreja" significa "convocação". Designa a assembléia
daqueles que a Palavra de Deus convoca para formarem o Povo de Deus e que,
alimentados pelo Corpo de Cristo, se tornam Corpo de Cristo.
- A Igreja é ao mesmo
tempo caminho e finalidade do desígnio de Deus: prefigurada na criação,
preparada na Antiga Aliança, fundada pelas palavras e atos de Jesus
Cristo, realizada por sua Cruz redentora e por sua Ressurreição, ela é
manifestada como mistério de salvação pela efusão do Espírito Santo
Será consuma na glória do céu como assembléia de todos os resgatados
da terra.
- A Igreja é ao mesmo
tempo visível e espiritual, sociedade hierárquica e Corpo Místico de
Cristo. Ela é una, formada de elemento humano e um elemento divino.
Somente a fé pode acolher este mistério.
- A Igreja é no mundo
presente o sacramento da salvação, o sinal e o instrumento da comunhão de
Deus e dos homens.
PARÁGRAFO 2 - A IGREJA -
POVO DE DEUS, CORPO DE CRISTO TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO
I. A Igreja - Povo de Deus
- "Em qualquer época e
em qualquer povo é aceito por Deus todo aquele que o teme e pratica a
justiça. Aprouve, contudo, a Deus santificar e salvar os homens não
singularmente, sem nenhuma conexão uns com os outros, mas constituí-los
num povo, que o conhecesse na verdade e santamente o servisse. Escolheu,
por isso Israel como seu povo. Estabeleceu com ele uma aliança e
instruiu-o passo a passo... Tudo isso, porém, aconteceu em preparação e
figura para aquela nova e perfeita aliança que se estabeleceria em
Cristo... Esta é a Nova Aliança, isto é o Novo Testamento em seu sangue,
chamando de entre judeus e gentios um povo que junto crescesse na unidade,
não segundo a carne, mas no Espírito.
As Características do POVO DE DEUS
- O Povo de Deus tem
características que o distinguem nitidamente de todos os agrupamentos
religiosos, étnicos, políticos ou culturais da história:
(Parágrafo
relacionado 871)
- Ele é o Povo de Deus: Deus não pertence,
como propriedade, a nenhum povo. Mas adquiriu para si um povo dentre os que
outrora não eram um povo: "Uma raça eleita, um sacerdócio régio, uma nação
santa" (1Pd 2,9).
(Parágrafo
relacionado 2787)
- A pessoa torna-se membro deste povo não pelo
nascimento físico, mas pelo "nascimento do alto", "da água
e do Espírito" (Jo 3,3-5), isto é, pela fé em Cristo e pelo Batismo.
(Parágrafo
relacionado 1267)
- Este povo tem por Chefe (Cabeça) Jesus
Cristo (Ungido, Messias); pelo fato de a mesma Unção, o Espírito Santo,
fluir da Cabeça para o Corpo, ele é "o Povo messiânico".
(Parágrafo
relacionado 695)
- A condição deste povo é a dignidade da
liberdade dos filhos de Deus: nos corações deles, como em um templo, reside o
Espírito Santo
(Parágrafo
relacionado 1741)
- "Sua lei é o mandamento novo de amar como
Cristo mesmo nos amou.". É a lei "nova" do Espírito Santo.
(Parágrafo
relacionado 1972)
- Sua missão é ser o sal da terra e a luz do
mundo. "Ele constitui para todo o gênero humano o mais forte germe de
unidade, esperança e salvação."
(Parágrafo
relacionado 849)
- Finalmente, sua meta é "o Reino de Deus,
iniciado na terra por Deus mesmo, Reino a ser estendido mais e mais, até que,
no fim dos tempos, seja consumado por Deus mesmo".
(Parágrafo
relacionado 769)
UM POVO SACERDOTAL, PROFÉTICO E RÉGIO
- Jesus Cristo é aquele que o
Pai ungiu com o Espírito Santo e que constituiu "Sacerdote, Profeta e
Rei". O Povo de Deus inteiro participa dessas três funções de Cristo
e assume as responsabilidades de missão e de serviço que daí decorrem.
(Parágrafos
relacionados 436,873)
- Ao entrar no Povo de Deus
pela fé e pelo Batismo, recebe-se participação na vocação única deste
povo, em sua vocação sacerdotal: "Cristo Senhor, Pontífice tomado
dentre os homens, fez do novo povo 'um reino e sacerdotes para Deus Pai'.
Pois os batizados, pela regeneração e unção do Espírito Santo, são
consagrados para ser uma morada espiritual e sacerdócio santo.
(Parágrafos
relacionados 1268,1546)
- "O povo santo de Deus
participa também da função profética de Cristo." Isso se verifica de
modo particular pelo sentido sobrenatural da fé, que é de todo o povo,
leigos e hierarquia, apegando-se "indefectivelmente à fé uma vez para
sempre transmitida aos santos", e aprofunda a compreensão da mesma e
torna-se testemunha de Cristo no meio deste mundo.
(Parágrafo
relacionado 92)
- O Povo de Deus participa
finalmente da função régia de Cristo. Cristo exerce sua realeza atraindo
para si todos os homens por sua morte e Ressurreição. Cristo, Rei e Senhor
do universo, se fez servidor de todos, não veio "para ser servido,
mas para servir e para dar sua vida em resgate por muitos" (Mt
20,28). Para o cristão, "reinar é servir", particularmente
"nos pobres e nos sofredores, nos quais a Igreja reconhece a imagem
de seu Fundador pobre e sofredor". O povo de Deus realiza sua
"dignidade régia" vivendo em conformidade com esta vocação de
servir com Cristo.
(Parágrafos
relacionados 2449,2443)
Todos os que
renasceram em Cristo obtiveram, pelo sinal da cruz, a dignidade real e, pela
unção do Espírito Santo, receberam a consagração sacerdotal. Por isso, não
obstante o serviço especial do nosso ministério, todos os cristãos foram
revestidos de um carisma espiritual que os torna membros desta família de reis
e deste povo de sacerdotes. Não será, na verdade, função régia o fato de uma
alma, submetida a Deus, governar seu corpo? E não será função sacerdotal
consagrar ao Senhor uma consciência pura e oferecer no altar do coração a
hóstia imaculada de nossa piedade?
II. A Igreja - Corpo de Cristo
A IGREJA É COMUNHÃO COM JESUS
- Desde o início, Jesus
associou seus discípulos à sua vida revelou-lhes o Mistério do Reino,
deu-lhes participar de sua missão, de sua alegria e de seus sofrimentos.
Jesus fala de uma comunhão ainda mais íntima entre Ele e os que o
seguiriam: "Permanecei em mim, como eu em vós... Eu sou a videira, e
vós os ramos" (Jo 15,4-5). E anuncia uma comunhão misteriosa e real
entre o seu próprio corpo e o nosso: "Quem come a minha carne e bebe
o meu sangue permanece em mim e eu nele" (Jo 6,56).
(Parágrafo
relacionado 755)
- Quando sua presença visível
lhes foi tirada, Jesus não deixou seus discípulos órfãos. Prometeu ficar
com eles até o fim dos tempos, enviou-lhes seu Espírito. A comunhão com
Jesus tomou-se, de certa maneira, mais intensa: "Ao comunicar seu
Espírito, fez de seus irmãos, chamados de todos os povos, misticamente os
componentes de seu próprio Corpo".
(Parágrafo
relacionado 690)
- A comparação da Igreja com
o corpo projeta uma luz sobre os laços íntimos entre a Igreja e Cristo.
Ela não é somente congregada em torno dele; é unificada nele, em seu
Corpo. Cabe destacar mais especificamente três aspectos da Igreja-Corpo de
Cristo: a unidade de todos os membros entre si por sua união com Cristo;
Cristo Cabeça do Corpo; a Igreja, Esposa de Cristo.
(Parágrafo
relacionado 521)
"UM SÓ CORPO"
- Os crentes que respondem à
Palavra de Deus e se tornam membros do Corpo de Cristo ficam estreitamente
unidos a Cristo: "Neste corpo, a vida de Cristo se difunde por meio
dos crentes que os sacramentos, de forma misteriosa e real, unem a Cristo
sofredor e glorificado" Isto é particularmente verdade com relação ao
Batismo, pelo qual somos unidos à morte e à Ressurreição de Cristo, e com
relação à Eucaristia, pela qual, "participando realmente do Corpo de
Cristo", "somos elevados à comunhão com ele e entre nós"'
(Parágrafo
relacionado 947,1227,1329)
- A unidade do corpo não
acaba com a diversidade dos membros: "Na edificação do corpo de
Cristo, há diversidade de membros e de funções. Um só é o Espírito que
distribui dons variados para o bem da Igreja segundo suas riquezas e as
necessidades dos ministérios". A unidade do Corpo Místico produz e
estimula entre os fiéis a caridade: "Por isso), se um membro sofre,
todos os membros padecem com ele; ou, se um membro é honrado, todos os
membros se regozijam com ele". Finalmente, a unidade do Corpo Místico
vence todas as divisões humanas: "Todos vós, com efeito, que fostes
batizados em Cristo, vos vestistes de Cristo. Não há judeu nem grego, não
há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um só
em Cristo Jesus" (Gl 3,27-28).
(Parágrafos
relacionados 814,1937)
"DESTE CORPO, CRISTO É A CABEÇA"
- Cristo "é a Cabeça do
Corpo que é a Igreja" (Cl 1,18) Ele é o Princípio da criação e da
redenção. Elevado na glória do Pai "Ele tem em tudo a primazia"
(Cl 1,18), principalmente sobre a Igreja, por meio da qual estende seu
reino sobre todas as coisas.
(Parágrafos
relacionados 669,1119)
- Ele nos une a sua Páscoa.
Todos os membros devem esforçar-se por se assemelhar a ele "até
Cristo ser formado neles" (Gl 4,19). "Por isso somos inseridos
nos mistérios de sua vida associamo-nos a suas dores como o corpo à
Cabeça, para que padecendo com ele, sejamos com ele também glorificados.
(Parágrafos
relacionados 661,519)
- Ele provê o nosso
crescimento. Para fazer-nos crescer em direção a ele, nossa Cabeça, Cristo
ordena em seu corpo, a Igreja, os dons e os serviços pelos quais nós nos a
ajudamos mutuamente no caminho da salvação.
(Parágrafo
relacionado 872)
- Cristo e a Igreja, eis,
portanto, o "Cristo total" ("Christus totus"). A
Igreja é una com Cristo. Os Santos têm uma consciência bem viva desta
unidade:
(Parágrafo
relacionado 695)
Alegremo-nos,
portanto, e demos graças por nos termos tornado não somente cristãos, mas o
próprio Cristo. Compreendeis, irmãos, a graça que Deus nos concedeu ao dar-nos
Cristo como Cabeça? Admirai e rejubilai, nós nos tornamos Cristo. Com efeito,
uma vez que Ele é a Cabeça e nós somos os membros, o homem inteiro é
constituído por Ele e por nós. A plenitude de Cristo é, portanto, a Cabeça e os
membros. O que significa isto: a Cabeça e os membros? Cristo e a Igreja.
Redemptor nos ter
unam se personam cum sancta Eccies ia, quam assumpsit, exhibuit - Nosso
Redentor mostrou-se como uma só pessoa com a santa Igreja, que ele assumiu.
Caput et inembra
sunt quasi una persona mystica - Cabeça e membros são como uma só pessoa
mística.
(Parágrafo
relacionado 1474)
Uma palavra de
Santa Joana d'Arc a seus juizes resume a fé dos santos Doutores e exprime o bom
senso do crente: "Quanto a Jesus Cristo e à Igreja, parece-me que são uma
só coisa e que não se deve fazer objeções a isso
A IGREJA É A ESPOSA DE CRISTO
- A unidade entre Cristo e a
Igreja, Cabeça e membros do Corpo, implica também a distinção dos dois em
uma relação pessoal. Este aspecto é muitas vezes expresso pela imagem do
Esposo e da Esposa. O tema de Cristo Esposo da Igreja foi preparado pelos
Profetas e anunciado por João Batista. O Senhor mesmo designou-se como
"o Esposo" (Mc 2,19). O apóstolo apresenta a Igreja e cada fiel,
membro de seu Corpo, como uma Esposa "desposada" com Cristo
Senhor, para ser com Ele um só Espírito. Ela é a Esposa imaculada do
Cordeiro imaculado, a qual Cristo "amou, pela qual se entregou, a fim
de santificá-la" (Ef 5,26), que associou a si por uma Aliança eterna
e da qual não cessa de cuidar como de seu próprio Corpo.
(Parágrafos
relacionados 757,219,772,1602,1616)
Eis o Cristo
total, Cabeça e Corpo, um só formado por muitos... Seja a cabeça a falar, seja
os membros, é sempre Cristo quem fala. Fala desempenhando o papel da Cabeça
["ex persona capitis"], fala desempenhando o papel do Corpo ["ex
persona corporis"]. Conforme o que está escrito: "Serão dois em
uma só carne. Eis um grande mistério: refiro-me a Cristo e à Igreja" (Ef
5,31-32). E o Senhor mesmo diz no Evangelho: "Já não são dois, mas uma só
carne" (Mt 19,6). Como vistes, há de fato duas pessoas diferentes, e
todavia elas constituem uma só coisa no amplexo conjugal. Na qualidade de
Cabeça ele se diz "Esposo", na qualidade de Corpo se diz
"Esposa".
III. A Igreja - Templo do Espírito Santo
- "Quod est spiritus
noster, id est anima nostra, ad membra nostra, hoc est Spiritus Sanctus ad
membra Christi, ad corpus Christi, quod est Ecclesia - O que é o nosso
espírito, isto é, a nossa alma em relação a nossos membros, assim é o
Espírito Santo em relação aos membros de Cristo, ao corpo de Cristo que é
a Igreja." "A este Espírito de Cristo, em princípio invisível,
deve-se atribuir também a união de todas as partes do Corpo tanto entre si
como com sua Cabeça, pois ele está todo na Cabeça, todo no Corpo e todo em
cada um de seus membros." O Espírito Santo faz da Igreja "o
Templo do Deus Vivo" (2 Cor 6, 16):
(Parágrafos
relacionados 813,586)
"Com efeito,
é à própria Igreja que foi confiado o Dom de Deus. É nela que foi depositada a
comunhão com Cristo, isto é, o Espírito Santo, penhor da incorruptibilidade,
confirmação de nossa fé e escada de nossa ascensão para Deus. Pois lá onde está
a Igreja, ali também está o Espírito de Deus; e lá onde está o Espírito
de Deus, ali está a Igreja e toda graça".
- O Espírito Santo é "o
Princípio de toda ação vital e verdadeiramente salutar em cada uma das
diversas partes do Corpo". Ele opera de múltiplas maneiras a
edificação do Corpo inteiro na caridade: pela Palavra de Deus, "que
tem o poder de edificar" (At 20,32); pelo Batismo, por meio do qual
forma o Corpo de Cristo; pelos sacramentos, que proporcionam crescimento e
cura aos membros de Cristo; pela "graça concedida aos apóstolos, que
ocupa o primeiro lugar entre seus dons"; pelas virtudes, que fazem
agir segundo o bem; e, enfim, pelas múltiplas graças especiais (chamadas
de "carismas"), por meio das quais "torna os fiéis aptos e
prontos a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios que contribuem
para a renovação e maior incremento da Igreja".
(Parágrafos
relacionados 737,1091-1109,791)
OS CARISMAS
- Quer extraordinários quer
simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, direta
ou indiretamente, têm urna utilidade eclesial, pois são ordenados à
edificação da Igreja, ao bem dos homens e às necessidades do mundo.
(Parágrafos
relacionados 951,2003)
- Os carismas devem ser
acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por
todos os membros da Igreja, pois são uma maravilhosa riqueza de graça para
a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo,
contanto que se trate de dons que provenham verdadeiramente do Espírito
Santo e que sejam exercidos de maneira plenamente conforme aos impulsos autênticos
deste mesmo Espírito, isto é, segundo a caridade, verdadeira medida dos
carismas.
- É neste sentido que se faz
sempre necessário o discernimento dos carismas. Nenhum carisma dispensa da
reverência e da submissão aos Pastores da Igreja. "A eles em especial
cabe não extinguir o Espírito, mas provar as coisas e ficar com o que é
bom", a fim de que todos os carismas cooperem, em sua diversidade e
complementaridade, para o "bem comum" (1Cor 12,7).
(Parágrafos
relacionados 894,1905)
RESUMINDO
- "Cristo Jesus
entregou-se a si mesmo por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e
para purificar um povo que lhe pertence" (Tt 2,14)
- "Vós sois uma raça
eleita, um sacerdócio régio, uma nação santa, o Povo de sua particular
propriedade" (1 Pd 2,9).
- Ingressa-se no Povo de
Deus pela fé e pelo Batismo. "Todos os homens são chamados a fazer
parte do Povo de Deus", a fim de que, em Cristo, "os homens
constituam uma só família e um só Povo de Deus".
- A Igreja é o Corpo de
Cristo. Pelo Espírito e pela ação deste nos sacramentos, sobretudo a
Eucaristia, Cristo morto e ressuscitado constitui a comunidade dos crentes
como seu Corpo.
- Na unidade deste Corpo
existe diversidade de membros e de junções. Todos os membros estão ligados
uns aos outros, particularmente aos que sofrem, são pobres e perseguidos.
- A Igreja é este Corpo do
qual Cristo é a Cabeça: ela vive dele nele e por ele; ele vive com ela e
nela.
- A Igreja é a Esposa de
Cristo: ele a amou e entregou-se por ela. Purificou-a com seu sangue. Fez
dela a Mãe fecunda de todos os filhos de Deus.
- A Igreja é o Templo do
Espírito Santo O Espírito é como a alma do Corpo Místico, princípio de sua
vida, da unidade na diversidade e da riqueza de seus dons e carismas.
- Desta maneira a Igreja
universal aparece como `um povo que traz sua unidade' da unidade do
Pai."
PRIMEIRA PARTE - SEGUNDA SEÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ
CRISTÃ
OS SÍMBOLOS DA FÉ
CAPITULO III - Artigo 9 - PARÁGRAFO 3
A IGREJA É UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA
- Esta é a única Igreja de
Cristo que, no Símbolo, confessamos una, santa, católica e
apostólica." Esses quatro atributos, inseparavelmente ligados entre
si, indicam traços essenciais da Igreja e de sua missão. A Igreja não os
tem de si mesma; é Cristo que, pelo Espírito Santo, dá a sua Igreja
o ser una, santa, católica e apostólica, e é também ele que a convida a
realizar cada uma dessas qualidades.
(Parágrafos
relacionados 750,832,865)
- Só a fé pode reconhecer que
a Igreja recebe estas propriedades de sua fonte divina. Mas as
manifestações históricas delas constituem sinais que falam também com
clareza à razão humana. "A Igreja - lembra o Concílio Vaticano I -,
em razão de sua santidade, de sua unidade católica, de sua constância
invicta, é ela mesma um grande e perpétuo motivo de credibilidade e uma
prova irrefutável de sua missão divina."
(Parágrafos
relacionados 156,770)
I- A Igreja é una
"O MISTÉRIO SAGRADO DA UNIDADE DA
IGREJA"
- A Igreja é una por sua
fonte: "Deste mistério, o modelo supremo e o princípio é a unidade de
um só Deus na Trindade de Pessoas, Pai e Filho no Espírito Santo". A
Igreja é una por seu Fundador: "Pois o próprio Filho encarnado,
príncipe da paz, por sua cruz reconciliou todos os homens com Deus,
restabelecendo a união de todos em um só Povo, em um só Corpo". A
Igreja é una por sua "alma": "O Espírito Santo que habita
nos crentes, que plenifica e rege toda a Igreja, realiza esta admirável
comunhão dos fiéis e os une tão intimamente em Cristo, que ele é o
princípio de Unidade da Igreja". Portanto, é da própria essência da
Igreja ser una:
(Parágrafos
relacionados 172,766,797)
Que estupendo
mistério! Há um único Pai do universo, um único Logos do universo e
também um único Espírito Santo, idêntico em todo lugar; há também uma
única virgem que se tornou mãe, e me agrada chamá-la Igreja.
- Contudo, desde a origem,
esta Igreja una se apresenta com uma grande diversidade, que provém ao
mesmo tempo da variedade dos dons de Deus e da multiplicidade das pessoas
que os recebem. Na unidade do Povo de Deus se congregam as diversidades
dos povos e das culturas. Entre os membros da Igreja existe uma
diversidade de dons, de encargos, de condições e de modos de vida;
"na comunhão eclesiástica há, legitimamente, Igrejas particulares
gozando de tradições próprias". A grande riqueza desta diversidade
não se opõe à unidade da Igreja. Todavia, o pecado e o peso de suas
conseqüências ameaçam sem cessar o dom da unidade. Assim, o apóstolo tem
de exortar a "conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da
paz" (Ef 4,3).
(Parágrafos
relacionados 791,873,1202,832)
- Quais são estes vínculos da
unidade? "Sobre tudo isso [está] a caridade, que é o vínculo da
perfeição" (Cl 3,14). Mas a unidade da Igreja peregrinante é também
assegurada por vínculos visíveis de comunhão:
(Parágrafos
relacionados 1827,830,837)
- profissão de uma única fé recebida dos
Apóstolos
(Parágrafo
relacionado 173)
- a celebração comum do culto divino, sobretudo
dos sacramentos;
- a sucessão apostólica, por meio do Sacramento
da Ordem, que mantém a concórdia fraterna da família de Deus.
- "A única Igreja de Cristo
(...) é aquela que nosso Salvador depois de sua Ressurreição, entregou a
Pedro para que fosse seu pastor e confiou a ele e aos demais Apóstolos
para propagá-la e regê-la... Esta Igreja, constituída e organizada neste
mundo como uma sociedade, subsiste na ( "subsistit in") Igreja
Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com
ele":
O Decreto sobre o
Ecumenismo, do Concílio Vaticano II, explicita: "Pois somente por meio da
Igreja católica de Cristo, 'a qual é meio geral de salvação', pode ser atingida
toda a plenitude dos meios de salvação. Cremos que o Senhor confiou todos os
bens da Nova Aliança somente ao Colégio Apostólico, do qual Pedro é o chefe, a
fim de constituir na terra um só Corpo de Cristo, ao qual é necessário que se
incorporem plenamente todos os que, de que alguma forma, já pertencem ao
Povo de Deus".
(Parágrafo
relacionado 830)
AS FERIDAS DA UNIDADE
- Na realidade, "nesta
una e única Igreja de Deus, já desde os primórdios, surgiram algumas
cisões, que o Apóstolo censura com vigor como condenáveis. Dissensões mais
amplas nasceram nos séculos posteriores. Comunidades não pequenas
separaram-se da plena comunhão com a Igreja católica, por vezes não sem
culpa de homens de ambas as partes". As rupturas que ferem a unidade
do Corpo de Cristo (distinguem-se a heresia, a apostasia e o cisma) não
acontecem sem os pecados dos homens:
(Parágrafo
relacionado 2089)
"Ubi peccata sunt, ibi multitudo, ibi
schismata, ibi haereses, ibi discussiones. Ubi autem virtus, ibi singularitas,
ibi unio, ex quo omnium credentium erat cor unum et anima una. - Onde estão os
pecados, aí está a multiplicidade (das crenças), aí o cisma, aí as
heresias, aí as controvérsias. Onde, porém, está a virtude, aí está a
unidade, aí a comunhão, em força disso, os crentes eram um só coração e uma só
alma."
- Os que hoje em dia nascem
em comunidades que surgiram de tais rupturas "e estão imbuídos da fé
em Cristo não podem ser argüidos de pecado de separação, e a Igreja
católica os abraça com fraterna reverência e amor... Justificados pela fé
recebida no Batismo; estão incorporados em Cristo, e por isso com razão
são honrados com o nome de cristãos e merecidamente reconhecidos pelos
filhos da Igreja católica como irmãos no Senhor".
(Parágrafo
relacionado 1271)
- Além disso, "muitos
elementos de santificação e de verdade existem fora dos limites visíveis
da Igreja católica": "A palavra escrita de Deus, a vida da
graça, a fé, a esperança, a caridade, outros dons interiores do Espírito
Santo e outros elementos visíveis" O espírito de Cristo serve-se
dessas igrejas e comunidades eclesiais como meios de salvação cuja força
vem da plenitude de graça e de verdade que Cristo confiou à Igreja
católica. Todos esses bens provêm de Cristo e levam a Ele e chamam, por
eles mesmos, para a "unidade católica".
RUMO À UNIDADE
- A unidade, "Cristo a
concedeu, desde o início, à sua Igreja, e nós cremos que ela subsiste sem
possibilidade de ser perdida na Igreja católica e esperamos que cresça,
dia após dia, até a consumação dos séculos". Cristo dá sempre à
sua Igreja o dom da unidade, mas a Igreja deve sempre orar e trabalhar
para manter, reforçar e aperfeiçoar a unidade que Cristo quer para ela.
Por isso Jesus mesmo orou na hora de sua Paixão, e não cessa de orar ao
Pai pela unidade de seus discípulos: "... Que todos sejam um. Como
tu, Pai, estás em mim e eu em ti, que eles esteja me nós, a fim de que o
mundo creia que tu me enviaste" (Jo 17,21). O desejo de reencontrar a
unidade de todos os cristãos é um dom de Cristo e convite do Espírito
Santo
(Parágrafo
relacionado 2748)
- Para responder
adequadamente a este apelo, exigem-se:
- uma renovação permanente da Igreja em uma
fidelidade maior à sua vocação. Esta renovação é a mola do movimento rumo à
unidade.
- a conversão do coração, "com vistas a
viver mais puramente segundo o Evangelho", pois e a infidelidade dos
membros ao dom de Cristo que causa as divisões;
(Parágrafo relacionado 827)
- a oração em comum, pois "a conversão do
coração e a santidade de vida, juntamente com as preces particulares e públicas
pela unidade dos cristãos, devem ser consideradas a alma de todo o movimento
ecumênico e, com razão, podem ser chamadas de ecumenismo espiritual";
(Parágrafo relacionado 2791)
-conhecimento fraterno recíproco,
- a formação ecumênica dos fiéis e especialmente
dos presbíteros;
- diálogo entre os teólogos e os encontros entre
os cristãos diferentes Igrejas e comunidades;
- a colaboração entre cristãos nos diversos
campos do serviço aos homens.
- A preocupação de realizar a
união "diz respeito à Igreja inteira, fiéis e pastores". Mas é
preciso também "ter consciência de que este projeto sagrado, a
reconciliação de todos os cristãos na unidade de uma só e única Igreja de
Cristo, ultrapassa as forças e as capacidades humanas". Por isso
depositamos toda a nossa esperança "na oração de Cristo pela Igreja,
no amor do Pai por nós e no poder do Espírito Santo".
II. A Igreja é santa
- "A Igreja... é, aos
olhos da fé, indefectivelmente santa. pois Cristo, Filho de Deus, que com
o Pai e o Espírito Santo é proclamado o 'único Santo', amou a Igreja como
sua Esposa. Por ela se entregou com o fim de santificá-la. Uniu-a a si
como seu corpo e cumulou-a com o dom do Espírito Santo, para a glória de
Deus." A Igreja é, portanto, "o Povo santo de Deus", e seus
membros são chamados "santos".
(Parágrafos
relacionados 459,796,946)
- A Igreja, unida a Cristo, é
santificada por Ele; por Ele e nele torna-se também santificante. Todas as
obras da Igreja tendem, como seu fim, "à santificação dos homens em
Cristo e à glorificação de Deus". É na Igreja que está depositada
"a plenitude dos meios de salvação". É nela que "adquirimos
a santidade pela graça de Deus".
(Parágrafo
relacionado 816)
- "Já na terra a
Igreja está ornada de verdadeira santidade, embora imperfeita."
Em seus membros, a santidade perfeita ainda é coisa a adquirir:
"Munidos de tantos e tão salutares meios, todos os cristãos, de
qualquer condição ou estado, são chamados pelo Senhor, cada um por seu
caminho, à perfeição da santidade pela qual é perfeito o próprio
Pai".
(Parágrafos
relacionados 670,2013)
- A caridade é a alma da
santidade à qual todos são chamados. Ela "dirige todos os meios de
santificação, dá-lhes forma e os conduz ao fim".
(Parágrafos
relacionados 1827,2658)
"Compreendi
que a Igreja tinha um corpo, composto de diferentes membros, não lhe faltava o
membro mais nobre e mais necessário (o coração). Compreendi que a Igreja tinha
um Coração, e que este Coração ARDIA de AMOR. Compreendi que só o amor fazia os
membros da Igreja agirem, que, se o Amor viesse a se apagar, os Apóstolos não
anunciariam mais o Evangelho, os Mártires se recusariam a derramar seu
sangue... Compreendi que O AMOR ENCERRAVA TODAS AS VOCAÇÕES, QUE O AMOR ERA
TUDO QUE ELE ABRAÇAVA TODOS OS TEMPOS E TODOS LUGARES... EM UMA PALAVRA, QUE
ELE É ETERNO!"
(Parágrafo
relacionado 864)
- "Mas enquanto Cristo,
'santo, inocente, imaculado', não conheceu o pecado, mas veio apenas para
expiar os pecados do povo, a Igreja, reunindo em seu próprio seio os
pecadores ao mesmo tempo santa e sempre necessitada de purificar-se, busca
sem cessar a penitência e a renovação." Todos os membros da Igreja,
inclusive seus ministros, devem reconhecer-se pecadores. Em todos eles o
joio do pecado continua ainda mesclado ao trigo do Evangelho até o fim dos
tempos. A Igreja reúne, portanto, pecadores alcançados pela salvação de
Cristo, mas ainda em via de santificação.
(Parágrafos
relacionados 1425-1429,821)
A Igreja é santa,
mesmo tendo pecadores em seu seio, pois não possui outra vida senão a da graça:
é vivendo de sua vida que seus membros se santificam; é subtraindo-se à vida
dela que caem pecados e nas desordens que impedem a irradiação da santidade
dela. É por isso que ela sofre e faz penitência por essas faltas das quais tem
o poder de curar seus filhos, pelo sangue de Cristo e pelo dom do Espírito
Santo
- Ao canonizar certos fiéis,
isto é, ao proclamar solene que esses fiéis praticaram heroicamente as
virtudes e viveram na fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o
poder do Espírito de santidade que está em si e sustenta a esperança
dos fiéis, propondo-os como modelos e intercessores. "Os santos e as
santas sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais
difíceis da história da Igreja." Com efeito, "a santidade é a
fonte secreta e a medida infalível de sua atividade apostólica e de seu
elã missionário".
(Parágrafos
relacionados 1173,2045)
- "Enquanto na
beatíssima Virgem a Igreja já atingiu a perfeição, pela qual existe
sem mácula e sem ruga, os cristãos ainda se esforçam por crescer em santidade,
vencendo o pecado. Por isso elevam seus olhos a Maria" ela, a Igreja
é já a toda santa.
(Parágrafos
relacionados 1172,972)
A Igreja é católica
QUE QUER DIZER "CATÓLICO"?
- A palavra
"católico" significa "universal" no sentido de segundo
a totalidade" ou "segundo a integralidade". A Igreja é
católica em duplo sentido. Ela é católica porque nela Cristo está
presente. "Onde está Cristo Jesus, está a Igreja católica." Nela
subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua Cabeça o que implica
que ela recebe dele "a plenitude dos meios de salvação" que ele
quis: confissão de fé correta e completa, vida sacramental integral e
ministério ordenado na sucessão apostólica. Neste sentido fundamental, a
Igreja era católica no dia de Pentecostes e o será sempre, até o dia
da Parusia.
(Parágrafos
relacionados 795,815-816)
- Ela é católica porque é
enviada em missão por Cristo à universalidade do gênero humano.
(Parágrafo
relacionado 849)
Todos os homens
são chamados a pertencer ao novo Povo de Deus. Por isso este Povo, permanecendo
uno e único, deve estender-se a todo o mundo e por todos os tempos, para que se
cumpra, o desígnio da vontade de Deus, que no início formou uma natureza humana
e finalmente decretou congregar seus filhos que estavam dispersos... Este caráter
de universalidade que marca o Povo de Deus é um dom do próprio Senhor, pelo
qual a Igreja Católica, de maneira eficaz e perpétua, tende a recapitular toda
a humanidade com todos os seus bens sob Cristo Cabeça, na unidade do seu
Espírito.
(Parágrafos
relacionados 360,518)
CADA IGREJA PARTICULAR É
"CATÓLICA"
- "Esta Igreja de Cristo
está verdadeiramente presente em todas as legitimas comunidades
locais de fiéis que, unidas a seus pastores, são também elas, no Novo
Testamento, chamadas "Igrejas"... Nelas os fiéis são reunidos
pela pregação do Evangelho de Cristo, nelas se celebra o mistério da Ceia
do Senhor... Nessas comunidades, embora muitas vezes pequenas e pobres, ou
vivendo na dispersão, está presente Cristo, por cuja virtude se
constitui a Igreja una, santa, católica e apostólica."
(Parágrafos
relacionados 814,811)
- Entende-se por Igreja
particular, o que é, em primeiro lugar, a diocese (ou a eparquia), uma
comunidade de fiéis cristãos em comunhão na fé e nos sacramentos com seu
Bispo ordenado na sucessão apostólica. Essas Igrejas particulares
"são formadas à imagem da Igreja universal; é nelas e a partir delas
que existe a Igreja católica una e única"
(Parágrafo
relacionado 886)
- As Igrejas particulares são
plenamente católicas pela comunhão com uma delas: a Igreja de Roma,
"que preside à caridade". "Pois com esta Igreja, em razão
de sua origem mais excelente, deve necessariamente concordar cada Igreja,
isto é, os fiéis de toda parte." "Com efeito, desde a descida a
nós do Verbo Encarnado, todas as Igrejas cristãs de toda parte
consideraram e continuam considerando a grande Igreja que está aqui
[em Roma] como única base e fundamento, visto que, segundo as próprias
promessas do Salvador, as portas do inferno nunca prevaleceram sobre ela."
(Parágrafos
relacionados 882,1369)
- "Guardemo-nos bem, no
entanto, de conceber a Igreja universal como sendo a somatória, ou, se
preferir dizê-lo, a federação mais ou menos anômala de Igrejas
particulares essencialmente diversas. No pensamento do Senhor, é a Igreja,
universal por vocação e por missão, que, ao lançar suas raízes na
variedade dos terrenos culturais, sociais e humanos, se reveste em cada
parte do mundo de aspectos e de expressões exteriores diversas. A rica
variedade de disciplinas eclesiásticas, de ritos litúrgicos, de
patrimônios teológicos espirituais próprios das Igrejas locais
"mostra mais luminosamente a catolicidade da Igreja indivisa, por sua
convergência na unidade.
(Parágrafo
relacionado 1202)
QUEM PERTENCE · IGREJA CATÓLICA?
- "Todos os homens,
pois, são chamados a esta católica unidade do Povo de Deus, que prefigura
e promove a paz universal. A ela pertencem ou são ordenados de modos
diversos quer os fiéis católicos, quer os outros crentes em Cristo, quer,
enfim, os homens em geral, chamados à salvação pela graça de Deus.
(Parágrafo
relacionado 831)
- "São incorporados
plenamente à sociedade, que é a Igreja, os que, tendo o Espírito de
Cristo, aceitam a totalidade de sua organização e todos os meios de
salvação nela instituídos e em sua estrutura visível - regida por Cristo
por meio do Sumo Pontífice e dos Bispos se unem com Ele pelos vínculos da
profissão de fé, dos sacramentos, do regime eclesiástico e da comunhão.
Contudo não se salva, embora esteja incorporado à Igreja, aquele que, não
perseverando na caridade, permanece dentro da Igreja 'com o corpo', mas
não 'com o coração."
(Parágrafos
relacionados 771,882,815)
- Por muitos títulos a Igreja
sabe-se ligada aos batizados que são ornados com o nome cristão, mas não
professam na íntegra a fé ou não guardam a unidade da comunhão sob o
Sucessor de Pedro." "Aqueles que crêem em Cristo e foram
devidamente batizados estão constituídos em certa comunhão, embora não
perfeita, com a Igreja católica." Com as Igrejas ortodoxas, esta
comunhão é tão profunda "que falta bem pouco para que ela atinja a
plenitude que autoriza uma celebração comum da Eucaristia do Senhor".
(Parágrafos
relacionados 818,1271,1399)
A IGREJA E OS NÃO-CRISTÃOS
- "Os que ainda não
receberam o Evangelho também se ordenam por diversos modos ao Povo de
Deus."
(Parágrafo
relacionado 856)
A relação da Igreja com o Povo Hebreu. A Igreja,
Povo de Deus na Nova Aliança, descobre, ao perscrutar seu próprio ministério,
seus vínculos com o Povo Hebreu" a quem Deus falou em primeiro
lugar". Ao contrário das outras religiões não-cristãs, a fé hebraica já é
resposta à revelação de Deus na Antiga Aliança. É ao Povo Hebreu que
"pertencem a adoção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto,
as promessas e os patriarcas, dos quais descende Cristo, segundo a carne"
(Rm 9,4-5), pois "os dons e o chamado de Deus são sem arrependimento"
(Rm 11, 29).
(Parágrafos
relacionados 63,147)
- De resto, quando se
considera o futuro, o povo de Deus da Antiga Aliança e o novo Povo de Deus
tendem para fins análogos: a espera da vinda (ou da volta) do Messias. Mas
o que se espera é do lado dos cristãos, a volta do Messias, morto e
ressuscitado, reconhecido como Senhor e Filho de Deus, e do lado dos
hebreus, a vinda do Messias - cujos traços permanecem encobertos -, no fim
dos tempos, espera esta acompanhada do drama da ignorância ou do
desconhecimento de Cristo Jesus.
(Parágrafos
relacionados 674,597)
- As relações da Igreja com
os muçulmanos. "Mas o plano de salvação abrange também aqueles que
reconhecem o Criador. Entre eles, em primeiro lugar, os muçulmanos, que,
professando manter a fé de Abraão, adoram conosco o Deus único,
misericordioso, juiz dos homens no último dia."
- O vínculo da Igreja com as
religiões não-cristãs é primeiramente o da origem e do fim comuns do gênero
humano:
(Parágrafo
relacionado 360)
Com efeito, todos
os povos constituem uma só comunidade. Têm uma origem comum, visto que Deus fez
todo o gênero humano habitar a face da terra. Têm igualmente um único fim
comum, Deus, cuja providência, testemunhos de bondade e planos de salvação
abarcam a todos, até os eleitos se reunirem na Cidade Santa.
- A Igreja reconhece nas
outras religiões a busca, "ainda nas sombras e sob imagens", do
Deus desconhecido, mas próximo, pois é Ele quem dá a todos vida,
respiração e tudo o mais, e porque quer que todos os homens sejam salvos.
Assim, a Igreja considera tudo o que pode haver de bom e de verdadeiro nas
religiões "como uma preparação evangélica dada por Aquele que ilumina
todo homem para que, finalmente, tenha a vida".
(Parágrafos
relacionados 28,856)
- Em seu comportamento
religioso, porém, os homens mostram também limitações e erros que
desfiguram neles a imagem de Deus:
(Parágrafo
relacionado )
Muitas vezes os
homens, enganados pelo Maligno, se enganaram em seus pensamentos e trocaram a
verdade de Deus pela mentira, servindo à criatura mais que ao Criador, ou,
vivendo e morrendo sem Deus neste mundo, se expõem ao extremo desespero.
(Parágrafo
relacionado 29)
- É para reunir novamente
todos os seus filhos - que o pecado dispersou e desgarrou -- que o Pai
quis convocar toda a humanidade na Igreja de seu Filho. A Igreja é o lugar
em que a humanidade deve reencontrar sua unidade e sua salvação. Ela é
"o mundo reconciliado". Ela é esse navio que "navega bem
neste mundo ao sopro do Espírito Santo com as velas da Cruz do Senhor
plenamente desfraldadas". Segundo outra imagem cara aos Padres da
Igreja, ela é figurada pela Arca de Noé, a única que salva do dilúvio.
(Parágrafos
relacionados 30,953,1219)
"FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO"
- Como entender esta
afirmação, com freqüência repetida pelos Padres da Igreja? Formulada de
maneira positiva, ela significa que toda salvação vem de Cristo-Cabeça por
meio da Igreja, que é seu Corpo:
Apoiado na Sagrada
Escritura e na Tradição, [o Concílio] ensina que esta Igreja peregrina é
necessária para a salvação. O único mediador e caminho da salvação é Cristo,
que se nos torna presente em seu Corpo, que é a Igreja. Ele, porém, inculcando
com palavras expressas a necessidade da fé e do batismo, ao mesmo tempo
confirmou a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Batismo, como
que por uma porta. Por isso não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a
Igreja católica foi fundada por Deus por meio de Jesus Cristo como instituição
necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou nela perseverar.
(Parágrafos
relacionados 161,1257)
- Esta afirmação não visa
àqueles que, sem culpa, desconhecem Cristo e sua Igreja:
"Aqueles, portanto, que sem culpa ignoram o
Evangelho de Cristo e sua Igreja, mas buscam a Deus com coração sincero e
tentam, sob o influxo da graça, cumprir por obras a sua vontade conhecida por
meio do ditame da consciência podem conseguir a salvação eterna".
- "Deus pode, por
caminhos dele conhecidos, levar à fé todos os homens que sem culpa própria
ignoram o Evangelho. Pois 'sem a fé é impossível agradar-lhe' Mesmo assim,
cabe à Igreja o dever e também o direito sagrado de evangelizar"
todos os homens.
(Parágrafo
relacionado 1260)
A MISSÃO UMA EXIGÊNCIA DA CATOLICIDADE DA
IGREJA
- O mandato missionário.
"Enviada por Deus às nações para ser 'o sacramento universal da
salvação', a Igreja, em virtude das exigências intimas de sua própria
catolicidade e obedecendo à ordem de seu fundador, esforça-se para
anunciar o Evangelho a todos os homens. "Ide, portanto, e fazei que
todos os povos se tomem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho
e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo quanto vos ordenei. E
eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos"
(Mt 28,19-20).
(Parágrafos
relacionados 738,767)
- A origem e o escopo
da missão. O mandato missionário Senhor tem sua fonte última no
amor eterno da Santíssima Trindade: "A Igreja peregrina é, por sua
natureza, missionária. Pois ela se origina da missão do Filho e da missão
do Espírito Santo, segundo o desígnio de Deus Pai". E o fim último da
missão não é outro senão fazer os homens participarem da comunhão que
existe entre o Pai e o Filho em seu Espírito de amor.
(Parágrafos
relacionados 257,730)
- O motivo da missão.
É do amor de Deus por todos os homens que a Igreja sempre tirou a
obrigação e a força de seu clã missionário: "Pois o amor de Cristo
nos impele..." (2Cor 5,14). Com efeito, "Deus quer que todos os
homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (1Tm 2,4).
Deus quer a salvação de todos pelo conhecimento da verdade. A salvação
está na verdade. Os que obedecem à moção do Espírito de verdade já
estão no caminho da salvação; mas a Igreja, a quem esta verdade foi
confiada, deve ir ao encontro de seu anseio, levando-lhes a mesma verdade.
Ela tem de ser missionaria porque crê no projeto universal de salvação.
(Parágrafos
relacionados 221,429,74,217,2104,890)
- Os caminhos da missão.
"O Espírito Santo é o protagonista de toda a missão eclesial." É
ele quem conduz a Igreja pelos caminhos da missão. "Esta missão, no
decurso da história, continua e desdobra a missão do próprio Cristo,
enviado a evangelizar os pobres. Eis por que a Igreja, impelida pelo
Espírito de Cristo, deve trilhar a mesma senda de Cristo, isto é, o
caminhos da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação de si até a,
morte, da qual Ele saiu vencedor por sua Ressurreição." É assim que
"o sangue dos mártires é uma semente de cristãos".
(Parágrafos
relacionados 2044,2473)
- Mas em sua peregrinação
"não ignora a Igreja o quanto se distanciam entre si a mensagem que
ela profere e a fraqueza humana daqueles aos quais o Evangelho foi
confiado". Somente avançando pelo caminho "da penitência e da
renovação" e "pela porta estreita da Cruz" o Povo de Deus
pode estender o Reino de Cristo. Com efeito, "assim como Cristo
consumou a obra da redenção na pobreza e na perseguição, assim a Igreja é
chamada a seguir o mesmo caminho, a fim de comunicar aos homens os frutos
da salvação"
(Parágrafos relacionados
1428,2443)
- Por sua própria missão,
"a Igreja caminha com a humanidade inteira. Experimenta com o mundo a
mesma sorte terrena; é como o fermento e a alma da sociedade humana a ser
renovada em Cristo e transformada na família de Deus". O esforço missionário
exige, pois, a paciência. Começa pelo anúncio do Evangelho aos povos e aos
grupos que ainda não crêem em Cristo; prossegue no estabelecimento de
comunidades cristãs que sejam "sinais da presença de Deus no
mundo" e na fundação de Igrejas locais; encaminha um processo de
inculturação para encarnar o Evangelho nas culturas dos povos; e não
deixará de conhecer também fracassos. "Quanto aos homens,
sociedades e povos, apenas gradualmente os atinge e penetra, e assim os
assume na plenitude católica."
(Parágrafos
relacionados 2105,204)
- A missão da Igreja exige o
esforço rumo à unidade dos cristãos. Efetivamente, "as divisões entre
cristãos impedem a Igreja de realizar a plenitude da catolicidade que lhe
é própria naqueles filhos que, embora lhe pertençam pelo batismo, estão
separados da plena comunhão com ela. Não só isso, mas também para a
própria Igreja se torna tanto mais difícil exprimir, na realidade de sua
plena catolicidade sob todos os aspectos"
(Parágrafo
relacionado 821)
- A tarefa missionária implica
um diálogo respeitoso com os que ainda não aceitam o Evangelho. Os fiéis
podem tirar proveito para si mesmos deste diálogo, aprendendo a conhecer
melhor "tudo quanto de verdade e de graça já se achava entre as
nações, numa como que secreta presença de Deus". Se anunciam a Boa
Nova aos que a desconhecem, é para consolidar, completar e elevar a
verdade e o bem que Deus difundiu entre os homens e os povos e para
purificá-los do erro e do mal, "para a glória de Deus, a confusão do
demônio e a felicidade do homem''.
(Parágrafos
relacionados 839,843)
IV. A Igreja é apostólica
- A Igreja é apostólica por
ser fundada sobre os apóstolos, e isto em um tríplice sentido:
(Parágrafo
relacionado 75)
- ela foi e continua sendo construída sobre
"o fundamento dos apóstolos" (Ef 2,20), testemunhas escolhidas e
enviadas em missão pelo próprio Cristo;
- ela conserva e transmite, com a ajuda do
Espírito que ela habita, o ensinamento, o depósito precioso, as salutares
palavras ouvidas da boca dos apóstolos;
(Parágrafo relacionado 171)
- ela continua a ser ensinada, santificada e
dirigida pelos apóstolos até a volta de Cristo, graças aos que a eles sucedem
na missão pastoral: o colégio dos bispos, "assistido pelos presbíteros, em
união com o sucessor de Pedro, pastor supremo da Igreja".
(Parágrafos
relacionados 880,1575)
"Pastor eterno, vós não abandonais o
rebanho, mas o guardais constantemente pela proteção dos Apóstolos. E assim a
Igreja é conduzida pelos mesmos pastores que pusestes à sua frente como
representantes de vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso".
A MISSÃO DOS APÓSTOLOS
- Jesus é o Enviado do Pai.
Desde o início de seu ministério "chamou a si os que quis, e dentre
eles escolheu Doze para estarem com ele e para enviá-los a pregar"
(Mc 3,13-14). A partir daquela hora eles serão os seus
"enviados" (é o que significa a palavra grega
"apóstolo"). Neles continua a sua própria missão: "Como o
Pai me enviou, eu também vos envio" (Jo 20,21). Seu ministério é,
portanto, a continuação de sua própria missão: "Quem vos recebe a mim
recebe", diz ele aos Doze (Mt 10,40).
(Parágrafos
relacionados 551,425,1086)
- Jesus associa-os à missão
que recebeu do Pai: como "o Filho não pode fazer nada por si
mesmo" (Jo 5,19.30), mas recebe tudo do Pai que o enviou, assim os
que Jesus envia nada podem fazer sem. ele, de quem recebem o mandato de
missão e o poder de exercê-lo. Os Apóstolos de Cristo sabem, portanto, que
são qualificados por Deus como "ministros de Uma aliança nova"
(2Cor 3,6), "ministros de Deus" (2Cor 6,4), "embaixadores
de Cristo" (2Cor 5,20), "servidores de Cristo e administradores
dos mistérios de Deus" (1 Cor 4,1).
(Parágrafo
relacionado 876)
- No encargo dos Apóstolos,
há um aspecto não-transmissível: serem as testemunhas escolhidas da
Ressurreição do Senhor e os fundamentos da Igreja. Mas h também um
aspecto permanente de seu ofício. Cristo prometeu-lhes ficar com eles até
o fim dos tempos. "Esta missão divina confiada por Cristo aos
Apóstolos deverá durar até o fim dos século que o Evangelho que eles
devem transmitir é para a Igreja, em todos os tempos, a fonte de toda
vida. Por esta razão os apóstolos cuidaram de instituir sucessores."
(Parágrafos
relacionados 642,765,1536)
OS BISPOS, SUCESSORES DOS APÓSTOLOS
- "Para que a missão a
eles confiada fosse continuada após sua morte, confiaram a seus
cooperadores imediatos, como que por testamento, o múnus de completar e
confirmar a obra iniciada por eles, recomendando-lhes que atendessem a
todo o rebanho no qual o Espírito Santo os instituíra para apascentar a
Igreja de Deus. Constituíram, pois, tais varões e administraram-lhes,
depois, a ordenação a fim de que, quando eles morressem outros homens
íntegros assumissem seu ministério."
(Parágrafos
relacionados 77,1087)
- "Assim como permanece
o múnus que o Senhor concedeu singularmente a Pedro, o primeiro dos
apóstolos, a ser transmitido a seus sucessores, da mesma forma permanece
todos Apóstolos de apascentar a Igreja, o qual deve ser exercido para
sempre pela sagrada ordem dos Bispos." Eis por que a Igreja ensina
que "os bispos, por instituição divina, sucederam aos apóstolos como
pastores da Igreja, de sorte quem os ouve, ouve a Cristo, e quem os
despreza, despreza a (aquele por quem Cristo foi enviado".
(Parágrafos
relacionados 880,1556)
O APOSTOLADO
- Toda a Igreja é apostólica
na medida em que, por meio dos sucessores de São Pedro e dos apóstolos,
permanece em comunhão de fé e de vida com sua origem. Toda a Igreja é
apostólica na medida em que é "enviada" ao mundo inteiro; todos
os membros da Igreja, ainda que de formas diversas, participam deste
envio. "A vocação cristã é também por natureza vocação ao
apostolado." Denomina-se "apostolado" "toda a
atividade do Corpo Místico" que tende a "estender o reino de
Cristo a toda a terra".
(Parágrafos
relacionados 900,2472)
- "Sendo Cristo enviado
pelo Pai a fonte e a origem de todo apostolado da Igreja", é evidente
que a fecundidade do apostolado, tanto o dos ministros ordenados como o
dos leigos, depende de sua união vital com Cristo. De acordo com as
vocações, os apelos da época e os dons variados do Espírito Santo, o
apostolado assume as formas mais diversas. Mas é sempre a caridade,
haurida sobretudo na Eucaristia, "que e como que a alma de todo
apostolado".
(Parágrafos
relacionados 828,824,1324)
- A Igreja é una, santa,
católica e apostólica em sua identidade profunda e última, porque é nela
que já existe e será consumado no fim dos tempos "o Reino dos
céus", "o Remo de Deus", que veio na Pessoa de Cristo e
cresce misteriosamente no coração dos que lhe são incorporados, até sua
plena manifestação escatológica. Então todos os homens remidos por ele,
tornados nele "santos e imaculados na presença de Deus no Amor",
serão reunidos como o único Povo de Deus, "a Esposa do
Cordeiro", "a Cidade Santa descida do Céu, de junto de Deus, com
a Glória de Deus nela", e "a muralha da cidade tem doze
alicerces, sobre os quais estão os nomes dos doze Apóstolos do
Cordeiro" (Ap 21,14).
(Parágrafos
relacionados 811,541)
RESUMINDO
- A Igreja é una: tem um
só Senhor, confessa uma só fé, nasce de um só Batismo, forma um só Corpo,
vivificado por um só Espírito, em vista de uma única esperança, no fim da
qual serão superadas todas as divisões.
- A Igreja é santa: o Deus
Santíssimo é seu autor; Cristo, seu esposo, se entregou por ela para
santificá-la; o Espírito de santidade a vivifica. Embora congregue
pecadores, ela é "imaculada (feita) de maculados" ("ex
maculatis immaculata"). Nos santos brilha a santidade da Igreja; em
Maria esta já é a toda santa.
- A Igreja é católica:
anuncia a totalidade da fé; traz em si e administra a plenitude dos meios
de salvação; é enviada a todos os povos; dirige-se a todos os homens;
abarca todos os tempos; "ela é, por sua própria natureza,
missionária".
- A Igreja é apostólica:
está construída sobre fundamentos duradouros: "Os doze Apóstolos
do Cordeiro"; ela é indestrutível; é infalivelmente mantida na
verdade: Cristo a governa por meio de Pedro e dos demais apóstolos,
presentes em seus sucessores, o Papa e o colégio dos Bispos.
- "A única Igreja de
Cristo, que no Símbolo confessamos una, santa, católica e apostólica...
subsiste na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos
bispos em comunhão com ele, embora fora de sua estrutura visível se
encontrem numerosos elementos de santificação e de verdade. "
PRIMEIRA PARTE - SEGUNDA SEÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ
CRISTÃ
OS SÍMBOLOS DA FÉ
CAPITULO III - ARTIGO 9 - PARÁGRAFO 4
OS FIÉIS DE CRISTO - HIERARQUIA, LEIGOS, VIDA
CONSAGRADA
- "Fiéis são os que,
incorporados a Cristo pelo Batismo, foram constituídos em povo de Deus e,
assim, feitos participantes, a seus modo, do múnus sacerdotal, profético e
régio de Cristo, são chamados a exercer, seguindo a condição própria de
cada um, a missão que Deus confiou para a Igreja cumprir no mundo."
(Parágrafos
relacionados 1268,1269,782-786)
- "Entre todos os fiéis
de Cristo, por sua regeneração em Cristo, vigora, no que se refere à
dignidade e à atividade, uma verdadeira igualdade, pela qual todos,
segundo a condição e os múnus próprios de cada um, cooperam na construção
do Corpo de Cristo."
(Parágrafos
relacionados 1934,794)
- As próprias diferenças que
o Senhor quis estabelecer entre os membros de seu Corpo servem à sua
unidade e à sua missão. Pois, embora "exista na Igreja diversidade de
serviços, há unidade de missão. Cristo confiou aos apóstolos e a seus
sucessores o múnus de ensinar, de santificar e de governar em seu nome e
por seu poder. Os leigos, por sua vez, participantes do múnus sacerdotal,
profético e régio de Cristo, compartilham a missão de todo o povo de Deus
na Igreja e no mundo". Finalmente, "em ambas as categorias
[hierarquia e leigos] há fiéis que, pela profissão dos conselhos
evangélicos, se consagram, em seu modo especial, a Deus e servem à missão
salvífica da Igreja; seu estado, embora não faça parte da estrutura hierárquica
da Igreja, pertence, não obstante, à sua vida e santidade".
(Parágrafos
relacionados 814,1937)
I. A constituição hierárquica da Igreja
POR QUE Q MINISTÉRIO ECLESIAL?
- O próprio Cristo é a fonte
do ministério na Igreja. Instituiu-a, deu-lhe autoridade e missão, orientação
e finalidade:
(Parágrafo
relacionado 1544)
Para apascentar e
aumentar sempre o Povo de Deus, Cristo Senhor instituiu em sua Igreja uma
variedade de ministérios que tendem ao bem de todo o Corpo. Pois os ministros
que são revestidos do sagrado poder servem a seus irmãos para que todos os que
formam o Povo de Deus... cheguem à salvação.
- "Como poderiam crer
naquele que não ouviram? E como poderiam ouvir sem pregador? E como podem
pregar se não forem enviados?" (Rm 10,14-15). Ninguém, nenhum indivíduo,
nenhuma comunidade pode anunciar a si mesmo o Evangelho. "A fé vem da
pregação" (Rm 10,17). Ninguém pode dar a si mesmo o mandato e a
missão de anunciar o Evangelho. O enviado do Senhor fala e age não por
autoridade própria, mas em virtude da autoridade de Cristo; não como
membro da comunidade, mas falando a ela em nome de Cristo. Ninguém pode
conferir a si mesmo a graça; ela precisa ser dada e oferecida. Isto supõe
ministros da graça autorizados e habilitados da parte de Cristo. Dele, os
bispos e os presbíteros recebem a missão e a faculdade (o "poder
sagrado") de agir "na pessoa de Cristo-Cabeça", os
diáconos, a força de servir o Povo de Deus na "diaconia" da
liturgia, da palavra e da caridade, em comunhão com o bispo e seu
presbitério. A tradição da Igreja chama de "sacramento" este
ministério, pelo qual os enviados de Cristo fazem e dão, por dom de Deus,
o que não podem fazer nem dar por si mesmos. O ministério da Igreja é
conferido por um sacramento específico.
(Parágrafos
relacionados 166,1548,1536)
- Intrinsecamente ligado à
natureza sacramental do ministério eclesial está o seu caráter de
serviço. Com efeito, inteiramente dependentes de Cristo, que dá
missão e autoridade, os ministros são verdadeiramente "servos de
Cristo", a imagem de Cristo que assumiu livremente por nós "a
forma de servo" (Fl 2,7). Já que a palavra e a graça de que são
ministros não são deles, mas de Cristo, que lhas confiou aos outros, eles
se farão livremente servos de todos.
(Parágrafos
relacionados 1551,427)
- Igualmente, é da natureza
sacramental do ministério eclesial que exista um caráter colegial.
Efetivamente, desde o início de seu ministério o Senhor Jesus instituiu os
Doze, "os germes do Novo Israel e ao mesmo tempo a origem da sagrada
hierarquia. Escolhidos conjuntamente, são também enviados conjuntamente, e
sua união fraterna estará a serviço da comunhão fraterna de todos os
fiéis; esta união será como um reflexo e um testemunho da comunhão
das pessoas divinas. Por isso, todo bispo exerce seu ministério dentro do
colégio episcopal, em comunhão com o Bispo de Roma, sucessor de São Pedro
e chefe do colégio; os presbíteros exercem seu ministério dentro do
presbitério da diocese, sob a direção de seu Bispo.
(Parágrafo
relacionado 1559)
- Finalmente, é da natureza
sacramental do ministério eclesial que haja um caráter pessoal. Se os
ministros de Cristo agem em comunhão, agem também sempre de maneira
pessoal. Cada um é chamado pessoalmente - "Tu, segue-me (Jo 21,22) -
para ser, na missão comum, testemunha pessoal, assumindo pessoalmente a
responsabilidade diante daquele que dá a missão, agindo "em sua
pessoa" e em favor de pessoas: "Eu te batizo em nome do Pai...
"Eu te perdôo...".
(Parágrafo
relacionado 1484)
- O ministério sacramental na
Igreja é um serviço exercido em nome de Cristo, que tem caráter pessoal e
forma colegial. Isto verifica-se nos vínculos entre o colégio episcopal e
seu chefe, o sucessor de Pedro, e na relação entre a responsabilidade
pastoral do Bispo por sua Igreja particular e a solicitude comum do colégio
episcopal pela Igreja Universal.
O COLÉGIO EPISCOPAL E SEU CHEFE, O PAPA
- Cristo, ao instituir os
Doze, "instituiu-os à maneira de colégio ou grupo estável, ao qual
propôs Pedro, escolhido dentre eles." Assim como, por disposição do
Senhor, São Pedro e os outros apóstolos constituem um único colégio
apostólico, de modo semelhante o Romano Pontífice, sucessor de Pedro, e os
Bispos, sucessores dos Apóstolos, estão unidos entre si.
(Parágrafos
relacionados 552,862)
- Somente Simão, a quem deu o
nome de Pedro, o Senhor constituiu em pedra de sua Igreja. Entregou-lhe as
chaves da mesma, instituiu-o pastor de todo o rebanho. Porém, o múnus de
ligar e desligar, que foi dado a Pedro, consta que também foi dado ao
colégio dos apóstolos, unido a seu chefe." Este oficio pastoral de
Pedro e dos outros Apóstolos faz parte dos fundamentos da Igreja e é
continuado pelos Bispos sob o primado do Papa.
(Parágrafos
relacionados 553,642)
- O Papa, Bispo de Roma e
sucessor de São Pedro, "é o perpétuo e visível princípio e fundamento
da unidade, quer dos Bispos, quer da multidão dos fiéis" "Com
efeito, o Pontífice Romano, em virtude de seu múnus de Vigário de Cristo e
de Pastor de toda a Igreja, possui na Igreja poder pleno, supremo e
universal. E ele pode exercer sempre livremente este seu poder.
(Parágrafos
relacionados 834,1369,837)
- "O colégio ou corpo
episcopal não tem autoridade se nele não se considerar incluído, como
chefe, o Romano Pontífice." Como tal, este colégio é "também ele
detentor do poder supremo e pleno sobre a Igreja inteira. Todavia, este
poder não pode ser exercido senão com o consentimento do Romano Pontífice.
- "O colégio dos Bispos
exerce o poder sobre a Igreja inteira, de forma solene, no Concílio
Ecumênico." Não pode haver Concílio Ecumênico que, como tal, não seja
aprovado ou ao menos reconhecido pelo sucessor de Pedro."
- "Enquanto composto de
muitos, este Colégio exprime a variedade e a universalidade do povo de
Deus e, enquanto unido sob um só chefe, exprime a unidade do rebanho de
Cristo.
- "Os Bispos individualmente
são o visível princípio e fundamento da unidade em suas Igrejas
particulares. " Nesta qualidade, "exercem sua autoridade
pastoral sobre a porção do povo de Deus que lhes foi confiada"
assistidos pelos presbíteros c pelos diáconos. Todavia, como membros do
colégio episcopal, cada um deles participa da solicitude por todas as
Igrejas, solicitude esta que exercem primeiramente "governando bem
sua própria Igreja como uma porção da Igreja universal",
contribuindo, assim, "para o bem de todo o Corpo Místico, que é
também o Corpo das Igrejas". Esta solicitude estender-se-á
particularmente aos pobres, aos perseguidos por causa da fé, assim como
aos missionários que atuam em toda a terra.
(Parágrafos
relacionados 1560,833,2448)
- As Igrejas particulares vizinhas
e de cultura homogênea formam províncias eclesiásticas ou conjuntos mais
amplos, denominados patriarcados ou regiões Os Bispos desses conjuntos
podem reunir-se em sínodos ou em concílios provinciais. "Da mesma
forma, as Conferências Episcopais podem hoje em dia, contribuir de forma
múltipla e fecunda para que o espírito colegial se realize
concretamente."
O MÚNUS DE ENSINAR
(Parágrafos
relacionados 85,87,2032-2040)
- Os Bispos, junto com os
presbíteros, seus cooperadores, "têm como primeira tarefa anunciar o
Evangelho de Deus a todos homens, segundo a ordem do Senhor. São "os
arautos da fé, que levam a Cristo novos discípulos, os doutores
autênticos" da fé apostólica, "providos da autoridade de
Cristo".
(Parágrafo
relacionado 2068)
- Para manter a Igreja na
pureza da fé transmitida pelos apóstolos, Cristo quis conferir à sua
Igreja uma participação em sua própria infalibilidade, ele que é a
Verdade. Pelo "sentido sobrenatural da fé", o Povo de Deus
"se atém indefectivelmente à fé", sob a guia do Magistério vivo
da Igreja.
(Parágrafo
relacionado 92)
- A missão do Magistério
está ligada ao caráter definitivo da Aliança instaurada por Deus em
Cristo com seu Povo; deve protegê-lo dos desvios e dos afrouxamentos e
garantir-lhe a possibilidade objetiva de professar sem erro a fé
autêntica. O ofício pastoral do Magistério está, assim, ordenado ao
cuidado para que o Povo de Deus permaneça na verdade que liberta. Para
executar este serviço, Cristo dotou os pastores do carisma de
infalibilidade em matéria de fé e de costumes. O exercício deste carisma
pode assumir várias modalidades.
(Parágrafos
relacionados 851,1785)
- "Goza desta
infalibilidade o Pontífice Romano, chefe do colégio dos Bispos, por força
de seu cargo quando, na qualidade de pastor e doutor supremo de todos os
fiéis e encarregado de confirmar seus irmãos na fé, proclama, por um ato
definitivo, um ponto de doutrina que concerne à fé ou aos costumes... A
infalibilidade prometida à Igreja reside também no corpo episcopal quando
este exerce seu magistério supremo em união com o sucessor de Pedro",
sobretudo em um Concílio Ecumênico. Quando, por seu Magistério supremo, a
Igreja propõe alguma coisa "a crer como sendo revelada por Deus"
como ensinamento de Cristo, "é preciso aderir na obediência da fé a
tais definições. Esta infalibilidade tem a mesma extensão que o próprio
depósito da Revelação divina.
- A assistência divina é
também dada aos sucessores dos apóstolos, ao ensinarem em comunhão com o
sucessor de Pedro e, de modo particular, com o Bispo de Roma, Pastor de
tida a Igreja, quando, mesmo sem chegar a uma definição infalível e sem se
pronunciar de "forma definitiva", propõem no exercício do
magistério ordinário um ensinamento que leva a uma compreensão melhor da
Revelação em matéria de fé e de costumes. A este ensinamento ordinário os
fiéis devem "ater-se com religioso obséquio do espírito" [eique
religioso obsequio adhaerere debent] qual, embora se distinga do
assentimento da fé, o prolonga.
O MÚNUS DE SANTIFICAR
- O Bispo tem, também,
"a responsabilidade de ministrar a graça do sacerdócio supremo"
em particular na Eucaristia, que ele mesmo oferece ou da qual garante a
oblação pelos presbíteros, seus cooperadores. Pois a Eucaristia é o centro
da vida da Igreja particular. O Bispo e os presbíteros santificam a Igreja
por sua oração e seu trabalho, pelo ministério da palavra e dos
sacramentos. Santificam-na por seu exemplo, "não agindo como senhores
daqueles que vos couberam por sorte, mas, antes, como modelos do
rebanho" (1 Pd 5,3). É assim que "chegam, com o rebanho que lhes
está confiado, à vida eterna".
(Parágrafo
relacionado 1561)
O MÚNUS DE REGER
- "Os Bispos dirigem
suas Igrejas particulares como vigários e delegados de Cristo com
conselhos, exortações e exemplos, mas também com autoridade e com poder sagrado",
o qual, porém, devem exercer para edificar, no espírito de serviço que
caracteriza o de seu Mestre.
(Parágrafo
relacionado 801)
- "Este poder, que
exercem pessoalmente em nome de Cristo, é um poder próprio, ordinário e
imediato; em seu exercício, porém, está submetido à regulamentação
última da autoridade suprema da Igreja." Todavia, não se devem
considerar. Os Bispos como vigários do Papa, cuja autoridade ordinária e
imediata sobre toda a Igreja não anula, ao contrário, confirma e defende a
deles. Esta deve ser exercida em comunhão com toda a Igreja, sob a
condução do Papa.
(Parágrafo
relacionado 1558)
- O Bom Pastor será o
modelo e a "forma" do múnus pastoral do bispo. Consciente de
suas fraquezas, "o Bispo pode compadecer-se dos ignorantes e extraviados.
Não se negue, pois, a atender aos súditos, amando-os como verdadeiros
filhos e exortando-os para que alegremente colaborem com ele... Por sua
vez, os fiéis devem estar unidos a seu Bispo como a Igreja a Jesus Cristo,
e Jesus Cristo ao Pai".
(Parágrafo
relacionado 1550)
Segui todos o
Bispo, como Jesus Cristo [segue] seu Pai, e o presbitério como aos apóstolos;
quanto aos diáconos, respeitai-os como a lei de Deus. Que ninguém faça sem o
Bispo nada do que diz respeito à Igreja.
II. Os fiéis leigos
- "Sob o nome de leigos
entendem-se aqui todos os cristãos, exceto os membros das Sagradas Ordens
ou do estado religioso reconhecido na Igreja, isto é, os fiéis que,
incorporados a Cristo pelo Batismo, constituídos em Povo de Deus e a seu
modo feitos participantes da função sacerdotal, profética e régia de
Cristo, exercem, em seu âmbito, a missão de todo o Povo cristão na Igreja
e no mundo."
(Parágrafo
relacionado 893)
A VOCAÇÃO DOS LEIGOS
- "É especifico dos
leigos, por sua própria vocação, procurar o Reino de Deus exercendo
funções temporais e ordenando-as segundo Deus... A eles, portanto, cabe de
maneira especial iluminar e ordenar de tal modo todas as coisas temporais,
as quais estão intimamente unidos, que elas continuamente se façam e
cresçam segundo Cristo e contribuam para o louvor do Criador e
Redentor."
(Parágrafo
relacionado 2105)
- A iniciativa dos cristãos
leigos é particularmente necessária quando se trata de descobrir, de
inventar meios para impregnar as realidades sociais, políticas e
econômicas com as exigências da doutrina e da vida cristãs. Esta
iniciativa é um elemento normal da vida da Igreja.
(Parágrafo
relacionado 2442)
Os fiéis leigos
estio na linha mais avançada da vida da Igreja: graças a eles a Igreja é o
princípio vital da sociedade humana. Por isso, especialmente eles devem ter uma
consciência sempre mais clara não somente de pertencerem à Igreja, mas de serem
Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis na terra sob a direção do Chefe comum, o
Papa, e dos Bispos em comunhão com ele. Eles são a Igreja.
- Uma vez que, como todos os
fiéis, os leigos são encarregados por Deus do apostolado em virtude do
Batismo e da Confirmação, eles têm a obrigação e gozam do direito,
individualmente ou agrupados em associações, de trabalhar para que a
mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens
e por toda a terra; esta obrigação é ainda mais presente se levarmos em
conta que é somente por meio deles que os homens podem ouvir o Evangelho e
conhecer a Cristo. Nas comunidades eclesiais, a ação deles é tão
necessária que sem ela o apostolado dos pastores não pode, o mais das
vezes, obter seu pleno efeito.
(Parágrafo
relacionado 863)
A PARTICIPAÇÃO DOS LEIGOS NO MÚNUS
SACERDOTAL DE CRISTO
- "Os leigos, em virtude
de sua consagração a Cristo e da unção do Espírito Santo, recebem a
vocação admirável e os meios que permitem ao Espírito produzir neles
frutos sempre mais abundantes. Assim, todas as suas obras, preces e
iniciativas apostólicas, vida conjugal e familiar, trabalho cotidiano,
descanso do corpo e da alma, se praticados no Espírito, e mesmo as
provações da vida, pacientemente suportadas, se tornam 'hóstias
espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo' (l Pd 2,5), hóstias que
são piedosamente oferecidas ao Pai com a oblação do Senhor na celebração
da Eucaristia. É assim que os leigos consagram a Deus o próprio mundo,
prestando a Ele, em toda parte, na santidade de sua vida, um culto de
adoração."
(Parágrafos
relacionados 784,1268,358)
- De maneira especial, os
pais participam do múnus de santificação "quando levam uma vida
conjugal com espírito cristão e velando pela educação cristã dos
filhos".
- Se tiverem as qualidades
exigidas os leigos podem ser admitidos de maneira estável aos ministérios'
de leitores e de acólitos. "Onde a necessidade da Igreja o
aconselhar, podem também os leigos, na falta de ministros mesmo não sendo
leitores ou acólitos, suprir alguns de seus ofícios a saber exercer o
ministério da palavra, presidir às orações litúrgicas administrar o
Batismo e distribuir a sagrada Comunhão de acordo com as prescrições do
direito."
(Parágrafo
relacionado 1143)
SUA PARTICIPAÇÃO NO MÚNUS PROFÉTICO DE
CRISTO
- "Cristo... exerce seu
múnus profético não somente por meio da hierarquia... mas também por meio
dos leigos, fazendo deles testemunhas e provendo-os do senso da fé e da
graça da palavra":
(Parágrafos
relacionados 785,92)
Ensinar alguém
para levá-lo à fé é a tarefa de cada pregador e até de cada crente.
- Os leigos exercem sua
missão profética também pela evangelização, "isto é, o anúncio de
Cristo feito pelo testemunho da vida e pela palavra". Nos leigos,
"esta evangelização... adquire características específicas e eficácia
peculiar pelo fato de se realizar nas condições comuns do século":
(Parágrafo
relacionado 2044)
Este apostolado
não consiste apenas no testemunho da vida: o verdadeiro Apóstolo procura as
ocasiões para anunciar Cristo pela palavra, seja aos descrentes... seja aos
fiéis.
(Parágrafo
relacionado 2472)
- Os leigos que forem capazes
e que se formarem para isto podem também dar sua colaboração na formação
catequética, no ensino das ciências sagradas e atuar nos meios de
comunicação social.
(Parágrafo
relacionado 2495)
- "De acordo com a
ciência, a competência e o prestígio de que gozam, têm o direito e, às
vezes, até o dever de manifestar aos pastores sagrados a própria opinião
sobre o que afeta o bem da Igreja e, ressalvando a integridade da fé e dos
costumes e a reverência para com os pastores, e levando em conta a
utilidade comum e a dignidade das pessoas, dêem a conhecer essa sua
opinião também aos outros fiéis.
SUA PARTICIPAÇÃO NO MÚNUS RÉGIO DE CRISTO
- Por sua obediência até a
morte, Cristo comunicou a seus discípulos o dom da liberdade régia,
"para que vençam em si mesmos o reino do pecado, por meio de sua
abnegação e vida santa":
(Parágrafo
relacionado 786)
Aquele que submete
seu próprio corpo e governa sua alma, sem deixar-se submergir pelas paixões, é
seu próprio senhor (é dono de si mesmo): pode ser chamado rei porque é capaz de
reger sua própria pessoa; é livre e independente e não se deixa aprisionar por
uma escravidão culposa".
- Além disso, com forças
conjugadas, que os leigos sanem as instituições e condições do mundo, caso
estas incitem ao pecado. E isto de tal modo que todas essas coisas se
conforme com as normas da justiça e, em vez de a elas se opor, antes
favoreçam o exercício das virtudes. Agindo dessa forma impregnarão de
valor moral a cultura e as obras humanas."
(Parágrafo
relacionado 1887)
- Os leigos podem também
sentir-se chamados ou vir a ser chamados para colaborar com os próprios
pastores no serviço da comunidade eclesial, para o crescimento e a vida da
mesma, exercendo ministérios bem diversificados, segundo a graça e os
carismas que o Senhor quiser depositar neles."
(Parágrafo
relacionado 799)
- Na Igreja, "os fiéis
leigos podem cooperar juridicamente no exercício do poder de governo"
Isto se diz de sua presença nos concílios particulares, nos sínodos
diocesanos nos conselhos pastorais; do exercício do encargo pastoral de
uma paróquia; da colaboração nos conselhos de assuntos econômicos; da
participação nos tribunais eclesiásticos etc.
- Os fiéis devem
"distinguir acuradamente entre os direitos e os deveres que lhes
incumbem enquanto membros da Igreja e os que lhes competem enquanto
membros da sociedade humana. Procurarão conciliar ambos harmonicamente
entre si, lembrados de que em qualquer situação temporal devem conduzir-se
pela consciência cristã, uma vez que nenhuma atividade humana, nem mesmo
nas coisas temporais, pode ser subtraída ao domínio de Deus".
(Parágrafo
relacionado 2245)
- "Assim, todo leigo, em
virtude dos dons que lhe foram conferidos, é ao mesmo tempo testemunha e
instrumento vivo da própria missão da Igreja "pela medida do dom de
Cristo" (Ef 4,7)
III. A vida consagrada
- "O estado de vida
constituído pela profissão dos conselhos evangélicos, embora não pertença
à estrutura hierárquica da Igreja, está, contudo, firmemente relacionado
com sua vida e santidade."
(Parágrafo
relacionado 2103)
CONSELHOS EVANGÉLICOS, VIDA CONSAGRADA
- Os conselhos evangélicos,
em sua multiplicidade, são propostos a todo discípulo de Cristo. A
perfeição da caridade à qual todos os fiéis são chamados comporta para os
que assumem livremente o chamado à vida consagrada a obrigação de
praticar, a castidade no celibato pelo Reino, a pobreza e a obediência. E
a profissão desses conselhos em um estado de vida estável reconhecido pela
Igreja que caracteriza a "vida consagrada" a Deus.
(Parágrafos
relacionados 1973-1974)
- O estado da vida consagrada
aparece, portanto, como uma das maneiras de conhecer uma consagração
"mais íntima", que se radica no Batismo e se dedica totalmente a
Deus. Na vida consagrada, os fiéis de Cristo se propõem, sob a moção do
Espírito Santo, seguir a Cristo mais de perto, doar-se a Deus amado acima
de tudo e, procurando alcançar a perfeição da caridade a serviço do Reino,
significar e anunciar na Igreja a glória do mundo futuro.
(Parágrafos
relacionados 2687,933)
UMA GRANDE ÁRVORE, DE MÚLTIPLOS RAMOS
- Disso resultou que, como
numa árvore frondosa e admiravelmente variegada na seara do Senhor -
e isto em virtude do germe divinamente plantado -, floresceram as diversas
modalidades da vida solitária ou comum, assim como as várias famílias
quais vão aumentando tanto para proveito dos próprios membros quanto para
o bem de todo o Corpo de Cristo."
(Parágrafo
relacionado 2684)
- "Desde os primórdios
da Igreja existiram homens e mulheres que se propuseram, pela prática dos
conselhos evangélicos, seguir a Cristo com maior liberdade e imitá-lo mais
de perto, e levaram, cada qual a seu modo, uma vida consagrada a Deus.
Dentre eles, muitos, por inspiração do Espírito Santo, ou passaram a vida
na solidão ou fundaram famílias religiosas, que a Igreja, de boa vontade,
recebeu e aprovou com sua autoridade."
- Os Bispos hão de
empenhar-se sempre em discernir os novos dons de vida consagrada confiados
pelo Espírito Santo à sua Igreja; a aprovação de novas formas de vida
consagrada é reservada à Sé Apostólica.
A VIDA EREMÍTICA
- Embora nem sempre professem
publicamente os três conselhos evangélicos, os eremitas, "por uma
separação mais rígida do mundo, pelo silêncio da solidão, pela assídua
oração e penitência, consagram a vida ao louvor de Deus e à salvação do
mundo.
- Os eremitas mostram a cada
um este aspecto interior do mistério da Igreja, que é a intimidade pessoal
com Cristo. Escondida aos olhos dos homens, a vida do eremita é pregação
silenciosa daquele ao qual entregou sua vida, pois é tudo para Ele. É um
chamado peculiar a encontrar no deserto, precisamente no combate espiritual,
a glória do Crucificado.
(Parágrafos
relacionados 2719,2015)
AS VIRGENS E AS VIÚVAS CONSAGRADAS
- Desde os tempos
apostólicos, virgens e viúvas cristãs, chamadas pelo Senhor a apegar-se a
Ele sem partilha em uma liberdade maior de coração, de corpo e de
espírito, tomaram a decisão, aprovada pela Igreja, de viver
respectivamente no estado de virgindade ou de castidade perpétua "por
causa do Reino dos Céus" (Mt 19,12).
(Parágrafo
relacionado 1618-1620)
- "Emitindo o santo
propósito de seguir a Cristo mais de perto, [as Virgens] são consagradas a
Deus pelo Bispo diocesano segundo o rito litúrgico aprovado, misticamente
desposadas com Cristo, Filho de Deus, e dedicadas ao serviço da
Igreja." Por este rito solene ("Consecratio virginum"),
"a virgem é constituída pessoa consagrada, sinal transcendente do
amor da Igreja a Cristo, imagem escatológica desta Esposa do Céu e da vida
futura".
(Parágrafos
relacionados 1537,1672)
- "Acrescentada às
outras formas de vida consagrada", a ordem das virgens constitui a mulher
que vive no mundo (ou a monja) na oração, na penitência, no serviço a seus
irmãos e no trabalho apostólico, conforme o estado e os carismas
respectivos oferecidos a cada uma. As virgens consagradas podem
associar-se para guardar mais fielmente seus propósitos.
A VIDA RELIGIOSA
- Nascida no Oriente nos
primeiros séculos do cristianismo e vivida nos institutos canonicamente
erigidos pela Igreja, a vida religiosa se distingue das outras modalidades
de vida consagrada pelo aspecto cultual, pela profissão pública dos
conselhos evangélicos, pela vida fraterna levada em comum, pelo testemunho
da união de Cristo com a Igreja.
(Parágrafo
relacionado 1672)
- A vida religiosa faz parte
do mistério da Igreja. É um dom que a Igreja recebe de seu Senhor e que
oferece como um estado de vida permanente ao fiel chamado por Deus na
profissão dos conselhos. Assim, a Igreja pode ao mesmo tempo manifestar o
Cristo e reconhecer-se como esposa do Salvador. A vida religiosa é
convidada a significar, em suas variadas formas, a própria caridade de
Deus, em linguagem de nossa época.
(Parágrafo
relacionado 796)
- Todos os religiosos,
isentos ou não, são contados entre os cooperadores do Bispo diocesano em
seu ministério pastoral. A implantação e a expansão missionária da Igreja
exigiram a presença da vida religiosa sob todas as suas formas desde os
inícios da evangelização. "A história atesta os grandes méritos das
famílias religiosas na propagação da fé e na formação de novas Igrejas,
desde as antigas instituições monásticas e as ordens medievais até as
congregações modernas."
(Parágrafo
relacionado 854)
OS INSTITUTOS SECULARES"
- Instituto secular é um
instituto de vida consagrada no qual os fiéis, vivendo no mundo, tendem à
perfeição da caridade e procuram cooperar para a santificação do mundo,
principalmente a partir de dentro.
- "Por urna "vida
perfeita [= perfeitamente] e inteiramente consagrada a [esta]
santificação", os membros desses institutos participam da tarefa de
evangelização da Igreja, "no mundo e partir do mundo", onde sua
presença age "à guisa de um fermento". Seu "testemunho de
vida cristã" visa "organizar as coisas temporais de acordo com
Deus e impregnar o mundo com a força do Evangelho". Eles assumem por
vínculos sagrados os conselhos evangélicos e mantêm entre si a comunhão e
a fraternidade próprias de seu "modo de vida secular".
(Parágrafo
relacionado 901)
AS SOCIEDADES DE VIDA APOSTÓLICA
- Às formas diversas de vida
consagrada "acrescentam-se as sociedades de vida apostólica, cujos
membros, sem os votos religiosos, buscam a finalidade apostólica própria
de sua sociedade e, levando vida fraterna em comum, segundo o próprio modo
de vida, tendem à perfeição da caridade pela observância das
constituições. Entre elas há sociedades cujos membros assumem os conselhos
evangélicos" por meio de algum vínculo determinado pelas
constituições.
CONSAGRAÇÃO E MISSÃO: ANUNCIAR O REI QUE
VEM
- Entregue a Deus
supremamente amado, aquele que pelo Batismo já estava consagrado a
ele é assim consagrado mais intimamente ao serviço divino e dedicado ao
bem da Igreja. Pelo estado de consagração a Deus, a Igreja manifesta
Cristo e mostra corno o Espírito Santo age nela de maneira admirável. Os
que professam os conselhos evangélicos têm, pois, por missão primeiramente
viver sua consagração. Mas "enquanto dedicados, em virtude da própria
consagração, ao serviço da Igreja têm obrigação de se entregar, de maneira
especial, à ação missionária no modo próprio de seu instituto".
- Na Igreja - ela é como
sacramento, isto é, o sinal e o instrumento da vida de Deus -, a vida
consagrada aparece como um sinal peculiar do mistério da redenção. Seguir
e imitar a Cristo "mais de perto", manifestar "mais
claramente" seu aniquilamento é estar "mais profundamente"
presente a seus contemporâneos, no coração de Cristo. Pois os que estão
nesta via "mais estreita" estimulam seus irmãos por seu exemplo,
dão este testemunho brilhante de "que o mundo não pode ser
transfigurado e oferecido a Deus sem o espírito das
bem-aventuranças".
(Parágrafo
relacionado 775)
- Seja este testemunho
público, como no estado religioso, ou mais discreto, ou até secreto, o
advento de Cristo permanece para todos os consagrados a origem e a
orientação de sua vida:
Como o povo de
Deus não possui aqui na terra morada permanente, o estado religioso manifesta
já aqui neste mundo a todos os crentes a presença dos bens celestes,
dá testemunho da vida nova e eterna adquirida pela redenção de Cristo,
prenuncia a, ressurreição futura e a glória do Reino celeste.
(Parágrafos
relacionados 672,769)
RESUMINDO
- "Por instituição
divina, há entre os fiéis na Igreja ministros sagrados, que no
direito são também chamados clérigos; os outros fiéis são também
denominados leigos." Há, finalmente, fiéis que pertencem a uma ou
outra das duas categorias e que, pela profissão dos conselhos evangélicos,
se consagraram a Deus e servem, assim, à missão da Igreja.
- Para anunciar a fé e
para implantar seu Reino, Cristo envia seus apóstolos e seus sucessores.
Dá-lhes participação em sua missão. De Cristo recebem o poder de agir em
seu nome.
- O Senhor fez de São
Pedro o fundamento visível de sua Igreja. Entregou-lhe suas chaves. O
Bispo da igreja de Roma, sucessor de São Pedro, é "a cabeça do
colégio dos Bispos, Vigário de Cristo e, aqui na terra, pastor da igreja
".
- O Papa "tem, por
instituição divina, poder supremo, pleno, imediato e universal na cura das
almas".
- Os Bispos, estabelecidos
pelo Espírito Santo, sucedem aos Apóstolos. São, "cada um por sua
parte, princípio visível e, fundamento da unidade em suas igrejas
particulares.
- Ajudados pelos
presbíteros, seus cooperadores, e pelos diáconos, os Bispos têm o oficio
de ensinar autenticamente a fé, de celebrar o culto divino, sobretudo a
Eucaristia, e de dirigir suas Igrejas como verdadeiros pastores. A seu
oficio pertence também a solicitude por todas as Igrejas, com o Papa e sob
a direção dele.
- "Sendo a
característica do estado leigo viver em meio ao mundo e aos negócios
seculares, são eles chamados por Deus a exercer seu apostolado no mundo à
guisa de fermento, graças ao vigor de seu espírito cristão."
- Os leigos participam do
sacerdócio de Cristo: cada vez mais unidos a ele, desenvolvem a graça do
Batismo e da Confirmação em todas as dimensões da vida pessoal, familiar,
social e eclesial e realizam, assim, o chamado à santidade, dirigido a
todos os batizados.
- Graças à sua missão
profética, os leigos "são também chamados a serem testemunhas de
Cristo em tudo, no meio da comunidade humana"
- Graças à sua missão
régia, os leigos têm o poder de vencer o império do pecado em si mesmos e
no mundo, por sua abnegação e pela santidade de sua vida.
- A vida consagrada a Deus
caracteriza-se pela profissão pública dos conselhos evangélicos de
pobreza, de castidade e de obediência em um estado de vida permanente
reconhecido pela Igreja.
- Entregue a Deus
supremamente amado, aquele que pelo Batismo já havia sido destinado
a Ele encontra-se, no estado de vida consagrada, mais intimamente votado
ao serviço divino e dedicado ao bem de toda a Igreja.
PRIMEIRA PARTE - SEGUNDA SEÇÃO - A PROFISSÃO DA FÉ
CRISTÃ
OS SÍMBOLOS DA FÉ
CAPITULO III - ARTIGO 9 - PARÁGRAFO 5
A COMUNHÃO DOS SANTOS
- Depois de ter confessado
"a santa Igreja católica", o Símbolo dos Apóstolos acrescenta
"a comunhão dos santos". Este artigo é, de certo modo, uma
explicitação do anterior: "Que é a Igreja, se não a assembléia de
todos os santos?" comunhão dos santos é precisamente a Igreja.
(Parágrafo
relacionado 823)
- "Uma vez que todos os
crentes formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros... Assim,
é preciso crer que existe uma comunhão dos bens na Igreja. Mas o membro
mais importante é Cristo, por ser a Cabeça... Assim, o bem de Cristo é
comunicado a todos os membros, e essa comunicação se faz por meio dos
sacramentos da Igreja." Como esta Igreja é governada por um só e
mesmo Espírito, todos os bem que ela recebeu se tornam necessariamente um
fundo comum.
(Parágrafo
relacionado 790)
- O termo "comunhão dos
santos" tem, pois, dois significados intimamente interligados:
"comunhão nas coisas santas (sancta)" e "comunhão entre as
pessoas santas (sancti)".
(Parágrafo
relacionado 1331)
"Sancta sanctis!" (o que é santo para
os que são santos): assim proclama o celebrante na maioria das liturgias
orientais no momento da elevação dos santos dons, antes do serviço da comunhão.
Os fiéis (sancti) são alimentados pelo Corpo e pelo Sangue de Cristo (sancta),
a fim de crescerem na comunhão do Espírito Santo (Koinonia) comunicá-la ao
mundo.
I. A comunhão dos bens espirituais
- Na comunidade primitiva de
Jerusalém, os discípulos "mostravam-se assíduos ao ensinamento dos
Apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações" (At
2,42).
(Parágrafo
relacionado 185)
A comunhão na fé. A fé dos fiéis é
a fé da Igreja, recebida dos Apóstolos, tesouro de Vida que se enriquece ao ser
compartilhado.
- A comunhão dos
sacramentos. "O fruto de todos os sacramentos pertence a
todos os fiéis. Com efeito, os sacramentos, e sobretudo o Batismo, que é a
porta pela qual se entra na Igreja, são igualmente vínculos sagrados que
os unem a todos e os incorporam a Jesus Cristo. A comunhão dos santos é a
comunhão operada pelos sacramentos... O nome comunhão pode ser aplicado a
cada sacramento, pois todos eles nos unem a Deus... Contudo, mais do que a
qualquer outro, este nome convém à Eucaristia, porque é principalmente ela
que consuma esta comunhão."
(Parágrafos
relacionados 1130,1331)
- A comunhão dos
carismas. Na comunhão da Igreja, o Espirito Santo" distribui
também entre os fiéis de todas as ordens as graças especiais" para a
edificação da Igreja. Ora, "cada um recebe o dom de manifestar o
Espírito para a utilidade de todos" (1Cor 12,7).
(Parágrafo
relacionado 799)
- "Punham tudo em
comum" (At 4,32). "Tudo o que o verdadeiro cristão
possui, deve considerá-lo como um bem que lhe é comum com todos, e sempre
deve estar pronto e disposto a ir ao encontro do indigente e da miséria do
próximo. O cristão é um administrador dos bens do Senhor.
(Parágrafo
relacionado 2402)
- A comunhão da
caridade. Na "comunhão dos santos" "ninguém de nós
vive e ninguém morre para si mesmo" (Rm 14,7). "Se um membro
sofre, todos os membros compartilham seu sofrimento; se um membro é
honrado, todos os membros compartilham sua alegria. Ora, vós sois o Corpo
de Cristo e sois seus membros, cada um por sua parte" (1Cor 6-27). "A
caridade não procura seu próprio interesse" (1 Cor 13,5) O menor dos
nossos atos praticado na caridade irradia em benefício de todos, nesta
solidariedade com todos os homens, vivos ou mortos, que se funda na
comunhão dos santos. Todo pecado prejudica esta comunhão.
(Parágrafos
relacionados 1827,2011,845,1469)
II. A comunhão entre a Igreja do Céu e a da
terra
- Os três estados da Igreja.
"Até que o Senhor venha em Sua majestade e, com ele, todos os anjos
e, tendo sido destruída a morte, todas as coisas lhe forem sujeitas, alguns
dentre os seus discípulos peregrinam na terra; outros, terminada esta
vida, são purificados; enquanto outros são glorificados, vendo claramente
o próprio Deus trino e uno, assim como é'.
(Parágrafos
relacionados 771,1031,1023)
Todos, porém, em
grau e modo diverso, participamos da mesma caridade de Deus e do próximo e
cantamos o mesmo hino de glória a nosso Deus. Pois todos quantos são de Cristo,
tendo o seu Espírito, congregam-se em uma só Igreja e nele estão unidos entre
si".
- A união dos que estão na
terra com os irmãos que descansam na paz de Cristo de maneira alguma se
interrompe; pelo contrário, segundo a fé perene da Igreja, vê-se
fortalecida pela comunicação dos bens espirituais."
- A intercessão dos
santos. "Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos
mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda
a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai, apresentando os
méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens,
Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa
fraqueza recebe o mais valioso auxílio":
(Parágrafos
relacionados 1370,2683)
Não choreis!
Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que
durante a minha vida.
Passarei meu céu fazendo
bem na terra.
- A comunhão com os
santos. "Veneramos a memória dos habitantes do céu não
somente a título de exemplo; fazemo-lo ainda mais para corroborar a união
de toda a Igreja no Espírito, pelo exercício da caridade fraterna. Pois,
assim como a comunhão entre os cristãos da terra nos aproxima de Cristo,
da mesma forma o consórcio com os santos nos une a Cristo, do qual como de
sua fonte e cabeça, promana toda a graça e a vida do próprio Povo de
Deus".
(Parágrafo
relacionado 1173)
Nós adoramos Cristo
qual Filho de Deus. Quanto aos mártires, os amamos quais discípulos e
imitadores do Senhor e, o que é justo, por causa de sua incomparável devoção
por seu Rei e Mestre. Possamos também nós ser companheiros e condiscípulos
seus.
- A comunhão com os
falecidos. "Reconhecendo cabalmente esta comunhão de todo o
corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os tempos
primevos da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos
defuntos (...) e, `já que é um pensamento santo e salutar rezar pelos
defuntos para que sejam perdoados de seus pecados' (2Mc 12,46), também
ofereceu sufrágios em favor deles." Nossa oração por eles pode não
somente ajudá-los, mas também tornar eficaz sua intercessão por nos.
(Parágrafos
relacionados 1371,1032,1689)
- ... na única família
de Deus. "Todos os que somos filhos de Deus e constituímos
uma única família em Cristo, enquanto nos comunicamos uns com os outros em
mútua caridade e num mesmo louvor à Santíssima Trindade, realizamos a
vocação própria da Igreja."
(Parágrafo
relacionado 1027)
RESUMINDO
- A Igreja é
"comunhão dos santos": esta expressão designa primeiro as
"coisas santas" (sancta) e antes de tudo a Eucaristia, pela qual
"é representada e realizada a unidade dos fiéis que, em Cristo,
formam um só corpo"
- Este termo designa
também a comunhão das "pessoas santas" (sancti) em Cristo, que
"morreu por todos", de sorte que aquilo que cada um faz ou sofre
em Cristo e por ele produz fruto para todos.
- "Cremos na comunhão
de todos os fiéis de Cristo, dos que são peregrinos na terra, dos de
juntos que estão terminando a sua purificação, dos bem-aventurados do céu,
formando, todos juntos, uma só Igreja, e cremos que nesta comunhão o amor
misericordioso de Deus e de seus santos está sempre à escuta de
nossas orações."
PARÁGRAFO 6
MARIA - MÃE DE CRISTO, MÃE DA IGREJA
- Depois de termos falado do
papel da Virgem Maria no mistério de Cristo e do Espírito, convém agora
considerar lugar dela no mistério da Igreja. "Com efeito, a Virgem
Maria (...) é reconhecida e honrada como a verdadeira Mãe de Deus e do
Redentor. (...). Ela é também verdadeiramente 'Mãe dos membros [de Cristo]
(...), porque cooperou pela caridade para que na Igreja nascessem os fiéis
que são os membros desta Cabeça'." (...) Maria, Mãe de Cristo, Mãe da
Igreja.
(Parágrafos
relacionados 484-507,721-726)
I. A maternidade de Maria com relação à
Igreja
TOTALMENTE UNIDA A SEU FILHO...
- O papel de Maria para com a
Igreja é inseparável de sua união com Cristo, decorrendo diretamente dela
(dessa união), "Esta união de Maria com seu Filho na obra da salvação
manifesta-se desde a hora da concepção virginal de Cristo até sua
morte." Ela é particularmente manifestada na hora da paixão de Jesus:
A bem-aventurada
Virgem avançou em sua peregrinação de fé, manteve fielmente sua união com o
Filho até a cruz, onde esteve de pé não sem desígnio divino, sofreu
intensamente junto com seu unigênito. E com ânimo materno se associou a seu
sacrifício, consentindo com amor na imolação da vítima ela por gerada.
Finalmente, pelo próprio Jesus moribundo na cruz, foi dada como mãe ao
discípulo com estas palavras: "Mulher, eis aí teu filho" (Jo
19,26-27).
(Parágrafos
relacionados 534,618)
- Após a ascensão de seu
Filho, Maria "assistiu com suas orações a Igreja nascente".
Reunida com os apóstolos e algumas mulheres, "vemos Maria pedindo,
também ela, com suas orações, o dom do Espírito, o qual, na Anunciação, a
tinha coberto com sua sombra".
...TAMBÉM EM SUA ASSUNÇÃO...
- "Finalmente, a
Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da culpa original,
terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória
celeste. E para que mais plenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor
dos senhores e vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo Senhor
como Rainha do universo." A Assunção da Virgem Maria é uma
participação singular na Ressurreição de seu Filho e uma antecipação da
ressurreição dos outros cristãos:
(Parágrafo
relacionado 491)
Em vosso parto,
guardastes a virgindade; em vossa dormição, não deixastes o mundo,
ó mãe de Deus:
fostes juntar-vos à fonte da vida, vós que concebestes o Deus vivo e, por
vossas orações, livrareis nossas almas da morte....
... ELA E NOSSA MÃE NA ORDEM DA GRAÇA
- Por sua adesão total à
vontade do Pai, à obra redentora de seu Filho, a cada moção do Espírito
Santo, a Virgem Maria é para a Igreja o modelo da fé e da caridade. Com
isso, ela é "membro supereminente e absolutamente único da
Igreja", sendo até a "realização exemplar (typus)" da
Igreja.
(Parágrafos
relacionados 2679,507)
- Mas seu papel em relação à
Igreja e a toda a humanidade vai ainda mais longe. "De modo
inteiramente singular, pela obediência, fé, esperança e ardente caridade,
ela cooperou na obra do Salvador para a restauração da vida sobrenatural
das almas. Por este motivo ela se tornou para nós mãe na ordem da
graça."
(Parágrafo
relacionado 494)
- "Esta maternidade de
Maria na economia da graça perdura ininterruptamente, a partir do
consentimento que ela fielmente prestou na anunciação, que sob a cruz
resolutamente manteve, até a perpétua consumação de todos os eleitos.
Assunta aos céus, não abandonou este múnus salvífico, mas, por sua
múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna.
(...) Por isso, a bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os
títulos de advogada, auxiliadora. protetora, medianeira."
(Parágrafos
relacionados 501,149,1370)
- "A missão materna de
Maria em favor dos homens de modo algum obscurece nem diminui a mediação
única de Cristo; pelo contrário, até ostenta sua potência, pois todo o
salutar influxo da bem-aventurada Virgem (...) deriva dos superabundantes
méritos de Cristo, estriba-se em sua mediação, dela depende inteiramente e
dela aufere toda a sua força." "Com efeito, nenhuma criatura
jamais pode ser equiparada ao Verbo encarnado e Redentor. Mas, da mesma
forma que o sacerdócio de Cristo é participado de vários modos, seja pelos
ministros, seja pelo povo fiel, e da mesma forma que a indivisa bondade de
Deus é realmente difundida nas criaturas de modos diversos, assim também a
única mediação do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas uma
variegada cooperação que participa de uma única fonte."
(Parágrafos
relacionados 2008,1545,308)
II- O culto da Santíssima Virgem
- "Todas as gerações me
chamarão bem-aventurada" (Lc 1,48): "A piedade da Igreja para
com a Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão". A Santíssima
Virgem "é legitimamente honrada com um culto especial pela Igreja.
Com efeito desde remotíssimos tempos, a bem-aventurada Virgem é venerada
sob o título de 'Mãe de Deus', sob cuja proteção os fiéis se refugiam
suplicantes em todos os seus perigos e necessidades (...) Este culto (...)
embora inteiramente singular, difere essencialmente do culto de adoração
que se presta ao Verbo encanado e igualmente ao Pai e ao Espírito Santo,
mas o favorece poderosamente"; este culto encontra sua expressão nas
festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração mariana, tal como o
Santo Rosário, "resumo de todo o Evangelho".
(Parágrafos
relacionados 1172,2678)
III. Maria - ícone escatológico da Igreja
- Depois de termos falado da
Igreja, de sua origem, de sua missão e de seu destino, a melhor maneira de
concluir é voltar o olhar para Maria, a fim de contemplar nela (Maria) o
que é a Igreja em seu mistério, em sua "peregrinação da fé", e o
que ela (Igreja) será na pátria ao termo final de sua caminhada,
onde a espera, "na glória da Santíssima e indivisível Trindade",
"na comunhão de todos os santos, aquela que a Igreja venera como a
Mãe de seu Senhor e como sua própria Mãe:
(Parágrafos
relacionados 773,829)
Assim como no céu, onde já está
glorificada em corpo e alma, a Mãe de Deus representa e inaugura a Igreja em
sua consumação no século futuro, da mesma forma nesta terra, enquanto
aguardamos a vinda do Dia do Senhor, ela brilha como sinal da esperança segura
e consolação para o Povo de Deus em peregrinação.
(Parágrafo
relacionado 2853)
RESUMINDO
- Ao pronunciar o
'fiat" (faça-se) da Anunciação e ao dar seu consentimento ao Mistério
da Encarnação, Maria já colabora para toda a obra que seu Filho
deverá realizar. Ela é Mãe onde Ele é Salvador e Cabeça do Corpo
Místico.
- Depois de encerrar o
curso de sua vida terrestre, a Santíssima Virgem Maria foi elevada em
corpo e alma à glória do Céu, onde já participa da glória da
ressurreição de seu Filho, antecipando a ressurreição de todos os membros
de seu corpo.
- "Cremos que a
Santíssima Mãe de Deus, nova Eva, Mãe da Igreja, continua no Céu sua
junção materna em relação aos membros de Cristo."
PRIMEIRA PARTE - SEGUNDA SEÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ
CRISTÃ
OS SÍMBOLOS DA FÉ
CAPITULO III - ARTIGO 10: "CREIO NO PERDÃO DOS
PECADOS"
- O Símbolo dos Apóstolos
correlaciona a fé no perdão dos pecados com a fé no Espírito Santo, mas
também com a fé na Igreja e na comunhão dos santos. Foi dando o Espírito
Santo a seus apóstolos que Cristo ressuscitado lhes conferiu seu próprio
poder divino de perdoar os pecados: "Recebei o Espírito Santo Aqueles
a quem perdoardes os pecados, lhes serão perdoados; aqueles a quem os
retiverdes, lhes serão retidos" (Jo 20,22-23).
(A Segunda Parte do Catecismo tratará
explicitamente do perdão dos pecados pelo Batismo, pelo sacramento da
Penitência e pelos outros sacramentos, sobretudo a Eucaristia. Por isso basta
aqui evocar sucintamente alguns dados básicos.)
I. Um só Batismo para o perdão dos pecados
(Parágrafo
relacionado 1263)
- Nosso Senhor ligou o perdão
dos pecados à fé e ao Batismo: "Ide por todo o mundo e proclamai o
Evangelho a toda criatura. Aquele que crer e for batizado será salvo"
(Mc 16,15.16). O Batismo é o primeiro e principal sacramento do perdão dos
pecados, porque nos une a Cristo morto por nossos pecados, ressuscitado
para nossa justificação, para que "também vivamos vida nova" (Rm
6,4).
- "No momento em que
fazemos nossa primeira profissão de fé, recebendo o santo Batismo que nos
purifica, o perdão que recebemos é tão pleno e tão completo que não nos
resta absolutamente nada a apagar, seja do pecado original, seja dos
pecados cometidos por nossa própria vontade, nem nenhuma pena a sofrer
para expiá-los. (...) Contudo, a graça do Batismo não livra ninguém de
todas as fraquezas da natureza. Pelo contrário, ainda temos de combater os
movimentos da concupiscência, que não cessam de arrastar-nos para o
mal."
(Parágrafo
relacionado 1264)
- Neste combate contra a
inclinação para o mal, quem seria suficientemente forte e vigilante para
evitar toda ferida do pecado? "Se, portanto, era necessário que a
Igreja tivesse o poder de perdoar os pecados, também era preciso que o
Batismo não fosse para ela o único meio de servir-se dessas chaves do
Reino dos Céus, que havia recebido de Jesus Cristo; era preciso que ela
fosse capaz de perdoar as faltas a todos os penitentes, ainda que tivessem
pecado até o último instante de sua vida."
(Parágrafo
relacionado 1446)
- É pelo sacramento da
Penitência que o batizado pode ser reconciliado com Deus e com a Igreja:
(Parágrafos
relacionados 1422,1484)
Os Padres da
Igreja com razão chamavam a Penitência de "um Batismo laborioso". O
sacramento da Penitência é necessário para a salvação daqueles que caíram
depois do Batismo, assim como o Batismo é necessário para os que ainda não
foram regenerados.
II. O poder das chaves
- Depois de sua Ressurreição,
Cristo enviou seus Apóstolos para "anunciar a todas as nações o
arrependimento em seu Nome, em vista da remissão dos pecados" (Lc
24,47). Este "ministério da reconciliação" (2Cor 5,18) os
Apóstolos e seus sucessores não o exercem somente anunciando aos homens o
perdão de Deus merecido para nós por Cristo e chamando-os à conversão e à
fé, mas também comunicando-lhes a remissão dos pecados pelo Batismo e
reconciliando-os com Deus e com a Igreja graças ao poder das chaves
recebido de Cristo:
(Parágrafos
relacionados 1444,553)
A Igreja recebeu
as chaves do Reino dos Céus para que se opere nela a remissão dos pecados pelo
sangue de Cristo e pela ação do Espírito Santo É nesta Igreja que a alma
revive, ela que estava morta pelos pecados, a fim de viver com Cristo, cuja
graça nos salvou.
- Não há pecado algum,
por mais grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar. "Não
existe ninguém, por mau e culpado que seja, que não deva esperar com
segurança a seu perdão, desde que seu arrependimento seja sincero."
Cristo que morreu por todos os homens, quer que, em sua Igreja, as portas
do perdão estejam sempre abertas a todo aquele que recua do pecado.
(Parágrafos
relacionados 1463,605)
- A catequese
empenhar-se-á em despertar e alimentar nos fiéis a fé na grandeza
incomparável do dom que Cristo ressuscitado concedeu à sua Igreja: a
missão e o poder de perdoar verdadeiramente os pecados, pelo ministério
dos apóstolos de seus sucessores:
(Parágrafo
relacionado 1442)
O Senhor quer que
seus discípulos tenham um poder imenso: quer que seus pobres servidores
realizem em seu nome tudo que havia feito quando estava na terra.
Os presbíteros
receberam um poder que Deus não deu nem aos anjos nem aos arcanjos. Deus
sanciona lá no alto tudo o que os sacerdotes fazem aqui embaixo.
(Parágrafo
relacionado 1465)
Se na Igreja não
existisse a remissão dos pecados, não existiria nenhuma esperança, nenhuma
perspectiva de uma vida eterna e de uma libertação eterna. Demos graças a Deus,
que deu à Igreja tal dom.
RESUMINDO
- O Credo relaciona
"o perdão dos pecados" com a profissão de fé no Espírito Santo
Com efeito, Cristo ressuscitado confiou aos Apóstolos o poder de perdoar
os pecados quando lhes deu o Espírito Santo
- O Batismo é o primeiro e
o principal sacramento para o perdão dos pecados: une-nos a Cristo morto e
ressuscitado nos dá o Espírito Santo
- Pela vontade de Cristo,
a Igreja possui o poder de perdoar os pecados dos batizados e o exerce por
meio dos Bispos e dos presbíteros de maneira habitual no sacramento da
Penitência.
- "Na remissão dos
pecados, os presbíteros e os sacramentos são meros instrumentos dos quais
nosso Senhor Jesus Cristo, único autor e dispensador de nossa salvação, se
apraz em se servir para apagar nossas iniqüidades e dar-nos a graça da
justificação.
"ARTIGO 11
"CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE"
- O Credo cristão - profissão
de nossa fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e em sua ação criadora,
salvadora e santificadora - culmina na proclamação da ressurreição dos
mortos, no fim dos tempos e na vida eterna.
- Cremos firmemente - e assim
esperamos - que, da mesma forma que Cristo ressuscitou verdadeiramente dos
mortos, e vive para sempre, assim também, depois da morte, os justos
viverão para sempre com Cristo ressuscitado e que Ele os
ressuscitará no último dia. Como a ressurreição de Cristo, também a
nossa será obra da Santíssima Trindade:
(Parágrafos
relacionados 655,648)
Se o Espírito
daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vós, aquele que
ressuscitou Cristo Jesus dentre os mortos dar vida também aos vossos
corpos mortais, mediante o seu Espírito que habita em vós (Rm 8,11).
- O termo "carne" designa
o homem em sua condição de fraqueza e de mortalidade. A "ressurreição
da carne" significa que após a morte não haverá somente a vida da
alma imortal, mas que mesmo os nossos "corpos mortais" (Rm 8,11)
readquirirão vida.
(Parágrafo
relacionado 364)
- Crer na ressurreição dos
mortos foi, desde os inícios, um elemento essencial da fé cristã.
"Fiducia christianorum resurrectio mortuorum; ilíam credentes, sumus
- A confiança dos cristãos é a ressurreição dos mortos; crendo nela, somos
cristãos":
(Parágrafo
relacionado 638)
Como podem alguns
dentre vós dizer que não há ressurreição dos mortos? Se não há
ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não
ressuscitou, vazia é a nossa pregação é vazia é também a vossa fé. Mas não!
Cristo ressuscitou dos mortos, primícias dos que adormeceram (1Cor
15,12-14-.20).
I. A Ressurreição de Cristo e a nossa
REVELAÇÃO PROGRESSIVA DA RESSURREIÇÃO
- A ressurreição dos mortos
foi revelada progressivamente por Deus a seu povo. A esperança na
ressurreição c corporal dos mortos foi-se impondo corno uma conseqüência
intrínseca da fé em um Deus criador do homem inteiro, alma e corpo. O
criador do céu e da terra é também aquele que mantém fielmente sua aliança
com Abraão e sua descendência. E nesta dupla perspectiva que
começará a exprimir-se a fé na reação. Nas provações, os mártires
Macabeus confessam:
(Parágrafo
relacionado 297)
O Rei do mundo nos
fará ressurgir para uma vida eterna, a nós que morremos por suas leis
(2Mc 7,9). É desejável passar para a outra vida pelas mãos dos homens, tendo da
parte de Deus as esperanças de ser um dia ressuscitado por Ele (2Mc 7,14).
- Os fariseus e muitos outros
contemporâneos do Senhor esperavam a ressurreição. Jesus a ensina com
firmeza. Aos saduceus que a negam, ele responde: "Não é por isto que
errais, desconhecendo tanto as Escrituras como o poder de Deus?" (Mc
12,24). A fé na ressurreição baseia-se na fé em Deus, que "que não é
um Deus dos mortos, mas dos vivos" (Mc 12, 27).
(Parágrafos
relacionados 575,205)
- Mais ainda: Jesus liga a fé
na ressurreição à sua própria pessoa: "Eu sou a ressurreição e a
vida" (Jo 11,25). É Jesus mesmo quem, no último dia, há de
ressuscitar os que nele tiveram crido e que tiverem comido seu corpo e
bebido seu sangue. Desde já, Ele fornece um sinal e um penhor disto,
restituindo a vida a certos mortos, anunciando com isso sua própria
ressurreição, que no entanto será de outra ordem. Deste
acontecimento único Ele fala como do "sinal de Jonas", do sinal
do templo: anuncia sua ressurreição, que ocorrerá no terceiro dia
depois de ser entregue à morte.
(Parágrafos
relacionados 646,652)
- Ser testemunha de Cristo é
ser "testemunha de sua ressurreição" (At 1,22), "ter comido
e bebido com Ele após sua ressurreição dentre os mortos" (At 10,41).
A esperança cristã na ressurreição está toda marcada pelos encontros
com Cristo ressuscitado. Ressuscitaremos como Ele, com Ele, por Ele.
(Parágrafos
relacionados 860,655)
- Desde o início, a fé cristã
na ressurreição deparou com incompreensões e oposições. "Em nenhum
ponto a fé cristã depara com mais contradição do que em torno da
ressurreição da carne." Aceita-se muito comumente que depois da morte
a vida da pessoa humana prossiga de um modo espiritual. Mas como crer que
este corpo tão manifestamente mortal possa ressuscitar para a vida eterna?
(Parágrafo
relacionado 643)
DE QUE MANEIRA OS MORTOS RESSUSCITAM?
- Que é "ressuscitar"?
Na morte, que é separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na
corrupção, ao passo que sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera
de ser novamente unida a seu corpo glorificado. Deus, em sua onipotência,
restituirá definitivamente a vida incorruptível a nossos corpos,
unindo-os às nossas almas, pela virtude da Ressurreição de Jesus.
(Parágrafo
relacionado 366)
- Quem ressuscitará ?
Todos os homens que morreram: "Os que tiverem feito o bem (sairão)
para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma
ressurreição de julgamento" (Jo 5,29).
(Parágrafo
relacionado 1038)
- De que maneira?
Cristo ressuscitou com seu próprio corpo: "Vede as minhas mãos e os
meus pés: sou eu!" (Lc 24,39). Mas ele não voltou a uma vida
terrestre. Da mesma forma, nele" ressuscitarão com seu próprio corpo,
que têm agora"; porém, este corpo será "transfigurado em
corpo de g1ória", em "corpo espiritual" (1Cor 15, 44):
(Parágrafos
relacionados 640,645)
Mas, dirá
alguém, como ressuscitam os mortos? Com que corpo voltam? Insensato! O que
semeias não readquire vida a não ser que morra. E o que semeias não é o corpo
da futura planta que deve nascer, mas um simples grão de trigo ou de qualquer
outra espécie (...) Semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível (...)
os mortos ressurgirão incorruptíveis. (...) Com efeito, é necessário que este
ser corruptível revista a incorruptibilidade e que este ser mortal revista a
imortalidade (1Cor 15,35-37.42.52-53).
- Este "corno"
ultrapassa nossa imaginação e nosso entendimento, sendo acessível só na
fé. Nossa participação na Eucaristia, no entanto, já nos dá um
antegozo da transfiguração de nosso corpo por Cristo:
(Parágrafo
relacionado 647)
Assim como o pão
que vem da terra, depois de ter recebido a invocação de Deus, não é mais pão
comum, mas Eucaristia, Constituída por duas realidades, uma terrestre e a outra
celeste, da mesma forma os nossos corpos que participam da Eucaristia não são
mais corruptíveis, pois têm a esperança da ressurreição.
(Parágrafo
relacionado 1405)
- Quando?
Definitivamente "no último dia" (Jo 6,39-40.44-54); "no
fim do mundo". Com efeito, a ressurreição dos mortos está
intimamente associada à Parusia de Cristo:
(Parágrafos
relacionados 1038,673)
Quando o Senhor,
ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, descer do céu,
então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro (1Ts 4,16).
RESSUSCITADOS EM CRISTO
- Se é verdade que Cristo nos
ressuscitará "no último dia", também que, de certo modo, já
ressuscitamos com Cristo. Pois, graças ao Espírito Santo, a vida cristã é,
já agora na terra, uma participação na morte e na ressurreição de
Cristo:
(Parágrafo relacionado
655)
Fostes sepultados com Ele no Batismo, também com
Ele ressuscitastes, pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos.
(...) Se, pois, ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto, onde
Cristo está sentado à direita de Deus (Cl 2,12;3,1).
- Unidos a Cristo pelo
Batismo, os crentes já participam realmente na vida celeste de
Cristo ressuscitado, mas esta vida permanece "escondida com Cristo em
Deus" (Cl 3,3). "Com ele nos ressuscitou e fez-nos sentar nos
céus, em Cristo Jesus" (Ef 2,6). Nutridos com seu Corpo na
Eucaristia, já pertencemos ao Corpo de Cristo. Quando
ressuscitarmos, no último dia, nós também seremos "manifestados com
Ele cheios de glória" (Cl 3,3).
(Parágrafos
relacionados 1227,2796)
- Enquanto aguardam esse dia,
o corpo e a alma do crente participam desde já da dignidade de ser
"de Cristo"; daí a exigência do respeito para com seu próprio
corpo, mas também para com o de outrem, particularmente quando este sofre:
(Parágrafos
relacionados 364,1397)
O corpo é para o Senhor,
e o Senhor é para o corpo. Ora, Deus, que ressuscitou o Senhor,
ressuscitará também a nós por seu poder. Não sabeis que vossos corpos são
membros de Cristo? (...) Não pertenceis a vós mesmos. (...) Glorificai,
portanto, a Deus em vosso corpo (1Cor 6,5.19-20).
II. Morrer em Cristo Jesus
- Para ressuscitar com Cristo
é preciso morrer com Cristo, é preciso "deixar a mansão deste corpo
para ir morar junto do Senhor" (2 Cor 5,8). Nesta "partida"
que é a morte, a alma é separada do corpo. Ela será reunida a seu
corpo no dia da ressurreição dos mortos
(Parágrafos
relacionados 624,650)
A MORTE
- "É diante da morte que
o enigma da condição humana atinge seu ponto mais alto." Em certo
sentido, a morte corporal é natural; mas para a fé ela é na realidade
"salário do pecado" (Rm 6,23). E, para os que morrem na graça de
Cristo, é uma participação na morte do Senhor, a fim de poder participar
também de sua Ressurreição.
(Parágrafos
relacionados 164,1500)
- A morte é o termo da vida
terrestre. Nossas vidas são medidas pelo tempo, ao longo do qual passamos
por mudanças, envelhecemos e, como acontece com todos os seres vivos da
terra, a morte aparece como o fim normal da vida. Este aspecto da morte
marca nossas vidas com um caráter de urgência: a lembrança de nossa mortalidade
serve também para recordar-nos de que temos um tempo limitado para
realizar nossa vida:
Lembra-te de teu
Criador nos dias de tua mocidade (...) antes que o pó volte à terra donde veio,
e o sopro volte a Deus, que o concedeu (Ecl 12,1.7).
- A morte é conseqüência do
pecado. Intérprete autêntico das afirmações da Sagrada Escritura e da
tradição, o magistério da Igreja ensina que a morte entrou no mundo por
causa do pecado do homem. Embora o homem tivesse uma natureza mortal, Deus
o destinava a não morrer. A morte foi, portanto, contrária aos desígnios
de Deus criador e entrou no mundo como conseqüência do pecado. "A
morte corporal, à qual o homem teria sido subtraído se não tivesse
pecado", é assim "o último inimigo" do homem a ser vencido
(1 Cor 15,26).
(Parágrafos
relacionados 401,376)
- A morte é transformada por
Cristo. Jesus, o Filho de Deus sofreu também Ele a morte, própria da
condição humana. Todavia, apesar de seu pavor diante dela, assumiu-a em um
ato de submissão total e livre à vontade de seu Pai. A obediência de Jesus
transformou a maldição da morte em bênção.
(Parágrafo
relacionado 612)
O SENTIDO DA MORTE CRISTÃ
(Parágrafos
relacionados 1681,1690)
- Graças a Cristo, a morte
cristã tem um sentido positivo. "Para mim, a vida é Cristo, e morrer
é lucro" (Fl 1,21). "Fiel é esta palavra: se com Ele morremos,
com Ele viveremos" (2Tm 1,11). A novidade essencial da morte cristã
está nisto: pelo Batismo, o cristão já está sacramentalmente
"morto com Cristo", para Viver de uma vida nova; e, se morrermos
na graça de Cristo, a morte física consuma este "morrer com
Cristo" e completa, assim, nossa incorporação a ele em seu ato
redentor:
(Parágrafo
relacionado 1220)
É bom para mim
morrer em ("eis") Cristo Jesus, melhor do que reinar até as
extremidades da terra. É a Ele que procuro, Ele que morreu por nós: é Ele que
quero, Ele que ressuscitou por nós. Meu nascimento aproxima-se. (...) Deixai-me
receber a pura luz; quando tiver chegado lá, serei homem.
- Na morte, Deus chama o
homem a si. É por isso que o cristão pode sentir, em relação à morte, um
desejo semelhante ao de São Paulo: "O meu desejo é partir e ir estar
com Cristo" (Fl 1,23); e pode transformar sua própria morte em um ato
de obediência e de amor ao Pai, a exemplo de Cristo:
(Parágrafos
relacionados 1025)
Meu desejo
terrestre foi crucificado; (...) há em mim uma água viva que murmura e
que diz dentro de mim: "Vem para o Pai".
Quero ver a Deus,
e para vê-lo é preciso morrer.
Eu não morro,
entro na vida.
- A visão cristã da morte é
expressa de forma privilegiada na liturgia da Igreja:
Senhor, para os
que crêem em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito nosso
corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível
- A morte é o fim da
peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de misericórdia que
Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino
e para decidir seu destino último. Quando tiver terminado "o único
curso de nossa vida terrestre", não voltaremos mais a outras vidas
terrestres. "Os homens devem morrer uma só vez" (Hb 9,27). Não
existe "reencarnação" depois da morte.
- A Igreja nos encoraja à
preparação da hora de nossa morte ("Livra-nos, Senhor, de uma morte
súbita e imprevista": antiga ladainha de todos os santos, a pedir à
Mãe de Deus que interceda por nós "na hora de nossa morte"
(oração da "Ave-Maria") e a entregar-nos a São José, padroeiro
da boa morte:
(Parágrafos
relacionados 2676-2677)
Em todas as tuas
ações, em todos os teus pensamentos deverias comportar-te como se tivesses de
morrer hoje. Se tua consciência estivesse tranqüila, não terias muito medo da
morte. Seria melhor evitar o pecado que fugir da morte. Se não estás preparado
hoje, como o estarás amanhã?
Louvado sejais,
meu Senhor, por nossa irmã, a morte corporal, da qual homem algum pode escapar.
Ai dos que morrerem em pecado mortal, felizes aqueles que ela encontrar
conforme a vossa santíssima vontade, pois a segunda morte não lhes fará
mal.
RESUMINDO
- "Caro salutis est
cardo" (A carne é o eixo da salvação). Cremos em Deus, que é o criador
da carne; cremos no Verbo feito carne para redimir a carne; cremos na
ressurreição da carne, consumação da criação e da redenção da carne.
- Pela morte, a alma é
separada do corpo, mas na ressurreição Deus restituirá a vida
incorruptível ao nosso corpo transformado, unindo-o novamente à nossa
alma. Assim como Cristo ressuscitou e vive para sempre, todos nós
ressuscitaremos no último dia.
- "Cremos na
verdadeira ressurreição desta carne que possuímos agora. " Contudo,
semeia-se no túmulo um corpo corruptível, ele ressuscita um corpo
incorruptível, um corpo espiritual" (1 Cor 15,44).
- Em conseqüência do
pecado original, o homem deve sofrer "a morte corporal, à qual teria
sido subtraído se não tivesse pecado".
- Jesus, o Filho de Deus,
sofreu livremente a morte por nós em uma submissão total e livre à vontade
de Deus, seu Pai. Por sua morte ele venceu a morte, abrindo, assim, a
todos os homens a possibilidade da salvação.
PRIMEIRA PARTE - SEGUNDA SEÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ
CRISTÃ
OS SÍMBOLOS DA FÉ
CAPITULO III - ARTIGO 12 : "CREIO NA VIDA
ETERNA"
- O cristão, que une sua
própria morte à de Jesus, vê a morte como um caminhar ao seu encontro e
uma entrada na Vida Eterna. Depois de a Igreja, pela última vez,
pronunciar as palavras de perdão da absolvição de Cristo sobre o cristão
moribundo, selá-lo pela última vez com uma unção fortificadora e dar-lhe o
Cristo no viático como alimento para a Viagem, diz-lhe com doce segurança
estas palavras:
(Parágrafos
relacionados 1523-1525)
Deixa este mundo,
alma cristã, em nome do Pai Todo-Poderoso que te criou, em nome de Jesus
Cristo, o Filho de Deus vivo, que sofreu por ti, em nome do Espírito Santo que
foi derramado em ti. Toma teu lugar hoje na paz e fixa tua morada com Deus na
santa Sião, com a Virgem Maria, a Mãe de Deus, com São José, os anjos e todos
os santos de Deus. (...) Volta para junto de teu Criador, que te formou do pó
da terra. Que na hora em que tua alma sair de teu corpo se apressem a teu
encontro Maria, os anjos e todos os santos. (...) Que possas ver teu Redentor
face a face (...).
(Parágrafos
relacionados 336,2677)
I. O Juízo Particular
- A morte põe fim à vida do
homem como tempo aberto ao acolhimento ou à recusa da graça divina
manifestada em Cristo. O Novo Testamento fala do juízo principalmente na
perspectiva do encontro final com Cristo na segunda vinda deste, mas
repetidas vezes afirma também a retribuição, imediatamente depois da
morte, de cada um em função de suas obras e de sua fé. A parábola do pobre
Lázaro e a palavra de Cristo na cruz ao bom ladrão assim como outros
textos do Novo Testamento, falam de um destino último da alma pode ser
diferente para uns e outros.
(Parágrafos
relacionados 1038,679)
- Cada homem recebe em sua
alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo
Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio
de uma purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu,
seja para condenar-se de imediato para sempre.
(Parágrafo
relacionado 393)
No entardecer de
nossa vida, seremos julgados sobre o amor.
(Parágrafo
relacionado 1470)
II. O Céu
- Os que morrem na graça e na
amizade de Deus, e que estão totalmente purificados, vivem para sempre com
Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, porque o vêem "tal como
ele é" (1Jo 3,2), face a face (1Cor 13,12):
(Parágrafo
relacionado 954)
Com nossa
autoridade apostólica definimos que, segundo a disposição geral de Deus, as
almas de todos os santos mortos antes da Paixão de Cristo (...) e de todos os
outros fiéis mortos depois de receberem o santo Batismo de Cristo, nos quais
não houve nada a purificar quando morreram, (...) ou ainda, se houve ou há algo
a purificar, quando, depois de sua morte, tiverem acabado de fazê-lo, (...)
antes mesmo da ressurreição em seus corpos e do juízo geral, e isto desde a
ascensão do Senhor e Salvador Jesus Cristo ao céu, estiveram, estão e estarão
no Céu, no Reino dos Céus e no paraíso celeste com Cristo, admitidos na
sociedade dos santos anjos. Desde a paixão e a morte de Nosso Senhor Jesus
Cristo, viram e vêem a essência divina com uma visão intuitiva e até face a
face, sem a mediação de nenhuma criatura.
- Essa vida perfeita com a
Santíssima Trindade, essa comunhão de vida e de amor com ela, com a Virgem
Maria, os anjos e todos os bem-aventurados, é denominada "o
Céu". O Céu é o fim último e a realização das aspirações mais
profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.
(Parágrafos
relacionados 260,326,2734,1718)
- Viver no Céu é "viver
com Cristo". Os eleitos vivem "nele", mas lá
conservam - ou melhor, lá encontram – sua verdadeira identidade, seu
próprio nome.
(Parágrafo
relacionado 1011)
"Vita est enim esse cum Christo; ideo ubi
Christus, ibi vita, ibi regnum - Vida é, de fato, estar com Cristo; aí onde
está Cristo, aí está a Vida, aí está o Reino".
- Por sua Morte e
Ressurreição, Jesus Cristo nos "abriu" o Céu. A vida dos
bem-aventurados consiste na posse em plenitude dos frutos da redenção
operada por Cristo, que associou à sua glorificação celeste os que creram
nele e que ficaram fiéis à sua vontade. O céu é a comunidade
bem-aventurada de todos os que estão perfeitamente incorporados a Ele.
(Parágrafo
relacionado 793)
- Este mistério de comunhão
bem-aventurada com Deus e com todos os que estão em Cristo supera toda
compreensão e toda imaginação. A Escritura fala-nos dele em imagens: vida,
luz, paz, festim de casamento, vinho do Reino, casa do Pai, Jerusalém
celeste, Paraíso. "O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e
o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o
amam" (1Cor 2,9).
(Parágrafos
relacionados 959,1720)
- Em razão de sua
transcendência, Deus só poder ser visto tal como é quando Ele mesmo
abrir seu mistério à contemplação direta do homem e o capacitar para
tanto. Esta contemplação de Deus em sua glória celeste é chamada pela
Igreja de "visão beatifica".
(Parágrafos
relacionados 1722,163)
Qual não ser
tua glória e tua felicidade: ser admitido a ver a Deus, ter a honra de
participar das alegrias da salvação e da luz eterna na companhia de Cristo, o Senhor
teu Deus (...) desfrutar no Reino dos Céus, na companhia dos justos e dos
amigos de Deus, as alegrias da imortalidade adquirida.
- Na glória do Céu, os
bem-aventurados continuam a cumprir com alegria a vontade de Deus em
relação aos outros homens e à criação inteira. Já reinam com Cristo;
com Ele "reinarão pelos séculos dos séculos" (Ap 22,5).
(Parágrafos
relacionados 956,668)
III. A purificação final ou Purgatório
- Os que morrem na graça e na
amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham
garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma
purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria
do Céu.
- A Igreja denomina Purgatório
esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta
do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao
Purgatório sobretudo no Concílio de Florença e de Trento. Fazendo
referência a certos textos da Escritura, a tradição da Igreja fala de um
fogo purificador:
(Parágrafos
relacionados 954,1472)
No que concerne a
certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo
purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo, que, se
alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe
será perdoada nem presente século nem no século futuro (Mt 12,32). Desta
afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século
presente, ao passo que outras, no século futuro.
- Este ensinamento apoia-se
também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada
Escritura fala: "Eis por que ele [Judas Macabeu) mandou oferecer esse
sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem
absolvidos de seu pecado" (2Mc 12,46). Desde os primeiros tempos a
Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em
especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam
chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as
indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos:
(Parágrafos
relacionados 958,1372,1479)
Levemo-lhes
socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo
sacrifício de seu pai que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor
dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que
partiram e em oferecer nossas orações por eles.
IV. O Inferno
- Não podemos estar unidos a
Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos amar a
Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nós
mesmos: "Aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia
seu irmão é homicida; e sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna
permanecendo nele" (1 Jo 3,14-15). Nosso Senhor adverte-nos de que
seremos separados dele se deixarmos de ir ao encontro das necessidades
graves dos pobres e dos pequenos que são seus irmãos morrer em pecado
mortal sem ter-se arrependido dele e sem acolher o amor misericordioso de
Deus significa ficar separado do Todo-Poderoso para sempre, por nossa
própria opção livre. E é este estado de auto-exclusão definitiva da
comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa com a palavra
"inferno".
(Parágrafos
relacionados 1861,393,633)
- Jesus fala muitas vezes da
"Geena", do "fogo que não se apaga", reservado aos que
recusam até o fim de sua vida crer e converter-se, e no qual se pode
perder ao mesmo tempo a alma e o corpo. Jesus anuncia em termos graves que
"enviar seus anjos, e eles erradicarão de seu Reino todos os
escândalos e os que praticam a iniquidade, e os lançarão na fornalha
ardente" (Mt 13,41-42), e que pronunciar a condenação:
"Afastai-vos de mim malditos, para o fogo eterno!" (Mt 25,41).
- O ensinamento da Igreja
afirma a existência e a eternidade do inferno. As almas dos que morrem em
estado de pecado mortal descem imediatamente após a morte aos infernos,
onde sofrem as penas do Inferno, "o fogo eterno". A pena
principal do Inferno consiste na separação eterna de Deus, o Único em quem
o homem pode ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais
aspira.
(Parágrafo
relacionado 393)
- As afirmações da Sagrada
Escritura e os ensinamentos da Igreja acerca do Inferno são um chamado à
responsabilidade com a qual o homem deve usar de sua liberdade em vista de
seu destino eterno. Constituem também um apelo insistente à conversão:
"Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que
conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é
a porta e apertado o caminho que conduz à vida. E poucos são os que o
encontram" (Mt 7,13-14):
(Parágrafos
relacionados 1734,1428)
Como desconhecemos
o dia e a hora, conforme a advertência do Senhor, vigiemos constantemente para
que, terminado o único curso de nossa vida terrestre, possamos entrar com ele
para as bodas e mereçamos ser contados entre os benditos, e não sejamos, como
servos maus e preguiçosos, obrigados a ir para o fogo eterno, para as trevas
exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.
- Deus não predestina ninguém
para o Inferno; para isso é preciso uma aversão voluntária a Deus (um
pecado mortal) e persistir nela até o fim. Na Liturgia Eucarística e nas
orações cotidianas de seus fiéis, a Igreja implora a misericórdia de Deus,
que quer "que ninguém se perca, mas que todos venham a
converter-se" (2Pd 3,9):
(Parágrafos relacionados
162,1014,1821)
Recebei, ó Pai,
com bondade, a oferenda de vossos servos e de toda a vossa família; dai-nos
sempre a vossa paz, livrai-nos da condenação e acolhei-nos entre os vossos
eleitos.
V. O Juízo Final
(Parágrafos
relacionados 678,679)
- A ressurreição de todos os
mortos, "dos justos e dos injustos" (At 24,15), antecederá
o Juízo Final. Este será "a hora em que todos os que repousam nos
sepulcros ouvirão sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para uma
ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma
ressurreição de julgamento" (Jo 5,28-29). Então Cristo "virá em
sua glória, e todos os anjos com Ele. (...) E serão reunidas em sua
presença todas as nações, e Ele há de separar os homens uns dos
outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e por as
ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. (...) E irão estes
para o castigo eterno, e os justos irão para a Vida Eterna" (Mt
25,31-33.46).
(Parágrafos
relacionados 998,1001)
- É diante de Cristo - que é
a Verdade - que será definitivamente desvendada a verdade sobre a
relação de cada homem com Deus. O Juízo Final há de revelar até as
últimas conseqüências o que um tiver feito de bem ou deixado de fazer
durante sua vida terrestre:
(Parágrafo
relacionado 678)
Todo o mal que os
maus praticam é registrado sem que o saibam. No dia em que "Deus não se
calará" (Sl 50,3), voltar-se-á para os maus: "Eu havia",
dir-lhes-á, "colocado na terra meus pobrezinhos para vós. Eu, seu Chefe,
reinava no céu à direita do meu Pai, mas na terra os meus membros passavam
fome. Se tivésseis dado aos meus membros, vosso dom teria chegado até a Cabeça.
Quando coloquei meus pobrezinhos na terra, os constituí meus tesoureiros para
recolher vossas boas obras em meu tesouro; vós, porém, nada depositastes em
suas mãos, razão por que nada possuís junto a mim"
- O Juízo Final
acontecerá por ocasião da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece
a hora e o dia desse Juízo, só Ele decide de seu advento. Por meio de seu
Filho, Jesus Cristo, Ele pronunciará então sua palavra definitiva
sobre toda a história. Conheceremos então o sentido último de toda a obra
da criação e de toda a economia da salvação, e compreenderemos os caminhos
admiráveis pelos quais sua providência terá conduzido tudo para seu fim
último. O Juízo Final revelará que a justiça de Deus triunfa de todas as
injustiças cometidas por suas criaturas e que seu amor é mais forte que a
morte.
(Parágrafos
relacionados 637,314)
- A mensagem do Juízo Final é
apelo à conversão enquanto Deus ainda dá aos homens "o tempo
favorável, o tempo da salvação" (2Cor 6,2). O Juízo Final inspira o
santo temor de Deus. Compromete com a justiça do Reino de Deus. Anuncia a
"bem-aventurada esperança" (Tt 2,13) da volta do Senhor, que "virá
para ser glorificado na pessoa de seus santos e para ser admirado na
pessoa de todos aqueles que creram (2Ts 1,10).
(Parágrafos
relacionados 1432,2854)
VI. A esperança dos céus novos e da terra
nova
- No fim dos tempos, o Reino
de Deus chegar à sua plenitude. Depois do Juízo Universal, os justos
reinarão para sempre com Cristo, glorificados em corpo e alma, e o próprio
universo será renovado:
(Parágrafos
relacionados 769,670)
Então a Igreja
será "consumada na glória celeste, quando chegar o tempo da restauração de
todas as coisas, e com o gênero humano também o mundo todo, que está
intimamente ligado ao homem e por meio dele atinge sua finalidade, encontrará
sua restauração definitiva em Cristo"
(Parágrafos
relacionados 310)
- Esta renovação misteriosa,
que há de transformar a humanidade e o mundo, a Sagrada Escritura a chama
de "céus novos e terra nova" (2Pd 3,13). Ser a realização
definitiva do projeto de Deus de "reunir, sob um só chefe, Cristo,
todas as coisas, as que estão no céu e as que estão na terra" (Ef
1,10).
(Parágrafos
relacionados 671,280,518)
- Neste "universo
novo", a Jerusalém celeste, Deus terá sua morada entre os homens.
"Enxugará toda lágrima de seus olhos, pois nunca mais
haverá morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais.
Sim! As coisas antigas se foram!" (Ap 21,4).
- Para o homem, esta
consumação será a realização última da unidade do gênero humano,
querida por Deus desde a criação e da qual a Igreja peregrinante era
"como o sacramento". Os que estiverem unidos a Cristo formarão a
comunidade dos remidos, a cidade santa de Deus (Ap 21,2), "a Esposa
do Cordeiro" (Ap 21,9). Esta não será mais ferida pelo pecado, pelas
impurezas, pelo amor-próprio, que destroem ou ferem a comunidade terrestre
dos homens. A visão beatífica, na qual Deus se revelará de maneira
inesgotável aos eleitos, será a fonte inexaurível de felicidade, de paz e
de comunhão mútua.
(Parágrafos
relacionados 775,1404)
- Quanto ao cosmos, a
Revelação afirma a profunda comunidade de destino do mundo material e do
homem:
Pois a criação em
expectativa anseia pela revelação dos filhos de Deus (...) na esperança de ela
também ser libertada da escravidão da corrupção (...). Pois sabemos que a
criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente. E não somente
ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos interiormente,
suspirando pela redenção de nosso corpo (Rm 8,19-23).
(Parágrafo
relacionado 349)
- Também o universo visível
está, portanto, destinado a ser transformado, "a fim de que o próprio
mundo, restaurado em seu primeiro estado, esteja, sem mais nenhum
obstáculo, a serviço dos justos", participando de sua glorificação em
Cristo ressuscitado.
- "Ignoramos o tempo da
consumação da terra e da humanidade e desconhecemos a maneira de
transformação do universo. Passa certamente a figura deste mundo deformada
pelo pecado, mas aprendemos que Deus prepara uma nova morada e nova terra.
Nela reinará a justiça, e sua felicidade irá satisfazer á e superar
todos os desejos de paz que sobem aos corações dos homens."
(Parágrafo relacionado
673)
- "Contudo, a
expectativa de uma terra nova, longe de atenuar, deve impulsionar em vós a
solicitude pelo aprimoramento desta terra. Nela cresce o corpo da nova
família humana que já pode apresentar algum esboço do novo século.
Por isso, ainda que o progresso terrestre se deva distinguir
cuidadosamente do aumento do Reino de Cristo, ele é de grande interesse
para o Reino de Deus, na medida em que pode contribuir para melhor
organizar a sociedade humana. "
(Parágrafo
relacionado 2820)
- "Com efeito, depois
que propagarmos na terra, no Espírito do Senhor e por ordem sua, os
valores da dignidade humana, da humanidade fraterna e da liberdade, todos
estes bons frutos da natureza e de nosso trabalho, nós os encontraremos
novamente, limpos, contudo, de toda impureza, iluminados e transfigurados,
quando Cristo entregar ao Pai o reino eterno e universal. Deus será,
então, "tudo em todos" (1 Cor 15,28), na Vida Eterna:
(Parágrafos
relacionados 1709,260)
A vida, em sua
própria realidade e verdade, é o Pai que, pelo Filho e no Espírito Santo,
derrama sobre todos, sem exceção, dons celestes. Graças à sua misericórdia
também nós, os homens, recebemos a promessa indefectível da Vida Eterna.
RESUMINDO
- Cada homem, em sua alma
imortal, recebe sua retribuição eterna a partir de sua morte, em um Juízo
Particular feito por Cristo, juiz dos vivos e dos mortos.
- "Cremos que as
almas de todos os que morrem na graça de Cristo constituem o povo de Deus
para além da morte, a qual será definitivamente vencida no dia da
ressurreição, quando essas almas serão novamente unidas a seus
corpos."
- "Cremos que a
multidão daquelas que estão reunidas em torno de Jesus e de Maria no
paraíso forma a Igreja do Céu, onde na beatitude eterna vêem a Deus tal
como Ele é, e onde estão também, em graus diversos, associadas com os
santos anjos ao governo divino exercido pelo Cristo na glória,
intercedendo por nós e ajudando nossa fraqueza por sua solicitude
fraterna."
- Os que morrem na graça e
na amizade de Deus, mas não estão totalmente purificados, embora seguros
de sua salvação eterna, passam depois de sua morte por uma purificação,
afim de obter a santidade necessária para entrar na alegria de Deus.
- Em virtude da
"comunhão dos santos", a Igreja recomenda os defuntos à
misericórdia de Deus e oferece em favor deles sufrágios, particularmente o
santo sacrifício eucarístico.
- Seguindo o exemplo de
Cristo, a Igreja adverte os fiéis acerca da "triste e lamentável
realidade da morte eterna, denominada também de "inferno".
- A pena principal do
inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em quem o homem pode
ter a vida e a felicidade para as quais foi criado e às quais aspira.
- A Igreja ora para que
ninguém se perca: "Senhor, não permitais que eu jamais seja separado
de vós" Se é verdade que ninguém pode salvar-se a si mesmo, também é
verdade que "Deus quer que todos sejam salvos" (1 Tm 2,4), e que
para Ele "tudo é possível" (Mt 10,26).
- "A santíssima
Igreja romana crê e confessa firmemente que no dia do juízo todos os
homens comparecerão com seu próprio corpo diante do tribunal de Cristo
para dar contas de seus próprios atos. "
- No fim dos tempos, o
Reino de Deus chegar à sua plenitude. Então, os justos reinarão com
Cristo para sempre, glorificados em corpo e alma, e o próprio universo
material será transformado. Então Deus será "tudo em todos" (1
Cor 15,28), na Vida Eterna.
"AMÉM"
- O Credo, como também o
último livro da Sagrada Escritura, termina com a palavra hebraica amen.
Ela encontra-se com freqüência no fim das orações do Novo Testamento.
Também a Igreja conclui suas orações com o "amém".
(Parágrafo
relacionado 2856)
- Em hebraico, a palavra
"amém" está ligada à mesma raiz da palavra "crer".
Esta raiz exprime a solidez, a confiabilidade, a fidelidade. Assim,
compreendemos por que o "amém" pode ser dito da fidelidade de
Deus para conosco e de nossa confiança nele.
(Parágrafo
relacionado 214)
- No profeta Isaias
encontramos a expressão "Deus de verdade", literalmente
"Deus do amém", isto é, o Deus fiel às suas promessas:
"Todo aquele que quiser ser bendito na terra quererá ser
bendito pelo Deus do amém" (Is 65,16). Nosso Senhor emprega com
freqüência o termo "amém", por vezes em forma duplicada, para
sublinhar a confiabilidade seu ensinamento, sua autoridade fundada na verdade
de Deus.
(Parágrafos
relacionados 215,156)
- O "amém" final do Credo retoma e
confirma, portanto, suas duas primeiras palavras: "eu creio".
Crer é dizer "amém" às palavras, às promessas, aos mandamentos
de Deus, ê confiar totalmente naquele que é o "Amém" de infinito
amor e de fidelidade perfeita. A vida cristã de cada dia será, então, o
"amém" ao "eu creio" da profissão de fé de nosso
Batismo:
(Parágrafos relacionados 197,2101)
O teu Símbolo seja para ti como um espelho. Olha-te
nele para veres se crês tudo o que declaras crer e alegra-te cada dia por tua
fé.
- O próprio Jesus Cristo é "o
Amém" (Ap 3,14). Ele é o "Amém" definitivo do amor do Pai
por nós; assume e consuma nosso "Amém" ao Pai: "todas as
promessas de Deus, com efeito, têm nele (Cristo) seu sim; por isso, é por Ele
que dizemos 'amém' a Deus para a glória de Deus" (2Cor 1,20):
Por Cristo, com Cristo, em Cristo,
a vós, Deus Pai Todo-Poderoso,
na unidade do Espírito Santo,
toda honra e toda glória,
agora e para sempre.
AMÉM