CONGREGAÇÃO PARA O CLERO
DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELA SANTIFICAÇÃO DOS
SACERDOTES
A Eucaristia
e o Sacerdote
estão inseparavelmente unidos pelo Amor de Deus
Por
ocasião do próximo Dia Mundial de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, que
será celebrado na sexta-feira, 27 de Junho, a Congregação para o Clero quer
realçar o valor da recente Carta Encíclica Ecclesia de
Eucharistia, que no corrente ano o Santo Padre João Paulo II quis
entregar à Igreja e aos presbíteros no lugar da Carta, que tradicionalmente
lhes dirige por ocasião da Quinta-Feira Santa.
Por
conseguinte, em sintonia com este precioso documento, pensou-se em fazer com
que o próximo Dia seja vivido de maneira a criar um intenso clima de adoração e
de oração à volta do Mistério do Santíssimo Sacramento e que possa favorecer,
tanto para os presbíteros como para os fiéis em geral, aquela "admiração eucarística"
de que fala o Santo Padre, afirmando que ela "deve invadir sempre a Igreja
reunida na Celebração eucarística. Mas de modo especial, deve acompanhar o
ministro da Eucaristia" (Ecclesia de
Eucharistia, 5).
O próximo Dia
Mundial, que eventualmente poderá ser celebrado na data mais conveniente
para cada uma das circunscrições eclesiásticas, ao ser oficialmente comemorado
na solenidade do Sagrado Coração, sexta-feira 27 de Junho, oferece a
oportunidade de contemplar a Santíssima Eucaristia, como Sagrado Coração vivo e
verdadeiro de Cristo que oferece, antes de mais nada aos seus predilectos
Sacerdotes, o Dom do seu amor misericordioso. Portanto, deseja-se que este Dia,
também através de uma prolongada adoração do Santíssimo Sacramento, possa
contribuir para uma renovada descoberta da Santa Missa como sacrifício e, em
relação a isto, a nossa identidade e o consequente ministério.
Nesta
circunstância, a Congregação para o Clero preparou um texto para os Sacerdotes
cujo texto damos a conhecer a seguir como subsídio para a sua reflexão e para o
aprofundamento de algumas chaves de leitura da preciosa Carta Encíclica.
Os Ordinários
poderão usá-la se o considerarem útil ou poderão inspirar-se nela e de qualquer
maneira deverão fazer com que seja conhecida por todos os presbíteros, tanto
diocesanos como membros de Institutos de vida consagrada.
Por fim, a
Congregação para o Clero formula votos para que, graças à caridade pastoral dos
Ordinários diocesanos, para a promoção e a celebração do mencionado Dia de
Oração, possam ser sensibilizadas as várias realidades diocesanas como, por
exemplo, as Comunidades paroquiais, os Mosteiros de clausura, os Institutos de
vida consagrada e as Sociedades de vida apostólica, assim como os Movimentos,
as Associações, as Confrarias, as diversas Agregrações eclesiais, etc.
O Sacerdote é responsável pela Eucaristia
A
solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus constitui, para nós, um convite a
contemplar o amor que brota da fonte inesgotável de Cristo e se difunde em toda
a humanidade, mediante "o dom por excelência", que é a Eucaristia. A
recente Carta Encíclica de João Paulo II chama a nossa atenção para o valor
deste dom, que é totalmente extraordinário. O dom divino foi-nos destinado de
maneira realmente particular, a nós sacerdotes e, com o nosso acolhimento,
temos a responsabilidade pela eficácia da Eucaristia no mundo.
O grito
da fé
Cada vez
que celebra o Sacrifício divino, depois de ter consagrado o pão e o vinho, para
que sejam o corpo e o sangue de Cristo, o sacerdote exclama:
"Mistério da fé!". Trata-se de uma maravilha que suscita a adoração,
embora para os olhos terrestres nada pareça ter mudado. Na sua Carta Encíclica,
o Santo Padre exprime o desejo de se pôr connosco "em adoração diante
deste Mistério: mistério grande, mistério de misericórdia" (Ecclesia de
Eucharistia, 11). Em seguida, ele acrescenta: "O que
mais poderia Jesus ter feito por nós? Verdadeiramente, na Eucaristia Ele
demonstra-nos um amor levado até ao "extremo" (cf. Jo 13, 1),
um amor sem medida" (n. 11).
A Missa é
o memorial do sacrifício da cruz: "A Igreja vive continuamente do
sacrifício redentor, e tem acesso a ele não só através de uma lembrança cheia
de fé, mas também com um contacto actual, porque este sacrifício volta a estar
presente, perpetuando-se, sacramentalmente, em cada comunidade que o oferece
pela mão do ministro consagrado. Deste modo, a Eucaristia aplica aos homens de
hoje a reconciliação obtida de uma vez para sempre por Cristo para a humanidade
de todos os tempos. Com efeito, "o sacrifício de Cristo e o sacrifício da
Eucaristia são um único sacrifício"" (n. 12).
A
Eucaristia é um sacrifício em sentido próprio e, em primeiro lugar, um dom de
Cristo ao Pai: "Sacrifício que o Pai aceitou, retribuindo esta doação
total de seu Filho, que Se fez "obediente até à morte" (Fl 2,
8), com a sua doação paterna, ou seja, com o dom da nova vida imortal na
ressurreição" (Ecclesia de
Eucharistia, 13; Redemptor hominis, 20). "Ao
entregar à Igreja o seu sacrifício, Cristo quis também assumir o sacrifício
espiritual da Igreja, chamada por sua vez a oferecer-se a si própria juntamente
com o sacrifício de Cristo" (n. 13).
Mais
particularmente, o Sumo Pontífice sublinha o facto de que "o sacrifício
eucarístico torna presente não só o mistério da paixão e morte do Salvador, mas
também o mistério da ressurreição, que dá ao sacrifício a sua coroação. Por
estar vivo e ressuscitado é que Cristo pode tornar-se "pão da vida" (Jo
6, 35.48), "pão vivo" (Jo 6, 51)" (n. 14).
Por
conseguinte, a oferta do sacrifício constitui a fonte de uma nova vida. A
eficácia salvífica do sacrifício realiza-se plenamente na comunhão:
"Recebemo-lo a Ele mesmo que se ofereceu por nós, o seu corpo entregue por
nós na cruz, o seu sangue "derramado por muitos para a remissão dos
pecados" (Mt 26, 28)" (n. 16).
"Através
da comunhão do seu corpo e sangue, Cristo comunica-nos também o seu
Espírito" (n. 17). ""Fazei que, alimentando-nos do Corpo e
Sangue do vosso Filho, cheios do seu Espírito Santo, sejamos em Cristo um só
corpo e um só espírito" (Oração Eucarística III). Assim, pelo dom
do seu corpo e sangue, Cristo aumenta em nós o dom do seu Espírito, já
infundido no Baptismo e recebido como "selo" no sacramento da
Confirmação" (n. 17).
Além disso,
as palavras: "Enquanto esperamos a tua vinda" oferecem-nos a
oportunidade de descobrir melhor as perspectivas escatológicas da
Eucaristia: "A Eucaristia é tensão para a meta, antegozo da alegria
plena prometida por Cristo (cf. Jo 15, 11); de certa forma, é
antecipação do Paraíso, "penhor da futura glória"" (n. 18).
Estas
perspectivas, que introduzem na comunhão com a Igreja celestial que deve estar
sempre na nossa mente e no nosso coração podem parecer ainda muito distantes,
mas estimulam "o nosso sentido de responsabilidade pela terra
presente", "lançando uma semente de activa esperança na dedicação
diária de cada um aos seus próprios deveres" (n. 20).
O convite
ao sentido de responsabilidade é válido para todos. Em nós, sacerdotes, ele
encontra uma ressonância mais especial. Cada celebração eucarística está
destinada a despertar a consciência daqueles que nela participam. Para o
sacerdote, desperta a responsabilidade em relação a um mundo que deve ser
transformado, transfigurado pela Eucaristia. Pronunciando ou ouvindo as
palavras: "Mistério da fé", o sacerdote compreende melhor que
este grito da fé o impele rumo a um mundo em que Cristo realiza maravilhas e
sente com urgência em si a improrrogabilidade missionária de espalhar o seu Reino
em toda a parte.
Ele recebe
uma nova luz sobre a sua missão presbiteral, que lhe foi confiada, e sobre o
papel que ele mesmo deve assumir, a fim de que o poder da Eucaristia possa
produzir todos os seus efeitos em cada existência humana. O sacerdote é
investido da responsabilidade da edificação de uma nova sociedade em Cristo.
Mais particularmente, ele tem a responsabilidade de oferecer um testemunho de
fé na presença nova que brota de cada consagração, que transforma o pão e o
vinho em corpo e sangue do Senhor.
A maravilha
desta presença abre a porta, na alma do sacerdote, a uma nova esperança que
ultrapassa todos os obstáculos que se acumulam ao longo do caminho
do seu ministério, com frequência comprometido em lutas
e provações.
A
edificação da Igreja e a adoração contemplativa
A Carta
Encíclica deseja mostrar toda a riqueza espiritual da Eucaristia; por um lado,
realça a sua contribuição essencial para a edificação da Igreja e, por outro,
não deixa de chamar a atenção para o valor do culto da presença real fora da
Santa Missa. E é um aspecto extremamente precioso e fecundo, que deve ser
recordado a nós mesmos e aos fiéis.
O Concílio
Vaticano II, em continuidade harmónica com o magistério precedente, ensina que
a celebração eucarística está no centro do processo de crescimento da Igreja,
explicando como é que cresce o reino de Cristo no mundo: "Cada vez
que o sacrifício da cruz com que Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado (1
Cor 5, 7), é celebrado no altar, realiza-se a obra da nossa redenção. Além
disso, mediante o sacramento do pão eucarístico, é representada e produzida a
unidade dos fiéis, que constituem um só corpo em
Cristo" (cf. 1 Cor 10, 17).
Já nas
origens havia uma influência causal da Eucaristia sobre o desenvolvimento da
Igreja, como se realça de modo evidente na última Ceia: os gestos e as
palavras de Jesus "lançaram os fundamentos da nova comunidade messiânica,
o Povo da nova aliança". "Desde então e até ao fim dos séculos, a
Igreja edifica-se através da comunhão sacramental com o Filho de Deus imolado
por nós" (n. 21).
É assim
que se manifesta o papel construtivo do sacerdote, que Cristo empenha na mais
importante obra de transformação do mundo, que se efectua mediante o poder da
Eucaristia. A este papel está vinculada também outra tarefa do presbítero, a
tarefa de acolher a presença eucarística com o olhar contemplativo de adoração
e com um trato de extrema delicadeza.
"O culto prestado à Eucaristia fora da Missa afirma a Carta Encíclica é de
um valor inestimável na vida da Igreja" (n. 25). A responsabilidade do
sacerdote neste culto é assim recordada: "Compete aos Pastores,
inclusive pelo testemunho pessoal, estimular o culto eucarístico, de modo
particular as exposições do Santíssimo Sacramento e também as visitas de adoração
a Cristo presente sob as espécies eucarísticas" (n. 25).
O Sumo
Pontífice não apenas encoraja cada um dos sacerdotes em ordem a este
testemunho, mas é ele mesmo que nos comunica o seu próprio testemunho:
"É bom demorar-se com Ele [o Senhor] e, inclinado sobre o seu peito como o
discípulo predilecto (cf. Jo 13, 25), deixar-se tocar pelo amor infinito
do seu coração. Se actualmente o cristianismo se deve caracterizar sobretudo
pela "arte da oração" (Novo millennio
ineunte, 32), como não sentir de novo a necessidade de
permanecer longamente, em diálogo espiritual, adoração silenciosa, atitude de
amor, diante de Cristo presente no Santíssimo Sacramento? Quantas vezes, meus
queridos irmãos e irmãs, fiz esta experiência, recebendo dela força,
consolação, apoio!" (Ecclesia de
Eucharistia, 25).
Trata-se
de uma experiência que foi vigorosamente recomendada pelo Magistério constante
e pelo exemplo de numerosíssimos Santos. O testemunho pessoal do Vigário de
Cristo encoraja todos os sacerdotes, leitores da Carta Encíclica, a fazer com
que se conheçam e se estimem os momentos secretos de graça que derivam da
adoração do Santíssimo Sacramento. Assim, a Eucaristia torna-se um manancial de
contemplação santificadora e fecunda.
A
Eucaristia e o sacerdócio ministerial
O
sacrifício eucarístico tem necessidade absoluta do sacerdócio ministerial. A
Carta Encíclica recorda que, para a celebração eucarística, sem dúvida não é
suficiente o sacerdócio comum. Em conformidade com o Concílio Vaticano II,
"os fiéis, em virtude do seu sacerdócio real, concorrem para a oblação da
Eucaristia", mas é o presbítero ministerial que "realiza o sacrifício
eucarístico na pessoa de Jesus Cristo e o oferece a Deus, em nome de todo o
povo" (Lumen gentium, 10). Este ministério implica a sucessão
apostólica, ou seja, "uma série ininterrupta, desde as origens, de
Ordenações episcopais válidas" (Ecclesia de
Eucharistia, 28). A expressão "in persona Christi"
significa: "Na identificação específica e sacramental com o Sumo e
Eterno Sacerdote, que é o autor e o principal sujeito deste seu próprio
sacrifício em que, na realidade, não pode ser substituído por ninguém".
"A
assembleia que se reúne para a celebração da Eucaristia necessita absolutamente
de um sacerdote ordenado que a ela presida, para poder ser verdadeiramente uma
assembleia eucarística. Por outro lado, a comunidade não é capaz de dotar-se
por si só do ministro ordenado. Este é um dom que ela recebe através da
sucessão episcopal que remonta aos Apóstolos. É o Bispo que constitui, pelo
sacramento da Ordem, um novo presbítero, conferindo-lhe o poder de consagrar a
Eucaristia" (n. 29).
A necessidade
de um ministro ordenado levanta um problema nas relações ecuménicas:
"Embora falte às Comunidades eclesiais de nós separadas afirma o Concílio
Vaticano II (cf. Unitatis redintegratio, 22) a unidade plena connosco,
proveniente do Baptismo, e embora acreditemos que elas não tenham conservado a
genuína e íntegra substância do mistério eucarístico, sobretudo por causa da
falta do sacramento da Ordem, contudo, quando na santa Ceia comemoram a morte e
a ressurreição do Senhor, elas confessam ser significada a vida na comunhão de
Cristo e esperam o seu glorioso advento" (Ecclesia de
Eucharistia, 30).
Portanto,
impõe-se a seguinte regra: "Os fiéis católicos, embora respeitando
as convicções religiosas destes seus irmãos separados, devem abster-se de
participar na comunhão distribuída nas suas celebrações, para não dar o seu
aval a ambiguidades sobre a natureza da Eucaristia e, consequentemente, faltar
à sua obrigação de testemunhar com clareza a verdade" (n. 30).
"De
igual modo, não se pode pensar em substituir a Missa do domingo por celebrações
ecuménicas da Palavra, encontros de oração comum com cristãos pertencentes às
referidas Comunidades eclesiais, ou pela participação no seu serviço
litúrgico" (n. 30).
No seio
das comunidades católicas, a falta de sacerdotes pode chegar a impedir a
celebração eucarística. A Carta Encíclica faz compreender "como é triste e
anómala a situação de uma comunidade cristã que, embora se apresente quanto a
número e variedade de fiéis como uma paróquia, todavia não tem um sacerdote que
a guie... Quando uma comunidade está privada do sacerdote, procura-se
justamente remediar para que de algum modo continuem as celebrações dominicais;
e os religiosos ou os leigos que guiam os seus irmãos e irmãs na oração exercem
de modo louvável o sacerdócio comum de todos os fiéis, baseado na graça do
Baptismo. Mas tais soluções devem ser consideradas provisórias, enquanto a
comunidade espera um sacerdote" (n. 32).
Para esta
situação só existe uma solução: "A deficiência sacramental destas
celebrações deve, antes de mais nada, levar toda a comunidade a rezar mais
fervorosamente ao Senhor para que mande trabalhadores para a sua messe (cf. Mt
9, 38); e estimulá-la a pôr em prática todos os demais elementos
constitutivos de uma adequada pastoral vocacional, sem ceder à tentação de
procurar soluções que passem pela atenuação das qualidades morais e formativas
requeridas nos candidatos ao sacerdócio" (n. 32).
Diante das
comunidades que, por falta de presbíteros, não podem assegurar a Celebração
eucarística, o sacerdote torna-se mais consciente do valor do seu compromisso e
da necessidade da sua presença. Ele deve também estar convencido de que, antes
de mais nada com a oração e com a clarividente adesão à própria identidade
ontológica manifestada logicamente também de forma exterior ele é responsável
pelo nascimento, crescimento e fidelidade das vocações sacerdotais. Através do
seu testemunho de motivada e alegre adesão à sua própria identidade e à sua
acção apostólica, ele pode contribuir para a eficácia da pastoral vocacional;
mesmo que outros se dediquem a esta pastoral, cada sacerdote tem o dever de favorecer
pessoalmente a multiplicação das vocações.
A
Eucaristia e a comunhão eclesial
Num
capítulo especial, a Carta Encíclica desenvolve o tema da comunhão eclesial.
Trata-se de um tema central, porque toda a finalidade deste documento consiste
em realçar a contribuição da Eucaristia para a edificação e o crescimento da
Igreja. A comunhão que caracteriza a Igreja deve ser compreendida no seu
significado mais profundo: "Enquanto durar a sua peregrinação aqui
na terra, a Igreja é chamada a conservar e promover tanto a comunhão com a
Trindade divina como a comunhão entre os fiéis" (n. 34). "Daí que a
Eucaristia se apresente como o sacramento culminante para levar à perfeição a
comunhão com Deus Pai através da identificação com o seu Filho Unigénito por
obra do Espírito Santo" (n. 34). "Deus une-se connosco pela união
mais perfeita" (n. 34). Precisamente por este motivo, é oportuno cultivar
na alma o constante desejo do Sacramento eucarístico.
A comunhão
eclesial da assembleia eucarística é comunhão com o próprio Bispo, princípio
visível e fundamento da unidade na sua Igreja particular; é também comunhão com
o Pontífice Romano, e podemos acrescentar também: com a Ordem episcopal,
com todo o clero e com todo o povo (cf. n. 39).
Entre as consequências desta comunhão, devemos observar uma abertura mais ampla
no campo ecuménico, devita ao facto de que os Irmãos orientais estão mais
próximos da Igreja católica. Quando pedem espontaneamente para receber a
Eucaristia do ministro católico e estão bem dispostos, o seu pedido deve ser
acolhido com a possibilidade da reciprocidade.
"É
motivo de alegria afirma a Carta Encíclica Ut unum sint lembrar que os
ministros católicos podem, em determinados casos particulares, administrar os
sacramentos da Eucaristia, da Penitência e da Unção dos Enfermos a outros
cristãos que não estão em plena comunhão com a Igreja Católica..." (n.
46), e isto de maneira recíproca.
Esta
disposição não tem como objectivo realizar uma intercomunhão, mas ir ao
encontro de uma grave necessidade espiritual, para a salvação eterna de cada um
dos fiéis. Seria suficiente que houvesse um acordo sobre as doutrinas da Igreja
e da Eucaristia.
Com a
fé de Maria
Não
podemos admirar-nos se, no termo da Carta Encíclica, o Papa orienta o nosso
olhar para a Bem-Aventurada Virgem Maria.
Se a
Eucaristia é o mistério da fé, este mistério foi proposto à fé pela
Bem-Aventurada Virgem e recebeu da sua parte o acolhimento mais perfeito.
Compartilhando a sua fé connosco, sacerdotes, Maria Santíssima ajuda-nos a
assumir a nossa responsabilidade na difusão da Eucaristia pela vida da Igreja,
enquanto nos exorta: "Fazei aquilo que Ele vos disser" (Jo 2,
5).