Os Padres da Igreja
Chamamos de “Padres da Igreja” (Patrística) aqueles grandes homens da Igreja,
aproximadamente do século II ao século VII, que foram no oriente e no ocidente
como que “Pais” da Igreja, no sentido de que foram eles que firmaram os conceitos
da nossa fé, enfrentaram muitas heresias e, de certa forma foram responsáveis
pelo que chamamos hoje de Tradição da Igreja; sem dúvida, são a sua fonte mais
rica.
Certa vez disse o Cardeal Henri de Lubac: “Todas as vezes que, no Ocidente tem
florescido alguma renovação, tanto na ordem do pensamento como na ordem da vida
– ambas estão sempre ligadas uma à outra – tal renovação tem surgido sob o
signo dos Padres”. Gostaria de apresentar aqui ao menos uma relação, ainda que
incompleta, desses gigantes da fé e da Igreja, que souberam fixar para sempre o
que Jesus nos deixou através dos Apóstolos.
Em seguida, vamos estudar um pouco daquilo que eles disseram e escreveram, a
fim de que possamos melhor conhecer a Tradição. Alguns foram Papas, nem todos;
a maioria foi bispo, mas há diáconos, presbíteros e até leigos. Entre eles
muitos foram titulados de Doutor da Igreja, sempre por algum Papa, por terem
ensinado de maneira extraordinária os dogmas e verdades da nossa fé. Ao todo os
Doutores da Igreja até hoje são 33; 30 homens e 3 mulheres, mas nem todos da
época da Patrística.
S. Clemente de Roma (†102),Papa (88´97)
Santo Inácio de Antioquia (†110)
Aristides de Atenas (†130)
São Policarpo de Esmira (†156)
Pastor de Hermas (†160)
Aristides de Atenas (†160)
S. Hipólito de Roma (160´235)
São Justino (†165)
Militão de Sardes (†177)
Atenágoras (†180)
S. Teófilo de Antioquia (†181)
Orígenes de Alexandria (184´254)
Santo Ireneu (†202)
Tertuliano de Cartago (†220)
S. Clemente de Alexandria (†215)
Metódio de Olimpo (Sec.III)
S. Cipriano de Cartago (210´258)
Novaciano (†257)
S. Atanásio (295 ´373), Alexandria
S. Efrém ´ (306 ´ 373), diácono, Mesopotânia
S. Hilário de Poitiers ´ (310 ´ 367) ´ bispo
S. Cirilo de Jerusalém ´ (315 ´ 386) ´ bispo
S. Basílio Magno (330 ´ 369) ´ bispo, Cesaréia
S. Gregório Nazianzeno ´ (330 ´ 379), bispo
S. Ambrósio ´ (340 ´ 397), bispo, Treves ´ Itália
Eusébio de Cesaréia (340)
S. Gregório de Nissa (340)
Prudêncio (384´405)
S. Jerônimo ( 348 ´ 420), presbítero Strido, Itália
S. João Cassiano (360´407)
S. João Crisóstomo ´ (349 ´ 407), bispo
S. Agostinho ´ (354 ´ 430), bispo
Santo Efrém (†373)
Santo Epifânio (†403)
S. Cirilo de Alexandria (370 ´ 442), bispo
S. Pedro Crisólogo ´ (380 ´ 451), bispo, Itália
S. Leão Magno´(400 ´ 461), papa Toscana, Itália
S. Paulino de Nola (†431) Sedúlio (sec V)
S. Vicente de Lerins (†450)
S. Pedro Crisólogo (†450)
S. Bento de Núrcia (480´547)
S.Venâncio Fortunato (530´600)
S. Ildefonso de Toledo (617´667)
S. Máximo Confessor (580´662)
S. Gregório Magno (540´604), Papa
S. Ildefonso de Sevilha (†636)
S. João Damasceno (675´749), bispo, Damasco.
Neste capítulo vamos apresentar um pouco daquilo que esses grandes Padres da
Igreja escreveram; isto nos ajudará a compreender melhor o que é a Sagrada
Tradição da Igreja. Veremos de onde vem a fonte de tudo aquilo que cremos e
vivemos na Igreja Católica.
É interessante notar que hoje muitos pastores protestantes estão se convertendo
ao Catolicismo. A Revista americana “Sursum Corda!” Special Edition 1996
informa que nos últimos dez anos cerca de cincoenta pastores americanos se
converteram, sendo que muitos outros estão a caminho da Igreja Católica. As
três causas mais frequentes apontadas por eles são:
1 ´ o subjetivismo doutrinário que reina entre as várias denominações
protestantes, em consequência do princípio “a Bíblia como única fonte da fé”, e
do seu “livre exame” por cada crente, o que dá margem a muitas interpretações
diferentes para uma mesma questão de fé e de moral;
2´ o re´estudo dos escritos dos Santos Padres, aqueles que contribuíram
decididamente para a formulação correta da doutrina católica: a Santíssima
Trindade, Jesus Cristo, a Igreja, os Sacramentos, a graça, etc..., e que vão
desde os apóstolos até S. Gregório Magno (†604) no Ocidente, e até S. João
Damasceno (†749) no Oriente;
3 ´ a definição do Cânon da Bíblia, isto é dos seus livros, que não é deduzida
da própria Bíblia, mas da Tradição oral da Igreja. É a Igreja que abona a
Bíblia e não o contrário. A análise profunda desses pontos têm mostrado a
muitos pastores os enganos do protestantismo (PR, n.419, abril de 97, pp.146 a
160).
Vamos apresentar a seguir uma síntese dos principais Padres da Igreja:
S. Clemente de Roma (†102), Papa (88´97), foi o terceiro sucessor de São Pedro,
nos tempos dos imperadores romanos Domiciano e Trajano (92 a 102). No
depoimento de Santo Ireneu “ele viu os Apóstolos e com eles conversou, tendo
ouvido diretamente a sua pregação e ensinamento”. (Contra as heresias)
Santo Inácio de Antioquia (†110) ´ foi o terceiro bispo da importante
comunidade de Antioquia, fundada por São Pedro. Conheceu pessoalmente São Paulo
e São João. Sob o imperador Trajano, foi preso e conduzido a Roma onde morreu
nos dentes dos leões no Coliseu. A caminho de Roma escreveu Cartas às igreja de
Éfeso, Magnésia, Trales, Filadélfia, Esmirna e ao bispo S. Policarpo de
Esmirna. Na carta aos esmirnenses, aparece pela primeira vez a expressão
“Igreja Católica”.
Aristides de Atenas († 130) ´ foi um dos primeiros apologistas cristãos;
escreveu a sua Apologia ao imperador romano Adriano, falando da vida dos
cristãos.
São Policarpo (†156) ´ foi bispo de Esmirna, e uma pessoa muito amada.
Conforme escreve Santo Irineu, que foi seu discípulo, Policarpo foi discípulo de
São João Evangelista. No ano 155 estava em Roma com o Papa Niceto tratando de
vários assuntos da Igreja, inclusive a data da Páscoa. Combateu os hereges gnósticos. Foi condenado à
fogueira; o relato do seu martírio, feito por testemunhas oculares, é documento
mais antigo deste gênero (publicado neste livro).
Hermas (†160) ´ era irmão do Papa São Pio I, sob cujo pontificado escreveu a
sua obra Pastor. suas visões de estilo apocalíptico.
Didaquè (ou Doutrina dos Doze Apótolos) ´ é como um antigo catecismo, redigido
entre os anos 90 e 100, na Síria, na Palestina ou em Antioquia. Traz no título
o nome dos doze Apóstolos. Os Padres da Igreja mencionaram´na muitas vezes. Em
1883 foi encontrado um seu manuscrito grego.
São Justino (†165), mártir ´ nasceu em Naplusa, antiga Siquém, em Israel; achou
nos Evangelhos “a única filosofia proveitosa”, filósofo, fundou uma escola em
Roma. Dedicou a sua Apologias ao Imperador romano Antonino Pio, no ano 150,
defendendo os cristãos; foi martirizado em Roma.
Santo Hipólito de Roma (160´235) ´ discípulo de Santo Ireneu (140´202), foi
célebre na Igreja de Roma, onde Orígenes o ouviu pregar. Morreu mártir.
Escreveu contra os hereges, compôs textos litúrgicos, escreveu a Tradição
Apostólica onde retrata os costumes da Igreja no século III: ordenações,
catecumenato, batismo e confirmação, jejuns, ágapes, eucaristia, ofícios e
horas de oração, sepultamento, etc.
Melitão de Sardes (†177) ´ foi bispo de Sardes, na Lídia, um dos grandes
luminares da Ásia Menor. Escreveu a Apologia, dirigida ao imperador Marco
Aurélio.
Atenágoras (†180) ´ era filósofo em Atenas, Grécia, autor da Súplica pelos
Cristãos, apologia oferecida em tom respeitoso ao imperador Marco Aurélio e seu
filho Cômodo; escreveu também o tratado sobre A Ressurreição dos mortos, foi
grande apologista.
São Teófilo de Antioquia (†após 181) ´ nasceu na Mesopotâmia, converteu´se ao
cristianismo já adulto, tornou´se bispo de Antioquia. Apologista, compôs três
livros, a Autólico.
Santo Ireneu (†202) ´ nasceu na Ásia Menor, foi discípulo de São Policarpo
(discípulo de S. João), foi bispo de Lião, na Gália (hoje França). Combateu
eficazmente o gnosticismo em sua obra Adversus Haereses (Refutação da Falsa
Gnose) e a Demonstração da Preparação Apostólica.
Segundo São Gregório de Tours (†594), S. Ireneu morreu mártir. É considerado o
“príncipe dos teólogos cristãos”. Salienta nos seus escritos a importância da
Tradição oral da Igreja, o primado da Igreja de Roma (fundada por Pedro e
Paulo).
Santo Hilário de Poitiers (316´367), doutor da Igreja, foi bispo de Poitiers,
combateu o arianismo, foi exilado pelo imperador Constâncio, escreveu a obra
Sobre a Santíssima Trindade.
São Clemente de Alexandria (†215) ´ Seu nome é Tito Flávio Clemente, nasceu em
Atenas por volta de 150. Viajou pela Itália, Síria, Palestina e fixou´se em
Alexandria. Durante a perseguição de Setímio Severo (203), deixou o Egito, indo
para a Ásia Menor, onde morreu em 215. Seu grande trabalho foi tentar a aliança
do pensamento grego com a fé cristã. Dizia: “Como a lei formou os hebreus, a
filosofia formou os gregos para Cristo”.
Orígenes (184´254) ´ Nasceu em Alexandria, Egito; seu pai Leônidas morreu
martirizado em 202. Também desejava o mártirio; escreveu ao pai na prisão: “não
vás mudar de idéia por causa de nós”. Em 203 foi colocado à frente da escola
catequética de Alexandria pelo bispo Demétrio. Em 212 esteve em Roma, Grécia e
Palestina. A mãe do imperador Alexandre Severo, Júlia Mammae, chamou´o a
Antioquia para ouvir suas lições. Morreu em Cesaréia durante a perseguição do
imperador Décio.
Tertuliano (†220) de Cartago, norte da África, culto, era advogado em Roma
quando em 195 se converteu ao Cristianismo, passando a servir a Igreja de
Cartago como catequista. Combateu as heresias do gnosticismo, mas se
desentendeu com a Igreja Católica. É autor das frases: “Vede como se amam” e “
O sangue dos mártires era semente de novos cristãos”.
São Cipriano (†258) ´ Cecílio Cipriano nasceu em Cartago, foi bispo e
primaz da África Latina. Era
casado. Foi perseguido no tempo do imperador Décio, em 250, morreu mártir em
258. Escreveu a bela obra Sobre a unidade da Igreja Católica. Na obra De
Lapsis, sobre os que apostataram na perseguição, narra ao vivo o drama sofrido
pelos cristãos, a força de uns, o fracasso de outros. Escreveu ainda a obra
Sobre a Oração do Senhor, sobre o Pai Nosso.
Eusébio de Cesaréia (260´339) ´ bispo, foi o primeiro historiador da Igreja.
Nasceu na Palestina, em Cesaréia, discípulo aí de Orígenes. Escreveu a sua
Crônica e a História Eclesiástica, além de A Preparação e a Demonstração
Evangélicas. Foi perseguido por Dioclesiano, imperador romano.
Santo Atanásio (295´373) ´ doutor da Igreja, nasceu em Alexandria, jovem ainda
foi viver o monaquismo nos desertos do Egito,onde conheceu o grande Santo
Antão(†376), o “pai dos monges”. Tornou´se diácono da Igreja de Alexandria, e
junto com o seu Bispo Alexandre, se destacou no Concílio de Nicéia (325) no
combate ao arianismo. Tornou´se bispo de Alexandria em 357 e continuou a sua
luta árdua contra o arianismo (Ário negava a divindade de Jesus), o que lhe
valeu sete anos de exílio. São Gregório Nazianzeno disse dele: “O que foi a
cabeleira para Sansão, foi Atanásio para a Igreja.”
Santo Hilário de Poitiers (316´367) ´ doutor da Igreja, nasceu em Poitiers, na
Gália (França); em 350 clero e povo o elegiam bispo, apesar de ser casado.
Organizou a luta dos bispos gauleses contra o arianismo. Foi exilado pelo
imperador Constâncio, na Ásia Menor, voltando para a Gália em 360, fazendo
valer as decisões do Concílio de Nicéia. É chamado o “Atanásio do
Ocidente”.Escreveu as obras Sobre a Fé, Sobre a Santíssima Trindade.
Santo Efrém (†373), doutor da Igreja – é considerado o maior poeta sírio,
chamado de “a cítara do Espírito Santo”. Nasceu em Nísibe, de pais cristãos,
por volta de 306, deve ter participado do Concílio de Nicéia (325), segundo a
tradição, com o seu bispo Tiago. Foi ordenado diácono em 338 e assim ficou até
o fim da vida. Escreveu tratados contra os gnósticos, os arianos e contra o
imperador Juliano, o apóstata. Escreveu belos hinos e louvores a Maria.
São Cirilo de Jerusalém (†386), doutor da Igreja, Bispo de Jerusalém, guardião
da fé professada pela Igreja no Concílio de Nicéia (325). Autor das Catequeses
Mistagógicas, esteve no segundo Concílio Ecumênico, em Constantinopla, em 381.
São Dâmaso (304´384), Papa da Igreja, instruído, de origem espanhola, sucedeu o
Papa Libério que o ordenou diácono; obteve do Imperador Graciano o
reconhecimento jurisdicional do bispo de Roma. Mandou que S. Jerônimo
revesse a versão latina da Bíblia, a Vulgata. Descobriu e ornamentou os túmulos dos mártires
nas catacumbas, para a visita dos peregrinos.
São Basílio Magno (329´379) ´ Bispo e doutor da Igreja, nasceu na Capadócia;
seus irmãos Gregório de Nissa e Pedro, são santos. Foi íntimo amigo de S.
Gregório Nazianzeno; fez´se monge. Em 370 tornou´se bispo de Cesaréia na
Palestina, e metropolita da província da Capadócia. Combateu o arianismo e o
apolinarismo (Apolinário negava que Jesus tinha uma alma humana). Destacou´se
no estudo a Santíssima Trindade (Três Pessoas e uma Essência).
São Gregório Nazianzeno (329´390), doutor da Igreja – nasceu em Naziano, na
Capadócia, era filho do bispo local, que o ordenou padre; foi um dos maiores
oradores cristãos. Foi grande amigo de São Basílio, que o sagrou bispo. Lutou
contra o arianismo. Sua doutrina sobre a Santíssima Trindade o fez ser chamado
de “teólogo”, que o Concílio de Calcedônia confirmou em 481.
São Gregório de Nissa (†394) – foi bispo de Nissa, e depois de Sebaste, irmão
de São Basílio e amigo de São Gregório Nazianzeno. Os três santos brilharam na
Capadócia. Foi poeta e místico; teve grande influência no primeiro Concílio de
Constantinopla (381) que definiu o dogma da SS. Trindade. Combateu o
apolinarismo, macedonismo (Macedônio negava a divindade do Espírito Santo) e
arianismo.
São João Crisóstomo (= boca de ouro) (354´407), doutor da Igreja, é o mais
conhecido dos Padres da Igreja grega. Nasceu em Antioquia. Tornou´se patriarca
de Constantinopla, foi grande pregador. Foi exilado na Armênia por causa da
defesa da fé sã. Foi proclamado pelo papa S. Pio X, padroeiro dos pregadores.
São Cirilo de Alexandria (†444) – Bispo e doutor da Igreja, sobrinho do
patriarca de Alexandria, Teófilo, o substituiu na Sé episcopal em 412. Combateu
vivamente o Nestorianismo (Néstório negava que em Jesus havia uma só Pessoa e
duas naturezas), com o apoio do papa Celestino. Participou do Concílio de Éfeso
(431), que condenou as teses de Nestório. É considerado um dos maiores Padres
da língua grega, e chamado o “Doutor mariano”.
São João Cassiano (360´465) – recebeu formação religiosa em Belém e
viveu no Egito. Foi ordenado
diácono por S. João Crisóstomo, em Constantinopla, e padre pelo papa Inocêncio,
em Roma. Em 415 fundou dois mosteiros em Marselha, um para cada sexo. São Bento
recomendou seus escritos.
São Paulino de Nola (†431) – nasceu na Gália (França), exerceu importantes
cargos civis até ser batizado. Vendeu seus bens, distribuindo o dinheiro aos
pobres, e com sua esposa Terásia passou a viver vida eremítica. Foi ordenado
padre em 394, em 409 bispo de Nola.
São Pedro Crisólogo (=palavra de ouro) (†450) – bispo e doutor da Igreja – foi
bispo de Ravena, Itália. Quando Êutiques, patriarca de Constantinopla pediu o
seu apoio para a sua heresia (monofisismo ´ uma só natureza em Cristo),
respondeu: “Não podemos discutir coisas da fé, sem o consentimento do Bispo de
Roma”. Temos 170 de suas cartas e escritos sobre o Símbolo e o Pai – Nosso.
Santo Ambrósio (†397), doutor da Igreja – nasceu em Tréveris, de nobre família
romana. Com 31 anos governava em Milão as províncias de Emília e Ligúria. Ainda
catecúmeno, foi eleito bispo de Milão, pelo povo, tendo, então recebido o
batismo, a ordem e o episcopado. Foi conselheiro de vários imperadores e
batizou santo Agostinho, cujas pregações ouvia. Deixou obras admiráveis sobre a
fé católica.
São Jerônimo (347´420), “Doutor Bíblico” – nasceu na Dalmácia e educou´se em
Roma; é o mais erudito dos Padres da Igreja latina; sabia o grego, latim e
hebraico. Viveu alguns anos na Palestina como eremita. Em 379 foi ordenado
sacerdote pelo bispo Paulino de Antioquia; foi ouvinte de São Gregório
Nazianzeno e amigo de São Gregório de Nissa. De 382 a 385 foi secretário do
Papa S. Dâmaso, por cuja ordem fez a revisão da versão latina da Bíblia
(Vulgata), em Belém, por 34 anos. Pregava o ideal de santidade entre as
mulheres da nobreza romana (Marcela, Paula e Eustochium) e combatia os maus
costumes do clero. Na figura de São Jerônimo destacam´se a austeridade, o
temperamento forte, o amor a Igreja e à Sé de Pedro.
Santo Epifânio (†403) – Nasceu na Palestina, muito culto, foi superior de uma
comunidade monástica em Eleuterópolis (Judéia) e depois, bispo de Salamina, na
ilha de Chipre. Batalhou muito contra as heresias, especialmente o origenismo.
Santo Agostinho (354´430) ´ Bispo e Doutor da Igreja ´ Nasceu em Tagaste,
Tunísia, filho de Patrício e S. Mônica. Grande teólogo, filósofo, moralista e
apologista. Aprendeu a retórica em Cartago, onde ensinou gramática até os 29
anos de idade, partindo para Roma e Milão onde foi professor de Retórica na
corte do Imperador. Alí se converteu ao cristianismo pelas orações e
lágrimas, de sua mãe Mônica e pelas pregações de S. Ambrósio, bispo de Milão.
Foi batizado por esse bispo em 387. Voltou para a África em veste de penitência
onde foi ordenado sacerdote e depois bispo de Hipona aos 42 anos de idade. Foi
um dos homens mais importantes para a Igreja. Combateu com grande capacidade as
heresias do seu tempo, principalmente o Maniqueismo, o Donatismo e o
Pelagianismo, que desprezava a graça de Deus. Santo Agostinho escreveu muitas
obras e exerceu decisiva influência sobre o desenvolvimento cultural do mundo
ocidental. É chamado de “Doutor da Graça”.
São Leão Magno (400´461) ´ Papa e Doutor da Igreja ´ nasceu em Toscana, foi
educado em Roma. Foi conselheiro sucessivamente dos papas Celestino I (422´432)
e Xisto III (432´440) e foi muito respeitado como teólogo e diplomata.
Participou de grandes problemas da Igreja do seu tempo e pôde travar contato
pessoal e por cartas com Santo Agostinho, São Cirilo de Alexandria e São João
Cassiano, que o descrevia como “ornamento da Igreja e do divino ministério”.
Deixou 96 Sermões e 173 Cartas que chegaram até nós. Participou ativamente na
elaboração dogmática sobre o grave problema tratado no Concílio de Calcedônia,
a condenação da heresia chamada monofisismo. Leão foi o primeiro Papa que
recebeu o título de Magno (grande). Em sua atuação no plano político, a
História registrou e imortalizou duas intervenções de São Leão, respectivamente
junto a Átila, rei dos Hunos, em 452, e junto a Genserico, em 455, bárbaros que
queriam destruir Roma.
São Vicente de Lérins (†450) – Depois de muitos anos de vida mundana se
refugiou no mosteiro de Lérins. Escreveu o seu Commonitorium, “ para descobrir
as fraudes e evitar as armadilhas dos hereges”.
São Bento de Núrcia (480´547) – nasceu em Núrcia, na Úmbria, Itália; estudou
Direito em Roma, quando se consagrou a Deus. Tornou´se superior de várias comunidades
monásticas; tendo fundado no monte Cassino a célebre Abadia local. A sua Regra
dos Mosteiros tornou´se a principal regra de vida dos mosteiros do ocidente,
elogiada pelo papa S. Gregório Magno, usada até hoje. O lema dos seus mosteiros
era “ora et labora”. O Papa Pio XII o chamou de Pai da Europa e Paulo VI
proclamou´o Patrono da Europa, em 24/10/1964.
São Venâncio Fortunato (530´600) – nasceu em Vêneto na Itália, foi para
Poitiers (França). Autor de célebres hinos dedicados à Paixão de Cristo e à
Virgem Maria, até hoje usados na Igreja.
São Gregório Magno (540´604), Papa e doutor da Igreja ´ Nasceu em Roma, de
família nobre. Ainda muito jovem foi primeiro ministro do governo de Roma.
Grande admirador de S. Bento, resolveu transformar suas muitas posses em
mosteiros. O papa Pelágio o enviou como núncio apostólico em Constantinopla até
o ano 585. Foi feito papa em 590. Foi um dos maiores papas que a Igreja já
teve. Bossuet considerava´o “modelo perfeito de como se governa a Igreja”.
Promoveu na liturgia o canto “gregoriano”. Profunda influência exerceram os
seus escritos: Vida de São Bento e Regra Pastoral, usado ainda hoje.
São Máximo, o Confessor (580´662) – nasceu em Constantinopla, foi secretário do
imperador Heráclio, depois foi para o mosteiro de Crisópolis. Lutou contra o
monofisismo e monotelismo, sendo preso, exilado e martirizado por isso. Obteve
a condenação do monotelismo no Concílio de Latrão, em 649.
Santo Ildefonso de Sevilha (†636) – doutor da Igreja. Considerado o último
Padre do ocidente. Bispo de Sevilha, Espanha desde 601. Em 636 dirigiu o IV
Sínodo de Toledo. Exerceu notável influência na Idade Média com os seus
escritos exegéticos, dogmáticos, ascéticos e litúrgicos.
São João Damasceno (675´749) ´ Bispo e Doutor da Igreja ´ É considerado o
último dos representantes dos Padres gregos. É grande a sua obra literária:
poesia, liturgia, filosofia e apologética. Filho de um alto funcionário do
califa de Damasco, foi companheiro do príncipe Yazid que, mais tarde o promoveu
ao mesmo encargo do pai, ministro das finanças. A um deteminado tempo deixou a
corte do califa e retirou´se para o mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém.
Tornou´se o pregador titular da basílica do Santo Sepulcro. Enfrentou com muita
coragem a heresia dos iconoclastas que condenavam o culto das imagens. Ficaram
famosos os seus Três Discursos a Favor das Imagens Sagradas.