Sobre a Liturgia
Santo Hipólito(160´235) ´ a “eleição e consagração dos bispos”:
“Seja ordenado bispo quem for irrepreensível e tiver sido eleito por todo o
povo. Uma vez designado e aceito por todos, reuna´se o povo juntamente com o
presbitério e os bispos presentes, no domingo. Com o consentimento de todos,
imponham os bispos sobre ele as mãos, permanecendo imóvel o presbítero.
Mantenham´se todos em silêncio, orando em seu coração pela descida do Espírito.
A seguir, um dos bispos presentes, instado por todos, impondo a mão sobre o que
é ordenado bispo, reze dizendo: Deus Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das
misericórdias e Deus de toda a consolação, que habitas as alturas e baixas o
olhar para o que é humilde, tu, que conheces todas as coisas antes de nascerem,
tu que destes as leis da tua Igreja pela palavra da tua graça, elegendo desde o
princípio a raça dos justos de Abraão, constituindo os chefes e os sacerdotes;
tu, que não deixaste sem administração o teu santuário; tu, que desde o início
dos séculos te aprouveste em ser glorificado neste que escolheste, derrama
agora a força que vem de ti ´ o Espírito de chefia que deste a teu Filho
querido, Jesus Cristo, e que Ele concedeu aos santos apóstolos, os quais
constituíram por toda parte a tua Igreja, teu Templo, para glória e louvor
perpétuo do teu nome. Pai, que conheces os corações, concede a este servo que
escolheste para o episcopado, apascentar o teu santo rebanho e desempenhar
irrepreensivelmente diante de ti o primado do sacerdócio, servindo´te noite e
dia. Concede´lhe tornar incessantemente propícia a tua face, oferecer as
oblações da tua santa Igreja e, com o espírito do sacerdócio superior, ter a
faculdade de perdoar os pecados segundo a tua ordem, distribuir os cargos
segundo o teu preceito; dissolver quaisquer laços, segundo o poder que deste
aos apóstolos, ser do teu agrado pela ternura e pureza de coração,
oferecendo´te um perfume agradável, por teu Filho Jesus Cristo, pelo qual a ti
a glória, o poder e a honra ´ ao Pai e ao Filho, com o Espírito Santo na santa
Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém” (Tradição Apostólica, cap
2,3).
SOBRE A EUCARISTIA ´ MISSA
Evidentemente os textos mais importante sobre a presença real do corpo e do
sangue do Senhor Jesus no pão e no vinho consagrados, são os textos dos
Evangelhos (Mt 26,28; Mt 14, 24; Jo 6, 22´71; Mc 14, 22´24; Lc 22,19s; 1 Cor
11,23´26). No ano 56 S. Paulo deixava claro aos coríntios que quem participasse
indignamente da Eucaristia, se tornaria réu “do corpo e do sangue do Senhor” (1
Cor 11, 23´26). E as graves consequências desse pecado, indicadas pelo
Apóstolo, mostram que a Eucaristia não é mero símbolo, mas presença real de
Jesus na hóstia consagrada. “Porventura o cálice de bênção que abençoamos, não
é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é porventura a
comunhão com o corpo e Cristo?”(1Cor 10,16´21). A Tradição da Igreja confirma
esta verdade abundantemente.
Da Didaquè (ou Doutrirna dos Doze Apóstolos):
“Reunidos no dia do Senhor (dominus), parti o pão e daí graças, depois de
confessardes vossos pecados, a fim de que vosso sacrifício seja puro. Quem
tiver divergência com seu companheiro não deve juntar´se a nós antes de se
reconciliar, para que não seja profanado vosso sacrifício, conforme disse o Senhor:
“Que em todo lugar e tempo me seja oferecido um sacrifício puro, pois sou um
rei poderoso, diz o Senhor, e meu nome é admirável entre as nações” (Ml 1, 11).
(n. XIV)
“Quanto à Eucaristia, celebrai´a assim:
Primeiro, sobre o cálice: Damos´te graças, Pai nosso, pela santa videira de
Davi, teu servo, que nos deste a conhecer por Jesus, teu Servo. Glória a ti nos
séculos! Depois sobre o pão partido: Damos´te graças, Pai nosso, pela vida e
pela sabedoria que nos deste a conhecer por Jesus, teu Servo. Glória a ti nos
séculos! Assim como esse pão, outrora disseminado sobre as montanhas, uma vez
ajuntado, se tornou uma só massa, seja também reunida tua Igreja, desde as
extremidades da terra, em teu reino, pois a ti pertence a glória e o poder, por
Jesus Cristo, para sempre. Que ninguém coma ou beba da vossa eucaristia se não
for batizado em nome do Senhor, pois a este respeito disse ele: “Não deis aos
cães o que é santo” .(Mt 7,6)
Depois de vos terdes saciado, dai graças assim:
Nós te damos graças, Pai Santo, pelo teu santo nome que puseste em nossos
corações, e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos deste por meio de
Jesus, teu Servo. Glória a ti nos séculos! Tu, Senhor onipotente, tudo criaste
para honra e glória do teu nome; e deste alimento e bebida aos homens, para seu
desfrute; a nós porém, deste um alimento e uma bebida espirituais e a vida
eterna, por meio do teu Servo. Assim, antes de tudo, damos´te graças porque és
poderoso. Glória a ti nos séculos! Lembra´te Senhor, de livrar do mal a tua
Igreja, e de torná´la perfeita em teu amor. Congrega´a dos quatro ventos,
santificada no reino que lhe preparaste, pois a ti pertence o poder e a glória,
para sempre! Hosana ao Deus de Davi! Se alguém é santo, aproxime´se; se alguém
não é, converta´se! Maranathá. Amém. Quanto aos profetas, deixai´os render
graças o quanto quiserem. (n.10)
Santo Inácio de Antioquia (†102), bispo e mártir:
“Esforçai´vos, portanto, por vos reunir mais frequentemente, para celebrar a
eucaristia de Deus e o seu louvor. Pois quando realizais frequentes reuniões,
são aniquiladas as forças de Satanás e se desfaz seu malefício por vossa união
na fé. Nada há melhor do que a paz, pela qual cessa a guerra das potências
celestes e terrestres.” (Carta aos Efésios)
São Justino (†165), mártir:
“Terminadas as orações, damos mutuamente o ósculo da paz. Apresenta´se, então,
a quem preside aos irmãos, pão e um vaso de água e vinho, e ele tomando´os dá
louvores e glória ao Pai do universo pelo nome de seu Filho e pelo Espírito
Santo, e pronuncia uma longa ação de graças em razão dos dons que dele nos vêm.
Quando o presidente termina as orações e a ação de graças, o povo presente
aclama dizendo: Amém... Uma vez dadas as graças e feita a aclamação pelo povo,
os que entre nós se chamam diáconos oferecem a cada um dos assistentes parte do
pão, do vinho, da água, sobre os quais se disse a ação de graças, e levam´na
aos ausentes. Este alimento se chama entre nós Eucaristia, não sendo lícito
participar dele senão ao que crê ser verdadeiro o que foi ensinado por nós e já
se tiver lavado no banho [batismo] da remissão dos pecados e da regeneração,
professando o que Cristo nos ensinou. Porque não tomamos estas coisas como pão
e bebida comuns, mas da mesma forma que Jesus Cristo, nosso Senhor, se fez
carne e sangue por nossa salvação, assim também se nos ensinou que por virtude
da oração do Verbo, o alimento sobre o qual foi dita a ação de graças –
alimento de que, por transformação, se nutrem nosso sangue e nossas carnes – é
a carne e o sangue daquele mesmo Jesus encarnado. E foi assim que os Apóstolos,
nas Memórias por eles escritas, chamadas Evangelhos, nos transmitiram ter´lhe
sido ordenado fazer, quando Jesus, tomando o pão e dando graças, disse: “Fazei
isto em memória de mim, isto é o meu corpo”. E igualmente, tomando o cálice e
dando graças, disse: “Este é o meu sangue”, o qual somente a eles deu a
participar... No dia que se chama do Sol [domingo] celebra´se uma reunião dos
que moram nas cidades e nos campos e alí se lêem, quanto o tempo permite, as
Memórias dos Apóstolos ou os escritos dos profetas. Assim que o leitor termina,
o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos tais belos exemplos.
Erguemo´nos, então, e elevamos em conjunto as nossas preces, após as quais se
oferecem pão, vinho e água, como já dissemos. O presidente também, na medida de
sua capacidade, faz elevar a Deus suas preces e ações de graças, respondendo
todo o povo “Amém”. Segue´se a distribuição a cada um , dos alimentos
consagrados pela ação de graças, e seu envio aos doentes, por meio dos
diáconos. Os que têm, e querem, dão o que lhes parece, conforme sua livre
determinação, sendo a coleta entregue ao presidente, que assim auxilia os
órfãos e viúvas, os enfermos, os pobres, os encarcerados, os forasteiros, constituíndo´se,
numa palavra, o provedor de quantos se acham em necessidade.”(Apologias)
Santo Ireneu (140´202)
“Dado que nós seus membros [de Cristo], nos alimentamos de coisas criadas, (as
quais, aliás, ele mesmo nos oferece ...), também quis fosse seu sangue o cálice
de vinho, extraído da Criação, para com ele robustecer nosso sangue; quis fosse
seu corpo o pão, também proveniente da Criação, para com ele robustecer nossos
corpos. Se, pois, a mistura do cálice e pão recebem a palavra de Deus tornando´se
a Eucaristia do sangue e do corpo de Cristo, pelos quais cresce e se fortifica
a substância de nossa carne, como se haverá de negar à carne, assim nutrida com
o corpo e sangue de Cristo, e feita membro do seu corpo, a aptidão de receber o
dom de Deus, a vida eterna? Assim como a muda da videira, depositada na terra,
depois frutifica, e o grão de trigo, caído no solo e destruído, ressurge
multiplicado pela ação do Espírito de Deus que tudo sustém; e em seguida pela
arte dos homens se fazem dessas coisas vinho e pão, que pela palavra de Deus se
tornam a Eucaristia, corpo e sangue de Cristo; assim também nossos corpos,
alimentados com a Eucaristia, ao serem depositados na terra e aí destruídos,
vão ressurgir um dia para a glória do Pai, quando a palavra de Deus lhes der a
ressurreição. O Pai reveste de imortalidade o que é mortal, dá gratuitamente a
incorrupção ao que é corruptível, pois o poder de Deus se manifesta na
fragilidade.”(Contra as heresias, lv 5, cap. 2, 18,19,20).
Santo Hipólito de Roma (160´235):
“Logo que se tenha tornado bispo, ofereçam´lhe todos o ósculo da paz,
saudando´o por ter se tornado digno. Apresentem´lhe os diáconos a oblação e
ele, impondo as mãos sobre ela, dando graças com todo o presbiterium, diga: O
Senhor esteja convosco. Respondam todos: E com o teu espírito. ´ Corações ao
alto! ´ Já os oferecemos ao Senhor. ´ Demos graças ao Senhor. ´ É digno e
justo. E prossiga a seguir: Graças te damos, Deus, pelo teu Filho querido,
Jesus Cristo, que nos últimos tempos nos enviastes, Salvador e Redentor,
mensageiro da tua vontade, que é o teu Verbo inseparável, por meio do qual
fizestes todas as coisas e que, porque foi do teu agrado, enviaste do Céu ao
seio de uma Virgem; que, aí encerrado, tomou um corpo e revelou´se teu Filho,
nascido do Espírito Santo e da Virgem. Que, cumprindo a tua vontade – e obtendo
para ti um povo santo – ergueu as mãos enquanto sofria para salvar do
sofrimento os que confiaram em ti. Que, enquanto era entregue à voluntária
Paixão para destruir a morte, fazer em pedaços as cadeias do demônio, esmagar
os poderes do mal, iluminar os justos, estabelecer a Lei e dar a conhecer a
Ressurreição, tomou o pão e deu graças a ti, dizendo: Tomai, comei, isto é o
meu Corpo que por vós será destruído; tomou, igualmente, o cálice, dizendo:
Este é o meu Sangue, que por vós será derramado. Quando fizerdes isto,
fá´lo´eis em minha memória. Por isso, nós que nos lembramos de sua morte e
Ressurreição, oferecemos´te o pão e o cálice, dando´te graças porque nos
considerastes dignos de estar diante de ti e de servir´te. E te pedimos que
envies o Espírito Santo à Oblação da santa Igreja: reunindo em um só rebanho
todos os fiéis que recebemos a Eucaristia na plenitude do Espírito Santo para o
fortalecimento da nossa fé na verdade, concede que te louvemos e glorifiquemos,
pelo teu Filho Jesus Cristo, pelo qual a ti a glória e a honra – ao Pai e ao
Filho, com o Espírito Santo na tua santa Igreja, agora e pelos séculos dos
séculos. Amém. (Tradição Apostólica)
Santo Hilário de Poitiers (316´367):
“Ele mesmo diz: “Minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue é
verdadeiramente bebida. Quem come da minha carne e bebe do meu sangue,
fica em mim e eu nele”(Jo 6,56). Quanto à verdade da carne e do sangue, não há
lugar para dúvida; é verdadeiramente carne e verdadeiramente sangue, como vemos
pela própria declaração do Senhor e por nossa fé em suas palavras. Esta carne, uma vez comida, e este
sangue, bebido, fazem que sejamos também nós um em Cristo, e o Cristo em nós.
Não é isto verdade? Não o será para os que negam ser Jesus Cristo verdadeiro
Deus! Ele está, pois, em nós por sua carne, e nós nele, e ao mesmo tempo o que
nós somos está com Ele em Deus. ...Ele está em nós pelo mistério dos
sacramentos, como está no Pai pela natureza da sua divindade, e nós nele pela
sua natureza corporal. Ensina´se, portanto, que pelo nosso Mediador se consuma
a unidade perfeita, pois enquanto nós permanecemos nele, ele permanece no Pai,
e, sem deixar de permanecer no Pai, permanece também em nós, e assim nós subimos
até à unidade do Pai. Ele está no Pai, fisicamente, segundo a origem de sua
eterna natividade, e nós estamos nele, fisicamente, enquanto também está em nós
fisicamente.”(Sobre a Santíssima Trindade).
São Cirilo de Jerusalém (†386):
“Quanto a mim, recebi do Senhor o que também vos transmiti” etc. (1Cor 11,23).
Esta doutrina de São Paulo é bastante para produzir plena certeza sobre os
divinos mistérios pelas quais obtendes a dignidade de vos tornardes
concorpóreos e consanguíneos de Cristo. Quando, pois, ele mesmo declarou do
pão: “isto é o meu corpo”, quem ousará duvidar? E quando ele asseverou
categoricamente: “isto é o meu sangue”, quem ainda terá dúvida, dizendo que não
é? Outrora, em Caná da Galiléia, por sua vontade, mudara a água em vinho, e não
seria também digno de fé, ao mudar o vinho em sangue?... É, portanto, com toda
a segurança que participamos de certo modo do corpo e sangue de Cristo: em
figura de pão é deveras o corpo que te é dado, e em figura de vinho o sangue,
para que, participando do corpo e sangue de Cristo, te tornes concorpóreo e
consanguíneo dele. Passamos a ser assim Cristóforos, isto é, portadores de
Cristo, cujo corpo e sangue se difundem por nossos membros. E então, como diz
S.Pedro, “participamos da natureza divina”(2Pe 1,4). Não trates, por isso, como
simples pão e vinho a este pão e vinho, pois, são, respectivamente, corpo e
sangue de Cristo, consoante a afirmação do Senhor. E ainda que os sentidos não
o possam sugerir, a fé no´lo deve confirmar com segurança. Não julgues a coisa
pelo paladar. Antes pela fé, enche´te de confiança, não duvidando de que foste
julgado digno do corpo e sangue de Cristo. Ao te aproximares, não o faças com
as mãos estendidas nem com os dedos separados. Faze com a esquerda como um
trono na qual se assente a direita, que vai conter o Rei. E, no côncavo da
palma, recebe o Corpo de Cristo, respondendo: “Amém”. Com segurança, então,
depois de santificados teus olhos pelo contato do santo corpo, recebe´o,
cuidando para nada perderes... Depois, aguardando a oração, dá graças a Deus
que te fez digno de tão grandes mistérios. Conservai invioláveis estas
tradições, guardai´as sem falha.” (Catequeses Mistagógicas). Nota: A Tradição
da Igreja nos mostra que os primeiros cristãos que na celebração da Eucaristia,
torna´se presente a própria oblação de Cristo ao Pai feita no Calvário. É
importantíssimo entender que não se trata de uma repetição ou multiplicação do
sacrifício do Calvário, pois Jesus se imolou uma vez por todas (Hb 4, 14; 7,
27; 9, 12.25s. 28; 10, 12.14). A Ceia “torna presente” através dos tempos o
único sacrifício de Cristo, para que possamos participar dele e sermos salvos.
O corpo e o sangue de Jesus estão presentes na Eucaristia não de qualquer modo,
mas como “vítima”; pois estão corpo e sangue separados sobre o altar, como no
sacrifício das vítimas do Sinai que selou a Antiga Aliança (Ex 24,6´8). Assim
diziam os santos Padres: S. João Crisóstomo, bispo de Constantinopla (†403):
“Sacrificamos todos os dias fazendo memória da morte de Cristo”(In Hebr 17,3).
Teodoreto de Ciro (†460): “É manifesto que não oferecemos outros sacrifícios
senão Cristo, mas fazemos aquela única e salutífera comemoração” (In Hebr.
8,4). S. Leão Magno (400´461), Papa e doutor da Igreja: “Talvez digas: é meu
pão de cada dia. Mas este pão é pão antes das palavras sacramentais; desde que
sobrevenha a consagração, a partir do pão se faz a carne de Cristo. Passemos
então provar esta verdade. Como pode aquilo que é pão ser corpo de Cristo? Com
que termos então se faz a consagração e com as palavras de quem? Do Senhor
Jesus. Efetivamente tudo o que foi dito antes é dito pelo sacerdote... Quando
se chega a produzir o venerável sacramento, o Sacerdote já não usa suas
próprias palavras, mas serve´se das palavras de Cristo. É, pois, a palavra de
Cristo que produz este sacramento. Qual é esta palavra de Cristo? É aquela pela
qual todas as coisas foram feitas. O Senhor deu ordem e se fez o céu. O Senhor
deu ordem e se fez a terra. O Senhor deu ordem e se fez os mares. O Senhor deu
ordem e todas as criaturas foram geradas. Percebes, pois, quanto é eficaz a
palavra de Cristo. Se, pois, existe tamanha força na Palavra do Senhor Jesus, a
ponto de começarem as coisas que não existiam, quanto mais eficaz não deve ser
para que continuem a existir as que eram, e sejam mudadas em outra coisa?
Assim, pois, para dar´te uma resposta, antes da consagração não era o corpo de
Cristo, mas após a consagração, posso afirmar´te que já é o corpo de Cristo.
Não é, pois, sem motivo que tu dizes: Amém, reconhecendo já, em espírito, que
recebes o corpo de Cristo. Quando te apresentas para pedi´lo, o sacerdote te
diz: “Corpo de Cristo”. E tu responde: Amém, quer dizer, é verdade. Aquilo que
a língua confesse, conserve´o o afeto. No entanto, para saberes: é este o sacramento,
precedido pela figura.” (Os Sacramentos e os Mistérios, Lv 4, 4´6, Ed. Vozes,
pag. 50´55)