CATECISMO
DA
IGREJA CATÓLICA
Compêndio
© Copyright 2005 - Libreria Editrice Vaticana
Para a aprovação e publicação
do Compêndio
do Catecismo da Igreja Católica
Aos Veneráveis Irmãos Cardeais,
Patriarcas, Arcebispos, Bispos,
Presbíteros, Diáconos e a todos os Membros do Povo de Deus
Há já vinte anos que se iniciou a
elaboração do Catecismo da Igreja Católica, pedido pela Assembleia
Extraordinária do Sínodo dos Bispos, por ocasião do vigésimo aniversário do
encerramento do Concílio Vaticano II.
Agradeço muito a Deus Nosso Senhor
por ter dado à Igreja tal Catecismo, promulgado, em 1992, pelo meu venerado e
amado Predecessor, o Papa João Paulo II.
A utilidade e preciosidade deste dom
obteve confirmação, antes de mais, na positiva e larga recepção por parte do
episcopado, ao qual primeiramente se dirigia, sendo aceite como texto de
referência segura e autêntica em ordem ao ensino da doutrina católica e à
elaboração dos catecismos locais. Foi também confirmado por todas as
componentes do Povo de Deus que o puderam conhecer e apreciar nas mais de
cinquenta línguas, em que até agora foi traduzido.
Agora com grande alegria aprovo e
promulgo o Compêndio de tal Catecismo.
Ele tinha sido intensamente desejado
pelos participantes no Congresso Internacional de Catequese de Outubro de 2002,
que, deste modo, se fizeram intérpretes duma exigência muito difundida na
Igreja. Para acolher este desejo, o meu saudoso Predecessor, em Fevereiro de
2003, decidiu a sua preparação, confiando a sua redacção a uma Comissão
restrita de Cardeais, presidida por mim, apoiada pela colaboração de alguns
especialistas. No decorrer dos trabalhos, um projecto do Compêndio foi
submetido à apreciação de todos os Eminentíssimos Cardeais e dos Presidentes
das Conferências Episcopais, que, na sua grande maioria, o acolheram e
apreciaram positivamente.
O Compêndio, que agora
apresento à Igreja universal, é uma síntese fiel e segura do Catecismo da
Igreja Católica. Ele contém, de maneira concisa, todos os elementos
essenciais e fundamentais da fé da Igreja, de forma a constituir, como desejara
o meu Predecessor, uma espécie de vademecum, que permita às pessoas, aos
crentes e não crentes, abraçar, numa visão de conjunto, todo o panorama da fé
católica.
Ele espelha fielmente na estrutura,
nos conteúdos e na linguagem o Catecismo da Igreja Católica, que
encontrará nesta síntese uma ajuda e um estímulo para ser mais conhecido e
aprofundado.
Em primeiro lugar, confio
esperançoso este Compêndio a toda a Igreja e a cada cristão para que, graças a
ele, se encontre, neste terceiro milénio, novo impulso no renovado empenhamento
de evangelização e de educação na fé, que deve caracterizar cada comunidade
eclesial e cada crente em Cristo, em qualquer idade e nação.
Mas este Compêndio, pela sua
brevidade, clareza e integridade, dirige-se a todas as pessoas, que, num mundo
caracterizado pela dispersão e pelas múltiplas mensagens, desejam conhecer o
Caminho da Vida, a Verdade, confiada por Deus à Igreja do Seu Filho.
Lendo este instrumento autorizado
que é o Compêndio, possa cada um, em especial graças à intercessão de
Maria Santíssima, a Mãe de Cristo e da Igreja, reconhecer e acolher cada vez
mais a beleza inexaurível, a unicidade e actualidade do Dom por excelência que
Deus concedeu à humanidade: o Seu único Filho, Jesus Cristo, que é «o Caminho,
a Verdade e a Vida» (Jo 14, 6).
Dado aos 28 de Junho de 2005,
vigília da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, ano primeiro de Pontificado.
BENEDICTUS
PP XVI
1. No dia 11 de Outubro de 1992, o
Papa João Paulo II entregava aos fiéis de todo o mundo o Catecismo da Igreja
Católica, apresentando-o como «texto de referência» (1) para uma catequese renovada nas fontes vivas
da fé. A trinta anos da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965),
completava-se assim o desejo expresso em 1985 pela Assembleia Extraordinária do
Sínodo dos Bispos, para que fosse composto um catecismo de toda a doutrina
católica quer no tocante à fé quer no que se refere à moral.
Cinco anos depois, a 15 de Agosto de
1997, ao promulgar a edição típica do Catecismo da Igreja Católica, o Sumo
Pontífice confirmava a finalidade fundamental da obra: «Apresenta-se como
exposição completa e íntegra da doutrina católica, que permite a todos conhecer
o que a mesma Igreja professa, celebra, vive, reza na sua vida quotidiana» (2).
2. Para uma maior valorização do
Catecismo e vir ao encontro dum pedido que surgiu no Congresso Internacional de
Catequese em 2002, João Paulo II instituiu, em 2003, uma Comissão especial,
presidida pelo Card. Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação da Doutrina da
Fé, em ordem à elaboração dum Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, como
formulação sintetizada dos conteúdos da fé. Após dois anos de trabalho, foi
preparado um projecto de compêndio, que foi enviado para apreciação aos
Cardeais e aos Presidentes das Conferências Episcopais. O projecto recebeu, em
geral, uma apreciação positiva por parte da maioria absoluta de quantos
responderam. Tendo em conta as propostas de melhoramento que chegaram, a
Comissão procedeu à revisão do projecto e preparou o texto final da obra.
3. São três as características
principais do Compêndio: a estrita dependência do Catecismo da Igreja Católica;
o género dialoga]; a utilização das imagens na catequese.
Antes de mais, o Compêndio não é uma
obra autónoma, pois não pretende, de modo nenhum, substituir o Catecismo da
Igreja Católica: pelo contrário. remete continuamente para ele, quer mediante a
indicação, ponto por ponto, dos números a que se refere, quer através da contínua
referência à estrutura, ao desenvolvimento e aos seus conteúdos. Além disso o
Compêndio pretende despertar um renovado interesse e fervor em relação ao
Catecismo, que, com a sua sábia exposição e a sua unção espiritual, permanece
sempre o texto de base da catequese eclesial de hoje.
Como o Catecismo, também o Compêndio
se divide em quatro partes, de acordo com as leis fundamentais da vida em
Cristo.
A primeira parte, intitulada «A
profissão da fé», é uma síntese adequada da lex credendi, isto é, da fé
professada pela Igreja Católica, retirada do Símbolo Apostólico ilustrado com o
Símbolo Niceno-Constantinopolitano, cuja proclamação constante nas assembleias
cristãs mantém viva a memória das principais verdades da fé.
A segunda parte, intitulada «A
celebração do mistério cristão», apresenta os elementos essenciais da lex
celebrandi. O anúncio do Evangelho encontra a sua resposta privilegiada na
vida sacramental. Nela os fiéis experimentam e testemunham em cada momento da
sua existência a eficácia salvífica do mistério pascal, por meio do qual Cristo
realizou a obra da nossa redenção.
A terceira parte, intitulada «A vida
em Cristo», chama a atenção para a lex vivendi, isto é, para o empenho
que os baptizados têm de manifestar nas sua: atitudes e nas suas opções éticas
de fidelidade à fé professada e celebrada. Os fiéis são chamados pelo Senhor
Jesus a agir de acordo com a sua dignidade de filhos de Deus Pai na caridade do
Espírito Santo.
A quarta parte, intitulada «A oração
cristã», apresenta uma síntese da lex orandi, isto é, da vida de oração.
A exemplo de Jesus, o modelo perfeito do orante, também o cristão é chamado ao
diálogo com Deus na oração, de cuja expressão privilegiada é o Pai-nosso, a
oração que o próprio Jesus nos ensinou.
4. Uma segunda característica do
Compêndio e a sua forma dialogada, que retoma um antigo género literário da
catequese, constando de pergunta e resposta. Trata-se de repropor um diálogo
ideal entre o mestre e o discípulo, mediante uma sequência de interrogações que
envolvem o leitor convidando-o prosseguir na descoberta de aspectos novos da
verdade da fé. O género dialogal concorre também para abreviar notavelmente o
texto, reduzindo-o ao essencial. Isto poderia ajudar a assimilação e a eventual
memorização do conteúdo.
5. A terceira característica reside
nas imagens, que assinalam a organização do Compêndio. Provêm do riquíssimo
património da iconografia cristã. A tradição secular e conciliar diz-nos que
também a imagem é pregação evangélica. Os artistas de todos os tempos
apresentaram à contemplação e à admiração dos fiéis os factos salientes do
mistério da salvação, no esplendor da cor e na perfeição da beleza. Indício de
que, hoje mais do que nunca, na época da imagem, a imagem sagrada pode exprimir
muito mais que a palavra, pois é muito mais eficaz o seu dinamismo de
comunicação e de transmissão da mensagem evangélica.
6. A quarenta anos da conclusão do
Concílio Vaticano II e no ano da Eucaristia, o Compêndio pode constituir um
ulterior subsídio para satisfazer quer a fome de verdade dos fiéis de todas as
idades e condições, quer também a necessidade de quantos, não sendo fiéis, têm
sede de verdade e de justiça. A sua publicação terá lugar na solenidade dos
Santos Apóstolos Pedro e Paulo, colunas da Igreja universal e evangelizadores
exemplares do Evangelho no mundo antigo. Estes apóstolos viveram o que pregaram
e testemunharam a verdade de Cristo até ao martírio. Imitemo-los no seu ardor
missionário e peçamos ao Senhor a fim de que a Igreja siga sempre o ensinamento
dos Apóstolos, dos quais recebeu o primeiro alegre anúncio da fé.
20 de Março de 2005, Domingo de
Ramos.
Joseph
Card. Ratzinger
Presidente da Comissão especial
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1. João Paulo II, Const. Apost. Fidei depositum, 11 de Outubro de 1992.
2. João Paulo II, Carta Apost. Laetamur magnoepre, 15 de Agosto de 1997.
PRIMEIRA
PARTE
PRIMEIRA
SECÇÃO
1. Qual é o desígnio de Deus acerca
do homem?
1 – 25
Deus, infinitamente perfeito e
bem-aventurado em si mesmo, num desígnio de pura bondade, criou livremente o
homem para o tornar participante da sua vida bem-aventurada. Na plenitude dos
tempos, Deus Pai enviou o seu Filho, como Redentor e Salvador dos homens caídos
no pecado, convocando-os à sua Igreja e tornando-os filhos adoptivos por obra
do Espírito Santo e herdeiros da sua eterna bem-aventurança.
CAPÍTULO
PRIMEIRO
30
«És grande, Senhor, e digno de todo
o louvor [...]. Fizeste-nos para Ti e o nosso coração não descansa enquanto não
repousar em Ti» ( S. Agostinho ).
2. Porque é que no homem existe o
desejo de Deus?
27-30
44-45
Ao criar o homem à sua imagem, o
próprio Deus inscreveu no coração humano o desejo de O ver. Mesmo que, muitas
vezes, tal desejo seja ignorado, Deus não cessa de atrair o homem a Si, para
que viva e encontre n’Ele aquela plenitude de verdade e de felicidade, que ele
procura sem descanso. Por natureza e por vocação, o homem é um ser religioso,
capaz de entrar em comunhão com Deus. É este vínculo íntimo e vital com Deus
que confere ao homem a sua dignidade fundamental.
3. Como é que se pode conhecer Deus
apenas com a luz da razão?
31-36
46-47
A partir da criação, isto é, do
mundo e da pessoa humana, o homem pode, só pela razão, conhecer com certeza a
Deus como origem e fim do universo e como sumo bem, verdade e beleza infinita.
4. Basta porém a exclusiva luz da
razão para conhecer Deus?
37-38
Ao conhecer Deus só com a luz da
razão, o homem experimenta muitas dificuldades. Além disso, não pode entrar só
pelas suas próprias forças na intimidade do mistério divino. Por isso é que
Deus o quis iluminar com a sua Revelação não apenas sobre verdades que excedem
o seu entendimento, mas também sobre verdades religiosas e morais que, apesar
de serem por si acessíveis à razão, podem deste modo ser conhecidas por todos,
sem dificuldade, com firme certeza e sem mistura de erro.
5. Como se pode falar de Deus?
39-43
48-49
É possível falar de Deus a todos e
com todos, a partir das perfeições do homem e das outras criaturas, que são um
reflexo, embora limitado, da infinita perfeição de Deus. É, porém, necessário
purificar continuamente a nossa linguagem de tudo o que ela contém de
imaginário e imperfeito, na consciência de que nunca será possível exprimir
plenamente o infinito mistério de Deus.
CAPÍTULO
SEGUNDO
A
REVELAÇÃO DE DEUS
6. O que é que Deus revela ao homem?
50-53
68-69
Deus revela-se ao homem, na sua
bondade e sabedoria. Mediante acontecimentos e palavras, Deus revela-se a Si
mesmo e ao seu desígnio de benevolência, que Ele, desde a eternidade,
preestabeleceu em Cristo a favor dos homens. Tal desígnio consiste em fazer
participar, pela graça do Espírito Santo, todos os homens na vida divina, como
seus filhos adoptivos no seu único Filho.
7. Quais as primeiras etapas da
Revelação de Deus?
54-58
70-71
Deus manifesta-se desde o princípio
aos nossos primeiros pais, Adão e Eva, e convida-os a uma comunhão íntima com
Ele. Após a sua queda, não interrompe a revelação e promete a salvação para
toda a sua descendência. Após o dilúvio, estabelece com Noé uma aliança entre
Ele e todos os seres vivos.
8. Quais as etapas sucessivas da
Revelação de Deus?
59-64
72
Deus escolhe Abrão chamando-o a
deixar a sua terra para fazer dele “o pai duma multidão de povos” (Gn
17,5), e promete abençoar nele “todas as nações da terra” (Gn 12,3). Os
descendentes de Abraão serão o povo eleito, os depositários das promessas
divinas feitas aos patriarcas. Deus forma Israel como seu povo salvando-o da
escravidão do Egipto; conclui com ele a Aliança do Sinai, e dá-lhe a sua Lei,
por meio de Moisés. Os profetas anunciam uma redenção radical do povo e uma
salvação que incluirá todas as nações numa Aliança nova e eterna, que será
gravada nos corações. Do povo de Israel, da descendência do rei David, nascerá
o Messias: Jesus.
9. Qual é a etapa plena e definitiva
da Revelação de Deus?
65-66
73
É aquela realizada no seu Verbo
encarnado, Jesus Cristo, mediador e plenitude da Revelação. Sendo o Filho
Unigénito de Deus feito homem, Ele é a Palavra perfeita e definitiva do Pai.
Com o envio do Filho e o dom do Espírito, a Revelação está, finalmente,
completada, ainda que a fé da Igreja deva recolher todo o seu significado ao
longo dos séculos.
«A partir do momento em que nos deu
o Seu Filho,
que é a Sua única e definitiva Palavra, Deus disse-nos
tudo ao mesmo tempo e duma só vez,
e nada mais tem a acrescentar» (S. João da Cruz).
10. Qual o valor das revelações privadas?
67
Embora não pertençam ao depósito da
fé, elas podem ajudar a viver esta mesma fé, desde que mantenham uma estrita
orientação para Cristo. O Magistério da Igreja, ao qual compete discernir as
revelações privadas, não pode, por isso, aceitar aquelas que pretendem superar
ou corrigir a Revelação definitiva que é Cristo.
A
TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA
11. Porquê e como deve ser
transmitida a Revelação?
74
Deus «quer que todos os homens sejam
salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tm 2,4), isto é, de
Jesus Cristo. Por isso, é necessário que Cristo seja anunciado a todos os
homens, segundo o seu mandamento: «Ide e ensinai todos os povos» (Mt 28,
19). É o que se realiza com a Tradição Apostólica.
12. O que é a Tradição Apostólica?
75-79, 83
96.98
A Tradição Apostólica é a
transmissão da mensagem de Cristo, realizada desde as origens do cristianismo,
mediante a pregação, o testemunho, as instituições, o culto, os escritos
inspirados. Os Apóstolos transmitiram aos seus sucessores, os Bispos, e,
através deles, a todas as gerações até ao fim dos tempos, tudo o que receberam
de Cristo e aprenderam do Espírito Santo.
13. Como se realiza a Tradição
Apostólica?
76
A Tradição Apostólica realiza-se de
duas maneiras: mediante a transmissão viva da Palavra de Deus (chamada também
simplesmente a Tradição) e através da Sagrada Escritura que é o próprio anúncio
da salvação transmitido por escrito.
14. Que relação existe entre a
Tradição e a Sagrada Escritura?
80-82
97
A Tradição e a Sagrada Escritura
estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, ambas tornam
presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo e provêm da mesma fonte
divina: constituem um só sagrado depósito da fé, do qual a Igreja recebe a
certeza acerca de todas as coisas reveladas.
15. A quem é confiado o depósito da
fé?
84, 91
94, 99
O depósito da fé é confiado pelos
Apóstolos a toda a Igreja. Todo o povo de Deus, mediante o sentido sobrenatural
da fé, conduzido pelo Espírito Santo, e guiado pelo Magistério da Igreja,
acolhe a Revelação divina, compreende-a cada vez mais e aplica-a à vida.
16. A quem compete interpretar
autenticamente o depósito da fé?
85-90
100
A interpretação autêntica do
depósito da fé compete exclusivamente ao Magistério vivo da Igreja, isto é, ao
Sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, e aos Bispos em comunhão com ele. Ao
Magistério, que, no serviço da Palavra de Deus, goza do carisma certo da
verdade, compete ainda definir os dogmas, que são formulações das verdades
contidas na Revelação divina; tal autoridade estende-se também às verdades
necessariamente conexas com a Revelação.
17. Que relação existe entre a
Escritura, a Tradição e o Magistério?
95
De tal maneira estão unidos, que
nenhum deles existe sem os outros. Todos juntos contribuem eficazmente, cada um
a seu modo, sob a acção do Espírito Santo, para a salvação dos homens.
A
SAGRADA ESCRITURA
18. Porque é que a Sagrada Escritura
ensina a verdade?
105-108
135-136
Porque o próprio Deus é o autor da
Sagrada Escritura: por isso ela é dita inspirada e ensina sem erro aquelas
verdades que são necessárias para a nossa salvação. Com efeito, o Espírito
Santo inspirou os autores humanos, os quais escreveram aquilo que Ele nos quis
ensinar. No entanto, a fé cristã não é «uma religião do Livro», mas da Palavra
de Deus, que não é «uma palavra escrita e muda, mas o Verbo Encarnado e vivo»
(S. Bernardo de Claraval).
19. Como ler a Sagrada Escritura?
109-119
137
A Sagrada Escritura deve ser lida e
interpretada com a ajuda do Espírito Santo e sob a condução do Magistério da
Igreja segundo três critérios: 1) atenção ao conteúdo e à unidade de toda a
Escritura; 2) leitura da Escritura na Tradição viva da Igreja; 3) respeito pela
analogia da fé, isto é, da coesão entre si das verdades da fé.
20. O que é o cânone das
Escrituras?
120
138
O Cânone das Escrituras é a lista
completa dos escritos sagrados, que a Tradição Apostólica levou a Igreja a
discernir. O Cânone compreende 46 escritos do Antigo Testamento e 27 do Novo.
21. Que importância tem o Antigo
Testamento para os cristãos?
121-123
Os cristãos veneram o Antigo
Testamento como verdadeira Palavra de Deus: todos os seus escritos são
divinamente inspirados e conservam um valor permanente. Eles dão testemunho da
divina pedagogia do amor salvífico de Deus. Foram escritos sobretudo para
preparar o advento de Cristo Salvador do universo.
22. Que importância tem o Novo
Testamento para os cristãos?
124-127
139
O Novo Testamento, cujo objecto
central é Jesus Cristo, entrega-nos a verdade definitiva da Revelação divina.
Nele, os quatro Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, enquanto são o
principal testemunho da vida e da doutrina de Jesus, constituem o coração de
todas as Escrituras e ocupam um lugar único na Igreja.
23. Que unidade existe entre o
Antigo e o Novo Testamento?
128-130
140
A Escritura é una, uma vez que única
é a Palavra de Deus, único é o projecto salvífico de Deus, única a inspiração
divina dos dois Testamentos. O Antigo Testamento prepara o Novo e o Novo dá
cumprimento ao Antigo: os dois iluminam-se mutuamente.
24. Qual a função da Sagrada
Escritura na vida da Igreja?
131-133
141
A Sagrada Escritura dá sustento e
vigor à vida da Igreja. É para os seus filhos firmeza da fé, alimento e fonte
de vida espiritual. É a alma da teologia e da pregação pastoral. Diz o
Salmista: ela é «lâmpada para os meus passos, luz no meu caminho» (Sal
119,105). Por isso, a Igreja exorta à leitura frequente da Sagrada Escritura,
uma vez que «a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo» (S. Jerónimo).
CAPÍTULO
TERCEIRO
EU
CREIO
25. Como responde o homem a Deus que
se revela?
142- 43
Sustentado pela graça divina, o
homem responde a Deus com a obediência da fé, que consiste em confiar-se
completamente a Deus e acolher a sua Verdade, enquanto garantida por Ele que é
a própria Verdade.
26. Na Sagrada Escritura, quais são
os principais testemunhos de obediência da fé?
144-149
Há muitos testemunhos, mas
particularmente dois: Abraão, que, colocado à prova, «teve fé em Deus » (Rm
4,3) e obedeceu sempre ao seu chamamento, tornando-se por isso «pai de todos os
crentes» (Rm 4,11.18 ); e a Virgem Maria, que realizou de modo
mais perfeito, durante toda a sua vida, a obediência da fé: «Fiat mihi
secundum Verbum tuum – Faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,
38).
27. Que significa, de facto, para o
homem crer em Deus?
150-152
176-178
Significa aderir ao próprio Deus,
entregando-se a Ele e dando assentimento a todas as verdades por Ele reveladas,
porque Deus é a verdade. Significa crer num só Deus em três Pessoas:
Pai, Filho e Espírito Santo.
28. Quais as características da fé?
153-165
179-180
183-184
A Fé, dom gratuito de Deus e
acessível a quantos a pedem humildemente, é uma virtude sobrenatural necessária
para a salvação. O acto de fé é um acto humano, isto é, um acto da inteligência
do homem que, sob decisão da vontade movida por Deus, dá livremente o seu
assentimento à verdade divina. Além disso, a fé é certa porque fundada sobre a
Palavra de Deus; é operante «por meio da caridade» (Gal 5,6); é em
contínuo crescimento, graças, em especial, à escuta da Palavra de Deus e à
oração. Ela faz-nos saborear, de antemão, a alegria celeste.
29. Porque não há contradições entre
a fé e a ciência?
159
Embora a fé supere a razão, não
poderá nunca existir contradição entre a fé e a ciência porque ambas têm origem
em Deus. É o mesmo Deus que dá ao homem seja a luz da razão seja a luz da fé.
«Crê para compreender: compreende
para crer» (Santo
Agostinho)
NÓS
CREMOS
30. Porque é que a fé é um acto
pessoal e ao mesmo tempo eclesial?
166-169
181
A fé é um acto pessoal, enquanto
resposta livre do homem a Deus que se revela. Mas é ao mesmo tempo um acto
eclesial, que se exprime na confissão: «Nós cremos». De facto, é a Igreja que crê:
deste modo, ela, com a graça do Espírito Santo, precede, gera e nutre a fé do
indivíduo. Por isso a Igreja é Mãe e Mestra.
«Não pode ter a Deus por Pai quem
não tem a Igreja por Mãe» (S. Cipriano)
31. Porque é que as fórmulas da fé
são importantes?
170-171
As fórmulas da fé são importantes
porque permitem exprimir, assimilar, celebrar e partilhar, juntamente com
outros, as verdades da fé, utilizando uma linguagem comum.
32. De que maneira a fé da Igreja é
uma só?
172-175
182
A Igreja, embora formada por pessoas
de diferentes línguas, culturas e ritos, professa, unânime e a uma só voz, a
única fé, recebida dum só Senhor e transmitida pela única Tradição Apostólica.
Professa um só Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – e manifesta uma única via
de salvação. Portanto, nós acreditamos, num só coração e numa só alma, tudo o
que está contido na Palavra de Deus, transmitida ou escrita, e nos é proposto
pela Igreja como divinamente revelado.
SEGUNDA
SECÇÃO
O
CREDO
Símbolo dos Apóstolos
Creio em Deus, Pai todo-poderoso,
Criador do Céu e da Terra
E em Jesus Cristo, seu único Filho,
nosso Senhor
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo;
nasceu da Virgem Maria;
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado;
desceu à mansão dos mortos;
ressuscitou ao terceiro dia;
subiu aos Céus;
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
de onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo;
na santa Igreja Católica;
na comunhão dos Santos;
na remissão dos pecados;
na ressurreição da carne;
e na vida eterna. Amen
Credo Niceno-Constantinopolitano
Creio em um só Deus, Pai
todo-poderoso
Criador do Céu e da Terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigénito de Deus,
nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;
gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E por nós homens e para nossa salvação
desceu dos Céus.
E encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria,
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as Escrituras;
e subiu aos Céus, onde está sentado à direita do Pai.
De novo há-de vir em sua glória
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu Reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo, Senhor que
dá a vida,
e procede do Pai e do Filho;
e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas.
Creio na Igreja una, santa, católica
e apostólica.
Professo um só Baptismo para a remissão dos pecados.
E espero a ressurreição dos mortos
e a vida do mundo que há-de vir. Ámen.
CAPÍTULO
PRIMEIRO
CREIO EM DEUS PAI
OS SÍMBOLOS DA
FÉ
33. O que são os Símbolos da Fé?
185-188
192. 197
São fórmulas articuladas, também
chamadas «profissões de fé» ou «Credo», mediante as quais a Igreja, desde as
suas origens, exprimiu resumidamente e transmitiu a própria fé, numa linguagem
normativa e comum a todos os fiéis.
34. Quais são os mais antigos
Símbolos da fé?
189-191
São os Símbolos baptismais.
Porque o Baptismo é administrado «em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo» (Mt 28,19), as verdades de fé neles professadas estão articuladas
segundo a sua referência às três Pessoas da Santíssima Trindade.
35. Quais são os mais importantes
Símbolos da fé?
193-195
São o Símbolo dos Apóstolos,
que é o antigo Símbolo baptismal da Igreja de Roma, e o Símbolo niceno-constantinopolitano,
fruto dos primeiros dois Concílios Ecuménicos de Niceia (325) e de
Constantinopola (381), e que é, ainda hoje, comum a todas as grandes Igrejas do
Oriente e do Ocidente.
«CREIO
EM DEUS, PAI OMNIPOTENTE,
CRIADOR DO CÉU E DA TERRA»
36. Porque é que a profissão de fé
começa com «Creio em Deus»?
198-199
Porque a afirmação «Creio em Deus» é
a mais importante, a fonte das outras verdades respeitantes ao homem, ao mundo
e à nossa vida de crentes n’Ele.
37. Porque professamos um só Deus?
200-202
228
Porque Ele se revelou ao povo de
Israel como o Único, quando disse: «Escuta Israel, o Senhor é um só» (Dt
6,4), «não há outros» (Is 45,22). O próprio Jesus o confirmou: Deus é «o
único Senhor» (Mc 12,29). Professar que Jesus e o Espírito Santo são
também eles Deus e Senhor, não introduz nenhuma divisão no Deus Uno.
38. Com que nome Deus se revela?
203-205
230-231
Deus revela-se a Moisés como o Deus
vivo, «o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob» (Ex 3,6). Ao
mesmo Moisés, Deus revela também o seu nome misterioso: «Eu Sou aquele que Sou
(YHWH)». O nome inefável de Deus, já nos tempos do Antigo Testamento, foi
substituído pela palavra Senhor. Assim, no Novo Testamento, Jesus,
chamado Senhor, aparece como verdadeiro Deus.
39. Só Deus «é»?
212-213
Enquanto as criaturas receberam
d’Ele tudo o que são e têm, só Deus é em si mesmo a plenitude do ser e de toda
a perfeição. Ele é «Aquele que é», sem origem e sem fim. Jesus revela que
também Ele é portador do nome divino: «Eu sou» (Jo 8, 28).
40. Porque é importante a revelação
do nome de Deus?
206-213
Ao revelar o seu Nome, Deus dá a
conhecer as riquezas do seu mistério inefável: só Ele é, desde sempre e para
sempre, Aquele que transcende o mundo e a história. Foi Ele que fez o céu e
aterra. Ele é o Deus fiel, sempre próximo do seu povo para o salvar. É o Santo
por excelência, «rico de misericórdia» (Ef 2,4), sempre pronto a
perdoar. É o Ser espiritual, transcendente, omnipotente, eterno, pessoal,
perfeito. É verdade e amor.
«Deus é o ser infinitamente perfeito
que é a
Santíssima Trindade» (S. Turíbio de Mongrovejo).
41. Em que sentido Deus é a verdade?
214-217
231
Deus é a própria Verdade e como tal
não se engana e não pode enganar. Ele «é luz e n’Ele não há trevas» (1 Jo
1,5). O Filho eterno de Deus, Sabedoria encarnada, foi enviado ao mundo «para
dar testemunho da Verdade» (Jo 18, 37).
42. De que maneira Deus revela que é
amor?
218-221
Deus revela-se a Israel como Aquele
que tem um amor mais forte que o pai ou a mãe pelos seus filhos ou o esposo
pela sua esposa. Ele, em Si mesmo, «é amor» (1 Jo 4,8.16), que se dá
completa e gratuitamente, «que tanto amou o mundo que lhe deu o seu próprio
Filho unigénito, para que o mundo seja salvo por seu intermédio» (Jo
3,16-17). Enviando o seu Filho e o Espírito Santo, Deus revela que Ele próprio
é eterna permuta de amor.
43. O que implica crer em um só
Deus?
222-227
229
Crer em Deus, o Único, implica:
conhecer a sua grandeza e majestade; viver em acção de graças; confiar sempre
n’Ele, até nas adversidades; reconhecer a unidade e a verdadeira dignidade de
todos os homens, criados à imagem de Deus; usar rectamente as coisas por Ele
criadas.
44. Qual é o mistério central da fé
e da vida cristã?
232-237
O mistério central da fé e da vida
cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são baptizados no nome
do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
45. O mistério da Santíssima
Trindade pode ser conhecido só pela razão humana?
237
Deus deixou alguns traços do seu ser
trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como
Trindade Santa constitui um mistério inacessível à razão humana sozinha, e
mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e do envio do
Espírito Santo. Tal mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos
os outros mistérios.
46. O que nos revela Jesus Cristo
sobre o mistério do Pai?
240-242
Jesus Cristo revela-nos que Deus é
«Pai», não só enquanto é Criador do universo e do homem, mas sobretudo porque,
no seu seio, gera eternamente o Filho, que é o seu Verbo, «resplendor da sua
glória, e imagem da sua substância» (Heb1, 3).
47. Quem é o Espírito Santo que
Jesus Cristo nos revelou?
243-248
É a terceira Pessoa da Santíssima
Trindade. Ele é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho. Ele «procede do Pai» (Jo
15, 26), o qual, princípio sem princípio, é a origem de toda a vida trinitária.
E procede também do Filho (Filioque), pelo dom eterno que o Pai faz de
Si ao Filho. Enviado pelo Pai e pelo Filho encarnado, o Espírito Santo conduz a
Igreja «ao conhecimento da Verdade total» (Jo 16, 13).
48. Como é que a Igreja exprime a
sua fé trinitária?
249-256
266
A Igreja exprime a sua fé trinitária
confessando um só Deus em três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. As três
Pessoas divinas são um só Deus, porque cada uma delas é idêntica à plenitude da
única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas entre si,
pelas relações que as referenciam umas às outras: o Pai gera o Filho, o Filho é
gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho.
49. Como operam as três Pessoas
divinas?
257-260
267
Inseparáveis na sua única
substância, as Pessoas divinas são inseparáveis também no seu operar: a
Trindade tem uma só e mesma operação. Mas no único agir divino, cada Pessoa
está presente segundo o modo que lhe é próprio na Trindade.
«Ó meu Deus, Trindade que eu
adoro... pacificai a minha alma;
fazei dela o vosso céu, vossa morada querida e o lugar
do vosso repouso. Que eu não vos deixe nunca só, mas que
esteja lá, com todo o meu ser, toda vigilante na minha fé, toda
em adoração, toda oferecida à vossa acção criadora»
(Beata Isabel
da Trindade).
50. O que significa que Deus é
omnipotente?
268-278
Deus revelou-se como «o Forte, o
Potente» (Sal 24, 8-10), Aquele para quem «nada é impossível» (Lc
1,37). A sua omnipotência é universal, misteriosa, e manifesta-se na criação do
mundo a partir do nada e na criação do homem por amor, mas sobretudo na
Encarnação e na Ressurreição do Seu Filho, no dom da adopção filial e no perdão
dos pecados. Por isso a Igreja dirige a sua oração ao «Deus omnipotente e
eterno» («Omipotens sempiterne Deus»).
51. Porque é importante afirmar: «No
princípio criou Deus o céu e a terra» (Gn 1,1)?
279-289
315
Porque a Criação é o fundamento de
todos os projectos divinos de salvação; manifesta o amor omnipotente e sapiente
de Deus; é o primeiro passo para a Aliança do Deus único com o seu povo; é o
início da história da salvação que culmina em Cristo; é uma primeira resposta
às questões fundamentais do homem acerca da sua própria origem e do seu fim.
52. Quem criou o mundo?
290-292
316
O Pai, o Filho e o Espírito Santo
são o princípio único e indivisível do mundo, ainda que a obra da criação do
mundo seja particularmente atribuída ao Pai.
53. Para que foi criado o mundo?
293-294
319
O mundo foi criado para a glória de
Deus, que quis manifestar e comunicar a sua bondade, verdade e beleza. O fim
último da criação é que Deus, em Cristo, possa ser «tudo em todos» (1 Cor
15,28), para a sua glória e para a nossa felicidade.
«A Glória de Deus é o homem vivo e a
vida do homem
é a visão de Deus» (Santo Ireneu).
54. Como é que Deus criou o
universo?
295-301
317-320
Deus criou o universo livremente,
com sabedoria e amor. O mundo não é o produto duma necessidade, dum destino
cego ou do acaso. Deus criou «do nada» (ex nihilo: 2Mac 7,28) um
mundo ordenado e bom, que Ele transcende infinitamente. Deus conserva no ser a
sua criação e sustenta-a, dando-lhe a capacidade de agir, e conduzindo-a à sua
realização, por meio do seu Filho e do Espírito Santo.
55. Em que consiste a Providência
divina?
302-306
321
A Providência divina consiste nas
disposições com as quais Deus conduz as suas criaturas para a perfeição última,
à qual Ele as chamou. Deus é o autor soberano do seu desígnio. Mas para a
realização do mesmo serve-se também da cooperação das suas criaturas. Ao mesmo
tempo, dá às criaturas a dignidade de agirem por si mesmas, de serem causas
umas das outras.
56. Como é que o homem colabora com
a Providência divina?
307-308
323
Ao homem, Deus concede e requer,
respeitando a sua liberdade, a colaboração através das suas acções, das suas
orações e mesmo com os seus sofrimentos, suscitando nele «o querer e o operar
segundo os seus benévolos desígnios» (Filp 2,13).
57. Se Deus é omnipotente e
providente porque é que existe o mal?
309-310
324. 400
A esta pergunta, tão dolorosa quanto
misteriosa, só o conjunto da fé cristã pode dar resposta. Deus não é de
maneira nenhuma, nem directamente nem indirectamente, a causa do mal. Ele
ilumina o mistério do mal no seu Filho Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou
para vencer aquele grande mal moral que é o pecado dos homens e que é a raiz
dos outros males.
58. Porque é que Deus permite o mal?
311-314
324
A fé dá-nos a certeza de que Deus
não permitiria o mal se do próprio mal não extraísse o bem. Deus realizou
admiravelmente isso mesmo na morte e ressurreição de Cristo: com efeito, do
maior mal moral, a morte do Seu Filho, Ele retirou os bens maiores, a
glorificação de Cristo e a nossa redenção.
O céu e a terra
59. O que é que Deus criou?
325-327
A Sagrada Escritura diz: «No
princípio Deus criou o céu e a terra» (Gn 1,1). A Igreja, na sua
profissão de fé, proclama que Deus é o criador de todas as coisas visíveis e
invisíveis: de todos os seres espirituais e materiais, isto é, dos anjos e do
mundo visível, e em particular do homem.
60. Quem são os anjos?
328-333
350-351
Os anjos são criaturas puramente
espirituais, incorpóreas, invisíveis e imortais, seres pessoais dotados de inteligência
e de vontade. Estes, contemplando incessantemente a Deus face a face,
glorificam-no, servem-no e são os seus mensageiros no cumprimento da missão de
salvação, em prol de todos os homens.
61. Como é que os anjos estão
presentes na vida da Igreja?
334-336
352
A Igreja une-se aos anjos para
adorar a Deus, invoca a sua assistência e celebra liturgicamente a memória de
alguns.
«Cada fiel tem ao seu lado um anjo
como protector e pastor,
para o conduzir à vida» (S. Basílio Magno).
62. Que ensina a Sagrada Escritura
sobre a criação do mundo visível?
337-344
Ao narrar os «seis dias» da criação,
a Sagrada Escritura dá-nos a conhecer o valor dos seres criados e a sua
finalidade de louvor a Deus e serviço ao homem. Todas as coisas devem a sua
existência a Deus, de quem recebem a sua bondade e perfeição, as suas leis e o
lugar no universo.
63. Qual é o lugar do homem na
criação?
343-344
353
O homem é o vértice da criação
visível, pois é criado à imagem e semelhança de Deus.
64. Que tipo de relação existe entre
as coisas criadas?
342-354
Entre as criaturas existe uma
interdependência e uma hierarquia queridas por Deus. Ao mesmo tempo, existe uma
unidade e solidariedade entre as criaturas, uma vez que todas têm o mesmo
Criador, são por Ele amadas e estão ordenadas para a sua glória. Respeitar as
leis inscritas na Criação e as relações derivantes da natureza das coisas é
portanto um princípio de sabedoria e um fundamento da moral.
65. Qual a relação entre a obra da
criação e a da redenção?
345-349
A obra da criação culmina na obra
ainda maior da redenção. Com efeito, esta dá início à nova criação, na qual
tudo reencontrará o seu pleno sentido e o seu acabamento.
O homem
66. Em que sentido o homem é criado
«à imagem de Deus»?
355-358
Afirmar que o homem é criado à
imagem de Deus significa que ele é capaz de conhecer e amar, na liberdade, o
próprio Criador. É a única criatura, nesta terra, que Deus quis por si mesma e
que chamou a partilhar a sua vida divina, no conhecimento e no amor. Enquanto criado
à imagem de Deus, o homem tem a dignidade de pessoa: não é uma coisa mas
alguém, capaz de se conhecer a si mesmo, de se dar livremente e de entrar em
comunhão com Deus e com as outras pessoas.
67. Para que fim Deus criou o homem?
358-359
Deus criou tudo para o homem, mas o
homem foi criado para conhecer, servir e amar a Deus, para Lhe oferecer neste
mundo toda a criação em acção de graças e para ser elevado à vida com Deus no
céu. Só no mistério do Verbo encarnado se esclarece verdadeiramente o mistério
do homem, predestinado a reproduzir a imagem do Filho de Deus feito homem, que
é a perfeita «imagem de Deus invisível» (Col 1, 15).
68. Porque é que os homens
constituem uma unidade?
360-361
Todos os homens formam a unidade do
género humano, graças à sua comum origem em Deus. Para além disso, Deus criou
«a partir de um só homem todo o género humano» (Act 17,26). Todos têm
também um único Salvador e todos são chamados a partilhar a eterna felicidade
de Deus.
69. Como é que, no homem, a alma e o
corpo formam uma unidade?
362-356
382
A pessoa humana é um ser ao mesmo
tempo corpóreo e espiritual. O espírito e a matéria, no homem, formam uma única
natureza. Esta unidade é tão profunda que, graças ao princípio espiritual que é
a alma, o corpo, que é material, se torna um corpo humano e vivo e participa na
dignidade de imagem de Deus.
70. Quem dá a alma ao ser humano?
366-368
383
A alma espiritual não vem dos pais,
mas é criada directamente por Deus e é imortal. Separando-se do corpo no
momento da morte, ela não perece; voltará a unir-se novamente ao corpo, no
momento da ressurreição final.
71. Que relação Deus estabeleceu
entre o homem e a mulher?
369-373
383
O homem e a mulher foram criados por
Deus com uma igual dignidade enquanto pessoas humanas e, ao mesmo tempo, numa
complementaridade recíproca enquanto masculino e feminino. Deus quis que fossem
um para o outro, para uma comunhão de pessoas. Juntos são também
chamados a transmitir a vida humana, formando no matrimónio «uma só carne» (Gn
2, 24), e a dominar a terra como «administradores» de Deus.
72. Qual era a condição originária
do homem segundo o projecto de Deus?
374-379
384
Deus, criando o homem e a mulher,
tinha-lhes dado uma participação especial na própria vida divina, em santidade
e justiça. Segundo o projecto de Deus, o homem não deveria nem sofrer nem
morrer. Além disso, reinava uma harmonia perfeita no próprio ser humano, entre
a criatura e o criador, entre o homem e a mulher, bem como entre o primeiro
casal humano e toda a criação.
A queda
73. Como se compreende a realidade
do pecado?
385-389
O pecado está presente na história
do homem. Tal realidade só se esclarece plenamente à luz da Revelação divina, e
sobretudo à luz de Cristo Salvador universal, que fez superabundar a graça onde
abundou o pecado.
74. O que é a queda dos anjos?
391-395
414
Com esta expressão indica-se que
Satanás e os outros demónios de que falam a Sagrada Escritura e a Tradição da
Igreja, de anjos criados bons por Deus, se transformaram em maus, porque, mediante
uma opção livre e irrevogável, recusaram Deus e o seu Reino, dando assim origem
ao inferno. Procuram associar o homem à sua rebelião contra Deus; mas Deus
afirma em Cristo a Sua vitória segura sobre o Maligno.
75. Em que consiste o primeiro
pecado do homem?
396-403
415-417
O homem, tentado pelo diabo, deixou
apagar no seu coração a confiança em relação ao seu Criador e,
desobedecendo-lhe, quis tornar-se «como Deus», sem Deus e não segundo Deus (Gn
3, 5). Assim, Adão e Eva perderam imediatamente, para si e para todos os seus
descendentes, a graça da santidade e da justiça originais.
76. O que é o pecado original?
404
419
O pecado original, no qual todos os
homens nascem, é o estado de privação da santidade e da justiça originais. É um
pecado por nós «contraído» e não «cometido»; é uma condição de nascimento e não
um acto pessoal. Por causa da unidade de origem de todos os homens, ele
transmite-se aos descendentes de Adão com a natureza humana, «não por imitação
mas por propagação». Esta transmissão permanece um mistério que não podemos
compreender plenamente.
77. Que outras consequências provoca
o pecado original?
405-409
418
Em consequência do pecado original,
a natureza humana, sem ser totalmente corrompida, fica ferida nas suas forças
naturais, submetida à ignorância, ao sofrimento, ao poder da morte, e inclinada
ao pecado. Tal inclinação é chamada concupiscência.
78. Depois do primeiro pecado, o que
fez Deus?
410-412
420
Após o primeiro pecado, o mundo foi
inundado por pecados, mas Deus não abandonou o homem ao poder da morte. Pelo
contrário, pré-anunciou de modo misterioso – no «Proto-evangelho» (Gn
3,15) – que o mal seria vencido e o homem levantado da queda. É o primeiro
anúncio do Messias redentor. Por isso a queda será mesmo chamada feliz culpa,
porque «mereceu um tal e tão grande Redentor» (Liturgia da Vigília pascal).
CAPÍTULO
SEGUNDO
CREIO EM JESUS
CRISTO,
O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS
79. Qual é a Boa Nova para o homem?
422-424
É o anúncio de Jesus Cristo, «o
Filho do Deus vivo» (Mt 16,16), morto e ressuscitado. No tempo do rei
Herodes e do imperador César Augusto, Deus cumpriu as promessas feitas a Abraão
e à sua descendência enviando «o Seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à
Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei, e nos tornar seus filhos
adoptivos» (Gal 4, 4-5).
80. Como se difunde esta Boa Nova?
425-429
Desde o início os primeiros
discípulos tiveram um ardente desejo de anunciar Jesus Cristo, com o fim de
conduzir à fé n’Ele. Também hoje, do amoroso conhecimento de Cristo nasce o
desejo de evangelizar e catequizar, isto é, de revelar na sua pessoa o pleno
desígnio de Deus e de colocar a humanidade em comunhão com Ele.
«E
EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR»
81. Que significa o nome «Jesus»?
430-435
452
Dado pelo Anjo no momento da
Anunciação, o nome «Jesus» significa «Deus salva». Exprime a sua identidade e a
sua missão, «porque é Ele que salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt
1,21). Pedro afirma que «não existe debaixo do céu outro Nome dado aos homens
pelo qual possamos ser salvos» (Act 4,12).
82. Porque é que Jesus é chamado
«Cristo»?
436-440
453
«Cristo» em grego, «Messias» em
hebraico, significa «ungido». Jesus é o Cristo porque é consagrado por Deus,
ungido pelo Espírito Santo para a missão redentora. Ele é o Messias esperado
por Israel, enviado ao mundo pelo Pai. Jesus aceitou o título de Messias,
precisando porém o seu sentido: «descido do céu» (Jo 3,13), crucificado
e depois ressuscitado, Ele é o Servo Sofredor «que dá a sua vida em resgate
pela multidão» (Mt 20,28). Do nome Cristo é que veio para nós o nome de cristãos.
83. Em que sentido Jesus é o «Filho
Unigénito de Deus»?
441-445
454
No sentido único e perfeito. No
momento do Baptismo e da Transfiguração, a voz do Pai designa Jesus como seu
«Filho predilecto». Apresentando-se a Si mesmo como o Filho que «conhece o Pai»
(Mt 11,27), Jesus afirma a Sua relação única e eterna com Deus Seu Pai.
Ele é «o Filho Unigénito de Deus» (1 Jo 2, 23), a segunda Pessoa da
Trindade. É o centro da pregação apostólica: os Apóstolos viram «a Sua glória,
como de Unigénito do Pai» (Jo 1, 14).
84. O que significa o título
«Senhor»?
446-451
455
Na Bíblia, este título designa
habitualmente Deus Soberano. Jesus atribui-o a si mesmo e revela a sua soberania
divina através do poder sobre a natureza, sobre os demónios, sobre o pecado e
sobre a morte, sobretudo com a sua Ressurreição. As primeiras confissões
cristãs proclamam que o poder, a honra e a glória devidas a Deus Pai são também
devidas a Jesus: Deus «deu-Lhe o Nome que está acima de todos os nomes» (Fil
2,9). Ele é o Senhor do mundo e da história, o único a quem o homem deve
submeter completamente a própria liberdade pessoal.
«JESUS
CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER
DO ESPÍRITO SANTO, E NASCEU DA VIRGEM MARIA»
85. Porque é que o Filho de Deus se
fez homem?
456-460
O Filho de Deus encarnou no seio da
Virgem Maria pelo poder do Espírito Santo, por causa de nós homens e para nossa
salvação, ou seja: para nos reconciliar a nós pecadores com Deus; para nos
fazer conhecer o seu amor infinito; para ser o nosso modelo de santidade; para
nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Ped 1, 4).
86. Que significa a palavra
«Encarnação»?
461-463
483
A Igreja chama «Encarnação» ao
mistério da admirável união da natureza divina e da natureza humana na única
Pessoa divina do Verbo. Para realizar a nossa salvação, o Filho de Deus fez-se
«carne» (Jo 1,14) tornando-se verdadeiramente homem. A fé na Encarnação
é o sinal distintivo da fé cristã.
87. De que modo Jesus Cristo é
verdadeiro Deus e verdadeiro homem?
464-467
469
Jesus é, inseparavelmente,
verdadeiro Deus e verdadeiro homem, na unidade da sua Pessoa divina. Ele, o
Filho de Deus, que é «gerado, não criado, consubstancial ao Pai», fez-se
verdadeiramente homem, nosso irmão, sem com isto deixar de ser Deus, nosso
Senhor.
88. Que ensina acerca disto o
Concílio de Calcedónia (ano 451)?
467
O Concílio de Calcedónia ensina a
confessar «um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito na sua
divindade e perfeito na sua humanidade; verdadeiro Deus e verdadeiro homem,
composto de alma racional e de corpo, consubstancial ao Pai pela sua divindade,
consubstancial a nós pela humanidade, “em tudo semelhante a nós, excepto no
pecado” (Heb 4, 15); gerado pelo Pai antes de todos os séculos, segundo
a divindade e, nestes últimos tempos, por nós homens e para nossa salvação,
nascido da Virgem Maria e Mãe de Deus, segundo a humanidade».
89. Como é que a Igreja exprime do
mistério da Encarnação?
464-469
479-481
Exprime-o afirmando que Jesus Cristo
é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, com duas naturezas, a divina e a humana,
que se não confundem, mas estão unidas na Pessoa do Verbo. Portanto, na
humanidade de Jesus, tudo – milagres, sofrimento, morte – deve ser atribuído à
sua Pessoa divina, que age através da natureza humana assumida.
«Ó Filho Unigénito e Verbo de Deus,
Tu que és imortal, para a nossa salvação dignaste-Te encarnar no seio da santa
Mãe de Deus e sempre Virgem Maria ( ... ). Tu que és Um da Santa Trindade,
glorificado com o Pai e o Espírito Santo, salva-nos!» (Liturgia Bizantina de S. João
Crisóstomo).
90. O Filho de Deus feito homem
tinha uma alma com um conhecimento humano?
470-474
482
O Filho de Deus assumiu um corpo
animado por uma alma racional humana. Com a sua inteligência humana, Jesus
aprendeu muitas coisas através da experiência. Mas também, como homem, o Filho
de Deus tinha um conhecimento íntimo e imediato de Deus seu Pai. Penetrava
igualmente os pensamentos secretos dos homens e conhecia plenamente os
desígnios eternos que Ele viera revelar.
91. Como se harmonizam as duas
vontades do Verbo encarnado?
475
482
Jesus tem uma vontade divina e uma
vontade humana. Na sua vida terrena, o Filho de Deus quis humanamente o que
divinamente decidiu com o Pai e o Espírito Santo para a nossa salvação. A
vontade humana de Cristo segue, sem oposição ou relutância, a vontade divina,
ou melhor, está subordinada a ela.
92. Cristo tinha um verdadeiro corpo
humano?
476-477
Cristo assumiu um verdadeiro corpo
humano, através do qual Deus invisível se tornou visível. Por esta razão,
Cristo pode ser representado e venerado nas santas imagens.
93. O que significa o Coração de
Jesus?
478
Jesus conheceu-nos e amou-nos com um
coração humano. O Seu coração trespassado para nossa salvação é o símbolo
daquele infinito amor com o qual Ele ama o Pai e cada um dos homens.
94. «Concebido por obra do Espírito
Santo...»: o que significa esta expressão?
484-486
Significa que a Virgem Maria
concebeu o Filho eterno no seu seio, por obra do Espírito Santo e sem a
colaboração de homem: «O Espírito Santo descerá sobre ti» (Lc 1, 35),
disse-lhe o Anjo na Anunciação.
95. «…Nascido da Virgem Maria»:
porque é que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus?
495
509
Maria é verdadeiramente Mãe de
Deus porque é a mãe de Jesus (Jo 2,1; 19,25). Com efeito, Aquele que
foi concebido por obra do Espírito Santo e que se tornou verdadeiramente Filho
de Maria é o Filho eterno de Deus Pai. É Ele mesmo Deus.
96. O que significa «Imaculada
Conceição»?
487-492
508
Deus escolheu gratuitamente Maria
desde toda a eternidade para que fosse a Mãe de seu Filho: para cumprir tal
missão, foi concebida imaculada. Isto significa que, pela graça de Deus
e em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Maria foi preservada do pecado
original desde a sua concepção.
97. Como colabora Maria no desígnio
divino da salvação?
493-494
508-511
Durante toda a sua existência, por
graça de Deus, Maria conservou-se imune de todo o pecado pessoal. É a «cheia de
graça» (Lc 1,28) e a «Toda Santa». Quando o Anjo lhe anuncia que dará à
luz «o Filho do Altíssimo» (Lc 1,32), dá livremente o seu assentimento
com a «obediência da fé» (Rm 1,5). Maria entrega-se totalmente à Pessoa
e obra do seu Filho Jesus, abraçando com toda a alma a vontade divina de
salvação.
98. Que significa a conceição
virginal de Jesus?
496-498
503
Significa que Jesus foi concebido no
seio da Virgem apenas pelo poder do Espírito Santo, sem intervenção de homem.
Ele é o Filho do Pai celeste, segundo a natureza divina, e Filho de Maria
segundo a natureza humana, mas propriamente Filho de Deus nas suas naturezas,
existindo nele uma única Pessoa, a divina.
99. Em que sentido Maria é «sempre
Virgem»?
499-507
510-511
No sentido de que Maria «permaneceu
Virgem na concepção do seu Filho, Virgem no parto, Virgem grávida, Virgem mãe,
Virgem perpétua» (Santo Agostinho). Portanto, quando os Evangelhos falam de
«irmãos e irmãs de Jesus», trata-se de parentes próximos de Jesus, segundo uma
expressão usual na Sagrada Escritura.
100. De que modo é que a maternidade
espiritual de Maria é universal?
501-507
511
Maria tem um único Filho, Jesus,
mas, n’Ele, a sua maternidade espiritual estende-se a todos os homens que Ele
veio salvar. Obediente, ao lado do novo Adão, Jesus Cristo, a Virgem é a nova
Eva, a verdadeira mãe dos vivos, que coopera com amor de mãe no seu
nascimento e na sua formação na ordem da graça. Virgem e Mãe, Maria é a figura
da Igreja e a sua realização mais perfeita.
101. Em que sentido toda a vida de
Cristo é Mistério?
512-521
561-562
Toda a vida de Cristo é
acontecimento de revelação: o que é visível na vida terrena de Jesus conduz ao
seu Mistério invisível, sobretudo ao Mistério da sua filiação divina:
«quem me vê, vê o Pai» (Jo 14, 19). Além disso, embora a salvação
provenha plenamente da cruz e da ressurreição, toda a vida de Cristo é Mistério
de salvação, porque tudo o que Jesus fez, disse e sofreu tinha como
objectivo salvar o homem caído e restabelece-lo na sua vocação de filho de
Deus.
102. Quais foram as preparações para
os Mistérios de Jesus?
522-524
Antes de mais, houve uma longa
preparação de muitos séculos, que nós revivemos na celebração litúrgica do
tempo do Advento. Para além da obscura expectativa que colocou no coração dos
pagãos, Deus preparou a vinda do seu Filho através da Antiga Aliança, até
João Baptista que é o último e o maior dos profetas.
103. Que ensina o Evangelho sobre os
Mistérios do nascimento e da infância de Jesus?
525-530
563-564
No Natal, a glória do Céu
manifesta-se na debilidade dum menino; a circuncisão de Jesus é sinal da
pertença ao povo hebraico e prefiguração do nosso Baptismo; a Epifania é
a manifestação do Rei-Messias de Israel a todas as gentes; na sua apresentação
no templo, em Simeão e Ana é toda a esperança de Israel que vem ao encontro
do seu Salvador; a fuga para o Egipto e a matança dos inocentes anunciam
que toda a vida de Cristo estará sob o sinal da perseguição; o seu regresso
do Egipto recorda o Êxodo e apresenta Jesus como o novo Moisés: Ele é o
verdadeiro e definitivo libertador.
104. O que é que nos ensina a vida
oculta de Jesus em Nazaré?
533-534
564
Durante a vida oculta em
Nazaré, Jesus permanece no silêncio duma vida normal. Permite-nos assim estar
em comunhão com Ele, na santidade duma vida quotidiana feita de oração, de
simplicidade, de trabalho, de amor familiar. A sua submissão a Maria e a José,
seu pai putativo, é uma imagem da sua obediência filial ao Pai. Maria e José,
com a sua fé, acolhem o Mistério de Jesus, ainda que nem sempre o compreendam.
105. Porque é que Jesus recebe de
João o «baptismo de conversão para o perdão dos pecados» (Lc 3, 3)?
535-537
565
Para dar início à sua vida pública e
antecipar o «Baptismo» da Sua morte: aceita assim, embora sendo sem pecado, ser
contado entre os pecadores, Ele, «o Cordeiro de Deus que tira o pecado do
mundo» (Jo 1,29). O Pai proclama-O Seu «Filho predilecto» (Mt
3,17) e o Espírito desce sobre Ele. O baptismo de Jesus é a prefiguração do
nosso baptismo.
106. O que revelam as tentações de
Jesus no deserto?
538-540
566
As tentações de Jesus recapitulam a
tentação de Adão no paraíso e as de Israel no deserto. Satanás tenta Jesus na
sua obediência à missão que Lhe tinha sido confiada pelo Pai. Cristo, novo
Adão, resiste, e a sua vitória anuncia a vitória da sua paixão, suprema
obediência do seu amor filial. A Igreja une-se, em particular, a este Mistério,
no tempo litúrgico da Quaresma.
107. Quem é convidado para o Reino
de Deus, anunciado e realizado por Jesus?
541-546
567
Jesus convida todos os homens a
tomar parte no Reino de Deus. Mesmo o pior pecador é chamado a converter-se e a
aceitar a infinita misericórdia do Pai. O Reino pertence, já aqui sobre a
terra, àqueles que o acolhem com coração humilde. É a eles que são revelados os
seus Mistérios.
108. Porque é que Jesus anuncia o
Reino com sinais e milagres?
547-550
567
Jesus acompanha a sua palavra com sinais
e milagres para atestar que o Reino está presente n’Ele, o Messias. Embora
Ele cure algumas pessoas, não veio para eliminar todos os males aqui na terra,
mas, antes de mais, para nos libertar da escravidão do pecado. A expulsão dos
demónios anuncia que a sua cruz será vitoriosa sobre o «príncipe deste mundo» (Jo
12,31).
109. Que autoridade confere Jesus
aos seus Apóstolos, no Reino?
551-553
567
Jesus escolhe os Doze,
futuras testemunhas da sua Ressurreição, e torna-os participantes da sua missão
e da sua autoridade para ensinar, absolver os pecados, edificar e governar a
Igreja. Neste colégio, Pedro recebe «as chaves do Reino» (Mt 16,19) e
ocupa o primeiro lugar, com a missão de guardar a fé na sua integridade e de
confirmar os seus irmãos.
110. Qual o significado da
transfiguração?
554-556
568
Na Transfiguração aparece antes de
mais a Trindade: «O Pai na voz, o Filho no homem, o Espírito na nuvem
brilhante» (S. Tomás de Aquino). Evocando, com Moisés e Elias, a sua «partida»
(Lc 9, 31), Jesus mostra que a sua glória passa através da cruz e
antecipa a sua ressurreição e a sua vinda gloriosa, pois «transfigurará o nosso
pobre corpo para transformá-lo no seu corpo glorioso» (Filp 3, 21).
«Transfiguraste-Te sobre a montanha
e, na medida em que disso eram capazes, os teus discípulos contemplaram a Tua
glória, Cristo Deus, para que, quando te vissem crucificado, compreendessem que
a Tua Paixão era voluntária, e anunciassem ao mundo que Tu és verdadeiramente a
irradiação do Pai» (Liturgia
Bizantina).
111. Como se deu a entrada
messiânica em Jerusalém?
557-560
569-570
No tempo estabelecido, Jesus decide
subir a Jerusalém para sofrer a sua paixão, morrer e ressuscitar. Como Rei
Messias que manifesta a vinda do reino, Ele entra na sua cidade montado num
jumento. É acolhido pelos humildes, cuja aclamação é retomada no Sanctus
eucarístico: «Bendito aquele que vem no nome do Senhor! Hossana (salva-nos)»
(Mt 21,9). A liturgia da Igreja inicia a Semana Santa com a celebração
desta entrada em Jerusalém.
«JESUS
CRISTO PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS,
FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO»
112. Qual é a importância do
Mistério pascal de Jesus?
571-573
O Mistério pascal de Jesus, que
compreende a sua paixão, morte, ressurreição e glorificação, está no centro da
fé cristã, porque o desígnio salvífico de Deus se realizou uma vez por todas
com a morte redentora do seu Filho, Jesus Cristo.
113. Quais as acusações para a
condenação de Jesus?
574-576
Alguns chefes de Israel acusaram
Jesus de agir contra a Lei, contra o templo de Jerusalém, e em particular
contra a fé no Deus único, porque Ele se proclamava Filho de Deus. Por isso, O
entregaram a Pilatos, para que O condenasse à morte.
114. Qual o comportamento de Jesus,
em relação à Lei de Israel?
577-582
592
Jesus não aboliu a Lei, dada por
Deus a Moisés no Sinai, mas levou-a à plenitude, dando-lhe a interpretação
definitiva. É o Legislador divino que cumpre integralmente esta Lei. Além
disso, Ele, o Servo fiel, oferece mediante a sua morte expiadora o único
sacrifício capaz de redimir todas «as faltas cometidas durante a primeira
Aliança» (Heb 9,15).
115. Qual a atitude de Jesus em
relação ao templo de Jerusalém?
583-586
593
Jesus foi acusado de hostilidade em
relação ao Templo. Contudo Ele venerou-o como «a morada do seu Pai» (Jo
2,16) e consagrou-lhe uma parte importante do seu ensino. Mas predisse também a
sua destruição, em relação com a sua própria morte, e Ele mesmo se apresentou
como a morada definitiva de Deus entre os homens.
116. Jesus contradisse a fé de
Israel no Deus único e salvador?
587-591
594
Jesus nunca contradisse a fé num
Deus único, nem sequer quando realizava a obra divina por excelência que
cumpria as promessas messiânicas e o revelava igual a Deus: o perdão dos
pecados. A exigência feita por Jesus de fé na sua pessoa e de conversão permite
compreender a trágica incompreensão do Sinédrio que considerou Jesus merecedor
de morte porque blasfemo.
117. Quem é responsável pela morte
de Jesus?
595-598
A paixão e a morte de Jesus não
podem ser imputadas indistintamente nem a todos os judeus então vivos, nem aos
outros judeus que depois viveram no tempo e no espaço. Cada pecador, isto é,
cada homem, é realmente causa e instrumento dos sofrimentos do Redentor, e
culpa maior têm aqueles, sobretudo se são cristãos, que mais frequentemente
caem no pecado ou se deleitam nos vícios.
118. Porque é que a morte de Cristo
faz parte do desígnio de Deus?
599-605
619
Para reconciliar consigo todos os
homens votados à morte por causa do pecado, Deus tomou a iniciativa amorosa de
enviar o Seu Filho para que se entregasse à morte pelos pecadores. Anunciada no
Antigo Testamento, em particular como sacrifício do Servo sofredor, a morte de
Jesus acontece «segundo as Escrituras».
119. Com é que Cristo se ofereceu ao
Pai?
606-609
620
Toda a vida de Cristo é oferta livre
ao Pai para realizar o seu desígnio de salvação. Ele dá «a sua vida em resgate
por muitos» (Mc 10,45) e deste modo reconcilia com Deus toda a
humanidade. O seu sofrimento e a sua morte manifestam como a sua humanidade é o
instrumento livre e perfeito do Amor divino que quer a salvação de todos os
homens.
120. Como se manifesta na última
Ceia a oferta de Jesus?
610-611
621
Na última Ceia com os Apóstolos, na
vigília da paixão, Jesus antecipa, isto é, significa e realiza antecipadamente
a oferta voluntária de Si mesmo: «este é o meu corpo entregue por vós»,
«este é o meu sangue, que é derramado...» (Lc 22,19-20). Ele
institui assim ao mesmo tempo a Eucaristia como «memorial» (1 Cor 11,25)
do seu sacrifício e os seus Apóstolos como sacerdotes da nova Aliança.
121. Que acontece na agonia do horto
do Getsemani?
612
Apesar do horror que a morte provoca
na humanidade santíssima d’Aquele que é o próprio «Autor da vida» (Act
3,15), a vontade humana do Filho de Deus adere à vontade do Pai: para nos
salvar, Jesus aceita carregar sobre Si os nossos pecados no seu corpo,
«fazendo-se obediente até à morte» (Fil 2,8).
122. Quais os efeitos do sacrifício
de Cristo na cruz?
613-617
622-623
Jesus ofereceu livremente a Sua vida
em sacrifício de expiação, isto é, reparou as nossas culpas com a plena
obediência do Seu amor até à morte. Este «amor até ao fim» (Jo 13,1) do
Filho de Deus reconcilia com o Pai toda a humanidade. O sacrifício pascal de
Cristo resgata portanto os homens num modo único, perfeito e definitivo, e
abre-lhes a comunhão com Deus.
123. Porque é que Jesus convida os
discípulos a tomar a sua cruz?
618
Chamando os discípulos a «tomar a
sua cruz e a segui-Lo» (Mt 16,24), Jesus quer associar ao seu sacrifício
redentor aqueles mesmos que dele sãos os primeiros beneficiários.
124. Em que condições estava o corpo
de Cristo no sepulcro?
624-630
Cristo conheceu uma verdadeira morte
e uma verdadeira sepultura. Mas o poder divino preservou o seu corpo da
corrupção.
«JESUS
CRISTO DESCEU AOS INFERNOS,
RESSUSCITOU DOS MORTOS AO TERCEIRO DIA»
125. O que são «os infernos», aos
quais Jesus desceu?
632-637
Os «infernos» (não confundir com o inferno
da condenação) ou mansão dos mortos, designam o estado de todos aqueles que,
justos ou maus, morreram antes de Cristo. Com a alma unida à sua Pessoa divina,
Jesus alcançou, nos infernos, os justos que esperavam o seu Redentor para
acederem finalmente à visão de Deus. Depois de com a sua morte, ter vencido a
morte e o diabo «que da morte tem o poder» (Heb 2,14), libertou os
justos que esperavam o Redentor, e abriu-lhes as portas do Céu.
126. Que lugar ocupa a ressurreição
de Cristo na nossa fé?
631, 638
A Ressurreição de Jesus é a verdade
culminante da nossa fé em Cristo e representa, com a Cruz, uma parte essencial
do Mistério pascal.
127. Que «sinais» atestam a
ressurreição de Jesus?
639-644
656-657
Para além do sinal essencial
constituído pelo túmulo vazio, a Ressurreição de Jesus é atestada pelas
mulheres que foram as primeiras a encontrar Jesus e o anunciaram aos Apóstolos.
A seguir, Jesus «apareceu a Cefas (Pedro) e depois aos Doze. Seguidamente,
apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez» (1 Cor 15,5-6) e a
outros ainda. Os Apóstolos não teriam podido inventar a Ressurreição, uma vez
que esta lhes parecia impossível: de facto, Jesus repreendeu-os pela sua
incredulidade.
128. Porque é que a Ressurreição é
ao mesmo tempo um acontecimento transcendente?
647
656-657
Embora seja um acontecimento
histórico, constatável e atestado através dos sinais e testemunhos, a
Ressurreição, enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de Deus,
transcende e supera a história, como mistério da fé. Por este motivo, Cristo
ressuscitado não se manifestou ao mundo mas aos seus discípulos, fazendo deles
as suas testemunhas junto do povo.
129. Qual é o estado do corpo
ressuscitado de Jesus?
645-646
A Ressurreição de Cristo não foi um
regresso à vida terrena. O Seu corpo ressuscitado é Aquele que foi crucificado
e apresenta os vestígios da Sua Paixão, mas é doravante participante da vida
divina com as propriedades dum corpo glorioso. Por esta razão, Jesus
ressuscitado é soberanamente livre de aparecer aos seus discípulos como Ele
quer, onde Ele quer e sob aspectos diversos.
130. De que modo a Ressurreição é
obra da Santíssima Trindade?
648-650
A Ressurreição de Cristo é uma obra
transcendente de Deus. As três Pessoas actuam conjuntamente segundo o que lhes
é próprio: o Pai manifesta o Seu poder; o Filho «retoma» a vida que livremente
ofereceu (Jo 10,17) reunindo a Sua alma e o Seu corpo, que o Espírito
vivifica e glorifica.
131. Qual o sentido e a importância
da Ressurreição?
651-655
658
A Ressurreição é o culminar da
Encarnação. Ela confirma a divindade de Cristo, e também tudo o que Ele fez e
ensinou, e realiza todas as promessas divinas em nosso favor. Além disso, o
Ressuscitado, vencedor do pecado e da morte, é o princípio da nossa
justificação e da nossa Ressurreição: a partir de agora, Ele garante-nos a
graça da adopção filial que é a participação real na sua vida de Filho
unigénito; depois, no final dos tempos, Ele ressuscitará o nosso corpo.
«JESUS
SUBIU AO CÉU
ESTÁ SENTADO À DIREITA DO PAI OMNIPOTENTE»
132. O que é que significa a
Ascensão?
659-667
Passados os quarenta dias em que se
mostrou aos Apóstolos sob as aparências duma humanidade normal que ocultavam a
sua glória de Ressuscitado, Cristo sobe ao céu e senta-se à direita do Pai. Ele
é o Senhor que agora reina com a sua humanidade na glória eterna de Filho de
Deus e sem cessar intercede por nós junto do Pai. Envia-nos o Seu Espírito e
tendo-nos preparado um lugar, dá-nos a esperança de um dia ir ter com Ele.
«DE
ONDE VIRÁ A JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS»
133. Como reina agora o Senhor
Jesus?
668-674
680
Senhor do cosmos e da história,
Cabeça da sua Igreja, Cristo glorificado permanece misteriosamente sobre a
terra, onde o Seu Reino já está presente como germe e início na Igreja. Ele um
dia voltará em glória, mas não sabemos quando. Por isso, vivemos vigilantes,
rezando: «Vem, Senhor» (Ap 22,20).
134. Como se realizará a vinda do
Senhor na glória?
675-677
680
Após o último abalo cósmico deste
mundo que passa, a vinda gloriosa de Cristo acontecerá com o triunfo definitivo
de Deus na Parusia de Cristo e com o Juízo final. Assim se cumprirá o Reino de
Deus.
135. Como é que Cristo julgará os
vivos e os mortos?
678-679
681-682
Cristo julgará com o poder adquirido
como Redentor do mundo, vindo para salvar os homens. Os segredos dos corações
serão revelados, bem como o procedimento de cada um em relação a Deus e ao
próximo. Cada homem será repleto de vida ou condenado para a eternidade segundo
as suas obras. Assim se realizará «a plenitude de Cristo» (Ef 4,13), na
qual «Deus será tudo em todos» (1 Cor 15,28).
CAPÍTULO
TERCEIRO
«CREIO
NO ESPÍRITO SANTO»
136. Que quer dizer a Igreja quando
professa: «Creio no Espírito Santo»?
683-686
Crer no Espírito Santo é professar a
terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho, e «com o
Pai e o Filho é adorado e glorificado». O Espírito foi «enviado aos nossos
corações» (Gal 4,6) para recebermos a vida nova de filhos de Deus.
137. Porque é que as missões do
Filho e do Espírito são inseparáveis?
687-690
742-743
Na Trindade indivisível, o Filho e o
Espírito são distintos mas inseparáveis. De facto, desde o princípio até ao
final dos tempos, quando o Pai envia o Seu Filho, envia também o Seu Espírito
que nos une a Cristo na fé, para, como filhos adoptivos, podermos chamar Deus
«Pai» (Rm 8,15). O Espírito é invisível, mas nós conhecemo-lo através da
sua acção quando nos revela o Verbo e quando age na Igreja.
138. Quais são as designações do
Espírito Santo?
691-693
«Espírito Santo» é o nome próprio da
terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Jesus chama-lhe também: Espírito
Paráclito (Consolador, Advogado) e Espírito de Verdade. O Novo Testamento
chama-o ainda: Espírito de Cristo, do Senhor, de Deus, Espírito da glória, da
promessa.
139. Com que símbolos se representa
o Espírito Santo?
694-701
São numerosos: a água viva
que jorra do coração trespassado de Cristo e dessedenta os baptizados; a unção
com o óleo que é o sinal sacramental da Confirmação; o fogo que
transforma o que toca; a nuvem, obscura e luminosa, na qual se revela a
glória divina; a imposição das mãos mediante a qual é dado o Espírito; a
pomba que desce sobre Cristo e permanece sobre Ele no baptismo.
140. O que significa que o Espírito
«falou pelos profetas»?
687-688
702-706
743
Com o termo profetas
entende-se todos os que foram inspirados pelo Espírito Santo para falar em nome
de Deus. O Espírito conduz as profecias do Antigo Testamento ao seu pleno
cumprimento em Cristo, de quem revela o mistério no Novo Testamento.
141. O que é que o Espírito Santo
realiza em João Baptista?
717-720
João Baptista, o último profeta do
Antigo Testamento é cheio do Espírito Santo, que o envia a «preparar para o
Senhor um povo bem disposto» (Lc 1,17) e a anunciar a vinda de Cristo,
Filho de Deus: Aquele sobre o qual João viu o Espírito descer e permanecer,
«Aquele que baptiza no Espírito» (Jo 1,33).
142. Qual é a obra do Espírito em
Maria?
721-726
744
Em Maria, o Espírito Santo realiza
as expectativas e a preparação do Antigo Testamento para a vinda de Cristo. De
forma única enche-a de graça e torna fecunda a sua virgindade para dar à luz o
Filho de Deus encarnado. Faz dela a Mãe do «Cristo total», isto é, de Jesus
Cabeça e da Igreja que é o seu corpo. Maria está com os Doze no dia de
Pentecostes, quando o Espírito inaugura os «últimos tempos» com a manifestação
da Igreja.
143. Qual a relação entre o Espírito
e Cristo Jesus, na missão terrena?
727-730
745-746
O Filho de Deus é consagrado Messias
através da unção do Espírito na sua humanidade desde a Encarnação. Ele revela-O
no seu ensino, cumprindo a promessa feita aos antepassados e comunica-O à
Igreja nascente, soprando sobre os Apóstolos depois da Ressurreição.
144. O que acontece no Pentecostes?
731-732
738
Cinquenta dias após a Ressurreição,
no Pentecostes, Jesus Cristo glorificado infunde o Espírito em abundância e
manifesta-O como Pessoa divina, de modo que a Santíssima Trindade é plenamente
revelada. A Missão de Cristo e do Espírito torna-se a Missão da Igreja, enviada
a anunciar e a difundir o mistério da comunhão trinitária.
«Vimos a verdadeira Luz, recebemos o
Espírito celeste, encontrámos a verdadeira fé: adoramos a Trindade indivisível
porque nos salvou» (Liturgia
Bizantina, Tropário das Vésperas de Pentecostes)
145. Que faz o Espírito Santo na
Igreja?
733-741
747
O Espírito edifica, anima e
santifica a Igreja: Espírito de Amor, Ele torna a dar aos baptizados a
semelhança divina perdida por causa do pecado e fá-los viver em Cristo da
própria Vida da Santíssima Trindade. Envia-os a testemunhar a Verdade de Cristo
e organiza-os nas suas mútuas funções, para que todos dêem «o fruto do
Espírito» (Gal 5,22).
146. Como actuam Cristo e o seu
Espírito no coração dos fiéis?
738-741
Por meio dos sacramentos, Cristo
comunica aos membros do Seu Corpo o Seu Espírito e a graça de Deus que produz
os frutos de vida nova, segundo o Espírito. Finalmente, o Espírito Santo
é o Mestre da oração.
«CREIO
NA SANTA IGREJA CATÓLICA»
A Igreja no desígnio de Deus
147. O que significa a palavra Igreja?
751-752
777-804
Designa o povo que Deus convoca e
reúne de todos os confins da terra, para constituir a assembleia daqueles que,
pela fé e pelo Baptismo, se tornam filhos de Deus, membros de Cristo e templo
do Espírito Santo.
148. Há, na Bíblia, outros nomes e
imagens para indicar a Igreja?
758-766
778
Na Sagrada Escritura encontramos
muitas imagens que põem em evidência aspectos complementares do mistério da
Igreja. O Antigo Testamento privilegia as imagens ligadas ao povo de Deus;
o Novo Testamento privilegia as imagens ligadas a Cristo como Cabeça deste povo
que é o Seu Corpo, e as imagens retiradas da vida pastoril (redil, rebanho,
ovelhas), agrícola (campo, oliveira, vinha) habitacional (morada, pedra,
templo), familiar (esposa, mãe, família).
149. Quais são as origens e a
realização plena da Igreja?
758-766
778
A Igreja encontra a sua origem e a
sua realização plena no eterno desígnio de Deus. Foi preparada na Antiga
Aliança com a eleição de Israel, sinal da reunião futura de todas as nações.
Fundada pelas palavras e acções de Jesus Cristo, foi realizada sobretudo
mediante a sua morte redentora e a sua ressurreição. Foi depois manifestada
como mistério de salvação mediante a efusão do Espírito Santo, no dia de
Pentecostes. Terá a sua realização plena no fim dos tempos, como assembleia
celeste de todos os redimidos.
150. Qual é a missão da Igreja?
767-769
A missão da Igreja é a de anunciar e
instaurar no meio de todos os povos o Reino de Deus inaugurado por Jesus
Cristo. Ela é, na terra, o germe e o início deste Reino salvífico.
151. Em que sentido a Igreja é Mistério?
770-773
779
A Igreja é Mistério enquanto na sua
realidade visível está presente e operante uma realidade espiritual, divina,
que se descobre unicamente com os olhos da fé.
152. Que significa que a Igreja é
sacramento universal de salvação?
774-776
780
Significa que é sinal e instrumento
da reconciliação e da comunhão de toda a humanidade com Deus e da unidade de
todo o género humano.
A Igreja: povo de Deus, corpo de Cristo, templo do
Espírito Santo
153. Porque é que a Igreja é povo de
Deus?
781
802-804
A Igreja é o povo de Deus porque
aprouve a Deus santificar e salvar os homens não isoladamente mas
constituindo-os num só povo, reunido pela unidade do Pai e do Filho e do
Espírito Santo.
154. Quais são as características do
povo de Deus?
782
Este povo, de que nos tornamos
membros mediante a fé em Cristo e o Baptismo, tem por origem Deus Pai,
por cabeça Jesus Cristo, por condição a dignidade e a liberdade dos
filhos de Deus, por lei o mandamento novo do amor, por missão a de ser o
sal da terra e a luz do mundo, por fim o Reino de Deus, já iniciado na
terra.
155. Em que sentido o povo de Deus
participa das três funções de Cristo: Sacerdote, Profeta e Rei?
783-786
O povo de Deus participa no
ministério sacerdotal de Cristo, enquanto os baptizados são consagrados
pelo Espírito Santo para oferecer sacrifícios espirituais; participa no seu
ministério profético, enquanto, com o sentido sobrenatural da fé, a esta
adere indefectivelmente, a aprofunda e testemunha; e participa no seu
ministério real com o serviço, imitando Jesus Cristo, que, rei do
universo, se fez servo de todos, sobretudo dos pobres e dos que sofrem.
156. Como é que a Igreja é corpo de
Cristo?
787-791
805-806
Por meio do Espírito, Cristo morto e
ressuscitado une intimamente a Si os seus fiéis. Deste modo, os crentes em
Cristo, enquanto unidos estreitamente a Ele, sobretudo na Eucaristia, são
unidos entre si na caridade, formando um só corpo, a Igreja, cuja unidade se
realiza na diversidade dos membros e das funções.
157. Quem é a cabeça deste corpo?
792-795
807
Cristo «é a Cabeça do corpo, que é a
Igreja (Col 1,18). A Igreja vive d’Ele, n’Ele e para Ele. Cristo e a
Igreja formam o «Cristo total» (S. Agostinho); «Cabeça e membros são, por assim
dizer, uma só pessoa mística» (S. Tomás de Aquino).
158. Porque é que a Igreja é chamada
esposa de Cristo?
796
808
Porque o próprio Senhor Se definiu
como o «Esposo» (Mc 2,19), que amou a Igreja, unindo-a a Si por uma
Aliança eterna. Ele entregou-se a Si mesmo por ela, para a purificar com o Seu
sangue, «para a tornar santa» (Ef 5,26) e fazer dela mãe fecunda de
todos os filhos de Deus. Enquanto a palavra «corpo» evidencia a unidade da
«cabeça» com os membros, o termo «esposa» sublinha a distinção dos dois na
relação pessoal.
159. Porque é que a Igreja é
designada templo do Espírito Santo?
797-798
809-810
Porque o Espírito Santo reside no
corpo que é a Igreja: na sua Cabeça e nos seus membros; para além disso, Ele
edifica a Igreja na caridade com a Palavra de Deus, os sacramentos, as virtudes
e os carismas.
«O que o nosso espírito, quer dizer,
a nossa alma, é para os nossos membros, o Espírito Santo é-o para os membros de
Cristo, para o corpo de Cristo, que é a Igreja» ( S. Agostinho).
160. Que são os carismas?
799-801
Os carismas são dons especiais do
Espírito concedidos a alguém para o bem dos homens, para as necessidades do
mundo e em particular para a edificação da Igreja, a cujo Magistério compete o
seu discernimento.
A Igreja é una, santa, católica e apostólica
161. Porque é que a Igreja é una?
813-815
866
A Igreja é una porque tem como
origem e modelo a unidade na Trindade das Pessoas de um só Deus; porque tem
como fundador e cabeça Jesus Cristo, que restabelece a unidade de todos os
povos num só corpo; e porque tem como alma o Espírito Santo, que une todos os
fiéis na comunhão em Cristo. Ela tem uma só fé, uma só vida sacramental, uma
única sucessão apostólica, uma comum esperança e a mesma caridade.
162. Onde subsiste a única Igreja de
Cristo?
816
870
A única Igreja de Cristo, como
sociedade constituída e organizada no mundo, subsiste (subsistit in) na
Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão
com ele. Só por meio dela se pode obter toda a plenitude dos meios de salvação,
pois o Senhor confiou todos os bens da Nova Aliança ao único colégio
apostólico, cuja cabeça é Pedro.
163. Como considerar os cristãos não
católicos?
817-819
Nas Igrejas e comunidades eclesiais,
que se desligaram da plena comunhão da Igreja católica, encontram-se muitos
elementos de santificação e de verdade. Todos estes bens provêm de Cristo e
conduzem para a unidade católica. Os membros destas Igrejas e comunidades são
incorporados em Cristo pelo Baptismo: por isso, nós reconhecemo-los como
irmãos.
164. Como empenhar-se em favor da
unidade dos cristãos?
820-822
866
O desejo de restabelecer a união de
todos os cristãos é um dom de Cristo e um apelo do Espírito. Ele diz respeito a
toda a Igreja e realiza-se mediante a conversão do coração, a oração, o
recíproco conhecimento fraterno, o diálogo teológico.
165. Em que sentido a Igreja é santa?
823-829
867
A Igreja é santa, porque Deus
Santíssimo é o seu autor; Cristo entregou-se por ela, para a santificar e fazer
dela santificadora; e o Espírito Santo vivifica-a com a caridade. Nela se
encontra a plenitude dos meios de salvação. A santidade é a vocação de cada um
dos seus membros e o fim de cada uma das suas actividades. A Igreja inclui no
seu interior a Virgem Maria e inumeráveis Santos, como modelos e intercessores.
A santidade da Igreja é a fonte da santificação dos seus filhos, que, aqui, na
terra, se reconhecem todos pecadores, sempre necessitados de conversão e de
purificação.
166. Porque é que a Igreja se chama católica?
830-831
868
A Igreja é católica, isto é, universal,
porque nela está presente Cristo: «Onde está Cristo Jesus, aí está a Igreja
católica» (S. Inácio de Antioquia). Ela anuncia a totalidade e a integridade da
fé; leva e administra a plenitude dos meios de salvação; é enviada em missão a
todos os povos, em todos os tempos e qualquer que seja a cultura a que eles
pertençam.
167. É também católica a Igreja particular?
832-835
É católica toda a Igreja particular
(isto é, a diocese e a eparquia), formada pela comunidade de
fiéis cristãos que estão em comunhão de fé e de sacramentos seja com o seu
Bispo, ordenado na sucessão apostólica, seja com a Igreja de Roma, que «preside
à caridade» (S. Inácio de Antioquia).
168. Quem pertence à Igreja católica?
836-838
Todos os homens, de diferentes
modos, pertencem ou estão ordenados à unidade católica do povo de Deus. Estão
plenamente incorporados na Igreja católica aqueles que, tendo o Espírito de
Cristo, se encontram unidos a ela pelos vínculos da profissão de fé, dos
sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão. Os baptizados que não se
encontram plenamente nesta unidade católica estão numa certa comunhão, ainda
que imperfeita, com a Igreja Católica.
169. Qual a relação da Igreja
católica com o povo judeu?
839-840
A Igreja católica reconhece a sua
relação com o povo judeu no facto de Deus ter escolhido este povo entre todos,
para primeiro acolher a sua Palavra. É ao povo judeu que pertencem «a adopção a
filhos, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas, os
patriarcas; dele provém Cristo segundo a carne» (Rm 9,5). Diferentemente
das outras religiões não cristãs, a fé judaica é já resposta à Revelação de
Deus na Antiga Aliança.
170. Que ligação há entre a Igreja
católica e as religiões não cristãs?
846-848
Antes de mais, há o laço comum da
origem e fim de todo o género humano. A Igreja católica reconhece que tudo o
que de bom e de verdadeiro existe nas outras religiões vem de Deus, é reflexo
da sua verdade, pode preparar para acolher o Evangelho e mover em direcção à
unidade da humanidade na Igreja de Cristo.
171. Que significa a afirmação:
«Fora da Igreja não há salvação»?
846-848
Significa que toda a salvação vem de
Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é o seu corpo. Portanto não poderiam ser
salvos os que, conhecendo a Igreja como fundada por Cristo e necessária à
salvação, nela não entrassem e nela não perseverassem. Ao mesmo tempo, graças a
Cristo e à sua Igreja, podem conseguir a salvação eterna todos os que, sem
culpa própria, ignoram o Evangelho de Cristo e a sua Igreja mas procuram
sinceramente Deus e, sob o influxo da graça, se esforçam por cumprir a sua
vontade, conhecida através do que a consciência lhes dita.
172. Porque é que a Igreja deve
anunciar o Evangelho a todo o mundo?
849-851
Porque Cristo ordenou: «ide e
ensinai todas as nações, baptizando-as no nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo» (Mt 28,19). Este mandato missionário do Senhor tem a sua fonte no
amor eterno de Deus, que enviou o seu Filho e o seu Espírito porque «quer que
todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tim
2, 4).
173. Como é que a Igreja é missionária?
852-856
Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja
continua no curso da história a missão do próprio Cristo. Os cristãos portanto
devem anunciar a todos a Boa Nova trazida por Cristo, seguindo o seu caminho,
dispostos também ao sacrifício de si mesmos até ao martírio.
174. Porque é que a Igreja é apostólica?
857-869
A Igreja é apostólica pela sua origem,
sendo construída sobre o «fundamento dos Apóstolos» (Ef 2,20); pelo ensino,
que é o mesmo dos Apóstolos; pela sua estrutura, enquanto instruída, santificada
e governada, até ao regresso de Cristo, pelos Apóstolos, graças aos seus
sucessores, os Bispos em comunhão, com o sucessor de Pedro.
175. Em que consiste a missão dos
Apóstolos?
858 – 861
A palavra Apóstolo significa
enviado. Jesus, o Enviado do Pai, chamou a Si doze entre os Seus discípulos e
constituiu-os como seus Apóstolos, fazendo deles testemunhas escolhidas da sua
ressurreição e fundamentos da sua Igreja. Deu-lhes o mandato de continuarem a
sua missão, dizendo: «Como o Pai me enviou, assim também Eu vos envio a vós» (Jo
20,21). E prometeu estar com eles até ao fim do mundo.
176. O que é a sucessão apostólica?
861- 865
A sucessão apostólica é a
transmissão, mediante o sacramento da Ordem, da missão e do poder dos Apóstolos
aos seus sucessores, os Bispos. Graças a esta transmissão, a Igreja permanece
em comunhão de fé e de vida com a sua origem, enquanto ao longo dos séculos
orienta todo o seu apostolado para a difusão do Reino de Cristo na terra.
Os fiéis: hierarquia, leigos, vida consagrada
177. Quem são os fiéis?
871 – 872
934
Os fiéis são aqueles que,
incorporados em Cristo pelo Baptismo, são constituídos membros do povo de Deus.
Tornados participantes, segundo a sua condição, da função sacerdotal, profética
e real de Cristo, são chamados a exercer a missão confiada por Deus à Igreja.
Entre eles subsiste uma verdadeira igualdade, na sua dignidade de filhos de
Deus.
178. Como é formado o povo de Deus?
873
Na Igreja, por instituição divina,
existem os ministros sagrados que receberam o sacramento da Ordem e
formam a hierarquia da Igreja. Os outros são chamados leigos. De uns e
de outros, provêm fiéis, que se consagram de modo especial a Deus com a
profissão dos conselhos evangélicos: castidade no celibato, pobreza e
obediência.
179. Porque é que Cristo instituiu a
hierarquia eclesiástica?
874-877
935
Cristo instituiu a hierarquia
eclesiástica com a missão de apascentar o povo de Deus em seu nome, e para isso
lhe deu autoridade. A hierarquia eclesiástica é formada por ministros sagrados:
Bispos, presbíteros e diáconos. Graças ao sacramento da Ordem, os Bispos e os
presbíteros agem, no exercício do seu ministério, em nome e na pessoa de Cristo
cabeça; os diáconos servem o povo de Deus na diaconia (serviço) da
palavra, da liturgia, da caridade.
180. Como se actua a dimensão
colegial do ministério eclesial?
878
A exemplo dos doze Apóstolos
escolhidos e enviados por Cristo, a união dos membros da hierarquia
eclesiástica está ao serviço da comunhão dos fiéis. Cada Bispo exerce o
ministério, como membro do colégio episcopal, em comunhão com o Papa,
participando com ele na solicitude pela Igreja universal. Os sacerdotes exercem
o seu ministério no presbitério da Igreja particular, em comunhão com o próprio
Bispo e sob a sua condução.
181. Porque é que o ministério
eclesial tem um carácter pessoal?
879 – 880
O ministério eclesial tem também um
carácter pessoal, pois, em virtude do sacramento da Ordem, cada um é
responsável diante de Cristo, que pessoalmente o chamou, conferindo-lhe a
missão.
182. Qual é a missão do Papa?
881- 882
936 - 937
O Papa, Bispo de Roma e Sucessor de
S. Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade da Igreja. É
o vigário de Cristo, cabeça do colégio dos Bispos e pastor de toda a Igreja,
sobre a qual, por instituição divina, tem poder, pleno, supremo, imediato e
universal.
183. Qual é a missão do colégio dos
Bispos?
883 – 885
O colégio dos Bispos, em comunhão
com o Papa e nunca sem ele, exerce também sobre a Igreja supremo e pleno poder.
184. Como é que os Bispos exercem a
sua missão de ensinar?
886-890
939
Os Bispos, em comunhão com o Papa,
têm o dever de anunciar o Evangelho a todos, fielmente e com autoridade, como
autênticas testemunhas da fé apostólica e revestidos da autoridade de Cristo.
Mediante o sentido sobrenatural da fé, o Povo de Deus, adere indefectivelmente
à fé, sob a condução do Magistério vivo da Igreja.
185. Quando se exerce a
infalibilidade do Magistério?
971
A infalibilidade exerce-se quando o
Romano Pontífice, em virtude da sua autoridade de supremo Pastor da Igreja, ou
o Colégio Episcopal, em comunhão com o Papa, sobretudo reunido num Concílio
Ecuménico, proclamam com um acto definitivo uma doutrina respeitante à fé ou à
moral, e também quando o Papa e os Bispos, no seu Magistério ordinário,
concordam ao propor uma doutrina como definitiva. A tais ensinamentos cada fiel
deve aderir com o obséquio da fé.
186. Como é que os Bispos exercem o
ministério de santificar?
971
Os Bispos santificam a Igreja
dispensando a graça de Cristo, mediante o ministério da palavra e dos
sacramentos, em particular da Eucaristia, e também com a oração e o seu exemplo
e trabalho.
187. Como é que os Bispos exercem a
função de governar?
894 – 896
Cada Bispo, enquanto membro do
colégio episcopal, exerce colegialmente a solicitude por todas as Igrejas
particulares e por toda a Igreja, juntamente com os outros Bispos unidos ao
Papa. O Bispo, a quem é confiada uma Igreja particular, governa-a com a
autoridade do poder sagrado, próprio, ordinário e imediato, exercido em nome de
Cristo, bom Pastor, em comunhão com toda a Igreja e sob a condução do sucessor
de Pedro.
188. Qual é a vocação dos fiéis
leigos?
897-900
940
Os fiéis leigos têm como vocação
própria a de procurar o reino de Deus, iluminando e ordenando as realidades
temporais segundo Deus. Correspondem assim ao chamamento à santidade e ao
apostolado, dirigido a todos os baptizados.
189. Como participam os fiéis leigos
na função sacerdotal de Cristo?
901-903
Participam nela oferecendo – como
sacrifício espiritual «agradável a Deus por Jesus Cristo» (1 Ped 2,5),
sobretudo na Eucaristia – a sua vida com todas as obras, as orações e as
iniciativas apostólicas, a vida familiar, o trabalho de cada dia, as agruras da
vida suportadas com paciência e os lazeres corporais e espirituais. Deste modo,
os leigos, dedicados a Cristo e consagrados pelo Espírito Santo, oferecem a
Deus o próprio mundo.
190. Como participam na sua função
profética?
904-907
942
Participam nela acolhendo cada vez
mais na fé a Palavra de Cristo e anunciando-a ao mundo com o testemunho da vida
e da palavra, a acção evangelizadora e a catequese. Esta acção evangelizadora
adquire uma particular eficácia pelo facto de ser realizada nas condições
ordinárias da vida secular.
191. Como participam na sua função
real?
908 – 913
943
Os leigos participam na função real
de Cristo, tendo recebido d’Ele o poder de vencer o pecado em si mesmos e no
mundo, mediante a abnegação de si e a santidade de vida. Exercem vários
ministérios ao serviço da comunidade e impregnam de valor moral as actividades
temporais do homem e as instituições da sociedade.
192. O que é a vida consagrada?
914 – 916
944
É um estado de vida reconhecido pela
Igreja. É uma resposta livre a um chamamento particular de Cristo, mediante a
qual os consagrados se entregam totalmente a Deus e tendem para a perfeição da
caridade sob a moção do Espírito Santo. Tal consagração caracteriza-se pela
prática dos conselhos evangélicos.
193. O que é que a vida consagrada
oferece à missão da Igreja?
931-933
945
A vida consagrada participa na
missão da Igreja mediante uma plena dedicação a Cristo e aos irmãos,
testemunhando a esperança do Reino celeste.
Creio na Comunhão dos santos
194. O que significa a expressão comunhão
dos santos?
946–953
960
Indica, antes de mais, a
participação de todos os membros da Igreja nas coisas santas (sancta): a
fé, os sacramentos, em especial a Eucaristia, os carismas e os outros dons
espirituais. Na raiz da comunhão está a caridade que «não procura o próprio interesse»
(1 Cor 13, 5), mas move o fiel «a colocar tudo em comum» (Act 4,
32), mesmo os próprios bens materiais ao serviço dos pobres.
195. O que significa ainda a
expressão comunhão dos santos?
954–959;
961–962
Designa ainda a comunhão entre as
pessoas santas (sancti), isto é, entre os que, pela graça, estão unidos
a Cristo morto e ressuscitado. Alguns são peregrinos na terra; outros, que já
partiram desta vida, estão a purificar-se, ajudados também pelas nossas
orações; outros, enfim, gozam já da glória de Deus e intercedem por nós. Todos
juntos formam, em Cristo, uma só família, a Igreja, para louvor e glória da
Trindade.
Maria Mãe de Cristo, Mãe da Igreja
196. Em que sentido a Bem-aventurada
Virgem Maria é Mãe da Igreja?
963 – 966
973
A Bem-aventurada Virgem Maria é Mãe
da Igreja na ordem da graça porque deu à luz Jesus, o Filho de Deus, Cabeça do
corpo que é a Igreja. Jesus ao morrer na cruz, indicou-a como mãe ao discípulo
com estas palavras: «Eis a tua Mãe» (Jo 19, 27). ( )
197. Como é que a Virgem Maria ajuda
a Igreja?
967 – 970
Após a Ascensão do Seu Filho, a
Virgem Maria ajuda, com as suas orações, as primícias da Igreja e, mesmo depois
da sua assunção ao céu, continua a interceder pelos seus filhos, a ser para
todos um modelo de fé e de caridade, e a exercer sobre eles um influxo salutar,
que nasce da superabundância dos méritos de Cristo. Os fiéis vêem nela uma
imagem e uma antecipação da ressurreição que os espera, invocando-a como
advogada, auxiliadora, socorro, medianeira.
198. Que tipo de culto se presta à
Virgem santíssima?
971
É um culto singular, que difere
essencialmente do culto de adoração, prestado apenas à Santíssima Trindade. Tal
culto de especial veneração encontra uma particular expressão nas festas
litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração mariana, como o santo Rosário,
resumo de todo o Evangelho.
199. Como é que a bem-aventurada
Virgem Maria é ícone escatológico da Igreja?
972;
974–975
Dirigindo o seu olhar para Maria,
santíssima e já glorificada em corpo e alma, a Igreja contempla o que ela
própria é chamada a ser na terra e o que será na pátria celeste.
«CREIO
NA REMISSÃO DOS PECADOS»
200. Como são perdoados os pecados?
976 – 980
984 – 985
O primeiro e principal sacramento
para o perdão dos pecados é o Baptismo. Para os pecados cometidos depois do
Baptismo, Cristo instituiu o sacramento da Reconciliação ou Penitência, por
meio do qual o baptizado é reconciliado com Deus e com a Igreja.
201. Porque é que a Igreja tem o
poder de perdoar os pecados?
981–983;
986–987
A Igreja tem a missão e o poder de
perdoar os pecados, porque o próprio Cristo lho conferiu: «Recebei o Espírito
Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a
quem os retiverdes serão retidos» (Jo 20, 22-23).
«CREIO
NA RESSURREIÇÃO DA CARNE»
202. Que indica a palavra carne
e qual é a sua importância?
990
1015
O termo carne designa o homem
na sua condição de debilidade e de mortalidade. «A carne é o eixo da salvação»
(Tertuliano). Com efeito, nós cremos em Deus que é o Criador da carne; cremos
no Verbo que se fez carne para redimir a carne; cremos na ressurreição da
carne, acabamento da criação e da redenção da carne.
203. O que significa a «ressurreição
da carne»?
990
Significa que o estado definitivo do
homem não será só a alma espiritual separada do corpo, mas também que os nossos
corpos mortais um dia retomarão a vida.
204. Qual a relação entre a
Ressurreição de Cristo e a nossa?
988 – 991,
1002 – 1003
Como Cristo verdadeiramente
ressuscitou dos mortos e vive para sempre, assim Ele próprio nos ressuscitará a
todos no último dia, com um corpo incorruptível: «os que tiverem feito o bem
para uma ressurreição de vida, e os que tiverem feito o mal para uma
ressurreição de condenação».
205. Com a morte, que sucede ao
nosso corpo e à nossa alma?
992 – 1004;
1016 –1018
Com a morte, separação da alma e do
corpo, o corpo cai na corrupção, enquanto a alma, que é imortal, vai ao
encontro do Julgamento divino e espera reunir-se ao corpo quando este, transformado,
ressuscitar no regresso do Senhor. Compreender como acontecerá a
ressurreição supera as possibilidades da nossa imaginação e do nosso
entendimento.
206. Que significa morrer em Cristo
Jesus?
1005-1014.
1019
Significa morrer na graça de Deus, sem
pecado mortal. O que crê em Cristo e segue o Seu exemplo pode assim transformar
a própria morte num acto de obediência e de amor ao Pai. «É certa esta palavra:
se morrermos com Ele, também com Ele viveremos» (2 Tim 2,11).
«CREIO
NA VIDA ETERNA»
207. O que é a vida eterna?
1020 1051
A vida eterna é a que se iniciará
imediatamente após a morte. Ela não terá fim. Será precedida para cada um por
um juízo particular realizado por Cristo, juiz dos vivos e dos mortos, e será
confirmada pelo juízo final.
208. O que é o juízo particular?
1021 – 1022
1051
É o julgamento de retribuição
imediata, que cada um, a partir da morte, recebe de Deus na sua alma imortal,
em relação à sua fé e às suas obras. Tal retribuição consiste no acesso à
bem-aventurança do céu, imediatamente ou depois de uma adequada purificação, ou
então à condenação eterna no inferno.
209. O que se entende por «céu»?
1023 – 1026
1053
Por «céu» entende-se o estado de
felicidade suprema e definitiva. Os que morrem na graça de Deus e não precisam
de ulterior purificação são reunidos à volta de Jesus e de Maria, dos anjos e
dos santos. Formam assim a Igreja do céu, onde vêem Deus «face a face» (1 Cor
13,12), vivem em comunhão de amor com a Santíssima Trindade e intercedem por
nós.
«A vida na sua própria realidade e
verdade é o Pai que, pelo Filho e no Espírito Santo, sobre todos derrama como
fonte, os seus dons celestes. E, pela sua bondade, promete verdadeiramente
também a nós homens os bens divinos da vida eterna. (S. Cirilo de Jerusalém)
210. O que é o purgatório?
1030 – 1031
1054
O purgatório é o estado dos que
morrem na amizade de Deus, mas, embora seguros da sua salvação eterna, precisam
ainda de purificação para entrar na alegria de Deus.
211. Como podemos ajudar a
purificação das almas do purgatório?
1032
Em virtude da comunhão dos santos,
os fiéis ainda peregrinos na terra podem ajudar as almas do purgatório
oferecendo as suas orações de sufrágio, em particular o Sacrifício eucarístico,
mas também esmolas, indulgências e obras de penitência.
212. Em que consiste o inferno?
1033–1035.
1056–1057
Consiste na condenação eterna
daqueles que, por escolha livre, morrem em pecado mortal. A pena principal do
inferno é a eterna separação de Deus, o único em quem o homem encontra a vida e
a felicidade para que foi criado, e a que aspira. Cristo exprime esta realidade
com as palavras: «Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno» (Mt
25, 41).
213. Como conciliar o inferno com a
bondade infinita de Deus?
1036 – 1037
Deus, apesar de querer «que todos
tenham modo de se arrepender» (2Ped 3,9), tendo criado o homem livre e
responsável, respeita as suas decisões. Portanto, é o próprio homem que, em
plena autonomia, se exclui voluntariamente da comunhão com Deus se, até ao
momento da própria morte, persiste no pecado mortal, recusando o amor
misericordioso de Deus.
214. Em que consistirá o Juízo
final?
1038–1041;
1058–1059
O juízo final (universal) consistirá
na sentença de vida bem-aventurada ou de condenação eterna, que o Senhor Jesus,
no seu regresso como juiz dos vivos e dos mortos, pronunciará em relação aos
«justos e injustos» (Act 24, 15), reunidos todos juntos diante d’Ele. A
seguir a tal juízo final, o corpo ressuscitado participará na retribuição que a
alma teve no juízo particular.
215. Quando terá lugar este juízo
final?
1040
O juízo final terá lugar no fim do
mundo, do qual só Deus conhece o dia e a hora.
216. Em que consiste a esperança dos
novos céus e da nova terra?
1042 – 1050
1060
Depois do juízo final, o próprio universo,
libertado da escravidão da corrupção, participará na glória de Cristo com a
inauguração dos «novos céus e da nova terra» (2 Ped 3,13). Será assim
alcançada a plenitude do Reino de Deus, ou seja a realização definitiva do
desígnio salvífico de Deus de «recapitular em Cristo todas as coisas, as do céu
e as da terra» (Ef 1,10). Deus será então «tudo em todos» (1 Cor
15,28), na vida eterna.
«ÁMEN»
217. Que significa o Ámen,
que conclui a nossa profissão de fé?
1064 – 1065
A palavra hebraica Amen, que
conclui o último livro da Sagrada Escritura, algumas orações do Novo Testamento
e as orações litúrgicas da Igreja, significa o nosso «sim» confiante e total a
tudo o que professamos crer, confiando totalmente n’Aquele que é o «Ámen» (Ap
3,14) definitivo: Cristo Senhor.
SEGUNDA
PARTE
A CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO
CRISTÃO
PRIMEIRA
SECÇÃO
A ECONOMIA SACRAMENTAL
218. O que é a liturgia?
1066 – 1070
A liturgia é a celebração do
Mistério de Cristo e em particular do seu Mistério Pascal. Na liturgia, pelo exercício
da função sacerdotal de Jesus Cristo, a santificação dos homens é significada e
realizada mediante sinais, e é exercido, pelo Corpo místico de Cristo, ou seja
pela Cabeça e pelos membros, o culto público devido a Deus.
219. Qual o lugar da liturgia na
vida da Igreja?
1071 – 1075
A liturgia, acção sagrada por
excelência, constitui o cume para onde tendem todas as acções da Igreja e,
simultaneamente, a fonte donde provém toda a sua força vital. Através da
liturgia, Cristo continua na sua Igreja, com ela e por meio dela, a obra da
nossa redenção.
220. Em que consiste a economia
sacramental?
1076
A economia sacramental consiste na
comunicação (ou «dispensação») dos frutos da redenção de Cristo mediante a
celebração dos sacramentos da Igreja, principalmente da Eucaristia, «até que
Ele venha» (1 Cor 11,26).
CAPÍTULO
PRIMEIRO
O MISTÉRIO PASCAL
NO TEMPO
DA IGREJA
LITURGIA
– OBRA DA SANTÍSSIMA TRINDADE
221. De que modo o Pai é a fonte e o
fim da liturgia?
1077 – 1083
1110
Na liturgia, o Pai enche-nos das
suas bênçãos no Filho encarnado, morto e ressuscitado por nós, e derrama o
Espírito Santo nos nossos corações. Ao mesmo tempo a Igreja bendiz o Pai,
mediante a adoração, o louvor e a acção de graças, e implora o dom do seu Filho
e do Espírito Santo.
222. Qual é a obra de Cristo na
liturgia?
1084 – 1090
Na liturgia da Igreja, Cristo
significa e realiza principalmente o seu Mistério pascal. Doando o Espírito
Santo aos Apóstolos, concedeu-lhes a eles e aos seus sucessores o poder de
realizar a obra da salvação por meio do Sacrifício eucarístico e dos
sacramentos, nos quais Ele próprio age agora para comunicar a sua graça aos
fiéis de todos os tempos e em todo o mundo.
223. Na liturgia, como actua o
Espírito Santo em relação à Igreja?
1091 – 1109
1112
Na liturgia, realiza-se a mais
estreita cooperação entre o Espírito Santo e a Igreja. O Espírito Santo prepara
a Igreja para encontrar o seu Senhor; recorda e manifesta Cristo à fé da
assembleia; torna presente e actualiza o Mistério de Cristo; une a Igreja à
vida e à missão de Cristo e faz frutificar nela o dom da comunhão.
O
MISTÉRIO PASCAL NOS SACRAMENTOS DA IGREJA
224. O que são e quais são os
sacramentos?
1113 – 1131
Os sacramentos são sinais sensíveis
e eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, mediante os
quais nos é concedida a vida divina. Os sacramentos são sete: o Baptismo, a
Confirmação, a Eucaristia, a Penitência, a Unção dos enfermos, a Ordem e o
Matrimónio.
225. Qual a relação dos sacramentos
com Cristo?
1114-1116
Os mistérios da vida de Cristo
constituem o fundamento do que, de ora em diante, pelos ministros da sua
Igreja, Cristo dispensa nos sacramentos.
«O que era visível no nosso Salvador
passou para os seus sacramentos» (S. Leão Magno).
226. Qual a ligação entre os
sacramentos e a Igreja?
1117 – 1119
Cristo confiou os sacramentos à sua
Igreja. Eles são «da Igreja» num duplo sentido: enquanto acção da Igreja, que é
sacramento da acção de Cristo, e enquanto existem «para ela», ou seja, enquanto
edificam a Igreja.
227. O que é o carácter sacramental?
1121
É um selo espiritual,
conferido pelos sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da Ordem. Este selo é
promessa e garantia da protecção divina. Em virtude de tal selo, o cristão é
configurado a Cristo, participa de diversos modos no seu sacerdócio, e faz
parte da Igreja segundo estados e funções diversas, sendo pois consagrado ao
culto divino e ao serviço da Igreja. Dado que o carácter é indelével, os
sacramentos que o imprimem recebem-se uma só vez na vida.
228. Qual é a relação dos
sacramentos com a fé?
1122-1126
1133
Os sacramentos não apenas supõem a
fé como também, através das palavras e elementos rituais, a alimentam,
fortificam e exprimem. Ao celebrá-los, a Igreja confessa a fé apostólica. Daí o
adágio antigo: «lex orandi, lex credendi», isto é, a Igreja crê no que
reza.
229. Porque é que os sacramentos são
eficazes?
1127-1128
1131
Os sacramentos são eficazes ex
opere operato («pelo próprio facto de a acção sacramental ser realizada»),
porque é Cristo que neles age e comunica a graça que significam,
independentemente da santidade pessoal do ministro, ainda que os frutos dos
sacramentos dependam também das disposições de quem os recebe.
230. Porque motivo os sacramentos
são necessários para a salvação?
1129
Embora nem todos os sacramentos
sejam conferidos a cada um dos fiéis, eles são necessários para a salvação dos
que crêem em Cristo, porque conferem as graças sacramentais, o perdão dos
pecados, a adopção de filhos de Deus, a conformação a Cristo Senhor e a
pertença à Igreja. O Espírito Santo cura e transforma aqueles que os recebem.
231. O que é a graça sacramental?
1129; 1131;
1134; 2003
A graça sacramental é a graça do
Espírito Santo, dada por Cristo e própria de cada sacramento. Tal graça ajuda o
fiel, no seu caminho de santidade, bem como a Igreja no seu crescimento na
caridade e no testemunho.
232. Qual é a relação entre os
sacramentos e a vida eterna?
1130
Nos sacramentos, a Igreja recebe já
as arras da vida eterna, embora «aguardando a ditosa esperança e manifestação
da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo» (Tit 2,13).
CAPÍTULO
SEGUNDO
A CELEBRAÇÃO
SACRAMENTAL DO MISTÉRIO PASCAL
CELEBRAR
A LITURGIA DA IGREJA
Quem celebra?
233. Quem age na liturgia?
1135 – 1137
1187
Na liturgia age «o Cristo todo
inteiro» («Christus Totus»), Cabeça e Corpo. Como sumo-sacerdote, Ele
celebra com o seu Corpo, que é a Igreja celeste e terrestre.
234. Por quem é celebrada a liturgia
celeste?
1138 – 1139
A liturgia celeste é celebrada pelos
anjos, pelos santos da Antiga e da Nova Aliança, em particular pela Mãe de
Deus, pelos Apóstolos, pelos mártires e por uma «numerosa multidão, que
ninguém» pode contar, «de todas as nações, tribos, povos e línguas» (Ap
7,9). Quando nos sacramentos celebramos o mistério da salvação, participamos
nesta liturgia eterna.
235. Como é que a Igreja na terra
celebra a liturgia?
1140–1144
1188
A Igreja, na terra, celebra a
liturgia, como povo sacerdotal, no qual cada um actua segundo a própria função,
na unidade do Espírito Santo: os baptizados oferecem-se em sacrifício
espiritual; os ministros ordenados celebram segundo a Ordem recebida para o
serviço de todos os membros da Igreja; os Bispos e os presbíteros agem na
pessoa de Cristo Cabeça.
Como celebrar?
236. Como é celebrada a liturgia?
1145
A celebração litúrgica é tecida de
sinais e de símbolos, cujo significado, radicado na criação e nas culturas
humanas, se esclarece nos acontecimentos da Antiga Aliança e se revela
plenamente na Pessoa e na obra de Cristo.
237. Donde provêm os sinais
sacramentais?
1146 - 1152 1189
Alguns provêm da criação (luz, água,
fogo, pão, vinho, óleo); outros da vida social (lavar, ungir, partir o pão);
outros da história da salvação na Antiga Aliança (os ritos da Páscoa, os
sacrifícios, a imposição das mãos, as consagrações). Estes sinais, alguns dos
quais são normativos e imutáveis, assumidos por Cristo tornam-se portadores da
acção salvífica e de santificação.
238. Qual o nexo entre as acções e
as palavras, nas celebração sacramental?
1153- 1155
1190
Na celebração sacramental, acções e
palavras estão intimamente ligadas. Mesmo que as acções simbólicas sejam já em
si uma linguagem, é todavia necessário que as palavras do rito acompanhem e
vivifiquem estas acções. Enquanto sinais e ensino, as palavras e os gestos são
inseparáveis, uma vez que realizam aquilo que significam.
239. Quais os critérios do canto e
da música na celebração litúrgica?
1156 – 1158
1191
Uma vez que o canto e a música estão
intimamente conexos com a acção litúrgica, eles devem respeitar os seguintes
critérios: a conformidade à doutrina católica dos textos, tomados de
preferência da Escritura e das fontes litúrgicas; a beleza expressiva da
oração; a qualidade da música; a participação da assembleia; a riqueza cultural
do Povo de Deus e o carácter sacro e solene da celebração. «Quem canta reza
duas vezes» (S. Agostinho).
240. Qual a finalidade das imagens
sagradas?
1159 – 1161
1192
A imagem de Cristo é o ícone
litúrgico por excelência. As outras, que representam Nossa Senhora e os santos,
significam Cristo, que nelas é glorificado. Elas proclamam a mesma mensagem
evangélica que a Sagrada Escritura transmite através da palavra e ajudam a
despertar e a alimentar a fé dos fiéis.
Quando celebrar?
241. Qual é o centro do tempo
litúrgico?
1163-1167
1193
O centro do tempo litúrgico é o
Domingo, fundamento e núcleo de todo o ano litúrgico, que tem o seu cume na
Páscoa anual, a festa das festas.
242. Qual é a função do ano
litúrgico?
1168–1173.
1194–1195
No ano litúrgico, a Igreja celebra
todo o Mistério de Cristo, da Encarnação até à sua vinda gloriosa. Nos dias
estabelecidos, a Igreja venera com especial amor a bem-aventurada Virgem Maria
Mãe de Deus e também faz memória Santos, que por Cristo viveram, com Ele
sofreram e com Ele são glorificados.
243. O que é a liturgia das horas?
1174 – 1178
1196
A liturgia das horas, oração pública
e comum da Igreja, é a oração de Cristo com o seu Corpo, a Igreja. Por ela, o
Mistério de Cristo, que celebramos na Eucaristia, santifica e transfigura o
tempo de cada dia. Ela compõe-se principalmente de Salmos e de outros textos
bíblicos, e também de leituras dos Padres e dos mestres espirituais.
Onde celebrar?
244. A Igreja tem necessidade de lugares
para celebrar a liturgia?
1179–1181.
1197–1198
O culto «em espírito e verdade» (Jo
4,24) da Nova Aliança não está ligado a nenhum lugar exclusivo, porque Cristo é
o verdadeiro templo de Deus, por meio do qual também os cristãos e toda a
Igreja se tornam, sob a acção do Espírito Santo, templos do Deus vivo. Todavia
o Povo de Deus, na sua condição terrena, tem necessidade de lugares nos quais a
comunidade se possa reunir para celebrar a liturgia.
245. O que são os edifícios
sagrados?
1181 .
1198-1199
São as casas de Deus, símbolo da
Igreja que vive num lugar e também da morada celeste. São lugares de oração,
nos quais a Igreja celebra sobretudo a Eucaristia e adora Cristo realmente
presente no tabernáculo.
246. Quais são os lugares
privilegiados no interior dos edifícios sagrados?
1182 – 1186
São: o altar, o tabernáculo, o lugar
onde se guarda o santo crisma e os outros óleos sagrados, a cadeira do Bispo
(cátedra) ou do presbítero, o ambão, a fonte baptismal, o confessionário.
DIVERSIDADE
LITÚRGICA E UNIDADE DO MISTÉRIO
247. Porque é que a Igreja celebra o
único Mistério de Cristo segundo tradições litúrgicas diferentes?
1200-1204
1207-1209
Porque a insondável riqueza do
Mistério de Cristo não pode ser esgotada por uma única tradição litúrgica.
Desde as origens, esta riqueza encontrou, nos vários povos e culturas,
expressões caracterizadas por uma admirável variedade e complementaridade.
248. Qual é o critério, que assegura
a unidade na diversidade?
1209
É a fidelidade à Tradição
Apostólica, isto é, à comunhão na fé e nos sacramentos recebidos dos Apóstolos,
comunhão que é significada e garantida pela sucessão apostólica. A Igreja é
católica: pode, portanto, integrar na sua unidade todas as verdadeiras riquezas
das culturas.
249. Na liturgia, tudo é imutável?
1205 – 1206
Na liturgia, sobretudo na dos
sacramentos, existem elementos imutáveis, porque de instituição divina, e dos
quais a Igreja é guardiã. Existem depois elementos susceptíveis de mudança, que
a Igreja tem o poder, e, muitas vezes o dever, de adaptar às culturas dos
diferentes povos.
SEGUNDA
SECÇÃO
OS SETE SACRAMENTOS DA IGREJA
Os sete Sacramentos da Igreja
O Baptismo
a Confirmação
a Eucaristia
a Penitência,
a Unção dos Enfermos
a Ordem o Matrimónio.
250. Como agrupar os sacramentos da
Igreja?
1210-1211
Em: sacramentos da iniciação cristã
(Baptismo, Confirmação e Eucaristia); sacramentos da cura (Penitência e Unção
dos enfermos); sacramentos ao serviço da comunhão e da missão (Ordem e
Matrimónio). Os sacramentos tocam todas as etapas e momentos importantes da
vida cristã. Todos os sacramentos estão ordenados para a Eucaristia «como para
o seu fim» (S. Tomás de Aquino).
CAPÍTULO
PRIMEIRO
OS SACRAMENTOS DA
INICIAÇÃO CRISTÃ
251. Como se realiza a iniciação
cristã?
1210 – 1211
Realiza-se mediante os sacramentos
que lançam os alicerces da vida cristã: os fiéis, renascidos pelo
Baptismo, são fortalecidos pela Confirmação e alimentados pela Eucaristia.
O
SACRAMENTO DO BAPTISMO
252. Quais os nomes do primeiro
sacramento da iniciação?
1213 – 1216
1276 – 1277
Antes de mais, chama-se Baptismo
por causa do rito central com que é celebrado: baptizar significa «imergir» na
água. O que é baptizado é imerso na morte de Cristo e ressurge com Ele como
«nova criatura» (2 Cor 5,17). Chama-se também «banho da regeneração e da
renovação no Espírito Santo» (Tit 3,5) e «iluminação», porque o
baptizado se torna «filho da luz» (Ef 5, 8).
253. Como é prefigurado o Baptismo
na Antiga Aliança?
1217-1222
Na Antiga Aliança encontram-se
várias prefigurações do Baptismo: a água, fonte de vida e de morte; a
arca de Noé, que salva por meio da água; a passagem do Mar Vermelho,
que liberta Israel da escravidão do Egipto; a travessia do Jordão, que
introduz Israel na terra prometida, imagem da vida eterna.
254. Quem conduz ao cumprimento tais
prefigurações?
1223-1224
É Jesus Cristo, o qual, no início da
sua vida pública, se fez baptizar por João Baptista, no Jordão: na cruz, do seu
lado trespassado, derramou sangue e água, sinais do Baptismo e da Eucaristia, e
depois da Ressurreição confia aos Apóstolos esta missão: «Ide e ensinai todos
os povos, baptizando-os no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Mt
28, 19-20).
255. Desde quando e a quem é que a
Igreja administra o Baptismo?
1226 – 1228
Desde o dia de Pentecostes que a
Igreja administra o Baptismo a quem crê em Jesus Cristo.
256. Em que consiste o rito
essencial do Baptismo?
1229-1245
1278
O rito essencial deste sacramento
consiste em imergir na água o candidato ou em derramar a água sobre a sua
cabeça, enquanto é invocado o Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
257. Quem pode receber o Baptismo?
1246 - 1252
É capaz para receber o Baptismo toda
a pessoa ainda não baptizada.
258. Porque é que a Igreja baptiza
as crianças?
1250
Porque tendo nascido com o pecado
original, elas têm necessidade de ser libertadas do poder do Maligno e de ser
transferidas para o reino da liberdade dos filhos de Deus.
259. O que se requer dum baptizando?
1253-1255
Ao baptizando é exigida a profissão
de fé, expressa pessoalmente no caso do adulto, ou então por parte dos pais e
da Igreja no caso da criança. Também o padrinho ou madrinha e toda a comunidade
eclesial têm uma parte de responsabilidade na preparação para o Baptismo
(catecumenado), bem como no desenvolvimento da fé e da graça baptismal.
260. Quem pode baptizar?
1266.
1284
Os ministros ordinários do Baptismo
são o Bispo e o presbítero; na Igreja latina, também o diácono. Em caso de
necessidade, qualquer pessoa pode baptizar, desde que entenda fazer o que faz a
Igreja e derrame água sobre a cabeça do candidato, dizendo a fórmula trinitária
baptismal: «Eu te baptizo em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo».
261. É necessário o Baptismo para a
salvação?
1257
O Baptismo é necessário para a
salvação daqueles a quem foi anunciado o Evangelho e que têm a possibilidade de
pedir este sacramento.
262. É possível ser salvo sem o
Baptismo?
1258-1261
1281-1283
Porque Cristo morreu para a salvação
de todos, podem ser salvos mesmo sem o Baptismo os que morrem por causa da fé (Baptismo
de sangue), os catecúmenos, e todos os que sob o impulso da graça, sem
conhecer Cristo e a Igreja, procuram sinceramente a Deus e se esforçam por
cumprir a sua vontade (Baptismo de desejo). Quanto às crianças, mortas
sem Baptismo, a Igreja na sua liturgia confia-as à misericórdia de Deus.
263. Quais são os efeitos do
Baptismo?
1262-1274
1279-1280
O Baptismo perdoa o pecado original,
todos os pecados pessoais e as penas devidas ao pecado; faz participar na vida
divina trinitária mediante a graça santificante, a graça da justificação que
incorpora em Cristo e na Igreja; faz participar no sacerdócio de Cristo e
constitui o fundamento da comunhão entre todos os cristãos; confere as virtudes
teologais e os dons do Espírito Santo. O baptizado pertence para sempre a
Cristo: com efeito, é assinalado com o selo indelével de Cristo (carácter).
264. Que significado assume o nome
cristão recebido no Baptismo?
2156-2159
2167
O nome é importante, porque Deus
conhece cada um pelo nome, isto é, na sua unicidade. Com o Baptismo, o cristão
recebe na Igreja o próprio nome, de preferência o de um santo, de maneira que
este ofereça ao baptizado um modelo de santidade e lhe assegure a sua
intercessão junto de Deus.
O
SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO
265. Qual é o lugar da Confirmação
no desígnio divino da salvação?
1285- 1288
1315
Na Antiga Aliança, os profetas
anunciaram a comunicação do Espírito do Senhor ao Messias esperado e a todo o
povo messiânico. Toda a vida e missão de Jesus se desenvolvem numa total
comunhão com o Espírito Santo. Os Apóstolos recebem o Espírito Santo no
Pentecostes e anunciam «as grandes obras de Deus» (Act 2,11). Comunicam
aos neófitos, através da imposição das mãos, o dom do mesmo Espírito. Ao longo
dos séculos, a Igreja continuou a viver do Espírito e a comunicá-lo aos seus
filhos.
266. Porque se chama Crisma
ou Confirmação?
1289
Chama-se Crisma (nas Igrejas
Orientais: Crismação com o Santo Myron) por causa do rito essencial que é a
unção. Chama-se Confirmação, porque confirma e reforça a graça
baptismal.
267. Qual o rito essencial da
Confirmação?
1290-1301
1318
1320-1321
O rito essencial da Confirmação é a
unção com o santo crisma (óleo misturado com bálsamo, consagrado pelo Bispo),
feita com a imposição da mão por parte do ministro que pronuncia as palavras
sacramentais próprias do rito. No Ocidente, tal unção é feita sobre a fronte do
baptizado com as palavras: «Recebe por este sinal, o Espírito Santo, o Dom de
Deus». Nas Igrejas Orientais de rito bizantino, a unção faz-se também noutras
partes do corpo, com a fórmula: « Selo do dom do Espírito Santo».
268. Qual é o efeito da Confirmação?
1302-1305
1316 – 1317
O efeito da Confirmação é a efusão
especial do Espírito Santo, como no Pentecostes. Tal efusão imprime na alma um
carácter indelével e traz consigo um crescimento da graça baptismal: enraíza
mais profundamente na filiação divina; une mais firmemente a Cristo e à sua
Igreja; revigora na alma os dons do Espírito Santo; dá uma força especial para
testemunhar a fé cristã.
269. Quem pode receber este
sacramento?
1306–1311
1319
Pode e deve recebê-lo, uma só vez,
quem já foi baptizado, o qual, para o receber eficazmente, deve estar em estado
de graça.
270. Quem é o ministro da
Confirmação?
1312 – 1314
O ministro originário é o Bispo.
Assim se manifesta o laço do crismado com a Igreja na sua dimensão apostólica.
Quando o presbítero confere este sacramento – como acontece ordinariamente no
Oriente e em casos especiais no Ocidente – o laço com o Bispo e com a Igreja é
expresso pelo presbítero, colaborador do Bispo, e pelo santo crisma, consagrado
pelo Bispo.
O
SACRAMENTO DA EUCARISTIA
271. O que é a Eucaristia?
1322-1323
1409
É o próprio sacrifício do Corpo e do
Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu para perpetuar o sacrifício da cruz
no decorrer dos séculos até ao seu regresso, confiando assim à sua Igreja o
memorial da sua Morte e Ressurreição. É o sinal da unidade, o vínculo da
caridade, o banquete pascal, em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça
e nos é dado o penhor da vida eterna.
272. Quando é que Jesus Cristo
instituiu a Eucaristia?
1323
1337-1340
Instituiu-a na Quinta Feira Santa,
«na noite em que foi entregue» (1 Cor 11,23), ao celebrar a Última Ceia
com os seus Apóstolos.
273. Como é que a instituiu?
1337-1340
1365, 1406
Depois de reunir os Apóstolos no
Cenáculo, Jesus tomou nas suas mãos o pão, partiu-o e deu-lho dizendo: «Tomai e
comei todos: isto é o meu corpo entregue por vós». Depois tomou nas suas mãos o
cálice do vinho e disse-lhes: «tomai e bebei todos: este é o cálice do meu
sangue para a nova e eterna aliança, derramado por vós e por todos para a
remissão dos pecados. Fazei isto em memória de mim».
274. O que significa a Eucaristia na
vida da Igreja?
1324-1327
1407
É fonte e cume da vida cristã. Na
Eucaristia, atingem o auge a acção santificadora de Deus em nosso favor e o
nosso culto para com Ele. Nela está contido todo o tesouro espiritual da
Igreja: o próprio Cristo, nossa Páscoa. A comunhão da vida divina e a unidade
do Povo de Deus são significadas e realizadas na Eucaristia. Pela celebração
eucarística unimo-nos desde já à liturgia do Céu e antecipamos a vida eterna.
275. Como é chamado este sacramento?
1328 – 1332
A insondável riqueza deste
sacramento exprime-se com diferentes nomes que evocam alguns dos seus aspectos
particulares. Os mais comuns são: Eucaristia, Santa Missa, Ceia do Senhor,
Fracção do pão, Celebração Eucarística, Memorial da paixão, da morte e da
ressurreição do Senhor, Santo Sacrifício, Santa e Divina Liturgia, Santos
Mistérios, Santíssimo Sacramento do altar, Santa Comunhão.
276. Qual o lugar da Eucaristia no
desígnio da salvação?
1333 – 1344
Na Antiga Aliança, a Eucaristia é
preanunciada sobretudo na ceia pascal anual, celebrada cada ano pelos judeus
com os pães ázimos, para recordar a imprevista e libertadora partida do Egipto.
Jesus anuncia-a no seu ensino e institui-a, celebrando com os seus Apóstolos a
última Ceia, durante um banquete pascal. A Igreja, fiel ao mandamento do
Senhor: «Fazei isto em memória de mim» (1 Cor 11, 24), sempre celebrou a
Eucaristia, sobretudo ao Domingo, dia da ressurreição de Jesus.
277. Como se desenrola a celebração
da Eucaristia?
1345 – 1355
1408
Desenrola-se em dois grandes
momentos que formam um só acto de culto: a liturgia da Palavra, que compreende
a proclamação e escuta da Palavra de Deus; e a liturgia eucarística, que
compreende a apresentação do pão e do vinho, a oração ou anáfora, que contém as
palavras da consagração, e a comunhão.
278. Quem é o ministro da celebração
da Eucaristia?
1348
1411
É o sacerdote (Bispo ou presbítero),
validamente ordenado, que age na Pessoa de Cristo Cabeça e em nome da Igreja.
279. Quais os elementos essenciais e
necessários para realizar a Eucaristia?
1412
São o pão de trigo e o vinho da
videira.
280. Como é que a Eucaristia é memorial
do sacrifício de Cristo?
1362– 1367
A eucaristia é memorial no
sentido que torna presente e actual o sacrifício que Cristo ofereceu ao Pai,
uma vez por todas, na cruz, em favor da humanidade. O carácter sacrificial da
Eucaristia manifesta-se nas próprias palavras da instituição: «Isto é o meu
corpo, que vai ser entregue por vós» e «este cálice é a nova aliança no meu
sangue, que vai ser derramado por vós» (Lc 22,19-20). O sacrifício da
cruz e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício. Idênticos são
a vítima e Aquele que oferece, diverso é só o modo de oferecer-se: cruento na
cruz, incruento na Eucaristia.
281. Como é que a Igreja participa
no sacrifício eucarístico?
1368 – 1372
1414
Na Eucaristia, o sacrifício de
Cristo torna-se também o sacrifício dos membros do seu Corpo. A vida dos fiéis,
o seu louvor, o seu sofrimento, a sua oração, o seu trabalho são unidos aos de
Cristo. Enquanto sacrifício, a Eucaristia é também oferecida por todos os fiéis
vivos e defuntos, em reparação dos pecados de todos os homens e para obter de
Deus benefícios espirituais e temporais. A Igreja do céu está unida também à
oferta de Cristo.
282. Como é que Jesus está presente
na Eucaristia?
1373 – 1375
1413
Jesus Cristo está presente na
Eucaristia dum modo único e incomparável. De facto, está presente de modo
verdadeiro, real, substancial: com o seu Corpo e o seu Sangue, com a sua Alma e
a sua Divindade. Nela está presente em modo sacramental, isto é, sob as
espécies eucarísticas do pão e do vinho, Cristo completo: Deus e homem.
283. Que significa transubstanciação?
1376 – 1377
1413
Transubstanciação significa a conversão de toda a
substância do pão na substância do Corpo de Cristo e de toda a substância do
vinho na substância do seu Sangue. Esta conversão realiza-se na oração
eucarística mediante a eficácia da palavra de Cristo e a acção do Espírito
Santo. Todavia as características sensíveis do pão e do vinho, isto é as «espécies
eucarísticas», permanecem inalteradas.
284. A fracção do pão divide Cristo?
1377
A fracção do pão não divide Cristo:
Ele está presente todo inteiro em cada uma das espécies eucarísticas e em cada
uma das suas partes.
285. Até quando continua a presença
eucarística de Cristo?
1377
Ela continua enquanto subsistem as
espécies eucarísticas.
286. Que tipo de culto é devido ao
sacramento da Eucaristia?
1378 – 1381
1418
É devido o culto de latria,
isto é, de adoração reservado só a Deus quer durante a celebração eucarística
quer fora dela. De facto, a Igreja conserva com a maior diligência as Hóstias
consagradas, leva-as aos enfermos e às pessoas impossibilitadas de participar
na Santa Missa, apresenta-as à solene adoração dos fiéis, leva-as em procissão
e convida à visita frequente e à adoração do Santíssimo Sacramento conservado
no tabernáculo.
287. Porque é que a Eucaristia é
banquete pascal?
1382 – 1384
1391 – 1396
A Eucaristia é o banquete pascal,
porque Cristo, pela realização sacramental da sua Páscoa, nos dá o seu Corpo e
o seu Sangue, oferecidos como alimento e bebida, e nos une a si e entre nós no
seu sacrifício.
288. Que significa o altar?
1383
1410
O altar é o símbolo do
próprio Cristo, presente como vítima sacrificial (altar- sacrifício da cruz) e
como alimento celeste que se nos dá (altar-mesa eucarística).
289. Quando é que a Igreja obriga a
participar na santa Missa?
1389
1417
A Igreja obriga os fiéis a
participar na santa Missa cada Domingo e nas festas de preceito, e recomenda a
participação nela também nos outros dias.
290. Quando se deve comungar?
1389
A Igreja recomenda aos fiéis que
participam na santa Missa que também recebam, com as devidas disposições, a
sagrada Comunhão, prescrevendo a obrigação de a receber ao menos pela Páscoa.
291. Que se requer para receber a
sagrada Comunhão?
1385–1389;
1415
Para receber a sagrada Comunhão é
preciso estar plenamente incorporado à Igreja católica e em estado de graça,
isto é, sem consciência de pecado mortal. Quem tem consciência de ter cometido
pecado grave deve receber o sacramento da Reconciliação antes da Comunhão. São
também importante o espírito de recolhimento e de oração, a observância do
jejum prescrito pela Igreja e ainda a atitude corporal (gestos, trajes), como
sinal de respeito para com Cristo.
292. Quais são os frutos da sagrada
Comunhão?
1391 – 1397
1416
A sagrada Comunhão aumenta a nossa
união com Cristo e com a sua Igreja, conserva e renova a vida da graça recebida
no Baptismo e no Crisma, e faz-nos crescer no amor para com o próximo.
Fortalecendo-nos na caridade, perdoa os pecados veniais e preserva-nos dos
pecados mortais, no futuro.
293. Quando é possível administrar a
sagrada Comunhão aos outros cristãos?
1398-1401
Os ministros católicos administram
licitamente a sagrada comunhão aos membros das Igrejas orientais que não têm
plena comunhão com a Igreja católica, sempre que estes espontaneamente a peçam
e com as devidas disposições.
No que se refere aos membros doutras
Comunidades eclesiais, os ministros católicos administram licitamente a sagrada
comunhão aos fiéis, que, por motivos graves, a peçam espontaneamente, tenham as
devidas disposições e manifestem a fé católica acerca do sacramento.
294. Porque é que a Eucaristia é
«penhor da futura glória»?
1402 – 1405
Porque a Eucaristia nos enche das
graças e bênçãos do Céu, fortalece-nos para a peregrinação desta vida, faz-nos
desejar a vida eterna, unindo-nos desde já a Cristo, sentado à direita do Pai,
à Igreja do Céu, à santíssima Virgem e a todos os santos.
Na Eucaristia, partimos «o mesmo
pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver
eternamente em Jesus Cristo» (S. Inácio de Antioquia).
CAPÍTULO
SEGUNDO
295. Porque é que Cristo instituiu os
sacramentos da Penitência e da Unção dos enfermos?
1420 – 1421
1426
Cristo, médico da alma e do corpo,
instituiu-os porque a vida nova, que Ele nos deu nos sacramentos da iniciação
cristã, pode ser enfraquecida e até perdida por causa do pecado. Por isso,
Cristo quis que a Igreja continuasse a sua obra de cura e de salvação mediante
estes dois sacramentos.
O
SACRAMENTO DA PENITÊNCIA E DA RECONCILIAÇÃO
296. Como é chamado este sacramento?
1422 – 1424
É chamado sacramento da Penitência,
da Reconciliação, do Perdão, da Confissão, da Conversão.
297. Porque existe um sacramento da
Reconciliação depois do Baptismo?
1425 – 1426
1484
Porque a nova vida da graça,
recebida no Baptismo, não suprimiu a fragilidade da natureza humana nem a
inclinação para o pecado (isto é, a concupiscência), Cristo instituiu
este sacramento para a conversão dos baptizados que pelo pecado d’Ele se
afastaram.
298. Quando foi instituído este
sacramento?
1485
O Senhor ressuscitado instituiu este
sacramento quando, na tarde de Páscoa, se mostrou aos Apóstolos e lhes disse:
«Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados serão
perdoados, e àqueles a quem os retiverdes serão retidos» (Jo 20, 22-23).
299. Os baptizados têm ainda
necessidade de conversão?
1427 – 1429
O apelo à conversão ressoa
continuamente na vida dos baptizados. Esta conversão é um empenho contínuo para
toda a Igreja, que é santa mas contém pecadores no seu seio.
300. O que é a penitência interior?
1430 – 1433
1490
É o dinamismo do «coração contrito»
(Sal 51,19), movido pela graça divina a responder ao amor misericordioso
de Deus. Implica a dor e a repulsa pelos pecados cometidos, o propósito firme
de não mais pecar e a confiança na ajuda de Deus. Alimenta-se da esperança na
misericórdia divina.
301. Como se manifesta a penitência
na vida cristã?
1434 – 1439
A penitência manifesta-se de muitas
maneiras, em especial pelo jejum, a oração e a esmola. Estas e muitas outras
formas de penitência podem ser praticadas na vida quotidiana do cristão, especialmente
no tempo da Quaresma e no dia penitencial de Sexta-feira.
302. Quais os elementos essenciais
do sacramento da Reconciliação?
1440 – 1449
São dois: os actos realizados pelo
homem que se converte sob a acção do Espírito Santo e a absolvição do
sacerdote, que em Nome de Cristo concede o perdão e estabelece a modalidade da
satisfação.
303. Quais são os actos do
penitente?
1450 – 1460.
1487 – 1492
São: um diligente exame de
consciência; a contrição (ou arrependimento), que é perfeita, quando
é motivada pelo amor a Deus, e imperfeita, se fundada sobre outros motivos, e
que inclui o propósito de não mais pecar; a confissão, que consiste na
acusação dos pecados feita diante do sacerdote; a satisfação, ou seja, o
cumprimento de certos actos de penitência, que o confessor impõe ao penitente
para reparar o dano causado pelo pecado.
304. Que pecados se devem confessar?
1456
Devem-se confessar todos os pecados
graves ainda não confessados, dos quais nos recordamos depois dum diligente
exame de consciência. A confissão dos pecados graves é o único modo ordinário
para obter o perdão.
305. Quando se é obrigado a
confessar os pecados graves?
1457
Todo o fiel, obtida a idade da
razão, é obrigado a confessar os seus pecados graves ao menos uma vez por ano e
antes de receber a Sagrada Comunhão.
306. Porque é que os pecados veniais
podem ser também objecto da confissão sacramental?
1458
A confissão dos pecados veniais é
muito recomendada pela Igreja, embora não estritamente necessária, porque nos
ajuda a formar uma consciência recta e a lutar contra as más inclinações, para
nos deixarmos curar por Cristo e progredirmos na vida do Espírito.
307. Quem é o ministro deste
sacramento?
1461 – 1466
1495
Cristo confiou o ministério da
reconciliação aos seus Apóstolos, aos Bispos seus sucessores e aos presbíteros
seus colaboradores, os quais portanto se convertem em instrumentos da
misericórdia e da justiça de Deus. Eles exercem o poder de perdoar os pecados no
Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
308. A quem é reservada a absolvição
de alguns pecados?
1463
A absolvição de alguns pecados
particularmente graves (como os punidos com a excomunhão) é reservada à Sé
Apostólica ou ao Bispo do lugar ou aos presbíteros por ele autorizados, embora
todo o sacerdote possa absolver de qualquer pecado e excomunhão a quem se
encontra em perigo de morte.
309. O Confessor é obrigado ao
segredo?
1467
Dada a delicadeza e a grandeza deste
ministério e o respeito devido às pessoas, todo o confessor está obrigado a
manter o sigilo sacramental, isto é, o absoluto segredo acerca dos pecados
conhecidos em confissão, sem nenhuma excepção e sob penas severíssimas.
310. Quais são os efeitos deste
sacramento?
1468 – 1470
1496
Os efeitos do sacramento da
Penitência são: a reconciliação com Deus e portanto o perdão dos pecados; a
reconciliação com a Igreja; a recuperação, se perdida, do estado de graça; a
remissão da pena eterna merecida por causa dos pecados mortais e, ao menos em
parte, das penas temporais que são consequência do pecado; a paz e a serenidade
da consciência, e a consolação do espírito; o acréscimo das forças espirituais
para o combate cristão.
311. Quando se pode celebrar este
sacramento com confissão genérica e absolvição colectiva?
1480 – 1484
Em casos de grave necessidade (como
o perigo iminente de morte), pode-se recorrer à celebração comunitária da
Reconciliação com confissão genérica e absolvição colectiva, respeitando as
normas da Igreja e com o propósito de confessar individualmente os pecados
graves no tempo oportuno.
312. O que são as indulgências?
1471-1479
1498
As indulgências são a remissão
diante de Deus da pena temporal devida aos pecados, já perdoados quanto à
culpa, que, em determinadas condições, o fiel adquire para si ou para os
defuntos mediante o ministério da Igreja, a qual, como dispensadora da
redenção, distribui o tesouro dos méritos de Cristo e dos Santos.
O
SACRAMENTO DA UNÇÃO DOS ENFERMOS
313. Como é vivida a doença no
Antigo Testamento?
1499-1502
No Antigo Testamento, o homem doente
experimenta os seus limites e ao mesmo tempo percebe que a doença está ligada
misteriosamente ao pecado. Os profetas intuíram que a doença podia ter também
um valor redentor em relação aos próprios pecados e aos dos outros. Assim, a
doença era vivida perante Deus, da qual o homem implorava a cura.
314. Que sentido tem a compaixão de
Jesus pelos doentes?
1503-1505
A compaixão de Jesus pelos doentes e
as numerosas curas de enfermos são um claro sinal de que, com Ele, chegou o
Reino de Deus e a vitória sobre o pecado, o sofrimento e a morte. Com a sua
paixão e morte, Ele dá um novo sentido ao sofrimento, o qual, se unido ao seu,
pode ser meio de purificação e de salvação para nós e para os outros.
315. Qual é o comportamento da
Igreja em relação aos doentes?
1506-1513;
1526-1527
A Igreja, tendo recebido do Senhor a
ordem de curar os enfermos, procura pô-la em prática com os cuidados para com
os doentes, acompanhados da oração de intercessão. Ela possui sobretudo um
sacramento específico em favor dos enfermos, instituído pelo próprio Cristo e
atestado por São Tiago: «Quem está doente, chame a si os presbíteros da Igreja
e rezem por ele, depois de o ter ungido com óleo no nome do Senhor» (Tg
5,14-15).
316. Quem pode receber o sacramento
da Unção dos enfermos?
1514 –1515
1528- 1529
Este sacramento pode ser recebido
pelo fiel que começa a encontrar-se em perigo de morte por doença ou velhice. O
mesmo fiel pode recebê-lo também outras vezes se a doença se agrava ou então no
caso doutra doença grave. A celebração deste sacramento, se possível, deve ser
precedida pela confissão individual do doente.
317. Quem administra este
sacramento?
1516. 1530
Só pode ser administrado pelos
sacerdotes (Bispos ou presbíteros).
318. Como se celebra este
sacramento?
1520 – 1523
1532
A celebração deste sacramento
consiste essencialmente na unção com óleo benzido, se possível, pelo
Bispo, na fronte e nas mãos do doente (no rito romano, ou também noutras partes
do corpo segundo outros ritos), acompanhada da oração do sacerdote, que
implora a graça especial deste sacramento.
319. Quais são os efeitos deste
sacramento?
15120 – 1523
1532
Ele confere uma graça especial que
une mais intimamente o doente à Paixão de Cristo, para o seu bem e de toda a
Igreja, dando-lhe conforto, paz, coragem, e também o perdão dos pecados, se o
doente não se pode confessar. Este sacramento consente por vezes, se for a
vontade de Deus, também a recuperação da saúde física. Em todo o caso, esta
Unção prepara o doente para a passagem à Casa do Pai.
320. O que é o Viático?
1524 – 1525
É a Eucaristia recebida por aqueles
que estão para deixar esta vida terrena e se preparam para a passagem à vida
eterna. Recebida no momento da passagem deste mundo ao Pai, a Comunhão do Corpo
e Sangue de Cristo morto e ressuscitado é semente de vida eterna e potência de
ressurreição.
CAPÍTULO
TERCEIRO
OS SACRAMENTOS AO
SERVIÇO
DA COMUNHÃO E DA MISSÃO
321. Quais são os sacramentos ao
serviço da comunhão e da missão?
1533–1535
Dois sacramentos, a Ordem e o Matrimónio,
conferem uma graça especial para uma missão particular na Igreja em ordem à
edificação do povo de Deus. Eles contribuem em especial para a comunhão
eclesial e para a salvação dos outros.
O
SACRAMENTO DA ORDEM SACERDOTAL
322. O que é o sacramento da Ordem?
1536
É o sacramento graças ao qual a
missão confiada por Cristo aos seus Apóstolos continua a ser exercida na
Igreja, até ao fim dos tempos.
323. Porque se chama sacramento da
Ordem?
1537 – 1538
Ordem indica um corpo eclesial, do qual se passa a
fazer parte, mediante uma especial consagração (Ordenação), a qual, por um
particular dom do Espírito Santo, permite exercer um poder sagrado em
nome e com a autoridade de Cristo para o serviço do povo de Deus.
324. Qual o lugar do sacramento da
Ordem no desígnio divino da salvação?
1539 – 1546
1590 - 1591
Na Antiga Aliança, este sacramento é
prefigurado no serviço dos Levitas, no sacerdócio de Aarão e na instituição dos
setenta «Anciãos» (Num 11,25). Estas prefigurações encontraram
realização em Cristo Jesus, o qual, com o sacrifício da sua cruz, é o «único
(...) mediador entre Deus e os homens» (1 Tim 2,5), o Sumo-sacerdote à
maneira de Melquisedec» (Heb 5,10). O único sacerdócio de Cristo é
tornado presente pelo sacerdócio ministerial.
«Só Cristo é o verdadeiro sacerdote,
os outros são seus ministros» (S. Tomás de Aquino)
325. De quantos graus se compõe o
sacramento da Ordem?
1554
1593
Compõe-se de três graus, que são
insubstituíveis para a estrutura orgânica da Igreja: o episcopado, o presbiterado
e o diaconado.
326. Qual é o efeito da Ordenação
episcopal?
1557 – 1558
A Ordenação episcopal confere a
plenitude do sacramento da Ordem, faz do Bispo o legítimo sucessor dos
Apóstolos, insere-o no Colégio episcopal, partilhando com o Papa e os outros
Bispos a solicitude por todas as Igrejas, e confere-lhe a missão de ensinar,
santificar e governar.
327. Qual é a missão do Bispo na
Igreja particular que lhe foi confiada?
1560 – 1561
O Bispo, ao qual é confiada uma
Igreja particular, é o princípio visível e o fundamento da unidade dessa
Igreja, a favor da qual exerce, como vigário de Cristo, o ministério pastoral,
coadjuvado pelos presbíteros e diáconos.
328. Qual é o efeito da Ordenação
presbiteral?
1562 – 1567
1595
A unção do Espírito assinala o
presbítero com um carácter espiritual indelével, configura-o a Cristo sacerdote
e torna-o capaz de agir em nome de Cristo Cabeça. Sendo cooperador da Ordem
episcopal, ele é consagrado para pregar o Evangelho, para celebrar o culto
divino, sobretudo a Eucaristia, da qual o seu ministério recebe a força, e para
ser o pastor dos fiéis.
329. Como é que o presbítero exerce
o seu ministério?
1568
Embora seja ordenado para uma missão
universal, ele exerce-a numa Igreja particular, em fraternidade sacramental com
os outros presbíteros que formam o «presbitério» e que, em comunhão com o
Bispo, e, em dependência dele, têm a responsabilidade da Igreja particular.
330. Qual é o efeito da Ordenação
diaconal?
1569 – 1571
1596
O diácono, configurado a Cristo
servo de todos, é ordenado para o serviço da Igreja sob a autoridade do Bispo,
em relação ao ministério da Palavra, do culto divino, da condução pastoral e da
caridade.
331. Como se celebra o sacramento da
Ordem?
1572 – 1574
1597
Para cada um dos três graus, o
sacramento da Ordem é conferido pela imposição das mãos sobre a cabeça do
ordinando por parte do Bispo, que pronuncia a solene oração consecratória. Com
ela, o Bispo invoca de Deus, para o ordinando, a especial efusão do Espírito
Santo e dos seus dons, em ordem ao ministério.
332. Quem pode conferir este
sacramento?
1575 - 1576.
1600
Compete aos Bispos validamente
ordenados, enquanto sucessores dos Apóstolos, conferir os três graus do
sacramento da Ordem.
333. Quem pode receber este
sacramento?
1577 – 1578 1598
Só o baptizado de sexo masculino o
pode receber validamente: a Igreja reconhece-se vinculada a esta escolha feita
pelo próprio Senhor. Ninguém pode exigir a recepção do sacramento da Ordem,
antes deve ser considerado apto para o ministério pela autoridade da Igreja.
334. É requerido o celibato a quem
recebe o sacramento da Ordem?
1579 – 1580
1599
Para o episcopado é sempre requerido
o celibato. Na Igreja latina, para o presbiterado, são normalmente escolhidos
homens crentes que vivem celibatários e têm vontade de guardar o celibato «pelo
reino dos céus» (Mt 19,12). Nas Igrejas Orientais, não é consentido
casar depois da Ordenação. O diaconado permanente pode ser conferido a homens
já casados.
335. Quais são os efeitos do
sacramento da Ordem?
1547 – 1553
Este sacramento dá uma especial
efusão do Espírito Santo, que configura o ordenado a Cristo na sua tríplice
função de Sacerdote, Profeta e Rei, segundo os respectivos graus do sacramento.
A ordenação confere um carácter espiritual indelével: por isso não pode ser
repetida nem conferida por um tempo limitado.
336. Com que autoridade é exercido o
sacerdócio ministerial?
1547 – 1553
1592
Os sacerdotes ordenados, no
exercício do ministério sagrado, falam e agem não por autoridade própria, e nem
sequer por mandato ou delegação da comunidade, mas na Pessoa de Cristo Cabeça e
em nome da Igreja. Portanto o sacerdócio ministerial difere essencialmente, e
não apenas em grau, do sacerdócio comum dos fiéis, para o serviço do qual
Cristo o instituiu.
O
SACRAMENTO DO MATRIMÓNIO
337. Qual é o desígnio de Deus
acerca do homem e da mulher?
1601 – 1605
Deus, que é amor e criou o homem por
amor, chamou-o a amar. Criando o homem e a mulher, chamou-os, no Matrimónio, a
uma íntima comunhão de vida e de amor entre eles, «de modo que já não são dois,
mas uma só carne» (Mt 19,6). Abençoando-os, Deus disse-lhes: «sede
fecundos e multiplicai-vos» (Gn 1,28).
338. Para que fins instituiu Deus o
Matrimónio?
1659-1660
A união matrimonial do homem e da
mulher, fundada e dotada de leis próprias pelo Criador, está por sua natureza
ordenada à comunhão e ao bem dos cônjuges e à geração e bem dos filhos. Segundo
o desígnio originário de Deus, a união matrimonial é indissolúvel, como afirma
Jesus Cristo: «O que Deus uniu não o separe o homem» (Mc 10,9).
339. Como é que o pecado ameaça o
Matrimónio?
1606-1608
Por causa do primeiro pecado, que
provocou também a ruptura da comunhão do homem e da mulher, dada pelo Criador,
a união matrimonial é muitas vezes ameaçada pela discórdia e pela infidelidade.
Todavia Deus, na sua infinita misericórdia, dá ao homem e à mulher a sua graça
para que possam realizar a união das suas vidas segundo o desígnio originário
de Deus.
340. O que é que o Antigo Testamento
ensina sobre o Matrimónio?
1609-1611
Deus, sobretudo através da pedagogia
da Lei e dos profetas, ajuda o seu povo a amadurecer progressivamente a
consciência da unicidade e da indissolubilidade do Matrimónio. A aliança
nupcial de Deus com Israel prepara e prefigura a Aliança nova realizada pelo
Filho de Deus com a sua esposa, a Igreja.
341. Qual a novidade dada por Cristo
ao Matrimónio?
1612-1617
1661
Jesus Cristo não só restabelece a
ordem inicial querida por Deus, mas dá a graça para viver o Matrimónio na nova
dignidade de sacramento, que é o sinal do seu amor esponsal pela Igreja: «Vós
maridos amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja» (Ef 5,25).
342. O Matrimónio é uma obrigação
para todos?
1618-1620
O Matrimónio não é uma obrigação
para todos. Deus chama alguns homens e mulheres a seguir o Senhor Jesus na vida
da virgindade ou do celibato pelo Reino dos céus, renunciando ao grande bem do
Matrimónio para se preocuparem com as coisas do Senhor e para procurar
agradar-Lhe, tornando-se assim sinal do absoluto primado do amor de Cristo e da
ardente esperança da sua vinda gloriosa.
343. Como se celebra o sacramento do
Matrimónio?
1621-1624
Uma vez que o Matrimónio coloca os
cônjuges num estado público de vida na Igreja, a sua celebração litúrgica é
pública, na presença do sacerdote (ou da testemunha qualificada da Igreja) e
das outras testemunhas.
344. O que é o consentimento
matrimonial?
1625-1632
1662-1663
O consentimento matrimonial é a
vontade, expressa por um homem e por uma mulher, de se entregarem mutua e definitivamente,
com o fim de viver uma aliança de amor fiel e fecundo. Dado que o consentimento
faz o Matrimónio, ele é indispensável e insubstituível. Para que o Matrimónio
seja válido, o consentimento deve ter como objecto o verdadeiro Matrimónio e
ser um acto humano, consciente e livre, não determinado pela violência ou por
constrições.
345. Que se requer quando um dos
esposos não é católico?
1633-1637
Para serem lícitos, os matrimónios mistos
(entre católico e baptizado não católico) requerem a permissão da autoridade
eclesiástica. Aqueles com disparidade de culto (entre católico e não
baptizado) para serem válidos precisam duma dispensa. Em todo o caso, é
essencial que os cônjuges não excluam a aceitação dos fins e das propriedades
essenciais do Matrimónio e que o cônjuge católico confirme o empenho, conhecido
também do outro cônjuge, de conservar a fé e de assegurar o Baptismo e a
educação católica dos filhos.
346. Quais são os efeitos do
sacramento do Matrimónio?
1638-1642
O sacramento do Matrimónio gera
entre os cônjuges um vínculo perpétuo e exclusivo. O próprio Deus sela o
consentimento dos esposos. Portanto o Matrimónio concluído e consumado entre
baptizados não pode ser nunca dissolvido. Este sacramento confere também aos
esposos a graça necessária para alcançar a santidade na vida conjugal e para o
acolhimento responsável dos filhos e a sua educação.
347. Quais são os pecados gravemente
contrários ao sacramento do Matrimónio?
1645-1648
São: o adultério; a poligamia,
porque em contradição com a igual dignidade do homem e da mulher e com a
unicidade e exclusividade do amor conjugal; a rejeição da fecundidade, que
priva a vida conjugal do dom dos filhos; e o divórcio, que se opõe à
indissolubilidade.
348. Quando é que a Igreja admite a
separação física dos esposos?
1629
1649
A Igreja admite a separação física
dos esposos quando, por motivos graves, a sua coabitação se tornou praticamente
impossível, embora se deseje uma sua reconciliação. Mas eles, enquanto vive o
cônjuge, não estão livres para contrair uma nova união, a menos que o
Matrimónio seja nulo e como tal seja declarado pela autoridade eclesiástica.
349. Qual é a atitude da Igreja para
com os divorciados recasados?
1655-1558
1666
Fiel ao Senhor, a Igreja não pode
reconhecer como Matrimónio a união dos divorciados recasados civilmente. «Quem
repudia a própria mulher e casa com outra comete adultério contra ela; se a
mulher repudia o marido e casa com outro, comete adultério» (Mc 10,
11-12). Para com eles, a Igreja desenvolve uma atenta solicitude, convidando-os
a uma vida de fé, à oração, às obras de caridade e à educação cristã dos
filhos. Mas eles não podem receber a absolvição sacramental nem abeirar-se da
comunhão eucarística, nem exercer certas responsabilidades eclesiais enquanto
perdurar esta situação, que objectivamente contrasta com a lei de Deus.
350. Porque é que a família cristã é
chamada Igreja doméstica?
1655-1658;
1666
Porque a família manifesta e realiza
a natureza de comunhão e familiar da Igreja como família de Deus. Cada membro,
a seu modo, exerce o sacerdócio baptismal, contribuindo para fazer da família
uma comunidade de graça e de oração, escola das virtudes humanas e cristãs,
lugar do primeiro anúncio da fé aos filhos.
CAPÍTULO
QUARTO
AS OUTRAS
CELEBRAÇÕES LITÚRGICAS
OS
SACRAMENTAIS
351. O que são os sacramentais?
1667-1672
1677-1678
São sinais sagrados instituídos pela
Igreja, por meio dos quais são santificadas algumas circunstâncias da vida.
Incluem sempre uma oração, muitas vezes acompanhada do sinal da cruz e de
outros sinais. Entre os sacramentais, figuram, em primeiro lugar, as bênçãos,
que são um louvor a Deus e uma oração para obter os seus dons, as consagrações
de pessoas e as dedicações de coisas para o culto de Deus.
352. O que é o exorcismo?
1673
Fala-se de exorcismo, quando a
Igreja pede com a sua autoridade, em nome de Jesus, que uma pessoa ou um
objecto seja protegido contra a acção do Maligno e subtraído ao seu domínio. É
praticado de modo ordinário no rito do Baptismo. O exorcismo solene, chamado o
grande exorcismo, pode ser feito só por um sacerdote autorizado pelo Bispo.
353. Que formas de piedade popular
acompanham a vida sacramental da Igreja?
1674-1676
1679
O sentido religioso do povo cristão
encontrou sempre diversas expressões nas várias formas de piedade que
acompanham a vida sacramental da Igreja, como a veneração das relíquias, as
visitas aos santuários, as peregrinações, as procissões, a «via-sacra», o
Rosário. As formas autênticas de piedade popular são favorecidas e iluminadas
pela luz da fé da Igreja.
AS
EXÉQUIAS CRISTÃS
354. Que relação existe entre os
sacramentais e a morte do cristão?
1680
1683
O cristão que morre em Cristo chega,
no termo da sua existência terrena, à consumação da nova vida iniciada com o
Baptismo, revigorada pela Confirmação e alimentada pela Eucaristia, antecipação
do banquete celeste. O sentido da morte do cristão manifesta-se à luz da Morte
e da Ressurreição de Cristo, nossa única esperança; o cristão que morre em
Cristo Jesus, vai «habitar junto do Senhor» (2 Cor 5,8).
355. O que exprimem as exéquias?
1684 – 1685
As exéquias, embora celebradas
segundo diferentes ritos correspondentes às situações e às tradições de cada
uma das regiões, exprimem o carácter pascal da morte cristã na esperança da
ressurreição e o sentido da comunhão com o defunto particularmente mediante a
oração pela purificação da sua alma.
356. Quais os momentos principais
das exéquias?
1686 – 1690
Habitualmente as exéquias
compreendem quatro momentos principais: o acolhimento da urna pela comunidade,
com palavras de conforto e de esperança; a liturgia da Palavra; o sacrifício
eucarístico; e «a encomendação», com o qual a alma do defunto é confiada a
Deus, fonte de vida eterna, enquanto o seu corpo é sepultado na expectativa da
ressurreição.
TERCEIRA
PARTE
PRIMEIRA
SECÇÃO
A VOCAÇÃO DO HOMEM:
A VIDA NO ESPÍRITO
357. Como é que a vida moral cristã
está ligada à fé e aos sacramentos?
1691 – 1698
O que o Símbolo da fé professa, os
sacramentos o comunicam. De facto, neles os fiéis recebem a graça de Cristo e
os dons do Espírito Santo, que os tornam capazes de viver a vida nova de filhos
de Deus em Cristo acolhido com a fé.
«Reconhece, ó cristão, a tua
dignidade» (S. Leão
Magno)
CAPÍTULO
PRIMEIRO
O
HOMEM IMAGEM DE DEUS
358. Qual é a raiz da dignidade
humana?
1699 – 1715
A dignidade da pessoa humana radica
na criação à imagem e semelhança de Deus. Dotada de uma alma espiritual e
imortal, de inteligência e de vontade livre, a pessoa humana está ordenada para
Deus e chamada, com a sua alma e o seu corpo, à bem-aventurança eterna.
A
NOSSA VOCAÇÃO À BEM-AVENTURANÇA
359. Como é que o homem alcança a
bem-aventurança?
1716
O homem alcança a bem-aventurança em
virtude da graça de Cristo, que o torna participante da vida divina. Cristo no
Evangelho indica aos seus o caminho que conduz à felicidade sem fim: as
Bem-aventuranças. A graça de Cristo opera também em cada ser humano que,
seguindo a recta consciência, procura e ama o verdadeiro e o bem e evita o mal.
360. Porque é que as
Bem-aventuranças são importantes para nós?
1716-1717
1725-1726
As Bem-aventuranças estão no centro
da pregação de Jesus, retomam e aperfeiçoam as promessas de Deus, feitas a
partir de Abraão. Mostram o próprio rosto de Jesus, caracterizam a autêntica
vida cristã e revelam ao homem o fim último do seu agir: a bem-aventurança
eterna.
361. Que relação há entre as
Bem-aventuranças e o desejo humano de felicidade?
1718-1719
As Bem-aventuranças respondem ao
desejo inato de felicidade que Deus colocou no coração do homem para o atrair a
Si, e que só Ele pode saciar.
362. O que é a bem-aventurança
eterna?
1720-1724
1727-1729
É a visão de Deus na vida eterna, em
que seremos plenamente «participantes da natureza divina» (2 Ped 1,4),
da glória de Cristo e da felicidade da vida trinitária. A bem-aventurança
ultrapassa as capacidades humanas: é um dom sobrenatural e gratuito de Deus,
como a graça que a ela conduz. A bem-aventurança prometida coloca-nos perante
escolhas morais decisivas em relação aos bens terrenos, estimulando-nos a amar
a Deus acima de tudo.
A
LIBERDADE DO HOMEM
363. O que é a liberdade?
1730-1733
1743-1744
É o poder, dado por Deus ao homem,
de agir e não agir, de fazer isto ou aquilo, praticando assim por si mesmo
acções deliberadas. A liberdade caracteriza os actos propriamente humanos.
Quanto mais faz o bem, mais alguém se torna livre. A liberdade atinge a
perfeição quando é ordenada para Deus, sumo Bem e nossa Bem-aventurança. A
liberdade implica também a possibilidade de escolher entre o bem e o mal. A
escolha do mal é um abuso da liberdade, que conduz à escravatura do pecado.
364. Que relação existe entre
liberdade e responsabilidade?
1734 –1737
1745-1746
A liberdade torna o homem
responsável pelos seus actos, na medida em que são voluntários, embora a
imputabilidade e a responsabilidade de um acto possam ser diminuídas, e até
anuladas, pela ignorância, a inadvertência, a violência suportada, o medo, as
afeições desordenadas e os hábitos.
365. Porque é que o homem tem
direito ao exercício da liberdade?
1738
1747
O direito ao exercício da liberdade
é próprio de cada homem enquanto é inseparável da sua dignidade de pessoa
humana. Portanto, tal direito deve ser sempre respeitado, principalmente em
matéria moral e religiosa, e deve ser reconhecido civilmente, e tutelado nos
termos do bem comum e da justa ordem pública.
366. Qual é o lugar da liberdade
humana na ordem da salvação?
1739-1742
1748
O primeiro pecado enfraqueceu a
liberdade humana. Os pecados sucessivos vieram acentuar esta debilidade. Mas
«foi para a liberdade que Cristo nos libertou» (Gal 5,1). Com a sua
graça, o Espírito Santo conduz-nos para a liberdade espiritual, para fazer de
nós colaboradores livres da sua obra na Igreja e no mundo.
367. Quais são as fontes da
moralidade dos actos humanos?
1749-1754
1757-1758
A moralidade dos actos humanos
depende de três fontes: do objecto escolhido, ou seja, dum bem
verdadeiro ou aparente; da intenção do sujeito que age, isto é, do fim que ele
tem em vista ao fazer a acção; das circunstâncias da acção, onde se
incluem as suas consequências.
368. Quando é que o acto é
moralmente bom?
1755-1756
1759-1760
O acto é moralmente bom quando
supõe, ao mesmo tempo, a bondade do objecto, do [N63]fim em vista e das
circunstâncias. O objecto escolhido pode, por si só, viciar toda a acção, mesmo
se a sua intenção for boa. Não é lícito fazer o mal para que dele derive um
bem. Um fim mau pode corromper a acção, mesmo que, em si, o seu objecto seja
bom. Pelo contrário, um fim bom não torna bom um comportamento que for mau pelo
seu objecto, uma vez que o fim não justifica os meios. As circunstâncias podem
atenuar ou aumentar a responsabilidade de quem age, mas não podem modificar a
qualidade moral dos próprios actos, não tornam nunca boa uma acção que, em si,
é má.
369. Há actos que são sempre
ilícitos?
1756
1761
Há actos, cuja escolha é sempre
ilícita, por causa do seu objecto (por exemplo, a blasfémia, o homicídio, o
adultério). A sua escolha comporta uma desordem da vontade, isto é, um mal
moral, que não pode ser justificado com os bens que eventualmente daí pudessem
derivar.
A
MORALIDADE DAS PAIXÕES
370. O que são as paixões?
1762-1766
1771-1772
São os afectos, as emoções ou os
movimentos da sensibilidade – componentes naturais da psicologia humana – que
inclinam a agir ou a não agir em vista do que se percebeu como bom ou como mau.
As principais são o amor e o ódio, o desejo e o medo, a alegria, a tristeza e a
cólera. A paixão fundamental é o amor, provocado pela atracção do bem. Não se
ama se não o bem, verdadeiro ou aparente.
371. As paixões são moralmente boas
ou más?
1767-1770;
1773-1775
Enquanto movimentos da
sensibilidade, as paixões não são nem boas nem más em si mesmas: são boas
quando contribuem para uma acção boa; são más, no caso contrário. Elas podem
ser assumidas pelas virtudes ou pervertidas nos vícios.
A
CONSCIÊNCIA MORAL
372. O que é a consciência moral?
1776–1780;
1795–1797
A consciência moral, presente no
íntimo da pessoa, é um juízo da razão, que, no momento oportuno, ordena ao
homem que pratique o bem e evite o mal. Graças a ela, a pessoa humana percebe a
qualidade moral dum acto a realizar ou já realizado, permitindo-lhe
assumir a responsabilidade. Quando escuta consciência moral, o homem prudente
pode ouvir a voz de Deus que lhe fala.
373. Que implica a dignidade da
pessoa perante a consciência moral?
1780 – 1782
1798
A dignidade da pessoa humana implica
rectidão da consciência moral (ou seja, estar de acordo com o que é justo e
bom, segundo a razão e a Lei divina). Por causa da sua dignidade pessoal, o
homem não deve ser obrigado a agir contra a consciência e, dentro dos limites
do bem comum, nem sequer deve ser impedido de agir em conformidade com ela,
sobretudo em matéria religiosa.
374. Como formar a recta e
verdadeira consciência moral?
1783-1788
1799
1800
A consciência moral recta e
verdadeira forma-se com a educação e com a assimilação da Palavra de Deus e do
ensino da Igreja. É amparada com os dons do Espírito Santo e ajudada com os
conselhos de pessoas sábias. Além disso, ajudam muito na formação moral a
oração e o exame de consciência.
375. Quais as normas que a
consciência deve sempre seguir?
1789
Há três mais gerais: 1) nunca é
permitido fazer o mal porque daí derive um bem; 2) a chamada regra de ouro:
«tudo quanto quiserdes que os homens vos façam, fazei-lho vós também» (Mt
7, 12); 3) a caridade passa sempre pelo respeito do próximo e da sua
consciência, embora isto não signifique aceitar como um bem aquilo que é
objectivamente um mal.
376. A consciência moral pode emitir
juízos erróneos?
1790–1794;
1801–1802
A pessoa deve obedecer sempre ao
juízo certo da sua consciência, mas esta também pode emitir juízos erróneos,
por causas nem sempre isentas de culpabilidade pessoal. Não é porém imputável à
pessoa o mal realizado por ignorância involuntária, mesmo que objectivamente
não deixe de ser um mal. É preciso, pois, trabalhar para corrigir os erros da
consciência moral.
AS
VIRTUDES
377. O que é a virtude?
1803, 1833
A virtude é uma disposição habitual
e firme para fazer o bem. «O fim de uma vida virtuosa é tornar-se semelhante a
Deus» (S. Gregório de Nissa). Há virtudes humanas e virtudes teologais.
378. O que são as virtudes humanas?
1804;
1810-1811:
1834, 1839
As virtudes humanas são perfeições
habituais e estáveis da inteligência e da vontade, que regulam os nossos actos,
ordenam as nossas paixões e guiam a nossa conduta segundo a razão e a fé.
Adquiridas e reforçadas por actos moralmente bons e repetidos, são purificadas
e elevadas pela graça divina.
379. Quais são as virtudes humanas
principais?
1805;1834
São as virtudes, chamadas cardeais,
que reagrupam todas as outras e que constituem a charneira da vida virtuosa.
São elas: prudência, justiça, fortaleza e temperança.
380. O que é a prudência?
1806
1835
A prudência dispõe a razão para
discernir em todas as circunstâncias o nosso verdadeiro bem e a escolher os
justos meios para o atingir. Ela conduz as outras virtudes, indicando-lhes a
regra e a medida.
381. O que é a justiça?
1807
1836
A justiça consiste na constante e
firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido. A justiça para com Deus é
chamada «virtude da religião».
382. O que é a fortaleza?
1808; 1837
A fortaleza assegura a firmeza nas
dificuldades e a constância na procura do bem, chegando até à capacidade do
eventual sacrifício da própria vida por uma causa justa.
383. O que é a temperança?
1809
1838
A temperança modera a atracção dos
prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o
equilíbrio no uso dos bens criados.
384. O que são as virtudes
teologais?
1812-1813
1840-1841
São as virtudes que têm como origem,
motivo e objecto imediato o próprio Deus. São infundidas no homem com a graça
santificante, tornam-nos capazes de viver em relação com a Trindade e
fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas.
Elas são o penhor da presença e da acção do Espírito Santo nas faculdades do
ser humano.
385. Quais são as virtudes
teologais?
1813
As virtudes teologais são: fé,
esperança e caridade.
386. O que é a fé?
1814-1816
1842
A fé é a virtude teologal pela qual
cremos em Deus e em tudo o que Ele nos revelou e que a Igreja nos propõe para
acreditarmos, porque Ele é a própria Verdade. Pela fé, o homem entrega-se a
Deus livremente. Por isso, o crente procura conhecer e fazer a vontade de Deus,
porque «a fé opera pela caridade» (Gal 5,6).
387. O que é a esperança?
1817-1821;
1843
A esperança é a virtude teologal por
meio da qual desejamos e esperamos de Deus a vida eterna como nossa felicidade,
colocando a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos na ajuda da
graça do Espírito Santo para merecê-la e perseverar até ao fim da vida terrena.
388. O que é a caridade?
1822-1829
1844
A caridade é a virtude teologal pela
qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por
amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei. A caridade
é «o vínculo da perfeição» (Col 3,14) e o fundamento das outras
virtudes, que ela anima, inspira e ordena: sem ela «não sou nada» e «nada me
aproveita» (1 Cor 13,1-3).
389. O que são os dons do Espírito
Santo?
1830 – 1831
1845
Os dons do Espírito Santo são
disposições permanentes que tornam o homem dócil para seguir as inspirações
divinas. São sete: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência,
piedade e temor de Deus.
390. O que são os frutos do Espírito
Santo?
1832
Os frutos do Espírito Santo
são perfeições plasmadas por Ele em nós como primícias da glória eterna. A
tradição da Igreja enumera doze: «Amor, alegria, paz, paciência, longanimidade,
bondade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência, castidade» (Gal
5,22-23 vulgata).
O
PECADO
391. O que exige de nós o
acolhimento da misericórdia de Deus?
1846-1848
1870
Exige o reconhecimento das nossas
culpas e o arrependimento dos nossos pecados. Pela sua Palavra e pelo seu
Espírito, o próprio Deus nos revela os nossos pecados, dá-nos a verdade da
consciência e a esperança do perdão.
392. O que é o pecado?
1849 – 1851
1871-1872
É «uma palavra, um acto ou um desejo
contrários à Lei eterna» (S. Agostinho). É uma ofensa a Deus, na desobediência
ao seu amor. Fere a natureza do homem e atenta contra a solidariedade humana.
Cristo, na sua Paixão, revela plenamente a gravidade do pecado e vence-o com a
sua misericórdia.
393. Existe uma variedade de
pecados?
1852–1853;
1873
A variedade dos pecados é grande.
Distinguem-se segundo o seu objecto, ou segundo as virtudes ou os mandamentos a
que se opõem. Podem ser directamente contra Deus, contra o próximo e contra nós
mesmos. Podemos ainda distinguir entre pecados por pensamentos, por palavras,
por acções e por omissões.
394. Como se distingue o pecado
quanto à gravidade?
1854
Distingue-se entre pecado mortal e
venial.
395. Quando se comete o pecado
mortal?
1855-1861
1874
Comete-se pecado mortal quando, ao
mesmo tempo, há matéria grave, plena consciência e deliberado consentimento.
Este pecado destrói a caridade, priva-nos da graça santificante e conduz-nos à
morte eterna do inferno, se dele não nos arrependermos. É perdoado
ordinariamente mediante os sacramentos do Baptismo e da Penitência ou
Reconciliação.
396. Quando se comete o pecado
venial?
1862-1864
1875
O pecado venial, que difere
essencialmente do pecado mortal, comete-se quando se trata de matéria leve, ou
mesmo grave, mas sem pleno conhecimento ou sem total consentimento. Não quebra
a aliança com Deus, mas enfraquece a caridade; manifesta um afecto desordenado
pelos bens criados; impede o progresso da alma no exercício das virtudes e na
prática do bem moral; merece penas purificatórias temporais.
397. Como prolifera em nós o pecado?
1865, 1876
O pecado arrasta ao pecado e a sua
repetição gera o vício.
398. O que são os vícios?
1866-1867
Os vícios, sendo contrários às
virtudes, são hábitos perversos que obscurecem a consciência e inclinam ao mal.
Os vícios podem estar ligados aos chamados sete pecados capitais, que
são: soberba, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e preguiça ou negligência.
399. Temos responsabilidade nos
pecados cometidos por outros?
1868
Existe esta responsabilidade, quando
culpavelmente neles cooperamos.
400. O que são as estruturas de
pecado?
1869
São situações sociais ou
instituições contrárias à lei divina, expressão e efeito de pecados pessoais.
CAPÍTULO
SEGUNDO
A
PESSOA E A SOCIEDADE
401. Em que consiste a dimensão
social do homem?
1877-1880;
1890-1891
Juntamente com o chamamento pessoal
à bem-aventurança, o homem tem a dimensão social como componente essencial da
sua natureza e da sua vocação. De facto, todos os homens são chamados ao mesmo
fim, que é o próprio Deus; existe uma certa semelhança entre a comunhão das
Pessoas divinas e a fraternidade que os homens devem instaurar entre si na
verdade e na caridade; o amor ao próximo é inseparável do amor a Deus.
402. Qual é a relação entre pessoa e
sociedade?
1881-1882
1892-1893
Princípio, sujeito e fim de todas as
instituições sociais é e deve ser a pessoa. Certas sociedades, como a
família e a sociedade civil, são necessárias para ela. São úteis ainda outras
associações, tanto no interior das comunidades políticas como a nível
internacional, no respeito do princípio de subsidiariedade.
403. O que indica o princípio de
subsidiariedade?
1883-1885
1894
Este princípio indica que uma
sociedade de ordem superior não deve assumir uma tarefa que diga respeito a uma
sociedade de ordem inferior, privando-a das suas competências, mas deve, antes,
apoiá-la em caso de necessidade.
404. Que outras coisas requer uma
autêntica convivência humana?
1886-1889
1895-1896
Requer o respeito da justiça, a
justa hierarquia de valores e a subordinação das dimensões materiais e instintivas
às superiores e espirituais. Em especial, onde o pecado perverte o clima
social, é necessário apelar à conversão dos corações e à graça de Deus, para
obter mudanças sociais que estejam realmente ao serviço de cada pessoa e de
toda a pessoa. A caridade, que exige e torna capaz da prática da justiça, é o
maior mandamento social.
A
PARTICIPAÇÃO NA VIDA SOCIAL
405. Em que se funda a autoridade na
sociedade?
1897-1902
1918-1920
Toda a comunidade humana tem
necessidade duma autoridade legítima, que assegure a ordem e contribua para a
realização do bem comum. Tal autoridade encontra o seu fundamento na natureza
humana, porque corresponde à ordem estabelecida por Deus.
406. Quando é que a autoridade é
exercida legitimamente?
1903-1904-
1921-1922
A autoridade é exercida
legitimamente quando procura o bem comum e emprega meios moralmente lícitos
para o conseguir. Por isso, os regimes políticos devem ser determinados pela
decisão livre dos cidadãos e devem respeitar o princípio do «Estado de
direito», no qual é soberana a lei e não a vontade arbitrária dos homens. As
leis injustas e as medidas contrárias à ordem moral não obrigam as
consciências.
407. O que é o bem comum?
1905-1906
1924
Por bem comum entende-se o conjunto
das condições de vida social que permitem aos grupos e aos indivíduos atingir a
sua perfeição.
408. O que é que comporta o bem
comum?
1907-1909
1925
O bem comum comporta: o respeito e a
promoção dos direitos fundamentais da pessoa; o desenvolvimento dos bens
espirituais e temporais das pessoas e da sociedade; a paz e a segurança de
todos.
409. Onde é que se realiza dum modo
mais relevante o bem comum?
1910-1912
1927
A realização mais completa do bem
comum encontra-se nas comunidades políticas, que defendem e promovem o bem dos
cidadãos e dos corpos intermédios, sem esquecer o bem universal da família
humana.
410. Como é que o homem participa na
promoção do bem comum?
1913-1917
1926
Cada ser humano, segundo o lugar que
ocupa e o papel que desempenha, participa na promoção do bem comum respeitando
as leis justas e encarregando-se de sectores de que assume a responsabilidade
pessoal, como o cuidado da própria família e o empenho no seu trabalho. Para
além disso, os cidadãos, na medida do possível, devem tomar parte activa na
vida pública.
A
JUSTIÇA SOCIAL
411. Como é que a sociedade assegura
a justiça social?
1928-133
1943-1944
A sociedade assegura a justiça
social quando respeita a dignidade e os direitos da pessoa, que constituem o
seu próprio fim. Além disso, a sociedade procura a justiça social, que está
conexa ao bem comum e ao exercício da autoridade, quando realiza as condições
que permitam às associações e ao indivíduo obter aquilo a que têm direito.
412. Em que se funda a igualdade
entre os homens?
1934-1935
1945
Todos os homens gozam de igual
dignidade e direitos fundamentais, uma vez que, criados à imagem do Deus único
e dotados duma alma racional, têm a mesma natureza e origem e são chamados, em
Cristo único salvador, à mesma bem-aventurança divina.
413. Como avaliar a desigualdade
entre os homens?
1936-1938
1946-1947
Há iníquas desigualdades económicas
e sociais, que ferem milhões de seres humanos; elas estão em contradição aberta
com o Evangelho, são contrárias à justiça, à dignidade das pessoas e à paz. Mas
há também diferenças entre os homens, causadas por factores que fazem parte do
plano de Deus. Com efeito, Ele quer que cada um receba dos outros aquilo de que
precisa, e quer que os que dispõem de «talentos» particulares os partilhem com
os outros. Tais diferenças estimulam e obrigam, muitas vezes, as pessoas à
magnanimidade, à benevolência e à partilha, e incitam as culturas a
enriquecerem-se umas às outras.
414. Como se manifesta a
solidariedade humana?
1939 – 1942
1948
A solidariedade, exigência da fraternidade
humana e cristã, manifesta-se, em primeiro lugar, na justa repartição dos bens,
équa na remuneração do trabalho e no esforço por uma ordem social mais justa. A
virtude da solidariedade pratica também a repartição dos bens
espirituais da fé, ainda mais importantes que os materiais.
CAPÍTULO
TERCEIRO
A SALVAÇÃO DE DEUS:
A LEI E A GRAÇA
A
LEI MORAL
415. O que é a lei moral?
1950
A lei moral é obra da Sabedoria
divina. Prescreve-nos caminhos e normas de conduta que levam à bem-aventurança
prometida, proibindo-nos os caminhos que nos desviam de Deus.
416. Em que consiste a lei moral
natural?
1954-1959
1978-1979
A lei natural, escrita pelo Criador
no coração de cada ser humano, consiste numa participação na sabedoria e
bondade de Deus, e manifesta o sentido moral originário que permite ao homem
discernir, pela razão, o bem e o mal. Ela é universal e imutável, e constitui a
base dos deveres e dos direitos fundamentais da pessoa, bem como da comunidade
humana e da própria lei civil.
417. Esta lei é percebida por todos?
1960
Por causa do pecado, a lei natural
nem sempre é percebida por todos com igual clarerza e imediatez.
Por isso Deus «escreveu nas
tábuas da Lei o que os homens não conseguiam ler nos seus corações» (S.
Agostinho)
418. Qual é a relação entre a Lei
Natural e a Antiga Lei?
1961-1964
1980-1982
A Antiga Lei é o primeiro estádio da
Lei revelada. Ela exprime muitas verdades que são naturalmente acessíveis à
razão e que se encontram assim declaradas e autenticadas nas Alianças da
salvação. As suas prescrições morais estão compendiadas nos Dez Mandamentos do
Decálogo, colocam os alicerces da vocação do homem, proíbem o que é contrário
ao amor de Deus e do próximo e prescrevem o que lhe é essencial.
419. Qual o lugar da antiga Lei, no
plano da salvação?
1963-1964
1982
A Antiga Lei permite conhecer muitas
verdades acessíveis à razão, indica o que se deve e o que se não deve fazer, e
sobretudo, como um sábio pedagogo, prepara e dispõe à conversão e ao
acolhimento do Evangelho. Todavia, embora santa, espiritual e boa, a Lei antiga
é ainda imperfeita, pois, por si, não dá a força e a graça do Espírito para a
cumprir.
420. O que é a Nova Lei ou Lei
evangélica?
1965-1972;
1983-1985
A Nova Lei ou Lei evangélica,
proclamada e realizada por Cristo, é a perfeição e cumprimento da Lei divina,
natural e revelada. Resume-se no mandamento do amor a Deus e ao próximo, e de
nos amarmos como Cristo nos amou; é também uma realidade interior dada ao
homem: a graça do Espírito Santo que torna possível um tal amor. É a «lei da
liberdade» (Tg 1,25), porque nos inclina a agir espontaneamente sob o
impulso da caridade.
«A Lei nova é sobretudo a própria
graça do Espírito Santo, dada aos crentes em Cristo» (S. Tomás de Aquino).
421. Onde se encontra a Lei nova?
1971-1974
1986
A Lei nova encontra-se em toda a
vida e pregação de Cristo e na catequese moral dos Apóstolos: o Sermão do
Senhor na Montanha é a sua principal expressão.
GRAÇA
E JUSTIFICAÇÃO
422. O que é a justificação?
1987-1995;
2017-2020
A justificação é a obra mais
excelente do amor de Deus. É a acção misericordiosa e gratuita de Deus, que
perdoa os nossos pecados e nos torna justos e santos em todo o nosso ser. Isto
tem lugar por meio da graça do Espírito Santo, que nos foi merecida pela paixão
de Cristo e nos foi dada no Baptismo. A justificação inicia a resposta livre do
homem, ou seja, a fé em Cristo e a colaboração com a graça do Espírito Santo.
423. O que é a graça que justifica?
1996-1998
2005 201
A graça é o dom gratuito que Deus
nos dá para nos tornar participantes da sua vida trinitária e capaz de agir por
amor d’Ele. É chamada graça habitual ou santificante ou deificante, pois
nos santifica e diviniza. É sobrenatural, porque depende inteiramente da
iniciativa gratuita de Deus e ultrapassa as capacidades da inteligência e das
forças do homem. Escapa, portanto, à nossa experiência.
424. Que outros tipos de graça
existem?
1999-2000
2003-2004
2023-2024
Para além da graça habitual,
existem: as graças actuais (dons circunstanciais); as graças sacramentais (dons
próprios de cada sacramento); as graças especiais ou carismas (que têm como fim
o bem comum da Igreja), entre as quais as graças de estado, que acompanham o
exercício dos ministérios eclesiais e das responsabilidades da vida.
425. Qual é a relação entre a graça
e a liberdade do homem?
2001-2002
A graça precede, prepara e suscita a
resposta livre do homem. Responde às aspirações profundas da liberdade humana,
convida-a à colaboração e leva-a à sua perfeição.
426. O que é o mérito?
2006-2009;
2025-2027
O mérito é o que dá direito à
recompensa por uma acção boa. Em relação a Deus, o homem, de si, não pode
merecer nada, tendo recebido gratuitamente tudo d’Ele. Todavia, Deus dá-lhe a
possibilidade de adquirir méritos pela união à caridade de Cristo, fonte dos
nossos méritos diante de Deus. Os méritos das obras boas devem por isso ser
atribuídos antes de mais à graça de Deus e depois à vontade livre do homem.
427. Que bens podemos merecer?
2006-2009
2025-2027
Sob a moção do Espírito Santo,
podemos merecer, para nós mesmos e para os outros, as graças úteis para nos
santificarmos e para alcançar a vida eterna, bem como os bens temporais
necessários segundo os desígnios de Deus. Ninguém pode merecer a graça
primeira, que está na origem da conversão e da justificação.
428. Somos todos chamados à
santidade cristã?
2012–2016
2028–2029
Todos os fiéis são chamados à
santidade. Esta é a plenitude da vida cristã e a perfeição da caridade, que se
obtém mediante a íntima união com Cristo e, n’Ele, com a Santíssima Trindade. O
caminho de santificação do cristão, depois de ter passado pela cruz, terá o seu
acabamento na ressurreição final dos justos, na qual Deus será tudo em todas as
coisas.
A
IGREJA MÃE E MESTRA
429. Como é que a Igreja alimenta a
vida moral do cristão?
2030-2031;
2047
A Igreja é a comunidade onde o
cristão acolhe a Palavra de Deus que contém os ensinamentos da «Lei de Cristo»
(Gal 6,2); recebe a graça dos sacramentos; une-se à oferta eucarística
de Cristo de modo que a sua vida moral seja um culto espiritual; e aprende o
exemplo da santidade da Virgem Maria e dos Santos.
430. Porque é que o Magistério da
Igreja intervém no campo moral?
2032-2040
2049-2051
Porque é missão do Magistério da
Igreja pregar a fé que deve ser acreditada e aplicada na vida prática. Essa
missão estende-se também aos preceitos específicos da lei natural, porque a sua
observância é necessária para a salvação.
431. Qual a finalidade dos preceitos
da Igreja?
2041
2048
Os cinco preceitos da Igreja têm por
fim garantir aos fiéis o mínimo indispensável do espírito de oração, da vida
sacramental, do empenho moral e do crescimento do amor de Deus e do próximo.
432. Quais são os preceitos da
Igreja?
2042 – 2043
São: 1) participar na missa do
Domingo e Dias Santos de Guarda e abster-se de trabalhos e actividades que
impeçam a santificação desses dias; 2) confessar os pecados recebendo o
sacramento da Reconciliação ao menos uma vez cada ano; 3) comungar ao menos
pela Páscoa da Ressurreição; 4) guardar a abstinência e jejuar nos dias
marcados pela Igreja; 5) contribuir para as necessidades materiais da Igreja,
cada um segundo as próprias possibilidades.
433. Porque é que a vida moral dos
cristãos é indispensável para o anúncio do Evangelho?
2044-2046
Porque, com a sua vida conforme ao
Senhor Jesus, os cristãos atraem os homens à fé no verdadeiro Deus, edificam a
Igreja, modelam o mundo com o espírito do Evangelho e apressam a vinda do Reino
de Deus.
SEGUNDA
SECÇÃO
OS DEZ MANDAMENTOS
Êxodo 20, 2-17
Eu sou o Senhor teu Deus, que te
tirei da terra do Egipto, dessa casa da escravidão.
Não terás outros deuses perante Mim.
Não farás para ti nenhuma imagem esculpida, nem figura que existe lá no alto do
céu, ou cá em baixo, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás
diante delas nem lhes prestarás culto, porque Eu, o Senhor teu Deus, sou um
Deus cioso: castigo a ofensa dos pais nos filhos até à terceira e quarta
geração daqueles que Me ofendem; mas uso de misericórdia até à milésima geração
com aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.
Não invocarás em vão o Nome do
Senhor teu Deus, porque o Senhor não deixa sem castigo quem invocar o seu Nome
em vão.
Recorda-te do dia do Sábado para o
santificar. Durante seis dias trabalharás e farás todos os trabalhos. Mas o
sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus. Não farás nele nenhum trabalho, nem
tu, nem o teu filho ou tua filha, nem o teu servo nem a tua serva, nem teu
gado, nem o estrangeiro que vive em tua cidade. Porque em seis dias o Senhor
fez o Céu e a Terra, o mar e o que eles contêm: mas ao sétimo descansou. Por
isso o Senhor abençoou o dia de Sábado e o consagrou .
Honra pai e mãe, a fim de
prolongares os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te vai dar.
Não matarás.
Não cometerás adultério.
Não roubarás.
Não levantarás falso testemunho
contra o teu próximo.
Não cobiçarás a casa do teu próximo.
Não desejarás a mulher do teu
próximo, nem o seu servo nem a sua serva, o seu boi ou o seu jumento, nem nada
do que lhe pertença.
Deuteronómio 5, 6-21
Eu sou o Senhor teu Deus, que te
tirei da terra do Egipto, dessa casa da escravidão.
Não terás outros deuses diante de
Mim....
Não invocarás em vão o Nome do
Senhor teu Deus....
Guarda o dia do Sábado para o santificar
Honra teu pai e tua mãe...
Não matarás.
Não cometerás adultério.
Não roubarás.
Não levantarás falso testemunho
contra o teu próximo.
Não desejarás a mulher do teu
próximo; Não cobiçarás… nada que pertença ao teu próximo.
Fórmula da Catequese
Eu sou o Senhor teu Deus:
Primeiro: Adorar a Deus e amá-lo
sobre todas as coisas.
Segundo: Não invocar o santo nome de
Deus em vão.
Terceiro: Santificar os Domingos e
festas de guarda.
Quarto: Honrar pai e mãe (e os
outros legítimos superiores).
Quinto: Não matar (nem causar outro
dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao próximo).
Sexto: Guardar castidade nas
palavras e nas obras.
Sétimo: Não furtar (nem injustamente
reter ou danificar os bens do próximo).
Oitavo: Não levantar falsos
testemunhos (nem de qualquer outro modo faltar à verdade ou difamar o próximo)
Nono: Guardar castidade nos
pensamentos e desejos.
Décimo: Não cobiçar as coisas
alheias.
Estes
dez mandamentos
resumem-se em dois que são:
Amar a Deus sobre todas as coisas
E ao próximo como a nós mesmos.
434. «Mestre, que devo fazer de bom
para alcançar a vida eterna?» (Mt 19,16)
2052-2054;
2075-2076
Ao jovem que lhe faz esta pergunta,
Jesus responde: «Se queres entrar na vida, observa os mandamentos», e
acrescenta: «Vem e segue-me» (Mt 19,16-21). Seguir Jesus implica
observar os mandamentos. A Lei não é abolida, mas o homem é convidado a
encontrá-la na pessoa do divino Mestre, que em si mesmo a cumpre perfeitamente,
lhe revela o pleno significado e atesta a sua perenidade.
435. Como é que Jesus interpreta a
Lei?
2055
Jesus interpreta a Lei, à luz do
duplo e único mandamento da caridade, que é a plenitude da Lei: «Amarás o
Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua
mente. Este é o maior e o primeiro dos mandamentos. E o segundo é semelhante ao
primeiro: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende
toda a Lei e os Profetas» (Mt 22,37-40).
436. O que significa o «Decálogo»?
2056-2057
Decálogo significa «dez palavras» (Ex
34,28). Estas palavras resumem a Lei, dada por Deus ao povo de Israel, no
contexto da Aliança, por meio de Moisés. Este, ao apresentar os mandamentos do
amor a Deus (os três primeiros) e ao próximo (os outros sete), traça, para o
povo eleito e para cada um em particular, o caminho duma vida liberta da
escravidão do pecado.
437. Qual a relação do Decálogo com
a Aliança?
2058-2063
2077
O Decálogo compreende-se à luz da
Aliança, na qual Deus se revela, dando a conhecer a sua vontade. Na observância
dos mandamentos, o povo mostra a sua pertença a Deus e responde com gratidão à
sua iniciativa de amor.
438. Que importância dá a Igreja ao
Decálogo?
2064-2068
Fiel à Escritura e ao exemplo de
Jesus, a Igreja reconhece ao Decálogo uma importância e um significado
basilares. Os cristãos estão obrigados a observá-lo.
439. Porque é que o Decálogo
constitui uma unidade orgânica?
2069
2079
O Decálogo constitui um conjunto
orgânico e indissociável, porque cada mandamento remete para os outros e para o
todo do Decálogo. Por isso, transgredir um mandamento é infringir toda a Lei.
440. Porque é que o Decálogo obriga
gravemente?
2072 - 2073
2081
Porque enuncia deveres fundamentais
do homem para com Deus e para com o próximo.
441. É possível observar o Decálogo?
2074
2082
Sim, porque Cristo, sem o qual nada
podemos fazer, nos torna capazes de observá-lo, com o dom do seu Espírito e da
sua graça.
CAPÍTULO
PRIMEIRO
« AMARÁS O SENHOR TEU DEUS COM
TODO TEU CORAÇÃO, COM TODA TUA ALMA
E COM TODAS AS TUAS FORÇAS »
O PRIMEIRO
MANDAMENTO:
EU SOU O SENHOR TEU DEUS NÃO TERÁS
OUTRO DEUS ALÉM DE MIM
442. Que implica a afirmação: «Eu
sou o Senhor teu Deus» (Ex 20,2)?
2083-2094
2133-2134
Implica, para o fiel, guardar e
praticar as três virtudes teologais e evitar os pecados que se lhes opõem. A fé
crê em Deus e rejeita o que lhe é contrário, como, por exemplo, a dúvida
voluntária, a incredulidade, a heresia, a apostasia e o cisma. A esperança
é a expectativa confiante da visão bem-aventurada de Deus e da sua ajuda, evitando
o desespero e a presunção. A caridade ama a Deus sobre todas as coisas:
são rejeitadas portanto a indiferença, a ingratidão, a tibieza, a acédia ou
preguiça espiritual e o ódio a Deus, que nasce do orgulho.
443. Que implica a Palavra do
Senhor: «Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto» (Mt
4,10)?
2095-2105
2135-2136
Implica adorar a Deus como Senhor de
tudo o que existe; prestar-lhe o culto devido individual e comunitariamente;
rezar-lhe com expressões de louvor, de acção de graças, de intercessão e de
súplica; oferecer-Lhe sacrifícios, sobretudo o sacrifício espiritual da nossa
vida, em união com o sacrifício perfeito de Cristo; e manter as promessas e os
votos que Lhe fizermos.
444. Como é que a pessoa realiza o
próprio direito de prestar culto a Deus na verdade e na liberdade?
2104-2109
2137
Todo o homem tem o direito e o dever
moral de procurar a verdade, em especial no que se refere a Deus e à sua
Igreja, e, uma vez conhecida, de a abraçar e guardar fielmente, prestando a
Deus um culto autêntico. Ao mesmo tempo, a dignidade da pessoa humana requer
que, em matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir contra a própria
consciência nem seja impedido de agir em conformidade com ela, dentro dos
limites da ordem pública, privada ou publicamente, de forma individual ou
associada.
445. Que proíbe Deus ao ordenar:
«Não terás outros deuses perante Mim» (Ex 20,2)?
2110-2128
2138-2140
Este mandamento proíbe:
- o politeísmo e a idolatria,
que diviniza uma criatura, o poder, o dinheiro, e até mesmo o demónio;
- a superstição, que é um
desvio do culto devido ao verdadeiro Deus, e que se expressa nas várias formas
de adivinhação, magia, feitiçaria e espiritismo;
- a irreligião, expressa no
tentar a Deus com palavras ou actos, no sacrilégio, que profana pessoas ou
coisas sagradas sobretudo a Eucaristia, e na simonia, que pretende comprar ou
vender realidades espirituais;
- o ateísmo, que nega a
existência de Deus, fundando-se muitas vezes numa falsa concepção de autonomia
humana;
- o agnosticismo, segundo o
qual nada se poder saber de Deus, e que inclui o indiferentismo e o ateísmo
prático.
446. Ao dizer: «não farás para ti
qualquer imagem esculpida» (Ex 20,3) proíbe-se o culto das imagens?
2129-2132
2141
No Antigo Testamento, este
mandamento proíbe representar o Deus absolutamente transcendente. Porém, a
partir da Encarnação do Filho de Deus, o culto cristão das imagens sagradas é
justificado (como afirma o segundo Concílio de Niceia, de 787), porque se funda
no Mistério do Filho de Deus feito homem, no qual Deus transcendente se torna
visível. Não se trata duma adoração da imagem, mas de uma veneração de quem
nela é representado: Cristo, a Virgem, os Anjos e os Santos.
O
SEGUNDO MANDAMENTO:
NÃO INVOCAR O SANTO NOME DE DEUS EM VÃO
447. Como respeitar a santidade do
Nome de Deus?
2142-2149
2160-2162
Invocando, bendizendo, louvando e
glorificando o santo Nome de Deus. Deve pois ser evitado o abuso de invocar o
Nome de Deus para justificar um crime, e ainda todo o uso inconveniente do seu
Nome, como a blasfémia, que por sua natureza é um pecado grave, as imprecações
e a infidelidade às promessas feitas em Nome de Deus.
448. Porque se proíbe o juramento
falso?
2150-2151
2163-2164
Porque, assim, se chama a Deus, que
é a própria Verdade, como testemunha da mentira.
«Não jurar nem pelo Criador, nem
pela criatura, senão com verdade, por necessidade e com reverência» (S. Inácio de Loiola).
449. O que é o perjúrio?
2152-2155
É fazer, sob juramento, uma promessa
com intenção de a não manter ou de violar a promessa feita sob juramento. É um
pecado grave contra Deus, que é sempre fiel às suas promessas.
O
TERCEIRO MANDAMENTO:
SANTIFICAR OS DOMINGOS E FESTAS DE GUARDA
450. Porque é que Deus «abençoou o
dia de Sábado e o declarou sagrado» (Ex 20,11)?
2168-2172
2189
Porque o dia de Sábado recorda o repouso
de Deus no sétimo dia da criação e também a libertação de Israel da
escravidão do Egipto e a Aliança que Deus estabeleceu com o povo.
451. Qual a atitude de Jesus em
relação ao Sábado?
2173
Jesus reconhece a santidade do
Sábado e, com a sua autoridade divina, dá-lhe a sua interpretação autêntica: «O
Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado» (Mc 2,27).
452. Porque motivo, para os
cristãos, o Sábado é substituído pelo Domingo?
2174-2176
2190-2191
Porque o Domingo é o dia da
ressurreição de Cristo. Como «primeiro dia da semana» (Mc 16,2) ele
evoca a primeira criação; como «oitavo dia», que segue o Sábado, significa a
nova criação, inaugurada com a Ressurreição de Cristo. Tornou-se assim para os
cristãos o primeiro de todos os dias e de todas as festas: o dia do Senhor,
no qual Ele, com a sua Páscoa, leva à realização a verdade espiritual do Sábado
judaico e anuncia o repouso eterno do homem em Deus.
453. Como santificar o Domingo?
2177-2185
2192-2193
Os cristãos santificam o Domingo e
as festas de preceito participando na Eucaristia do Senhor e abstendo-se também
das actividades que o impedem de prestar culto a Deus e perturbam a alegria
própria do dia do Senhor ou o devido descanso da mente e do corpo. São
permitidas as actividades ligadas a necessidades familiares ou a serviços de
grande utilidade social, desde que não criem hábitos prejudiciais à
santificação do Domingo, à vida de família e à saúde.
454. Porque é importante reconhecer
civilmente o Domingo como dia festivo?
2186-2188
2194-2195
Para que todos possam gozar de
repouso suficiente e de tempo livre, que lhes permitam cuidar da vida
religiosa, familiar, cultural e social; para dispor de tempo propício à meditação,
reflexão, silêncio e estudo; e para fazer boas obras, servir os doentes e os
anciãos.
CAPÍTULO
SEGUNDO
«AMARÁS O TEU
PRÓXIMO COMO A TI MESMO»
O
QUARTO MANDAMENTO:
HONRAR PAI E MÃE
455. O que nos manda o quarto
mandamento?
2196 –2200
2247 – 2248
Manda honrar e respeitar os nossos
pais e aqueles que Deus, para o nosso bem, revestiu com a sua autoridade.
456. Qual é a natureza da família no
plano de Deus?
2201-2205
2249
Um homem e uma mulher, unidos em
matrimónio, formam com os filhos uma família. Deus instituiu a família e
dotou-a da sua constituição fundamental. O matrimónio e a família são ordenados
ao bem dos esposos e à procriação e educação dos filhos. Entre os membros da
família estabelecem-se relações pessoais e responsabilidades primárias. Em
Cristo, a família torna-se igreja doméstica, porque ela é comunidade de
fé, de esperança e de amor.
457. Que lugar ocupa a família na
sociedade?
2207-2208
A família é a célula originária da
sociedade humana e precede qualquer reconhecimento da autoridade pública. Os
princípios e os valores familiares constituem o fundamento da vida social. A
vida de família é uma iniciação à vida da sociedade.
458. Quais os deveres da sociedade
em relação à família?
2209-2213
2250
A sociedade tem o dever de sustentar
e consolidar o matrimónio e a família, no respeito também do princípio de
subsidiariedade. Os poderes públicos devem respeitar, proteger e favorecer a
verdadeira natureza do matrimónio e da família, a moral pública, os direitos
dos pais e a prosperidade doméstica.
459. Quais os deveres dos filhos
para com os pais?
2214-2220
2251
Em relação aos pais, os filhos devem
respeito (piedade filial), reconhecimento, docilidade e obediência,
contribuindo assim, também com as boas relações entre irmãos e irmãs, para o
crescimento da harmonia e da santidade de toda a vida familiar. Se os pais se
encontrarem em situação de indigência, de doença, de solidão ou de velhice, os
filhos adultos devem-lhes ajuda moral e material.
460. Quais os deveres dos pais para
com os filhos?
2252 – 2253
Os pais, participantes da
paternidade divina, são os primeiros responsáveis da educação dos filhos e os
primeiros anunciadores da fé. Têm o dever de amar e respeitar os filhos como pessoas
e filhos de Deus e, dentro do possível, de prover às suas necessidades
materiais e espirituais, escolhendo para eles uma escola adequada e ajudando-os
com prudentes conselhos na escolha da profissão e do estado de vida. Em
particular, têm a missão de educá-los na fé cristã.
461. Como é que os pais educam os
filhos na fé cristã?
2252-2253
Principalmente com o exemplo, a
oração, a catequese familiar e a participação na vida eclesial.
462. Os laços familiares são um bem
absoluto?
2232-2233
Os laços familiares são importantes
mas não absolutos, porque a primeira vocação do cristão é seguir Jesus,
amando-o: «Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim; quem
ama a filha ou o filho mais do que a Mim não é digno de Mim» (Mt 10,37).
Os pais devem, com alegria, ajudar os filhos no seguimento de Jesus, em todos
os estados de vida, mesmo na vida consagrada ou no ministério sacerdotal.
463. Como exercer a autoridade nos
diferentes âmbitos da sociedade civil?
2234-2237
2254
A autoridade deve ser exercida, como
um serviço, respeitando os direitos fundamentais da pessoa humana, uma justa
hierarquia de valores, as leis, a justiça distributiva, e o princípio de
subsidiariedade. No exercício da autoridade, cada um deve procurar o interesse
da comunidade em vez do próprio e deve inspirar as suas decisões na verdade
acerca de Deus, do homem e do mundo.
464. Quais os deveres dos cidadãos
em relação às autoridades civis?
2238-2241
2255
Os que estão submetidos à autoridade
vejam os superiores como representantes de Deus e colaborem lealmente no bom
funcionamento da vida pública e social. Isto comporta o amor e o serviço da
pátria, o direito e o dever de votar, o pagamento dos impostos, a defesa do
país e o direito a uma crítica construtiva.
465. Quando é que o cidadão não deve
obedecer à autoridade civil?
2242-2243
2256
Em consciência, o cidadão não deve
obedecer quando os mandamentos das autoridades civis se opõem às exigências da
ordem moral: «É necessário obedecer mais a Deus do que aos homens» (Act
5,29).
O
QUINTO MANDAMENTO:
NÃO MATAR
466. Porque respeitar a vida humana?
2258-2262
2318-2320
Porque é sagrada. Desde o seu
início ela supõe a acção criadora de Deus e mantém-se para sempre numa relação
especial com o Criador, seu único fim. A ninguém é lícito destruir directamente
um ser humano inocente, pois é um acto gravemente contrário à dignidade da
pessoa e à santidade do Criador. «Não causarás a morte do inocente e do justo»
(Ex 23, 7).
467. Porque é que a legítima defesa
das pessoas e das sociedades não vai contra tal norma?
2263-2265
Porque com a legítima defesa se
exerce a escolha de defender e valorizar o direito à própria vida e à dos
outros, e não a escolha de matar. Para quem tem responsabilidade pela vida do
outro, a legítima defesa pode até ser um dever grave. Todavia ela não deve
comportar um uso da violência maior que o necessário.
468. Para que serve uma pena?
2266
A pena, infligida por uma legítima
autoridade pública, tem como objectivo compensar a desordem introduzida pela
culpa, preservar a ordem pública e a segurança das pessoas, e contribuir para a
emenda dos culpados.
469. Que pena se pode aplicar?
2267
A pena infligida deve ser
proporcionada à gravidade do delito. Hoje, na sequência das possibilidades do
Estado para reprimir o crime tornando inofensivo o culpado, os casos de
absoluta necessidade da pena de morte «são agora muito raros, se não mesmo
praticamente inexistentes» (Evangelium vitae). Quando forem suficientes os meios
incruentos, a autoridade deve limitar-se ao seu uso, porque correspondem melhor
às condições concretas do bem comum, são mais conformes à dignidade da pessoa
humana e não retiram definitivamente ao culpado a possibilidade de se redimir.
470. Que proíbe o quinto mandamento?
2268-2283
2321-2326
O quinto mandamento proíbe como
gravemente contrários à lei moral:
O homicídio directo e voluntário
e a cooperação nele;
O aborto directo, querido
como fim ou como meio, e também a cooperação nele, crime que leva consigo a
pena de excomunhão, porque o ser humano, desde a sua concepção, deve ser, em
modo absoluto, respeitado e protegido totalmente;
A eutanásia directa, que
consiste em pôr fim à vida de pessoas com deficiências, doentes ou moribundas,
mediante um acto ou omissão duma acção devida;
O suicídio e a cooperação
voluntária nele, enquanto ofensa grave ao justo amor de Deus, de si e do
próximo: a responsabilidade pode ser ainda agravada por causa do escândalo ou
atenuada por especiais perturbações psíquicas ou temores graves.
471. O que é consentido,
medicamente, quando a morte é tida como iminente?
2278-2279
Os cuidados habitualmente devidos a
uma pessoa doente não podem ser legitimamente interrompidos. São legítimos o
uso de analgésicos, que não têm como fim a morte, e também a renúncia ao
«excesso terapêutico», isto é, à utilização de tratamentos médicos
desproporcionados e sem esperança razoável de êxito positivo.
472. Porque é que a sociedade deve
proteger o embrião?
2274
O direito inalienável à vida de cada
ser humano, desde a sua concepção, é um elemento constitutivo da sociedade
civil e da sua legislação. Quando o Estado não coloca a sua força ao serviço
dos direitos de todos e em particular dos mais fracos, e entre eles dos
concebidos ainda não nascidos, passam a ser minados os próprios fundamentos do
Estado de direito.
473. Como se evita o escândalo?
2284-2287
O escândalo, que consiste em levar
alguém a fazer o mal, evita-se respeitando a alma e o corpo da pessoa. Se
alguém induz deliberadamente outro a pecar gravemente, comete uma culpa grave.
474. Que deveres temos em relação ao
corpo?
2288-2291
O dever dum razoável cuidado da
saúde física, da nossa e da dos outros, evitando todavia o culto do
corpo e toda a espécie de excessos. Evitar o uso de estupefacientes, com
gravíssimos danos para a saúde e a vida humana e também o abuso dos alimentos,
do álcool, do tabaco e dos remédios.
475. Quando são moralmente legítimas
as experiências científicas, médicas ou psicológicas, sobre pessoas ou grupos
humanos?
2292-2295
São moralmente legítimas se estão ao
serviço do bem integral da pessoa e da sociedade e não trazem riscos
desproporcionados à vida e à integridade física e psíquica dos indivíduos, que
devem ser oportunamente esclarecidos e dar o seu consentimento.
476. São consentidos a
transplantação e doação de órgãos, antes e depois da morte?
2296
A transplantação de órgãos é
moralmente aceitável com o consentimento do doador e sem riscos excessivos para
ele. Para o acto nobre da doação de órgãos depois da morte, deve acertar-se
plenamente a morte real do doador.
477. Quais as práticas contra o
respeito à integridade corpórea da pessoa humana?
2297-2298
São: os raptos e sequestros de
pessoas, o terrorismo, a tortura, as violências, a esterilização directa. As
amputações e as mutilações duma pessoa só são moralmente consentidas para
indispensáveis fins terapêuticos da mesma.
478. Que cuidado ter com os
moribundos?
2299
Os moribundos têm direito a viver
com dignidade os últimos momentos da sua vida terrena, sobretudo com a ajuda da
oração e dos sacramentos que preparam para o encontro com o Deus vivo.
479. Como tratar os corpos dos
defuntos?
2300 – 2301
Os corpos dos defuntos devem ser
tratados com respeito e caridade. A sua cremação é permitida, se não puser em
causa a fé na ressurreição dos corpos.
480. Que pede o Senhor a cada um em
ordem à paz?
2302 – 2303
O Senhor, que proclama «bem-aventurados
os obreiros da paz» (Mt 5, 9), pede a paz do coração e denuncia a
imoralidade da ira, que é desejo de vingança pelo mal recebido, e do ódio, que
leva a desejar o mal ao próximo. Estas atitudes, se voluntárias e consentidas
em matéria de grande importância, são pecados graves contra a caridade.
481. O que é a paz no mundo?
2304-2305
A paz no mundo, a qual é exigida para
o respeito e desenvolvimento da vida humana, não é a simples ausência de guerra
ou equilíbrio entre as forças em contraste, mas é «a tranquilidade da ordem»
(S. Agostinho), «fruto da justiça» (Is 32, 17) e efeito da caridade. A
paz terrena é imagem e fruto da paz de Cristo.
482. O que exige a paz no mundo?
2304;
2307–2308
Exige a distribuição equitativa e a
tutela dos bens das pessoas, a livre comunicação entre os seres humanos, o
respeito da dignidade das pessoas e dos povos, a assídua prática da justiça e
da fraternidade.
483. Quando é moralmente consentido
o uso da força militar?
2307-2310
O uso da força militar é moralmente
justificado pela presença contemporânea das seguintes condições: certeza de um
dano permanente e grave; ineficácia doutras alternativas pacíficas; fundadas
possibilidades de êxito; ausência de males piores, considerado o poder actual
dos meios de destruição.
484. A quem compete a avaliação
rigorosa dessas condições, em caso de guerra?
2309
Compete ao juízo prudente dos
governantes, aos quais compete também o direito de impor aos cidadãos a
obrigação da defesa nacional, salvo o direito pessoal à objecção de
consciência, a realizar-se com outra forma de serviço à comunidade humana.
485. O que exige a lei moral, em
caso de guerra?
2312-2314
2328
A lei moral permanece sempre válida,
mesmo em caso de guerra. Devem tratar-se com humanidade os não combatentes, os
soldados feridos e os prisioneiros. As acções deliberadamente contrárias ao
direito dos povos e as disposições que as impõem são crimes que a obediência
cega não pode desculpar. Devem-se condenar as destruições em massa, bem como o
extermínio de um povo ou duma minoria étnica, que são pecados gravíssimos e
obrigam moralmente a resistir às ordens de quem os ordena.
486. O que se deve fazer para evitar
a guerra?
2315-2317
2327-2330
Devemos fazer tudo o que é
razoavelmente possível para evitar de qualquer modo a guerra, devido aos males
e injustiças que ela provoca. É necessário, em especial, evitar a acumulação e
comércio de armas não devidamente regulamentadas pelos poderes legítimos; as
injustiças sobretudo económicas e sociais; as discriminações étnicas e
religiosas; a inveja, a desconfiança, o orgulho e o espírito de vingança. Tudo
quanto se fizer para eliminar estas e outras desordens ajudará a construir a
paz e a evitar a guerra.
SEXTO
MANDAMENTO:
NÃO COMETER O ADULTÉRIO
487. Qual a missão da pessoa humana
em relação à própria a identidade sexual?
2331-2336.
2392-2393
Deus criou o ser humano como homem e
mulher, com igual dignidade pessoal, e inscreveu nele a vocação ao amor e à
comunhão. Compete a cada um aceitar a sua identidade sexual, reconhecendo a sua
importância para a pessoa toda, bem como o valor da especificidade e da
complementaridade.
488. O que é a castidade?
2337-2338
A castidade é a integração positiva
da sexualidade na pessoa. A sexualidade torna-se verdadeiramente humana quando
é bem integrada na relação pessoa a pessoa. A castidade é uma virtude moral, um
dom de Deus, uma graça, um fruto do Espírito.
489. O que supõe a virtude da
castidade?
2339-2341
Supõe a aprendizagem do domínio de
si, que é uma pedagogia de liberdade humana aberta ao dom de si. Para tal fim,
é necessária uma educação integral e permanente, através de etapas graduais de
crescimento.
490. Quais os meios que ajudam a
viver a castidade?
2340-2347
São numerosos os meios à disposição:
a graça de Deus, a ajuda dos sacramentos, a oração, o conhecimento de si, a
prática duma ascese adaptada às situações, o exercício das virtudes morais, em
particular da virtude da temperança, que procura fazer com que as paixões sejam
guiadas pela razão.
491. Como é que todos são chamados a
viver a castidade?
2348 – 2350
2394
Todos, seguindo Cristo modelo de
castidade, são chamados a levar uma vida casta, segundo o próprio estado de
vida: uns na virgindade ou no celibato consagrado, forma eminente de uma mais
fácil entrega a Deus com um coração indiviso; os outros, se casados, vivendo a
castidade conjugal; os não casados vivem a castidade na continência.
492. Quais os principais pecados
contra a castidade?
2351 – 2359
2396
São pecados gravemente contrários à
castidade, cada um segundo a natureza do objecto: o adultério, a masturbação, a
fornicação, a pornografia, a prostituição, o estupro, os actos homossexuais.
Estes pecados são expressão do vício da luxúria. Cometidos contra os menores,
são atentados ainda mais graves contra a sua integridade física e moral.
493. Porque é que o sexto
mandamento, que diz «não cometerás adultério», proíbe todos os pecados contra a
castidade?
2336
Embora no texto bíblico se leia «não
cometerás adultério» (Ex 20,14), a Tradição da Igreja segue
complexivamente todos os ensinamentos morais do Antigo e Novo Testamento, e
considera o sexto mandamento como englobando todos os pecados contra a
castidade.
494. Qual a missão das autoridades
civis em relação à castidade?
2354
As autoridades civis, obrigadas a
promover o respeito pela dignidade da pessoa, devem contribuir para criar um
ambiente favorável à castidade, mesmo impedindo, com leis apropriadas, a
difusão de algumas das chamadas graves ofensas à castidade, para proteger
sobretudo os menores e os mais débeis.
495. Quais os bens do amor conjugal
a que a sexualidade se ordena?
2360-2361;
2397-2398
Os bens do amor conjugal, que para
os baptizados é santificado pelo sacramento do matrimónio, são: a unidade, a
fidelidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade.
496. Qual o significado do acto
conjugal?
2362-2367
O acto conjugal tem um duplo
significado: unitivo (a mútua doação dos esposos) e procriador (a abertura à
transmissão da vida). Ninguém deve quebrar a conexão inquebrável que Deus quis
entre os dois significados do acto conjugal, excluindo um deles.
497. Quando é que a regulação dos
nascimentos é moral?
2368-2369
2399
A regulação dos nascimentos, que é
uma componente da paternidade e maternidade responsáveis, é objectivamente
conforme à moralidade quando é realizada pelos esposos sem imposições externas,
nem por egoísmo, mas com base em motivos sérios e o recurso a métodos conformes
aos critérios objectivos da moralidade, isto é, com a continência periódica e o
recurso aos períodos infecundos.
498. Quais os meios imorais na
regulação dos nascimentos?
2370 – 2372
É intrinsecamente imoral toda a
acção – como, por exemplo, a esterilização directa ou a contracepção – que, na
previsão do acto conjugal ou na sua realização ou no desenvolvimento das suas
consequências naturais, se proponha, como objectivo ou como meio, impedir a
procriação.
499. Porque é que a inseminação e a
fecundação artificiais são imorais?
2373-2377
São imorais porque dissociam a
procriação do acto com que os esposos se entregam mutuamente, instaurando assim
um domínio da técnica sobre a origem e o destino da pessoa humana. Além disso,
a inseminação e a fecundação heteróloga, com o recurso a técnicas que envolvem
uma pessoa estranha ao casal dos esposos, prejudicam o direito do filho a
nascer dum pai e duma mãe conhecidos por ele, ligados entre si pelo matrimónio
e tendo o direito exclusivo a tornarem-se pais, só um através do outro.
500. Como deve ser considerado um
filho?
2378
O filho é um dom de Deus, o
maior dom do matrimónio. Não existe um direito a ter filhos («o filho exigido,
a todo o custo»). Existe, ao contrário, o direito do filho a ser o fruto do
acto conjugal dos seus progenitores e o direito a ser respeitado como pessoa
desde o momento da sua concepção.
501. Que devem fazer os esposos sem
filhos?
2379
No caso em que o dom do filho não
lhes tivesse sido concedido, os esposos, esgotados os recursos médicos
legítimos, podem mostrar a sua generosidade, mediante o cuidado ou a adopção,
ou então realizando serviços significativos em favor do próximo. Deste modo,
realizarão uma preciosa fecundidade espiritual.
502. Quais são as ofensas contra a
dignidade do matrimónio?
2380-2391
2400
São: o adultério, o divórcio, a
poligamia, o incesto, a união de facto (convivência, concubinato) e o acto
sexual antes ou fora do matrimónio.
O
SÉTIMO MANDAMENTO:
NÃO ROUBAR
503. Que diz o sétimo mandamento?
2401-2402
Ele enuncia o destino, a
distribuição universal e a propriedade privada dos bens, e ainda o respeito das
pessoas, dos seus bens e da integridade da criação. A Igreja encontra fundada
neste mandamento também a sua doutrina social, que compreende o recto agir na
actividade económica e na vida social e política, o direito e o dever do
trabalho humano, a justiça e a solidariedade entre as nações, o amor aos
pobres.
504. Em que condições existe o
direito à propriedade privada?
2403
O direito à propriedade privada
existe se ela for adquirida ou recebida de modo justo e desde que seja
respeitado o destino universal dos bens para a satisfação das necessidades
fundamentais de todos os homens.
505. Qual é o fim da propriedade
privada?
2404-2406
O fim da propriedade privada é a
garantia da liberdade e da dignidade de cada uma das pessoas, ajudando-as a
satisfazer as necessidades fundamentais próprias daqueles por quem se tem a
responsabilidade e dos outros que vivem em necessidade.
506. O que prescreve o sétimo
mandamento?
2407
2450-2451
O sétimo mandamento prescreve o
respeito dos bens alheios, mediante a prática da justiça e da caridade, da
temperança e da solidariedade. Em particular, exige o respeito das promessas
e dos contractos estipulados; a reparação da injustiça cometida e a
restituição do mal feito; o respeito pela integridade da criação
mediante o uso prudente e moderado dos recursos minerais, vegetais e animais
que há no universo, com especial atenção para com as espécies ameaçadas de
extinção.
507. Como é que o homem se deve
comportar com os animais?
2416-2418
257
O homem deve tratar os animais,
criaturas de Deus, com benevolência, evitando quer o amor excessivo para com
eles, quer o seu uso indiscriminado, sobretudo para experimentações científicas
efectuadas para lá dos limites razoáveis e com sofrimentos inúteis para os
próprios animais. ( )
508. Que proíbe o sétimo mandamento?
2408-2413 2453-2455
O sétimo mandamento, antes de mais,
proíbe o furto que é a usurpação do bem alheio contra a razoável vontade do seu
proprietário. É o que também sucede no pagamento de salários injustos; na
especulação sobre o valor dos bens para obter vantagens com prejuízo para os
outros; na falsificação de cheques ou facturas. Proíbe, além disso, cometer
fraudes fiscais ou comerciais, causar um dano às propriedades privadas ou
públicas. Proíbe também a usura, a corrupção, o abuso privado dos bens sociais,
os trabalhos culpavelmente mal feitos e o esbanjamento. ( )
509. Qual é o conteúdo da doutrina
social da Igreja?
2419-2423
A doutrina social da Igreja, como
desenvolvimento orgânico da verdade do Evangelho sobre a dignidade da pessoa
humana e sobre a sua dimensão social, contém princípios de reflexão, formula
critérios de juízo, oferece normas e orientações para a acção.
510. Quando é que a Igreja intervém
em matéria social?
2420; 2458
A Igreja emite um juízo moral em
matéria económica e social quando isto é exigido pelos direitos fundamentais da
pessoa, do bem comum ou da salvação das almas.
511. Como se deve exercer a vida
social e económica?
2459
Segundo os seus próprios métodos, no
âmbito da ordem moral, ao serviço da pessoa humana na sua integridade e de toda
a comunidade humana, no respeito da justiça social. Ela deve ter o homem como
seu autor, centro e fim.
512. O que é que se opõe à doutrina
social da Igreja?
2424 – 2425
Opõem-se à doutrina social da Igreja
os sistemas económicos e sociais que sacrificam os direitos fundamentais das
pessoas ou que fazem do lucro a sua regra exclusiva ou o seu fim último. Por
isso, a Igreja rejeita as ideologias associadas, nos tempos modernos, ao
«comunismo» ou às formas ateias e totalitárias de «socialismo». Rejeita, além
disso, na prática do «capitalismo», o individualismo e o primado absoluto da
lei do mercado sobre o trabalho humano.
513. Qual é o significado do
trabalho para o homem?
2426-2428 2460 – 2461
O trabalho é para o homem um dever e
um direito, mediante o qual ele colabora com Deus criador. Com efeito,
trabalhando com empenho e competência, a pessoa põe em acção capacidades
inscritas na sua natureza, exalta os dons do Criador e os talentos recebidos,
sustenta-se a si e aos seus familiares, serve a comunidade humana. Além disso,
com a graça de Deus, o trabalho pode ser meio de santificação e de colaboração
com Cristo para a salvação dos outros.
514. A que tipo de trabalho tem
direito a pessoa humana?
2429;
2433-2434
A todos deve ser possível obter um
trabalho seguro e honesto, sem discriminações injustas, respeitando a livre
iniciativa económica e uma justa retribuição.
515. Qual a responsabilidade do
Estado acerca do trabalho?
2431
Compete ao Estado fornecer a
segurança das garantias das liberdades individuais e da propriedade, para além
duma moeda estável e de serviços públicos eficientes; compete-lhe ainda zelar e
orientar o exercício dos direitos humanos no sector económico. A sociedade deve
ajudar os cidadãos a encontrar trabalho, conforme as circunstâncias.
516. Qual a missão dos responsáveis
das empresas?
2432
Os responsáveis das empresas têm a
responsabilidade económica e ecológica das suas operações. Estão obrigados a
ter em conta o bem das pessoas e não apenas o aumento dos lucros, embora estes
sejam necessários para assegurar os investimentos, o futuro das empresas, o
emprego e o bom andamento da vida económica.
517. Quais os deveres dos
trabalhadores?
2435
Devem realizar o seu trabalho, com
consciência, competência e dedicação, procurando resolver, com o diálogo,
eventuais controvérsias. O recurso à greve não violenta é moralmente legítimo
quando se apresenta como instrumento necessário, em vista dum benefício
proporcionado e tendo em conta o bem comum.
518. Como realizar a justiça e a
solidariedade entre as nações?
2437-2441
No plano internacional, todas as
nações e instituições devem actuar na solidariedade e na subsidiariedade, com
vista a eliminar, ou pelo menos reduzir, a miséria, a desigualdade dos recursos
e dos meios económicos, as injustiças económicas e sociais, a exploração das
pessoas, a acumulação da dívida dos países pobres, os mecanismos perversos que
criam obstáculos ao progresso dos países menos desenvolvidos.
519. Como é que os cristãos
participam na vida política e social?
2442
Os fiéis leigos intervêm
directamente na vida política e social animando, com espírito cristão, as
realidades temporais e colaborando com todos, como autênticas testemunhas do
Evangelho e promotores da paz e da justiça.
520. Em que se inspira o amor aos
pobres?
2443 – 2449
2462 – 2463
O amor aos pobres inspira-se no
Evangelho das bem-aventuranças e no exemplo de Jesus com a sua constante
atenção aos pobres. Jesus disse: «Todas as vezes que fizerdes isto a um só
destes irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes» (Mt 25,40). O amor aos
pobres manifesta-se na acção contra a pobreza material e contra as numerosas
formas de pobreza cultural, moral e religiosa. As obras de misericórdia,
espirituais e corporais e as numerosas instituições de beneficência que
surgiram ao longo dos séculos, constituem um concreto testemunho do amor
preferencial pelos pobres que caracteriza os discípulos de Jesus.
OITAVO
MANDAMENTO:
NÃO LEVANTAR FALSOS TESTEMUNHOS
521. Qual o dever do homem em
relação à verdade?
2464 – 2470
2504
Toda a pessoa é chamada à
sinceridade e à veracidade no agir e no falar. Cada um tem o dever de procurar
a verdade e de aderir a ela, organizando toda a sua vida segundo as exigências
da verdade. Em Jesus Cristo, a verdade de Deus manifestou-se na sua totalidade:
Ele é a Verdade. Seguir Jesus é viver do «Espírito de verdade» (Jo
14,17) e evitar a duplicidade, a simulação e a hipocrisia.
522. Como dar testemunho da verdade?
2471-2474
2505-2506
O cristão deve testemunhar a verdade
evangélica em todos os campos da actividade pública e privada, mesmo com o sacrifício
da própria vida, se necessário. O martírio é o supremo testemunho dado em favor
da verdade da fé.
523. O que proíbe o oitavo
mandamento?
2475-2487;
2507-2509
O oitavo mandamento proíbe:
O falso testemunho, o perjúrio
e a mentira, cuja gravidade se mede pela natureza da verdade que ela
deforma, das circunstâncias, das intenções do mentiroso e dos danos causados às
vítimas;
O juízo temerário, a maledicência,
a difamação, a calúnia, que lesam ou destroem a boa reputação e a
honra a que a pessoa tem direito;
A lisonja, a adulação
ou complacência, sobretudo se finalizadas à realização de pecados graves
ou à obtenção de vantagens ilícitas;
Uma culpa contra a verdade exige a
reparação, quando se ocasionou dano a outrem.
524. Que requer o oitavo mandamento?
2488-2492
2510-2511
O oitavo mandamento requer o
respeito da verdade, acompanhado pela discrição da caridade: na comunicação
e na informação, que devem assegurar o bem pessoal e comum, a defesa da
vida particular e o perigo de escândalo; na reserva dos segredos
profissionais, que se devem sempre manter, salvo em casos excepcionais, por
motivos graves e proporcionados. Exige-se também o respeito pelas confidências
feitas sob o sigilo do segredo.
525. Como usar os meios de
comunicação social?
2493-2499
2512
A informação mediática deve estar ao
serviço do bem comum, ser sempre verdadeira no conteúdo e, salva a justiça e a
caridade, deve ser também íntegra. Além disso deve expressar-se em modo honesto
e conveniente, respeitando escrupulosamente as leis morais, os direitos
legítimos e a dignidade da pessoa.
526. Qual a relação entre a verdade,
a beleza e a arte sacra?
2500-2503
2513
A verdade é bela por si mesma. Ela
comporta o esplendor da beleza espiritual. Além da palavra, existem numerosas
formas de expressão da verdade, em especial as obras artísticas. São o fruto do
talento dado por Deus e do esforço do homem. A arte sacra, para ser
verdadeira e bela, deve evocar e glorificar o Mistério de Deus revelado em
Cristo e conduzir à adoração e ao amor de Deus Criador e Salvador, Beleza
excelsa de Verdade e de Amor.
NONO
MANDAMENTO:
GUARDAR CASTIDADE NOS PENSAMENTOS E NOS DESEJOS
527. O que exige o nono mandamento?
2514-2516;
2528-2530
O nono mandamento exige vencer a
concupiscência carnal nos pensamentos e nos desejos. A luta contra a
concupiscência passa pela purificação do coração e pela prática da virtude da
temperança.
528. Que proíbe o nono mandamento?
2517-2519;
2531-2532
O nono mandamento proíbe cultivar
pensamentos e desejos relativos às acções proibidas pelo sexto mandamento.
529. Como chegar à pureza do
coração?
2520
O baptizado, com a graça de Deus, em
luta contra os desejos desordenados, chega à pureza do coração mediante a
virtude e o dom da castidade, a pureza de intenção e do olhar exterior e
interior, com a disciplina dos sentidos e da imaginação e pela oração.
530. Quais as outras exigências da
pureza?
2521- 2527
2533
A pureza exige o pudor, que,
preservando a intimidade da pessoa, exprime a delicadeza da castidade e orienta
os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e da sua
comunhão. Ela liberta do erotismo difuso e afasta de tudo aquilo que favorece a
curiosidade mórbida. Requer uma purificação do ambiente social, mediante
uma luta constante contra a permissividade dos costumes, que assenta numa
concepção errónea da liberdade humana.
DÉCIMO
MANDAMENTO:
NÃO COBIÇAR AS COISAS ALHEIAS
531. Que exige e que proíbe o décimo
mandamento?
2534-2540
2551-2554
Este mandamento completa o
precedente e exige uma atitude interior de respeito em relação à propriedade
alheia. Proíbe a avidez, a cupidez desregrada dos bens dos outros
e a inveja, que consiste na tristeza que se experimenta perante os bens
alheios e o desejo imoderado de deles se apoderar.
532. Que pede Jesus com a pobreza de
coração?
2544-2547
2556
Jesus requer aos seus discípulos que
O prefiram a tudo e a todos. O desprendimento das riquezas – segundo o espírito
da pobreza evangélica – e o abandono à providência de Deus, que nos liberta da
preocupação pelo amanhã, preparam-nos para a bem-aventurança dos «pobres em
espírito, porque deles é já o reino dos céus» (Mt 5, 3).
533. Qual é o maior desejo do homem?
2548 - 2550
2557
O maior desejo do homem é ver a
Deus. Este é o grito de todo o seu ser: «Quero ver a Deus!». De facto, o homem
realiza a verdadeira e perfeita felicidade na visão e na bem-aventurança
d’Aquele que o criou por amor e o atrai a Si no seu infinito amor.
«Aquele que vê a Deus, obteve todos
os bens que se podem imaginar» (S. Gregório de Nisa)
QUARTA
PARTE
PRIMEIRA
SECÇÃO
A ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ
534. O que é a oração?
2558-2565
2590
A oração consiste em elevar a alma a
Deus ou em pedir a Deus bens conformes à sua vontade. Ela é sempre um dom de
Deus que vem ao encontro do homem. A oração cristã é relação pessoal e viva dos
filhos de Deus com o Pai infinitamente bom, com o seu Filho Jesus Cristo e com
o Espírito Santo que habita no coração daqueles.
CAPÍTULO
PRIMEIRO
535. Porque é que existe um
chamamento universal à oração?
2566-2567
Porque primeiramente Deus, através
da criação, chama do nada todos os seres e ainda porque, mesmo depois da queda,
o homem continua a ser capaz de reconhecer o seu Criador, conservando o desejo
d’Aquele que o chamou à existência. Todas as religiões e, em especial, toda a
história da salvação, testemunham este desejo de Deus por parte do homem, se
bem que é sempre Deus que primeiro e incessantemente atrai cada uma das pessoas
para o encontro misterioso da oração.
A
REVELAÇÃO DA ORAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO
536. Como é que Abraão é um modelo
de oração?
2570-2573
2592
Abraão é um modelo de oração porque
caminha na presença de Deus, O escuta e Lhe obedece. A sua oração é um combate
da fé, porque ele continua a crer na fidelidade de Deus mesmo nos momentos de
provação. Além disso, depois de receber na sua tenda a visita do Senhor, que
lhe confia os seus desígnios, Abraão ousa interceder pelos pecadores, com
audaciosa confiança.
537. Como rezava Moisés?
2574-2577
2593
A oração de Moisés é o tipo da
oração contemplativa: Deus, que, da Sarça ardente, chama Moisés, conversa
muitas vezes e longamente com ele «face a face, como um homem com o seu amigo»
(Ex 33,11). Nesta intimidade com Deus, Moisés recebe a força para
interceder tenazmente em favor do povo: a sua oração prefigura assim a
intercessão do único mediador, Cristo Jesus.
538. Quais as relações do templo e
do rei com a oração, no Antigo Testamento?
2578-2580;
2594
À sombra da morada de Deus – a Arca
da Aliança e mais tarde o templo – cresce a oração do Povo de Deus, sob a
orientação dos seus pastores. Entre eles, David é o rei «segundo o coração de
Deus», o pastor que reza pelo seu povo. A sua oração é um modelo da oração do
povo pois é adesão à promessa divina e confiança cheia de amor n’Aquele que é o
único Rei e Senhor.
539. Qual a importância da oração na
missão dos profetas?
2581-2584
Os profetas recebem da oração luz e
força para exortar o povo à fé e à conversão do coração. Entram numa grande
intimidade com Deus e intercedem pelos irmãos, aos quais anunciam tudo o que
viram e ouviram da parte do Senhor. Elias é o pai dos profetas, isto é, dos que
procuram o Rosto de Deus. No Monte Carmelo, obtém o regresso do povo à fé,
graças à intervenção de Deus, a quem suplica: «Responde-me Senhor,
responde-me!» (1 Re 18,37).
540. Qual é a importância da oração
dos salmos?
2579;
2585-2589
2596-2597
Os Salmos são o vértice da oração no
Antigo Testamento: a Palavra de Deus torna-se oração do homem. Inseparavelmente
pessoal e comunitária, esta oração, inspirada pelo Espírito Santo, canta as
maravilhas de Deus na criação e na história da salvação. Cristo rezou os
Salmos, e deu-lhes pleno cumprimento. E é por isso que eles permanecem um elemento
essencial e permanente da oração da Igreja, adaptados aos homens de todas as
condições e de todos os tempos.
A
ORAÇÃO PLENAMENTE REVELADA
E REALIZADA EM JESUS
541. Quem ensinou Jesus a rezar?
2599
2620
Jesus, segundo o seu coração de
homem, foi ensinado a rezar por sua Mãe e pela tradição judaica. Mas a sua
oração brota duma fonte secreta, porque Ele é o Filho eterno de Deus, que, na
sua santa humanidade, dirige a seu Pai a oração filial perfeita.
542. Quando Jesus rezava?
2600-2604
2620
O Evangelho apresenta muitas vezes
Jesus em oração. Ele retira-se para a solidão, mesmo de noite. Jesus reza antes
dos momentos decisivos da sua missão ou da missão dos Apóstolos. De facto, toda
a sua vida é oração, porque Ele existe numa comunhão constante de amor com o
Pai.
543. Como rezou Jesus na sua paixão?
2605-2606
2620
A oração de Jesus durante a agonia
no Jardim de Getsemani e nas últimas palavras sobre a cruz revelam a
profundidade da sua oração filial: Jesus conduz à sua realização o desígnio de
amor do Pai e toma sobre si todas as angústias da humanidade, todas as
interrogações e intercessões da história da salvação. Ele apresenta-as ao Pai
que as acolhe e escuta, para lá de toda a esperança, ressuscitando-O dos
mortos.
544. Como Jesus nos ensina a rezar?
2608 – 2614
2621
Jesus ensina-nos a rezar, não só com
a oração do Pai nosso, mas também com a sua própria oração. Assim, para
além do conteúdo, ensina-nos as disposições requeridas para uma verdadeira
oração: a pureza do coração que procura o Reino e perdoa aos inimigos; a
confiança audaz e filial que se estende para além do que sentimos e
compreendemos; a vigilância que protege o discípulo da tentação; a oração no
Nome de Jesus, nosso Mediador junto do Pai.
545. Porque é eficaz a nossa oração?
2615-2616
A nossa oração é eficaz porque está
unida à de Jesus mediante a fé. N’Ele, a oração cristã torna-se comunhão de
amor com o Pai. Podemos, neste caso, apresentar os nossos pedidos a Deus e ser
atendidos: «Pedi e recebereis, assim a vossa alegria será completa» (Jo
16,24).
546. Como é que a Virgem Maria
rezava?
2617; 2622;
2618;2674;
2679
A oração de Maria caracteriza-se
pela fé e pela oferta generosa de todo o seu ser a Deus. A Mãe de Jesus é a
Nova Eva, a «Mãe dos viventes»: ela pede a Jesus, seu Filho, pelas necessidades
de todos os homens.
547. Existe no Evangelho uma oração
de Maria?
2619
Para além da intercessão de Maria em
Caná da Galileia, o Evangelho apresenta-nos o Magnificat (Lc
1,46-55), cântico da Mãe de Deus e da Igreja, jubilosa acção de graças que se
eleva do coração dos pobres porque a sua esperança foi realizada pelo
cumprimento das promessas divinas.
A
ORAÇÃO NO TEMPO DA IGREJA
548. Como rezava a primeira
comunidade cristã de Jerusalém?
2623 - 2624
No início dos Actos dos Apóstolos
está escrito que na primeira comunidade de Jerusalém, educada pelo Espírito
Santo na vida de oração, os crentes «eram assíduos ao ensino dos Apóstolos,
fiéis à união fraterna, à fracção do pão e às orações» (Act 2, 42).
549. Como intervém o Espírito Santo
na oração da Igreja?
2623; 2625
O Espírito Santo, Mestre interior da
oração cristã, forma a Igreja para a vida de oração e a faz entrar cada vez
mais profundamente na contemplação e na união com o insondável mistério de
Cristo. As formas de oração, tais como as revelam os Escritos apostólicos e
canónicos, permanecerão sempre normativas para a oração cristã.
550. Quais são as formas essenciais
da oração cristã?
2643 – 2644
São a bênção e a adoração, a oração
de petição e a intercessão, a acção de graças e o louvor. A Eucaristia contém e
exprime todas as formas de oração.
551. O que é a bênção?
2626-2627;
2645
A bênção é a resposta do homem aos
dons de Deus: nós bendizemos o Omnipotente que primeiramente nos abençoa e
enche dos seus dons.
552. Como se pode definir a
adoração?
2628
A adoração é a prostração do homem
que se reconhece criatura diante do seu Criador três vezes santo.
553. Quais são as diversas formas da
oração de petição?
2629- 2633
2646
Pode ser um pedido de perdão ou
mesmo uma súplica humilde e confiante em relação a todas as nossas necessidades
espirituais ou materiais. Mas a primeira realidade a desejar é a vinda do
Reino.
554. Em que consiste a intercessão?
2634 – 2636
2647
A intercessão consiste no pedir em
favor doutro. Ela conforma-nos e une-nos à oração de Jesus que intercede junto
do Pai por todos os homens, em especial pelos pecadores. A intercessão deve
estender-se também aos inimigos.
555. Quando se dá a Deus acção de
graças?
A Igreja dá graças a Deus
incessantemente, sobretudo ao celebrar a Eucaristia, na qual Cristo a faz
participar na sua acção de graças ao Pai. Todos os acontecimentos se convertem
para o cristão em motivo de acção de graças. ( 2637-2638; 2648 )
556. O que é a oração de louvor?
2639 – 2643
2649
O louvor é a forma de oração que
mais imediatamente reconhece que Deus é Deus. É completamente desinteressada:
canta Deus por Ele ser quem é e glorifica-O porque Ele é.
CAPÍTULO
SEGUNDO
557. Qual a importância da Tradição
em relação à oração?
2650-2651
Na Igreja, é através duma Tradição
viva que o Espírito Santo ensina os filhos de Deus a orar. A oração não se
reduz, com efeito, ao brotar espontâneo dum impulso interior, mas implica
contemplação, estudo e compreensão das realidades espirituais que se
experimentam.
NAS
FONTES DA ORAÇÃO
558. Quais as fontes da oração
cristã?
2652 – 2662
São: a Palavra de Deus, que
nos dá a «sublime ciência de Cristo» (Filp 3,8); a Liturgia da Igreja
que anuncia, actualiza e comunica o mistério da salvação; as virtudes
teologais; as situações quotidianas, porque nelas podemos encontrar
Deus.
«Eu Vos amo, Senhor, e a única graça
que Vos peço é a de Vos amar eternamente. Meu Deus, se a minha língua não pode
repetir, a todo o momento, que Vos amo, quero que o meu coração o repita tantas
vezes quantas eu respiro» (S. João Maria Vianney).
O
CAMINHO DA ORAÇÃO
559. Na Igreja existem diferentes
caminhos de oração?
2663
Na Igreja existem diferentes
caminhos de oração, segundo os diferentes contextos históricos, sociais e
culturais. Pertence ao Magistério discernir a sua fidelidade à tradição da fé
apostólica e aos pastores e catequistas o explicar-lhe o sentido, que é sempre
referido a Jesus Cristo.
560. Qual é o caminho da nossa
oração?
2664;
2680 – 2681
O caminho da nossa oração é Cristo,
porque ela se dirige a Deus nosso Pai, mas aquela só chega até Ele, se, ao
menos implicitamente, rezamos no Nome de Jesus. A sua humanidade é, pois, o
único caminho pelo qual o Espírito Santo nos ensina a rezar a Deus nosso Pai.
Por isso as orações litúrgicas concluem-se com a fórmula: «Por nosso Senhor
Jesus Cristo».
561. Qual o papel do Espírito Santo
na oração?
2670-2672
2680 – 2681
Uma vez que o Espírito Santo é o
Mestre interior da oração cristã e «nós não sabemos o que devemos pedir» (Rm
8,26), a Igreja exorta-nos a invocá-lo e a implorá-lo em todas as ocasiões:
«Vinde, Espírito Santo!».
562. Em que é que a oração cristã é
mariana?
2673-2679
2682
Em virtude da sua singular
cooperação com a acção do Espírito Santo, a Igreja gosta de orar a Maria e de
orar com Maria, a Orante perfeita, para com Ela engrandecer e invocar o Senhor.
De facto, Maria, «mostra-nos o caminho» que é o Seu Filho, o único Mediador.
563. Como é que a Igreja reza a
Maria?
2676-2678
2682
Antes de mais com a Ave Maria,
oração mediante a qual a Igreja pede a intercessão da Virgem. Outras orações
marianas são o Rosário o hino Acatistos, a Paraclisis, os
hinos e os cânticos das diversas tradições cristãs.
GUIAS
PARA A ORAÇÃO
564. Como é que os Santos são guias
de oração?
2683 - 2684
2692 - 2693
Os santos são modelos de oração e a
eles pedimos para, junto da Santíssima Trindade, intercederem por nós e pelo
mundo inteiro. A sua intercessão é o mais alto serviço que prestam ao desígnio
de Deus. Na comunhão dos santos, desenvolveram-se, ao longo da história da
Igreja, diversos tipos de espiritualidade, que ensinam a viver e a pôr em
prática a oração.
565. Quem pode educar na oração?
2685-2690
2694-2695
A família cristã é o primeiro lugar
da educação na oração. A oração familiar quotidiana é especialmente recomendada
porque é o primeiro testemunho da vida de oração da Igreja. A catequese, os
grupos de oração, a «direcção espiritual» constituem uma ajuda e uma escola de
oração.
566. Quais os lugares favoráveis à
oração?
2691; 2696
Em toda a parte se pode rezar, mas a
escolha de um lugar apropriado não é indiferente para a oração. A igreja é o
lugar próprio da oração litúrgica e da adoração eucarística. Também outros
lugares ajudam a rezar, como um «recanto de oração» em casa; um mosteiro; um
santuário.
CAPÍTULO
TERCEIRO
567. Quais os momentos mais
indicados para a oração?
2697-2698
2720
Todos os momentos são indicados para
a oração, mas a Igreja propõe aos fiéis ritmos destinados a alimentar a oração
contínua: orações da manhã e da noite, antes e depois das refeições, liturgia
das Horas; Eucaristia dominical; Santo Rosário; festas do ano litúrgico.
«Devemos lembrar-nos de Deus, com
mais frequência do que respiramos» (S. Gregório de Nazianzo).
568. Quais as expressões da vida de
oração?
2697 – 2699
A tradição cristã conservou três
modos para expressar e viver a oração: a oração vocal, a meditação e a oração
contemplativa. Têm em comum o recolhimento do coração.
AS
EXPRESSÕES DA ORAÇÃO
569. Como se caracteriza a oração
vocal?
2700-2704
2722
A oração vocal associa o corpo à
oração interior do coração. Mesmo a mais interior das orações não poderia
prescindir da oração vocal. Em todo o caso, ela deve brotar duma fé pessoal.
Com o Pai Nosso, Jesus ensinou-nos uma fórmula perfeita de oração vocal.
570. O que é a meditação?
2705-2708
2723
A meditação é uma reflexão orante,
que parte sobretudo da Palavra de Deus na Bíblia. Mobiliza a inteligência, a
imaginação, a emoção, o desejo, para aprofundar a nossa fé, suscitar a
conversão do nosso coração e fortalecer a nossa vontade de seguir a Cristo. É
uma etapa preliminar em direcção à união de amor com o Senhor.
571. O que é a oração contemplativa?
2709-2719;
2724;
2739-2741
A oração contemplativa é um simples
olhar sobre Deus no silêncio e no amor. É um dom de Deus, um momento de fé pura
durante o qual o orante procura Cristo, se entrega à vontade amorosa do Pai e
concentra o seu ser sob a acção do Espírito. Santa Teresa de Ávila define-a
como uma íntima relação de amizade, «em que muitas vezes dialogamos a sós com
Deus, por Quem sabemos ser amados».
O
COMBATE DA ORAÇÃO
572. Porque é que a oração é um
combate?
2725
A oração é um dom da graça, mas
pressupõe sempre uma resposta decidida da nossa parte, porque o que reza
combate contra si mesmo, contra o ambiente e sobretudo contra o Tentador, que
faz tudo para retirá-lo da oração. O combate da oração é inseparável do
progresso da vida espiritual. Reza-se como se vive, porque se vive como se
reza.
573. Quais as objecções à oração?
2726-2728
2752-2753
Para lá das formas erróneas de
conceber a oração, muitos pensam que não têm tempo para rezar ou então que seja
inútil. Os que rezam podem desanimar perante as dificuldades e os insucessos
aparentes. Para vencer estes obstáculos são necessárias a humildade, a
confiança e a perseverança.
574. Quais as dificuldades da
oração?
2729-2733;
2754-2755
A distracção é a dificuldade
habitual da nossa oração. Ela afasta da atenção a Deus e pode também revelar
aquilo a que estamos apegados. O nosso coração deve então regressar
humildemente ao Senhor. A oração é muitas vezes insidiada pela aridez,
cuja superação, na fé, permite aderir ao Senhor, mesmo sem uma consolação sensível.
A acédia é uma forma de preguiça espiritual devida ao relaxamento da
vigilância e à negligência na guarda do coração.
575. Como fortalecer a nossa
confiança filial?
2734-2741
2756
A confiança filial é posta à prova
quando pensamos que não somos atendidos. Devemos interrogar-nos, então, se Deus
é para nós um Pai do qual procuramos cumprir a vontade, ou não será antes um
simples meio para obter o que queremos. Se a nossa oração se une à de Jesus,
sabemos que Ele nos concede muito mais do que este ou aquele dom: recebemos o
Espírito Santo que transforma o nosso coração.
576. É possível rezar a todo o
momento?
2742-2745 2757
Orar é sempre possível porque o
tempo do cristão é o tempo de Cristo ressuscitado, o qual «permanece connosco
todos os dias» (Mt 28,20). Oração e vida cristã são por isso inseparáveis.
«É possível, mesmo no mercado ou
durante um passeio sozinho, fazer oração frequente e fervorosa. É possível
mesmo sentados na vossa loja, a tratar de compras e vendas, ou até mesmo a
cozinhar»(S. João
Crisóstomo).
577. O que é a oração da Hora de
Jesus?
2604;
2746-275;
2758
É a chamada oração sacerdotal de
Jesus na Última Ceia. Jesus, o Sumo Sacerdote da Nova Aliança, dirige-a ao Pai
quando chega a Hora da sua «passagem» para Ele, a Hora do seu
sacrifício.
SEGUNDA
SECÇÃO
A ORAÇÃO DO SENHOR:
PAI NOSSO
Pai Nosso
Pai Nosso que estais nos Céus,
santificado seja o vosso Nome,
venha a nós o vosso Reino,
seja feita a vossa vontade
assim na terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem ofendido,
e não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do Mal.
Pater Noster
Pater noster, qui
es in cælis:
sanctificétur Nomen Tuum:
advéniat Regnum Tuum:
fiat volúntas Tua,
sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum
cotidiánum da nobis hódie,
et dimítte nobis débita nostra,
sicut et nos
dimíttimus debitóribus nostris.
et ne nos indúcas in tentatiónem;
sed líbera nos a Malo.
578. Qual é a origem da oração do Pai
Nosso?
2759-2760 2773
Jesus ensinou-nos esta oração cristã
insubstituível, o Pai Nosso, um dia quando um dos discípulos, vendo-O rezar,
lhe pediu: «Ensina-nos a rezar» (Lc 11, 1). A tradição litúrgica da
Igreja usou sempre o texto de S. Mateus (6, 9-13).
«A
SÍNTESE DE TODO O EVANGELHO»
579. Qual é o lugar do Pai Nosso nas
Escrituras?
2761-2764
2774
O Pai Nosso é a «síntese de
todo o Evangelho» (Tertuliano), «a oração perfeitíssima» (S. Tomás de Aquino).
Situado no centro do Discurso da Montanha (Mt 5-7), retoma, sob a forma de
oração, o conteúdo essencial do Evangelho.
580. Porque se chama «a oração do
Senhor»?
2765-2766
2775
O Pai Nosso é a «Oração dominical»,
ou seja «a oração do Senhor», porque nos foi ensinado pelo próprio Senhor
Jesus.
581. Que lugar ocupa o Pai Nosso na
oração da Igreja?
2767-2772
2776
O Pai Nosso é a oração da Igreja por
excelência e é «entregue» no Baptismo para manifestar o novo nascimento para a
vida divina dos filhos de Deus. A Eucaristia mostra-lhe o sentido pleno, visto
que as suas petições, fundadas no mistério da salvação já realizada, e que
serão plenamente atendidas na vinda do Senhor. O Pai Nosso é também parte
integrante da liturgia das Horas.
«PAI
NOSSO, QUE ESTAIS NOS CÉUS»
582. Porque podemos «ousar
aproximar-nos com toda a confiança» do Pai?
2777-2778
2797
Porque Jesus, nosso Redentor, nos
apresenta diante do Rosto do Pai, e o seu Espírito faz de nós filhos. Podemos
assim rezar o Pai Nosso com uma confiança simples e filial, com uma alegre
segurança e uma audácia humilde, com a certeza de ser amados e atendidos.
583. Como é possível invocar a Deus
como «Pai»?
2779-2785;
2789;
2798-2800
Podemos invocar o «Pai», porque Ele
nos foi revelado por seu Filho feito homem e porque o seu Espírito no-Lo faz
conhecer. A invocação do Pai introduz-nos no seu mistério com uma admiração
sempre nova e suscita em nós o desejo dum comportamento filial. Ao rezar a
oração do Senhor estamos conscientes de sermos filhos no Filho do eterno Pai.
584. Porque dizemos «Pai Nosso»?
2786-2790
2801
«Nosso» exprime uma relação
totalmente nova com Deus. Sempre que rezamos ao Pai, adoramo-Lo e
glorificamo-Lo com o Filho e o Espírito. Em Cristo, somos o «seu» Povo e Ele é
o «nosso» Deus, desde agora e para a eternidade. Dizemos, com efeito, Pai
«nosso», porque a Igreja de Cristo é a comunhão duma multidão de irmãos que têm
«um só coração e uma só alma» (Act 4,32).
585. Com que espírito de comunhão e
missão dizemos ao rezar a Deus Pai «nosso»?
2791-2793
2801
Dado que rezar o Pai «nosso» é um
bem comum de todos os baptizados, estes sentem o apelo urgente a participar na
oração de Jesus pela unidade dos seus discípulos. Rezar o «Pai Nosso» é rezar
com e por todos os homens, para que conheçam o único e verdadeiro Deus e sejam
reunidos na unidade.
586. Que significa a expressão «que
estais nos céus»?
2794-2796
2802
Esta expressão bíblica não indica um
lugar mas uma maneira de ser: Deus está para lá e acima de tudo. Designa a
majestade, a santidade de Deus, e também a sua presença no coração dos justos.
O céu, ou a Casa do Pai, constitui a verdadeira pátria para a qual tendemos na
esperança, enquanto estamos ainda na terra. Nós vivemos já nela «escondidos com
Cristo em Deus» (Col 3, 3).
AS
SETE PETIÇÕES
587. Como é composta a oração do
Senhor?
2803-2806;
2857
A oração do Senhor contém sete
petições a Deus Pai. As primeiras três, mais teologais, aproximam-nos d’Ele,
para a sua glória: pois é próprio do amor pensar antes de mais n’Aquele que
amamos. Elas sugerem o que em especial devemos pedir-Lhe: a santificação do seu
Nome, a vinda do seu Reino, a realização da sua Vontade. As últimas quatro
apresentam ao Pai de misericórdia as nossas misérias e as nossas expectativas.
Pedimos que nos alimente, nos perdoe, nos defenda nas tentações e nos livre do
Maligno.
588. O que quer dizer «santificado
seja o Vosso nome»?
2807-2812
2858
Santificar o Nome de Deus é, antes
de mais, um louvor que reconhece Deus como Santo. De facto, Deus revelou o seu
santo Nome a Moisés e quis que o seu povo lhe fosse consagrado como uma
nação santa na qual Ele habita.
589. Como é santificado o Nome de
Deus em nós e no mundo?
2813-2815
Santificar o Nome de Deus que nos
chama «à santificação» (1 Tes 4,7) é desejar que a consagração baptismal
vivifique toda a nossa vida. É pedir, além disso, com a nossa vida e a nossa
oração, que o Nome de Deus seja conhecido e bendito por todos os homens.
590. Que pede a Igreja rezando:
«Venha a nós o vosso Reino»?
2816-2821
2859
A Igreja pede a vinda final do Reino
de Deus mediante o regresso de Cristo na glória. Mas a Igreja reza, também,
para que o Reino de Deus cresça, já hoje, graças à santificação dos homens no
Espírito e graças ao seu empenho ao serviço da justiça e da paz, segundo as
Bem-aventuranças. Este pedido é o grito do Espírito e da Esposa: «Vem Senhor
Jesus» (Ap 22,20).
591. Porque pedir: «Seja feita a
Vossa vontade assim na terra como no céu»?
2822-2827
2860
A vontade do Pai é que «todos os
homens sejam salvos» (1 Tim 2,3). Para isso é que Jesus veio: para
realizar perfeitamente a Vontade salvífica do Pai. Nós pedimos a Deus Pai que
una a nossa vontade à do seu Filho, a exemplo de Maria Santíssima e dos Santos.
Pedimos que o seu desígnio de benevolência se realize plenamente na terra como
no céu. É mediante a oração que podemos «discernir a vontade de Deus» (Rm
12,2) e obter a «perseverança para a cumprir» (Heb 10, 36).
592. Que significa o pedido: «O pão
nosso de cada dia nos dai hoje»?
2828-2834
2861
Ao pedir a Deus, com o confiante
abandono dos filhos, o alimento quotidiano necessário a todos para a
subsistência, reconhecemos o quanto Deus nosso Pai é bom e está acima de toda a
bondade. Pedimos também a graça de saber agir de modo que a justiça e a
partilha façam com que a abundância de uns possa prover às necessidades dos
outros.
593. Qual é o específico sentido
cristão deste pedido?
2835-2837
2861
Porque «o homem não vive só de pão,
mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4,4), este pedido
refere-se igualmente à fome da Palavra de Deus e à do Corpo de Cristo
recebido na Eucaristia, bem como à fome do Espírito Santo. Pedimo-Lo, com uma
confiança absoluta, para hoje, o hoje de Deus, o qual nos é dado
sobretudo na Eucaristia que antecipa o banquete do reino que há-de vir.
594. Porque dizer: «Perdoai-nos as
nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido»?
2838-2839
2862
Ao pedir a Deus Pai para nos
perdoar, reconhecemo-nos pecadores diante d’Ele. E, ao mesmo tempo, confessamos
a sua misericórdia, porque, no seu Filho e através dos sacramentos, «recebemos
a redenção, o perdão dos pecados» (Col 1,14). Porém, o nosso pedido só
será atendido se tivermos perdoado aos que nos ofenderam.
595. Como é que é possível o perdão?
2840-2845
2862
A misericórdia penetra no nosso
coração só se também nós soubermos perdoar, até aos nossos inimigos. Ora, mesmo
que ao homem pareça impossível satisfazer esta exigência, o coração que se
oferece ao Espírito Santo pode, como Cristo, amar até ao extremo do amor, mudar
a ferida em compaixão, transformar a ofensa em intercessão. O perdão participa
da misericórdia divina e é um vértice da oração cristã.
596. O que significa: «Não nos
deixeis cair em tentação»?
2846-2849
2863
Pedimos a Deus Pai que não nos deixe
sozinhos e à mercê da tentação. Pedimos ao Espírito para sabermos discernir
entre a provação que ajuda a crescer no bem e a tentação que
conduz ao pecado e à morte, e, ainda, entre ser tentados e consentir
na tentação. Esta petição coloca-nos em união com Jesus, que, com a sua
oração, venceu a tentação e solicita a graça da vigilância e da perseverança
final.
597. Porque concluímos pedindo: «Mas
livra-nos do Mal»?
2850-2854
2864
O Mal indica a pessoa de Satanás que
se opõe a Deus e que é «o sedutor de toda a terra» (Ap 12, 9). A vitória
sobre o diabo já foi alcançada por Cristo. Mas nós pedimos para que a família
humana seja libertada de Satanás e das suas obras. Pedimos também o dom
precioso da paz e a graça da esperança perseverante da vinda de Cristo, que nos
libertará definitivamente do Maligno.
598. O que significa o Ámen final?
2855 - 2856
2865
«Depois, acabada a oração, tu dizes:
Ámen, corroborando com o Ámen, que significa “Assim seja, que isso se faça”,
tudo o que está contido na «oração que Deus nos ensinou»(S. Cirilo de Jerusalém).
A) ORAÇÕES COMUNS
B) FÓRMULAS DE DOUTRINA CATÓLICA
Sinal da Cruz
Em nome do Pai e do Filho
e do Espírito Santo. Ámen.
Glória ao Pai
Glória ao Pai e ao Filho
e ao Espírito Santo.
Como era, no princípio,
agora e sempre.
Ámen.
Avé Maria
Avé Maria, cheia de graça,
o Senhor é convosco,
bendita sois vós entre as mulheres
e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus,
rogai por nós pecadores,
agora e na hora da nossa morte. Ámen
Ao Anjo da Guarda
Santo Anjo do Senhor,
meu zeloso guardador,
pois que a ti me confiou a Piedade divina,
hoje e sempre
me governa, rege, guarda e ilumina.
Ámen.
Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso
Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso
Entre os esplendores da luz perpétua.
Descansem em paz. Ámen.
Angelus (A Trindades)
V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria
R. E Ela concebeu pelo Espírito
Santo
Avé Maria...
V. Eis a escrava do Senhor.
R. Faça-se em mim,
segundo a Vossa palavra.
Avé Maria....
V. E o Verbo Divino encarnou.
R. E habitou entre nós.
Avé Maria.......
V. Rogai por nós, santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das
promessas de Cristo
Oremos:
Infundi, Senhor, a vossa graça, em
nossas almas,
para que nós, que, pela anunciação do Anjo,
conhecemos a encarnação de Cristo,
vosso Filho,
pela sua paixão e morte na cruz,
sejamos conduzidos à glória da Ressurreição.
Pelo mesmo Cristo Senhor nosso. Ámen.
Rainha do Céu
(no Tempo Pascal)
Rainha dos céus, alegrai-vos.
Aleluia!
Porque Aquele que merecestes trazer em vosso seio. Aleluia!
Ressuscitou como disse. Aleluia!
Rogai por nós a Deus. Aleluia!
D./ Alegrai-vos e exultai, ó Virgem Maria. Aleluia!
C./ Porque o Senhor ressuscitou, verdadeiramente. Aleluia!
Oremos.
Ó Deus, que enchestes o mundo de alegria
com a ressurreição do Vosso Filho, nosso
Senhor Jesus Cristo,
concedei, nós vo-lo pedimos,
que pela intercessão da Virgem Maria,
Sua Mãe,
alcancemos as alegrias da vida eterna.
Por Cristo, Senhor nosso.
Salvé Rainha
Salvé, Rainha,
mãe de misericórdia,
vida, doçura, esperança nossa, salve!
A Vós bradamos,
os degredados filhos de Eva.
A Vós suspiramos, gemendo e chorando
neste vale de lágrimas.
Eia, pois, advogada nossa,
esses Vossos olhos misericordiosos
a nós volvei.
E, depois deste desterro,
nos mostrai Jesus, bendito fruto
do Vosso ventre.
Ó clemente, ó piedosa,
ó doce Virgem Maria.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Magnificat
A minha alma glorifica ao Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.
Porque pôs os olhos na humildade da sua serva:
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas:
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço
e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos
e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu Israel seu servo,
lembrado da sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais,
a Abraão e à sua descendência
para sempre.
Glória ao Pai e ao Filho
e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre.
Ámen.
Sob a Tua Protecção
À Vossa protecção, recorremos,
Santa Mãe de Deus;
não desprezeis as nossas súplicas
em nossas necessidades;
mas livrai-nos
de todos os perigos,
ó Virgem gloriosa e bendita.
Benedictus
Bendito o Senhor Deus de Israel
que visitou e redimiu o seu povo,
e nos deu um Salvador poderoso
na casa de David, seu servo,
conforme prometeu pela boca
dos seus santos,
os profetas dos tempos antigos,
para nos libertar dos nossos inimigos,
e das mãos daqueles que nos odeiam.
Para mostrar a sua misericórdia a favor dos nossos pais,
recordando a sua sagrada aliança,
e o juramento que fizera a Abraão,
nosso pai,
que nos havia de conceder esta graça:
de O servirmos um dia, sem temor,
livres das mãos dos nossos inimigos,
em santidade e justiça, na sua presença,
todos os dias da nossa vida.
E tu, menino, serás chamado profeta
do Altíssimo,
porque irás à sua frente a preparar os seus caminhos,
para dar a conhecer ao seu povo a salvação
pela remissão dos seus pecados,
graças ao coração misericordioso
do nosso Deus,
que das alturas nos visita
como sol nascente,
para iluminar os que jazem nas trevas
e na sombra da morte
e dirigir os nossos passos no caminho da paz.
Glória ao Pai e ao Filho
e ao Espírito Santo.
Como era no princípio,
agora e sempre. Ámen.
Te Deum
Nós Vos louvamos, ó Deus,
nós Vos bendizemos, Senhor.
Toda a terra Vos adora,
Pai eterno e omnipotente.
Os Anjos, os Céus
e todas as Potestades,
os Querubins e os Serafins
Vos aclamam sem cessar:
Santo, Santo, Santo,
Senhor Deus do Universo,
o céu e a terra proclamam a vossa glória.
O coro glorioso dos Apóstolos,
a falange venerável dos Profetas,
o exército resplandecente dos Mártires
cantam os vossos louvores.
A santa Igreja anuncia por toda a terra
a glória do vosso nome:
Deus de infinita majestade,
Pai, Filho e Espírito Santo.
Senhor Jesus Cristo, Rei da glória,
Filho do Eterno Pai,
para salvar o homem, tomastes
a condição humana no seio da Virgem Maria.
Vós despedaçastes as cadeias da morte
e abristes as portas do céu.
Vós estais sentado à direita de Deus,
na glória do Pai,
e de novo haveis de vir para julgar
os vivos e os mortos.
Socorrei os vossos servos, Senhor,
que remistes com vosso Sangue precioso;
e recebei-os na luz da glória,
na assembleia dos vossos Santos.
Salvai o vosso povo, Senhor,
e abençoai a vossa herança;
sede o seu pastor e guia através dos tempos
e conduzi-o às fontes da vida eterna.
Nós Vos bendiremos todos os dias da nossa vida
e louvaremos para sempre o vosso nome.
Dignai-Vos, Senhor, neste dia, livrar-nos do pecado.
Tende piedade de nós,
Senhor, tende piedade de nós.
Desça sobre nós a vossa misericórdia,
Porque em Vós esperamos.
Em Vós espero, meu Deus,
não serei confundido eternamente.
Veni Creator Spiritus
Vem, ó Espírito Santo,
E da tua luz celeste
Soltando raios piedosos
Nossos ânimos reveste.
Pai carinhoso dos pobres.
Distribuidor da riqueza,
Vem, ó luz dos corações,
Amparar a natureza.
Vem, Consolador supremo,
Das almas hóspede amável,
Suavíssimo refrigério
Do mortal insaciável.
És no trabalho descanso,
Refresco na calma ardente;
És no pranto doce alívio
De um ânimo penitente.
Suave origem do bem,
Ó fonte da luz divina,
Enche nossos corações,
Nossas almas ilumina.
Sem o teu celeste influxo,
No mortal nada há perfeito;
A tudo quanto é nocivo
Está o homem sujeito.
Lava o que nele há de impuro,
Quanto há de árido humedece;
Sara-lhe quanto é moléstia,
Quanto na vida padece.
O que há de dureza abranda,
O que há de mais frio aquece;
Endireita o desvairado
Que o caminho desconhece.
Os sete dons com que alentas
Os que humildes te confessam,
Aos teus devotos concede
Sempre fiéis to mereçam.
Por virtudes merecidas,
Dá-lhes fim que leve aos Céus;
Dá-lhes eternas delícias
Que aos bons prometes, meu Deus.
Vem, Espírito Santo
(Sequência de Pentecostes)
Vinde, ó santo Espírito,
vinde Amor ardente,
acendei na terra vossa luz fulgente.
Vinde, Pai dos pobres:
na dor e aflições,
vinde encher de gozo
nossos corações.
Benfeitor supremo
em todo o momento,
habitando em nós
sois o nosso alento.
Descanso na luta
e na paz encanto,
no calor sois brisa,
conforto no pranto.
Luz de santidade,
que no Céu ardeis,
abrasai as almas
dos vossos fiéis,
Sem a vossa força
e favor clemente,
nada há no homem
que seja inocente.
Lavai nossas manchas,
a aridez regai,
sarai os enfermos
e a todos salvai.
Abrandai durezas
para os caminhantes,
animai os tristes,
guiai os errantes.
Vossos sete dons
concedei à alma
do que em Vós confia:
Virtude na vida,
amparo na morte,
no Céu alegria.
Alma de Cristo
Alma de Cristo, santificai-me.
Corpo de Cristo, salvai-me.
Sangue de Cristo, inebriai-me.
Água do lado de Cristo, lavai-me
Paixão de Cristo, confortai-me.
Ó bom Jesus, ouvi-me.
Dentro das Vossas chagas, escondei-me.
Não permitais que eu me separe de Vós.
Do inimigo maligno defendei-me.
Na hora da minha morte, chamai-me.
Mandai-me ir para Vós,
Para que Vos louve com os Vossos Santos
Pelos séculos dos séculos. Ámen.
Lembrai-vos
Lembrai-vos, ó puríssima Virgem
Maria,
que nunca se ouviu dizer que algum
daqueles que tenha recorrido à Vossa protecção,
implorado a Vossa assistência e reclamado o Vosso socorro,
fosse por Vós desamparado.
Animado eu, pois, de igual
confiança,
a Vós, Virgem entre todas singular,
como a Mãe recorro, de Vós me valho,
e, gemendo sob o peso dos meus pecados,
me prostro aos Vossos pés.
Não desprezeis as minhas súplicas,
ó Mãe do Filho de Deus humanado,
mas dignai- Vos de as ouvir propícia
e de me alcançar o que Vos rogo. Ámen.
Rosário
Mistérios Gozosos
(Segundas e Sábados)
A anunciação do Anjo à Virgem Maria.
A visita de Maria a Santa Isabel.
O nascimento de Jesus em Belém.
A apresentação de Jesus no Templo.
A perda e encontro de Jesus no Templo.
Mistérios da Luz
(Quintas Feiras)
O baptismo de Jesus no Jordão.
A auto-revelação de Jesus nas bodas de Caná.
O anúncio do Reino e o convite à conversão.
A transfiguração de Jesus no Tabor.
A instituição da Eucaristia.
Mistérios Dolorosos
(Terças e Sextas)
Agonia de Jesus no Horto das
Oliveiras.
Flagelação de Jesus, preso à coluna.
Coroação de espinhos.
Jesus carrega a cruz a caminho do Calvário.
Jesus é crucificado e morre na cruz.
Mistérios Gloriosos
(Quartas e Domingo )
A ressurreição de Jesus.
A ascensão de Jesus ao céu.
A descida do Espírito Santo.
A assunção da Santíssima Virgem ao céu.
A coroação de Nossa Senhora,
como Rainha do céu e da terra.
Oração no fim do Santo Rosário
D./ Rogai por nós, santa Mãe de
Deus.
C./ Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos:
Ó Deus, que, pela vida, morte e
ressurreição do Vosso Filho Unigénito, nos adquiristes o prémio da salvação
eterna: concedei-nos, Vos pedimos, que venerando os mistérios do santíssimo
Rosário da Virgem Maria, imitemos o que eles contêm e alcancemos o que eles
prometem. Por Cristo Senhor nosso. Ámen.
Oração do Incenso
(Tradição Copta)
Ó Rei da paz, concedei-nos a Vossa
paz e perdoai os nossos pecados. Afugentai os inimigos da Igreja e defendei-a,
para que não pereça. O Emanuel, nosso Deus, está no meio de nós na glória do
Pai e do Espírito Santo. Ele nos abençoe, purifique o nosso coração e cure as
doenças da alma e do corpo. Nós Vos adoramos, ó Cristo, com o Vosso Pai
misericordioso e o Espírito Santo, porque viestes até junto de nós e nos
salvastes.
Oração de «Adeus ao Altar», antes de
deixar a Igreja após a liturgia
(Tradição Siro-Maronita)
Permanece em paz, ó Altar de Deus. A
oblação que de ti recebi me sirva para remissão das ofensas e perdão dos
pecados, e me obtenha a graça de comparecer diante do tribunal de Cristo sem
condenação e sem confusão. Não sei se me será concedido voltar e oferecer sobre
ti um outro Sacrifício. Protegei-me, Senhor, e conservai a Vossa Igreja, como
caminho de verdade e salvação. Ámen.
Oração pelos Defuntos
(Tradição bizantina)
Ó Deus dos espíritos e de toda a
carne, que vencestes a morte, aniquilastes o diabo e destes a vida ao mundo;
Vós, ó Senhor, concedei à alma do Vosso servo N. defunto o descanso num lugar
luminoso, num lugar verdejante, num lugar de frescura, onde não há sofrimento,
dor e gemidos.
Porque sois um Deus bom e
misericordioso, perdoai toda a culpa por ele cometida em palavras, obras ou
pensamentos, uma vez que não há homem que não peque, que só Vós sois sem
pecado, a Vossa justiça é justiça eterna e a Vossa palavra é a verdade.
Vós que sois a ressurreição, a vida
e o repouso do Vosso servo N. defunto, ó Cristo nosso Deus, nós Vos damos
glória, em comunhão com o Vosso Pai ingénito e com o Vosso santíssimo bom e
vivificante Espírito, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Descanse em
paz. Ámen.
Acto de Fé
Meu Deus, eu creio tudo o que Vós
revelastes e a Santa Igreja nos ensina, porque não podeis enganar-Vos nem
enganar-nos.
E, expressamente, creio em Vós,
único e verdadeiro Deus em três pessoas iguais e distintas: Pai, Filho e
Espírito Santo; e creio em Jesus Cristo, Filho de Deus encarnado, morto e
ressuscitado por nós, e que a cada um dará, segundo as suas obras, o prémio ou
o castigo eterno. Nesta fé quero viver e morrer.
Senhor, aumentai a minha fé. Ámen.
Acto de Esperança
Meu Deus, porque sois omnipotente,
infinitamente misericordioso e fidelíssimo às Vossas promessas, eu espero da
Vossa bondade que, em atenção aos méritos de Jesus Cristo, nosso Salvador, me
dareis a vida eterna e as graças necessárias para a alcançar, como prometestes
aos que praticassem as boas obras, que eu me proponho realizar ajudado com o
auxílio da Vossa divina graça. Senhor, minha esperança, na qual quero viver e
morrer: jamais serei confundido. Ámen.
Acto de Caridade
Meu Deus, porque sois infinitamente
bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, eu Vos amo de todo o meu
coração, a exemplo de Jesus; e, por Vosso amor, amo também o meu próximo como a
mim mesmo. Senhor, fazei que eu Vos ame cada vez mais. Ámen.
Acto de Contrição
Meu Deus, porque sois infinitamente
bom e Vos amo de todo o meu coração, pesa-me de Vos ter ofendido e, com o
auxílio da Vossa divina graça, proponho firmemente emendar-me e nunca mais Vos
tornar a ofender. Peço e espero o perdão das minhas culpas pela Vossa infinita
misericórdia. Ámen.
Signum Crucis
In nómine Patris
et Filii
et Spíritus Sancii. Amen.
Gloria Patri
Glória Patri
et Fílio
et Spirítui Sancto.
Sicut erat in princípio,
et nunc et semper
et in sǽcula sæculórum. Amen.
Ave, Maria
Ave, Maria, grátia plena,
Dóminus tecum.
Benedícta tu in muliéribus,
et benedíctus fructus ventris tui, Iesus.
Sancta María, Mater Dei,
ora pro nobis peccatóribus, nunc et in hora mortis nostræ.
Amen.
Angele Dei
Ángele Dei,
qui custos es mei,
me, tibi commíssum pietáte supérna,
illúmina, custódi,
rege et gubérna.
Amen.
Requiem Æternam
Réquiem ætérnam dona eis, Dómine,
et lux perpétua lúceat eis.
Requiéscant in pace. Amen.
Angelus Domini
Ángelus Dómini
nuntiávit Mariæ.
Et concépit
de Spíritu Sancto.
Ave, María...
Ecce ancílla Dómini.
Fiat mihi secúndum
verbum tuum.
Ave, María...
Et Verbum caro factum est.
Et habitávit in nobis.
Ave, Maria...
Ora pro nobis, sancta Dei génetrix.
Ut digni efficiámur
promissiónibus Christi.
Orémus.
Grátiam tuam, quǽsumus,
Dómine, méntibus nostris infunde;
ut qui, Ángelo nuntiánte,
Christi Fílii tui incarnatiónem
cognóvimus,
per passiónem eius et crucem,
ad resurrectiónis glóriam perducámur.
Per eúndem Christum
Dóminum nostrum. Amen.
Glória Patri...
Regina
Cæli
Regína cæli lætáre,
allelúia.
Quia quelli merúisti portáre,
allelúia.
Resurréxit, sicut dixit,
allelúia.
Ora pro nobis Deum,
allelúia.
Gaude et lætáre, Virgo María,
allelúia.
Quia surréxit Dominus vere,
allelúia.
Orémus.
Deus, qui per resurrectiónem Filii tui Dómini nostri Iesu Christi mundum
lætificáre dignátus es, præsta, quǽsumus, ut per eius Genetrícem Virginem
Maríam perpétuæ capiámus gáudia vitæ.
Per Christum Dóminum nostrum. Amen.
Salve,
Regina
Salve, Regína,
Mater misericórdiæ,
vita, dulcédo et spes nostra, salve.
Ad te clamámus,
éxsules filii Evæ.
Ad te suspirámus geméntes et flentes
in hac lacrimárum valle.
Eia ergo, advocáta nostra,
illos tuos misericórdes óculos
ad nos convérte.
Et Iesum benedíctum fructum
ventris tui,
nobis, posi hoc exsílium, osténde.
O clemens, o pia, o dulcis Virgo María!
Magnificat
Magníficat ánima mea Dóminum,
et exsultávit spíritus meus
in Deo salvatóre meo,
quia respéxit humilitátem
ancíllæ suæ.
Ecce enim ex hoc beátam
me dicent omnes generatiónes,
quia fecit mihi magna,
qui potens est,
et sanctum nomen eius,
et misericórdia eius in progénies
et progénies timéntibus eum.
Fecit poténtiam in bráchio suo,
dispérsit supérbos mente cordis sui;
depósuit poténtes de sede
et exaltávit húmiles.
Esuriéntes implévit bonis
et divites dimisit inanes.
Suscépit Ísrael púerum suum,
recordátus misericórdiæ,
sicut locútus est ad patres nostros,
Àbraham et sémini eius in sǽcula.
Glória Patri et Fílio
et Spirítui Sancto.
Sicut erat in princípio,
et nunc et semper,
et in sǽcula sæculórum.
Amen.
Sub tuum præsidium
Sub tuum præsídium confúgimus,
sancta Dei Génetrix;
nostras deprecatiónes ne despícias
in necessitátibus;
sed a perículis cunctis
líbera nos semper,
Virgo gloriósa et benedícta.
Benedictus
Benedíctus Dóminus, Deus Ísrael,
quia visitávit
et fecit redemptiónem plebi suæ,
et eréxit cornu salútis nobis
in domo David púeri sui,
sieut locútus est per os sanctórum,
qui a sæculo sunt, prophetárum eius,
salútem ex inimícis nostris
et de manu ómnium,
qui odérunt nos;
ad faciéndam misericórdiam
eum pátribus nostris
et memorári testaménti sui sancti,
iusiurándum, quod iurávit
ad Ábraham patrem nostrum,
datúrum se nobis,
ut sine timóre,
de manu inimicórum liberáti,
serviámus illi
in sanetitáte et iustítia coram ipso
omnibus diébus nostris.
Et tu, puer,
prophéta Altíssimi vocáberis:
præíbis enim ante fáciem Dómini
paráre vias eius,
ad dandam sciéntiam salútis
plebi eius
in remissiònem peccatòrum eòrum,
per víscera misericòrdiæ Dei nostri,
in quibus visitábit nos óriens ex alto,
illumináre his, qui in ténebris
et in umbra mortis sedent,
ad dirigéndos pedes nostros
in viam pacis.
Glória Patri et Fílio
et Spirítui Sancto.
Sicut erat in princípio,
et nunc
et semper,
et in sǽcula sæculòrum. Amen.
Te Deum
Te Deum laudámus:
te Dóminum confitémur.
Te ætérnum Patrem,
omnis terra venerátur.
tibi omnes ángeli,
tibi cæli
et univérsæ potestátes:
tibi chérubim et séraphim
incessábili voce proclámant:
Sanctus, Sanctus, Sanctus,
Dòminus Deus Sábaoth.
Pleni sunt cæli et terra
maiestátis glóriæ tuæ.
Te gloriòsus
apostolòrum chorus,
te prophetárum
laudábilis númerus,
te mártyrum candidátus
laudat exércitus.
Te per orbem terrarum
sancta confitétur Ecclésia,
Patrem imménsæ maiestátis;
venerándum tuum verum
et únicum Filium;
Sanctum quoque
Paráclitum Spíritum.
Tu rex glòriæ, Christe.
Tu Patris sempitérnus es Filius.
Tu, ad liberándum susceptúrus
hóminem,
non horrúisti Virginis úterum.
Tu, devícto mortis acúleo,
aperuísti credéntibus regna cælórum.
Tu ad déxteram Dei sedes,
in glória Patris.
Iudex créderis esse ventúrus.
Te ergo quǽsumus,
tuis famulis súbveni,
quos pretiòso sanguine redemísti.
Ætérna fac curo sanctis tuis
in glória numerári.
Salvum fac pópulum tuum, Dómine,
et bénedic hereditáti tuæ.
Et rege eos, et extólle illos
usque in ætérnum.
Per síngulos dies benedícimus te;
et laudámus nomen tuum
in sǽculum, et in sǽculum sǽculi.
Dignáre, Dòmine,
die isto sine peccáto nos custodíre.
Miserére nostri, Dómine, miserére nostri.
Fiat misericórdia tua,
Dómine, super nos,
quemádmodum sperávimus in te.
In te, Dómine, sperávi:
non confúndar in ætérnum.
Veni, Creator Spiritus
Veni, creátor Spíritus,
mentes tuòrum vísita,
imple supérna grátia,
quæ tu creásti péctora.
Qui díceris Paráclitus,
altíssimi donum Dei,
fons vivus, ignis, cáritas,
et spiritális únctio.
Tu septifòrmis múnere,
dígitus patérnæ déxteræ,
tu rite promíssum Patris,
sermóne ditans gúttura.
Accénde lumen sénsibus,
infúnde amórem córdibus,
infírma nostri córporis
virtúte firmans pérpeti.
Hostem repéllas lóngius
pacémque dones prótinus;
ductóre sic te prævio
vitémus omne nóxium.
Per Te sciámus da Patrem
noscámus atque Fílium,
teque utriúsque Spíritum
credámus omni témpore.
Deo Patri sit glória,
et Fílio, qui a mórtuis
surréxit, ac Parác1ito,
in sæculórum sǽcula. Amen.
Veni, Sancte Spiritus
Veni, Sancte Spíritus,
et emítte cǽlitus
lucis tuæ rádium.
Veni, pater páuperum,
veni, dator múnerum,
veni, lumen córdium.
Consolátor óptime,
dulcis hospes ánimæ,
dulce refrigérium.
In labóre réquies,
in æstu tempéries,
in fletu solácium.
O lux beatíssima,
reple cordis íntima
tuórum fidélium.
Sine tuo númine,
nihil est in hómine
nihil est innóxium.
Lava quod est sórdidum,
riga quod est áridum,
sana quod est sáueium.
Flecte quod est rígidum,
fove quod est frígidum,
rege quod est dévium.
Da tuis fidélibus,
in te confidéntibus,
sacrum septenárium.
Da virtútis méritum,
da salútis éxitum,
da perénne gáudium.
Amen.
Anima
Christi
Ánima Christi, sanctífica me.
Corpus Christi, salva me.
Sanguis Christi, inébria me,
Aqua láteris Christi, lava me.
Pássio Christi, confórta me,
O bone Iesu, exáudi me.
Intra tua vúlnera abscónde me.
Ne permíttas me separári a te.
Ab hoste malígno defénde me.
In hora mortis meæ voca me.
Et iube me veníre ad te,
ut cum Sanctis tuis laudem te
in sǽcula sæculórum.
Amen.
Memorare
Memoráre, o piíssima Virgo María, non esse auditum a sǽculo, quemquam ad
tua curréntem præsidia, tua implorántem auxilia, tua peténtem suffrágia, esse
derelíctum. Ego tali animátus confidéntia, ad te, Virgo Virginum, Mater, curro,
ad te vénio, coram te gemens peccator assisto. Noli, Mater Verbi, verba
mea despícere; sed áudi propitia et exáudi.
Amen.
Rosarium
Mystéria gaudiosa
(in feria secunda et sabbato)
Annuntiátio.
Visitátio.
Natívitas.
Præsentátio.
Invéntio in Tempio.
(in feria quinta)
Baptísma apud Iordánem.
Autorevelátio apud Cananénse
matrimónium.
Regni Dei proclamátio
coniúcta cum invitaménto
ad conversiónem.
Transfigurátio.
Eucharístiæ Institútio.
Mystéria dolorósa
(in feria tertia et feria sexta)
Agonía in Hortu.
Flagellátio.
Coronátio Spinis.
Baiulátio Crucis.
Crucifíxio et Mors.
Mystéria gloriósa
(in feria quarta et Dorninica)
Resurréctio.
Ascénsio.
Descénsus Spíritus Sancti.
Assúmptio.
Coronátio in Cælo.
Oratio ad finem Rosarii dicenda
Ora pro nobis, sancta Dei génetrix.
Ut digni efficiámur
promissiónibus Christi.
Orémus.
Deus, cuius Unigénitus per vitam, mortem et resurrectiónem suam nobis
salútis ætérnæ prǽmia comparávit, concéde, quǽsumus: ut hæc mystéria
sacratíssimo beátæ Maríæ Virginis Rosário recoléntes, et imitémur quod
cóntinent, et quod promíttunt assequámur. Per Christum Dóminum nostrum. Amen.
Actus fidei
Dómine Deus, firma fide credo et confíteor ómnia et síngula quæ sancta Ecclésia
Cathólica propónit, quia tu, Deus, ea ómnia revelásti, qui es ætérna véritas et
sapiéntia quæ nec fállere nec falli potest.
In hac fíde vívere et mori státuo. Amen.
Actus spei
Dómine Deus, spero per grátiam tuam remissiónem ómnium peccatórum, et post hanc
vitam ætérnam felicitátem me esse consecutúrum: quia tu promisísti, qui es
infiníte potens, fidélis, benígnus, et miséricors.
In hac spe vívere et mori státuo.
Amen.
Actus caritatis
Dómine Deus, amo te super ómnia et próximum meum propter te, quia tu es summum,
infinítum, et perfectíssimum bonum, omni dilectióne dignum. In hac caritáte
vívere et mori státuo. Amen.
Actus contritionis
Deus meus, ex toto corde pǽnitet me ómnium meórum peccatórum, éaque
detéstor, quia peccándo, non solum pœnas a te iuste statútas proméritus sum,
sed præsértim quia offéndi te, summum bonum, ac dignum qui super ómnia
diligáris. Ideo fírmiter propóno, adiuvánte grátia tua, de cétero me non
peccatúrum peccandíque occasiónes próximas fugitúrum. Amen.
B) FÓRMULAS DE DOUTRINA CATÓLICA
Os dois mandamentos de caridade
1. Amarás o Senhor teu Deus,
com todo o teu coração,
com toda a tua alma
e com toda a tua mente.
2. Amarás ao próximo como a ti
mesmo.
A regra de ouro (Mt 7, 12)
Tudo quanto quiserdes que os homens
vos façam, fazei-lho vós também.
As Bem-aventuranças (Mt 5, 3-12)
Bem-aventurados os pobres em
espírito,
porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos,
porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça,
porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados sereis quando vos insultarem,
vos perseguirem e, mentindo,
disserem toda a espécie de calúnias contra vós.
Alegrai-vos e exultai,
porque será grande a vossa recompensa nos céus.
As três virtudes teologais:
1. Fé
2. Esperança
3. Caridade.
As quatro virtudes cardeais:
1. Prudência
2. Justiça
3. Fortaleza
4. Temperança.
Os sete dons do Espírito
Santo:
1. Sabedoria
2. Entendimento
3. Conselho
4. Fortaleza
5. Ciência
6. Piedade
7. Temor de Deus.
Os doze frutos do Espírito
Santo:
1. Amor
2. Alegria
3. Paz
4. Paciência
5. Longanimidade
6. Benignidade
7. Bondade
8. Mansidão
9. Fé
10. Modéstia
11. Continência
12. Castidade.
Os cinco preceitos da Igreja:
1. Participar na Missa, aos domingos
e festas de guarda e abster-se de trabalhos e actividades que impeçam a
santificação desses dias.
2. Confessar os pecados ao menos uma vez cada ano.
3. Comungar o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa.
4. Guardar a abstinência e jejuar nos dias determinados pela Igreja.
5. Contribuir para as necessidades materiais da Igreja, segundo as
possibilidades.
As sete obras de misericórdia
corporais:
1. Dar de comer a quem tem fome
2. Dar de beber a quem tem sede
3. Vestir os nus
4. Dar pousada aos peregrinos
5. Visitar os enfermos
6. Visitar os presos
7. Enterrar os mortos.
As sete obras de misericórdia
espirituais:
1. Dar bons conselhos
2. Ensinar os ignorantes
3. Corrigir os que erram
4. Consolar os tristes
5. Perdoar as injúrias
6. Suportar com paciência as fraquezas do nosso próximo
7. Rezar a Deus por vivos e defuntos.
Os sete pecados capitais:
1. Soberba
2. Avareza
3. Luxúria
4. Ira
5. Gula
6. Inveja
7. Preguiça.
Os quatro novíssimos:
1.
Morte
2. Juízo
3. Inferno
4. Paraíso.
Ap |
Apocalipse de João |
Act |
Actos dos Apóstolos |
Cl |
Epístola aos Colossenses |
1 Cor |
1ª Epístola aos Coríntios |
2 Cor |
2ª Epístola aos Coríntios |
Dt |
Livro do Deuteronómio |
Ef |
Epístola aos Efésios |
Ex |
Livro do Êxodo |
Ez |
Profecia de Ezequiel |
Fl |
Epístola aos Filipenses |
Gl |
Epístola aos Gálatas |
Gn |
Livro do Génesis |
Heb |
Epístola aos Hebreus |
Is |
Livro de Isaías |
Jo |
Evangelho segundo S. João |
1 Jo |
1ª
Epístola de S. João |
Lc |
Evangelho segundo S. Lucas |
2 Mac |
2º Livro dos Macabeus |
Mc |
Evangelho segundo S. Marcos |
Mt |
Evangelho segundo S. Mateus |
1 Pe |
1ª
Epístola de S. Pedro |
2 Pe |
2ª
Epístola de S. Pedro |
1 Rs |
1º Livro dos Reis |
Rm |
Epístola aos Romanos |
Sl |
Livro dos Salmos |
Tg |
Epístola de S. Tiago |
1 Ts |
1ª Epístola aos Tessalonicenses |
1 Tm |
1ª Epístola a Timóteo |
2 Tm |
2ª Epístola a Timóteo |
Tt |
Epístola a Tito |