Nota explicativa para o incremento, nas Dioceses (paróquias, santuários,
capelas, mosteiros, conventos, seminários), da prática da adoração eucarística
contínua[1] em benefício de todos os sacerdotes e das vocações
sacerdotais
Na Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, o Santo Padre Bento XVI
traduziu de forma concreta o perene ensinamento da Igreja a respeito da
centralidade da adoração eucarística na vida eclesial, dirigindo um apelo
prático à adoração perpétua a todos os Pastores, Bispos e Sacerdotes, e ao Povo
de Deus: “Juntamente com a assembléia sinodal, recomendo, pois, vivamente aos
pastores da Igreja e ao povo de Deus a prática da adoração eucarística tanto
pessoal como comunitária. Para isso, será de grande proveito uma catequese
específica na qual se explique aos fiéis a importância deste ato de culto que
permite viver, mais profundamente e com maior fruto, a própria celebração
litúrgica. Depois, na medida do possível e sobretudo nos centros mais
populosos, será conveniente individuar igrejas ou capelas que se possam
reservar propositadamente para a adoração perpétua. Além disso, recomendo que
na formação catequética, particularmente nos itinerários de preparação para a
Primeira Comunhão, se iniciem as crianças no sentido e na beleza de demorar-se
na companhia de Jesus, cultivando o enlevo pela sua presença na Eucaristia”
(Sacramentum Caritatis, 67).
Para fortalecer o apelo do Santo Padre, a Congregação para o Clero, em
sua solicitude pelos Presbíteros, propõe que:
1. cada Diocese encarregue um sacerdote de se dedicar – na medida do
possível – em tempo integral ao ministério específico de promoção da adoração
eucarística e à coordenação desse importante serviço na Diocese. Dedicando-se
generosamente a esse ministério, ele mesmo terá a possibilidade de viver essa
particular dimensão da vida litúrgica, teológica, espiritual e pastoral, se
possível num lugar especificamente reservado para essa finalidade, identificado
pelo próprio Bispo, onde os fiéis poderão, assim, se beneficiar da adoração eucarística
perpétua. Tal como já existem os Santuários Marianos, dirigidos por reitores
que exercem um ministério particular adaptado a suas exigências específicas,
poderá haver quase uma espécie de “Santuários Eucarísticos”, com sacerdotes
responsáveis por eles, que irradiem e promovam o especial amor da Igreja pela
Santíssima Eucaristia, dignamente celebrada e continuamente adorada. Um
ministério como esse, dentro do presbitério, lembrará a todos os sacerdotes
diocesanos, como disse Bento XVI, que “precisamente na Eucaristia se encontra o
segredo da sua santificação. [...] O presbítero deve ser em primeiro lugar
adorador e contemplativo da Eucaristia” (Ângelus de 18 de setembro de 2005);
2. sejam identificados lugares específicos que possam ser reservados especificamente
para a adoração eucarística contínua. Para essa tarefa, os párocos, os reitores
e os capelães devem ser encorajados a introduzir em suas comunidades a prática
da adoração eucarística, tanto pessoal quanto comunitária, de acordo com as
possibilidades de cada um e num esforço coletivo de incremento da vida de
oração. Não deixem de ser envolvidas nessa prática todas as forças vivas, a
começar das crianças que se preparam para a Primeira Comunhão;
3. as Dioceses interessadas nesse projeto poderão buscar subsídios
apropriados para organizar a adoração eucarística contínua nos Seminários, nas
Paróquias, nas Capelas, nos Santuários, nos Mosteiros, nos Conventos. A
Providência Divina não deixará de permitir que se encontrem também benfeitores
que contribuam com obras aptas a pôr em prática este projeto de renovação
eucarística das Igrejas particulares, como, por exemplo: construção ou
adaptação de um lugar de culto para a adoração, dentro de um edifício de culto
maior; aquisição de um ostensório solene ou nobre paramento litúrgico; o
patrocínio de material litúrgico-pastoral-espiritual para essa promoção;
4. as iniciativas voltadas ao Clero local, sobretudo as relativas a sua
formação permanente, devem ser sempre permeadas de um clima eucarístico, que deverá
ser efetivamente favorecido pela dedicação de um tempo adequado à adoração do
Santíssimo Sacramento, de modo que essa adoração se torne, ao lado da Santa
Missa, a força propulsora de todo e qualquer esforço individual e comunitário;
5. as formas de adoração eucarística poderão ser diferentes nos diversos
lugares, de acordo com as possibilidades concretas. Por exemplo:
- adoração eucarística perpétua vinte e quatro horas por dia;
- adoração eucarística contínua das primeiras horas da manhã até a noite;
- adoração eucarística de tanto a tanto, todos os dias;
- adoração eucarística de tanto a tanto, num ou mais dias da semana;
- adoração eucarística em circunstâncias particulares, como festas ou
comemorações.
A Congregação para o Clero expressa sua gratidão aos Ordinários que
venham a se tornar animadores de um projeto como este, que não deixará de
renovar espiritualmente o Clero e o povo de Deus de suas Igrejas particulares.
Com a finalidade de poder acompanhar de perto o desenvolvimento deste
gesto desejado pelo Santo Padre, pedimos a cada Ordinário, interessado nesta
iniciativa, que assinale a esta Congregação os desdobramentos relativos à
adoração eucarística contínua em sua Diocese, sobretudo indicando que
sacerdotes e locais se comprometeram com esse importante apostolado
eucarístico.
A Congregação para o Clero não deixará, sempre que solicitada, de
oferecer outros eventuais esclarecimentos a esta matéria.
Do Vaticano, a 8 de dezembro de 2007
Solenidade da Imaculada Conceição de Maria
[1] Entenda-se por “adoração eucarística contínua” não apenas a adoração ininterrupta, vinte e quatro horas por dia, mas também a adoração contínua das primeiras horas da manhã até as últimas horas da noite. Essa forma pode estar mais ao alcance dos sacerdotes e dos fiéis das pequenas comunidades. É claro que, sempre que o número de fiéis for maior e houver disponibilidade, poder-se-á examinar a possibilidade de manter a Eucaristia em exposição ininterruptamente.