A figura do sacerdote, nas Cartas do padre salesiano Giuseppe Quadrio[1]

Enrico dal Covolo, S.D.B.

 

 

Quem lê as Cartas do Servo de Deus padre Giuseppe Quadrio[2] percebe com facilidade que um tema percorre as entrelinhas de todo o epistolário, até se tornar particularmente recorrente e insistente no período de sua doença (1960-1963): é a questão da identidade e missão do sacerdote.

Padre Quadrio desenvolve esse tema de modo ocasional em suas Cartas[3], dirigindo-se ora aos pais dos sacerdotes, como a mãe de padre Melesi; ora a determinados sacerdotes, como padre Palumbieri, padre Crespi, o próprio padre Melesi; ora a grupos de presbíteros, como o dos salesianos ordenados no Pontifício Ateneu Salesiano de Turim-Crocetta, em 1960; ora a futuros sacerdotes, principalmente a seu sobrinho, padre Valerio Modenesi.

A consequência mais interessante de tudo isso é que – sem ter esta intenção, e nem ao menos se dando conta do que fazia – padre Quadrio pinta um esplêndido autorretrato sacerdotal. De fato, segundo o testemunho unânime de quem o conheceu, “as coisas que [padre Quadrio] dizia e escrevia” sobre o sacerdócio “eram ‘suas’: o que ele dizia era a sua vida!”[4]; e ele era “sempre, em qualquer lugar, com todo o mundo, padre”[5], tal como recomendava insistentemente aos sacerdotes seus amigos.

A partir de algumas passagens das Cartas de padre Quadrio, gostaríamos de salientar sua elevada concepção do ministério presbiteral: ao mesmo tempo, com isso ficará evidente o autorretrato, não desejado nem previsto, que o próprio padre Quadrio nos deixou ao falar do sacerdócio.

 

 

1. O sacerdote: “Um homem tirado do meio dos homens...”

 

Em primeiro lugar, padre Quadrio está bem ciente de que o padre – como diz a Carta aos Hebreus – é “alguém tirado do meio dos homens”[6].

Para ele, a humanidade é um componente essencial do sacerdócio. Infelizmente – como lamenta o próprio padre Quadrio, escrevendo a seus ex-alunos de 1960, no terceiro aniversário de sua ordenação –, “é possível existir um sacerdócio desencarnado, no qual o divino não conseguiu assumir uma humanidade verdadeira e completa. Temos, então, padres que não são homens autênticos, mas espectros de humanidade: ‘marcianos’ que caíram do céu, desumanos e estranhos, incapazes de entender e de se fazer entender pelos homens de seu tempo e de seu ambiente. Eles se esquecem de que Cristo, para salvar os homens, ‘desceu... se encarnou... se fez homem’, ‘quis se tornar em tudo semelhante a eles, menos no pecado’. Se nós somos a ponte entre os homens e Deus, é preciso que a extremidade dessa ponte esteja solidamente apoiada na margem da humanidade, que seja acessível a todos aqueles para os quais foi construída”[7].

Um ano antes, padre Quadrio escrevera aos mesmos sacerdotes: “O Verbo se fez verdadeiro e perfeito homem, para ser Salvador. O Sacerdócio de vocês também só salvará por meio dessa encarnação genuína. Todos os homens, tanto os que os procuram quanto os que os evitam, estão indistintamente famintos de bondade, de compreensão, de solidariedade, de amor: morrem de necessidade de Cristo, sem o saber. Eles dirigem uma súplica desesperada a cada um de vocês: ‘Queremos ver Jesus!’ (Jo 12,21) Não quebrem as expectativas dessa pobre gente. Saibam entender, sentir, buscar, compadecer-se, desculpar, amar. Não temam: todos esperam apenas isso! Antes de fazê-lo com discursos cheios de erudição, preguem o Evangelho com a bondade simples, acolhedora, com a amizade serena, com o interesse sincero, com a ajuda desinteressada, adotando o método da evangelização ‘cotidiana’, capilar, de pessoa para pessoa, cara a cara. Entrem pela janela do homem, para sair pela porta de Deus. Lancem a cada um a ponte da amizade, para que sobre ela passem a luz e a graça de Cristo”[8].

É de convicções como essas que brota a intensa recomendação de padre Quadrio a que os sacerdotes cultivem com zelo sua formação humana: os dons da graça não diminuem, em nada, o valor dos recursos naturais; pelo contrário, na graça, esses recursos adquirem sua maior relevância.

Ao sobrinho Valerio, que se preparava para a vida do sacerdócio, padre Quadrio confessa: “Tenho você presente todos os dias em minha Missa e em minhas orações[9], pois sua formação sacerdotal me interessa muito. Você não sabe o quanto é importante para mim o amadurecimento definitivo de seu caráter, com as virtudes humanas e naturais que o tornarão um homem autêntico, completo, conquistador. Essas virtudes humanas geralmente são muito modestas e acanhadas, mas basilares: a sinceridade, a lealdade, a amabilidade, a condescendência, a generosidade, o domínio absoluto de si, a tenacidade na ação, a calma imperturbável nos contratempos, a confiança indestrutível, a constância nos propósitos, a força de vontade que sabe querer com clareza e ser serenamente inflexível”[10].

Anos mais tarde, escreverá ao mesmo Valério: “Acho que nós, sacerdotes, deveríamos saber lançar a todos a ponte de uma personalidade amável, cortês, calorosa e serena, generosa e simples, rica em humanidade e em compreensão, acolhedora e prestativa. Apenas sobre essas arcadas poderão correr o Evangelho e a Graça!”[11]

Quem não enxerga, por trás dessas recomendações, o rosto bom e acolhedor de padre Quadrio, sua rara gentileza, sua ternura simples e genuína, seu respeito profundo pelas pessoas?

O rico repertório de dons humanos que se revela a cada página do epistolário faz de padre Quadrio o testemunho vivo do que ele mesmo vai aconselhando a seus sacerdotes.

Sob essa luz podemos considerar alguns elementos característicos das Cartas, como a atenção fiel a algumas datas (dias onomásticos, aniversários, momentos de congratulação, de pêsames), a capacidade de expressar gratidão (por exemplo, aos padres Magni e Castano), a hábil alternância entre o uso de formas de tratamento como V. S.ª e você, a criatividade atenta às pessoas (basta dar uma olhada numa cartinha brincalhona que escreveu ao Menino Jesus no Natal de 1961: procurando imitar a grafia grande e insegura de uma criança, e enchendo a página de típicos erros infantis, padre Quadrio formula uma oração extremamente simpática pela irmã Maria Ignazia, uma freira do hospital, “tão boa, que corre sempre pra me fazer comidinha todo dia”[12].

 

 

2. “...Constituído em favor dos homens em suas relações com Deus...”[13]

 

O padre, homem “tirado do meio dos homens”, é consagrado por Deus em favor de seus irmãos. Na pessoa do sacerdote se realiza um misterioso encontro de salvação entre o humano e o divino.

No que diz respeito a isso, padre Quadrio exorta seus amigos a evitarem “um Sacerdócio mundanizado, em que o humano diluiu ou sufocou o divino”. E acrescenta: “Quando isso acontece, temos o espetáculo lastimável de padres que talvez até sejam bons professores e organizadores, mas já não são os ‘homens de Deus’, nem epifanias vivas de Cristo. São como certas igrejas transformadas em museus profanos. Existe um termômetro infalível para medir a consistência do nosso Sacerdócio: a oração. Essa é a primeira e mais essencial ocupação de um padre, por mais que seja diretor, conselheiro, reitor ou encarregado da paróquia. Todo o resto é importante, mas vem depois. Sem a oração, somos uma ponte cuja última arcada ruiu: justamente aquela que chega até Deus”[14].

É nesse solo que assenta raízes a solicitude constante de padre Quadrio pela “dimensão contemplativa” do sacerdote. É um fato significativo que, de seus famosos “cinco conselhos” a um padre novato, os três primeiros – na ordem em que são dados – sejam relativos à Missa (“celebre sua Missa todos os dias como se fosse a primeira, a última, a única de sua vida[15]. [...] Um Sacerdote que celebra santamente sua Missa todos os dias jamais cometerá desatinos”), ao Breviário (“geralmente, é a primeira coisa a ser massacrada pelo padre indolente. [...] Esteja certo de que com seu Breviário você pode mudar o mundo, mais que com suas conferências ou aulas cheias de erudição”) e à Confissão (“lembre-se de que, em meio aos perigos inevitáveis de sua vida sacerdotal, sua salvação será ter um homem que saiba tudo de você, que possa guiá-lo com mão firme, e sustentá-lo com um coração de pai”)[16].

São os mesmos conselhos dados a padre Tironi dois anos antes: “Prepare sua Missa com todo o cuidado, viva-a intensamente e prolongue-a em seu dia. [...] Que todo o seu dia se transforme numa Missa. Viva, ame e saboreie seu Breviário. Não se esqueça de que com ele V. S.ª personifica toda a Igreja e prolonga o Cristo orante. Seja fiel à Confissão semanal e ao exame de consciência diário”[17].

Aos “queridos amigos do 4º Curso” de Teologia, que seriam ordenados sacerdotes em 11 de fevereiro de 1961, escreve: “Não temam: a oração pode tudo! Um padre que reza bem jamais fará bobagens”[18]. E recomenda ao padre Bin: “Ofereça-se e abandone-se a Cristo sem reservas. Não tema: é Ele quem age. [...] Apaixone-se por sua Missa: aí está o segredo de tudo!”[19] A seu sobrinho Valerio: “Rezemos juntos: meditando, amando e saboreando os inesgotáveis tesouros de nosso Breviário. Amemos e aproveitemos este nosso divino ofício, que nos põe todos os dias no coração da Igreja, no vértice do mundo, cara a cara com a miséria humana e com a Majestade divina, como Mediadores entre Deus e o mundo”[20]. Ao mesmo padre Valerio, algumas semanas depois, pergunta: “Falando em Evangelho, não lhe parece sacrílega a nossa ignorância e negligência com a Boa Nova? Um padre deveria fazer voto de ler ao menos uma página do Evangelho todos os dias. Ao lado da Eucaristia, não existe nada mais santificante e nutriente que o Verbo de Deus encarnado em seu Evangelho”[21]. E ao padre Melesi: “O primeiro dever de V. S.ª é rezar. O resto vem depois”[22].

 

 

3. “...Verdadeiro e autêntico Padre, em que o homem é todo, sempre e somente Sacerdote, embora continue a ser homem perfeito”[23]

 

Enfim, segundo padre Quadrio, os dois componentes do Sacerdócio – o humano e o divino, que viemos delineando até aqui – não podem estar meramente justapostos, mas devem encontrar, no padre, uma síntese profunda e harmônica.

Na já citada carta de 3 de janeiro de 1963, padre Quadrio escreve: “É possível existir também a deformidade que é um Sacerdócio dilacerado, em que o divino e o humano coexistem sem se harmonizar. Padre no altar, mas leigo na sala de aula, no pátio, no meio dos homens. Uma ponte em que as duas extremidades não têm nenhum ponto de contato: falta a arcada central que deveria uni-las. Num Padre verdadeiro e autêntico, o homem é todo, sempre e somente Sacerdote, embora continue a ser homem perfeito, sem tirar nada de seu campo ou setor de atuação. Homem e padre devem ser uma extensão um do outro e coincidir perfeitamente, numa síntese harmônica. [...] Até mesmo as ocupações mais profanas devem ser animadas por uma consciência sacerdotal aguda e sem eclipses”[24].

Em outros termos, o sacerdote é chamado a ser a encarnação de Cristo – verdadeiro homem e verdadeiro Deus – no meio do povo a quem é enviado.

Aos mesmos destinatários, padres que tinham sido ordenados em 1960, padre Quadrio havia escrito já um ano antes: “Sejam sempre, em qualquer lugar e com todo o mundo uma encarnação viva e sensível da bondade misericordiosa de Jesus. [...] Sejam de modo real e prático o ‘Christus hodie’ de seu ambiente; um Cristo autêntico, em que o divino e o humano estão unidos íntegra e harmoniosamente. Que o divino e o eterno, presentes em seu sacerdócio, se encarnem (sem se diluir) numa humanidade rica e completa como a de Jesus, com o estilo, o rosto e a sensibilidade de seu ambiente e de seu tempo”[25].

Confidencia a padre Crespi: “Penso sempre em V. S.ª, ou seja, no ‘Cristo de Cuorgné’. Para seus Confrades e para as crianças, V. S.ª deve ser o Sacramento vivo e visível da Bondade de Jesus”[26]. A padre Palumbieri, padre Quadrio recomenda: “Seja realmente o ‘Cristo’ de seus jovens!”[27] Tinha escrito a mesma coisa a padre Melesi: “Caro Luigi, não o assuste pensar que você deve ser o Cristo de Arese, o Cristo Bom, Paciente, Crucificado, Agonizante, Morto e Ressuscitado de seus jovens”[28]. A padre Martinelli, repete: “Não o espante pensar que V. S.ª deve ser o Cristo de Torre Annunziata: o Jesus Bom, Amável, Paciente, Corajoso, Crucificado, Agonizante, Abandonado, Morto e Ressuscitado de seus jovens”[29].

Nos últimos anos de vida, marcados pela doença e pelo sofrimento, padre Quadrio compreende existencialmente que o humano e o divino do sacerdote só chegam a se fundir plenamente no sacrifício da cruz, suprema epifania do Filho do homem e do Filho de Deus. Assim, escreve ao sobrinho no primeiro domingo da Paixão de 1962: “Eu deveria finalmente me convencer a sério de que um padre deve santificar seu sofrimento e o dos outros. Não é sofrer o que importa, mas sofrer como Ele. O seu sacerdócio, Valerio, também é um mistério de cruz e de sangue... A Cruz é realmente a ‘spes unica’ de nosso sacerdócio: nada faremos, senão mediante a Cruz. Faço votos de que você e eu saibamos compreender e viver o mistério da Cruz, e que saibamos fazer de nosso sacerdócio uma Cruz viva, na qual pregar nossa vida pela salvação das almas”[30].

Só assim o padre – homem tirado do meio dos homens, e por eles consagrado nas coisas de Deus – pode se tornar “Sacramento evidente da Paixão e Morte” de Jesus[31].

Este é o retrato mais vivo e verdadeiro de padre Quadrio, que ele mesmo não sabia estar pintando enquanto falava a seus amigos do sagrado mistério da Ordem Presbiteral.

Realmente, “as coisas que dizia e escrevia” sobre o sacerdócio “eram ‘suas’: o que dizia era a sua vida!”[32]

Ao longo de sua vida, ele foi um “Sacramento tangível da Bondade” do Senhor, e, no trágico epílogo dos últimos anos, o “Sacramento evidente” da paixão e da morte de Cristo pela salvação do mundo[33]: quem dele esteve próximo – no altar ou no pátio, na sala de aula ou no leito da dor – tem consciência de ter encontrado uma testemunha de Cristo, um “vigário de Seu amor”[34], um sacerdote em que “se revelou a bondade e a humanidade de nosso Salvador”[35].



[1] Cf. Bracchi, Remo (org.). Don Giuseppe Quadrio. Lettere. Coleção Spirito e Vita, 19. Roma: LAS, 1991 (daqui em diante, simplesmente: Lettere).

[2] Giuseppe Quadrio nasceu em Vervio (Sondrio), em 28 de novembro de 1921. Entrou para o Instituto Salesiano de Ivrea em 1933. Tendo concluído o noviciado em Villa Moglia, fez sua primeira profissão em 30 de novembro de 1937. Em Roma, na Universidade Gregoriana, foi aluno da Faculdade de Filosofia de 1938 a 1941. Depois de dois anos de aprendizado prático no Estudantado de Foglizzo, voltou aos estudos na Gregoriana, na Faculdade de Teologia, de 1943 a 1949. Em 12 de dezembro de 1946, participando de uma importante disputa acadêmica, defendeu a possibilidade de definir a Assunção de Maria como dogma. Em 7 de dezembro de 1949, ainda na Gregoriana, defendeu sua tese de graduação. Ordenado em 16 de março de 1947, foi enviado, como professor de dogmática, ao Pontifício Ateneu Salesiano de Turim-Crocetta, em que lecionou de 1949 a 1960, sendo também decano de Teologia entre 1954 e 1959. Em junho de 1960, foi-lhe diagnosticado um linfogranuloma maligno, que o levou à morte, na mesma Turim, em 23 de outubro de 1963. Seu processo de beatificação e canonização está em andamento (cf. Valentini, E., “Quadrio, Giuseppe, servo di Dio”, in: Bibliotheca Sanctorum. Prima appendice. Roma, 1987, coll. 1099-1100. À bibliografia essencial aí contida, acrescento: Bracchi, R., Don Giuseppe Quadrio a 25 anni dalla morte. Atti della solenne Commmemorazione in Valtellina [Grosotto-Sondrio-Vervio, 22-23 de outubro de 1988], Coleção Spirito e Vita, 16, Roma, 1989; Dal Covolo, E., “I Padri della Chiesa negli scritti del Salesiano don Giuseppe Quadrio”, in: Ricerche Storiche Salesiane, 9 [1990]: 443-455).

[3] “Ocasional” em razão do gênero epistolar desse escritos; mas, objetivamente, a centralidade do tema fica evidente tanto pela abundância de referências quanto pelo fato de que outros assuntos facilmente confluem também para esse: ver, por exemplo, nas Cartas, as várias menções a Maria, vista na maior parte das vezes como “Mãe do Sacerdote” (cf. Lettere, pp. 122, 209, 243, 338).

[4] Foi o que declarou, por exemplo, padre Crespi, em seu depoimento para o processo canônico: ibid., pp. 350s.

[5] Ibid., p. 313. Ver também as cartas a padre Pauselli: “Continue a ser sempre um Santo Padre. Sempre, somente, todo Padre! Seja em sala de aula, seja no pátio, que seus alunos vejam e sintam V. S.ª assim, sempre e em qualquer lugar: como seu Padre” (ibid., p. 241). E o que escreve aos “caríssimos amigos do 4º Curso” de Teologia: “Sejam em tudo, sempre, com qualquer um, unicamente sacerdotes: seja em sala de aula, seja no pátio” (ibid., p. 243).

[6] Hebreus 5, 1.

[7] Lettere, p. 326.

[8] Ibid., pp. 286s.

[9] Meses mas tarde, ainda lhe escreve: “Sinto a necessidade de lhe assegurar minha lembrança cotidiana ao Divino Mestre que o vai formando seu sacerdote” (ibid., p. 155).

[10] Ibid., p. 144.

[11] Ibid., p. 258.

[12] Ibid., p. 284.

[13] Hebreus 5, 1.

[14] Ibid., pp. 326s.

[15] Esta expressão aparece pela primeira vez, acrescentada na margem esquerda da folha, numa carta enviada aos sacerdotes em 26 de janeiro de 1961, no primeiro aniversário de sua ordenação. Na mesma carta, padre Quadrio escrevia, entre outras coisas: “Compreendam e vivam sua Missa. Sejam apaixonados e zelosos. Que a Missa seja a luz, a alegria, a alma de sua vida, o seu tudo. E que toda a sua vida seja um prolongamento, uma realização de sua Missa: ou seja, uma pregação ativa do Evangelho, um Ofertório generoso, uma Consagração total, uma Comunhão íntima de Cristo com o Pai e com os Irmãos. Salvem sua Missa da profanação do despreparo: a Missa mais frutuosa geralmente é a mais bem preparada” (ibid., p. 252). Ainda aos sacerdotes novatos de 1961, escreve: “Celebrem sua Missa como se fosse a primeira, a última, a única de sua vida. Amem a Missa como a alma de sua existência; defendam-na da usura do hábito; façam dela o escudo de sua castidade e a força de seu apostolado” (ibid., p. 254).

[16] Ibid., pp. 288s.

[17] Ibid., p. 236.

[18] Ibid., p. 243. Na carta enviada a padre Crespi em 27 de agosto de 1955, escreve: “Só há uma forma de salvar nosso sacerdócio da esterilidade, da rotina desleixada e superficial, da decepção e do fracasso: é que queiramos, eficazmente e a sério, nos tornar santos. [...] E a santidade de um padre é medida pela maneira como celebra a Missa e reza o Breviário” (ibid., p. 140).

[19] Ibid., p. 260.

[20] Ibid., p. 303.

[21] Ibid., p. 305.

[22] Ibid., p. 235.

[23] Ibid., p. 327.

[24] Ibid., p. 327.

[25] Ibid., p. 286.

[26] Ibid., p. 264. Ao mesmo padre Crespi, padre Quadrio escrevera quatro anos antes: “Um padre, ou é como Ele, ou não passa de um arremedo” (ibid., p. 159).

[27] Ibid., p. 314.

[28] Ibid., p. 265.

[29] Ibid., p. 266.

[30] Ibid., p. 294.

[31] Ibid., p. 265. Já em 1959 tinha escrito a padre Ferranti: “Devemos procurar Jesus sob as oliveiras do Getsêmani e reviver sua agonia, repetindo sua oração ao Pai. [...] Não são sofrimentos perdidos, mas o preço com que pagamos nosso Sacerdócio” (ibid., p. 196).

[32] Ibid., p. 350.

[33] Ibid., p. 265.

[34] No pedido de admissão à ordenação sacerdotal, dirigido a padre Fanara em 21 de fevereiro de 1947, padre Quadrio havia escrito: “Estou decidido a não desprezar meio algum, a fim de que o Sumo e Eterno Sacerdote, que misericordiosamente me constitui ‘Vigário de Seu amor’, me conceda um coração sacerdotal semelhante ao Seu: esquecido de si, abandonado ao Espírito Santo, aberto a doar-se e a se compadecer, apaixonado pelas almas por amor a Ele” (ibid., p. 87). A expressão “Vigário de Seu amor” foi impressa também no santinho da primeira Missa: cf. Valentini, op. cit., p. 89.

[35] Cf. Lettere, p. 286.