O
ministério sacramental dos presbíteros na carta circular “O presbítero mestre
da Palavra, ministro dos sacramentos e guia da comunidade em vista do terceiro
milênio cristão”
Giacomo Card. Biffi
Arcebispo de Bolonha
Algumas
certeza primárias
“Ide, [...] batizai”
(cf. Mt 28,19). O mandato de presidir à atividade sacramental – unido ao de
anunciar e ensinar a verdade salvífica – é intrínseco à própria natureza do
ministério apostólico. Evangelizar e santificar são, aliás, dois aspectos
intimamente ligados e complementares entre si da tarefa única e
omnicompreensiva que motiva e caracteriza a existência, dentro da comunidade
eclesial, de homens constituídos no sacerdócio ordenado; em outras palavras, a
tarefa de ser “ministros de Cristo e administradores dos mistérios de Deus”
(cf. 1Cor 4,1).
Manter límpida e viva a
consciência dessa missão essencial e aprofundar todos os dias sua inesgotável
inteligibilidade é condição necessária para preservar a autenticidade de vida
dos presbíteros e a incisividade de sua solicitude evangelizadora.
Para esse fim, é útil
meditar sobre algumas certezas primárias.
Os
sacramentos, ações de Cristo
A primeira convicção
concerne à imanência operativa do Senhor Jesus, que é o principal “ator” de
toda e qualquer doação sacramental.
Essa verdade chega ao
máximo de evidência e de esplendor na Eucaristia e na Penitência. É evidente
que o sujeito próprio da fórmula “este é o meu corpo” é Cristo, que se torna
presente e se doa sob a espécie do pão. E é igualmente evidente que o sujeito
próprio da fórmula “eu te absolvo” é Cristo, o único dos homens que, em virtude
de sua constituição teândrica, tem o poder de perdoar as ofensas feitas a Deus.
Mas devemos assinalar, a
respeito de cada sacramento, uma causalidade eminente ao Sacerdote da Nova
Aliança, o qual, sempre no ato de oferecer o sacrifício redentor no santuário
celeste, mediante a efusão do Espírito anima e enriquece com sua graça os
nossos ritos.
Este ponto de doutrina –
na verdade um pouco desbotada nos tratados teológicos dos últimos séculos – era
vivíssimo na mentalidade dos primeiros cristãos.
Um antigo transitorium da liturgia milanesa entende
assim a realidade da celebração eucarística, ultrapassando o dado percebido
pelos olhos da carne: “Angeli
circumdederunt altare, et Christus administrat panem sanctorum et calicem vitae
in remissionem peccatorum” (9º Domingo do Tempo Comum).
É particularmente
esclarecedora uma passagem famosa do De
Spiritu Sancto, de Santo Ambrósio, que reproduz a homilia do dia de Páscoa
de 381:
“Elias foi enviado a uma
única viúva, Eliseu inundou um só homem; já tu, ó Senhor Jesus, cá entre nós purificou
a mil. E quantos purificaste na cidade de Roma, quantos em Alexandria, quantos
em Antioquia, quantos também em Constantinopla... Enfim, quantos purificaste
hoje no mundo inteiro! Mas quem os inundou, porém, não foram nem Dâmaso, nem
Pedro, nem Ambrósio, nem Gregório. De fato, nós prestamos a nossa obra como
ministros, mas as ações sacramentais são tuas. Pois não pertence à capacidade
humana comunicar os bens divinos; é dom teu e do Pai” (De Spiritu Sancto, 1, 17-18: “Nostra
enim servitia, sed tua sunt sacramenta”).
Brotam daqui diversos
ensinamentos, e diversas consequências existenciais.
Participação do
sacerdote no amor esponsal de Cristo
A atribuição a Cristo de
uma causalidade primária e eminente sobre as ações sacramentais não invalida o
fato de dever ser reconhecida também ao presbítero uma causalidade
incontestável, embora subalterna. (Há, sim, a exceção do matrimônio, em que os
ministros são os esposos: mas desde a antiguidade sempre procuraram relacionar
esse sacramento também com o ministério apostólico. Ver, por exemplo, Santo
Ambrósio: “Coniugium velamine sacerdotali
et benedictione sanctificari oportet”, Ep.
62, 101).
Por conseguinte, um vínculo
especial se constitui entre o Senhor Jesus e o ministro humano, precisamente
pelo fato de que ambos concorrem com intensidade e de formas diferentes para o
mesmo ato. E é uma conexão que não tem uma índole meramente jurídica ou
intencional, mas é objetiva e ontológica.
Realiza-se
principalmente aqui a prerrogativa própria do sacerdócio ministerial, que é ser
participação do amor esponsal que Cristo alimenta por sua Igreja. Nosso
ministério, em virtude de sua índole específica, leva-nos a agir mais de uma
vez “in persona Christi”, e por
conseguinte a sermos, dentro do povo de Deus, os “ícones” vivos daquele que
nunca cessa de esperar a salvação dos homens e de conformá-los a si.
Como é óbvio, a partilha
do amor esponsal de Jesus, que se doa à Igreja, pressupõe que antes tenhamos
aderido a ele com o amor esponsal que é próprio da Igreja por seu Senhor. Assim,
o sacramento da ordem se insere no sacramento do batismo, e toda
espiritualidade presbiteral exige que vivamos já em plenitude a espiritualidade
batismal.
Naturalmente, o que é
objetivo e ontológico deve marcar o mais completamente possível a vida
subjetiva e consciente do sacerdote. O sacerdote deve-se tornar cada vez menos
imperfeitamente aquilo que é: esse é o caminho da santificação para todo “administrador
dos mistérios de Deus”.
A conexão do ser deve
solicitar uma crescente intimidade de consciência com ele, sobretudo mediante o
empenho em valorizar existencialmente o sacramento da real presença no meio de
nós da pessoa de nosso Salvador e de seu sacrifício. Da mesma forma, quem sabe
que lhe foi confiado o sacramento da reconciliação será solícito em cultivar em
si os mesmos sentimentos de Jesus Cristo (cf. Fl 2,5), e em manifestar de
maneira particular a misericórdia, a paciência, a disponibilidade a iluminar e
a guiar, agindo de modo que essas atitudes se reflitam beneficamente também
fora do rito.
“Ex opere operato”
A causalidade primária
de Cristo tem como consequência benéfica a infalibilidade desses meios de graça,
que – como sabemos – operam ex opere
operato.
A locução escolástica –
que aparece já em Santo Alberto Magno e foi acolhida também pelo Concílio de
Trento – não é elegante, mas a verdade que esta expressa, dadas as nossas insuficiências
e as nossas fraquezas, nos é abençoada e providencial. Nós estamos certos de
que a presença operante do Senhor dentro da realidade sacramental a torna seguramente
eficaz; e essa é uma convicção tranquilizadora. Entre as muitas decepções e as
muitas de nossas iniciativas que ficam em xeque, temos ao menos o consolo de
poder inserir ações que – justamente porque não provêm apenas de nós – rumam
seguramente para bom fim e dilatam realmente na história o Reino de Deus.
Ao mesmo tempo, essa
generosidade divina nos induz a não nos contentarmos nunca com o estilo
medíocre de nossas ações sacras e a pôr o máximo possível em sintonia com essa
riqueza garantida o nosso mundo interior, a nossa conformidade ao divino
querer, o nosso modo de celebrar.
Os sacramentos, ações da
Igreja
A segunda verdade que
não podemos esquecer é que também à Igreja deve ser atribuída uma subjetividade
nas ações sacramentais, as quais são, sim, de Cristo Cabeça e Esposo, mas são
também do Christus totus.
A Igreja, que é a
beneficiária de todos os meios de graça que a edificam e a desenvolvem, é chamada
também a ser, no desígnio do Pai – com Cristo, em Cristo, subordinadamente a
Cristo –, seu co-princípio.
Aliás, realiza-se aqui
de maneira evidente, analogamente ao que acontece em razão de sua função
evangelizadora, a prerrogativa vital de sua “maternidade”. Isso nos é ensinado
com clareza pelo Concílio Vaticano II: “A Igreja, contemplando a arcana
santidade de Maria, imitando-lhe a caridade e cumprindo fielmente a vontade do
Pai, mediante a palavra de Deus recebida na fé, torna-se também ela mãe. Pois
pela pregação e pelo batismo ela gera para a vida nova e imortal os filhos
concebidos do Espírito Santo e nascidos de Deus” (Lumen gentium, 64).
Os divinos mistérios –
justamente porque provêm de Cristo, que é seu instituidor e primeiro ator –
foram pelo Senhor confiados à inteligência e ao amor de sua Esposa, quase como um
enxoval de casamento. Sua celebração não pode, portanto, ser regulada de modo
individualista.
O ordenamento ritual jamais
é deixado à mercê de cada presbítero, ou de cada agrupamento que dele usufrui,
pois cada sacramento – e marcadamente a Eucaristia – é e deve parecer uma
“epifania” da Igreja.
Em cada celebração é
aprofundada e se consolida a “eclesialidade” do ministro humano, ou seja, o
fato de que pertence à “nação santa”, sua posse do patrimônio de fé comum, sua
docilidade à energia santificadora que vivifica o “Corpo” de Cristo. E, quanto
mais o presbítero celebrante parecer o porta-voz e a testemunha de todo o
“Israel segundo o espírito”, mais se tornará perante os homens anunciador
persuasivo da inesgotável novidade de vida da qual o Ressuscitado é fonte
perene. Se nos mantivermos nessa perspectiva, será plenamente lógico e
extremamente importante – também para os fins de uma evangelização eficaz – que
cada ministro sagrado tenha grande respeito pelas palavras, pelos gestos, pela
disposição dos ritos que são previstos pelos livros preparados pela Igreja. O
povo de Deus tem o direito de ter uma liturgia “católica”, e não deve ser
obrigado a submeter-se aos gostos do celebrante e às opções ideológicas de
alguns.
É claro que é preciso
dar espaço a uma justa criatividade, prevista pelos próprios ordenamentos. Mas
essa criatividade deve manifestar-se mais no estilo de comportamento, no modo
todo pessoal de testemunhar o divino, na inspiração que transparece da voz e da
atitude orante, que num gesto pelo qual se enche o drama litúrgico com frases e
atos não previstos pelo “roteiro” adequado. Exatamente o mesmo que faz um
excelente diretor de orquestra, que consegue dar uma interpretação própria e
inconfundível, mas nem sonha em mudar ou acrescentar uma nota que seja à
partitura original.
Os sacramentos, epifania
e presença do mundo invisível
Nos sacramentos, por sua
constituição inédita (que podemos muito bem chamar “teândrica”), em que se
conjugam a intervenção do homem e a do Espírito de Deus, as realidades mais
simples da terra – a água, o óleo, o pão, o vinho, os nossos gestos e as nossas
palavras – carregam-se dos tesouros do céu. Neles, o “mistério escondido por séculos
e por gerações, mas ora manifestado aos santos” (cf. Cl 1,26), não apenas é
proclamado diante de todos e transparece sobre o itinerário humano, mas é
também, por assim dizer, posto em nossas mãos e oferecido à nossa comunhão.
São, portanto, “epifania”
e presença do mundo invisível e mais verdadeiro, dentro da visibilidade e da
fugacidade da “cena deste mundo” (cf. 1Cor 7,31).
Aqui, se o presbítero
toma consciência de tudo isso intimamente e sempre, encontra, ao mesmo tempo em
que é dispensador das coisas santas, o segredo para superar uma das razões mais
sutis de seu eventual mal-estar, que é sentir-se arregimentado por uma linha
social e culturalmente minoritária, ver-se cercado por forças hostis e superiores
em número, ter de falar a ouvintes distraídos e desinteressados.
Os próprios mistérios
que celebra o ajudam a não perder de vista a totalidade da realidade e a extensão
efetiva do Reino que lhe pertence e que anuncia, e a não subestimar a imensa
energia sobrenatural de que sem descanso é invadida a humanidade inteira. Ele
se dá conta, assim, de que vive dentro de uma socialidade transcendente,
esplêndida e lotadíssima de pessoas, em que, com as três Pessoas divinas,
palpita e rejubila a multidão feliz de que nos fala a Carta aos Hebreus: “Vós
vos aproximastes do monte Sião e da Cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial,
e de milhões de anjos reunidos em festa, e da assembleia dos primogênitos cujos
nomes estão inscritos nos céus, e de Deus, o Juiz de todos, e dos espíritos dos
justos que chegaram à perfeição, e de Jesus, mediador de uma nova aliança, e do
sangue da aspersão mais eloquente que o de Abel” (Hb 12,22-24).
Os sacramentos, sinais
de luta e de vitória
Devemos fazer ainda uma
última reflexão. Os sacramentos são atos próprios e característicos do tempo
que se passa entre a primeira e a segunda vinda do Senhor; ou seja, o tempo em
que nosso Salvador, embora já tenha vencido sua guerra e já tenha derrotado o
Maligno, deixou-nos porém a enfrentar as batalhas cotidianas contra as forças
do mal. Tais sacramentos têm, por isso, também uma dimensão de “exorcismo”.
Ao nos lembrar de que a luta
continua, preservam-nos do otimismo ilusório e, por conseguinte, das decepções
que nos poderiam levar ao aviltamento e ao desespero.
Ao mesmo tempo, sendo sinais
e antecipações do triunfo escatológico, livram-nos do pessimismo e alimentam
nossa esperança.
Os divinos mistérios são
as armas decisivas que recebemos para nos socorrer em nosso conflito contra os “dominadores
deste mundo de trevas” (cf. Ef 6,12). Com sua assistência, estes nos advertem
de que é sempre ativo o antigo adversário, “homicida desde o princípio”,
“mentiroso e pai da mentira” (cf. Jo 8,44); mas ao mesmo tempo nos lembram de que
está sempre ativo também o Espírito do Ressuscitado, que penetra em cada
contexto humano, sabe revigorar e curar cada coração, consegue iluminar e tornar
preciosa cada passagem da história.
Enviando seus discípulos
ao mundo, Jesus “deu-lhes todo o poder e autoridade sobre todos os demônios”
(cf. Lv 9,1). São um poder e uma autoridade que nós exercemos sobretudo com a
força intrínseca da palavra de Deus e a infalível eficácia dos sacramentos.
Conclusão
Quase como conclusão e resumo,
parece-me útil voltar a sublinhar a relação que existe, e deve existir, entre o
anúncio do evangelho e a celebração. A Igreja é sacramento universal de
salvação, quer ao anunciar a palavra de vida, quer ao realizar os divinos
mistérios.
A evangelização é
premissa indispensável ao sacramento, aliás, tende ao sacramento não apenas no
sentido de que o precede, mas também porque o permeia; e, na vida sacramental,
alcança toda a sua plenitude.
Os presbíteros – para
serem autênticos “administradores dos mistérios de Deus” – devem ter plena
consciência dessa correlação, pela qual “palavra” e “rito”, em sua mútua integração,
tornam atual e operante em toda a sua eficácia a redenção realizada por Cristo.
Assim serão capazes de gerar em Cristo Jesus novos filhos de Deus (cf. 1Cor
4,15). Da “palavra” ao “sacramento” e deste à “vida nova”: essa é a dinâmica da
existência cristã, e o sacerdote nunca a perderá de vista.
A ação litúrgica não é apenas
premissa, mas também forma plena de evangelização, desde que não seja
apressada, mas preparada com cuidado, desenvolvida com participação interior e
decoro exterior, iluminada pela homilia. Os “santos sinais”, diz o Concílio
Vaticano II, “não só supõem a fé, mas [...] a alimentam, a fortalecem e a
exprimem” (Sacrosanctum Concilium,
59).
Deus, que é fiel – se
tudo é realizado segundo o seu desígnio -, jamais deixará de dar fecundidade e
vigor aos “ministros de Cristo”. Pois, como diz São Paulo, eles são realmente –
e esta é uma incrível dignidade e uma inesperada sorte – os “colaboradores de
Deus” (cf. 1Cor 5,9).
SUMMARY
Le ministère sacramentel des prêtres dans la lettre
circulaire “Le prêtre maître de la
parole, ministre des sacrements et guide de la communauté en vue du troisième
millénaire chrétien”.
Maintenir limpide et
vive la conscience de cette mission et en approfondir l’intelligibilité
inépuisable, c’est une condition nécessaire pour sauvegarder l’authenticité de
vie des prêtres, et le caractère incisif de leur sollicitude évangélisatrice.
Dans ce but, la méditation rappelle quelques certitudes primaires.
La première concerne
l’immanence opérationnelle du Seigneur Jésus qui est l’“acteur” principal de
chaque sacrement administré, comme il est évident surtout dans l’eucharistie et
dans la Pénitence.
C’est sur ce point
que se fonde la prérogative propre au sacerdoce ministériel, qui est d'être
participation à l’amour sponsal du Christ pour son Eglise.
Vivre en plénitude
le sacrement de l’ordre exige qu’on vive pleinement le sacrement du baptême sur
lequel il se greffe.
Le Christ étant la
causalité primaire des sacrements, nous sommes certains que la présence active
du Seigneur dans la réalité sacramentelle la rend immanquablement efficace.
Les mystères divins
ont été confiés par lui à l’intelligence et à l’amour de son Épouse, ils sont
donc “épiphanie” et présence du monde invisible et plus vrai, à l’intérieur de
la visibilité et la fugacité de la “scène de ce monde”.
Les “signes sacrés”,
comme le dit le Concile Vatican II, “non seulement supposent la foi, mais ils
la nourrissent, ils la fortifient et ils l’expriment”.
*
* *
The sacramental ministry of priests in the circular
letter: “The Priest and the Third
Christian Millennium: Teacher of the Word, Minister of the Sacraments and
Leader of the Community”.
This
meditation calls us back to some fundamental certainties by maintaining a clear
and living sense of mission, by deepening the in-exhaustible understanding and
by preserving those conditions necessary to safeguard the authentic life of
priests and an incisive response to the Gospel.
The
first concerns the operative immanence of the Lord Jesus, who is the principal “actor”
in every sacramental gift, as is shown especially in the Eucharist and in
Penance. Upon this is founded the true prerogative of the priesthood, to
participate in the spousal love of Christ for his Church.
To
live in the fullness of the sacrament of Orders requires one to fully live the
sacrament of Baptism upon which it is grafted.
Because
Christ is the primary cause of the sacraments, we are certain that the
operative presence of the Lord within sacramental reality makes it unmistakably
efficacious.
The
divine mysteries are entrusted by Him to the intelligence and love of his
Spouse. These mysteries are therefore an “epiphany” and a presence of the
invisible and truer world, within the visible and transitory “theater of this
world”.
As
the Second Vatican Council says: these “holy signs” do not only support the
faith, but they nourish , strengthen and express it.
* * *
Der sakramentale Dienst der Priester im Rundschreiben “Der Priester als Lehrer des Wortes, Diener
der Sakramente und Leiter der Gemeinde für das dritte christliche Jahrtausend”.
Notwendige
Voraussetzung für das Bewahren der Authentizität des Lebens in den Priestern
und für die Wirksamkeit ihrer evangelisierenden Bemühungen ist es, das
Bewußtsein dieser Sendung hell und lebendig zu erhalten und seine
unerschöpfliche Erkennbarkeit zu vertiefen. Zu diesem Zweck erinnert die Meditation
an einige grundlegende Sicherheiten.
Die erste betrifft
die tätige Immanenz des Herrn Jesus, der eigentlich “Handelnde” jeder
sakramentalen Zuwendung ist, wie dies besonders in der Eucharistie und in der
Versöhnung ersichtlich ist. Darauf gründet sich die dem Amtspriestertum eigene Prärogative,
die Teilnahme an der bräutlichen Liebe Christi für seine Kirche ist.
In der Fülle des
Weihesakraments zu leben erfordert, daß man das Taufsakrament voll lebt, auf
dem es aufbaut. Wir sind sicher, daß die tätige Präsenz des Herrn in der
sakramentalen Wirklichkeit diese unzweifelhaft wirksam macht, weil Christus die
primäre Kausalität der Sakramente ist.
Die göttlichen
Geheimnisse wurden von ihme der Intelligenz und Liebe seiner Braut anvertraut.
Daher sind sie “Epiphanie” und Präsenz der unsichtbaren Welt und innerhalb der
Sichtbarkeit und Flüchtigkeit der “Szene dieser Welt” auch wahrer.
Die “heiligen
Zeichen”, sagt das II. Vatikanische Konzil, “setzen den Glauben nicht nur
voraus, sondern sie nähren, stärken und bringen ihn zum Ausdruck”.
*
* *
El ministerio sacramental de los presbíteros en la
Carta Circular “El presbítero maestro de
la palabra, ministro de los sacramentos y guía de la comunidad en vistas del
tercer milenio cristiano”.
Mantener
limpia y viva la conciencia de esta misión y profundizar en su inagotable
riqueza es condición necesaria para salvaguardar la autenticidad de vida en los
presbíteros y la fecundidad de su propia preocupación evangelizadora. A tal
fin, la meditación remite a algunas certezas primarias.
La
primera se relaciona con la inmanencia operativa de Jesús, el cual es el
principal “actor” de todo beneficio sacramental, como es evidente sobre todo en
la Eucaristía y en la Penitencia. En esto se funda la prerrogativa propia del
sacerdocio ministerial, que es participación en el amor esponsal de Cristo por
su Iglesia.
Vivir
en plenitud el sacramento del Orden exige que se viva plenamente el sacramento
del bautismo, en el que se injerta. Siendo Cristo la causa primaria de los
sacramentos, nosotros tenemos la certeza que la presencia actual del Señor
dentro de la realidad sacramental la hace siempre eficaz.
Los
divinos misterios han sido por él confiados a la inteligencia y al amor de su
Esposa, son por tanto “Epifanía” y presencia del mundo invisible y más
verdadero, dentro de la fugacidad y visibilidad “escena de este mundo”.
Los
“santos signos”, como dice el Concilio Vaticano II, “no sólo suponen la fe,
sobre todo la nutren, la robustecen y la manifiestan”.