Psalms (BAV) 119

Lamentação confiante do justo

119 1 Cântico das peregrinações. Na hora da tribulação, clamei ao Senhor e ele me atendeu.
2
Senhor, livrai minha alma dos lábios mentirosos e da língua pérfida.
3
Que ganharás, qual será teu proveito, ó língua pérfida?
4
Flechas agudas de guerreiro, carvões ardentes de giesta.
5
Ai de mim por habitar em Mesec e viver em meio às tendas de Cedar!
6
Por muito tempo minha alma tem vivido com aqueles que detestam a paz.
7
Só quero a paz, mas quando dela lhes falo, eles se dispõem para a guerra.

Deus, guarda do seu povo

120 1 Cântico das peregrinações. Para os montes levanto os olhos: de onde me virá socorro?
2
O meu socorro virá do Senhor, criador do céu e da terra.
3
Ele não permitirá que teus pés resvalem; não dormirá aquele que te guarda.
4
Não, não há de dormir, nem adormecer o guarda de Israel.
5
O Senhor é teu guarda, o Senhor é teu abrigo, sempre ao teu lado.
6
De dia, o sol não te fará mal; nem a lua durante a noite.
7
O Senhor te resguardará de todo o mal; ele velará sobre tua alma.
8
O Senhor guardará os teus passos, agora e para todo o sempre.

Chegada a Jerusalém

121 1 Cântico das peregrinações. De Davi. Que alegria quando me vieram dizer: Vamos subir à casa do Senhor...
2
Eis que nossos pés se estacam diante de tuas portas, ó Jerusalém!
3
Jerusalém, cidade tão bem edificada, que forma um tão belo conjunto!
4
Para lá sobem as tribos, as tribos do Senhor, segundo a lei de Israel, para celebrar o nome do Senhor.
5
Lá se acham os tronos de justiça, os assentos da casa de Davi.
6
Pedi, vós todos, a paz para Jerusalém, e vivam em segurança os que te amam.
7
Reine a paz em teus muros, e a tranqüilidade em teus palácios.
8
Por amor de meus irmãos e de meus amigos, pedirei a paz para ti.
9
Por amor da casa do Senhor, nosso Deus, pedirei para ti a felicidade.

Oração do justo oprimido

122 1 Cântico das peregrinações. Levanto os olhos para vós, que habitais nos céus.
2
Como os olhos dos servos estão fixos nas mãos de seus senhores, como os olhos das servas estão fixos nas mãos de suas senhoras, assim nossos olhos estão voltados para o Senhor, nosso Deus, esperando que ele tenha piedade de nós.
3
Tende misericórdia de nós, Senhor, tende misericórdia de nós, porque estamos saturados de desprezo.
4
Nossa alma está em excesso repleta da irrisão dos opulentos e do desprezo dos soberdos.

Reconhecimento pela intervenção de Deus

123 1 Cântico das peregrinações. De Davi. Se o Senhor não tivesse estado conosco, sim, diga-o Israel,
2
se o Senhor não tivesse estado conosco, os homens que se insurgiram contra nós
3
ter-nos-iam então devorado vivos. Quando seu furor se desencadeou contra nós,
4
as águas nos teriam submergido. Uma torrente teria passado sobre nós.
5
Então nos teriam recoberto as ondas intumescidas.
6
Bendito seja o Senhor, que não nos entregou como presa aos seus dentes.
7
Nossa alma escapou como um pássaro, dos laços do caçador. Rompeu-se a armadilha, e nos achamos livres.
8
Nosso socorro está no nome do Senhor, criador do céu e da terra.

Inquebrantãvel confiança

124 1 Cântico das peregrinações. Os que confiam no Senhor são como o monte Sião, eternamente firme.
2
Como Jerusalém está toda cercada de montanhas, assim o Senhor envolve seu povo, agora e sempre.
3
Não permanecerá estendido o cetro dos ímpios sobre o destino dos justos, para que também estes não acabem por estender suas mãos ao crime.
4
Fazei bem, Senhor, aos que são bons, e aos homens de reto coração.
5
Mas aqueles que se desviam por caminhos tortuosos, que o Senhor os leve com os malfeitores. Paz para Israel!

Volta do exílio

125 1 Cântico das peregrinações. Quando o Senhor reconduzia os cativos de Sião, estávamos como sonhando.
2
Em nossa boca só havia expressões de alegria, e em nossos lábios canto de triunfo. Entre os pagãos se dizia: O Senhor fez por eles grandes coisas.
3
Sim, o Senhor fez por nós grandes coisas; ficamos exultantes de alegria!
4
Mudai, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes nos desertos do sul.
5
Os que semeiam entre lágrimas, recolherão com alegria.
6
Na ida, caminham chorando, os que levam a semente a espargir. Na volta, virão com alegria, quando trouxerem os seus feixes.

A fonte de todo bem

126 1 Cântico das peregrinações. De Salomão. Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem. Se o Senhor não guardar a cidade, debalde vigiam as sentinelas.
2
Inútil levantar-vos antes da aurora, e atrasar até alta noite vosso descanso, para comer o pão de um duro trabalho, pois Deus o dá aos seus amados até durante o sono.
3
Vede, os filhos são um dom de Deus: é uma recompensa o fruto das entranhas.
4
Tais como as flechas nas mãos do guerreiro, assim são os filhos gerados na juventude.
5
Feliz o homem que assim encheu sua aljava: não será confundido quando defender a sua causa contra seus inimigos à porta da cidade.

Bênçãos divinas sobre a família do justo

127 1 Cântico das peregrinações. Felizes os que temem o Senhor, os que andam em seus caminhos.
2
Poderás viver, então, do trabalho de tuas mãos, serás feliz e terás bem-estar.
3
Tua mulher será em teu lar como uma vinha fecunda. Teus filhos em torno à tua mesa serão como brotos de oliveira.
4
Assim será abençoado aquele que teme o Senhor.
5
De Sião te abençoe o Senhor para que em todos os dias de tua vida gozes da prosperidade de Jerusalém,
6
e para que possas ver os filhos dos teus filhos. Reine a paz em Israel!

Proteção divina sobre os fiéis

128 1 Cântico das peregrinações. Ah, como me perseguiram desde a minha juventude! Que o diga Israel.
2
Como me perseguiram desde a minha juventude! Mas não me puderam vencer.
3
Lavraram sobre o meu dorso os lavradores, nele abriram longos sulcos.
4
Mas o Senhor é justo, ele cortou as correias com que me afligiram os maus.
5
Sejam confundidos e recuem todos os que odeiam Sião.
6
Que eles se tornem como a erva do telhado, que seca antes de ser arrancada.
7
Com ela não enche as mãos o ceifador, nem seu regaço quem recolhe os feixes.
8
Os que passam não lhes dirão: Desça sobre vós a bênção do Senhor! Nem: Nós vos abençoamos em nome do Senhor.

O "De profundis" - Penitência e esperança

129 1 Cântico das peregrinações. Do fundo do abismo, clamo a vós, Senhor;
2
Senhor, ouvi minha oração. Que vossos ouvidos estejam atentos à voz de minha súplica.
3
Se tiverdes em conta nossos pecados, Senhor, Senhor, quem poderá subsistir diante de vós?
4
Mas em vós se encontra o perdão dos pecados, para que, reverentes, vos sirvamos.
5
Ponho a minha esperança no Senhor. Minha alma tem confiança em sua palavra.
6
Minha alma espera pelo Senhor, mais ansiosa do que os vigias pela manhã.
7
Mais do que os vigias que aguardam a manhã, espere Israel pelo Senhor, porque junto ao Senhor se acha a misericórdia; encontra-se nele copiosa redenção.
8
E ele mesmo há de remir Israel de todas as suas iniqüidades.

Abandono em Deus

130 1 Cântico das peregrinações. De Davi. Senhor, meu coração não se enche de orgulho, meu olhar não se levanta arrogante. Não procuro grandezas, nem coisas superiores a mim.
2
Ao contrário, mantenho em calma e sossego a minha alma, tal como uma criança no seio materno, assim está minha alma em mim mesmo.
3
Israel, põe tua esperança no Senhor, agora e para sempre.

Oração pela casa de Davi

131 1 Cântico das peregrinações. Senhor, lembrai-vos de Davi e de sua grande piedade,
2
como ele fez ao Senhor este juramento, e este voto ao Poderoso de Jacó:
3
Não entrarei na tenda em que moro, não me deitarei no leito de meu repouso,
4
não darei sono aos meus olhos, nem repouso às minhas pálpebras,
5
até que encontre uma residência para o Senhor, uma morada ao Poderoso de Jacó.
6
Ouvimos dizer que a arca estava em Éfrata, nós a encontramos nas campinas de Jaar.
7
Entremos em sua morada, prostremo-nos diante do escabelo de seus pés.
8
Levantai-vos, Senhor, para vir ao vosso repouso, vós e a arca de vossa majestade.
9
Vistam-se de justiça os vossos sacerdotes, e jubilosos cantem de alegria vossos fiéis.
10
Pelo nome de Davi, vosso servo, não rejeiteis a face daquele que vos é consagrado.
11
O Senhor fez a Davi um juramento, de que não há de se retratar: Colocarei em teu trono um descendente de tua raça.
12
Se teus filhos guardarem minha aliança e os preceitos que eu lhes hei de ensinar, também os descendentes deles, para sempre, sentar-se-ão em teu trono.
13
Porque o Senhor escolheu Sião, ele a preferiu para sua morada.
14
É aqui para sempre o lugar de meu repouso, é aqui que habitarei porque o escolhi.
15
Abençoarei copiosamente sua subsistência, fartarei de pão os seus pobres.
16
Revestirei de salvação seus sacerdotes, e seus fiéis exultarão de alegria.
17
Aí farei crescer o poder de Davi, aí prepararei uma lâmpada para o que me é consagrado.
18
Cobrirei de confusão seus inimigos; em sua fronte, porém, brilhará meu diadema.

União fraterna

132 1 Cântico das peregrinações. Oh, como é bom, como é agradável para irmãos unidos viverem juntos.
2
É como um óleo suave derramado sobre a fronte, e que desce para a barba, a barba de Aarão, para correr em seguida até a orla de seu manto.
3
É como o orvalho do Hermon, que desce pela colina de Sião; pois ali derrama o Senhor a vida e uma bênção eterna.

Oração da noite do peregrino

133 1 Cântico das peregrinações. E agora, bendizei ao Senhor, vós todos, servos do Senhor, vós que habitais na casa do Senhor, durante as horas da noite.
2
Levantai as mãos para o santuário, e bendizei ao Senhor.
3
De Sião te abençoe o Senhor, ele que fez o céu e a terra!

Louvor ao Deus vivo

134 1 Aleluia. Louvai o nome do Senhor, louvai-o, servos do Senhor,
2
vós que estais no templo do Senhor, nos átrios da casa de nosso Deus.
3
Louvai o Senhor, porque ele é bom; cantai à glória de seu nome, porque ele é amável.
4
Pois o Senhor escolheu Jacó para si, ele tomou Israel por sua herança.
5
Em verdade, sei que o Senhor é grande, e nosso Deus é maior que todos os deuses.
6
O Senhor faz tudo o que lhe apraz, no céu e na terra, no mar e nas profundezas das águas.
7
Ele chama as nuvens dos confins da terra, faz chover em meio aos relâmpagos, solta o vento de seus reservatórios.
8
Foi ele que feriu os primogênitos do Egito, tanto dos homens como dos brutos.
9
Realizou em ti, Egito, sinais e prodígios, contra o faraó de todos os seus servos.
10
Abateu numerosas nações, e exterminou reis poderosos:
11
Seon, rei dos amorreus; Og, rei de Basã, assim como todos os reis de Canaã.
12
E deu a terra deles em herança, como patrimônio para Israel, seu povo.
13
Ó Senhor, vosso nome é eterno! Senhor, vossa lembrança passa de geração em geração,
14
pois o Senhor é o guarda de seu povo, e tem piedade de seus servos.
15
Os ídolos dos pagãos não passam de prata e ouro, são obras de mãos humanas.
16
Têm boca e não podem falar; têm olhos e não podem ver;
17
têm ouvidos e não podem ouvir. Não há respiração em sua boca.
18
Assemelhem-se a eles todos os que os fizeram, e todos os que neles confiam.
19
Casa de Israel, bendizei o Senhor; casa de Aarão, bendizei o Senhor;
20
casa de Levi, bendizei o Senhor. Vós todos que o servis, bendizei o Senhor.
21
De Sião seja bendito o Senhor, que habita em Jerusalém.

A misericórdia eterna

135 1 Aleluia. Louvai o Senhor, porque ele é bom, porque sua misericórdia é eterna.
2
Louvai o Deus dos deuses, porque sua misericórdia é eterna.
3
Louvai o Senhor dos senhores, porque sua misericórdia é eterna.
4
Só ele operou maravilhosos prodígios, porque sua misericórdia é eterna.
5
Ele criou os céus com sabedoria, porque sua misericórdia é eterna.
6
Ele estendeu a terra sobre as águas, porque sua misericórdia é eterna.
7
Ele fez os grandes luminares, porque sua misericórdia é eterna.
8
O sol que domina os dias, porque sua misericórdia é eterna.
9
A lua e as estrelas para presidirem a noite, porque sua misericórdia é eterna.
10
Ele feriu os primogênitos dos egípcios, porque sua misericórdia é eterna.
11
Ele tirou Israel do meio deles, porque sua misericórdia é eterna.
12
Graças à força de sua mão e ao vigor de seu braço, porque sua misericórdia é eterna.
13
Ele dividiu em dois o mar Vermelho, porque sua misericórdia é eterna.
14
Ele fez passar Israel pelo meio dele, porque sua misericórdia é eterna.
15
Ele precipitou no mar Vermelho o faraó e seu exército, porque sua misericórdia é eterna.
16
Ele conduziu seu povo através do deserto, porque sua misericórdia é eterna.
17
Ele abateu grandes reis, porque sua misericórdia é eterna.
18
Ele exterminou reis poderosos, porque sua misericórdia é eterna.
19
Seon, rei dos amorreus, porque sua misericórdia é eterna.
20
E Og, rei de Basã, porque sua misericórdia é eterna.
21
E deu a terra deles em herança, porque sua misericórdia é eterna.
22
Como patrimônio de Israel, seu servo, porque sua misericórdia é eterna.
23
Em nosso abatimento ele se lembrou de nós, porque sua misericórdia é eterna.
24
E nos livrou de nossos inimigos, porque sua misericórdia é eterna.
25
Ele dá alimento a todos os seres vivos, porque sua misericórdia é eterna.
26
Louvai o Deus do céu, porque sua misericórdia é eterna.

Os rios de Babilônia

136 1 Às margens dos rios de Babilônia, nos assentávamos chorando, lembrando-nos de Sião.
2
Nos salgueiros daquela terra, pendurávamos, então, as nossas harpas,
3
porque aqueles que nos tinham deportado pediam-nos um cântico. Nossos opressores exigiam de nós um hino de alegria: Cantai-nos um dos cânticos de Sião.
4
Como poderíamos nós cantar um cântico do Senhor em terra estranha?
5
Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, que minha mão direita se paralise!
6
Que minha língua se me apegue ao paladar, se eu não me lembrar de ti, se não puser Jerusalém acima de todas as minhas alegrias.
7
Contra os filhos de Edom, lembrai-vos, Senhor, do dia da queda de Jerusalém, quando eles gritavam: Arrasai-a, arrasai-a até os seus alicerces!
8
Ó filha de Babilônia, a devastadora, feliz aquele que te retribuir o mal que nos fizeste!
9
Feliz aquele que se apoderar de teus filhinhos, para os esmagar contra o rochedo!

Recohecimento a Deus compassivo

137 1 De Davi. Eu vos louvarei de todo o coração, Senhor, porque ouvistes as minhas palavras. Na presença dos anjos eu vos cantarei.
2
Ante vosso santo templo prostrar-me-ei, e louvarei o vosso nome, pela vossa bondade e fidelidade, porque acima de todas as coisas, exaltastes o vosso nome e a vossa promessa.
3
Quando vos invoquei, vós me respondestes; fizestes crescer a força de minha alma.
4
Hão de vos louvar, Senhor, todos os reis da terra, ao ouvirem as palavras de vossa boca.
5
E celebrarão os desígnios do Senhor: Verdadeiramente, grande é a glória do Senhor.
6
Sim, excelso é o Senhor, mas olha os pequeninos, enquanto seu olhar perscruta os soberbos.
7
Em meio à adversidade vós me conservais a vida, estendeis a mão contra a cólera de meus inimigos; salva-me a vossa mão.
8
O Senhor completará o que em meu auxílio começou. Senhor, eterna é a vossa bondade: não abandoneis a obra de vossas mãos.

Onisciência divina

138 1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi. Senhor, vós me perscrutais e me conheceis,
2
sabeis tudo de mim, quando me sento ou me levanto. De longe penetrais meus pensamentos.
3
Quando ando e quando repouso, vós me vedes, observais todos os meus passos.
4
A palavra ainda me não chegou à língua, e já, Senhor, a conheceis toda.
5
Vós me cercais por trás e pela frente, e estendeis sobre mim a vossa mão.
6
Conhecimento assim maravilhoso me ultrapassa, ele é tão sublime que não posso atingi-lo.
7
Para onde irei, longe de vosso Espírito? Para onde fugir, apartado de vosso olhar?
8
Se subir até os céus, ali estareis; se descer à região dos mortos, lá vos encontrareis também.
9
Se tomar as asas da aurora, se me fixar nos confins do mar,
10
é ainda vossa mão que lá me levará, e vossa destra que me sustentará.
11
Se eu dissesse: Pelo menos as trevas me ocultarão, e a noite, como se fora luz, me há de envolver.
12
As próprias trevas não são escuras para vós, a noite vos é transparente como o dia e a escuridão, clara como a luz.
13
Fostes vós que plasmastes as entranhas de meu corpo, vós me tecestes no seio de minha mãe.
14
Sede bendito por me haverdes feito de modo tão maravilhoso. Pelas vossas obras tão extraordinárias, conheceis até o fundo a minha alma.
15
Nada de minha substância vos é oculto, quando fui formado ocultamente, quando fui tecido nas entranhas subterrâneas.
16
Cada uma de minhas ações vossos olhos viram, e todas elas foram escritas em vosso livro; cada dia de minha vida foi prefixado, desde antes que um só deles existisse.
17
Ó Deus, como são insondáveis para mim vossos desígnios! E quão imenso é o número deles!
18
Como contá-los? São mais numerosos que a areia do mar; se pudesse chegar ao fim, seria ainda com vossa ajuda.
19
Oxalá extermineis os ímpios, ó Deus, e que se apartem de mim os sanguinários!
20
Eles se revoltam insidiosamente contra vós, perfidamente se insurgem vossos inimigos.
21
Pois não hei de odiar, Senhor, aos que vos odeiam? Aos que se levantam contra vós, não hei de abominá-los?
22
Eu os odeio com ódio mortal, eu os tenho em conta de meus próprios inimigos.
23
Perscrutai-me, Senhor, para conhecer meu coração; provai-me e conhecei meus pensamentos.
24
Vede se ando na senda do mal, e conduzi-me pelo caminho da eternidade.

Pedido de socorro contra os perseguidores

139 1 Ao mestre de canto. Salmo de Davi.
2
Livrai-me, Senhor, do homem mau; preservai-me do homem violento,
3
daqueles que tramam o mal no coração, que provocam discórdias diariamente,
4
que aguçam a língua qual serpente, que ocultam nos lábios veneno viperino.
5
Salvai-me, Senhor, das mãos do ímpio; preservai-me do homem violento, daqueles que tramam minha queda.
6
Orgulhosos, armam laços contra mim e estendem suas redes, e junto ao caminho me colocam ciladas.
7
Digo ao Senhor: Vós sois o meu Deus. Escutai, Senhor, a voz de minha súplica.
8
Senhor Deus, meu poderoso apoio! Vós protegeis minha fronte no dia do combate.
9
Não atendais, Senhor, os desejos do ímpio, não deixeis que se cumpram seus desígnios.
10
Que não levantem a cabeça os que me cercam; sobre eles recaia a malícia de seus lábios.
11
Carvões ardentes chovam sobre eles: sejam lançados numa fossa de onde não se ergam mais.
12
Não terá duração na terra a má língua; o infortúnio surpreenderá o homem violento.
13
Sei que o Senhor defende o desvalido, e faz justiça aos pobres.
14
Sim, os justos celebrarão o vosso nome, e os retos poderão viver em vossa presença.

Na tribulação

140 1 Salmo de Davi. Senhor, eu vos chamo, vinde logo em meu socorro; escutai a minha voz quando vos invoco.
2
Que minha oração suba até vós como a fumaça do incenso, que minhas mãos estendidas para vós sejam como a oferenda da tarde.
3
Ponde, Senhor, uma guarda em minha boca, uma sentinela à porta de meus lábios.
4
Não deixeis meu coração inclinar-se ao mal, para impiamente cometer alguma ação criminosa. Não permitais que eu tome parte nos festins dos homens que praticam o mal.
5
Se o justo me bate é um favor, se me repreende é como perfume em minha fronte. Minha cabeça não o rejeitará; porém, sob seus golpes, apenas rezarei.
6
Seus chefes foram precipitados pelas encostas do rochedo, e ouviram quão brandas eram as minhas palavras.
7
Como a terra fendida e sulcada pelo arado, assim seus ossos se dispersam à beira da região dos mortos.
8
Pois é para vós, Senhor, que se voltam os meus olhos; eu me refugio junto de vós, não me deixeis perecer.
9
Guardai-me do laço que me armaram, e das ciladas dos que praticam o mal.
10
Caiam os ímpios, de uma vez, nas próprias malhas; quanto a mim, que eu escape são e salvo.

Hora da provação

141 1 Hino de Davi, quando estava na caverna. Oração.
2
Minha voz lança um grande brado ao Senhor, em alta voz imploro ao Senhor.
3
Ponho diante dele a minha inquietação, eu lhe exponho toda a minha angústia.
4
Na hora em que meu espírito desfalece, vós conheceis o meu caminho. Na senda em que ando, ocultaram-me um laço.
5
Olho para a direita e vejo: não há ninguém que cuide de mim. Não existe para mim um refúgio, ninguém que se interesse pela minha vida.
6
Eu vos chamo, Senhor, vós sois meu refúgio, meu quinhão na terra dos vivos.
7
Atendei ao meu clamor, porque estou numa extrema miséria. Livrai-me daqueles que me perseguem, porque são mais fortes do que eu.
8
Tirai-me desta prisão, para que possa agradecer ao vosso nome. Os justos virão rodear-me, quando me tiverdes feito este benefício.

Pesar, aflição e angústia

142 1 Salmo de Davi. Senhor, ouvi a minha oração; pela vossa fidelidade, escutai a minha súplica, atendei-me em nome de vossa justiça.
2
Não entreis em juízo com o vosso servo, porque ninguém que viva é justo diante de vós.
3
O inimigo trama contra a minha vida, ele me prostrou por terra; relegou-me para as trevas com os mortos.
4
Desfalece-me o espírito dentro de mim, gela-me no peito o coração.
5
Lembro-me dos dias de outrora, penso em tudo aquilo que fizestes, reflito nas obras de vossas mãos.
6
Estendo para vós os braços; minha alma, como terra árida, tem sede de vós.
7
Apressai-vos em me atender, Senhor, pois estou a ponto de desfalecer. Não me oculteis a vossa face, para que não me torne como os que descem à sepultura.
8
Fazei-me sentir, logo, vossa bondade, porque ponho em vós a minha confiança. Mostrai-me o caminho que devo seguir, porque é para vós que se eleva a minha alma.
9
Livrai-me, Senhor, de meus inimigos, porque é em vós que ponho a minha esperança.
10
Ensinai-me a fazer vossa vontade, pois sois o meu Deus. Que vosso Espírito de bondade me conduza pelo caminho reto.
11
Por amor de vosso nome, Senhor, conservai-me a vida; em nome de vossa clemência, livrai minha alma de suas angústias.
12
Pela vossa bondade, destruí meus inimigos e exterminai todos os que me oprimem, pois sou vosso servo.

Após a vitória

143 1 De Davi. Bendito seja o Senhor, meu rochedo, que adestra minhas mãos para o combate, meus dedos para a guerra;
2
meu benfeitor e meu refúgio, minha cidadela e meu libertador, meu escudo e meu asilo, que submete a mim os povos.
3
Que é o homem, Senhor, para cuidardes dele, que é o filho do homem para que vos ocupeis dele?
4
O homem é semelhante ao sopro da brisa, seus dias são como a sombra que passa.
5
Inclinai, Senhor, os vossos céus e descei, tocai as montanhas para que se abrasem,
6
fulminai o raio e dispersai-os, lançai vossas setas e afugentai-os.
7
Estendei do alto a vossa mão, tirai-me do caudal, das mãos do estrangeiro,
8
cuja boca só diz mentiras e cuja mão só faz juramentos falsos.
9
Ó Deus, cantar-vos-ei um cântico novo, louvar-vos-ei com a harpa de dez cordas.
10
Vós que aos reis dais a vitória, que livrastes Davi, vosso servo;
11
salvai-me da espada da malícia, e livrai-me das mãos de estrangeiros, cuja boca só diz mentiras e cuja mão só faz juramentos falsos.
12
Sejam nossos filhos como as plantas novas, que crescem na sua juventude; sejam nossas filhas como as colunas angulares esculpidas, como os pilares do templo.
13
Encham-se os nossos celeiros de frutos variados e abundantes, multipliquem-se aos milhares nossos rebanhos, por miríades cresçam eles em nossos campos; sejam fecundas as nossas novilhas.
14
Não haja brechas em nossos muros, nem ruptura, nem lamentações em nossas praças.
15
Feliz o povo agraciado com tais bens, feliz o povo cujo Deus é o Senhor.

Realeza e providência divinas

144 1 Louvor. De Davi. Ó meu Deus, meu rei, eu vos glorificarei, e bendirei o vosso nome pelos séculos dos séculos.
2
Dia a dia vos bendirei, e louvarei o vosso nome eternamente.
3
Grande é o Senhor e sumamente louvável, insondável é a sua grandeza.
4
Cada geração apregoa à outra as vossas obras, e proclama o vosso poder.
5
Elas falam do brilho esplendoroso de vossa majestade, e publicam as vossas maravilhas.
6
Anunciam o formidável poder de vossas obras e narram a vossa grandeza.
7
Proclamam o louvor de vossa bondade imensa, e aclamam a vossa justiça.
8
O Senhor é clemente e compassivo, longânime e cheio de bondade.
9
O Senhor é bom para com todos, e sua misericórdia se estende a todas as suas obras.
10
Glorifiquem-vos, Senhor, todas as vossas obras, e vos bendigam os vossos fiéis.
11
Que eles apregoem a glória de vosso reino, e anunciem o vosso poder,
12
para darem a conhecer aos homens a vossa força, e a glória de vosso reino maravilhoso.
13
Vosso reino é um reino eterno, e vosso império subsiste em todas as gerações. O Senhor é fiel em suas palavras, e santo em tudo o que faz.
14
O Senhor sustém os que vacilam, e soergue os abatidos.
15
Todos os olhos esperançosos se dirigem para vós, e a seu tempo vós os alimentais.
16
Basta abrirdes as mãos, para saciardes com benevolência todos os viventes.
17
O Senhor é justo em seus caminhos, e santo em tudo o que faz.
18
O Senhor se aproxima dos que o invocam, daqueles que o invocam com sinceridade.
19
Ele satisfará o desejo dos que o temem, ouvirá seus clamores e os salvará.
20
O Senhor vela por aqueles que o amam, mas exterminará todos os maus.
21
Que minha boca proclame o louvor do Senhor, e que todo ser vivo bendiga eternamente o seu santo nome.

O Senhor, esperança dos aflitos

145 1 Aleluia. Louva, ó minha alma, o Senhor!
2
Louvarei o Senhor por toda a vida. Salmodiarei ao meu Deus enquanto existir.
3
Não coloqueis nos poderosos a vossa confiança, são apenas homens nos quais não há salvação.
4
Quando se lhe for o espírito, ele voltará ao pó, e todos os seus projetos se desvanecerão de uma só vez.
5
Feliz aquele que tem por protetor o Deus de Jacó, que põe sua esperança no Senhor, seu Deus.
6
É esse o Deus que fez o céu e a terra, o mar e tudo o que eles contêm; que é eternamente fiel à sua palavra,
7
que faz justiça aos oprimidos, e dá pão aos que têm fome. O Senhor livra os cativos;
8
o Senhor abre os olhos aos cegos; o Senhor ergue os abatidos; o Senhor ama os justos.
9
O Senhor protege os peregrinos, ampara o órfão e a viúva; mas entrava os desígnios dos pecadores.
10
O Senhor reinará eternamente; ó Sião, teu Deus é rei por toda a eternidade.

Reconhecimento pela restauração de Jerusalém

146 1 Salmo. Louvai o Senhor porque ele é bom; cantai ao nosso Deus porque ele é amável, e o louvor lhe convém.
2
O Senhor reconstrói Jerusalém, e congrega os dispersos de Israel.
3
Ele cura os que têm o coração ferido, e pensa-lhes as chagas.
4
É ele que fixa o número das estrelas, e designa cada uma por seu nome.
5
Grande é o Senhor nosso e poderosa a sua força; sua sabedoria não tem limites.
6
O Senhor eleva os humildes, mas abate os ímpios até a terra.
7
Cantai ao Senhor um cântico de gratidão, cantai ao nosso Deus com a harpa.
8
A ele que cobre os céus de nuvens, que faz cair a chuva à terra; a ele que faz crescer a relva nas montanhas, e germinar plantas úteis para o homem.
9
Que dá sustento aos rebanhos, aos filhotes dos corvos que por ele clamam.
10
Não é o vigor do cavalo que lhe agrada, nem ele se compraz nos jarretes do corredor.
11
Agradam ao Senhor somente os que o temem, e confiam em sua misericórdia.

Continuação do salmo precedente

147 1 (12) Salmo. Louva, ó Jerusalém, ao Senhor; louva o teu Deus, ó Sião,
2
(13) porque ele reforçou os ferrolhos de tuas portas, e abençoou teus filhos em teu seio.
3
(14) Estabeleceu a paz em tuas fronteiras, e te nutre com a flor do trigo.
4
(15) Ele revelou sua palavra a Jacó, e aí ela corre velozmente.
5
(16) Ele faz cair a neve como lã, espalha a geada, como cinza.
6
(17) Atira o seu granizo como migalhas de pão, diante de seu frio as águas se congelam.
7
(18) À sua ordem, porém, elas se derretem; faz soprar o vento e as águas correm de novo.
8
(19) Ele revelou sua palavra a Jacó, sua lei e seus preceitos a Israel.
9
(20) Com nenhum outro povo agiu assim, a nenhum deles manifestou seus mandamentos.

Louvor universal

148 1 Aleluia. Nos céus, louvai o Senhor, louvai-o nas alturas do firmamento.
2
Louvai-o, todos os seus anjos. Louvai-o, todos os seus exércitos.
3
Louvai-o, sol e lua; louvai-o, astros brilhantes.
4
Louvai-o, céus dos céus, e vós, ó oceanos dos espaços celestes.
5
Louvem o nome do Senhor, porque ele mandou e tudo foi criado.
6
Tudo estabeleceu pela eternidade dos séculos; fixou-lhes uma lei que não será violada.
7
Na terra, louvai o Senhor, cetáceos e todos das profundezas do mar;
8
fogo e granizo, neve e neblina; vendaval proceloso dócil às suas ordens;
9
montanhas e colinas, árvores frutíferas, árvores silvestres;
10
feras e rebanhos, répteis e aves;
11
reis da terra e todos os seus povos; príncipes e juízes do mundo;
12
jovens e donzelas; velhos e crianças!
13
Louvem todos o nome do Senhor, porque só o seu nome é excelso. Sua majestade transcende a terra e o céu,
14
e conferiu a seu povo um grande poder. Louvem-no todos os seus fiéis, filhos de Israel, povo a ele mais chegado.

O triunfo de Israel

149 1 Aleluia. Cantai ao Senhor um cântico novo, ressoe o seu louvor na assembléia dos fiéis.
2
Alegre-se Israel em seu criador, exultem em seu rei os filhos de Sião.
3
Em coros louvem o seu nome, cantem-lhe salmos com o tambor e a cítara,
4
porque o Senhor ama o seu povo, e dá aos humildes a honra da vitória.
5
Exultem os fiéis na glória, alegrem-se em seus leitos.
6
Tenham nos lábios o louvor de Deus, e nas mãos a espada de dois gumes,
7
para tirar vingança das nações pagãs, e impor castigos aos povos;
8
para lançar em ferros os seus reis, e pôr algemas em seus príncipes,
9
executando contra eles o julgamento pronunciado. Tal é a glória reservada a todos os seus fiéis.

Doxologia

150 1 Aleluia. Louvai o Senhor em seu santuário, louvai-o em seu majestoso firmamento.
2
Louvai-o por suas obras maravilhosas, louvai-o por sua majestade infinita.
3
Louvai-o ao som da trombeta, louvai-o com a lira e a cítara.
4
Louvai-o com tímpanos e danças, louvai-o com a harpa e a flauta.
5
Louvai-o com címbalos sonoros, louvai-o com címbalos retumbantes. Tudo o que respira louve o Senhor!

Psalms (BAV) 119