Audiências 2005-2013 7109

7 de Outubro de 2009: São João Leonardo

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Queridos irmãos e irmãs!

Depois de amanhã, 9 de Outubro, completar-se-ão 400 anos da morte de São João Leonardo, fundador da Ordem religiosa dos Clérigos Regulares da Mãe de Deus, canonizado a 17 de Abril de 1938 e eleito Padroeiro dos farmacêuticos no dia 8 de Agosto de 2006. Ele é recordado também pelo grande anseio missionário. Juntamente com Mons. João Baptista Vives e com o jesuíta Martin de Funes, projectou e contribuiu para a instituição de uma específica Congregação da Santa Sé para as missões, a de Propaganda Fide, e para o futuro nascimento do Colégio Urbano de Propaganda Fide, que no decorrer dos séculos forjou milhares de sacerdotes, muitos deles mártires, para evangelizar os povos. Trata-se portanto de uma luminosa figura de sacerdote, que me apraz indicar a todos os presbíteros neste Ano sacerdotal, como exemplo. Faleceu em 1609 devido a uma gripe contraída quando se prodigalizava na cura de quantos, no bairro romano de Campitelli, tinham sido atingidos pela epidemia.

João Leonardo nasceu em 1541 em Diecimo, na província de Lucca. Último de sete irmãos, teve uma adolescência marcada por ritmos de fé vivida num núcleo familiar sadio e laborioso, e por uma frequência assídua de uma loja de aromas e de medicamentos da sua terra natal. Aos 17 anos o pai inscreveu-o num curso regular de especiarias em Lucca, com a finalidade de que se tornasse farmacêutico, aliás um boticário, como se dizia então. Por cerca de um decénio o jovem João Leonardo foi seu atento e diligente frequentador, mas quando, segundo as normas previstas pela antiga República de Lucca, adquiriu o reconhecimento oficial que o teria autorizado a abrir uma sua mercearia, começou a pensar se não chegara o momento de realizar um projecto que tinha desde sempre no coração. Depois de uma reflexão madura decidiu encaminhar-se para o sacerdócio. E assim, tendo deixado a mercearia, e adquirido uma adequada formação teológica, foi ordenado sacerdote e no dia da Epifania de 1572 celebrou a primeira Missa. Contudo não abandonou a paixão pela farmacopeia, porque sentia que a mediação profissional de farmacêutico lhe teria permitido realizar plenamente a sua vocação, a de transmitir aos homens, mediante uma vida santa, "a medicina de Deus", que é Jesus Cristo crucificado e ressuscitado, "medida de todas as coisas".

Animado pela convicção de que todos os seres humanos necessitam desta medicina mais do que qualquer outra coisa, São João Leonardo procurou fazer do encontro pessoal com Jesus Cristo a razão fundamental da própria existência. "É necessário recomeçar de Cristo", gostava de repetir com muita frequência. A primazia de Cristo sobre tudo tornou-se para ele o critério concreto de juízo e de acção e o princípio gerador da sua actividade sacerdotal, que exerceu enquanto estava em acto um vasto e difundido movimento de renovação espiritual na Igreja, graças ao florescimento de novos Institutos religiosos e ao testemunho luminoso de santos como Carlos Borromeu, Filipe Neri, Inácio de Loiola, José de Calasanz, Camilo de Lélis e Luís Gonzaga. Dedicou-se com entusiasmo ao apostolado entre os jovens mediante a Companhia da Doutrina Cristã, reunindo ao seu redor um grupo de jovens com os quais, no dia 1 de Setembro de 1574, fundou a Congregação dos Padres reformados da Bem-Aventurada Virgem, sucessivamente chamada Ordem dos Clérigos Regulares da Mãe de Deus. Recomendava aos seus discípulos que pusessem "diante dos olhos da mente só a honra, o serviço e a glória de Cristo Crucificado" e, como bom farmacêutico habituado a dosear as poções graças a uma referência clara, acrescentava: "Elevai um pouco mais os vossos corações a Deus e com Ele medi as coisas".

Movido por zelo apostólico, em Maio de 1605 enviou ao Papa Paulo v recém-eleito um Memorial no qual sugeria os critérios para uma autêntica renovação na Igreja. Observando como é "necessário que quantos aspiram pela reforma dos costumes dos homens procurem especialmente, e como primeira coisa, a glória de Deus", acrescentava que eles devem resplandecer "pela integridade da vida e pela excelência dos costumes, assim, mais do que obrigar, atrairão docilmente para a reforma". Observava ainda que "quem quer realizar uma séria reforma religiosa e moral deve fazer antes de tudo, como um bom médico, um atento diagnóstico dos males que atormentam a Igreja para assim poder ser capaz de prescrever para cada um deles o remédio mais apropriado". E notava que "a renovação da Igreja se deve verificar de igual modo nos chefes e nos empregados, no alto e em baixo. Deve começar por quem dirige e alargar-se aos súbditos". Foi por isto que, enquanto solicitava o Papa para que promovesse uma "reforma universal da Igreja", se preocupava com a formação cristã do povo e especialmente das crianças, que devem ser educadas "desde os primeiros anos... na pureza da fé cristã e nos santos costumes".

Queridos irmãos e irmãs, a luminosa figura deste Santo convida os sacerdotes em primeiro lugar, e todos os cristãos, a tender constantemente para a "medida alta da vida cristã", que é a santidade, cada um naturalmente segundo o próprio estado. De facto, só da fidelidade a Cristo pode brotar a autêntica renovação eclesial. Naqueles anos, na passagem cultural e social entre os séculos xvi e xvii, começaram a delinear-se as premissas da futura cultura contemporânea, caracterizada por uma indevida separação entre fé e razão, que deu origem entre as suas consequências negativas à marginalização de Deus, com a ilusão de uma possível e total autonomia do homem que escolhe viver "como se Deus não existisse". É a crise do pensamento moderno, que várias vezes tive a ocasião de evidenciar e que com frequência desemboca em formas de relativismo. João Leonardo intuiu qual era a verdadeira medicina para estes males espirituais e sintetizou-a na expressão: "Cristo antes de tudo", Cristo no centro do coração, da história e da criação. E de Cristo – afirma com vigor – a humanidade tem extrema necessidade, porque Ele é a nossa "medida". Não existe ambiente algum que não possa ser tocado pela sua força; não existe mal algum que não encontre n'Ele remédio, não há problema algum que n'Ele não se resolva. "Ou Cristo ou nada"! Eis a sua receita para qualquer tipo de reforma espiritual e social.

Há outro aspecto da espiritualidade de São João Leonardo que me apraz ressaltar. Em várias circunstâncias reafirmou que o encontro vivo com Cristo se realiza na sua Igreja, santa mas frágil, radicada na história e no seu porvir às vezes obscuro, no qual o trigo e o joio crescem juntos (cf.
Mt 13,30), mas contudo sempre Sacramento de salvação. Tendo clara consciência de que a Igreja é o campo de Deus (cf. Mt 13,24), não se escandalizou com as suas fraquezas humanas. Para contrastar o joio escolheu ser grão bom: ou seja, decidiu amar Cristo na Igreja e contribuir para a tornar cada vez mais sinal transparente d'Ele. Com grande realismo viu a Igreja, a sua fraqueza humana, mas também o seu ser "campo de Deus", o instrumento de Deus para a salvação da humanidade. Não só. Por amor de Cristo trabalhou alacremente a fim de purificar a Igreja, para a tornar mais bela e santa. Compreendeu que qualquer reforma deve ser feita dentro da Igreja e nunca contra a Igreja. Nisto, São João Leonardo foi deveras extraordinário e o seu exemplo permanece sempre actual. Cada reforma diz respeito certamente às estruturas, mas deve incidir em primeiro lugar no coração dos crentes. Só os santos, homens e mulheres que se deixam guiar pelo Espírito divino, prontos para fazer escolhas radicais e corajosas à luz do Evangelho, renovam a Igreja e contribuem, de modo determinante, para construir um mundo melhor.

Queridos irmãos e irmãs, a existência de São João Leonardo foi sempre iluminada pelo esplendor do "Rosto Santo" de Jesus, conservado e venerado na Igreja Catedral de Lucca, que se tornou símbolo eloquente e síntese evidente da fé que o animava. Conquistado por Cristo como o Apóstolo Paulo, indicou aos seus discípulos, e continua a mostrar a todos nós, o ideal cristocêntrico pelo qual "é preciso desapegar-se de qualquer interesse próprio e prestar só atenção ao serviço de Deus", "tendo unicamente diante dos olhos e da mente a honra, o serviço e a glória de Cristo Jesus Crucificado". Ao lado do rosto de Cristo, fixou o olhar no rosto materno de Maria. Aquela que elegeu Padroeira da sua Ordem, foi para ele mestra, irmã, mãe, e ele experimentou a sua constante protecção. O exemplo e a intercessão deste "fascinante homem de Deus" sejam, sobretudo neste Ano sacerdotal, chamada e encorajamento para os sacerdotes e para todos os cristãos a viver com paixão e entusiasmo a própria vocação.

Saudação

A minha saudação amiga aos fiéis da Arquidiocese de Porto Alegre e demais peregrinos de língua portuguesa! Viestes a Roma, onde há quatrocentos anos morreu São João Leonardo, vítima da caridade fraterna, contagiado ele mesmo pela epidemia cujos doentes tratava. A luminosa figura deste Santo convida todos os cristãos a transmitirem aos homens o verdadeiro "remédio de Deus", que é Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. N'Ele vos abençoo, a vós e às vossas famílias.


Praça de São Pedro

14 de Outubro de 2009: Pedro o venerável

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Queridos irmãos e irmãs!

A figura de Pedro o Venerável, que gostaria de apresentar na catequese de hoje, reconduz-nos à célebre abadia de Cluny, ao seu "decoro" (decor) e ao seu "esplendor" (nitor) – para usar palavras recorrentes nos textos cluniacenses – decoro e esplendor, que se admiram sobretudo na beleza da liturgia, caminho privilegiado para alcançar Deus. Mas, ainda mais do que estes aspectos a personalidade de Pedro recorda a santidade dos grandes abades cluniacenses: em Cluny "todos os abades foram santos", afirmava em 1080 o Papa Gregório VII. Entre eles encontra-se Pedro o Venerável, o qual reúne em si um pouco todas as virtudes dos seus predecessores, mesmo se já com ele Cluny, em relação às novas ordens como a de Cîteaux, começou a sentir alguns sintomas de crise. Pedro é um exemplo admirável de asceta rigoroso consigo mesmo e compreensivo com os outros. Nascido por volta de 1094 na região francesa de Alvernia, entrou ainda criança no mosteiro de Sauxillanges, onde se tornou monge professo e depois prior. Em 1122 foi eleito Abade de Cluny, e permaneceu nesse cargo até à morte, que se verificou no dia de Natal de 1156, como ele tinha desejado. "Amante da paz – escreve o seu biógrafo Rodolfo – obteve a paz na glória de Deus no dia da paz" (Vida i, 17; pl 189, 28).

Todos os que o conheceram exaltaram a sua mansidão distinta, o equilíbrio sereno, o domínio de si, a rectidão, a lealdade, a lucidez e a sua especial tendência a servir de medianeiro. "Faz parte da minha natureza – escrevia – ser bastante propenso para a indulgência; para isto me estimula o meu hábito de perdoar. Estou acostumado a suportar e a perdoar" (
Ep 192, em The Letters of Peter the Venerable, Harvard University Press, 1967, p. 446). Dizia ainda: "Com quantos odeiam a paz gostaríamos, possivelmente, de ser sempre pacíficos" (Ep 100, lc., p. 261). E escrevia de si: "Não faço parte de quantos não estão satisfeitos com o seu destino... cujo espírito está sempre ansioso ou duvidoso, e que se lamentam porque todos os outros repousam e eles são os únicos que trabalham" (Ep 182, p. 425). De índole sensível e afectuosa, sabia conjugar o amor ao Senhor com a ternura para com os familiares, particularmente para com a mãe e os amigos. Foi um cultor da amizade, de modo especial em relação aos seus monges, que habitualmente se confidenciavam com ele, certos de serem acolhidos e compreendidos. Segundo o testemunho do biógrafo, "não desprezava nem rejeitava ninguém" (Vida, i, 3 PL, 189, 19); era amável para com todos; na sua bondade inata era aberto a todos" (Ibid., 1, 1: PL, 189, 17).

Poderíamos dizer que este santo Abade constitui um exemplo também para os monges e os cristãos deste nosso tempo, marcado por um ritmo de vida frenético, onde não são raros os episódios de intolerância e de incomunicabilidade, as divisões e os conflitos. O seu testemunho convida-nos a saber unir o amor a Deus com o amor ao próximo, e a não nos cansarmos de estabelecer relacionamentos de fraternidade e de reconciliação. De facto, assim agia Pedro o Venerável, que guiou o mosteiro de Cluny em anos não muito tranquilos por vários motivos externos e internos na Abadia, conseguindo ser ao mesmo tempo severo e dotado de profunda humanidade. Costumava dizer: "Pode-se obter mais de um homem tolerando-o, do que irritando-o com queixas" (Ep 172, l.c., p. 409). Devido ao seu cargo, teve que enfrentar frequentes viagens à Itália, à Inglaterra, à Alemanha, à Espanha. O abandono forçado da tranquilidade contemplativa pesava-lhe. Confessava: "Vou de um lugar para outro, angustio-me, preocupo-me, atormento-me, arrastado para aqui e para além; a minha mente está absorvida ora com os meus afazeres, ora com os dos outros, não sem grande agitação do meu ânimo" (Ep 91, l.c., p. 233). Mesmo tendo que se industriar entre poderes e senhorios que circundavam Cluny, conseguiu contudo, graças ao seu sentido da medida, à sua magnanimidade e ao seu realismo, conservar uma tranquilidade habitual. Uma das personalidades com as quais entrou em contacto foi Bernardo de Claraval com o qual manteve uma relação de crescente amizade, mesmo na diversidade do temperamento e das perspectivas. Bernardo definia-o: "Homem importante, ocupado com afazeres importantes" e tinha dele grande consideração (, Claravallense, Milão Ep 1986, vi/1, PP 658-660), enquanto que Pedro o Venerável definia Bernardo "lanterna da Igreja" (Ep 164, p. 396), "coluna forte e maravilhosa da ordem monástica e de toda a Igreja" (Ep 175, p.418).

Com profundo sentido eclesial, Pedro o Venerável afirmava que as vicissitudes do povo cristão devem ser sentidas no "íntimo do coração" por quantos se incluem "entre os membros do corpo de Cristo" (Ep 164, l.c., p. 397). E acrescentava: "Não se alimenta do espírito de Cristo quem não sente as feridas do corpo de Cristo", onde quer que elas se produzam (ibid.). Além disso, mostrava cuidado e solicitude também por quem estava fora da Igreja, sobretudo pelos judeus e pelos muçulmanos: para favorecer o conhecimento destes últimos providenciou a tradução do Alcorão. A este propósito observa um historiador recente: "No meio da intransigência dos homens da Idade Média – também dos maiores deles nós admiramos – aqui um exemplo sublime da delicadeza à qual leva a caridade cristã" (J. Leclercq, Pietro il Venerabile, Jaca Book, 1991, p. 189). Outros aspectos da vida cristã pelos quais se preocupava eram o amor à Eucaristia e a devoção à Virgem Maria. Sobre o Santíssimo Sacramento deixou-nos páginas que constituem "uma das obras-primas da literatura eucarística de todos os tempos" (ibid.,p. 267), e sobre a Mãe de Deus escreveu reflexões iluminadoras, contemplando-a sempre em estreita relação com Jesus Redentor e com a sua obra de salvação. É suficiente citar esta sua inspirada elevação: "Salve, Virgem bendita, que afastaste a maldição. Salve, mãe do Altíssimo, esposa do Cordeiro terníssimo. Tu venceste a serpente, esmagaste-lhe a cabeça, quando Deus por ti gerado a aniquilou... Estrela resplandecente do Oriente, que pões em fuga as sombras do Ocidente. Aurora que precede o sol, dia que ignora a noite... Reza ao Deus que nasceu de ti, para que nos liberte dos nossos pecados e, depois do perdão, nos conceda a graça e a glória" (Carmina, pl 189, 1018-1019).

Pedro o Venerável sentia predilecção pela actividade literária para a qual tinha talento. Anotava as suas reflexões, persuadido da importância de usar a caneta quase como um arado para "espalhar no papel a semente do Verbo" (Ep 20, p. 38). Mesmo se não foi um teólogo sistemático, foi um grande investigador do mistério de Deus. A sua teologia afunda as raízes na oração, sobretudo na litúrgica e entre os mistérios de Cristo, preferia o da Transfiguração, no qual já se prefigura a Ressurreição. Foi precisamente ele quem introduziu em Cluny esta festa, compondo para ela um ofício especial, no qual se reflecte a característica piedade de Pedro e da Ordem cluniacense, toda propensa para a contemplação do rosto glorioso (gloriosa facies) de Cristo, encontrando nele as razões daquela alegria fervorosa que distinguia o seu espírito e se irradiava na liturgia do mosteiro.
Queridos irmãos e irmãs, este santo monge é certamente um grande exemplo de santidade monástica, alimentada nas nascentes da tradição beneditina. Para ele o ideal do monge consiste em "aderir tenazmente a Cristo" (Ep 53, l.c., p. 161), numa vida claustral que si distinguiu pela "humildade monástica" (ibid.) e pela laboriosidade (Ep 77, l.c., p. 211), assim como por um clima de silenciosa contemplação e de constante louvor a Deus. A primeira e mais importante ocupação do monge, segundo Pedro de Cluny, é a celebração solene do ofício divino – "obra celeste e a mais útil de todas" (Statuta, I, 1026) – que deve ser acompanhada com a leitura, a meditação, a oração pessoal e a penitência observada com discrição (cf. Ep. 20, l.c., p. 40). Deste modo toda a vida está imbuída de amor profundo a Deus e de amor ao próximo, um amor que se expressa na abertura sincera aos outros, no perdão e na busca da paz. Poderíamos dizer, para concluir, que se este estilo de vida unido ao trabalho quotidiano, constitui, para São Bento, o ideal do monge, ele diz respeito também a todos nós, pode ser, em grande medida, o estilo de vida do cristão que deseja tornar-se autêntico discípulo de Cristo, caracterizado precisamente pela adesão tenaz a Ele, pela humildade, pela laboriosidade e pela capacidade de perdão e de paz.

Saudação

Dirijo uma saudação particular de boas-vindas aos peregrinos de língua portuguesa, com votos de que a presença na cidade dos Apóstolos Pedro e Paulo fortaleça a vossa adesão a Jesus Cristo e o desejo de servi-lo através do amor ao próximo, do perdão e da busca pela paz. O Pai do Céu derrame os seus dons sobre vós e vossas famílias, que de coração abençoo.



Praça de São Pedro

21 de Outubro de 2009: São Bernardo de Claraval

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Queridos irmãos e irmãs!

Hoje gostaria de falar de São Bernardo de Claraval, chamado "o último dos Padres" da Igreja, porque no século XII, mais uma vez, renovou e tornou presente a grande teologia dos Padres. Não conhecemos os pormenores os anos da sua infância; sabemos contudo que ele nasceu em 1090 em Fontaines na França, numa família numerosa e discretamente abastada. Ainda jovem, prodigalizou-se no estudo das chamadas artes liberais – especialmente da gramática, da retórica e da dialéctica – na escola dos Cónegos da igreja de Saint-Vorles, em Châtillon-sur-Seine e amadureceu lentamente a decisão de entrar na vida religiosa. Por volta dos vinte anos entrou em Cîteaux, uma fundação monástica nova, mais activa em relação aos antigos e veneráveis mosteiros de então e, ao mesmo tempo, mais rigorosa na prática dos conselhos evangélicos. Alguns anos mais tarde, em 1115, Bernardo foi enviado por Santo Estêvão Harding, terceiro Abade de Cîteaux, para fundar o mosteiro de Claraval (Clairvaux). Aqui o jovem Abade, tinha apenas vinte e cinco anos, pôde apurar a própria concepção da vida monástica, e empenhar-se em pô-la em prática. Olhando para a disciplina de outros mosteiros, Bernardo recordou com decisão a necessidade de uma vida sóbria e comedida, tanto à mesa como no vestuário e nos edifícios monásticos, recomendando o sustento e a atenção aos pobres. Entretanto a comunidade de Claraval tornava-se cada vez mais numerosa, e multiplicava as suas fundações.

Nestes mesmos anos, antes de 1130, Bernardo iniciou uma ampla correspondência com muitas pessoas, quer importantes quer de modestas condições sociais. Às muitas Cartas deste período é preciso acrescentar numerosos Sermões, assim como Sentenças e Tratados. Remonta sempre a este tempo a grande amizade de Bernardo com Guilherme, Abade de Saint-Thierry, e com Guilherme de Champeaux, figuras entre as mais importantes do século XII. A partir de 1130, começou a ocupar-se de muitas e graves questões da Santa Sé e da Igreja. Por este motivo teve que sair cada vez mais do seu mosteiro, e por vezes da França. Fundou também alguns mosteiros femininos, e foi protagonista de um vivaz epistolário com Pedro o Venerável, Abade de Cluny, sobre o qual falei na quarta-feira passada. Dirigiu sobretudo os seus escritos polémicos contra Abelardo, um grande pensador que iniciou um novo modo de fazer teologia, introduzindo sobretudo o método dialéctico-filosófico na construção do pensamento teológico. Outra frente contra a qual Bernardo lutou foi a heresia dos Cátaros, que menosprezavam a matéria e o corpo humano, desprezando, por conseguinte, o Criador. Ele, ao contrário, sentiu-se no dever de assumir a defesa dos judeus, condenando as manifestações de anti-semitismo cada vez mais difundidas. Devido a este aspecto da sua acção apostólica, algumas dezenas de anos mais tarde, Ephraim, rabino de Bonn, dirigiu a Bernardo uma vivaz homenagem. Naquele mesmo período o santo Abade escreveu as suas obras mais famosas, como os celebérrimos Sermões sobre o Cântico dos Cânticos. Nos últimos anos da sua vida – a sua morte verificou-se em 1153 – Bernardo teve que limitar as viagens, sem contudo as interromper totalmente. Aproveitou para rever definitivamente o conjunto das Cartas, dos Sermões e dos Tratados. Merece ser mencionado um livro bastante particular, que ele terminou precisamente neste período, em 1145, quando um seu aluno, Bernardo Pignatelli, foi eleito Papa com o nome de Eugénio III. Nesta circunstância, Bernardo, como Padre espiritual, escreveu a este seu filho espiritual o texto De Consideratione, que contém ensinamentos para poder ser um bom Papa. Neste livro, que permanece uma leitura conveniente para os Papas de todos os tempos, Bernardo não indica apenas como desempenhar bem o papel de Papa, mas expressa também uma visão profunda do mistério da Igreja e do mistério de Cristo, que no final se resolve na contemplação do mistério de Deus trino e uno: "Deveria ainda prosseguir a busca deste Deus, que ainda não é bastante procurado", escreve o santo Abade "mas talvez se possa procurar melhor e encontrar mais facilmente com a oração do que com o debate. Ponhamos então aqui um ponto final no livro, mas não na pesquisa" (XIV, 32: PL 182, 808), no estar a caminho rumo a Deus.

Gostaria de me deter agora só sobre dois aspectos centrais da rica doutrina de Bernardo: eles referem-se a Jesus Cristo e a Maria santíssima, sua Mãe. A sua solicitude pela participação íntima e vital do cristão no amor de Deus em Jesus Cristo não contribui com novas orientações para o estatuto científico da teologia. Mas, de modo mais do que decidido, o Abade de Clairvaux configura o teólogo com o contemplativo e com o místico. Só Jesus – insiste Bernardo diante dos complexos raciocínios dialécticos do seu tempo – só Jesus é "mel para os lábios, cântico para os ouvidos, júbilo para o coração" (mel in ore, in aure melos, in corde iubilum)". Vem precisamente daqui o título, a ele atribuído pela tradição, de Doctor mellifluus: de facto, o seu louvor de Jesus Cristo "escorre como o mel". Nas extenuantes batalhas entre nominalistas e realistas – duas correntes filosóficas da época – o Abade de Claraval não se cansa de repetir que um só nome conta, o de Jesus de Nazaré. "Todo o alimento da alma é árido", confessa, "se não for aspergido com este óleo; insípido, se não for temperado com este sal. Aquilo que escreves para mim não tem sabor, se nisso eu não ler Jesus". E conclui: "Quando discutes ou falas, para mim nada tem sabor, se eu não ouvir ressoar nisso o nome de Jesus" (Sermones in Cantica Canticorum XV, 6: PL 183, 847). De facto, para Bernardo o verdadeiro conhecimento de Deus consiste na experiência pessoal, profunda de Jesus Cristo e do seu amor. E isto, queridos irmãos e irmãs, é válido para cada cristão: a fé é antes de tudo encontro pessoal, íntimo com Jesus, é fazer a experiência da sua proximidade, da sua amizade, do seu amor, e só assim se aprende a conhecê-lo cada vez mais, a amá-lo e a segui-lo sempre mais. Que isto se verifique com cada um de nós!

Noutro célebre Sermão no domingo entre a oitava da Assunção, o santo Abade descreve em termos apaixonados a íntima participação de Maria no sacrifício redentor do Filho. "Ó santa Mãe – exclama ele – deveras uma espada trespassou a tua alma!... A violência da dor trespassou de tal modo a tua alma, que justamente podemos chamar-te mais do que mártir, porque em ti a participação na paixão do Filho superou muito em intensidade os sofrimentos físicos do martírio" (14: PL 183, 437-438). Bernardo não tem dúvidas: "per Mariam ad Iesum", através de Maria somos conduzidos até Jesus. Ele testemunha com clareza a subordinação de Maria a Jesus, segundo os fundamentos da mariologia tradicional. Mas o corpo do Sermone documenta também o lugar privilegiado da Virgem na economia da salvação, após a particularíssima participação da Mãe (compassio) no sacrifício do Filho. Não por acaso, um século e meio depois da morte de Bernardo, Dante Alighieri, no último canto da Divina Comédia, colocará nos lábios do "Doutor melífluo" a sublime oração a Maria: "Virgem Mãe, filha do teu Filho, / humilde e nobre mais do que qualquer criatura, / termo fixo do eterno conselho,..." (Paraíso 33, vv. 1 ss.).

Estas reflexões, características de um apaixonado por Jesus e Maria como São Bernardo, provocam ainda hoje de modo saudável não só os teólogos, mas todos os crentes. Por vezes pretende-se resolver as questões fundamentais sobre Deus, sobre o homem e sobre o mundo unicamente com as forças da razão. São Bernardo, ao contrário, solidamente fundado na Bíblia e nos Padres da Igreja, recorda-nos que sem uma fé profunda em Deus, alimentada pela oração e pela contemplação, por uma relação íntima com o Senhor, as nossas reflexões sobre os mistérios divinos correm o risco de se tornarem uma vã prática intelectual, e perdem a sua credibilidade. A teologia remete para a "ciência dos santos", para a sua intuição dos mistérios do Deus vivo, para a sua sabedoria, dom do Espírito Santo, que se tornam ponto de referência do pensamento teológico. Juntamente com Bernardo de Claraval, também nós devemos reconhecer que o homem procura melhor e encontra mais facilmente Deus "com a oração do que com o debate". No final, a figura mais verdadeira do teólogo e de cada evangelizador permanece a do Apóstolo João, que apoiou a sua cabeça no coração do Mestre.

Gostaria de concluir estas reflexões sobre São Bernardo com as invocações a Maria, que lemos numa sua bonita homilia. "Nos perigos, nas angústias, nas incertezas – diz ele – pensa em Maria, invoca Maria. Que ela nunca abandone os teus lábios, nem o teu coração; e para obteres a ajuda da sua oração, nunca esqueças o exemplo da sua vida. Se a segues, não te podes desviar; se lhe rezas, não te podes desesperar; se pensas nela não podes errar. Se ela te ampara, não cais; se ela te protege, nada temes; se ela te guia, não te cansas; se ela te é propícia, alcançarás a meta..." (Hom. II super "Missus est", 17: PL 183, 70-71).

Saudação

Amados brasileiros do Rio de Janeiro e demais peregrinos de língua portuguesa, com afecto a todos saúdo e abençoo, desejando que a vossa peregrinação até junto do túmulo dos Apóstolos Pedro e Paulo reforce, em cada um, a sua fé. Esta é, antes de tudo, encontro íntimo e pessoal com Jesus Cristo. Que esta experiência vos leve a conhecê-Lo, amá-Lo e segui-Lo cada vez mais! Ide com Deus!



Praça de São Pedro

28 de Outubro de 2009: Teologia monástica e teologia escolástica

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Queridos irmãos e irmãs!

Detenho-me hoje a falar sobre uma interessante página de história, relativa ao florescimento da teologia latina no século XII, que se verificou devido a uma série providencial de coincidências. Nos países da Europa ocidental reinava então uma paz relativa, que garantia à sociedade desenvolvimento económico e consolidação das estruturas políticas, e favorecia uma vivaz actividade cultural graças também aos contactos com o Oriente. No interior da Igreja sentiam-se os benefícios da vasta acção conhecida como "reforma gregoriana", a qual, promovida vigorosamente no século precedente, tinha contribuído com uma maior pureza evangélica para a vida da comunidade eclesial, sobretudo no clero, e tinha restituído à Igreja e ao Papado uma autêntica liberdade de acção. Além disso ia-se difundindo uma vasta renovação espiritual, apoiada pelo vigoroso desenvolvimento da vida consagrada: nasciam e expandiam-se novas Ordens religiosas, enquanto que as que já existiam conheciam uma retomada prometedora.

Refloresceu trambém a teologia adquirindo maior consciência da própria natureza: apurou o método, enfrentou problemas novos, progrediu na contemplação dos Mistérios de Deus, produziu obras fundamentais, inspirou iniciativas importantes da cultura, da arte e da literatura, e preparou as obras-primas do século seguinte, o século de Tomás de Aquino e de Boaventura de Bagnoregio. Foram dois os ambientes nos quais se desenvolveram esta fervorosa actividade teológica: os mosteiros e as escolas das cidades, as scholae, algumas das quais deram depressa vida às Universidades, que constituem uma das "invenções" típicas da Idade Média cristã. Precisamente a partir destes dois ambientes, os mosteiros e as scholae, pode-se falar de dois modelos diferentes de teologia: a "teologia monástica" e a "teologia escolástica". Os representantes da teologia monástica eram monges, em geral Abades, dotados de sabedoria e de fervor evangélico, dedicados essencialmente a suscitar e a alimentar o desejo amoroso de Deus. Os representantes da teologia escolástica eram homens cultos, apaixonados pela pesquisa; magistri desejosos de mostrar a racionalidade e o fundamento dos Mistérios de Deus e do homem, acreditados com a fé, sem dúvida, mas compreendidos também pela razão. A finalidade diversa explica a diferença do seu método e do seu modo de fazer teologia.

Nos mosteiros do século XII o método teológico estava ligado principalmente à explicação da Sagrada Escritura, da sacra pagina para nos expressar como os autores daquele período; praticava-se especialmente a teologia bíblica. Isto é, os monges eram todos devotos ouvintes e leitores das Sagradas Escrituras, e uma das suas principais ocupações consistia na lectio divina, ou seja, na leitura pregada da Bíblia. Para eles a simples leitura do Texto sagrado não era suficiente para compreender o seu sentido profundo, a sua unidade interior e a sua mensagem transcendente. Portanto, era preciso praticar uma "leitura espiritual", guiada com docilidade ao Espírito Santo. Na escola dos Padres, a Bíblia era assim interpretada alegoricamente, para descobrir em cada página, quer do Antigo quer do Novo Testamento, o que diz de Cristo e da sua obra de salvação.

O Sínodo dos Bispos do ano passado sobre a "Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja" recordou a importância da abordagem espiritual das Sagradas Escrituras. Com esta finalidade, é útil valorizar a teologia monástica, uma ininterrupta exegese bíblica, assim como as obras compostas pelos seus representantes, preciosos comentários ascéticos aos livros da Bíblia. Portanto, a teologia monástica unia a preparação literária à espiritual. Estava portanto consciente de que uma leitura meramente teórica e profana não era suficiente: para entrar no coração da Sagrada Escritura, ela deve ser lida no espírito com o qual foi escrita e criada. A preparação literária era necessária para conhecer o significado exacto das palavras e facilitar a compreensão do texto, afinando a sensibilidade gramatical e filológica. O estudioso beneditino do século passado Jean Leclercq intitulou do seguinte modo o ensaio com o qual apresenta as características da teologia monástica: L'amour des lettres et le désir de Dieu (O amor às letras e o desejo de Deus). De facto, o desejo de conhecer e de amar a Deus, que vem ao nosso encontro através da sua Palavra que deve ser acolhida, meditada e praticada, leva a procurar aprofundar os textos bíblicos em todas as suas dimensões. Há depois outra aptidão sobre a qual insistem quantos praticam a teologia monástica, isto é, uma profunda atitude orante, que deve preceder, acompanhar e completar o estudo da Sagrada Escritura. Dado que, em última análise, a teologia monástica é escuta da Palavra de Deus, não se pode deixar de purificar o coração para a acolher e, sobretudo, não se pode deixar de estimular nele o fervor para encontrar o Senhor. A teologia torna-se portanto meditação, oração, canto de louvor e chama a uma conversão sincera. Não poucos representantes da teologia monástica chegaram, por este caminho, às metas mais altas da experiência mística, e constituem um convite também para nós a alimentar a nossa existência com a Palavra de Deus, por exemplo, mediante a escuta mais atenta das leituras e do Evangelho, sobretudo na Missa dominical. É importante, além disso, dedicar todos os dias um certo tempo à meditação da Bíblia, para que a Palavra de Deus seja lâmpada que ilumina o nosso caminho quotidiano sobre a terra.

Pelo contrário, a teologia escolástica – como disse – era praticada nas scholae, que surgiram ao lado das grandes catedrais da época, para a preparação do clero, ou em volta de um mestre de teologia e dos seus discípulos, para formar profissionais da cultura, numa época na qual o saber era cada vez mais apreciado. No método dos escolásticos era central a quaestio, ou seja, o problema que se apresenta ao leitor ao enfrentar as palavras da Escritura e da Tradição. Face ao problema que estes textos influentes apresentam, levantam-se questões e nasce o debate entre o mestre e os estudantes. Neste debate surgem por um lado os argumentos da autoridade, por outro os da razão e o debate desenvolve-se no sentido de encontrar, no final, uma síntese mais profunda da palavra de Deus. A este propósito, São Boaventura diz que a teologia é "per additionem" (cf. Commentaria in quatuor libros sententiarum, I, proem., q. 1, concl.), ou seja, a teologia acrescenta a dimensão da razão à palavra de Deus e assim cria uma fé mais profunda, mais pessoal e, por conseguinte, também mais concreta na vida do homem. Neste sentido, encontravam-se diversas soluções e formavam-se conclusões que começavam a construir um sistema de teologia. A organização das quaestiones levava à compilação de sínteses cada vez mais extensas, ou seja, compunham-se as diversas quaestiones com as respostas que surgiam, criando assim uma síntese, as chamadas summae, que eram, na realidade, amplos tratados teológico-dogmáticos nascidos do confronto da razão humana com a palavra de Deus. A teologia escolástica tinha como objectivo apresentar a unidade e a harmonia da Revelação cristã com um método, chamado precisamente "escolástico", da escola, que concede confiança à razão humana: a gramática e a filologia estão ao serviço do saber teológico, mas ainda mais está a lógica, que é a disciplina que estuda o "funcionamento" do raciocínio humano, de modo que sobressaia a verdade de uma proposição. Ainda hoje, lendo as summae escolásticas permanecemos admirados com a ordem, a clareza, o nexo lógico dos argumentos e a profundidade de algumas intuições. Com linguagem técnica é atribuído a cada palavra um significado claro e, entre o crer e o compreender, estabelece-se um recíproco movimento de esclarecimento.

Queridos irmãos e irmãs, fazendo eco ao convite da Primeira Carta de Pedro, a teologia escolástica estimula-nos a estar sempre prontos a responder a quem quer que nos pergunte a razão da nossa esperança (cf.
1P 3,15). Ao ouvir as perguntas como se fossem nossas e assim ser capazes também de dar uma resposta. Recorda-nos que entre fé e razão existe uma amizade natural, fundada na própria ordem da criação. O Servo de Deus João Paulo II, no incipit da Encíclica Fides et ratio escreve: "A fé e a razão são como duas asas, com as quais o espírito humano se eleva rumo à contemplação da verdade" (FR 1). A fé está aberta ao esforço de compreensão da parte da razão; a razão, por sua vez, reconhece que a fé não a mortifica, aliás, estimula-a para horizontes mais amplos e elevados. Insere-se aqui a perene lição da teologia monástica. Fé e razão, em recíproco diálogo, vibram de alegria quando ambas estão animadas pela busca da união íntima com Deus. Quando o amor vivifica a dimensão orante da teologia, o conhecimento, adquirido pela razão, alarga-se. A verdade é procurada com humildade, acolhida com estupefacção e gratidão: numa palavra, o conhecimento cresce unicamente se ama a verdade. O amor torna-se inteligência e a teologia, autêntica sabedoria do coração, que orienta e ampara a fé e a vida dos crentes. Rezemos portanto para que o caminho do conhecimento e do aprofundamento dos Mistérios de Deus seja sempre iluminado pelo amor divino.



Saudação

Amados peregrinos do Porto e demais pessoas de língua portuguesa, sede bem-vindos! Uma saudação particular ao coro infanto-juvenil de Maringá e aos grupos paroquais de Santa Cruz, em Belém, e de nossa Senhora do Carmo, no Rio de Janeiro. Que nada vos impeça de viver e crescer na amizade de Deus. Procurai iluminar o vosso caminho com a Palavra divina, ouvindo-a atentamente na Eucaristia do domingo e reservando alguns momentos em cada dia para a sua meditação. Sobre vós e vossas famílias, desça a minha Bênção.



Praça de São Pedro

4 de Novembro de 2009: A controvérsia entre dois modelos teológicos: Bernardo de Claraval e Abelardo


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