Audiências 2005-2013 25047

25 de Abril 2007: Orígenes: a vida e a obra (1)

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Queridos irmãos e irmãs!

Nas nossas meditações sobre as grandes personalidades da Igreja antiga, hoje conhecemos uma das mais relevantes. Orígenes de Alexandria é realmente uma das personalidades determinantes para todo o desenvolvimento do pensamento cristão. Ele recebe a herança de Clemente de Alexandria, sobre o qual meditámos na passada quarta-feira, e impele para o futuro de modo totalmente inovativo, imprimindo uma mudança irreversível ao desenvolvimento do pensamento cristão. Foi um "mestre" verdadeiro, e assim o recordavam com saudades e emoção os seus alunos: não só um brilhante teólogo, mas uma testemunha exemplar da doutrina que transmitia. "Ele ensinou", escreve Eusébio de Cesareia, seu biógrafo entusiasta, "que o comportamento deve corresponder exactamente às palavras e foi sobretudo por isso que, ajudado pela graça de Deus, induziu muitos a imitá-lo" (Hist. Eccl. 6, 3, 7).

Toda a sua vida foi percorrida por um profundo anseio pelo martírio. Tinha dezassete anos quando, no décimo ano do imperador Setímio Severo, se desencadeou em Alexandria a perseguição contra os cristãos. Clemente, seu mestre, abandonou a cidade, e o pai de Orígenes, Leónidas, foi encarcerado. O seu filho bramava ardentemente pelo martírio, mas não pôde realizar este desejo.

Então escreveu ao pai, exortando-o a não desistir do testemunho supremo da fé. E quando Leónidas foi decapitado, o pequeno Orígenes sentiu que devia acolher o exemplo da sua vida. Quarenta anos mais tarde, quando pregava em Cesareia, fez esta confissão: "Não me é útil ter tido um pai mártir, se não tenho um bom comportamento e não honro a nobreza da minha estirpe, isto é, o martírio de meu pai e o testemunho que o tornou ilustre em Cristo" (Hom. Ex
Ex 4,8). Numa homilia sucessiva quando, graças à extrema tolerância do imperador Filipe o Árabe, já parecia não haver a eventualidade de um testemunho cruento Orígenes exclama: "Se Deus me concedesse ser lavado no meu sangue, de modo a receber o segundo baptismo tendo aceite a morte por Cristo, afastar-me-ia deste mundo seguro... Mas são bem aventurados os que merecem estas coisas" (Hom. Iud. 7, 12). Estas expressões revelam toda a nostalgia de Orígenes pelo baptismo de sangue. E finalmente este anseio irresistível foi, pelo menos em parte, satisfeito. Em 250, durante a perseguição de Décio, Orígenes foi preso e torturado cruelmente. Debilitado pelos sofrimentos suportados, faleceu alguns anos mais tarde. Ainda não tinha setenta anos.

Mencionámos aquela "mudança irreversível" que Orígenes imprimiu à história da teologia e do pensamento cristão. Mas em que consiste esta "mudança", esta novidade tão cheia de consequências? Ela corresponde substancialmente à fundação da teologia na explicação das Escrituras. Fazer teologia era para ele essencialmente explicar, compreender a Escritura; ou poderíamos dizer também que a sua teologia é a perfeita simbiose entre teologia e exegese. Na verdade, a sigla própria da doutrina ogigeniana parece residir precisamente no convite incessante a passar das palavras ao espírito das Escrituas, para progredir no conhecimento de Deus. E este chamado "alegorismo", escreveu von Balthasar, coincide precisamente "com o desenvolvimento do dogma cristão realizado pelo ensinamento dos doutores da Igreja", os quais de uma forma ou de outra receberam a "lição" de Orígenes. Assim a tradição e o magistério, fundamento e garantia da busca teológica, chegam a configurar-se como "Escritura em acto" (cf. Origene: il mondo, Cristo e la Chiesa, tr. it, Milão 1972, p. 43). Por isso, podemos afirmar que o núcleo central da imensa obra literária de Orígenes consiste na sua "tríplice leitura" da Bíblia. Mas antes de ilustrar esta "leitura" convém lançar um olhar de conjunto à produção literária do Alexandrino. São Jerónimo na sua Epístola 33 elenca os títulos de 320 livros e de 310 homilias de Orígenes. Infelizmente a maior parte desta obra perdeu-se, mas também o pouco que permaneceu faz dele o autor mais fecundo dos primeiros três séculos cristãos. O seu raio de interesses alarga-se da exegese ao dogma, à filosofia, à apologética, à ascética e à mística. É uma visão fundamental e global da vida cristã.

O centro inspirador desta obra é, como mencionámos, a "tríplice leitura" das Escrituras desenvolvida por Orígenes ao longo da sua vida. Com esta expressão pretendemos aludir às três modalidades mais importantes entre si não sucessivas, aliás com mais frequência sobrepostas com as quais Orígenes se dedicou ao estudo das Escrituras. Em primeiro lugar ele leu a Bíblia com a intenção de verificar do melhor modo o seu texto e de oferecer a edição mais fidedigna. Este, por exemplo, é o primeiro passo: conhecer realmente o que está escrito e conhecer o que esta escritura pretendia intencional e inicialmente dizer. Fez um grande estudo com esta finalidade e redigiu uma edição da Bíblia com seis colunas paralelas, da esquerda para a direita, com o texto hebraico em caracteres hebraicos teve também contactos com os rabinos para compreender bem o texto original hebraico da Bíblia depois o texto hebraico transliterado em caracteres gregos e depois quatro traduções diversas em língua grega, que lhe permitiam comparar as diversas possibilidades de tradução. Isto originou o título de "Hexapla" ("seis colunas") atribuído a esta imane sinopse. Este é o primeiro ponto: conhecer exactamente o que está escrito, o texto como tal.

Em segundo lugar Orígenes leu sistematicamente a Bíblia com os seus célebres Comentários. Eles reproduzem fielmente as explicações que o mestre oferecia durante a escola, tanto em Alexandria como em Cesareia. Orígenes procede quase versículo por versículo, em forma minuciosa, ampla e aprofundada, com notas de carácter filológico e doutrinal. Ele trabalha com grande rigor para conhecer bem o que queriam dizer os autores sagrados.

Por fim, também antes da sua ordenação presbiteral, Orígenes dedicou-se muitíssimo à pregação da Bíblia, adaptando-se a um público muito variado. Contudo, sente-se também nas suas Homelias o mestre, totalmente dedicado à interpretação sistemática da perícope em exame, pouco a pouco fraccionada nos versículos seguintes. Também nas Homilias Orígenes aproveita todas as ocasiões para recordar as diversas dimensões do sentido da Sagrada Escritura, que ajudam ou expressam um caminho no crescimento da fé: há o sentido "literal", mas ele esconde profundidades que não se vêem num primeiro momento; a segunda dimensão é o sentido "moral": o que devemos fazer vivendo a palavra; e por fim, o sentido "espiritual", isto é, a unidade da Escritura, que em todo o seu desenvolvimento fala de Cristo. É o Espírito Santo que nos faz compreender o conteúdo cristológico e assim a unidade da Escritura na sua diversidade. Seria interessante mostrar isto.

Tentei um pouco, no meu livro "Jesus de Nazaré", mostrar na situação de hoje estas numerosas dimensões da Palavra, da Sagrada Escritura, que primeiro deve ser respeitada precisamente no sentido histórico. Mas este sentido transcende-nos para Cristo, na luz do Espírito Santo, e mostra-nos o caminho, como viver. Isto é mencionado, por exemplo, na nona Homilia sobre os números, onde Orígenes compara a Escritura com as nozes: "Assim é a doutrina da Lei e dos Profetas na escola de Cristo", afirma o homileta; "amarga é a casca, que é como a letra; em segundo lugar, chegarás à semente, que é a doutrina moral; em terceiro encontrarás o sentido dos mistérios, do qual se alimentam as almas dos santos na vida presente e na futura" (Hom. Num. Nb 9,7).

Sobretudo por este caminho Orígenes consegue promover eficazmente a "leitura cristã" do Antigo Testamento, contestando de maneira brilhante o desafio daqueles hereges sobretudo gnósticos e marcionitas que opunham entre si os dois Testamentos até rejeitar o Antigo. A este propósito, na mesma Homilia sobre os Números o Alexandrino afirma: "Eu não chamo à Lei "Antigo Testamento", se a compreendo no Espírito. A Lei torna-se um "Antigo Testamento" só para aqueles que a desejam compreender carnalmente", isto é, detendo-se no sentido literal. Mas "para nós, que a compreendemos e aplicamos no Espírito e no sentido do Evangelho, a Lei é sempre nova, e os dois Testamentos são para nós um novo Testamento, não por causa da data temporal, mas pela novidade do sentido... Ao contrário, para o pecador e para quantos não respeitam o pacto da caridade, também os Evangelhos envelhecem" (Hom. Nb 9,4).

Convido-vos e assim concluo a acolher no vosso coração o ensinamento deste grande mestre na fé. Ele recorda-nos com íntimo arrebatamento que, na leitura orante da Escritura e no compromisso coerente da vida, a Igreja renova-se e rejuvenesce sempre. A Palavra de Deus, que nunca envelhece, e nunca termina, é o meio privilegiado para esta finalidade. De facto, é a Palavra de Deus que, por obra do Espírito Santo, nos guia sempre de novo à verdade total (cf. Bento XVI, Aos participantes no Congresso Internacional no XL aniversário da Constituição dogmática "Dei Verbum", 16/9/2005). E rezemos ao Senhor para que nos dê hoje pensadores, teólogos, exegetas que encontrem esta multidimensão, esta actualidade permanente da Sagrada Escritura, a sua novidade para hoje. Rezemos para que o Senhor nos ajude a ler de modo orante a Sagrada Escritura, a alimentar-nos realmente do verdadeiro pão da vida, da sua Palavra.

Saudação

Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, especialmente os portugueses da Paróquia de Santo António do Estoril, e um grupo de visitantes brasileiros. Possam as vossas obras e orações elevarem-se diariamente ao Pai pela santificação e unidade da grande família humana em Jesus Cristo. Sirva-vos de apelo e encorajamento a Bênção que de bom grado vos concedo, extensiva aos vossos familiares e conterrâneos.

Apelo

Por iniciativa das Nações Unidas, esta semana é dedicada à segurança estradal. Dirijo uma palavra de encorajamento às Instituições públicas que se comprometem para manter as rodovias seguras e salvaguardar a vida humana com instrumentos adequados, e a quantos se dedicam à busca de novas tecnologias e estratégias para reduzir os demasiados desastres nas estradas do mundo inteiro. E ao convidar para rezar pelas vítimas, pelos feridos e seus familiares, faço votos para que um consciente senso de responsabilidade para com o próximo induza os automobilistas, sobretudo os jovens, à prudência e a um maior respeito pelo código da estrada.



2 de Maio 2007: Orígenes: o pensamento (2)

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Queridos irmãos e irmãs!

A catequese de quarta-feira passada foi dedicada à grande figura de Orígenes, doutor de Alexandria dos séculos II-III. Naquela catequese tomámos em consideração a vida e a produção literária do grande mestre de Alexandria, indicando na "tríplice leitura" da Bíblia, por ele conotada, o núcleo animador de toda a sua obra. Deixei de parte para os retomar hoje dois aspectos da doutrina origeniana, que considero entre os mais importantes e actuais: pretendo falar dos seus ensinamentos sobre a oração e sobre a Igreja.

Na verdade Orígenes autor de um importante e sempre actual tratado Sobre a oração entrelaça constantemente a sua produção exegética e teológica com experiências e sugestões relativas à adoração. Não obstante toda a riqueza teológica de pensamento, nunca é um desenvolvimento meramente académico; está sempre fundado na experiência da oração, do contacto com Deus. De facto, na sua opinião, a compreensão das Escrituras exige, ainda mais do que o estudo, a intimidade com Cristo e a oração. Ele está convicto de que o caminho privilegiado para conhecer Deus seja o amor, e que não se verifica a autêntica scientia Christi sem se apaixonar por Ele. Na Carta a Gregório Orígenes recomenda: "Dedica-te à lectio das divinas Escrituras; aplica-te a isto com perseverança. Compromete-te na lectio com intenção de acreditar e de agradar a Deus. Se durante a lectio te encontrares diante de uma porta fechada, bate e abrir-te-á aquele guardião, do qual Jesus disse: "O guardião abri-la-á". Aplicando-te assim à lectio divina, procura com lealdade e confiança inabalável em Deus o sentido das Escrituras divinas, que nelas se encontra com grande amplitude. Mas não deves contentar-te com bater e procurar: para compreender as coisas de Deus é-te absolutamente necessária a oratio". Precisamente para nos exortar a ela o Salvador nos disse não só: "Procurai e encontrareis", e "Batei e servos-á aberta", mas acrescentou: "Pedi e recebereis" (Ep.Gr. 4). Sobressai imediatamente o "papel primordial" desempenhado por Orígenes na história da lectio divina. O Bispo Ambrósio de Milão que aprenderá a ler as Escrituras das obras de Orígenes introduzi-la-á depois no Ocidente, para a entregar a Agostinho e à tradição monástica sucessiva.

Como já dissemos, o mais alto nível do conhecimento de Deus, segundo Orígenes, brota do amor. É assim também entre os homens: um só conhece realmente em profundidade o outro se tem amor, se se abrem os corações. Para demonstrar isto, ele baseia-se num significado dado por vezes ao verbo conhecer em hebraico, isto é, quando é utilizado para expressar o acto do amor humano: "Adão conheceu Eva, sua mulher. Ela concebeu..." (
Gn 4,1). Assim é sugerido que a união no amor origina o conhecimento mais autêntico. Assim como o homem e a mulher são "dois numa só carne", assim Deus e o crente se tornam "dois num mesmo espírito". Desta forma a oração do Alexandrino alcança os níveis mais elevados da mística, como é confirmado pelas suas Homilias sobre o Cântico dos Cânticos. Vem a propósito um trecho da primeira Homilia, onde Orígenes confessa. "Com frequência, disto Deus é minha testemunha senti que o Esposo se aproximava de mim no máximo grau; depois afastava-se improvisamente, e eu não pude encontrar o que procurava. De novo sinto o desejo da sua vinda, e por vezes ele volta, e quando me apareceu, quando o tenho entre as mãos, de novo me evita, e quando desaparece ponho-me de novo a procurá-lo..." (Hom. Cant 1,7).

Volta à mente o que o meu venerado Predecessor escreveu, como autêntica testemunha, na Novo millennio ineunte, onde mostrava aos fiéis "como a oração pode progredir, como verdadeiro e próprio diálogo de amor, até tornar a pessoa humana totalmente possuída pelo Amado divino, vibrante ao toque do Espírito, filialmente abandonada ao coração do Pai... Trata-se prosseguia João Paulo II de um caminho totalmente apoiado pela graça, que contudo exige um forte compromisso espiritual e conhece também dolorosas purificações, mas que leva, de diversas formas possíveis, à indizível alegria vivida pelos místicos como "união esponsal"" (NM 33).

Por fim, tratemos um ensinamento de Orígenes sobre a Igreja, e precisamente no interior dela sobre o sacerdócio comum dos fiéis. De facto, como o Alexandrino afirma na sua Homilia sobre o Levítico, "este discurso refere-se a todos nós" (Hom. Lv 9,1). Na mesma Homilia Orígenes referindo-se à proibição feita a Aarão, depois da morte dos seus dois filhos, de entrar na Sancta sanctorum "em qualquer tempo" (Lv 16,2) assim admoesta os fiéis: "Por isto se demonstra que se alguém entrar em qualquer momento no santuário, sem a devida preparação, não revestido das vestes pontifícias, sem ter preparado as ofertas prescritas e tendo-se tornado Deus propício, morrerá... Este discurso refere-se a todos nós. De facto, ordena que saibamos como aceder ao altar de Deus. Ou não sabes que também a ti, isto é, a toda a Igreja de Deus e ao povo dos crentes, foi conferido o sacerdócio? Ouve como Pedro fala dos fiéis: "Raça eleita", diz, "real, sacerdotal, nação santa, povo adquirido por Deus". Portanto, tu tens o sacerdócio porque és "raça eleita", e por isso deves oferecer a Deus o sacrifício... Mas para que tu o possas oferecer dignamente, tens necessidade de vestes puras e distintas das dos outros homens comuns, e é-te necessário o fogo divino" (ibid.).

Assim por um lado, com o "lado cingido" e as "vestes sacerdotais", isto é, a pureza e a honestidade da vida, por outro a "lanterna sempre acesa", isto é, a fé e a ciência das Escrituras, configuram-se como as condições indispensáveis para a prática do sacerdócio universal, que exige pureza e honestidade de vida, fé e ciência das Escrituras. Com razão estas condições são indispensáveis, evidentemente, para a prática do sacerdócio ministerial. Estas condições de íntegro comportamento de vida, mas sobretudo de acolhimento e de estudo da Palavra estabelecem uma verdadeira "hierarquia da santidade" no sacerdócio comum dos cristãos. No vértice deste caminho de perfeição Orígenes coloca o martírio. Sempre na nona Homilia sobre o Levítico alude ao "fogo para o holocausto", isto é, à fé e à ciência das Escrituras, que nunca se deve apagar no altar de quem exerce o sacerdócio. Depois acrescenta: "Mas cada um de nós tem em si" não só o fogo; tem "também o holocausto, e do seu holocausto acende o altar, para que arda sempre. Eu, se renuncio a tudo quanto possuo e tomo a minha cruz e sigo Cristo, ofereço o meu holocausto no altar de Deus; e se entregar o meu corpo para que arda, tendo a caridade, e obtiver a glória do martírio, ofereço o meu holocausto no altar de Deus" (Hom. Lev. Lv 9,9).

Este inexaurível caminho de perfeição "refere-se a todos nós", sob a condição de que "o olhar do nosso coração" esteja voltado para a contemplação da Sabedoria e da Verdade, que é Jesus Cristo. Pregando sobre o discurso de Jesus de Nazaré quando "os olhos de toda a sinagoga estavam fixos nele" (cf. Lc 4,16-30) parecia que Orígenes se dirigia precisamente a nós: "Também hoje, se o quiserdes, nesta assembleia os vossos olhos podem fixar o Salvador. De facto, quando dirigires o olhar mais profundo do coração para a contemplação da Sabedoria, da Verdade e do Filho único de Deus, então os teus olhos verão a Deus. Feliz assembleia, a que a Escritura afirma que os olhos de todos estavam fixos nele! Como desejaria que esta assembleia recebesse um testemunho semelhante, que os olhos de todos, dos não baptizados e dos fiéis, das mulheres, dos homens e das crianças, não os olhos do corpo, mas da alma, olhassem para Jesus!... Impressa sobre nós está a luz do teu rosto, Ó Senhor, ao qual pertencem a glória e o poder nos séculos dos séculos. Amém!" (Hom. Lc 32,6).
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Saudação

Sem esquecer os demais peregrinos presentes de língua portuguesa, dirijo uma particular saudação aos membros da paróquia São José de Cerquilho, no Estado de São Paulo, e da Família Franciscana do Brasil, quase às vésperas da minha tão esperada Viagem Pastoral a esta Nação, que se Deus quiser, iniciarei na próxima quarta-feira. Além dos encontros com a juventude latino-americana e com o Episcopado daquele Continente, espero poder presidir à canonização do Beato Frei Antonio de Sant'Anna Galvão e inaugurar, em Aparecida, a Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe.

Vamos nos encomendar à proteção de Nossa Senhora pelo sucesso desse evento de grande importância para toda a América Latina. Este significativo encontro eclesial sirva de estímulo para os discípulos de Cristo, a fim de que acolham com fé destemida e renovada esperança as conclusões desta Magna Assembléia. Sobre todos, desça a minha Bênção!



23 de Maio 2007: Viagem Apostólica ao Brasil

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Queridos irmãos e irmãs!

Nesta audiência geral gostaria de me deter sobre a Viagem apostólica que fiz ao Brasil, de 9 a 14 deste mês. Depois de dois anos de Pontificado, tive finalmente a alegria de ir à América Latina, que tanto amo e onde vive, de facto uma grande parte dos católicos do mundo. A meta foi o Brasil, mas quis abraçar todo o grande subcontinente latino-americano, também porque o acontecimento eclesial que lá me chamou foi a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe. Desejo renovar a expressão da minha profunda gratidão pelo acolhimento recebido aos queridos irmãos Bispos, em particular aos de São Paulo e de Aparecida. Agradeço ao Presidente do Brasil e às outras Autoridades civis, a sua cordial e generosa colaboração; com grande afecto agradeço ao povo brasileiro o calor com que me acolheu era verdadeiramente grande e comovedor e a atenção que prestou às minhas palavras.

A minha viagem teve em primeiro lugar o valor de um acto de louvor a Deus pelas "maravilhas" realizadas nos povos da América Latina, pela fé que animou a sua vida e a sua cultura durante mais de quinhentos anos. Neste sentido foi uma peregrinação, que teve o seu ápice no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira principal do Brasil. O tema da relação entre fé e cultura foi sempre muito considerado pelos meus Predecessores Paulo VI e João Paulo II. Quis retomá-lo confirmando a Igreja que está na América Latina e no Caribe no caminho de uma fé que se fez e se faz história vivida, piedade popular, arte, em diálogo com as ricas tradições pré-colombianas e depois com as múltiplas influências europeias e de outros continentes.

Sem dúvida, a recordação de um passado glorioso não pode ignorar as sombras que acompanharam a obra de evangelização do continente latino-americano: de facto, não é possível esquecer os sofrimentos e as injustiças impostos pelos colonizadores às populações indígenas, muitas vezes violadas nos seus direitos humanos fundamentais. Mas a obrigatória menção de tais crimes injustificáveis – crimes que já na época foram condenados por missionários como Bartolomeu de las Casas e por teólogos como Francisco da Vitória da Universidade de Salamanca – não deve impedir de tomar consciência com gratidão da obra maravilhosa realizada pela graça divina entre aquelas populações ao longo destes séculos. O Evangelho tornou-se assim no Continente o elemento principal de uma síntese dinâmica que, com vários aspectos segundo as diversas nações, expressa contudo a identidade dos povos latino-americanos. Hoje, na época da globalização, esta identidade católica apresenta-se ainda como a resposta mais adequada, se estiver animada por uma séria formação espiritual e pelos princípios da doutrina social da Igreja.

O Brasil é um grande País que conserva valores cristãos profundamente radicados, mas vive também grandes problemas sociais e económicos. A fim de contribuir para a sua solução a Igreja deve mobilizar todas as forças espirituais e morais das suas comunidades, procurando oportunas convergências com as outras energias sadias do País. Entre os elementos positivos devem ser indicados a criatividade e a fecundidade daquela Igreja, na qual nascem continuamente novos Movimentos e novos Institutos de vida consagrada. Digna de menção é também a dedicação generosa de tantos fiéis leigos, que se demonstram muito activos nas várias iniciativas promovidas pela Igreja.

O Brasil é também um País que pode oferecer ao mundo o testemunho de um novo modelo de desenvolvimento: a cultura cristã de facto pode animar nele uma "reconciliação" entre os homens e a criação, a partir da recuperação da dignidade pessoal na relação com Deus Pai. Neste sentido, um exemplo eloquente é a Fazenda da Esperança, uma rede de comunidades de recuperação para jovens que desejam sair do túnel tenebroso da droga. Na que visitei, ficando com uma profunda impressão dela que conservo viva no coração, é significativa a presença de um mosteiro de Irmãs Clarissas. Isto pareceu-me muito emblemático para o mundo de hoje, que tem necessidade de uma "recuperação" certamente psicológica e social, mas ainda mais profundamente espiritual. E emblemática foi também a canonização, celebrada na alegria, do primeiro Santo nativo do País: Frei Antonio de Sant'Anna Galvão. Este sacerdote franciscano do século XVIII, devotíssimo da Virgem Maria, apóstolo da Eucaristia e da Confissão, foi chamado, ainda vivo, "homem de paz e de caridade". O seu testemunho é uma ulterior confirmação de que a santidade é a verdadeira revolução, que pode promover a autêntica reforma da Igreja e da sociedade.

Na Catedral de São Paulo encontrei os Bispos do Brasil, a Conferência Episcopal mais numerosa do mundo. Dar-lhes testemunho do apoio do Sucessor de Pedro era uma das principais finalidades da minha missão, porque conheço os grandes desafios que o anúncio do Evangelho deve enfrentar naquele País. Encorajei os meus Coirmãos a prosseguir e fortalecer o compromisso da nova evangelização, exortando-os a desenvolver de modo minucioso e metódico, a difusão da Palavra de Deus, para que a religiosidade inata e difundida das populações possa ser aprofundada e tornar-se fé madura, adesão pessoal e comunitária ao Deus de Jesus Cristo. Animei-os a recuperar em toda a parte o estilo da primitiva comunidade cristã, descrita no Livro dos Actos dos Apóstolos: assídua na catequese, na vida sacramental e na caridade laboriosa. Conheço a dedicação destes fiéis servos do Evangelho, que desejam apresentar sem limites nem confusões, vigiando sobre o depósito da fé com discernimento; também é sua constante preocupação promover o desenvolvimento social principalmente mediante a formação dos leigos, chamados a assumir responsabilidades no campo da política e da economia. Agradeço a Deus ter-me concedido aprofundar a comunhão com os Bispos brasileiros, e continuo a tê-los sempre presentes na minha oração.

Outro momento importante da Viagem foi sem dúvida o encontro com os jovens, esperança não só para o futuro, mas força vital também para o presente da Igreja e da sociedade. Por isso a vigília por eles animada em São Paulo foi uma festa da esperança, iluminada pelas palavras de Cristo dirigidas ao "jovem rico", que lhe tinha perguntado: "Mestre, que hei-de fazer de bom para alcançar a vida eterna?" (
Mt 19,16). Jesus indicou-lhe antes de tudo "os mandamentos" como o caminho da vida, e depois convidou-o a deixar tudo para o seguir. Também hoje a Igreja faz o mesmo: antes de tudo repropõe os mandamentos, verdadeiro caminho de educação da liberdade para o bem pessoal e social; e sobretudo propõe o "primeiro mandamento", o do amor, porque sem o amor também os mandamentos não podem dar pleno sentido à vida e originar a verdadeira felicidade. Só quem encontra em Jesus o amor de Deus e se coloca neste caminho para o praticar entre os homens, se torna seu discípulo e missionário. Convidei os jovens a serem apóstolos dos seus coetâneos e por isso a ocupar-se sempre da sua formação humana e espiritual; a ter grande estima pelo matrimónio e pelo caminho que a ele conduz, na castidade e na responsabilidade; a ser abertos também à chamada à vida consagrada pelo Reino de Deus. Em síntese, encorajei-os a fazer frutificar a grande "riqueza" da sua juventude, para ser o rosto jovem da Igreja.

Ápice da Viagem foi a inauguração da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, no Santuário de Nossa Senhora Aparecida. O tema desta grande e importante assembleia, que se concluirá no final do mês, é "Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que n'Ele nossos povos tenham vida Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida". O binómio "discípulos e missionários" corresponde ao que o Evangelho de Marcos diz a propósito da chamada dos Apóstolos: "(Jesus) constituiu Doze para andarem com Ele e também para os enviar a pregar" (Mc 3,14-15). Por conseguinte, a palavra "discípulos" recorda a dimensão formativa e do seguimento, da comunhão e da amizade com Jesus; o termo "missionários" expressa o fruto do discipulado, isto é, o testemunho e a comunicação da experiência vivida, da verdade e do amor conhecidos e assimilados. Ser discípulos e missionários exige um vínculo estreito com a Palavra de Deus, com a Eucaristia e com os outros Sacramentos, o viver na Igreja em escuta obediente dos seus ensinamentos. Renovar com alegria a vontade de ser discípulos de Jesus, de "estar com Ele", é a condição fundamental para ser seus missionários "recomeçando a partir de Cristo", segundo a recomendação do Papa João Paulo II a toda a Igreja depois do Jubileu de 2000. O meu venerado Predecessor insistiu sempre sobre uma evangelização "nova no seu ardor, nos seus métodos, na sua expressão", como afirmou precisamente falando à Assembleia do CELAM, a 9 de Março de 1983, em Haiti (cf. Insegnamenti VI/1 [1983], 698). Com a minha Viagem apostólica, quis exortar a prosseguir por este caminho, oferecendo como perspectiva unificadora a da Encíclica Deus caritas est, uma perspectiva inseparavelmente teológica e social, que pode ser resumida com esta expressão: é o amor que dá a vida. "A presença de Deus, a amizade com o Filho de Deus encarnado, a luz da sua Palavra, são sempre condições fundamentais para a presença e a eficácia da justiça e do amor nas nossas sociedades" (Discurso inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 4).

À materna intercessão da Virgem Maria, venerada com o título de Nossa Senhora de Guadalupe como Padroeira de toda a América Latina, e ao novo Santo brasileiro, Frei Antonio de Sant'Anna Galvão, confio os frutos desta inesquecível Viagem apostólica.
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Saudação:

Saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, mormente os portugueses da Paróquia de Nossa Senhora de Laveiras-Caxias; Vale da Figueira-Setúbal; Porto Diniz e inclusive um grupo de visitantes. Saúdo também os numerosos brasileiros de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Brasília. A todos peço orações pelos frutos da minha Viagem na Terra de Santa Cruz, enquanto de coração vos concedo a Bênção Apostólica.



30 de Maio 2007: Tertuliano

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Queridos irmãos e irmãs!

Retomamos com a catequese de hoje a série das catequeses abandonada por ocasião da viagem ao Brasil e prosseguimos falando das grandes personalidades da Igreja antiga: são mestres da fé também para nós hoje e testemunhas da perene actualidade da fé cristã. Hoje falamos de um africano, Tertuliano, que entre o final do segundo e o início do terceiro século inaugura a literatura cristã em língua latina. Com ele tem início uma teologia nesta língua. A sua obra deu frutos decisivos, que seria imperdoável subestimar. A sua influência desenvolve-se em diversos planos: partimos da linguagem e da recuperação da cultura clássica, chegando aos da localização de uma comum "alma cristã" no mundo e da formulação de novas propostas de convivência humana. Não conhecemos com exactidão as datas do seu nascimento e da sua morte. Mas sabemos que em Cartago, nos finais do século II, de pais e de professores pagãos, recebeu uma sólida formação rectórica, filosófica, jurídica e histórica. Depois, converteu-se ao cristianismo, atraído como parece pelo exemplo dos mártires cristãos. Começou a publicar os seus escritos mais famosos em 197. Mas uma busca demasiado individual da verdade juntamente com as intemperanças do carácter era um homem rigoroso levaram-no gradualmente a deixar a seita do montanismo. Contudo, a originalidade do pensamento juntamente com a incisiva eficiência da linguagem garantem-lhe uma posição eminente na literatura cristã antiga.

São famosos sobretudo os seus escritos de carácter apologético. Eles manifestam duas intenções principais: a de contestar as gravíssimas acusações que os pagãos faziam contra a nova religião, e, a mais propositiva e missionária, de comunicar a mensagem do Evangelho em diálogo com a cultura do tempo. A sua obra mais conhecida, o Apologético, denuncia o comportamento injusto das autoridades políticas em relação à Igreja; explica e defende os ensinamentos e os costumes dos cristãos; indica as diferenças entre a nova religião e as principais correntes filosóficas do tempo; manifesta o triunfo do Espírito, que faz oposição à violência dos perseguidores com o sangue, o sofrimento e a paciência dos mártires: "Por mais requintada que seja escreve o Africano de nada serve a vossa crueldade: aliás, para a nossa comunidade, ela é um convite. A cada vosso golpe de foice nós tornamo-nos mais numerosos: o sangue dos cristãos é uma sementeira eficaz! (semen est sanguis christianorum!)" (Apologético, 50, 13). O martírio, o sofrimento pela verdade no final são vitoriosos e mais eficazes que a crueldade e a violência dos regimes totalitários.

Mas Tertuliano, como qualquer bom apologista, sente ao mesmo tempo a exigência de comunicar positivamente a essência do cristianismo. Por isso ele adopta o método especulativo para ilustrar os fundamentos racionais do dogma cristão. Aprofunda-os de modo sistemático, começando pela descrição do "Deus dos cristãos": "Aquele que nós adoramos afirma o Apologista é um Deus único". E prossegue, empregando as antíteses e os paradoxos característicos da sua linguagem: "Ele é invisível, mesmo se o vemos; inalcançável, mesmo se está presente através da graça; inconcebível, mesmo se os sentidos humanos o podem conceber; por isso é verdadeiro e grande" (ibid., 17, 1-2)!

Além disso, Tertuliano dá um grande passo no desenvolvimento do dogma trinitário; deu-nos no latim a linguagem adequada para expressar este grande mistério, introduzindo os termos "uma substância" e "três Pessoas". De maneira semelhante, desenvolveu muito também a linguagem correcta para expressar o mistério de Cristo Filho de Deus e verdadeiro Homem.

O Africano fala também do Espírito Santo, demonstrando o seu carácter pessoal e divino: "Cremos que, segundo a sua promessa, Jesus Cristo enviou por meio do Pai o Espírito Santo, o Paráclito, o santificador da fé daqueles que crêem no Pai, no Filho e no Espírito" (ibid., 2, 1). Ainda, nas obras do Africano lêem-se numerosos textos sobre a Igreja, que Tertuliano reconhece sempre como "mãe". Também depois da sua adesão ao montanismo, ele não esqueceu que a Igreja é a Mãe da nossa fé e da nossa vida cristã. Ele detém-se também sobre o comportamento moral dos cristãos e sobre a vida futura. Os seus escritos são importantes também para captar tendências vivas nas comunidades cristãs em relação a Maria Santíssima, aos sacramentos da Eucaristia, do Matrimónio e da Reconciliação, ao primado petrino, à oração... De modo especial, naqueles tempos de perseguições em que os cristãos pareciam ser uma minoria perdida, o Apologista exorta-os à esperança que segundo os seus escritos não é simplesmente uma virtude em si, mas uma modalidade que diz respeito a todos os aspectos da existência cristã. Temos a esperança que o futuro é nosso porque o futuro está em Deus. Assim a ressurreição do Senhor é apresentada como o fundamento da nossa ressurreição futura, e representa o objecto principal da confiança dos cristãos: "A carne ressurgirá afirma categoricamente o Africano: toda a carne, precisamente a carne, e a carne inteira. Onde quer que se encontre, ela está depositada junto de Deus, devido ao fidelíssimo mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, que restituirá Deus ao homem e o homem a Deus" (Sobre a ressurreição dos mortos, 63, 1).

Sob o ponto de vista humano pode-se falar sem dúvida de um drama de Tertuliano. Com o passar dos anos ele tornou-se cada vez mais exigente em relação aos cristãos. Pretendia deles em todas as circunstâncias, e sobretudo nas perseguições, um comportamento heróico. Rígido nas suas posições, não poupava críticas pesadas e inevitavelmente acabou por se encontrar isolado. De resto, também hoje permanecem abertas muitas questões, não só sobre o pensamento teológico e filosófico de Tertuliano, mas também sobre a sua atitude em relação às instituições políticas e da sociedade pagã. Faz-me pensar muito esta grande personalidade moral e intelectual, este homem que deu uma grande contribuição para o pensamento cristão. Vê-se que no final lhe falta a simplicidade, a humildade de se inserir na Igreja, de aceitar as suas debilidades, de ser tolerante com os outros e consigo mesmo. Quando se vê só o próprio pensamento na sua grandeza, no final é precisamente esta grandeza que se perde. A característica essencial de um grande teólogo é a humildade de estar com a Igreja, de aceitar as suas e as próprias debilidades, porque só Deus é realmente todo santo. Ao contrário, nós temos sempre necessidade de perdão.

Por fim, o Africano permanece uma testemunha interessante dos primeiros tempos da Igreja, quando os cristãos se viram autênticos sujeitos de "nova cultura" no confronto aproximado entre herança clássica e mensagem evangélica. É sua a célebre afirmação segundo a qual a nossa alma "é naturaliter cristã" (Apologético 17, 6), onde Tertuliano evoca a perene continuidade entre os autênticos valores humanos e cristãos; e também a sua outra reflexão, tirada directamente do Evangelho, segundo a qual "o cristão não pode odiar nem sequer os próprios inimigos" (cf. Apologético 37), onde o aspecto moral, iniludível, da opção da fé, propõe a "não-violência" como regra de vida: e não há quem não veja a dramática actualidade deste ensinamento, também à luz do aceso debate sobre as religiões.

Em resumo, nos escritos do Africano encontram-se numerosos temas que ainda hoje somos chamados a enfrentar. Eles envolvem-nos numa fecunda busca interior, à qual exorto todos os fiéis, para que saibam expressar de modo cada vez mais convicto a Regra da fé voltando mais uma vez a Tertuliano "segundo a qual nós cremos que existe um só Deus, e nenhum outro além do Criador do mundo: Ele criou todas as coisas do nada por meio do seu Verbo, gerado antes de todas as criaturas" (A prescrição dos hereges 13, 1).
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Saudação

A minha saudação a todos os peregrinos de língua portuguesa, de modo especial aos brasileiros da cidade de Ana Rech, no Rio Grande do Sul, conhecida também pelo nome de "Vila dos Presépios", devido à ressonância que dela emana este símbolo natalício em honra de Deus humanado. Com sua vinda, a nossa pobre humanidade tornou-se morada da Santíssima Trindade.

Por Ela, sejam abençoadas as vossas famílias e comunidades com o dom da unidade e da vida plena, na solidariedade e na paz.




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