Discursos Bento XVI 18418

ENCONTRO COM OS FUNCIONÁRIOS DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS Nova Iorque Sexta-feira, 18 de Abril de 2008

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Senhoras e Senhores

Aqui, num pequeno espaço no meio da agitada cidade de Nova Iorque, está situada uma Organização com uma missão vasta como o mundo, de promover a paz e a justiça. Vem-me ao pensamento um contraste análogo, em termos de tamanho, entre o Estado da Cidade do Vaticano e o mundo, em que a Igreja exerce a sua missão universal e o seu apostolado. Os artistas do século XVI, que pintaram os mapas geográficos nas paredes do Palácio Apostólico recordaram aos Papas a vasta extensão do mundo conhecido. Naqueles afrescos oferecia-se aos Sucessores de Pedro um sinal tangível do imenso raio de acção da missão da Igreja num tempo em que a descoberta do Novo Mundo estava a abrir horizontes imprevistos. Aqui, neste Palácio de Vidro, a arte em exposição tem o seu próprio modo de evocar na nossa memória as responsabilidades da Organização das Nações Unidas. Vemos imagens dos efeitos da guerra e da pobreza, é-nos recordado o dever de nos comprometermos em prol de um mundo melhor e sentimos alegria pela genuína multiplicidade e exuberância da cultura humana, manifestada nesta vasta gama de povos e nações reunidos sob a protecção da comunidade internacional.

Na ocasião da minha visita, desejo prestar homenagem à incalculável contribuição dada pelos funcionários administrativos e pelos numerosos empregados das Nações Unidas, que desempenham as suas tarefas todos os dias com tão grande dedicação e profissionalidade aqui em Nova Iorque, noutros centros da ONU e em missões particulares no mundo inteiro. A vós e a quem vos precedeu, gostaria de expressar o meu apreço pessoal e de toda a Igreja católica. Recordamos especialmente os numerosos civis e guardiães da paz que sacrificaram a sua vida na primeira linha pelo bem dos povos que servem quarenta e dois deles somente em 2007. Recordamos também a grande multidão de quantos dedicam a sua vida a trabalhos nunca suficientemente reconhecidos, levados a cabo não raro em condições difíceis. A todos vós tradutores, secretários, pessoal administrativo de todos os tipos, equipes de manutenção e de segurança, agentes em favor do desenvolvimento, guardiães da paz e muitos outros o meu mais sincero agradecimento. O trabalho por vós realizado torna a Organização capaz de uma contínua busca de caminhos para alcançar os objectivos para os quais foi fundada.

Das Nações Unidas fala-se frequentemente como da "família das nações". Do mesmo modo, poder-se-ia descrever a sede central aqui em Nova Iorque como um lar, um lugar de hospitalidade e de solicitude pelo bem dos membros da família em toda a parte. É um lugar excelente, onde promover o aumento da compreensão e da colaboração entre os povos. Justamente, os funcionários das Nações Unidas são escolhidos de uma vasta gama de culturas e nacionalidades. O pessoal aqui constitui um microcosmos do mundo inteiro, onde cada pessoa oferece uma contribuição indispensável sob o ponto de vista do seu particular património cultural e religioso. Os ideais que inspiraram os fundadores desta instituição devem expressar-se, aqui e em cada uma das missões da Organização, no respeito e na aceitação recíprocos, que são os sinais distintivos de uma família próspera.

Nos debates internos das Nações Unidas, é dada uma crescente importância à "responsabilidade de proteger". Com efeito, ela começa a ser reconhecida como a base moral para o direito de um governo de exercer a autoridade. É também uma característica que, por natureza, pertence à família, onde os membros mais fortes cuidam dos mais frágeis. Esta Organização, atenta a que medida os governos correspondem à sua responsabilidade de tutelar os seus cidadãos, presta um serviço importante em nome da comunidade internacional. A nível do dia-a-dia, sois vós que, mediante a consideração que demonstrais uns pelos outros no lugar de trabalho e mediante a vossa solicitude pelos numerosos povos cujas necessidades e aspirações vós servis com tudo aquilo que realizais, lançais os fundamentos sobre os quais se edifica este trabalho.

A Igreja católica, por meio da actividade internacional da Santa Sé e através das numerosas actividades de católicos leigos, Igrejas locais e comunidades religiosas garante-vos o seu sustento para o vosso trabalho. Asseguro-vos uma especial recordação para vós e para os vossos familiares nas minhas orações. Queira Deus Todo-Poderoso abençoar-vos sempre e confortar-vos com a sua graça e a sua paz a fim de que, mediante a atenção que ofereceis a toda a família humana, possais continuar a servi-lo. Obrigado!



ENCONTRO COM OS REPRESENTANTES DA COMUNIDADE JUDAICA Sinagoga do Park East, New York Sexta-feira, 18 de Abril de 2008

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Prezados amigos

Shalom! Foi com grande alegria que vim aqui, a poucas horas do início da celebração da vossa Pesah, para expressar o meu respeito e a minha estima à comunidade judaica de Nova Iorque. A proximidade deste lugar de culto da minha residência oferece-me hoje a oportunidade para vos saudar. Considero emocionante o pensamento que Jesus, quando era jovem, ouviu as palavras da Escritura e rezou num lugar como este. Agradeço ao Rabino Schneier as suas palavras de boas-vindas e em particular estou grato pelo vosso amável dom, as flores de Primavera e o delicioso cântico que as crianças executaram em minha honra. Sei bem que a comunidade judaica ofereceu uma contribuição válida para a vida da cidade, e encorajo-vos todos a continuar a construir pontes de amizade com todos os numerosos e diversos grupos étnicos e religiosos que vivem perto de vós. Asseguro-vos de modo especial a minha proximidade neste momento, em que vos prepararais para celebrar as grandes gestas do Omnipotente e para cantar os louvores daquele que realizou tais prodígios para o seu povo. Peço a todos vós que transmitais as minhas saudações aos membros da comunidade judaica. Bendito seja o nome do Senhor!


ENCONTRO ECUMÉNICO Igreja de São José, Nova Iorque Sexta-feira, 18 de Abril de 2008

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Estimados irmãos e irmãs em Cristo

O meu coração está repleto de gratidão a Deus "Pai de todos, que reina sobre todos, age por todos e permanece em todos" (
Ep 4,6) por esta feliz oportunidade de me encontrar esta tarde em oração convosco. Agradeço ao Bispo D. Dennis Sullivan a sua cordial saudação de boas-vindas e, com afecto, saúdo todos os presentes em representação das comunidades cristãs espalhadas pelos Estados Unidos. A paz do nosso Senhor e Salvador esteja com todos vós!

Através de vós, tenciono expressar o meu sincero apreço pela inestimável obra de todos aqueles que estão comprometidos no ecumenismo: o National Council of Churches, o Christian Churches Together, o Catholic Bishops's Secretariat for Ecumenical and Interreligious Affairs, além de muitos outros. A contribuição oferecida ao movimento ecuménico pelos cristãos dos Estados Unidos é sentida no mundo inteiro. Encorajo todos vós a perseverar, confiando sempre na graça de Cristo ressuscitado, que nos esforçamos por servir para obter "a obediência da fé... para glória do seu nome" (cf. Rm 1,5).

Acabamos de ouvir o trecho da Escritura em que Paulo o "prisioneiro do Senhor" formula o seu urgente apelo aos membros da comunidade cristã de Éfeso. "Exorto-vos, pois escreve a que procedais de um modo digno do chamamento que recebestes... para manter a unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz" (Ep 4,1-3). Em seguida, no final do seu apaixonado apelo à unidade, Paulo recorda aos seus leitores que Jesus, uma vez que subiu ao Céu, derramou sobre todos os homens os dons necessários para a edificação do Corpo de Cristo (cf. Ef Ep 4,11-13).

Hoje a exortação de Paulo não ressoa com menor força. As suas palavras infundem em nós a certeza de que o Senhor jamais nos abandonará na nossa busca da unidade. Convidam-nos, outrossim, a viver de modo a dar testemunho daquele "um só coração e uma só alma" (Ac 4,32), que foi sempre característica da koinonia cristã (cf. Ac 2,42) e a força que atrai quantos estão fora para entrarem a fazer parte da comunidade dos crentes, de modo que também eles possam compartilhar as "insondáveis riquezas de Cristo" (Ep 3,8).

A globalização pôs a humanidade entre dois extremos. Por um lado, o crescente sentido de inter-relação e interdependência entre os povos, mesmo quando falando em termos geográficos e culturais estão distantes entre si. Esta nova situação oferece a possibilidade de melhorar o sentido da solidariedade global e da partilha das responsabilidades pelo bem da humanidade. Por outro lado, não se pode negar que as rápidas mudanças que se verificam no mundo apresentam, também elas, alguns sinais inquietantes de fragmentação e de fechamento no individualismo. Paradoxalmente, o uso cada vez mais difundido da electrónica no mundo das comunicações provocou um aumento do isolamento. Por esta razão, muitos inclusive os jovens procuram formas mais autênticas de comunidade. É também fonte de grave preocupação a difusão da ideologia secularista que ameaça e até rejeita a verdade transcendente. A própria possibilidade de uma revelação divina e, por conseguinte, da fé cristã, é muitas vezes posta em discussão por modas de pensamento amplamente presentes nos ambientes universitários, nos mass media e na opinião pública. Por estes motivos, é necessário como nunca um testemunho fiel do Evangelho. Pede-se aos cristãos que digam claramente a razão da sua esperança (cf. 1P 3,15).

Com demasiada frequência os não-cristãos, que observam a fragmentação das comunidades cristãs, justamente permanecem confundidos a propósito da própria mensagem do Evangelho. Às vezes, credos e comportamentos cristãos fundamentais são modificados no seio das comunidades, por chamadas "acções proféticas" fundadas numa hermenêutica nem sempre em sintonia com os dados da Escritura e da Tradição. Por conseguinte, as comunidades renunciam a agir como um corpo unido e, ao contrário, preferem agir segundo o princípio das "opções locais". Neste processo, perde-se num certo sentido a necessidade de uma koinonia diacrónica a comunhão com a Igreja em todos os tempos precisamente no momento em que o mundo perdeu a orientação e tem necessidade de testemunhos comuns e convincentes do poder salvífico do Evangelho (cf. Rm 1,18-23).

Diante destas dificuldades, em primeiro lugar temos que recordar que a unidade da Igreja deriva da perfeita unidade da Trindade. O Evangelho de João diz-nos que Jesus pediu ao Pai que os seus discípulos fossem um só, "como Tu... estás em mim e Eu em ti" (cf. Jn 17,21). Este trecho reflecte a firme convicção da comunidade cristã das origens, que a sua unidade era fruto e reflexo da unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Isto, por sua vez, demonstra que a coesão recíproca dos fiéis estava fundada na plena integridade da confissão do seu credo (cf. 1Tm 1,3-11). Em todo o Novo Testamento, nós vemos que os Apóstolos foram repetidamente chamados a dizer a razão da sua fé, tanto aos gentios (cf. Ac 17,16-34) como aos judeus (cf. Ac 4,5-22 Ac 5,27-42). O núcleo central da sua argumentação foi sempre o facto histórico do Senhor ter ressuscitado do túmulo (cf. Ac 2,24 Ac 2,32 Ac 3,15 Ac 4,10 Ac 5,30 Ac 10,40 Ac 13,30). A eficácia última da sua pregação não dependia de "palavras doutas" ou da "sabedoria humana" (1Co 2,13), mas sobretudo da acção do Espírito (cf. Ef Ep 3,5), que confirmava o testemunho eficaz dos Apóstolos (cf. 1Co 15,1-11). O núcleo da pregação de Paulo e da Igreja das origens era unicamente Jesus Cristo, e "Ele crucificado" (1Co 2,2). E esta proclamação tinha que ser garantida pela pureza da doutrina normativa, expressa nas fórmulas de fé os símbolos que definiam a essência da fé cristã e constituíam o fundamento da unidade dos baptizados (cf. 1Co 15,3-5 Ga 1,6-9 Unitatis redintegratio UR 2).

Meus caros amigos, a força do querigma nada perdeu do seu dinamismo interior. Não obstante, temos que perguntar se o seu pleno vigor não foi atenuado por uma abordagem relativista da doutrina cristã, semelhante àquela que encontramos nas ideologias secularizadas que, com a afirmação de que somente a ciência é "objectiva", relegam completamente a religião para o campo subjectivo do sentimento do indivíduo. Sem dúvida, as descobertas científicas e as suas realizações através do engenho humano oferecem à humanidade novas possibilidades de melhoramento. Todavia, isto não significa que o "conhecível" se limita àquilo que é empiricamente verificável, nem que a religião está confinada no reino mutável da "experiência pessoal".

A aceitação desta linha de pensamente errónea levaria os cristãos a concluir que na apresentação da fé cristã não é necessário salientar a verdade objectiva, porque não se deve seguir a própria consciência e escolher a comunidade que melhor encontra os próprios gostos pessoais. O resultado pode ser encontrado na contínua proliferação das comunidades que muitas vezes evitam estruturas institucionais e minimizam a importância do conteúdo doutrinal para a vida cristã.

Também no interior do movimento ecuménico os cristãos podem mostrar-se relutantes a afirmar o papel da doutrina, com medo que ele possa somente exacerbar, em vez de curar as feridas da divisão. Apesar disto, um testemunho claro e convincente da salvação, realizada em nosso benefício em Jesus Cristo, deve fundamentar-se na noção de um ensinamento apostólico normativo um ensinamento que realmente realça a palavra inspirada de Deus e sustém a vida sacramental dos cristãos de hoje.

Somente "permanecendo firmes" ao ensinamento seguro (cf. 2Th 2,15), conseguiremos responder aos desafios que somos chamados a enfrentar num mundo que se transforma. Só assim daremos um testemunho firme da verdade do Evangelho e do seu ensinamento moral. Esta é a mensagem que o mundo espera ouvir de nós. Assim como os primeiros cristãos, temos a responsabilidade de dar um testemunho transparente das "razões da nossa esperança", de modo que os olhos de todos os homens de boa vontade possam abrir-se para ver que Deus manifestou o seu rosto (cf. 2Co 3,12-18) e nos permitiu aceder à sua vida divina através de Jesus Cristo. Só Ele é a nossa esperança! Deus revelou o seu amor por todos os povos mediante o mistério da paixão e morte do seu Filho, e chamou-nos para proclamar que verdadeiramente ressuscitou, está sentado à direita do Pai e "voltará na glória, para julgar os vivos e os mortos" (Credo niceno).

Possa a Palavra de Deus, que esta tarde ouvimos, inflamar de esperança os nossos corações no caminho da unidade (cf. Lc 24,32). Possa este encontro de oração ser um exemplo da centralidade da oração no movimento ecuménico (cf. Unitatis redintegratio UR 8), pois sem oração, as estruturas, as instituições e os programas ecuménicos seriam desprovidos do seu coração e da sua alma. Agradeçamos a Deus pelos progressos alcançados através da acção do Espírito, e reconheçamos com gratidão os sacrifícios espirituais realizados por muitas das pessoas aqui presentes e por quantos nos precederam.

Seguindo os seus passos e depositando a nossa confiança somente em Deus, estou convicto de que fazendo minhas as palavras do Padre Paul Wattson alcançaremos aquela "unidade de esperança, de fé e de amor", a única que pode convencer o mundo que Jesus Cristo é o Enviado do Pai para a salvação de todos.

Muito obrigado!



ENCONTRO COM UM GRUPO DE DEFICIENTES Seminário de São José, Nova Iorque Sábado, 19 de Abril de 2008

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Eminência D. Walsh
Queridos amigos

Estou muito feliz por ter esta oportunidade de me deter alguns momentos convosco. Agradeço ao Cardeal a sua saudação e sobretudo estou grato aos vossos representantes pelas suas amáveis expressões e pelo dom do vosso relatório. Sabei que para mim é uma grande alegria estar convosco. Peço-vos que transmitais a minha saudação aos vossos pais e familiares, aos vossos professores e assistentes.

Deus abençoou-vos com o dom da vida e concedeu-vos também outros talentos e qualidades. Através destas dádivas, podeis servir Deus e a sociedade de muitos modos. Embora a contribuição de alguns possa parecer grande e a de outros mais modesta, o valor do testemunho dos nossos esforços constitui sempre um sinal de esperança para todos.

Às vezes é difícil encontrar uma razão para aquilo que parece somente uma dificuldade a superar, ou uma dor a enfrentar. Não obstante isto, a fé ajuda-nos a abrir de par em par o horizonte para além de nós mesmos e ver a vida como Deus a vê. O amor incondicionado de Deus, que alcança todos os indivíduos, é um indicador de significado e de finalidade para cada homem. Através da sua Cruz, Jesus faz-nos verdadeiramente entrar no seu amor salvífico (cf.
Jn 12,32) e, agindo assim, indica-nos a direcção o caminho da esperança que nos transfigura de tal maneira que, por nossa vez, nos tornemos portadores de esperança e de amor para os outros.

Caros amigos, encorajo-vos a rezar todos os dias pelo nosso mundo. Existem muitas intenções e numerosas pessoas pelas quais poder rezar, inclusivamente por aqueles que ainda devem conhecer Jesus. E peço-vos que oreis também por mim. Como sabeis, acabei de completar mais um ano. O tempo passa!

Mais uma vez, obrigado a todos vós, incluindo os jovens cantores da Catedral de São Patrício e os membros do coro dos surdos da Arquidiocese. Em sinal de vigor e de paz, e com grande afecto no Senhor concedo-vos, assim como às vossas famílias, aos vossos professores e aos assistentes, a minha Bênção apostólica.




ENCONTRO COM OS JOVENS E OS SEMINARISTAS Seminário de São José, Nova Iorque, Sábado, 19 de Abril de 2008

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Eminência
Amados Irmãos no Episcopado
Queridos jovens amigos!

Proclamai Cristo Senhor, "estai sempre prontos a responder... a todo aquele que vos perguntar a razão da vossa esperança" (
1P 3,15). Com estas palavras da Primeira Leitura de Pedro saúdo cada um de vós com cordial afecto. Agradeço ao Cardeal Egan as suas gentis palavras de boas-vindas e agradeço também aos representantes escolhidos entre vós os seus gestos de jubiloso acolhimento. Ao Bispo Walsh, Reitor do Seminário de São José, aos funcionários e aos seminaristas dirijo as minhas saudações particulares e expresso a minha gratidão.

Jovens amigos, sinto-me muito feliz por ter a ocasião de falar convosco. Peço-vos que transmitais as minhas cordiais saudações aos membros das vossas famílias e aos vossos parentes, assim como aos professores e ao pessoal das várias Escolas, Colégios e Universidades a que pertenceis. Sei que muitos trabalharam intensamente para garantir a realização deste nosso encontro. Estou-lhes muito reconhecido. Desejo também expressar o meu apreço pelo vosso canto "Happy Birthday"! Obrigado por este gesto comovedor; dou a todos vós um "A plus" (= nota máxima) pela vossa pronúncia alemã! Esta tarde gostaria de partilhar convosco alguns pensamentos sobre ser discípulos de Jesus Cristo a caminho nos passos do Senhor, a nossa vida torna-se uma viagem da esperança.

Tendes à vossa frente as imagens de seis homens e mulheres que cresceram para levar vidas extraordinárias. A Igreja honra-os como Veneráveis, Beatos e Santos: cada um respondeu à chamada de Deus a uma vida de caridade e cada um O serviu aqui nos becos, nas ruas e nos subúrbios de Nova Iorque. Estou admirado por quanto é heterogéneo o seu grupo: pobres e ricos, leigos e leigas uma era esposa e mãe abastada sacerdotes e irmãs, imigrantes de longe, a filha de um guerreiro Mohawk e uma mãe Algonquina, outro era escravo haitiano e um intelectual cubano.

Santa Isabel Ana Seton, Santa Francisca Savéria Cabrini, São João Neumann, a beata Kateri Tekakwitha, o venerável Pierre Toussaint e o Padre Félix Varela: cada um de nós poderia estar entre eles, porque não há um estereótipo para este grupo, nenhum modelo uniforme. Mas um olhar mais de perto revela que existem elementos comuns. Inflamadas pelo amor a Jesus, as suas vidas tornaram-se trajectórias extraordinárias de esperança. Para alguns isto significou deixar a Pátria e embarcar para uma peregrinação de milhares de quilómetros. Para cada um foi um acto de abandono a Deus na confiança que Ele é o destino final de cada peregrino. E todos ofereciam uma "mão estendida" de esperança a quantos encontravam pelo caminho, despertando neles com frequência uma vida de fé. Através de orfanatos, escolas e hospitais, cuidado dos pobres, dos doentes e dos marginalizados, e mediante o testemunho convicto que deriva do caminhar humildemente seguindo os passos de Jesus, estas seis pessoas abriram o caminho da fé, esperança e caridade a numerosas pessoas, inclusive talvez aos vossos próprios antepassados.

E hoje? Quem leva o testemunho da Boa Nova de Jesus pelas ruas de Nova Iorque, aos subúrbios irrequietos às margens das grandes cidades, aos lugares onde os jovens se reúnem em busca de alguém em quem confiar? Deus é a nossa origem e o nosso destino, e Jesus é o caminho. O percurso desta viagem insinua-se como o dos nossos santos através das alegrias e das provas da normal vida quotidiana: no âmbito das vossas famílias, na escola ou no colégio, durante as vossas actividades no tempo livre e nas vossas comunidades paroquiais. Todos estes lugares estão marcados pela cultura na qual estais a crescer. Como jovens americanos são-vos oferecidas muitas possibilidades para o progresso pessoal e fostes educados com um sentido de generosidade, de serviço e de fairness. Mas não tendes necessidade de que eu vos diga que existem também dificuldades: comportamentos e modos de pensar que sufocam a esperança, caminhos que parecem levar à felicidade e à satisfação, mas que só terminam em confusão e angústia.

Os meus anos de adolescente foram arruinados por um regime infausto que pensava possuir todas as respostas; a sua influência cresceu penetrando nas escolas e nos órgãos civis assim como na política e até na religião antes de ser plenamente reconhecido como aquele monstro que era. Ele exilou Deus, e assim tornou-se inacessível em tudo o que era verdadeiro e bom. Muitos dos vossos pais e avós vos terão contado o horror da destruição que se seguiu. Alguns deles, de facto, vieram para a América para fugir de tal terror.

Agradeçamos a Deus, porque hoje muitos da vossa geração estão em condições de gozar das liberdades que emergiram graças à difusão da democracia e do respeito pelos direitos humanos. Agradeçamos a Deus todos os que se comprometeram para garantir que possais crescer num ambiente que cultiva o que é belo, bom e verdadeiro: os vossos pais e avós, os vossos professores e sacerdotes, aquelas autoridades civis que procuram o que é recto e justo.

Contudo, o poder destruidor permanece. Afirmar o contrário significaria enganar-se a si mesmo. Mas ele nunca triunfará; foi derrotado. Esta é a essência da esperança que nos distingue como cristãos; a Igreja recorda de modo muito dramático durante o Tríduo Pascal e celebra-o com grande alegria no Tempo Pascal! Aquele que nos aponta o caminho além da morte é Aquele que nos indica como superar destruição e angústia: portanto, Jesus é o verdadeiro mestre de vida (cf. Spe salvi ). A sua morte e ressurreição significa que podemos dizer ao Pai celeste: "Tu renovaste o mundo" (Sexta-Feira Santa, Oração após a comunhão). E assim, há algumas semanas, durante a belíssima liturgia da Vigília Pascal não foi por desespero ou angústia, mas com uma confiança cheia de esperança, que bradamos a Deus a favor do nosso mundo: Afasta as trevas do nosso coração! Afasta as trevas do nosso espírito! (cf. Oração durante a acensão do círio pascal).

Que podem ser estas trevas? Que acontece quando as pessoas, sobretudo as mais vulneráveis, encontram o punho cerrado da repressão ou da manipulação em vez da mão estendida da esperança? O primeiro grupo de exemplos pertence ao coração. Aqui, os sonhos e os desejos que os jovens perseguem podem ser tão facilmente despedaçados e destruídos. Penso em quantos são atingidos pelo abuso da droga e dos entorpecentes, pela falta de uma casa e pela pobreza, pelo racismo, pela violência e pela degradação particularmente moças e mulheres. Enquanto as causas destas situações problemáticas são complexas, todas têm em comum uma atitude mental envenenada que se manifesta em tratar as pessoas como meros objectos afirma-se assim uma insensibilidade de coração que primeiro ignora e depois escarnece a dignidade dada por Deus a cada pessoa humana. Semelhantes tragédias mostram também o que poderia ter sido e o que poderia ser agora, se ali outras mãos as vossas mãos se tivessem estendido ou se entendessem para eles. Encorajo-vos a convidar outros, sobretudo os vulneráveis e os inocentes, a associar-se a vós no caminho da bondade e da esperança.

A segunda área de trevas as que atingem o espírito muitas vezes não é sentida, e por isso é particularmente funesta. A manipulação da verdade deturpa a nossa percepção da realidade e ofusca a nossa imaginação e as nossas aspirações. Já mencionei as tantas liberdades das quais vós felizmente podeis gozar. A importância fundamental da liberdade deve ser rigorosamente salvaguardada. Portanto, não é surpreendente que numerosos indivíduos e grupos reivindiquem em voz alta publicamente a sua liberdade. Mas a liberdade é um valor delicado. Pode ser mal-entendida ou usada erroneamente, de modo que não leva à felicidade que todos dela esperamos, mas a um cenário obscuro de manipulação, no qual a nossa compreensão de nós próprios e do mundo se torna confusa ou até deturpada por quantos têm um projecto escondido.

Observastes com quanta frequência a reivindicação da liberdade é feita, sem nunca fazer referência à verdade da pessoa humana? Há quem afirme hoje que o respeito pela liberdade do indivíduo torna injusto procurar a verdade, mesmo a verdade sobre o que é o bem. Nalguns ambientes falar de verdade é considerado fonte de discussões ou de divisões e portanto deve ser reservado à esfera privada. E no lugar da verdade ou melhor, da sua ausência difundiu-se a ideia de que, dando valor indiscriminadamente a tudo, se garante a liberdade e se liberta a consciência. É aquilo a que chamamos relativismo. Mas que finalidade tem uma "liberdade" que, ignorando a verdade, persegue o que é falso ou injusto? A quantos jovens foi oferecida uma mão que, em nome da liberdade ou da experiência, os levou à escravidão dos entorpecentes, à confusão moral ou intelectual, à violência, à perda do respeito por si mesmos, aliás, ao desespero e assim, tragicamente, ao suicídio? Queridos amigos, a verdade não é imposição. Nem é simplesmente um conjunto de regras. É a descoberta de Um que nunca nos trai; de Um no qual podemos sempre confiar. Ao procurar a verdade chegamos a viver com base na fé porque, em definitiva, a verdade é uma pessoa: Jesus Cristo. É esta a razão pela qual a liberdade autêntica não é uma escolha de "desobrigação". É uma opção de "compromisso"; nada menos que sair de si mesmo e permitir ser envolvido no "ser para os outros" de Cristo (cf. Spe salvi ).

De que modo podemos então como crentes ajudar os outros a caminhar pela via da liberdade que leva à satisfação total e à felicidade duradoura? Voltemos ainda aos santos. De que modo o seu testemunho libertou verdadeiramente outros das trevas do coração e do espírito? A resposta encontra-se no núcleo da sua fé da nossa fé. A encarnação, o nascimento de Jesus diz-nos que Deus, de facto, procura um lugar entre nós. A hospedaria está cheia, e não obstante Ele entra no estábulo e há quem veja a sua luz. Reconhecem o mundo escuro e fechado de Herodes por aquilo que ele é, e seguem o brilho da estrela que no céu nocturno os guia. E o que irradia? A este ponto podeis recordar-vos da oração pronunciada na santíssima noite de Páscoa: "Ó Pai, que por intermédio do teu Filho, luz do mundo, nos comunicaste a luz da tua glória, acende em nós a chama viva da tua esperança" (cf. Bênção do fogo). E assim, numa procissão solene com as nossas velas acesas, passamos uns para os outros a luz de Cristo. É a luz que "vence o mal, lava as culpas, restitui a inocência aos pecadores, a alegria aos aflitos, dissipa o ódio, nos traz a paz e humilha a soberba do mundo" (Exsultet).É esta a luz de Cristo que age. É este o caminho dos santos. É a magnífica visão da esperança a luz de Cristo convida-vos a ser estrelas-guia para os outros, caminhando pelas veredas de Cristo que é caminho de perdão, de reconciliação, de humildade, de alegria e de paz.

Mas por vezes, somos tentados a fechar-nos em nós mesmos, a duvidar da força do esplendor de Cristo, a limitar o horizonte da esperança. Tende coragem! Fixai o olhar nos nossos santos! A diversidade das suas experiências da presença de Deus sugere-nos que descubramos de novo a amplidão e a profundidade do cristianismo. Deixai que a vossa fantasia vagueie livremente pela vastidão ilimitada dos horizontes do discipulado cristão. Por vezes somos considerados pessoas que falam só de proibições. Nada poderia estar mais distante da verdade! Um autêntico discipulado cristão caracteriza-se pelo sentido da admiração. Estamos diante daquele Deus que conhecemos e amamos como um amigo, diante da vastidão da sua criação e da beleza da nossa fé cristã.

Queridos amigos, o exemplo dos santos convida-nos, depois, a considerar quatro aspectos essenciais do tesouro da nossa fé: oração pessoal e silêncio, oração litúrgica, caridade praticada e vocações.

O mais importante é que desenvolvais uma relação pessoal com Deus. Esta relação expressa-se na oração. Deus, em virtude da própria natureza, fala, ouve e responde. De facto, São Paulo recorda-nos que podemos e devemos "rezar incessantemente" (cf. 1Th 5,17). Longe de nos fecharmos em nós mesmos ou de nos subtraírmos dos altos e baixos da vida, por meio da oração dirigimo-nos a Deus e, através d'Ele, uns aos outros, incluindo os marginalizados e quantos seguem caminhos diversos dos de Deus (cf. Spe salvi ). Como os santos nos ensinam de modos tão vivazes, a oração torna-se esperança em acto. Cristo era o seu companheiro constante com o qual conversavam em cada passo do seu caminho ao serviço dos outros.

Há outro aspecto da oração que devemos recordar: a contemplação no silêncio. São João, por exemplo, diz-nos que para colher a revelação de Deus é preciso primeiro ouvir e depois responder anunciando o que ouvimos e vimos (cf. 1Jn 1,2-3 Const. Dei Verbum DV 1). Perdemos porventura algo da arte de ouvir? Deixais alguns espaços para ouvir o sussurrar de Deus que vos chama a proceder para a bondade? Amigos, não tenhais receio do silêncio e da tranquilidade, ouvi Deus, adorai-o na Eucaristia! Deixai que a sua palavra plasme o vosso caminho como desenvolvimento da santidade.

Na liturgia encontramos toda a Igreja em oração. A palavra "liturgia" significa a participação do Povo de Deus na "obra de Cristo sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja" (Sacrosanctum Concilium SC 7). Em que consiste esta obra? Antes de tudo refere-se à Paixão de Cristo, à sua morte e ressurreição e à sua ascensão aquilo a que chamamos "Mistério pascal". Refere-se também à própria celebração da liturgia. Os dois significados, de facto, estão inseparavelmente relacionados, porque esta "obra de Jesus" é o verdadeiro conteúdo da liturgia. Mediante a liturgia, a "obra de Jesus" é continuamente posta em contacto com a história; com a nossa vida, para a plasmar. Captamos aqui uma ulterior ideia da grandeza da nossa fé cristã. Todas as vezes que vos reunis para a Santa Missa, quando vos confessais, todas as vezes que celebrais um dos Sacramentos, Jesus está em acção. Através do Espírito Santo atrai-vos para si, para dentro do seu amor sacrifical pelo Pai, que se torna amor por todos. Vemos assim que a liturgia da Igreja é um ministério de esperança pela humanidade. A vossa participação cheia de fé é uma esperança activa que ajuda a manter o mundo santos e pecadores aberto a Deus; é esta a verdadeira esperança humana que oferecemos a cada um (cf. Spe salvi ).

A vossa oração pessoal, os vossos tempos de contemplação silenciosa e a vossa participação na liturgia da Igreja vos levam mais perto de Deus e preparam-vos também para servir os outros. Os santos que nos acompanham esta tarde mostram-nos que a vida de fé e de esperança é também uma vida de caridade. Ao contemplar Jesus na cruz, vemos o amor na sua forma mais radical. Podemos começar a imaginar o caminho do amor que devemos percorrer (cf. Deus caritas est ). As ocasiões para seguir este caminho são abundantes. Olhai em vosso redor com os olhos de Cristo, ouvi com os seus ouvidos, intuí e pensai com o seu coração e com o seu espírito. Estais prontos a dar tudo pela verdade e pela justiça, como Ele fez? Muitos dos exemplos de sofrimento aos quais os nossos santos responderam com compaixão, ainda se encontram aqui nesta cidade e arredores. E surgiram novas injustiças: algumas são complexas e derivam da exploração do coração e da manipulação do espírito; também o nosso ambiente comum de vida, a própria terra, geme sob o peso da avidez consumista e da exploração irresponsável. Devemos ouvir profundamente. Devemos responder com uma acção social renovada que nasça do amor universal que não conhece limites. Deste modo temos a certeza de que as nossas obras de misericórdia e justiça se tornam esperança em acto para os outros.

Queridos jovens, no final gostaria de dizer ainda uma palavra sobre as vocações. Antes de tudo, os meus pensamentos dirigem-se aos vossos pais, avós e padrinhos. Eles foram os vossos primeiros educadores na fé. Ao apresentar-vos para o Baptismo, eles deram-vos a possibilidade de receber o maior dom da vossa vida. Naquele dia entrastes na santidade do próprio Deus. Tornastes-vos filhas e filhos adoptivos do Pai. Fostes incorporados em Cristo. Tornastes-vos morada do seu Espírito. Rezemos pelas mães e pelos pais de todo o mundo, sobretudo por quantos estão a lutar de todas as formas social, material e espiritualmente. Honremos a vocação do matrimónio e a dignidade da vida familiar. Reconheçamos sempre que são as famílias o lugar onde nascem as vocações.

Reunidos aqui no Seminário de São José, saúdo os seminaristas presentes e, de facto, encorajo todos os seminaristas de todas as partes da América. Sinto-me feliz por saber que o vosso número está a aumentar! O Povo de Deus espera que sejais sacerdotes santos, num caminho quotidiano de conversão, inspirando nos outros o desejo de entrar mais profundamente na vida eclesial de crentes. Exorto-vos a aprofundar a vossa amizade com Jesus, o Bom Pastor. Falai com Ele coração a coração. Rejeitai qualquer tentação de exibicionismo, carreirismo ou vaidade. Tendei para um estilo de vida caracterizado verdadeiramente pela caridade, castidade e humildade, à imitação de Cristo, o eterno Sumo Sacerdote, do qual vos deveis tornar imagem viva (cf. Pastores dabo vobis PDV 33). Queridos seminaristas, rezo por vós todos os dias. Recordai-vos que aquilo que conta diante do Senhor é permanecer no seu amor e irradiar o seu amor pelos outros.

Irmãs, irmãos e sacerdotes das Congregações religiosas contribuem amplamente para a missão da Igreja. O seu testemunho profético caracteriza-se por uma convicção profunda da primazia com que o Evangelho plasma a vida cristã e transforma a sociedade. Gostaria hoje de chamar à vossa atenção para a renovação espiritual positiva que as Congregações estão a empreender em relação ao seu carisma. A palavra "carisma" significa um dom oferecido livre e gratuitamente. Os carismas são concedidos pelo Espírito Santo que inspira fundadores e fundadoras e forma as Congregações com um consequente património espiritual. A maravilhosa série de carismas próprios de cada Instituto religioso é um tesouro espiritual extraordinário. De facto, a história da Igreja é talvez ilustrada do modo mais belo mediante a história das suas escolas de espiritualidade, a maior parte das quais remontam às vidas santas de fundadores e fundadoras. Tenho a certeza de que, mediante a descoberta dos carismas que produzem tal vastidão de sabedoria espiritual, alguns de vós jovens sereis atraídos para uma vida de serviço apostólico ou contemplativo. Não sejais demasiado tímidos para falar com frades, irmãs ou sacerdotes religiosos sobre o carisma e a espiritualidade da sua Congregação. Não existe comunidade perfeita, mas é o discernimento da fidelidade a um carisma fundador, não a uma determinada pessoa, que o Senhor vos pede. Tende coragem! Também vós podeis fazer da vossa vida uma autodoação por amor ao Senhor Jesus e, n'Ele, a cada membro da família humana (cf. Vita consecrata VC 3).

Amigos, pergunto-vos mais uma vez, o que dizer do momento presente? Que procurais? Que vos sugere Deus? A esperança que nunca desilude é Jesus Cristo. Os santos mostram-nos o amor abnegado do seu caminho. Como discípulos de Cristo, os seus percursos extraordinários desenvolveram-se no interior daquela comunidade da esperança que é a Igreja. É no interior da Igreja que também vós encontrareis a coragem e o apoio para caminhar pelo caminho do Senhor. Alimentados pela oração pessoal, preparados no silêncio, plasmados pela liturgia da Igreja, descobrireis a vocação particular que o Senhor vos reserva. Abraçai-a com alegria. Hoje os discípulos de Cristo sois vós. Irradiai a sua luz sobre esta grande cidade e além. Mostrai ao mundo a razão da esperança que está em vós. Falai com os outros da verdade que vos torna livres. Com estes sentimentos de grande esperança em vós, saúdo-vos com um "até à vista", na esperança de vos encontrar de novo em Sidney, em Julho, para a Jornada Mundial da Juventude! E, como penhor do meu afecto por vós e pelas vossas famílias, concedo-vos com alegria a Bênção Apostólica.

Queridos seminaristas
amados jovens!

É para mim uma grande alegria poder encontrar-me com todos vós no âmbito desta visita, durante a qual festejei também o meu aniversário. Obrigado pelo vosso acolhimento e pela gentileza que me demonstrastes.

Exorto-vos a abrir ao Senhor o vosso coração, para que, o encha de modo que com o fogo do seu amor possais levar o seu Evangelho a todos os bairros de Nova Iorque.

A luz da fé estimular-vos-á a responder ao mal com o bem e com a santidade da vida, como fizeram as grandes testemunhas do Evangelho ao longo dos séculos. Vós sois chamados a continuar esta corrente de amigos de Jesus, os quais encontraram no seu amor o grande tesouro da sua vida. Cultivai esta amizade mediante a oração, quer pessoal quer litúrgica, e através das obras de caridade o compromisso de ajudar quantos estão em maior dificuldade. Se ainda o não fizestes, pensai seriamente se o Senhor não vos pede que o sigais de modo radical no ministério sacerdotal ou na vida consagrada. Não é suficiente uma relação esporádica com Cristo. Uma amizade assim não é verdadeira. Cristo deseja que sejais seus amigos íntimos, fiéis e perseverantes.

Ao renovar-vos o convite para participardes na Jornada Mundial da Juventude em Sidney, garanto-vos a minha recordação na oração, na qual rezo a Deus para que faça de vós autênticos discípulos de Cristo ressuscitado. Muito obrigado!




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