Deuteronômio (CNB) 17

17 1 Não sacrificarás ao Senhor teu Deus bois ou ovelhas que tenham algum defeito, pois isto é abominação aos olhos do Senhor teu Deus.
2
Se, em teu meio, em alguma das cidades que o Senhor teu Deus te dá, houver um ho­mem ou uma mulher que pratique o que de­sa­grada ao Senhor teu Deus, transgredindo sua aliança 3 e seguindo outros deuses para servi-los e prostrar-se diante deles, diante do sol ou da lua ou de qualquer astro do exército do céu – coisas que não ordenei – 4 logo que te che­gar a notícia, investigarás cuidadosamente­ o caso. Se for de fato verdade que se cometeu tal abominação em Israel, 5 levarás às portas da cidade o homem ou a mulher que cometeu tal maldade e os apedrejarás até à morte.
6
Sob o depoimento de duas ou três testemunhas será condenado à morte o réu de pena capital. Não será condenado à morte sob a palavra de uma só testemunha. 7 As mãos das testemunhas serão as primeiras a levantar-se contra o réu para fazê-lo morrer, seguindo-se as mãos de todo o povo. Assim eliminarás o mal de teu meio.

 Os tribunais levíticos

8 “Se uma causa for difícil demais para ser julgada, a propósito de homicídio, contenda, lesão física – questões de litígio em tua cidade –, subirás ao lugar que o Senhor teu Deus houver escolhido. 9 Irás aos sacerdotes de Levi e ao juiz então em exercício, para consultá-los; eles dirão que sentença dar para o caso em questão. 10 Procederás segundo a sentença que derem no lugar que o Senhor tiver escolhido e cuidarás de te submeter ao que eles houverem ensinado. 11 Agirás conforme a instrução que te derem e a sentença que pronunciarem, sem te afastares, nem para a direita nem para a esquerda, do que te houverem comunicado. 12 Quem tiver a ousadia de desobedecer ao sacerdote, que lá está a serviço do Senhor teu Deus, ou não escutar o juiz, será condenado à morte. Assim eliminarás o mal do meio de Israel. 13 E todo o povo, ao tomar conhecimento do fato, ficará com temor e já não se deixará levar pela arrogância.

 O rei

14 “Quando tiveres entrado na terra que o Senhor teu Deus te dá, tiveres tomado posse dela e estabelecido a tua morada, se então disseres: ‘Desejo constituir um rei, como o têm todas as nações que me cercam’, 15 pode­rás constituir o rei que o Senhor teu Deus escolher. Escolherás como rei um dos teus irmãos. Não poderás constituir como rei um estrangeiro, alguém que não seja teu irmão.
16
Mas ele não deverá ter grande número de cavalos nem levar o povo de volta ao Egito, a fim de obter mais cavalos, pois o Senhor teu Deus disse: ‘Jamais voltarás por esse caminho’. 17 Não tenha mulheres em grande núme­ro, a fim de que seu coração não se desvie, nem grandes quantidades de ouro e prata. 18 Ao tomar posse do trono do reino, escreverá para si num livro uma cópia desta Lei que se acha em poder dos sacerdotes levíticos. 19 Conserva­rá a cópia consigo e a lerá todos os dias de?sua vida, para aprender a temer ao Senhor seu Deus, a guardar todas as palavras desta Lei e todos estes preceitos e a praticá-los. 20 Assim não se levantará orgulhoso acima de seus irmãos, nem se desviará para a direita ou para?a esquerda; e assim se prolongará o tempo do reinado dele e de seus filhos, no meio de Israel.

 O direito dos  sacerdotes levíticos

18 1 “Os sacerdotes levíticos e toda a tribo de Levi não terão parte nem herança com Israel; viverão das ofertas consumadas pelo fogo para o Senhor e de sua herança. 2 Nada receberão dos bens de seus irmãos. O próprio Senhor é sua herança, como ele lhes disse.
3
Eis os direitos dos sacerdotes sobre o povo, sobre aqueles que oferecerem em sacrifício um boi ou uma ovelha: darão ao sacerdote o quarto dianteiro, as mandíbulas e o estômago.­ 4 A ele darás também as primícias do trigo, do vinho e do azeite, bem como a primeira lã da tosquia das ovelhas. 5 Pois o Senhor teu Deus o escolheu dentre todas as tribos para estar com seus filhos em sua presença e exercer o ministério em nome do Senhor, para sempre.
6
Quando um levita sair de qualquer cidade de Israel, para onde emigrou, e de livre e espontânea vontade vier para o lugar escolhido pelo Senhor, 7 exercerá o ministério em nome do Senhor seu Deus, como os demais irmãos levitas que ali estiverem servindo ao Senhor, 8 e receberá uma porção igual à dos outros, além do que lhe for devido pela venda dos bens paternos.

 Profetas em vez de magia

9 “Quando tiveres entrado na terra que o Senhor teu Deus te dá, não imites as práticas abomináveis dessas nações. 10 Não haja em teu meio quem faça passar pelo fogo o filho ou a filha, nem quem consulte adivinhos, ou obser­ve sonhos ou agouros, nem quem use a feitiça­ria; 11 nem quem recorra à magia, consulte orá­culos, interrogue espíritos ou evoque os mor­tos. 12 Pois o Senhor abomina quem se entrega a tais práticas. É por tais abominações que o Senhor teu Deus deserdará diante de ti estas­ nações. 13 Tu, sê integro para com o Senhor teu Deus. 14 Pois essas nações que vais expropriar são os que consultam feiticeiros adivinhos, mas a ti o Senhor teu Deus não permite nada disso.
15
O Senhor teu Deus suscitará para ti, do meio de ti, dentre os teus irmãos, um profeta como eu: é a ele que deverás ouvir. 16 Foi exatamente o que pediste ao Senhor teu Deus no monte Horeb, no dia da assembléia, ao dizer: ‘Não quero mais ouvir a voz do Senhor meu Deus, nem ver este grande fogo, para não acabar morrendo’. 17 Então o Senhor me disse: ‘Está bem o que falaram. 18 Suscitarei para eles, do meio dos irmãos, um profeta semelhante a ti. Porei as minhas palavras em sua boca e ele lhes comunicará tudo o que eu lhe ordenar. 19 Eu mesmo pedirei contas a quem não escutar as palavras que ele pronunciar em meu nome. 20 Mas o profeta que tiver a ousadia de dizer em meu nome alguma coisa que não lhe mandei, ou que falar em nome de outros deuses, esse profeta deverá morrer’.
21
E se te perguntares: ‘Como posso distinguir a palavra que não vem do Senhor?’, 22 nisto terás um sinal: se não acontecer nem se realizar o que esse profeta falar em nome do Senhor, então o Senhor não disse tal coisa. Foi o profeta que o inventou por presunção. Por isso, não tenhas medo dele!

 Cidades de refúgio

19 1 “Quando o Senhor teu Deus tiver destruído as nações cuja terra te dá, e tu as tiveres expulsado e habitares em suas cida­des e casas, 2 reservarás três cidades na terra que o Senhor teu Deus te dá como he­rança. 3 Construirás estradas e dividirás em três regiões o território que o Senhor teu Deus te dá como herança, para que todo homicida possa refugiar-se nelas.
4
Eis o caso em que o homicida lá refugiado terá a vida salva: se matou o próximo involuntariamente, sem ódio premeditado. 5 Assim, por exemplo, se um homem tiver ido em companhia de outro cortar lenha no mato e, no mo­mento de golpear com o machado para abater a árvore, o ferro se haja desprendido do cabo, atingido o companheiro e o matar, esse homem fugirá para uma das cidades e terá a vida salva. 6 De outra forma, o vingador do sangue, enfurecido, poderia perseguir o homicida e, por ser o caminho muito longo, poderia alcançá-lo e feri-lo de morte, apesar de não merecer a morte, pois não odiava a sua vítima. 7 Por isso eu mesmo te ordeno: ‘Reservarás três cidades’.
8
E quando o Senhor teu Deus tiver alargado tuas fronteiras, como jurou a teus pais, e te der toda a terra que a teus pais jurou dar-te, 9 com a condição de guardares e praticares todos os mandamentos que hoje te prescrevo, amando o Senhor teu Deus e seguindo todos os seus caminhos, a essas três cidades acrescentarás outras três. 10 Assim não se derramará sangue inocente na terra que o Senhor teu Deus te dá por herança, nem serás culpado de derramamento de sangue.
11
Mas, se um homem estiver com ódio de seu próximo, fizer-lhe uma emboscada, lançar­-se sobre ele, feri-lo de morte e fugir para uma dessas cidades, 12 os anciãos da cidade man­da­rão prendê-lo e o entregarão nas mãos do vinga­dor de sangue, para que morra. 13 Não terás pie­dade dele; assim eliminarás de Israel o derramamento de sangue inocente e serás feliz.

 Marcos de terrenos, testemunhas, lei do talião

14 “Não removerás os marcos de teu próximo, que os antepassados fixaram na propriedade herdada na terra que o Senhor teu Deus te dá como posse.
15
Qualquer que seja o delito ou pecado, não se admitirá contra alguém uma testemunha apenas. A sentença se apoiará na palavra de duas ou três testemunhas. 16 Se aparecer uma tes­temunha falsa contra uma pessoa, acusando-a de um delito, 17 os dois interessados na cau­sa se apresentarão perante o Senhor, diante dos sacerdotes e juízes em exercício nesse tem­po. 18 Se após cuidadosa investigação, os sacerdotes averiguarem que a testemunha mentiu e deu falso testemunho contra o irmão,­ 19 deverás castigá-la, tratando-a como ela planejava tratar o irmão. Assim eliminarás o mal do meio de ti. 20 Ao sabê-lo, os outros temerão e não cometerão esta má ação em teu meio.
21
Não terás compaixão: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.

 A mobilização para a guerra

20 1 “Quando saíres para a guerra contra os inimigos e vires os cavalos e os carros de um exército mais poderoso que o teu, não tenhais medo, pois o Senhor teu Deus, que te fez subir da terra do Egito, está contigo. 2 Quando se aproximar o momento do combate, o sacerdote se adiantará e falará ao povo 3 nestes termos: ‘Ouve, Israel! Hoje ides combater contra vossos inimigos! Não desfaleça vossa coragem! Não tenhais medo! Não debandeis aterrorizados diante deles. 4 Pois é o Senhor vosso Deus que marcha convosco, para combater em vosso favor contra os inimigos, a fim de vos salvar’.
5
“Então, os chefes falarão ao povo: ‘Há alguém que construiu uma casa e ainda não a inaugurou? Volte ele para sua casa, a fim de que não morra na guerra e outro faça a inaugu­ração. 6 Há alguém que plantou uma vinha e ainda não colheu as primeiras uvas? Volte ele para sua casa, a fim de que não morra na guerra e outro venha a colher as primeiras uvas. 7 Há alguém que noivou uma mulher e ainda não se casou com ela? Volte ele para sua casa, a fim de que não morra na guerra e outro tome a mulher’. 8 E, falando assim ao povo, os chefes acrescentraram: ‘Há alguém com medo e sem coragem? Volte ele para sua casa, a fim de que sua covardia não contagie seus irmãos’. 9 Quando os chefes tiverem acabado de falar ao povo, os comandantes das tropas se colocarão à frente do exército.


 Conquistar cidades, poupar as árvores frutíferas

10 “Quando te aproximares de uma cidade para atacá-la, começarás propondo-lhe a paz. 11 Se ela aceitar a paz e te abrir as portas, todos­ os habitantes te prestarão trabalho gratuito e te servirão. 12 Mas se recusar a paz e preferir a guerra, tu a sitiarás. 13 E quando o Senhor teu Deus a colocar em tuas mãos, passarás to­dos os homens a fio de espada. 14 Só ficarás com as mulheres, as crianças, o gado e tudo o que se encontrar na cidade; ficarás com todo o saque e poderás comer dos despojos dos inimigos que o Senhor teu Deus te dá.
15
Procederás assim com todas as cidades mais afastadas, que não pertencerem às cida­des das nações daqui. 16 Mas nas cidades dos povos que o Senhor teu Deus te dá em heran­ça não deixarás alma viva. 17 Votarás ao inter­dito os heteus, os amorreus, os cananeus, os fereseus, os heveus e os jebuseus, como o Senhor teu Deus te mandou. 18 Assim, não vos ensinarão a praticar as abominações a que esta gente se entrega com seus deuses, e não pecareis contra o Senhor vosso Deus.
19
“Quando sitiares uma cidade por longo tempo para te apoderares dela, não destruas as árvores a golpes de machado, porque poderás comer dos frutos. Não derrubes as árvo­res. Ou as árvores do campo seriam porventura homens para fugirem de tua presença por ocasião do cerco? 20 Somente as árvores que souberes não serem frutíferas, poderás destruí-las e derrubá-las para as obras do cerco contra a cidade inimiga, até que se renda.

 Caso de homicídio não esclarecido

21 1 “Quando, na terra que o Senhor teu Deus te dá em posse, for encontrado no campo um homem assassinado, sem que se saiba quem o matou, 2 os anciãos e os juízes irão medir a distância que separa o lugar do cadáver das cidades da redondeza. 3 Os anciãos da cidade mais próxima do cadáver tomarão uma novilha com a qual ainda não se tenha trabalhado e que ainda não tenha puxado a canga, 4 e a conduzirão a um riacho de água permanente, cujo vale nunca tenha sido cultivado nem semeado. E ali junto ao riacho lhe quebrarão a nuca. 5 Chegarão em seguida os sacerdotes, filhos de Levi, os quais o Senhor teu Deus escolheu para ministros a fim de abençoarem em nome do Se­nhor e, por sua palavra, decidirem qualquer litígio ou lesão corporal. 6 Todos os an­ciãos da cidade mais próxima do cadáver la­varão as mãos sobre a novilha cuja nuca quebraram no vale, 7 recitando as palavras: ‘Nossas mãos não derramaram este sangue nem o viram nossos olhos. 8 Sê propício com teu povo Israel que resgataste, ó Senhor, e não o culpes pelo sangue derramado’. E o homicídio lhe será perdoado. 9 Assim eliminarás de teu meio a culpa de homicídio, por teres feito o que é reto aos olhos do Senhor.

 Casamento com prisioneiras de guerra

10 “Quando, na guerra contra os inimigos, o Senhor teu Deus os entregar em tuas mãos e tu os fizeres cativos, 11 se então vires entre eles uma mulher bonita, da qual te enamores e a quei­ras tomar por esposa, 12 tu a introduzirás em tua casa. Ela rapará a cabeça e cortará as unhas, 13 deporá as vestes de cativa e ficará em tua casa, chorando o pai e a mãe durante um mês. Depois te unirás a ela e serás o seu marido, e ela, tua esposa. 14 Se depois não te agradares dela, tu a deixarás partir em liberdade; não poderás vendê-la por dinheiro nem maltratá-la, pois a possuíste como esposa.

 Direitos do primogênito

15 “Se um homem tiver duas mulheres, uma amada e outra desprezada, e ambas lhe tiverem dado filhos, e o primogênito for filho da desprezada, 16 no dia em que distribuir os bens entre os filhos não poderá dar ao filho da amada o direito da primogenitura, em de­trimento do primogênito, filho da mulher des­prezada. 17 Mas terá de reconhecer por pri­mogênito o filho da mulher desprezada, dando-lhe porção dupla dos bens, pois este é o primeiro fruto de seu vigor e a ele pertence o direito da primogenitura.

 Castigo do filho rebelde

18 “Se alguém tiver um filho desobediente e rebelde, que não quer atender à voz do pai nem da mãe e, mesmo castigado, se obstinar em não obedecer, 19 os pais o conduzirão aos anciãos da cidade, até o tribunal local, 20 e lhes dirão: ‘Este nosso filho é desobediente e rebelde. Não quer obedecer à nossa voz, é devasso e beberrão. 21 Então todos os homens da cidade o apedrejarão. E assim eliminarás o mal de teu meio e, ao sabê-lo, todo o Israel temerá.

 Cadáveres enforcados

22 “Quando alguém tiver cometido um crime­ de pena capital e for executado e suspenso nu­ma árvore, 23 o cadáver não poderá ficar ali durante a noite, mas deverás sepultá-lo no mesmo dia, pois o que foi suspenso é maldição­ de Deus, e não deverás manchar a terra que o Senhor teu Deus te dá em herança.­

 Animais extraviados

22 1 “Se vires extraviado o boi ou a ovelha de teu irmão, não te desviarás deles mas os reconduzirás ao irmão. 2 Mas se teu irmão morar afastado, ou não o conheceres, recolherás o animal em tua propriedade; ele ficará contigo até que o irmão venha buscá-lo, e tu o restituas. 3 O mesmo farás com o ju­mento, com o manto e com qualquer coisa que teu irmão tenha perdido. Não poderás omitir-te. 4 Se vires o jumento ou o boi do?teu irmão caídos no caminho, não te desviarás deles. Ajuda teu irmão a levantá-lo.

 Leis diversas: as misturas, as franjas

5 “A mulher não usará roupa de homem nem o homem vestido de mulher, pois quem o fizer­ será abominável diante do Senhor teu Deus.
6
Se encontrares no caminho, sobre uma árvore ou na terra, um ninho de passarinho e a mãe junto dos filhotes ou chocando os ovos, não apanhes a mãe com os filhotes. 7 Deixarás ir livre a mãe e ficarás apenas com os filhotes. Assim serás feliz e viverás longos anos.
8
Quando construíres uma casa nova, farás um parapeito em redor do terraço, para não tornares tua casa responsável pela morte, se alguém vier a cair lá de cima.
9
Não semearás a vinha com duas espécies de semente, pois neste caso tudo seria declarado coisa santa: o grão semeado e o produto da vinha. 10 Não lavrarás com o boi e o jumento atados à mesma canga. 11 Não usarás roupa tecida de lã e linho misturados.
12
Farás franjas nas quatro pontas do manto com que te cobrires.

 Acusação de não-virgindade

13 “Se um homem casar com uma mulher e, depois de ter tido relações com ela, começar a detestá-la, 14 caluniá-la e difamá-la, dizendo:­ ‘Casei-me com esta mulher mas, ao ter relações com ela, descobri que não era virgem’, 15 os pais da jovem colherão as provas da sua virgindade e as apresentarão no tribunal aos anciãos da cidade. 16 O pai da jovem dirá: ‘Dei minha filha por esposa a este homem mas, por­que começou a detestá-la, 17 lança calúnias contra ela, dizendo que não a encontrou virgem. Eis as provas da virgindade de minha filha’. E desdobrarão a roupa diante dos anciãos da cidade. 18 E os anciãos pegarão aquele homem e o farão castigar. 19 Imporão a ele uma multa de cem moedas de prata, que entre­garão ao pai da jovem, por haver aquele homem difamado uma virgem de Israel. Ele terá de tomá-la por esposa e não poderá repudiá-la enquanto viver.
20
Mas, se a acusação for verdadeira, tendo­-se verificado não ter sido virgem a jovem, 21 ela será levada até à entrada da casa do pai e os homens da cidade a apedrejarão até à morte, por haver cometido uma infâmia em Israel, prostituindo-se na casa paterna. Assim­ eliminarás o mal de teu meio.

 Adultério e estupro

22 “Se um homem for apanhado dormindo com uma mulher casada, ambos serão mortos, o homem que se juntou com a mulher, e a mulher. Assim eliminarás o mal de teu meio.
23
Se um homem encontrar na cidade uma moça ainda virgem, noiva de outro, e dormir com ela, 24 levareis os dois às portas da cidade e os apedrejareis até à morte: a jovem, por não ter gritado, apesar de estar na cidade, e o homem, por haver desonrado a mulher do próximo. Assim eliminarás o mal de teu meio. 25 Mas se foi no campo que o homem encontrou a jovem noiva e lhe fez violência, só o homem que a violentou deverá morrer. 26 À moça, porém, nada farás. Ela não cometeu um pecado digno de morte, pois o caso se assemelha ao de um homem que se lança sobre outro e o mata: 27 agarrada no campo, a jovem gritou, mas não havia ninguém para socorrê-la.
28
Se um homem encontrar uma moça ainda não comprometida, agarrá-la à força para dormir com ela e forem surpreendidos, 29 o homem que dela abusou dará ao pai da jovem cinqüenta moedas de prata, e ela será sua esposa, uma vez que a deflorou, e não poderá repudiá-la enquanto viver.

23 130Ninguém tomará a mulher do pai nem levantará o manto paterno.

 Quem fica excluído das reuniões cultuais 

2 1“Não será admitido na assembléia do Senhor o homem que tenha os testículos esmagados ou o membro viril amputado. 3 2Nenhum filho ilegítimo entrará na assembléia do Senhor até à décima geração.
4
3Nenhum amonita ou moabita entrará na assembléia do Senhor; nem mesmo na décima geração poderão entrar na assembléia do Senhor, 5 4porque não saíram ao vosso encon­tro no caminho para oferecer pão e água, quan­do saístes do Egito. Eles também pagaram Balaão filho de Beor, de Petor na Meso­potâmia, para te amaldiçoar. 6 5Mas o Senhor teu Deus não quis ouvir Balaão e converteu a maldição em bênção, porque o Senhor teu Deus te ama. 7 6Jamais procurarás fazer amizade com eles nem te interessarás por seu bem-estar enquanto viveres.
8
7Não detestes o edomita, pois é teu irmão. Não detestes o egípcio, pois foste estrangeiro em sua terra. 9 8Os seus filhos na terceira geração poderão entrar na assembléia do Senhor.

 Limpeza nos acampamentos

10 9“Quando saíres para acampar contra os inimigos, guarda-te de todo mal. 11 10Se houver alguém impuro por polução noturna, saia para fora do acampamento e para ali não volte; 12 11ao cair da tarde deverá banhar-se em água e, ao pôr do sol poderá entrar no acampamento. 13 12Fora do acampamento terás um lugar onde te possas retirar para as necessidades. 14 13 Levarás no equipamento uma pá para fazeres uma fossa, quando saíres para fazer as necessidades. Antes de voltar, cobrirás os excrementos. 15 14Pois o Senhor teu Deus anda no meio de teu acampamento para te proteger e entregar em teu poder os inimigos. Teu acampamento deve ser santo, para que o Senhor não veja nada de inconveniente e não se afaste de ti.

 Leis humanitárias e cultuais

16 15“Não entregarás ao Senhor o escravo fugitivo que se refugiar em tua casa. 17 16Ficará contigo no meio dos teus, no lugar que escolher, numa de tuas cidades onde bem lhe convier. Não o incomodes.
18
17Ninguém dentre as filhas ou os filhos de Israel se entregue à prostituição sagrada. 19 18Seja qual for o voto feito, não levarás à casa do Senhor a paga de uma prostituta nem o preço de um prostituto, pois ambos são abomináveis ao Senhor teu Deus.
20
19Não exigirás de teus irmãos juro algum, nem por dinheiro, nem por víveres, nem por coisa alguma que se empresta a juros. 21 20Podes exigi-lo do estrangeiro mas não de teu irmão, para que o Senhor teu Deus te abençoe em todos os empreendimentos na terra em que vais entrar para possuí-la.
22
21Quando tiveres feito um voto ao Senhor teu Deus, não demores a cumpri-lo. Pois o Se­nhor teu Deus não deixaria de pedir-te con­tas, e tu virias a cometer um pecado. 23 22Se te abstiveres de fazer votos, não estarás pecando.­ 24 23Manterás, porém, a palavra saída dos teus lábios e a cumprirás conforme o voto livremente feito ao Senhor teu Deus, que tua boca pronunciou.
25
24Quando entrares na vinha do próximo, poderás comer uvas até saciares o apetite, mas nada ponhas na cesta. 26 25Quando entrares na plantação do próximo, poderás colher espigas com a mão, mas não poderás usar a foice.

 O direito da mulher divorciada

24 1 “Se um homem toma uma mulher e se casa com ela, e esta depois não lhe agrada porque descobriu nela algo inconveniente, ele lhe escreverá um atestado de divórcio e assim despedirá a mulher. 2 Tendo saí­do da casa do marido, a mulher poderá casar com outro homem. 3 Mas, se o segundo marido também se desgostar dela, lhe escrever um atestado de divórcio e a mandar embora de casa, ou se ele morrer, 4 o primeiro marido não a poderá tomar novamente como esposa, depois de ela se ter tornada impura, porque seria uma abominação perante o Senhor. Não deves levar ao pecado a terra que o Senhor teu Deus te dá em herança.

 Regras diversas de prudência e retidão

5 “Se um homem é recém-casado, não irá à guerra nem lhe será imposto cargo algum. Fique livre em casa durante um ano, para alegrar-se com a mulher que desposou.
6
Não receberás como penhor as duas mós do moinho, nem mesmo a mó superior, pois seria tomar como penhor a própria vida.
7
Se alguém for flagrado seqüestrando um de seus irmãos israelitas para usá-lo como escravo ou vendê-lo por dinheiro, o seqüestrador deverá morrer. Assim eliminarás o mal de teu meio.
8
Evita com o maior cuidado a doença da lepra, e observa tudo o que te instruírem os sacerdotes levíticos, conforme eu lhes ordenei. Cumpre tudo à risca.  9 Lembra-te do que o Senhor teu Deus fez com Maria na viagem de saída do Egito.
10
Se emprestares alguma coisa a teu próximo, não lhe invadirás a casa para garantires algum penhor. 11 Esperarás do lado de fora que o devedor te traga o penhor. 12 Se for pobre, não passarás a noite com o penhor em casa. 13 Devolve-lhe o penhor ao pôr do sol, para que ele possa deitar-se com seu manto e te aben­çoe. Isto será para ti uma obra justa diante do Senhor teu Deus.
14
Não negarás a paga a um pobre e indigen­te, seja ele um irmão teu, seja um estrangeiro­ que mora no país, numa de tuas cidades. 15 Dá-lhe no mesmo dia o salário, para que o sol não se ponha sobre a dívida, pois ele é po­bre, e o salário significa o seu sustento. Do contrário, clamaria ao Senhor contra ti e tu virias a ser culpado de um pecado.
16
Os pais não serão mortos pela culpa dos fi­lhos, nem os filhos pela culpa dos pais: ca­da um será morto por seu próprio pecado.

 O estrangeiro, o órfão e a viúva

17 “Não leses o direito do estrangeiro nem do órfão, nem tomes como penhor as roupas da viúva. 18 Lembra-te de que foste escravo no Egito, de onde o Senhor teu Deus te resgatou. É por isso que te ordeno que procedas assim.
19
Se, ao fazer a colheita em teu campo, esqueceres um feixe de trigo, não voltes para bus­cá-lo. Deixa-o para o estrangeiro, para o?ór­fão e a viúva, a fim de que o Senhor teu Deus te abençoe em todo trabalho de tuas mãos.
20
Quando tiveres colhido o fruto das oliveiras, não voltarás para colher o que ficou nas árvores. Deixa-o para o estrangeiro, o órfão e a viúva.
21
Quando colheres as uvas da tua vinha, não deves colher os cachos que ficaram. Deixa-os para o estrangeiro, o órfão e a viúva. 22 Lembra-te de que tu também foste escravo no Egito. Por isso te ordeno que procedas assim.

 Eqüidade no julgamento. O boi na eira

25 1 “Quando dois homens tiverem uma questão judicial e forem apresentar-se ao tribunal para julgamento, seja absolvido­ o justo e condenado o culpado. 2 Se o culpado­ merecer a pena de açoite, o juiz o fará deitar­-se por terra e açoitá-lo em sua presença com um número de golpes proporcional ao delito.­ 3 Não deverá sofrer mais de quarenta golpes, para que não suceda que, continuando a açoi­tá-lo além deste número, o irmão fique desonrado a teus olhos.
4
Não amordaçarás o boi que debulha o trigo.­

 A lei do levirato

5 “Quando dois irmãos morarem juntos e um morrer sem deixar filhos, a mulher do defunto não se casará fora da família, com um estranho. O cunhado a tomará como esposa para cumprir o dever do levirato: 6 o primeiro filho que ela der à luz receberá o nome do irmão morto, para que seu nome não desapareça de Israel. 7 Se o irmão se negar a desposar a cunhada, ela se dirigirá ao tribunal e dirá aos anciãos: ‘Meu cunhado se nega a perpetuar em Israel o nome do irmão. Não quer cumprir o dever do levirato para comigo’. 8 Os anciãos da cidade o convocarão para conversar. Se ele persistir, dizendo: ‘Não me agrada tomá-la para mulher’, 9 a cunhada, aproximando-se dele na presença dos anciãos, lhe tirará o calçado do pé e lhe cuspirá no rosto e, tomando a palavra, dirá: ‘Assim se faça com o homem que não quer construir a casa do seu irmão’. 10 E sua família será chamada em Israel­ “a casa do descalço”.

 Castigo para mulher atrevida

11 “Se dois homens estiverem brigando, e a mulher de um vier em socorro do marido, estender a mão e agarrar o outro pelas partes­ vergonhosas, 12 tu lhe cortarás a mão sem dó nem piedade.

 Honestidade no comércio

13 “Não terás na bolsa dois pesos, um grande­ e um pequeno. 14 Não terás em casa dois tipos de medida, uma grande e outra pequena. 15 Utilizarás pesos exatos e justos, medidas precisas­ e justas, para que vivas longos anos sobre a terra que o Senhor teu Deus te dá. 16 Pois é abominável para o Senhor teu Deus quem faz tais coisas e quem comete tal injustiça.

 Extermínio de Amalec

17 “Lembra-te do que te fez Amalec na viagem­ de saída do Egito. 18 Como, sem temor algum de Deus, ele te surpreendeu no caminho, atacando os que vinham alquebrados na retaguarda, quando estavas cansado e extenuado. 19 Por isso, quando o Senhor teu Deus te der o repouso, livrando-te dos inimigos dos arredores, na terra que ele te dá em herança para que dela tomes posse, apagarás a memória de Amalec debaixo dos céus. Não o esqueças.

 Primícias e profissão de fé

26 1 “Quando tiveres entrado na terra que o Senhor teu Deus te dá por herança e dela tomares posse, estabelecendo-te aí, 2 tomarás os primeiros frutos de tudo o que a terra produz, colhidos da terra que o Senhor teu Deus te dá e, pondo-os numa cesta, irás ao lugar que o Senhor teu Deus tiver escolhido para nele fazer morar seu nome. 3 Irás apresentar-te ao sacerdote em exercício e lhe dirás: ‘Reconheço hoje diante do Senhor meu Deus que entrei na terra que o Senhor jurou a nossos pais que nos daria’. 4 O sacerdote receberá de tua mão a cesta e a colocará diante do altar do Senhor teu Deus. 5 Então declararás diante do Senhor teu Deus:
‘Meu pai era um arameu errante, que desceu ao Egito com um punhado de gente e ali viveu como estrangeiro. Mas ele tornou-se um povo grande, forte e numeroso. 6
Então os egípcios nos maltrataram e oprimiram, impondo-nos uma dura escravidão. 7 Clamamos então ao Senhor, Deus de nossos pais, e o Senhor ouviu nossa voz e viu nossa opressão, nossa fadiga e nossa angústia; 8 o Senhor nos tirou do Egito com mão forte e braço estendido, no meio de grande pavor, com sinais e prodígios, 9 e nos introduziu neste lugar,­ dando-nos esta terra, terra onde corre leite e mel. 10 Agora, pois, trago os primeiros frutos da terra que tu me deste, Senhor’.
E depois de depositar os frutos diante do Se­nhor teu Deus, e te prostrarás diante dele. 11
Então te alegrarás com o levita e o estrangei­ro que mora em teu meio por todos os bens?que o Senhor teu Deus te deu a ti e à tua família.

 O dízimo trienal

12 “Quando tiveres acabado de separar o dízimo de todos os produtos do terceiro ano, que é o ano do dízimo, tu o colocarás à disposição do levita, do estrangeiro, do órfão e da viúva, para que comam à saciedade nas tuas cidades. 13 Dirás, então, diante do Senhor­ teu Deus: ‘Retirei de minha casa o que era con­sagrado e dei-o também ao levita, ao es­trangeiro, ao órfão e à viúva, conforme o man­damento que me deste.
Não transgredi os mandamentos nem os esqueci. 14
Não comi nada disso em meu luto, não consumi nada disso em estado de impure­za, nem ofereci nada disso a um morto. Obedeci à voz do Senhor meu Deus e em tudo fiz o que me mandaste. 15 Olha do alto da tua morada santa, de lá dos céus, abençoa teu povo Israel e esta terra que nos deste, como juraste a nossos pais, terra onde corre leite e mel’.

 Conclusão do segundo discurso

16 “Hoje o Senhor teu Deus te manda cumprir estas leis e decretos. Guarda-os e observa-os com todo o teu coração e com toda a tua alma. 17 Tu escolheste hoje o Senhor para ser o teu Deus, para seguires os seus caminhos, guardares suas leis, seus mandamentos­ e seus decretos, e para obedeceres à sua voz. 18 E o Senhor te escolheu, hoje, para que sejas para ele um povo particular, como te havia dito, a fim de guardares todos os seus manda­mentos. 19 Assim ele te fará mais famoso do que todas as nações que ele criou para seu louvor, sua fama e glória, a fim de que sejas um povo santo para o Senhor teu Deus, conforme ele falou”.


Instruções para a promulgação da Lei

 Liturgia de Siquém: renovação da aliança

27 1 Junto com os anciãos de Israel, Moisés deu ao povo a seguinte ordem: “Guardai todos os mandamentos que hoje vos prescrevo. 2 Quando tiverdes atravessado o rio Jordão para a terra que o Senhor teu Deus te dá, levantarás grandes pedras que rebocarás com cal. 3 Ao atravessares, escreverás nelas todas as palavras desta Lei, a fim de entrares na terra que o Senhor teu Deus te dá, terra onde corre leite e mel, conforme o Senhor, o Deus de teus pais, te prometeu. 4 Quando, pois, tiverdes atravessado o rio Jordão, erguereis essas pedras sobre o monte Ebal, rebocando-as de cal, como hoje vos ordeno. 5 Edificarás ali um altar para o Senhor teu Deus, um altar de pedras não trabalhadas com o ferro. 6 Construirás o altar para o Senhor teu Deus com pedras brutas e oferecerás holocaustos ao Senhor teu Deus. 7 Oferecerás sacrifícios de comunhão e ali os comerás, alegrando-te diante do Senhor teu Deus. 8 Escreverás sobre as pedras as palavras­ desta Lei com caracteres bem claros”.
9
Em seguida, Moisés e os sacerdotes levitas­ falaram a todo o Israel: “Guarda silêncio,?Israel,­ e escuta: hoje te tornaste o povo do Se­nhor­ teu Deus. 10 Escuta, pois, a voz do?Se­nhor­ teu Deus e cumpre os seus mandamentos e suas leis que hoje te prescrevo”.

 As doze maldições

11 Naquele dia, Moisés deu ao povo a seguinte ordem: 12 “Quando tiverdes atravessado o rio Jordão, estarão de pé sobre o monte Garizim, para abençoar o povo, as tribos de Si­meão, Levi, Judá, Issacar, José e Benjamim, 13 e sobre o monte Ebal, para amaldiçoar, esta­rão Rúben, Gad, Aser, Zabulon, Dã e Neftali. 14 Os levitas tomarão a palavra e em voz alta dirão a todos os homens de Israel:
15
‘Maldito seja o homem que fizer uma escultura ou imagem fundida – abominação para o Senhor e obra de artesão – e a puser em lugar oculto!’ E todo o povo responderá: ‘Amém!’
16
‘Maldito quem desprezar o pai ou a mãe!’ E todo o povo dirá: ‘Amém!’
17
‘Maldito quem deslocar os marcos da terra do vizinho!’ E todo o povo dirá: ‘Amém!’
18
‘Maldito quem desviar o cego do caminho!’ E todo o povo dirá: ‘Amém!’
19
‘Maldito quem violar o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva!’ E todo o povo di­rá: ‘Amém!’
20
‘Maldito quem se deitar com a mulher?de seu pai, pois levantou o manto de seu pai!’ E todo o povo dirá: ‘Amém!’
21
‘Maldito quem tiver relações com algum animal!’ E todo o povo dirá: ‘Amém!’
22
‘Maldito quem se deitar com sua irmã, filha de seu pai ou de sua mãe!’  E todo o povo dirá: ‘Amém!’
23
‘Maldito quem se deitar com a sogra!’  E todo o povo dirá: ‘Amém!’
24
‘Maldito quem matar o próximo à traição!’ E todo o povo dirá: ‘Amém!’
25
‘Maldito quem aceitar suborno para as­sas­sinar um inocente!’ E todo o povo dirá: ‘Amém!’
26
‘Maldito quem não mantiver as palavras da Lei e não as puser em prática!’ E todo o povo dirá: ‘Amém!’


Deuteronômio (CNB) 17