DIscursos João Paulo II 2003

DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


A UM GRUPO DE PEREGRINOS DA CROÁCIA


Sábado, 8 de Novembro de 2003






Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. Sinto-me feliz por apresentar a minha cordial saudação a cada um de vós, vindos a Roma para manifestar mais uma vez a vossa profunda devoção à Sé de Pedro e, ao mesmo tempo, retribuir a visita que tive a alegria de realizar ao vosso País em Junho passado. A todos dou as minhas afectuosas boas-vindas.

Saúdo, em primeiro lugar, o Cardeal Josip Bozanic, e agradeço-lhe as delicadas palavras que, também no seu cargo de Presidente da Conferência Episcopal da Croácia me dirigiu em nome de todos os presentes. Com ele, dirijo uma fraterna saudação aos Bispos que não quiseram faltar a este encontro. O meu deferente pensamento vai, portanto, aos representantes das Autoridades civis e militares do País, que agradeço pelo esforço envidado pelo bom êxito das minhas Visitas pastorais.

Desejo renovar a expressão da minha mais viva gratidão pelo acolhimento tão caloroso que sempre me foi destinado todas as vezes que pisei o solo da vossa amada Pátria. Conservo na minha mente e no meu coração as imagens de um povo animado por uma fé viva e cheia de entusiasmo, de um povo hospitaleiro e generoso.

2. Volta à minha mente o primeiro grande encontro com os Croatas, realizado na vizinha Basílica junto do sepulcro do Príncipe dos Apóstolos, em 30 de Abril de 1979. Desde então, tive a oportunidade de me encontrar por diversas vezes com vossos compatriotas, tanto aqui em Roma como nas Visitas pastorais à vossa Pátria.

Quis a Providencia que a minha 100ª Viagem apostólica fora da Itália tivesse como meta exactamente a Croácia, como etapa na antiga e esplendida Dubrovnik, para a Beatificação da Irmã Maria de Jesus Crucificado Petkovic, e depois em Osijek e Djakovo, em Rijeka e Zadar. Desse modo, como peregrino do Evangelho pelos caminhos do mundo, chamado a servir a Igreja na Cátedra de Pedro, pude confirmar na fé, pela qual vós destes um belo testemunho entre numerosas adversidades e sofrimentos. Assim, quis sustentar a vossa esperança, frequentemente posta à prova, e animar a vossa caridade estimulando-vos a perserverar na vossa adesão à Igreja num novo clima de liberdade e de democracia restabelecido já há treze anos.

3. A vossa amada Terra possui a força e as capacidades necessárias para enfrentar adequadamente os desafios do momento actual. Faço votos por que ela saiba sempre servir-se delas para construir uma sociedade solidária e pronta ao sustento eficaz das categorias mais débeis. Uma sociedade fundada em valores religiosos e humanos, que ao longo dos séculos inspirou as gerações que vos precederam. Uma sociedade que respeite a sacralidade da vida e o grande projecto de Deus sobre a família. Uma sociedade que mantenha unidas as forças sadias, promovendo o espírito de comunhão e de co-responsabilidade.

O empenho a favor do homem e pelo seu próprio bem inspira-se também no Evangelho e, portanto, faz parte da missão da Igreja (cf. Mt Mt 25,34-46 Lc 4,18-19). Nada daquilo que é genuinamente humano deve ser estranho aos discípulos de Cristo.

4. Rogo a Deus para que conceda à nobre Nação croata a paz, a concórdia e a perseverança no esforço pelo bem comum. Confio o vosso povo à intercessão de Nossa Senhora, Mãe do Grande Voto Baptismal Croata, e de São José, celeste Padroeiro do vosso País.

A todos vós aqui presentes, às vossas Comunidades diocesanas e paroquiais, e às vossas famílias, concedo de coração a Bençao apostólica.

Louvados sejam Jesus e Maria!



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS MEMBROS DE UMA DELEGAÇÃO


DA ORGANIZAÇÃO PARA A LIBERTAÇÃO DA PALESTINA


Segunda-feira, 10 de Novembro de 2003





Ilustres Hóspedes

É-me grato dar as boas-vindas à vossa Delegação e peço-vos que tenhais a amabilidade de transmitir as minhas saudações e bons votos ao Presidente Yasser Arafat e a todo o povo da Palestina. Estou persuadido de que esta visita de importantes cristãos palestinos à Santa Sé levará a uma melhor compreensão da situação dos cristãos nos territórios da Palestina e do significativo papel que eles podem desempenhar na promoção das legítimas aspirações do povo palestino.

Apesar dos recentes atrasos ao longo do caminho para a paz e dos novos focos de violência e de injustiça, devemos continuar a afirmar que a paz é possível e que a resolução das diferenças só pode ser alcançada através do diálogo paciente e do compromisso perseverante por parte das pessoas de boa vontade de ambas as partes. O terrorismo deve ser condenado em todas as suas formas, porque é não apenas uma traição da nossa comum humanidade, mas é absolutamente incapaz de lançar os necessários fundamentos políticos, morais e espirituais para a liberdade e a autêntica autodeterminação dos povos. Uma vez mais, exorto todas as partes interessadas a respeitar plenamente as resoluções da Organização das Nações Unidas e os compromissos assumidos na aceitação do processo de paz, empenhando-se na busca conjunta da reconciliação, da justiça e da construção de uma coexistência segura e harmoniosa na Terra Santa. De igual modo, gostaria de manifestar os meus votos a fim de que a Constituição nacional que actualmente está a ser traçada dê expressão às mais excelsas aspirações e aos valores mais queridos de todo o povo da Palestina, com o devido reconhecimento de todas as comunidades religiosas e com uma adequada protecção legal das respectivas liberdades de culto e de expressão.

Queridos amigos, por vosso intermédio transmito as minhas calorosas saudações aos cristãos da Terra Santa, que ocupam um lugar totalmente especial no meu coração. Sobre vós e sobre o povo da Palestina, invoco as bênçãos divinas da sabedoria, da fortaleza e da paz.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES NO ENCONTRO PROMOVIDO


PELA PONTIFÍCIA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS


Segunda-feira, 10 de Novembro de 2003


Queridos Membros
da Pontifícia Academia das Ciências

É-me particularmente grato saudar-vos no dia de hoje, na celebração do 400º aniversário da Pontifícia Academia das Ciências. Agradeço ao Presidente da Academia, Prof. Nicola Cabibbo, os seus amáveis sentimentos, expressos em nome de todos vós e reconheço com gratidão o gesto atencioso com que vós quisestes comemorar o Jubileu de Prata do meu Pontificado.

A Academia "dei Lincei" foi fundada em Roma, em 1603, por Frederico Cesi, com o encorajamento do Papa Clemente VIII. Em 1847, ela foi restaurada por Pio IX e, em 1936, novamente instituída por Pio XI. A sua história está vinculada à de muitas outras Academias Pontifícias no mundo inteiro. É com prazer que dou as boas-vindas aos Presidentes e representantes destas instituições, que hoje tiveram a amabilidade de se unir a nós, especialmente o Presidente da Academia "dei Lincei".

Recordo-me com gratidão dos numerosos encontros que tivemos ao longo dos vinte e cinco anos. Para mim, foram oportunidades para expressar a minha estima por aqueles que trabalham nos diversos campos científicos. Escutei-vos com atenção, compartilhei as vossas solicitudes e tomei em consideração as vossas sugestões. Encorajando o vosso trabalho, salientei a dimensão espiritual sempre presente na busca da verdade. Afirmei ainda que a investigação científica deve visar o bem comum da sociedade e o desenvolvimento integral de cada um dos seus membros.

Os nossos encontros também me ofereceram a possibilidade de esclarecer importantes aspectos da doutrina e da vida da Igreja, a propósito da investigação científica. Estamos unidos no nosso desejo comum de emendar os mal-entendidos e, ainda mais, de nos deixarmos iluminar pela única Verdade que governa o mundo e orienta a vida de todos os homens e mulheres. Estou cada vez mais convicto de que a verdade científica, que é em si mesma uma participação na Verdade divina, pode ajudar a filosofia e a teologia a comprender cada vez mais plenamente a pessoa humana e a Revelação de Deus acerca do homem, uma Revelação que se completa e se aperfeiçoa em Jesus Cristo. Com toda a Igreja, estou profundamente agradecido por este enriquecimento recíproco na busca da verdade e do benefício de toda a humanidade.

Os dois temas que vós escolhestes para o vosso encontro diz respeito às ciências da vida e, em particular, à própria natureza da vida humana. O primeiro, Mente, cérebro e educação, chama a nossa atenção para a complexidade da vida humana e a sua preeminência sobre as outras formas de vida. Através do estudo dos processos químicos e biológicos no cérebro, a neurociência e a neurofisiologia contribuem em grande medida para uma compreensão das suas funções. Todavia, o estudo da mente humana compreende mais do que os dados observáveis, próprios das ciências neurológicas. O conhecimento da pessoa humana não deriva exclusivamente do nível de observação e da análise científica, mas também do estudo empírico e da compreensão reflexiva.

Os próprios cientistas descobrem, no estudo da mente humana, o mistério de uma dimensão espiritual que transcende a fisiologia cerebral e parece orientar todas as nossas actividades como seres livres e autónomos, capazes de responsabilidade e de amor, e dotados de dignidade. Uma prova disto é o facto de terdes decidido alargar a vossa investigação, incluindo aspectos de ciência e educação, que são actividades especificamente humanas. Assim, as vossas considerações salientam não apenas a vida biológica, comum de todas as criaturas vivas, mas incluem também o trabalho de interpretação e avaliação da mente do homem.

Os cientistas contemporâneos reconhecem com frequência a necessidade de manter uma distinção entre a mente e o cérebro, ou entre a pessoa que age com o livre arbítrio, e os factores que ajudam o seu intelecto e a sua capacidade de aprender. Nesta distinção, que não deve contudo ser uma separação, podemos encontrar o fundamento daquela dimensão espiritual, própria da pessoa humana, que a Revelação bíblica explica como relacionamento especial com Deus Criador (cf. Gn Gn 2,7), a cuja imagem e semelhança todos os homens e mulheres são criados (cf. Gn Gn 1,26-27).

O segundo tema do vosso encontro diz respeito à Célula estaminal, tecnologia e outras terapias inovativas. Como é compreensível a investigação neste campo adquiriu maior importância nos últimos anos, por causa da esperança que ela oferece para a cura das enfermidades que atingem numerosas pessoas. Noutras ocasiões, tive a oportunidade de afirmar que as células estaminais utilizadas em vista de experiências ou tratamentos, não podem derivar do tecido embrionário humano. Aliás, encorajei a investigação sobre o tecido humano adulto ou sobre o tecido supérfluo para o desenvolvimento normal do feto. Qualquer tratamento que pretende salvar vidas humanas, e contudo se fundamenta na destruição da vida humana no seu estado embrionário, é lógica e moralmente contraditório, como no caso de qualquer produção de embriões humanos em vista da experiência ou da eventual destruição directa ou indirecta dos mesmos.

Ilustres amigos, enquanto reitero aqui o meu agradecimento pela vossa assistência inestimável, invoco as abundantes bênçãos de Deus sobre vós e as vossas famílias. Que o vosso trabalho científico produza frutos copiosos e possam as actividades da Pontifícia Academia das Ciências, continuar a promover o conhecimento da verdade e contribuir para o desenvolvimento de todos os povos.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


A UM GRUPO DE PEREGRINOS DA POLÓNIA


E REPRESENTANTES DO SINDICATO "SOLIDARNOSC"


11 de Novembro de 2003






Dou as minhas cordiais boas-vindas a todos os presentes. Saúdo de maneira particular o Senhor Presidente Lech Walesa, responsável da parte do Episcopado pela pastoral do mundo do trabalho. É-me grato poder receber uma vez mais, no Vaticano, os representantes do "Solidarnosc".

Não é a primeira vez que nos encontramos no dia 11 de Novembro, data especial para a Polónia. Recordo que esta audiência teve lugar também no ano de 1996. Nessa ocasião, eu disse: "Trago profundamente no coração, e todos os dias recomendo a Deus na oração, os vossos problemas, as vossas aspirações, preocupações e alegrias, a vossa fadiga unida com o trabalho" (L'Oss. Rom. 30/11/1996, pág. Rm 5). Hoje, volto a reiterar estas palavras para vos assegurar que o porvir dos trabalhadores na Polónia me está sempre a peito.

Recordando a data de 11 de Novembro, não posso deixar de evocar a liberdade nacional reconquistada nesse dia, depois de anos de lutas que custaram à nossa nação muitas renúncias e numerosos sacrifícios. Esta liberdade exterior não durou muito tempo, mas pudemos contar sempre com ela na luta por preservar a liberdade interior, a liberdade de espírito. Bem sei como era querido este dia a todos aqueles que, no período do comunismo, procuravam opor-se à supressão programada da liberdade do homem, à humilhação da sua dignidade e à negação dos seus direitos fundamentais. Sucessivamente, dessa oposição nasceu o movimento, cujos artífices e continuadores sois vós mesmos. Também este movimento estava vinculado à data de 11 de Novembro, àquela liberdade que, em 1981, encontrou a sua expressão exterior, política, e que nasceu da liberdade interior de cada um dos cidadãos da República Polaca e da liberdade espiritual de toda a Nação.

Embora tenha sido suprimida desde o final da segunda guerra mundial e pelos acordos de Ialta, esta liberdade de espírito sobreviveu e tornou-se o fundamento das transformações pacíficas do nosso País e, em seguida, da Europa inteira, que teve lugar também com a ajuda do "Solidarnosc".

Dou graças a Deus pelo ano de 1979, em que o sentido de unidade no bem e o desejo comum de prosperidade da Nação oprimida derrotou o ódio e o desejo de vingança, tornando-se o rebento da construção de um Estado democrático. Sim, houve tentativas em vista de destruir esta obra. Todos nós conservamos na memória o dia 13 de Dezembro de 1981, mas conseguimos sobreviver a tais provas. Dou graças a Deus pelo dia 19 de Abril de 1989, quando tive a ocasião de pronunciar as seguintes palavras: Maria, "recomendo à tua solicitude materna o "Solidarnosc" que, hoje, depois da nova legalização de 17 de Abril, pode voltar a actuar. Confio-te o processo ligado a este acontecimento, destinado a plasmar a vida da Nação em conformidade com as leis da sociedade soberana. Peço-te, Senhora de Jasna Góra, a fim de que ao longo do caminho deste processo, todos continuem a demonstrar a coragem, a sabedoria e o bom senso, indispensáveis para servir o bem comum".

Recordo estes acontecimentos, porque eles tem um significado particular na história da nossa Nação. E parece que eles estão a esquivar-se da memória. As gerações mais jovens já não os conhecem através da sua própria experiência. Por conseguinte, poder-se-ia perguntar se saberão valorizar na justa medida a liberdade que possuem, se não se derem conta do preço que foi pago pela mesma. O "Solidarnosc" não pode ignorar esta história, tão próxima e ao mesmo tempo já tão distante. Não se pode deixar de recordar a história pós-bélica da reconquista da liberdade. É o património a que nos devemos referir constantemente, a fim de que a liberdade não degenere na anarquia, mas assuma a forma de uma responsabilidade comum pela sorte da Polónia e de cada um dos seus cidadãos.

No dia 15 de Janeiro de 1981, pude dizer aos representantes do "Solidarnosc": "Prezados Senhores e Senhoras, na minha opinião vós tendes a plena consciência dos deveres que estao à vossa frente (...) Trata-se de deveres de suma importância. Eles estão vinculados à necessidade de uma plena garantia da dignidade e da eficácia do trabalho humano, mediante o respeito por todos os direitos pessoais, familiares e sociais de cada homem, que é sujeito do trabalho. Neste sentido, estes deveres tem um significado fundamental para a vida de toda a sociedade, de toda a nação, para o seu bem comum. Com efeito, o bem comum da sociedade reduz-se, em última análise, à seguinte interrogação: quem é a socieade, quem é cada homem; como é que ele vive e trabalha? Por isso, a vossa actividade autónoma faz, e deve sempre fazer, uma referencia clarividente a toda a moral social. Em primeiro lugar, à moral ligada ao campo do trabalho, às relações entre o trabalhador e o empregador".

Parece que hoje esta exortação, a garantir a dignidade e a eficácia do trabalho humano, não perdeu a sua importância. Bem sei como estas duas características do trabalho estão em perigo. Juntamente com o desenvolvimento da economia de mercado surgem novos problemas que atingem dolorosamente os trabalhadores. Nos últimos tempos falei acerca do problema do desemprego que, em muitas regiões da Polónia, adquire dimensões perigosas. Aparentemente, parece que os sindicatos não têm influencia sobre isto. Contudo, é necessário interrogar-se se não tem influência sobre o modo de assumir os empregados, dado que ele tem um carácter cada vez mais frequentemente temporário, ou então sobre o modo de os despedir, que já são realizados sem qualquer atenção pelo destino dos empregados individualmente e das suas famílias. Sim, o "Solidarnosc" demonstra uma maior actividade nas grandes empresas, especialmente nas estatais.

Todavia, podemos interrogar-nos se o Sindicato é suficientemente solícito pelo destino dos empregados nas empresas pequenas, particulares, nos supermercados, nas escolas, nos hospitais ou noutras actividades da economia de mercado, que não tem a força de que dispõem as minas ou as usinas de aço. É necessário que o vosso Sindicato defenda abertamente os trabalhadores, aos quais os empregadores negam o direito de voz, o direito de se oporem aos fenómenos que violam os direitos fundamentais do trabalhador.

Bem sei que no nosso País há casos em que aos trabalhadores não se pagam os salários. Há pouco tempo, referindo-me a uma carta que, a este propósito, os Bispos polacos quiseram publicar, eu disse que o bloqueio do pagamento devido pelo trabalho constitui um pecado que brada ao céu por vingança. "Mata o próximo quem lhe tira os meios de vida e derrama sangue quem priva o operário do seu salário" (Si 34,22). Este abuso é a causa da situação dramática de muitos trabalhadores e das suas famílias. O Sindicato "Solidarnosc" não pode permanecer indiferente, perante este fenómeno angustiante.

Um problema à parte é a frequente consideração dos trabalhadores exclusivamente como mão-de-obra. Acontece que os empregadores na Polónia negam aos seus funcionários o direito ao descanso, à assistencia médica e até mesmo à maternidade. Isto não significa, porventura, limitar a liberdade pela qual o "Solidarnosc" lutou? Ainda há muito a fazer sob este ponto de vista. Este dever pesa sobre as autoridades do Estado e sobre as instituições jurídicas, mas também sobre o "Solidarnosc", em quem o mundo do trabalho depositou uma grande esperança. Não se pode decepcioná-la.

Durante o ano de 1981, enquanto ainda perdurava o estado de emergência, tive a oportunidade de dizer aos representantes do "Solidarnosc": "A actividade dos sindicatos não tem um carácter político, não deve ser um instrumento da acção de uma pessoa, nem de qualquer partido político, para poder concentrar-se de maneira exclusiva e plenamente autónoma sobre o grande bem social do trabalho humano e dos trabalhadores" (Discurso de 15 de Janeiro de 1981). Parece que a própria politização do Sindicato provavelmente devido à necessidade histórica o levou ao seu debilitamento. Como escrevi na Carta Encíclica Laborem exercens, quem tem o Poder no Estado é um empregador indirecto, cujos interesses geralmente não caminham pari passu com as necesssidades dos trabalhadores. Parece que o "Solidarnosc", entrando numa determinada etapa da história, directamente no mundo da política, e assumindo a responsabilidade pelo governo do País, teve de renunciar obrigatoriamente à defesa dos interesses dos trabalhadores em muitos sectores da vida económica e pública. Permiti-me dizer que, se hoje, o "Solidarnosc" quiser servir verdadeiramente a Nação, deveria voltar às suas próprias raízes, aos ideais que o iluminavam como Sindicato. O poder passa de mão em mão, e os operários, os agricultores, os professores, os agentes que desempenham a sua actividade no campo da saúde e todos os outros trabalhadores, independentemente de quem conserva o poder no País, esperam ser ajudados na salvaguarda do seus justos direitos. Aqui, o "Solidarnosc" nao pode faltar.

Trata-se de uma tarefa difícil e exigente. Por isso, cada dia acompanho todos os vossos esforços com as minhas orações. Ao defenderdes os direitos de quem trabalha, contribuís para uma causa justa, e nisto podeis contar com a ajuda da parte da Igreja. Na minha opinião, este empreendimento será eficaz e melhorará a sorte dos trabalhadores no nosso País. Com a assistência de Deus, dais continuidade à obra que começamos em conjunto há vários anos.

Deus vos abençoe!



SAUDAÇÃO DO PAPA JOÃO PAULO II


A UM GRUPO DE ATLETAS POLACOS E ITALIANOS


Terça-feira, 11 de Novembro de 2003




É com grande cordialidade que saúdo a delegação da Selecção Polaca de Futebol e os atletas da Selecção Italiana de Futebol, com os seus dirigentes e acompanhantes, em particular o Presidente da Federação Italiana de Futebol, Senhor Franco Carraro.

Na vigília do jogo amistoso programado para amanhã em Varsóvia, vós, caríssimos, quisestes fazer-me uma visita e felicitar-me.

Agradeço-vos esta gentil iniciativa e, enquanto asseguro a cada um de vós a minha lembrança na oração, abençoo-vos a todos de coração.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES NA CONFERÊNCIA


INTERNACIONAL SOBRE "A DEPRESSÃO"


Sexta-feira, 14 de Novembro de 2003



Estimados irmãos
no Episcopado e no Sacerdócio!
Caros amigos!

1. Estou feliz por me encontrar convosco por ocasião da Conferência Internacional organizada pelo Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde sobre o tema "A Depressão". Agradeço ao Card. Javier Lozano Barragán as gentis palavras que me dirigiu em nome dos presentes.
Saúdo os ilustres especialistas, vindos para oferecer o fruto das suas pesquisas sobre esta patologia, com a finalidade de favorecer o seu conhecimento mais profundo para assim consentir melhores cuidados e uma assistência mais idónea tanto aos interessados como às suas famílias.
Penso, outrossim, com estima, em quantos se dedicam ao serviço dos doentes de depressão, ajudando-os a manter a confiança na vida. O pensamento, naturalmente, faz-se extensivo também às famílias que acompanham com afecto e delicadeza o seu parente querido.

2. O vosso trabalho, estimados Congressistas, mostraram os diferentes aspectos da depressão na sua complexidade: estes vão da doença profunda, mais ou menos duradoura, a um estado passageiro ligado a acontecimentos difíceis conflitos conjugais e familiares, graves problemas trabalhistas, solidão... que levam a um prejuízo ou até à ruptura das relações sociais, profissionais, familiares. A doença muitas vezes é acompanhada por uma crise existencial e espiritual, que leva a não perceber mais o sentido da vida.

O aumento dos estados depressivos tornou-se preocupante. Neles revelam-se fragilidades humanas, psicológicas e espirituais que, pelo menos em parte, foram induzidas pela sociedade. É importante tomar consciência das repercussões que têm sobre as pessoas as mensagens veiculadas pelos meios de comunicação, os quais exaltam o consumismo, a satisfação imediata dos desejos, a corrida a um bem material sempre maior. É preciso propor novos caminhos, para que cada um possa construir a própria personalidade, cultivando a vida espiritual, fundamento da existência madura. A participação entusiasmada nas Jornadas Mundiais da Juventude mostra que as novas gerações procuram Alguém que possa iluminar o seu caminho quotidiano, dando-lhes a razão para viver e ajudando-as a enfrentar as dificuldades.

3. Vós destacastes: a depressão é sempre uma provação espiritual. O papel daqueles que cuidam de pessoas deprimidas, e não têm uma tarefa terapêutica específica, consiste sobretudo em ajudá-las a recuperar a auto-estima, a confiança nas próprias capacidades, o interesse pelo futuro, o desejo de viver. Por isso, é importante estender a mão aos doentes, fazer com que eles sintam a ternura de Deus, integrá-los numa comunidade de fé e de vida na qual possam sentir-se acolhidos, compreendidos, sustentados, dignos, numa palavra, amar e ser amados. Para eles, como para qualquer outro, contemplar Cristo e deixar-se "guiar" por Ele é experiência que os abre à esperança e os estimula a escolhar a vida (cf. Dt 30,19).

No percurso espiritual, a leitura e a meditação dos Salmos, nos quais o autor sagrado expressa em oração as suas alegrias e as suas angústias, pode ser de grande ajuda. A recitação do Rosário permite encontrar em Maria uma Mãe amorosa que ensina a viver em Cristo. A participação na Eucaristia é fonte de paz interior, tanto para a eficácia da Palavra e do Pão da vida, como pela inserção na comunidade eclesial. Sabendo muito bem quanto custa para uma pessoa com depressão o que para os outros parece simples e espontâneo, é preciso ajudá-la com paciência e delicadeza, recordando o conselho de Santa Teresa do Menino Jesus: "Os pequeninos fazem passos pequeninos".

No seu amor infinito, Deus está sempre perto daqueles que sofrem. A enfermidade pode ser uma estrada para se descobrir outros aspectos de si mesmos e novas formas de encontro com Deus. Cristo escuta o clamor daqueles cuja barca é ameaçada pela tempestade (cf. Mc 4,35-41). Ele está presente junto deles para os ajudar na travessia e guiá-los em direcção ao porto da serenidade recuperada.

4. O fenómeno da depressão recorda à Igreja e a toda a sociedade como é importante propor às pessoas, e especialmente aos jovens, modelos e experiências que os ajudem a crescer nas dimensões humana, psicológica, moral e espiritual. Com efeito, a ausência de pontos de referência não pode senão contribuir para tornar a pessoa mais frágil, induzindo-a a considerar que todos os comportamentos se equivalham. Deste ponto de vista, o papel da família, da escola, dos movimentos jovens, das associações paroquiais é muito relevante devido à incidência que tais realidades possuem na formação da pessoa.

Portanto, é significativo o papel das instituições públicas para garantir condições dignas de vida, particularmente às pessoas abandonadas, enfermas e idosas. Igualmente necessárias são as políticas para a juventude, que visam oferecer às novas gerações motivos de esperança, preservando-as do vazio e dos seus perigosos substitutivos.

5. Queridos amigos, ao encorajar-vos a um renovado compromisso num trabalho tão importante junto dos irmãos e irmãs afectados pela depressão, confio-vos à intercessão de Maria Santíssima, Salus infirmorum. Que cada pessoa e cada família possa sentir a sua materna solicitude nos momentos de dificuldade.

A vós todos, aos vossos colaboradores e a quantos vos são queridos, concedo de coração a Bênção apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS PARTICIPANTES DA PEREGRINAÇÃO


PROMOVIDA PELA UNITALSI


15 de Novembro de 2003




Caríssimos Irmãos e Irmãs

Com alegria acolho-vos no dia de hoje a todos vós que vindes de diversas regiões da Itália para comemorar os cem anos de vida e de actividade da UNITALSI.

Saúdo, antes de mais, o Presidente Nacional, Dr. António Diella, e lhe sou grato pelas palavras cordiais que me dirigiu em nome de toda a Associação. Saúdo ao Mons. Luigi Moretti, Vice-Gerente da Diocese de Roma e vosso Assistente Eclesiástico. Dirijo um pensamento grato a cada um de vós e, através de vós, a todos os sócios empenhados tanto no voluntariado como nas diversas atividades promovidas pelo vosso Sodalício.

Desejo, ainda, recordar neste momento quantos vos precederam nestes cem anos, tanto nas funções de direcção, quanto no serviço humilde e silencioso que caracteriza a família unitalsiana.

2. Diversos momentos celebrativos, nestes meses, vos têm dado oportunidade para expressar o vosso reconhecimento ao Senhor: do Congresso de Rímini à peregrinação internacional das crianças e à nacional, a Lourdes; da subida ao monte da Casa Santa de Loreto às numerosas iniciativas formativas, culturais e religiosas.

Quereis, agora, concluir o vosso jubileu com a visita à Cidade eterna para renovar, assim, a expressão de vossa fidelidade ao Sucessor do Apóstolo Pedro. Estais bem conscientes de que todo baptizado é chamado a ser um "santuário vivo" de Deus, mediante uma existência coerente com a mensagem evangélica. Em diversas circunstâncias meditastes sobre a universal vocação para a "santidade". A este propósito, também recentemente na Exortação Apostólica Ecclesia in Europa afirmei: "O pleno florescimento da Igreja dependerá da contribuição irrenunciável dos fiéis leigos, chamados a tornar presente a Igreja de Cristo no mundo, anunciando e servindo ao Evangelho da Esperança" (cf. n. 41).

3. Caríssimos Irmãos e Irmãs, mantende vivo o carisma da vossa associação eclesial.

A imagem bíblica do bom samaritano que se inclina sobre aquele que está ferido e necessitado (cf. Lc Lc 10,30-37), assim como a tenacidade, rica de fé e cheia de esperança, dos homens que carregam o paralítico até Jesus, baixando o leito pelo tecto (cf. Lc Lc 5,18-20) vos estimulem a uma dedicação cada vez mais total a Deus e ao próximo.

Alimentai a vossa existência pessoal e o trabalho na UNITALSI com a escuta da Palavra e a oração, com uma intensa vida sacramental e a busca constante da vontade divina. Este é o modo com o qual se rende o "culto espiritual" agradável ao Senhor.

A Imaculada, que "dá alegria e paz" fará "resplandecer a santidade de Deus" nos vossos corações (cf. Missal da B.V. Maria, nº 36, Prefácio e Colecta). A Ela recorrei com a oração do Rosário, e segui o seu convite para valorizar o sofrimento e a dor como preciosa contribuição para a salvação do mundo. Nossa Senhora não vos faltará com o seu auxílio e em cada situação será o vosso sustento.

Eu vos acompanho com a oração, e com muita satisfação concedo uma especial Bênção apostólica a vós, àqueles que são para vós objeto de atenção e de amor, e à inteira família da UNITALSI.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS PRELADOS DE RITO LATINO


DA CONFERÊNCIA EPISCOPAL DA ÍNDIA


EM VISITA "AD LIMINA APOSTOLORUM"


Segunda-feira, 17 de Novembro de 2003




Meus queridos Irmãos Bispos

1. "Dai graças ao Senhor porque Ele é bom, porque o seu amor dura para sempre" (Ps 118 [117], 1). É oportuno que eu utilize estas palavras dos Salmos no momento de vos saudar, Pastores das Províncias Eclesiásticas de Madrasta-Mylapore, Madurai e Pondicherry-Cuddalore, no encerramento desta série de visitas "ad Limina" dos Bispos da Índia. Em particular, desejo saudar o Arcebispo D. Arul Das e agradecer-lhe os sentimentos que me transmitiu em nome de todos vós.
Nos meus discursos precedentes, que dirigi aos vossos Irmãos Bispos, analisei diversas vezes a importância da promoção de um verdadeiro espírito de solidariedade na Igreja e na sociedade em geral. Não é suficiente que a comunidade cristã considere o princípio da solidariedade como um ideal sublime; pelo contrário, ele deve ser visto como a norma para a interacção humana que, segundo as palavras do meu venerável Predecessor, Papa Pio XII, foi "selado pelo sacrifício da redenção oferecida por Jesus Cristo sobre o altar da Cruz, ao seu Pai celestial, para a salvação da humanidade pecadora" (Summi pontificatus). Como sucessores dos Apóstolos de Jesus Cristo, temos o dever primordial de encorajar todos os homens e mulheres a desenvolver esta solidariedade a fim de que se torne uma "espiritualidade de comunhão", para o bem da Igreja e da humanidade (cf. Pastores gregis ). No momento em que compartilho estes pensamentos convosco, desejo inserir a minha reflexão no contexto deste princípio fundamental das relações humanas e cristãs.

2. Não podemos nutrir a esperança de difundir estes espírito de unidade entre os nossos irmãos e irmãs, sem uma solidariedade genuína entre os povos. Assim como muitas regiões do mundo, também a Índia está a enfrentar numerosos problemas sociais. De certa forma, estes desafios são exacerbados em virtude do sistema injusto das divisões de casta, que nega a dignidade humana de grupos inteiros de pessoas. A este propósito, quero reiterar aquilo que pude dizer, durante a minha visita pastoral ao vosso País: "A ignorância e os preconceitos devem ser substituídos pela tolerância e a compreensão. A indiferença e a luta de classes devem tornar-se fraternidade e serviço empenhado. A discriminação baseada na raça, na cor, na crença, no sexo ou na origem étnica deve ser rejeitada porque totalmente incompatível com a dignidade humana" (Homilia durante a Santa Missa no Estádio "Indira Gandhi, Nova Deli, 2 de Fevereiro de 1986; ed. port. de L'Oss. Rom. Rom. Rm 2 Rom. Rm 1986, Rm 6).

Confio as numerosas iniciativas que têm sido tomadas por parte da vossa Conferência Episcopal e das Igrejas individualmente, em vista de combater a injustiça. Os passos corajosos que tendes dado em ordem a resolver este problema, tais como os do Conselho Episcopal de Tamil Nadu, em 1992, sobressaem como exemplos que os outros são chamados a seguir. Em todas as épocas, vós deveis continuar a esforçar-vos a fim de que se preste uma atenção especial às pessoas pertencentes às castas inferiores, de maneira particular aos da população Dalit. Elas jamais podem ser segregadas pelos outros membros da sociedade. Qualquer indício de preconceito baseado nas diferenças de casta, existente nas relações entre os cristãos, é um contra-testemunho da solidariedade autenticamente humana, uma ameaça para a espiritualidade genuína e um sério obstáculo no caminho da missão eclesial de evangelização. Por conseguinte, os costumes e as tradições que perpetuam ou revigoram as divisões de casta deveriam ser sensivelmente reformados, de maneira a poderem tornar-se uma expressão da solidariedade de toda a comunidade cristã. Como o Apóstolo Paulo nos ensina, "se um membro sofre, todos os membros sofrem" (1Co 12,26). A Igreja tem a obrigação de trabalhar incessantemente para transformar os corações, ajudando todas as pessoas a considerarem cada um dos seres humanos como um filho de Deus, um irmão ou uma irmã em Jesus Cristo e, por conseguinte, como um membro da nossa própria família.

3. A comunicação autêntica com Deus e com os outros leva todos os cristãos a proclamar a Boa Nova àqueles que ainda não a viram nem a escutaram (cf. 1Jn 1,1). A Igreja tem a missão singular de servir "o Reino, difundindo pelo mundo os "valores evangélicos", que são a expressão do Reino, e ajudam os homens a acolher o desígnio de Deus" (Redemptoris missio RMi 20). Efectivamente, é este espírito evangélico que encoraja até mesmo as pessoas de tradições diferentes a trabalhar em conjunto pela finalidade conjunta da difusão do Evangelho (cf. Discurso aos Bispos indianos de rito sírio-malabar, 13 de Maio de 2003).

Muitos de vós exprimistes a esperança de que a Igreja que está na Índia continue os seus esforços a fim de permanecer activamente comprometida na "nova evangelização". Isto é de especial importância nas sociedades modernas, em que uma boa parte da população se encontra numa situação desesperadora, que muitas vezes a leva a buscar soluções rápidas e fáceis para problemas que, contudo, são complexos. Este sentido de desespero pode explicar, parcialmente, o motivo pelo qual muitas pessoas, tanto jovens como idosas, se sentem atraídas pelas seitas fundamentalistas, que oferecem um ardor emocional efémero como garantia de riqueza e conquistas mundanas. A nossa resposta para este problema deve ser de "reevangelização", e o bom êxito dela depende da nossa própria capacidade de demonstrar a tais pessoas o vazio dessas promessas e, ao mesmo tempo, de as convencer de que Jesus Cristo e o seu Corpo compartilham os seus sofrimentos, recordando-lhes que devem "buscar primeiro o seu Reino e a sua justiça" (Mt 6,33).

4. Na minha recente Exortação Apostólica pós-sinodal Pastores gregis, observei que o Bispo é o "ministro da graça do supremo sacerdócio", dado que exerce o seu múnus através da sua pregação, da guia espiritual e da celebração dos sacramentos (cf. n. 32). Como Pastores da grei do Senhor, vós estais profundamente conscientes de que não podeis desempenhar de modo efectivo os vossos deveres, sem cooperadores dedicados que vos ajudem no cumprimento do vosso ministério. Por este motivo, é essencial que continueis a promover a solidariedade entre o clero e uma maior unidade entre os Bispos e os seus presbíteros. Estou persuadido de que os sacerdotes no vosso País hão-de "viver e trabalhar em espírito de comunhão e colaboração com os Bispos e com todos os fiéis, dando testemunho do amor que Jesus afirmou ser o verdadeiro sinal dos seus discípulos (cf. Jo Jn 13,35)" (cf. Ecclesia in Asia ).


DIscursos João Paulo II 2003