Discursos João Paulo II 2000 424

DISCURSO DO SANTO PADRE À


COMUNIDADE DO PONTIFÍCIO COLÉGIO ESPANHOL


DE SÃO JOSÉ


Sexta-feira, 1 de Dezembro de 2000


Senhor Reitor e Superiores
Queridos alunos do Pontifício Colégio
Espanhol de São José, em Roma!

1. É para mim um prazer saudar-vos cordialmente durante este encontro, com o qual desejastes confirmar o vosso afecto e adesão ao Sucessor de Pedro. Dais também um especial realce à celebração do V Centenário do nascimento de São João de Ávila, padroeiro do clero secular espanhol, ao mesmo tempo que vos unis às iniciativas do Episcopado no vosso País para promover, neste Ano do Grande Jubileu, uma significativa renovação dos sacerdotes. Agradeço ao Reitor Pe. Lope Rubio Parrado, as amáveis palavras que me dirigiu, interpretando os vossos sentimentos e esperanças de servir fielmente a Igreja diante dos desafios da Nova Evangelização.
A vossa presença recorda-me as minhas duas visitas à sede do Colégio Espanhol de Roma e, sobretudo, faz-me sentir a proximidade das vossas dioceses e lugares de origem, assim como o fervor e o acolhimento do seu povo, que tive a ocasião de visitar durante as inesquecíveis viagens pastorais à Espanha. Quando tiverdes a oportunidade, levai-lhe a minha saudação e afecto.

2. O Colégio Espanhol acolhe cada um de vós, enviado pelo próprio Bispo para enriquecer a sua Igreja local com uma formação académica mais ampla e uma experiência mais universal da Igreja. Estes são dois aspectos muito importantes para o sacerdote de hoje, chamado a proclamar o Evangelho em ambientes sempre mais pluriformes, mutáveis e, ao mesmo tempo, intimamente relacionados entre si. A profunda compreensão intelectual da mensagem cristã permite a sua correcta adaptação às diversas situações, bem como uma intensa experiência do mistério da Igreja torna possível uma acção evangelizadora que nasce e tem como objectivo a plena comunhão no Evangelho de Cristo, transmitido fielmente pelos Apóstolos em plena comunhão com Pedro, que recebeu o cargo de confirmar os seus irmãos na fé (cf. Lc Lc 22,32).

Neste sentido, a permanência em Roma por algum tempo oferece-vos a oportunidade de conhecer a riqueza de outras realidades eclesiais, de fraternizar com sacerdotes provenientes de diversas dioceses, promovendo desta forma um espírito aberto para horizontes mais amplos e universais. Por isso, o Colégio Espanhol contribui para "manter a unidade de esforços num clima de colaboração apostólica, incrementar a vida multiforme do Povo de Deus, agindo como princípio de unidade e de concórdia no meio da variedade de opiniões e situações" (cf. Paulo VI, Discurso à Comunidade do Colégio Espanhol, 13 de Novembro de 1965).

Também tendes presente o espírito de unidade, ao viverdes nesta Igreja de Roma onde, como dizia Santo Ireneu, "os que se encontram em todas as partes mantiveram a Tradição apostólica" (Adv. Haer., III, 3, 2). Além disso, a proximidade à memória dos santos Apóstolos Pedro e Paulo, e dos primeiros mártires é, sem dúvida alguma, fonte de vigor evangelizador e de vitalidade eclesial, porque faz ver melhor o vínculo estreito de qualquer projecto ou acção pastoral, mesmo que o seu lugar de realização seja remoto, às próprias origens da missão da Igreja.

425 3. O Espírito Santo continua a suscitar na Espanha numerosas iniciativas para fortalecer a fé dos vossos povos e fazer resplandecer as suas manifestações, mesmo quando não faltam dificuldades para um maior florescimento do Evangelho na vossa terra. Com a vossa preparação académica e a experiência destes anos passados em Roma podereis dar um renovado impulso aos esforços de numerosos concidadãos e compatriotas vossos para que, na sociedade espanhola, o espírito do mundo não prevaleça sobre a Palavra de Deus.

Nesta tarefa servir-vos-á de ajuda o exemplo, sempre actual, de São João de Ávila. Ele resumia o seu programa num conselho simples: "Ore, medite, estude" (Carta 2, 285 ao Frei Alfonso de Vergara). De facto, a meditação e uma intensa vida espiritual facilitam a transmissão convicta do mistério de Cristo, que preenche a vida do sacerdote, e do qual tanto necessita uma geração frequentemente apoquentada pelo vazio de uma existência sem sentido. Por sua vez, o estudo favorece uma correcta compreensão da doutrina e, por conseguinte, a capacidade de a ensinar correctamente em cada situação concreta.

Eis o programa seguido com fidelidade por ele próprio, ao dar testemunho de uma vida santa e ao deixar abundantes escritos com uma doutrina sólida e uma pregação eloquente. Estes dois aspectos continuam a ser actuais e é motivo de satisfação que se tenham tornado mais acessíveis a todos com uma recente reedição. Convido-vos a imitar o exemplo do vosso Santo Padroeiro, o seu constante afã de levar Cristo aos homens, a sua preocupação pelo bem dos irmãos sacerdotes, a sua especial sensibilidade perante as novas situações e a sua inabalável fidelidade à Igreja.

4. A Virgem Santíssima, venerada no vosso Colégio como Mãe da Clemência, que acompanhou todos os estudantes desde há mais de cem anos, ampare os vossos bons propósitos. Ela e o Beato Fundador Manuel Domingo y Sol vos alcancem as graças necessárias para imitar Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote. Como confirmação destes profundos desejos, apraz-me conceder-vos a Bênção apostólica, que de bom grado faço extensiva à Comunidade das Servas de S. José, bem como aos funcionários e demais colaboradores do Colégio.




AOS BISPOS AMIGOS DO


MOVIMENTO DOS FOCOLARES


2 de Dezembro de 2000



Senhor Cardeal
Venerados Irmãos no Episcopado

1. Também este ano, no contexto dos costumados encontros que reúnem anualmente os Bispos amigos do Movimento dos Focolares, quisestes fazer uma paragem junto do Túmulo do Apóstolo, passar unidos a Porta Santa e encontrar o Sucessor de Pedro. Agradeço-vos por esta visita, pelo vosso afecto e pela vossa proximidade espiritual. Apresento a cada um de vós uma cordial saudação de boas-vindas!

Saúdo, antes de mais, o Senhor Cardeal Miloslav Vlk e exprimo-lhe um vivo reconhecimento pelas palavras amigas que, em nome de todos, me quis dirigir. Ao dirigir-me a ele, desejo fazer chegar a cada um de vós e à vossa respectiva Comunidade o meu pensamento de apreço e encorajamento para o trabalho tenaz que vos foi confiado em favor da unidade entre todos os crentes em Cristo. Durante este Ano Santo, de modo especial, o intenso desejo de obedecer à vontade do Senhor, que "eles sejam um" (Jn 17,11) esteve no centro do espírito jubilar. Estou contente por terdes podido reflectir e rezar em conjunto por este grande objectivo, em favor do qual a Igreja católica afirmou repetidamente o seu irrevogável empenho. O caminho ecuménico, de facto, é o caminho da Igreja.

2. "Ut unum sint!" (Que sejam um só!). O desejo apaixonado de Cristo ressoa constantemente nos corações de todos aqueles que Ele escolheu como seus discípulos e enviou ao mundo inteiro para serem testemunhas do seu Evangelho. Quisestes reflectir nestes dias sobre este ardente desejo. O tema à volta do qual vos encontrastes é este: "O grito do Cristo abandonado: luz sobre o caminho para a plena comunhão entre as Igrejas". Meditastes sobre a angústia experimentada por Cristo no Getsémani, quando sentiu a solidão e o abandono para realizar plenamente a missão que o Pai Lhe tinha confiado. A sua oferta total e confiante tornou-se a medida da nossa acção, pois que "a aspiração pela unidade caminha a par e passo com uma profunda capacidade de sacrifício" (Homilia na abertura da Porta Santa de São Paulo, 18 de Janeiro de 2000).

Por isso, o caminho ecuménico encontra o seu modelo decisivo na oferta extrema do Filho de Deus que, por amor dos irmãos, assumiu o peso de todas as divisões, vencendo em si o pecado da desunião dos seus. Como não descobrir a urgência de um amor semelhante, para tornar fecunda a actividade ecuménica? Como não seguir até ao mais profundo da alma o exemplo de Jesus que, "tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim (cf. Jo Jn 13,1), a ponto de lavar os pés aos discípulos?

426 3. Querendo realizar a obra do Pai, Cristo, nossa paz, a todos quer reconciliar em si mesmo com Deus, por meio da Cruz, destruindo no seu corpo a inimizade (cf. Ef Ep 2,16). Nós, testemunhas do seu sacrifício redentor, somos chamados a tornar-nos mais profundamente seus instrumentos e ministros de unidade e de santificação. Antes de tudo com a oração, pois que a reconciliação e o fim das divisões na Igreja são um dom do alto. É o Espírito, de facto, que reúne de todos os cantos da terra os filhos de Deus, a fim de que, em Cristo, elevem ao Pai, a uma só voz, o louvor perfeito. É preciso invocar com insistência este Espírito, a fim de nos reunir num só rebanho sob um só Pastor, Cristo.

Porém, na oração não deve faltar uma constante e sincera vontade de converter todos os dias o nosso coração ao Evangelho. Quanto mais soubermos pensar e agir segundo o coração de Cristo, tanto mais saberemos ser fiéis ao seu mandamento. A unidade é também uma conquista paciente e clarividente da fé e da caridade. É preciso estar de acordo com o Senhor, que é o médico das almas, para nos curar interiormente de todo o egoísmo.

4. Venerados e queridos Irmãos, a passagem da Porta Santa é para todos um dom e uma admoestação. Lembra a necessidade de reler a complexa e às vezes tormentosa história das nossas comunidades na perspectiva da única Igreja de Cristo, onde as legítimas diferenças contribuem para tornar mais esplendoroso o rosto da Esposa do grande Rei. Tal passagem é um acto de amor, de confiança e de penitência, a fim de que a graça purificadora do Senhor possa aliviar os sofrimentos causados pelas divisões e trazer de novo o entendimento dos espíritos e dos corações.

Estou persuadido de que o caminho de reflexão e de oração que percorrestes nestes dias seja para vós um estímulo para tornar as vossas comunidades ainda mais determinadas a testemunhar com a palavra e a vida a premente invocação de Cristo: "Que todos sejam um, como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti e para que também eles estejam em Nós" (cf. Jo Jn 17,21).

Esta é a minha oração que confio a Maria, Virgem Imaculada. Ao invocar abundantes graças divinas sobre vós e quantos vos são queridos, a todos abençoo do coração, conjuntamente com as Comunidades confiadas ao vosso cuidado pastoral.




AOS PEREGRINOS JUBILARES NA


PRAÇA SÃO PEDRO


Sábado, 2 de Dezembro de 2000

Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. Durante a vossa peregrinação jubilar, desejastes manifestar o vosso afecto e a espiritual proximidade do Sucessor de Pedro. Caríssimos, obrigado por esta prova de comunhão. Dou cordiais boas-vindas a cada um de vós, provenientes de várias localidades.

Aos fiéis da Diocese de Frosinone-Veroli Ferentino

Saúdo em primeiro lugar D. Salvatore Boccaccio, Bispo de Frosinone-Ferentino, e o numeroso grupo de peregrinos por ele guiados. Agradeço-lhe as amáveis expressões com que desejou recordar os motivos desta peregrinação diocesana. Saúdo também toda a comunidade da Diocese: os sacerdotes, os religiosos, as religiosas, os seminaristas, os jovens, os leigos comprometidos no apostolado e os representantes dos vários municípios que formam a articulação civil do território da Diocese. Estimados fiéis da região da "Ciociaria", peço-vos que transmitais a minha saudação a quantos não puderam estar hoje aqui presentes.

Na Diocese preparastes um plano quinquenal, que prevê a formação dos sacerdotes, dos consagrados e dos leigos, com a finalidade de dar início a uma "conversão pastoral" que a todos eduque para um renovado compromisso nas paróquias. Precisamente hoje é publicada a carta pastoral do vosso Bispo, que vos encoraja a pôr em prática uma coral acção evangelizadora, capaz de empenhar todos os sectores da comunidade eclesial. Acolhendo o Evangelho na própria vida, o cristão não pode deixar de se prodigalizar para realizar ao seu redor o projecto do Senhor: tendo sido evangelizado, evangeliza. Se abre o coração a Cristo, saberá ser para os irmãos o sinal do seu amor.

427 2. Como renovado anúncio da novidade da vida em Cristo, a nova evangelização deseja ajudar cada pessoa a compreender que a lei divina é lei de liberdade e de alegria pela completa realização da pessoa. Todos, dos sacerdotes aos catequistas, dos pais aos filhos, dos consagrados às pessoas casadas têm a responsabilidade de repropor ao mundo o anúncio sempre actual de Cristo, morto e ressuscitado por nós. É necessário que este anúncio ressoe com um profundo ardor, graças a uma evangelização aberta a todos, nova nos métodos e nas propostas.

Caríssimos Irmãos e Irmãs, o Senhor chama-vos para esta árdua mas exaltante missão. Ele não vos deixa sozinhos. Mediante a graça dos Sacramentos recebidos com frequência, a intensa oração pessoal e a cordial adesão ao Magistério, podeis crescer espiritualmente e a vossa comunidade eclesial progredirá com fidelidade ao seu Senhor. Continuai a percorrer este caminho, em plena unidade entre vós e em estreita comunhão com o vosso zeloso Pastor.

Aos membros do Círculo de São Pedro e da Associação dos Santos Pedro e Paulo

3. Dirijo uma cordial saudação a vós, dilectos membros do Círculo de São Pedro e da Associação dos Santos Pedro e Paulo. Juntamente com os colaboradores e os familiares, quisestes celebrar juntos o vosso Jubileu. Desejo manifestar a minha viva consideração aos vossos Assistentes espirituais, aos queridos Bispos D. Ettore Cunial e D. Franco Follo. Exorto cada um de vós a dar continuidade a esta obra tão meritória, realizada pelos vossos respectivos Sodalícios. Por minha vez, estou-vos grato pelo constante e silencioso serviço à minha pessoa e ao meu universal ministério petrino.

O encontro de hoje oferece-me a oportunidade de vos repetir que as vossas duas Associações têm uma significativa missão a levar a cabo no coração da Igreja: uma missão de adesão total ao Evangelho e de serviço generoso aos irmãos necessitados. Estes dois aspectos a conversão pessoal a Cristo e o serviço ao próximo estejam sempre presentes na vossa actividade. Sede em família, apóstolos do Evangelho e, graças também a um itinerário de constante formação ascética e pastoral, crescei na consciência da vossa vocação. O Senhor vos torne ouvintes da palavra de salvação cada vez mais atentos, a fim de que ela se torne pão quotidiano para o vosso crescimento espiritual e missionário.

À Fundação "Centesimus Annus Pro Pontifice"

4. Agora, é-me particularmente grato dirigir cordiais boas-vindas a cada um de vós, ilustres membros da Fundação "Centesimus Annus Pro Pontifice", aqui reunidos com os vossos familiares. O encontro de hoje inscreve-se felizmente no evento do Grande Jubileu do Ano 2000, que também para nós constitui uma singular ocasião de graça e um precioso estímulo para renovar o vosso generoso compromisso ao serviço do Magistério social e da caridade do Sumo Pontífice. Saúdo D. Agostino Cacciavillan, Presidente da Administração do Património da Sé Apostólica, e agradeço-lhe profundamente as amáveis palavras com as quais quis expressar a devoção pelo Papa, que caracteriza os membros desta Fundação. Neste encontro está também presente o Cardeal Francis Arinze, Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, a quem saúdo com afecto. Além disso, dirijo um pensamento ao Secretário da APSA, D. Claúdio Celli, aos vossos Assistentes Nacionais e a todos os Eclesiásiticos presentes, que compartilham o compromisso e as esperanças desta benemérita Fundação.

Na conclusão de um ano rico de eventos extraordinários para a vida da Igreja e do mundo, desejo manifestar-vos o meu apreço pela contribuição oferecida pela vossa Fundação ao aprofundamento do Magistério eclesial ao serviço da justiça e da paz. Como recordava D. Agostino Cacciavillan, este contributo foi evidenciado em primeiro lugar por ocasião da celebração do Jubileu desta Associação, no dia 27 do passado mês de Fevereiro, e pela significativa participação no Jubileu do mundo do trabalho, que se realizou no primeiro dia de Maio em Tor Vergata. Preparastes-vos para este encontro jubilar com um importante congresso internacional sobre "Ética e Finanças", do qual hoje quisestes apresentar-me o documento final, que representa o vosso contributo para a individualização dos caminhos justos e percorríveis para actuar o primado da pessoa humana e o bem comum no âmbito financeiro e administrativo.

Enquanto faço votos por que a vossa Fundação possa oferecer uma colaboração sempre mais qualificada à missão de evangelização e de promoção humana da Igreja e da Sé Apostólica, confio cada um dos vossos propósitos e actividades à protecção d'Aquela que gerou na carne o Filho do Pai eterno e que aos pés da Cruz nos foi dada como Mãe.

À Comunidade do Seminário Menor de Altamura-Gravina-Acquaviva delle Fonti

5. Depois, o meu pensamento volta-se para a comunidade educativa do Seminário Menor de Altamura-Gravina-Acquaviva delle Fonti, os educadores, os professores, os alunos e os familiares que os acompanham. Caríssimos, esta seja uma ocasião útil para confiar os vossos projectos ao Senhor. A Igreja espera muito de vós. Preocupai-vos em cultivar um estilo de vida sempre conforme ao Evangelho, alegre na fé e disponível ao serviço dos irmãos. Preparai-vos a fim de serdes, para todos, eloquentes testemunhas do doce amor ao Mestre divino, que orienta cada homem pelas veredas da paz e da alegria.

428 À Associação Italiana dos Mergulhadores Profissionais

6. Dirijo-me agora com afecto a vós, membros da Associação Nacional dos Mergulhadores Profissionais, que viestes visitar-me por ocasião do vosso Jubileu. Obrigado pela vossa presença. Fiquei muito sensibilizado pelo gesto simbólico que, nesta circunstância, desejais concretizar. Com efeito, como testemunho da celebração do vosso Jubileu, pedistes-me para benzer uma estátua que representa o Cristo dos Abismos. Mergulhareis esta efígie do Redentor nas águas à volta da ilha do "Giglio", em memória das vítimas da vossa destemida profissão. O Senhor vos proteja sempre e vos conceda as graças necessárias para a vossa existência.

Aos peregrinos de expressão francesa

7. Saúdo cordialmente os peregrinos de Billancourt, na França, que vieram realizar a peregrinação jubilar. Prezados amigos, oxalá consigais confirmar a vossa fé e viver de maneira renovada a vossa missão de cristãos! Com a minha Bênção apostólica.

Aos romeiros de língua croata

É-me grato saudar o grupo de Jesuítas coratas. Caríssimos, esta peregrinação aos Túmulos dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo no âmbito do Grande Jubileu do Ano 2000 volte a impulsionar ulteriormente o vosso serviço à causa do Evangelho. Neste vosso compromisso vos acompanhe a minha Bênção apostólica. Louvados sejam Jesus e Maria!

Aos demais grupos de peregrinos

8. Enfim, dirijo a minha afectuosa saudação ao numeroso grupo dos Advogados de Bari. Caríssimos, obrigado pela vossa visita. O Senhor vos assista na vossa comprometedora missão ao serviço da justiça e do bem comum. Saúdo de igual forma a União dos Pequenos Proprietários Imobiliários; as pessoas que pertecem à Liga do "Chianti"; os participantes no Seminário promovido pela Direcção Central dos Serviços Antidroga; os funcionários e os sócios do Banco de Salerno; a Câmara de Comércio de Milão, "UnionCamere"; os funcionários da Universidade de Messina; a Associação Italiana dos Funcionários de Hotel; os "Fogolars Furlans" da Suíça; e ainda os peregrinos das numerosas paróquias italianas aqui congregados.

Caríssimos Irmãos e Irmãs, formulo votos para que vivais este tempo de graça haurindo abundantemente do amor de Deus, que sustém os fiéis no compromisso de coerente testemunho cristão lá onde se encontram a trabalhar. Confio todos vós aqui presentes à salvaguarda de Maria, neste primeiro sábado do mês de Dezembro, enquanto vos abençoo do íntimo do coração.



JUBILEU DOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA


Domingo, 3 de Dezembro de 2000




Caríssimos Irmãos e Irmãs

429 1. Está quase a terminar esta jornada jubilar da "Comunidade com as pessoas deficientes", que teve o seu momento saliente esta manhã na Basílica de São Paulo fora dos Muros, com a celebração da Eucaristia.

Saúdo todos vós aqui presentes, assim como quantos estão unidos connosco através da rádio e da televisão.

Esta tarde de festa demonstra que a integração das pessoas deficientes fez progressos, embora ainda se deva percorrer muito caminho; de facto, existem algumas urgências importantes sobre as quais é bom deter-se e reflectir.

Em primeiro lugar, o direito que cada homem e mulher têm, em qualquer País do mundo, a uma vida digna. Não se trata apenas de satisfazer determinadas necessidades, mas de ver reconhecido o próprio desejo de acolhimento e de autonomia. É necessário que a integração se torne mentalidade e cultura, e ao mesmo tempo que os legisladores e os governantes não deixem faltar a esta causa o seu apoio coerente.

2. A pesquisa científica, por seu lado, é chamada a garantir todas as formas possíveis de prevenção, tutelando a vida e a saúde. Quando a deficiência não tem cura, é sempre possível libertar as potencialidades que ela não elimina. São potencialidades que devem ser apoiadas e incrementadas: com efeito, além de restituir funções danificadas, a reabilitação activa outras e impede a decadência.

Entre os direitos que se devem garantir, não se podem esquecer o direito ao estudo, ao trabalho, à casa, ao superamento das barreiras, e não apenas das arquitectónicas! Além disso, para os pais, é importante saber que a sociedade se encarrega do chamado "depois de nós", consentindo-lhes ver os próprios filhos ou filhas deficientes confiados à atenção solícita de uma comunidade disposta e ocupar-se deles com respeito e amor.

3. A Igreja, gostava de dizer o meu venerado predecessor Paulo VI, é "um amor que procura". Como desejaria que vos sentísseis todos acolhidos e envolvidos por este seu amor! Antes de mais, vós, queridas famíliaa: as que têm filhos deficientes e as que partilham a sua experiência. A vós repito hoje que estou próximo de vós. Obrigado pelo testemunho que dais com a fidelidade, a fortaleza e a paciência do vosso amor.

Além das famílias em sentido próprio, gostaria de recordar aquelas comunidades e associações, nas quais as pessoas marcadas pelas mais diversas dificuldades encontram um ambiente adequado para desenvolver as próprias capacidades. Que dom precioso da Providência são, por exemplo, as "casas-família", onde pessoas outrora abandonadas a si mesmas encontram um acolhimento caloroso e generoso! Além disso, são mais beneméritas do que nunca as várias realidades associativas em que, em espírito de partilha generosa, os limites não são um obstáculo, mas incentivo a crescer juntos. E que dizer, por fim, dos voluntários que dão o seu apoio a irmãos e irmãs necessitados? Caríssimos, sois um povo de testemunhas da esperança que, silenciosamente e de maneira eficaz, contribuís para construir um mundo mais livre e fraterno.

4. A palavra do Senhor ilumina este caminho de solidariedade. Há pouco ecoou nesta sala o Evangelho das Bem-aventuranças e foi possível admirar, neste grande "ecrã", o rosto de Jesus misericordioso. No Reino de Deus recorda-nos Cristo vive-se uma felicidade "contra a corrente", que não se baseia no sucesso nem no bem-estar, mas que encontra a sua razão profunda no mistério da Cruz. Deus fez-se homem por amor; quis partilhar até ao fim a nossa condição, escolhendo ser, num certo sentido, "deficiente" para nos enriquecer com a sua pobreza (cf. Fl
Ph 2,6-8 2Co 8,9).

"Felizes os pobres, os aflitos, os que são perseguidos por causa da justiça", porque será grande a sua recompensa no Céu! Eis o paradoxo da esperança cristã: o que humanamente parece ser uma ruína, no plano divino é sempre um projecto de salvação. Partamos encorajados por esta jornada jubilar, completamente assinalada pelas Bem-aventuranças evangélicas. Cristo, nosso companheiro de viagem, é a nossa alegria. Daqui a poucos dias contemplá-lo-emos no mistério do seu Natal: de Belém, onde escolheu tornar-se um de nós, renovará o seu anúncio de felicidade. Compete a nós a tarefa de o fazer chegar a todas as partes, a fim de que seja para todos fonte de serenidade e de paz. Rezo por isto, e a todos abençoo de coração.



MENSAGEM DO SANTO PADRE


AOS PARTICIPANTES NO


SEMINÁRIO PROMOVIDO PELO


PONTIFÍCIO CONSELHO "JUSTIÇA E PAZ"


Ao meu Venerável Irmão D. François Xavier N. Van Thuân
430 Presidente do Pontifício Conselho "Justiça e Paz"

Sinto-me particularmente feliz por dirigir esta Mensagem a Vossa Excelência e aos participantes no Seminário sobre o tema "Da redução da dívida à diminuição da pobreza", que actualmente o Pontifício Conselho "Justiça e Paz" está a promover em colaboração com outras Organizações católicas.

Há já muitos anos que o Pontifício Conselho "Justiça e Paz" se encontra na linha de vanguarda nas questões que dizem respeito aos efeitos do pesado fardo da dívida sobre a vida dos povos dos países mais pobres. Em continuidade ao apelo que fiz na minha Carta Apostólica Tertio millennio adveniente, a preparação e a celebração do Grande Jubileu do Ano 2000 têm sido uma ocasião para muitas pessoas, tanto cristãs como membros de outras Tradições religiosas, renovarem os seus esforços com vista a encontrarem uma solução definitiva para este problema (cfr. n.
TMA 51).

Com gratidão a todos aqueles que se sensibilizaram diante dos meus apelos, desejo encorajá-los a assegurar que os esforços e a boa vontade demonstrados neste Ano jubilar continuem a dar fruto nos anos vindouros. Não podemos permitir que o cansaço ou a inércia debilite o nosso compromisso lá onde a vida dos mais pobres está em perigo.

Os fundamentos da tradição jubilar eram essencialmente religiosos. O Jubileu constituía uma ocasião para recordar a todos os membros da comunidade que "só a Deus como Criador competia o "dominium altum", isto é, a soberania sobre toda a criação e de modo particular sobre a terra" (Tertio millennio adveniente, TMA 13). Hoje, esta tradição chama a nossa atenção para o facto de que somos apenas os administradores das riquezas da criação, que no desígnio de Deus constituem um bem comum a ser compartilhado por todos. Trata-se de uma visão que pode ser compreendida e apreciada por todos os homens que vivem no nosso mundo interdependente.

O nosso mundo cada vez mais globalizado exige um correspondente acréscimo de solidariedade.

A redução da dívida faz parte de um esforço mais vasto para instaurar relações transformadas entre as pessoas e criar um genuíno sentido de solidariedade e partilha entre todos os filhos de Deus, no meio de todos os povos. Não obstante o enorme progresso científico, o escândalo da pobreza inaudita continua a ser largamente difundido no nosso mundo. A consciência das possibilidades que o moderno progresso científico oferece faz da persistência desta pobreza difundida um escândalo ainda maior, de forma especial quando é acompanhada como é frequentemente o caso pelo consumismo irrefreável e pela ostentação da riqueza.

Formulo votos por que o Pontifício Conselho "Justiça e Paz" intensifique os seus esforços a fim de ser considerado nos debates sobre os modos de assegurar que a redução da dívida se torne um instrumento eficaz na luta contra a pobreza no mundo de hoje. Peço ao Pontifício Conselho "Justiça e Paz" que continue a trabalhar estreitamente com todos aqueles que actuam no âmbito das comunidades científicas e de desenvolvimento, assim como das Organizações internacionais, que se prodigalizam por garantir que o espírito de cooperação gerado pela experiência jubilar continue a desenvolver-se nos anos vindouros. Por conseguinte, é importante que as iniciativas que visam reduzir a dívida, lançadas pelas nações mais abastadas e pelas Instituições internacionais, sejam logo aplicadas integralmente, de forma a tornar os próprios países mais pobres capazes de ser a força-motriz dos esforços destinados a combater a pobreza e a oferecer ao seu povo os benefícios do progresso económico e social.

O vosso Seminário constitui também um reconhecimento do facto de que o progresso na luta contra a pobreza nos países em vias de desenvolvimento exige os esforços concertados de todas as camadas da sociedade. Na minha Carta Encíclica Centesimus annus, falei sobre a necessidade de promover a "subjectividade da sociedade" (n. 46), uma sociedade que torna cada pessoa capaz de ser um sujeito activo, colocando os seus talentos recebidos de Deus ao serviço da comunidade mais vasta.

As instituições da Igreja católica, como o vosso Seminário o demonstra, contribuem de boa vontade com a experiência do seu serviço aos mais pobres na luta contra a pobreza. Elas fazem-no no pleno respeito pelas tradições, valores e culturas positivos das pessoas a quem servem.
Jesus Cristo veio para "anunciar a Boa Notícia aos pobres" (Lc 4,18). Oxalá Ele seja o vosso sustentáculo e inspiração durante estes dias em que renovais, à luz do grande Jubileu, o vosso especial compromisso em favor de todos os pobres e excluídos. Enquanto vos confio à protecção de Maria, Mater pauperum, concedo-vos cordialmente a minha Bênção apostólica.


431 Vaticano, 3 de Dezembro de 2000.



PALAVRAS DO SANTO PADRE


A NUMEROSOS FIÉIS QUE REPRESENTAM


VÁRIAS ENTIDADES CATÓLICAS


4 de Dezembro de 2000



Venerados Irmãos no Episcopado
e no Sacerdócio
Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. Estou feliz por vos dar as minhas cordiais boas-vindas a esta especial Audiência, que se realiza no contexto do Advento que acaba de ter início. Ao saudar todos vós com afecto, formulo votos por que a visita aos Túmulos dos Apóstolos e os encontros destes dias aprofundem em cada um de vós o compromisso de adesão a Cristo, o sentido da comunhão com a Igreja universal e o impulso no testemunho do Evangelho.

Ao Fórum internacional da Acção Católica

2. Saúdo em primeiro lugar a vós, caríssimos Irmãos e Irmãs do Fórum internacional da Acção Católica, congregados nestes dias em assembleia aqui em Roma. Saúdo os Bispos presentes e os Presidentes nacionais congregados para a Assembleia. Dirijo um pensamento especial a D. Agostino Superbo, a quem agradeço as amáveis palavras que há pouco me dirigiu, fazendo-se intérprete dos sentimentos também dos demais participantes.

A vossa presença hoje aqui deseja ser um sinal de renovada fidelidade à Igreja e um compromisso a retomar com entusiasmo sempre maior o caminho da nova evangelização. A Acção Católica, assim como qualquer outro Grupo, Associação e Movimento eclesial, é chamada a ser uma autêntica escola de perfeição cristã. Ou seja, é chamada a ser aquele "laboratório da fé" que, como eu dizia aos jovens participantes na inesquecível Vigília de Oração em Tor Vergata, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, contribui para formar verdadeiros discípulos e apóstolos do Senhor. Caríssimos, continuai a aprofundar a vossa busca de Deus. Tende sempre a alma aberta para as grandes expectativas e desafios apostólicos do nosso tempo. Crescei num autêntico espírito eclesial, alimentado pelo estudo dos Documentos conciliares, cujo ensinamento permanece sempre muito actual. Sede fiéis às directrizes operativas que tive a ocasião de traçar na Exortação Apostólica pós-sinodal Christifideles laici. Assim, sereis uma riqueza cada vez maior para toda a Igreja a caminho do terceiro milénio cristão.

3. Remontando às fontes do Concílio Vaticano II, conseguireis captar com maior clareza as notas características da vossa Associação, de maneira particular a sua eclesialidade, secularidade e organicidade, na constante colaboração com os respectivos Pastores. Estas são as características essenciais que definem o rosto da Acção Católica, não obstante as diversificadas siglas e denominações, em inúmeras partes do mundo.

Se às vezes o passo das Comunidades em que trabalhais vos parece lento ou cansativo, não vos desencorajeis mas, pelo contrário, redobrai o vosso amor e esforço a fim de que, com a vossa santidade de vida e o vosso impulso apostólico, a imagem da Igreja seja cada vez mais esplêndida.
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Discursos João Paulo II 2000 424