
Discursos João Paulo II 1979 - Aeroporto de Fiumicino, 8 de Outubro de 1979
Sinto pois o dever de significar a minha reconhecida satisfação aos dirigentes das companhias aéreas, aos pilotos e à tripulação dos aviões e a todos aqueles que cooperaram, com generosa dedicação, para o pleno êxito desta minha viagem.
Ao mesmo tempo que apresento mais uma vez a Cristo Senhor, Príncipe da Paz, as aspirações e os propósitos de serena convivência, de fraterna colaboração e de humana e cristã solidariedade dos povos da terra, invoco com a minha Bênção Apostólica as divinas efusões de graça e de misericórdia sobre vós aqui presentes, sobre os dilectissimos filhos da Urbe e de toda a humanidade.
Caríssimos irmãos e irmãs no Senhor
Cá estou de novo de regresso no meio de vós, depois da minha viagem pastoral à Irlanda e aos Estados Unidos.
A seguir a este acontecimento para mim tão alegre, sinto ainda a necessidade de agradecer de coração a todos aqueles que participaram no seu bom resultado. Agradeço àqueles que com tanto desvelo me acolheram, em primeiro lugar o Presidente da Irlanda Hillary, o Secretário-Geral das Nações Unidas Kurt Waldheim, o Presidente dos Estados Unidos Carter, todas as Autoridades religiosas, civis, militares, e em primeiro lugar os Episcopados; agradeço àqueles que com tanta gentileza me transportaram e acompanharam; agradeço àqueles que prestaram o serviço de ordem e de vigilância, e àqueles que transmitiram e comentaram as várias notícias dos diversos acontecimentos; agradeço sobretudo com vivo afecto às multidões imensas, que se aglomeraram, em todas as paragens da minha viagem, à volta do Vigário de Cristo num fraterno e filial abraço. Mas quero também agradecer-vos a vós, que rezastes com certeza por mim.
Sempre senti a vizinhança espiritual de milhões e milhões de pessoas que, por meio da oração, tornaram possível e certamente eficaz esta viagem de fé.
De facto, foi unicamente viagem de fé, realizada unicamente para anunciar o Evangelho, para "confirmar os irmãos", para consolar os aflitos, para testemunhar o amor de Deus, para apontar à humanidade o seu destino transcendente.
Como São Paulo, não preguei senão Cristo, e Cristo crucificado e ressuscitado por nós (Cfr. 1Co 1,23).
Foi viagem de fé, porque foi viagem de oração, constantemente centrada na meditação da Palavra de Deus, na celebração da Eucaristia e na invocação da Virgem Santíssima.
Foi também "catequese itinerante", sendo minha intenção sublinhar, por toda a parte ,e diante de pessoas de todos os níveis, o autêntico e inapagável património da Doutrina católica, E foi também viagem de paz, de amor, de fraternidade, que me levou à sede da ONU. Lá sobretudo, como em todos os encontros com multidões em nome de Cristo e da Igreja, me fiz intérprete dos povos desejosos de justiça e de paz, em nome dos pobres, dos que sofrem, dos oprimidos, dos humildes e das crianças.
Tudo isto agradeçamos juntos ao Senhor e a Maria Santíssima.
Queira o céu que os homens se tornem cada vez melhores, mais unidos, mais empenhados no bem, no perdão e no amor fraterno.
E para agradecer à Virgem Santíssima com ainda maior fervor e para implorar a graça da conversão e da paz, anuncio-vos agora, com imensa alegria, que no domingo 21 de Outubro irei em peregrinação ao Santuário de Pompeia.
Senhor Cardeal Legado
Veneráveis Irmãos no Episcopado
Amadíssimos filhos em Cristo
A paz do Senhor esteja sempre convosco!
É para mim motivo de grande alegria associar-me — como numa única demonstração de reconhecimento e afecto filial para com a Mãe de Deus — com todos vós que vos reunistes nestes dias em Saragoça, em redor de Nossa Senhora do Pilar, a fim de participardes nos Congressos internacionais aí celebrados: o Oitavo Mariológico e o Décimo quinto Mariano.
Em vós, Congressistas, saúdo também cordialmente todos os filhos da Igreja, estudiosos ou peregrinos que, atraídos pela presença sempre acolhedora de Maria, vieram a Saragoça para robustecer o espírito.
Uma saudação especial e profunda quero dirigir hoje a todos os filhos da nobre Nação espanhola, cuja notável piedade mariana e cujo fervor, por tudo o que significa honra para a Mãe de Deus, têm pulsação própria, desde época imemorável, acompanhando o ritmo da sua história e do seu crescente património espiritual.
1. De facto, desde os primeiros séculos do cristianismo aparece em Espanha o culto à Virgem, como consta de alguns monumentos da antiguidade de que se conservam preciosos testemunhos. Esse culto viu-se enriquecido e renovado pelo trabalho incansável dos grandes Santos, glória da Espanha moçárabe: como Isidoro de Sevilha, Ildefonso de Toledo, Bráulio de Saragoça e outros; para ele contribuiu de modo extraordinário a liturgia daquele tempo, que celebrou com especial devoção as festas marianas, criando também para elas belíssimas orações e implorações. Esta devoção aumentou com a Idade Média, como testemunham o grande número de ermidas, igrejas, mosteiros e santuários dedicados a Nossa Senhora e onde se veneraram imagens que ainda hoje continuam a escutar vozes de louvor e confidências do povo fiel. A literatura e a arte, a hagiografia e a vida da Igreja chamaram-se mutuamente, como a um certame de família, para se unirem a Maria num canto perene do Magnificat; proclamação dessa união familiar com a Virgem e a sua figura na história da salvação, é a reza do Santo Rosário propagada pelos filhos de São Domingos de Gusmão. Não vos oculto a minha admiração e a minha emoção quando vi palpitante, em terras do Novo Continente, a devoção à Virgem que, juntamente com a luz do Evangelho, semearam ali os espanhóis.
Esta devoção mariana não decaiu ao longo dos séculos na Espanha, que se reconhece como "terra de Maria". Os numerosos santuários disseminados como raios de luz por todas as terras espanholas, cujo símbolo é nestes momentos a Basílica do Pilar, são todavia testemunhos da fé viva e da devoção do povo espanhol à Virgem Maria, assim como a sua expressão de vida cristã que eu, como Supremo Pastor e Sucessor de São Pedro, quero abençoar e encorajar.
Vós, queridos Congressistas, sois hoje as testemunhas qualificadas dessa devoção a Maria, que faz parte do rico património espiritual da Igreja.
2. Ao mesmo tempo que vos recordo tudo isto, que pode ser estímulo para aumentar a vossa vida de piedade, não quero deixar passar esta oportunidade sem vos animar a continuardes por esse caminho e pelo caminho da renovação interior, base da renovação cristã e eclesial.
O culto mariano — como ensinou o meu Predecessor de feliz memória, o Papa Paulo VI, no grande documento Marialis cultus —, subordinado ao culto a Cristo Salvador e em relação com Ele, é força poderosa de renovação interior (Cfr. Marialis Cultus, 57); pois o culto verdadeiro inclui a imitação, como nos recorda o Vaticano II (Cfr. Lumen Gentium LG 67) e Maria, que é a primeira cristã, leva-nos e aproxima-nos mais a Cristo. Ela é modelo para todos os fiéis; e é-o porque nos leva a imitá-la nas atitudes fundamentais da vida cristã: atitude de fé, esperança, caridade e obediência. Maria é o exemplo desse culto espiritual, que está em fazer da própria vida uma oferta ao Senhor. O seu fiat, aceitando a realização da Encarnação, ficou logo permanente e definitivo na sua vida; por isso mesmo, manifesta uma atitude exemplar para todos os seguidores de Jesus, que se prezam de adorar o Pai em espírito e verdade (Cfr. Jo Jn 4,24). Quando saudamos Maria como a cheia de graça (Cfr. Lc Lc 1,28), deve brotar dos nossos corações o desejo eficaz de nos vermos adornados e enriquecidos com o tesouro da graça e da amizade divinas. Como Maria trouxe no seu, seio o Salvador, assim também nós devemos trazê-lo espiritualmente no nosso coração, como disse Santo Agostinho (Santo Agostinho, Serm. 180, 3; Morin, Serm. post Maurinos reperti, Roma 1930, p. 211). Tudo isto contribui para a autêntica renovação interior e para que reflictamos em nós a imagem de Jesus, para o que fomos destinados segundo os desígnios divinos, como nos ensina São Paulo (Cfr. Ef Ep 1,11-13 Rm 8,28-30).
No Décimo quinto Congresso Internacional Mariano estudastes a figura de Maria e a missão da Igreja. Efectivamente, segundo feliz expressão teológica, Maria e a Igreja estão estreitamente unidas, por vontade de Deus, no plano da redenção; ambas geram Cristo aqui, nesta terra (Isaac de Stella, Serm.51; Ml 194,71). Maria deu o Salvador ao mundo, realizando primeiro em si mesma o tipo da Igreja; e esta, por sua vez, seguindo Maria, continua a manifestá-lo ao mundo, a plasmá-lo no coração dos homens. Uma Igreja fiel à acção do Espírito Santo, tal como Maria, tem que dar testemunho da união na fé e na caridade, em Cristo Jesus. O espírito leva os membros do corpo eclesial para a comunhão e exige deles por sua vez um comportamento coerente com a dignidade da vocação cristã, uma consciência clara de que há uma só fé, uni só baptismo, um só Deus e Pai d"e todos ( Cfr. Ef ss.). Por isto, no meio da diversidade dos "dons" deve ter-se presente essa unidade de fé e caridade, fundamento e ponto culminante da edificação eclesial sob a animação do Espírito divino e a orientação da Jerarquia, a que está confiado o cuidado da grei (1P 5,1 s.) dentro das diversas esferas da existência humana (Cfr. Redemptor hominis RH 21).
Por conseguinte, todos os membros da comunidade cristã, impelidos pelo Espírito de Deus e seguindo a sua vocação eclesial, devem ser no íntimo da sociedade realizadores da união dos homens entre si promotores do diálogo, da reconciliação, da justiça social e da paz. Através da presença dos cristãos e do seu testemunho, a Igreja realiza a sua vocação de "germe fecundíssimo de unidade, esperança e salvação para toda a Humanidade" (Lumen Gentium LG 9).
Encerrais hoje esses dias em que deve ficar gravado, na recordação de todos, que Maria é a personificação do verdadeiro discípulo de Jesus, cuja identidade mais profunda está em servir a Igreja, em transmitir a todos os homens a mensagem de salvação.
Maria, Mãe da Igreja, está sempre presente, com o exemplo da sua entrega aos planos de Deus e com a sua intercessão maternal, nas tarefas evangelizadoras e na preocupação da Igreja pelas tarefas dos homens. "A característica deste amor materno, que a Mãe de Deus insere no mistério da Redenção e na vida da Igreja, encontra a sua expressão na singular proximidade em relação ao homem e a todas as suas vicissitudes. Nisto consiste o mistério da Mãe. A Igreja, que A olha com amor e esperança muito particular, deseja apropriar-se deste mistério de maneira cada vez mais profunda. Nisto, de facto, a mesma Igreja reconhece também a via da sua vida quotidiana, que é todo o homem, todos e cada um dos homens" (Redemptor hominis RH 22).
Toda a Igreja deve sentir-se, pois, obrigada, especialmente no nosso tempo, a iluminar com os valores evangélicos a vida dos homens em todas as suas expressões: cultura, formas de pensamento, juízos de valor que determinam a vida social, estruturas sociais, políticas e económicas. Com a sua simplicidade evangélica, com a pureza da sua alma e com a sua consagração incondicional à pessoa e à obra de seu Filho (Cfr. Lumen Gentium LG 56), Maria inspira-nos como deve ser vivido e apresentado aos homens de hoje o seu mistério, de modo a influir na renovação da vida cristã.
3. A exortação que vos dirijo neste momento é esta: sede testemunhas vivas, luminosas, da autêntica devoção mariana promovida pela Igreja na linha indicada pelo Concílio Vaticano II, em particular quando nos recorda a todos — bispos, sacerdotes, religiosos e leigos — que a devoção Santíssima Virgem deve proceder da fé verdadeira pela qual somos levados a reconhecer as excelências da Mãe de Deus, a amá-la com piedade de filhos e a imitar as suas virtudes (Cfr. Lumen Gentium LG 67).
Necessitamos de conhecer melhor Maria. Necessitamos, sobretudo, de imitar a sua atitude espiritual e as suas virtudes, base da vida cristã. Desta maneira reflectiremos em nós mesmos a imagem de Jesus. Ide com Maria a Jesus! Ela vos recordará continuamente o que disse nas Bodas de Caná: Fazei o que Ele vos disser! (Jn 2,5).
A todos, finalmente, dou-vos a minha Bênção em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Assim seja.
Senhor Cardeal,
Veneráveis e queridos Irmãos no Episcopado
Sinto imenso gosto ao receber-vos hoje, Bispos da Igreja no Chile. Sei que realizastes com não poucos sacrifícios esta longa viagem "Beatorum Apostolorum sepulchra veneraturi" (CIC, c. 341, 1) e, como tão adequadamente o expressou o Presidente da vossa Conferência Episcopal, para confirmardes a vossa fiel adesão e comunhão íntima com o Sumo Pontífice, Pastor da Igreja romana: "ad hanc enim Ecclesiam, propter potiorem principalitatem, necesse est omnem convenire Ecclesiam" (Iren., Adv. Haer. III, 3, 2).
Não se trata dum encontro esporádico. O contacto do Pastor da Igreja universal com os pastores das Igrejas locais é realidade permanente, pelo vínculo interior da oração e da unidade na fé, esperança e caridade, como também por meio dos representantes do Romano Pontífice em cada nação e dos organismos da Cúria, que trabalham em seu nome e com a sua autoridade para bem das Igrejas e em serviço dos responsáveis por elas (Cfr. Christus Dominus CD 9).
Mas encontrarmo-nos aqui reunidos pessoalmente em nome de Cristo, é momento privilegiado. Muito me alegra, na verdade, que a vossa visita ad limina se realize colectivamente em certo modo como manifestação e anseio da unidade das vossas almas, e muito me apraz ver-vos logo a seguir à vossa peregrinação à Terra Santa, intuindo as impressões recolhidas por vós ao percorrerdes com a oração os lugares santificados por Jesus, Fundador da Igreja.
Conheço bem o vosso abnegado e eficiente trabalho, a incansável solicitude da vossa Conferência Episcopal e o plano pastoral sobre "O Comportamento Humano", de que brotam, como de raízes fundas, orientações concretas para uma renovação espiritual e religiosa, profunda e completa, do Povo de Deus a vós confiado.
Como modesta contribuição para as vossas tarefas pastorais, para os vossos anelos e esforços, queria referir-me a dois temas que têm especial importância no exercício da vossa missão no momento actual: a evangelização e as vocações.
A evangelização é tarefa permanente e essencial do ministério episcopal. "Para a Igreja — dizia já o nosso amado predecessor Paulo VI —, evangelizar é levar a Boa Nova a todos os ambientes da humanidade e, com o seu influxo, transformar a partir de dentro, renovar a própria humanidade: Eis que faço novas todas as coisas (Evangelii nuntiandi EN 18). "Não há verdadeira evangelização enquanto não se anunciam o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o reino e o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus" (Ibid. 22).
São Mateus parece interromper inesperadamente o seu Evangelho para o terminar apresentando-nos Jesus a enviar os Apóstolos ao mundo: Foi-me dado todo o poder no céu e na terra: Ide pois, ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo (Mt 28,18-20).
Recomendo encarecidamente este texto para vossa meditação. Que enorme importância atribui Cristo à missão dos Apóstolos, uma vez que, para lhe dar realce, faz referência à plenitude do poder que recebeu sobre tudo o que foi criado! E transmite-vos a vós, sucessores dos Apóstolos, o mesmo mandato de O anunciar como Salvador, de provocar a conversão e adesão a Ele mesmo e de finalmente incorporar todos na comunidade em que se mantenha e acrescente a presença de Deus no mundo.
O Senhor não quer que o anúncio seja exclusivamente dirigido à inteligência como doutrina teórica, uma vez que deve levar à profunda unidade de fé e vida, nas tarefas quotidianas pessoais e sociais, nacionais e internacionais. Não se consegue isto sem sacrifício, sem grande cuidado na aplicação da palavra eterna às circunstâncias concretas, nem sem vos mostrardes vós mesmos como testemunhas vivas da mensagem evangélica.
A vossa missão está em seguir as pegadas de Cristo, Bom Pastor. Não sois nem simpósio de peritos, nem parlamento de políticos, nem congresso de cientistas ou técnicos, mas sois Pastores da Igreja a quem toca, segundo recordei na memorável reunião do Episcopado Latino-Americano em Puebla, serem mestres da Verdade, sinais construtores da unidade, defensores e promotores da dignidade do homem (Cfr. Discurso inaugural, passim.). Podereis assim contribuir para o estabelecimento duma ordem cada vez mais cristã e, por isso mesmo, cada vez mais justa.
Nas vossas tarefas haveis de dirigir-vos a todos os homens sem excepção, tanto aos que já caminham na fé como aos que estão alheios à mesma, aos pobres e aos ricos, aos operários e aos que exercem profissões liberais, a sãos e doentes — como fez o Mestre. Para bem de todos, especialmente dos mais necessitados, consistirá a vossa atenta solicitude em iluminar os que trabalham no campo da cultura, da ciência e da técnica, os que têm maior responsabilidade pelo bem comum, para a luz do Evangelho vivificante dirigir e promover esse progresso integral que, sem ela, se vem afinal a voltar contra o homem.
Pelo que se refere, em particular, à salvaguarda da dignidade do homem, dos seus direitos e deveres, como já tive ocasião de vos manifestar noutra oportunidade, "inspirem-se os vossos propósitos nos princípios do Evangelho, sob a orientação do Magistério da Igreja, olhando para Cristo Homem, modelo, mestre e redentor dos Seus irmãos". Com renovada "confiança e esperança exorto-vos a um adequado esforço de iluminação, insistindo sobretudo no amor, indispensável fundamento da comunhão eclesial e da convivência humana, na perspectiva do fim transcendente do homem, filho de Deus. Deste modo, também neste campo de tanta importância, aparecerá a Igreja como sinal de salvação e sacramento de unidade para todos" (Lumen Gentium LG 48).
Campo essencialmente vital para as vossas Igrejas é o da pastoral vocacional. Muitas das vossas dioceses, devido à escassez de sacerdotes, recorrem ao auxílio de fora. E colaboração valiosíssima mas precária: a comunidade diocesana, para a sua maturação orgânica, há-de gerar no seu próprio seio as forças vitais que sejam verdadeiramente suficientes para o progresso espiritual dos fiéis. Por isso, dou graças a Deus e abençoo os vossos esforços valiosos neste sector, e observo com imensa alegria o promissor incremento no Chile das vocações sacerdotais: anúncio de nova primavera nas vossas Igrejas.
É claro que o problema transcende o simples aumento numérico dos candidatos; compreende também a sólida formação e o posterior seguimento que lhes seja oferecido durante as suas actividades sacerdotais. E preciso aclarar que não se trata nisto de tarefa individual e isolada de cada um de vós, uma vez que as vocações se formam no serviço da Igreja. Por isso tereis presente o contexto nacional, as exigências do presente e as do porvir, e actuareis em tudo de comum acordo com os demais Prelados, especialmente com os da própria Província Eclesiástica. Prestareis também a devida atenção aos documentos difundidos pela Sagrada Congregação para a Educação Católica relativos à formação dos aspirantes ao sacerdócio: neles encontrareis directrizes seguras.
O sacerdote é, além disso, o Pontífice escolhido dentre os homens e constituído a favor dos homens, nas coisas concernentes a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Pode compadecer-se dos ignorantes e dos que erram, pois também ele está cercado de fraqueza, e, por isso, deve oferecer sacrifícios, tanto pelos seus próprios pecados, como pelos do povo (He 5,1-3).
Por isso, é o sacerdote o homem de oração, o liturgo que leva a comunidade a prestar a Deus o culto de toda a Igreja, culto digno, universal e de incomparável beleza. Os seminaristas devem ser formados teórica e praticamente para ficar assegurada para o futuro a genuína renovação litúrgica, na qual se expressa uma das mais insistentes recomendações do Concílio e da Santa Sé.
É necessário sobretudo que, já desde o Seminário, os futuros sacerdotes vão sendo formados de maneira que tenham uma consciência tão clara acerca do seu encargo específico, que a tentação e a sede de eficácia não os levem nunca mais tarde a seguir métodos opostos ao Evangelho, fundados em princípios puramente humanos e orientados para metas puramente temporais.
É claro que a formação do sacerdote se funda numa sólida eclesiologia, partindo da pessoa de Cristo tal como nos é apresentada no Evangelho, excluindo as inconsistentes releituras do mesmo. Disse-o eu em Puebla e, pela sua importância, desejo repeti-lo a vós: o nosso dever é proclamar a libertação no sentido integral e profundo, como a anunciou Jesus Cristo, a libertação de tudo o que oprime o homem, mas sobretudo do pecado: "Se a Igreja se torna presente na defesa ou na promoção da dignidade do homem, fá-lo na linha da sua missão que, sendo embora de carácter religioso e não social ou político, não pode fugir a considerar o homem na integridade do seu ser" (Discurso inaugural, III, 2).
Muitos esforços valiosos feitos nos seminários perdem-se às vezes por um descuido posterior. Segui pois de perto os vossos sacerdotes com solicitude e confiança, com amor de pais para que, à medida que se forem integrando no apostolado, possam ser vossos valiosos e fiéis colaboradores.
Este vasto campo que vos recordei, mais ainda, toda a acção pastoral encontra em vós, como ensina o Vaticano II, o princípio e fundamento visível da unidade da Igreja particular (Cfr. Lumen Gentium LG 23 Lumen Gentium ).
A unidade das vossas Igrejas constrói-se à volta de cada um de vós e à volta de todos vós, em comunhão com o Sucessor de Pedro, em resposta à exortação e à oração de Cristo (Jn 17,22), seguindo a linha luminosamente traçada pelo Concílio Vaticano II (Cfr. Lumen Gentium LG 23).
Animo-vos, pois, o mais encarecidamente possível, a fim de que esta visita ad limina constitua renovado compromisso a continuardes a vossa tarefa evangelizadora, em plena convergência não só de intentos mas também de métodos e de acção.
A unidade na Igreja não se origina em formas externas mas numa força interior enraizada na verdade e no bem. Não se conquista sem luta interior, não se consegue sem negação de si mesmo, não se alcança senão interrogando-se cada um diariamente e aprendendo a aceitar os demais. "Veritatem autem Pacientes in charitate crescite in Eo quod est caput Christus" (Ep 4,15): Cristo há-de ser o inspirador e o centro da unidade, assim como para consegui-la, nos dá a graça a fim de a realizarmos na medida plena que Ele deseja.
Essa unidade eclesial, fruto do encontro em Cristo, será simultaneamente a grande força que vos anime e sustenha na entrega à obra de pacificação dos espíritos, acima de qualquer limite ou barreira. A este propósito quero manifestar-vos o meu agrado pelo decidido apoio que prestastes à causa da paz entre o vosso País e a Argentina, causa a que dediquei e dedico particular, solicitude, como bem sabeis. Continuai com o exemplo, a palavra e a oração, trabalhando nesta formosa tarefa de fraternidade entre homens e povos que se reconhecem como filhos do mesmo Pai.
A Maria, Mãe da Igreja, recomendamos a unidade dos Pastores e dos fiéis; a Ela, Mãe e Rainha do Chile.
O Senhor vos guiará e sustentará na vossa missão. Eu, em Seu nome, com especial afecto e como sinal de comunhão, vos abençoo: a vós, Bispos e Pastores do Senhor, aos vossos sacerdotes, diáconos, religiosos e religiosas, aos vossos seminaristas e ministros, e a todos os vossos fiéis: por todos rezo, por todos vivo!
Queridos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria
Durante a celebração do vosso recente Capítulo Geral, manifestastes o desejo de vos encontrardes com o Papa, para lhe expressar a vossa adesão e obediência, a vossa disponibilidade apostólica e a vossa total abertura para as directrizes que ele vos quisesse dar. Recebei, antes de mais, o meu agradecimento por essa atitude interior, tão digna de religiosos, de missionários, de filhos d'Aquela que é a Mãe de Cristo e da Igreja.
Com este Capítulo que concluiu agora, termina o processo de renovação e adaptação das vossas Constituições, começado no Capítulo especial de 1967 e continuado no de 1973. Procurastes levar a cabo esta renovação sob a moção do Espírito
e a guia da Igreja, seguindo nisto o vosso Fundador, Santo António Maria Claret, que foi renovando as primeiras Constituições com especial deferência para com as observações da Santa Sé (História CMF, Madrid 1967, vol. 1P 232).
A tarefa de renovação das Constituições não foi fácil porque queríeis salvar, por um lado, a fidelidade à inspiração autêntica do Fundador, os seus objectivos, o seu espírito e a genuína tradição do Instituto e, por outro, responder às exigências actuais da Igreja perante um mundo em. processo de avançada mudança.
A renovação do texto constitucional obrigou-vos a aprofundar o vosso carisma, e adquiristes mais clara consciência da vossa identidade na Igreja e das possibilidades de vos inserirdes na edificação do Reino de Cristo, segundo a vossa missão específica.
Sois Congregação Missionária, Congregação de Evangelizadores. Por isso, deveis fazer da actividade evangelizadora a razão de ser do vosso Instituto. Evangelização sempre sob a guia da Igreja; evangelização universal, a "todos os habitantes do mundo" (Const. 1857, n. 2); evangelização que tenha bem em conta as necessidades de hoje e lhes dê respostas evangélicas; evangelização que empregue os meios mais adequados; evangelização feita testemunho, com um estilo de vida verdadeiramente religioso; evangelização precedida e acompanhada da oração; impelida pelo amor a Cristo e aos homens; e realizada sob a protecção d'Aquela que é a Estrela dos evangelizadores.
Amados filhos: Recordai sempre que Jesus deve ser anunciado a fiéis e infiéis mediante vós. Para o poderdes fazer adequadamente, segui-O e imitai-O cada vez mais de perto, na forma de vida, no trabalho e no sofrimento, buscando sempre e unicamente a maior glória de Deus e a salvação dos homens. Como o Vosso santo Fundador, cultivai na oração uma especial amizade apostólica com Jesus Cristo, a fim de que possais oferecer ao mundo a Palavra, que se interiorizou na intimidade silenciosa.
Na vossa missão evangelizadora, segui as orientações contidas na Evangelii nuntiandi, a magna carta da Evangelização do meu predecessor o Papa Paulo VI. E como a vossa frente de apostolado é tão vasta e diversificada, tende em conta as necessidades locais e as orientações da Jerarquia dentro das Igrejas particulares.
Finalmente, como o vosso Fundador, deixai que a Virgem Maria acenda na forja da sua caridade a chama do vosso zelo. Seja o espírito de vossa Mãe que fale em vós, para que, anunciando digna é frutuosamente o Evangelho, vos chameis e sejais de verdade seus filhos.
Com estes desejos e esta esperança, encorajo-vos no vosso caminho e concedo-vos, como também a todos as membros da vossa Congregação, a minha Bênção afectuosa.
Caríssimos irmãos e irmãs
Quero manifestar-vos a minha alegria sincera e reconhecida por me ser dado receber-vos hoje a vós, Eslovenos, vindos a Roma em peregrinação nacional sob a direcção dos vossos Bispos. Saúdo-vos a todos com paternal afecto, reconhecendo em vós os representantes dum nobre povo, digno de estima e de amor.
Sei bem que vós sois um dos primeiros povos eslavos que abraçaram a fé cristã há mais de doze séculos: e este dom duma evangelização, revelada bastante fecunda, agradeço-o sempre, juntamente convosco, ao Senhor. Quero também reconhecer e louvar a vossa nação pelo incessante e fiel apego a esta Sé apostólica de Roma, apego que se manteve intacto através dos séculos, apesar das dificuldades que tivestes de enfrentar. Por isso, animo-vos a prosseguir com confiança incansável no mesmo caminho dum testemunho evangélico vivo e indómito.
O meu olhar estende-se também ao futuro da vossa Comunidade eclesial. E assim a minha palavra torna-se ardente convite a reavivardes cada vez mais o dom do vosso Baptismo. De modo especial, recomendo-vos cultiveis adequadamente as Vocações Presbiterais, de maneira que fiquem assegurados sempre à Igreja Eslovena ministros suficientes e zelosos. A este propósito, não me deterei nas particularidades duma missão tão alta. Disso sois responsáveis vós especialmente, caros Bispos e Sacerdotes. Creio todavia oportuno sublinhar o papel fundamental da família, tanto para a educação cristã dos filhos como para o cuidado generoso em favor do aumento das vocações sacerdotais e religiosas.
De modo especial, desejo exortar calorosamente todos vós, Presbíteros, a que sirvais constantemente a Igreja com entusiasmo e dedicação apostólica e consagreis às actividades pastorais que vos são próprias, em plenitude de comunhão e de obediência aos Bispos, que são os primeiros responsáveis pela organização eclesiástica e pela vida religiosa na Diocese. É sob estas condições que o esforço de cada um não pode deixar de produzir bons e abundantes frutos espirituais.
Sei que celebrais este ano o 25° aniversário de fundação do semanário interdiocesano "Druzina". Com prazer faço votos por que ele continue no futuro, livremente, o seu precioso trabalho de formação e de informação religiosa.
Assim todos os católicos eslovenos poderão dispor dum instrumento eficaz a fim de participarem cada vez mais conscientemente na vida de toda a santa Igreja de Deus distribuída pelo mundo. Tenho o gosto de que para isto colabore eficazmente, com as suas transmissões, também a Rádio Vaticano.
Desejo-vos cordialmente que, ajudados por Deus omnipotente e pelo Senhor nosso Jesus Cristo, sob a maternal protecção de Nossa Senhora, Rainha dos Eslovenos, a Igreja e a nação Eslovena gozem cada vez de maior prosperidade humana e cristã, mesmo para o bem de toda a sociedade em que estais inseridos. E cada dia vos acompanhe a minha especial Bênção Apostólica, que de coração vos concedo, fazendo-a extensiva a todos os que vos são queridos.
Senhor Cardeal,
Amadíssimos Irmãos no Episcopado
Com verdadeiro afecto fraterno, recebo-vos hoje neste, encontro colectivo, Pastores do Povo de Deus no Peru, depois de me ter detido com cada um de vós, nos dias passados, acerca da situação em cada uma das vossas respectivas circunscrições eclesiásticas.
1. Através dos relatórios que apresentastes, e apesar das diversas peculiaridades concretas que neles se descobrem, pude verificar que a Igreja no vosso País cumpriu e cumpre fielmente a sua missão de anunciar a mensagem de salvação e fazer nascer uma comunidade de vida nova em Cristo.
Estou bem consciente de que este anúncio do Evangelho não se realiza sem esforço considerável, devido às não fáceis circunstâncias ambientais em que deve fazer-se. Por isso quero manifestar-vos desde já, a vós, ao vossos sacerdotes, religiosos, religiosas e agentes todos da pastoral, o meu cordial apreço e agradecimento em nome de Cristo, porque, apesar das dificuldades que frequentemente encerra essa tarefa, dais testemunho de uma entrega abnegada à Igreja. Por isso quero dizer-vos com São Pedro: A graça e a paz se multipliquem em vós (1P 1,2).
Essa evangelização do Povo de Deus, em que estais empenhados, é a grande incumbência que se oferece ao vosso zelo de Pastores da Igreja. Dedicais os vossos desvelos a uma porção eclesial que recebeu desde há séculos o primeiro anúncio da fé, graças a um louvável esforço missionário. Aquela fé parece ter ido deitando profundas raízes e produzindo frutos preciosos, que deixaram vestígios na cultura, na história e na vida toda do vosso povo.
Apesar disso, a vossa solicitude pastoral indica-vos que essa missão deve ser continuada; que deve ser alargada e robustecida, para que a fé se torne cada vez mais profunda nos vossos fiéis e, elevando-os mais acima daquilo que é imperfeito, os leve à maturidade da vida em Cristo.Tarefa vasta, que reclama boa planificação e execução perseverante, na qual devem empregar-se todas as forças eclesiais, as já disponíveis e as que um amor ilimitado às almas consiga suscitar. Só com essa evangelização em profundidade se alcançarão as metas que desejais para a renovação e vitalidade verdadeiras das vossas Igrejas.
2. Na comunidade dos crentes, está-vos confiada a guia dos fiéis. Por isso, permiti-me que, como palavra de ordem desta visita "ad limina", insista na necessidade de serdes "Mestres da Verdade". Da verdade sabre Cristo, filho de Deus e Redentor do gênero humano; sobre a Igreja e a sua verdadeira missão no mundo; sobre o homem, a sua dignidade, as suas exigências terrenas e ao mesmo tempo transcendentes, como expus no Discurso pronunciado diante da Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano realizada em Puebla. Sei que tendes consciência deste dever, de acordo com a missão evangelizadora da Igreja e com os interrogativos que apresenta a nossa época. Encorajo-vos, pois, a prosseguirdes nesse caminho para que os vossos sacerdotes e fiéis percorram com alegria caminhos seguros e bem definidos.
Como parte da vossa missão de mestres, atendei ainda à conveniente difusão do pensamento social da Igreja, para que na sociedade se aprenda a respeitar essas indeclináveis exigências de justiça e equidade que defendem as pessoas, primeiramente as mais necessitadas, nas diversas esferas da sua existência.
3. Pensando na necessidade urgente que têm as vossas dioceses, e na escassez de sacerdotes que as aflige, dou-vos como encargo prioritário que trabalheis com todas as forças em pró das vocações para o sacerdócio e para a vida religiosa. Trata-se de um ponto essencial para a comunidade cristã. É preciosa a ajuda que prestam, na pastoral, os diáconos, os religiosos não sacerdotes, as religiosas, os catequistas e outros fiéis conscientes da sua responsabilidade na missão evangelizadora da igreja, ajuda que deve ser apreciada em todo o seu valor e promovida como autêntico bem eclesial. Sem dúvida, não podemos esquecer que Cristo se torna presente em cada comunidade sobretudo mediante o sacerdote.
No vosso esforço para conseguir verdadeiros e suficientes ministros de Cristo, de preferência nascidos no vosso ambiente, procurai que o sacerdote tenha clara consciência da sua identidade própria, viva intensamente a dimensão vertical da sua existência, seja o guia e educador na fé, o pai de todos, em especial dos pobres, o valoroso servidor da causa do Evangelho, o autêntico pastor interessado em levar a todos Cristo, em libertar radicalmente o homem diante de tudo o que o separa de Deus.
Vivendo vós muito unidos aos vossos sacerdotes e compartilhando, com sincera amizade, as suas alegrias e dificuldades, ajudai-os a permanecerem em alegre comunhão com o seu Bispo e a evitarem perigos e ideologias que podem insinuar-se no ambiente, e que não estão em consonância com a sua missão e com as directrizes do Magistério.
4. Como Pastores dos vossos fiéis, dedicai igualmente especial cuidado à pastoral familiar. A família, "igreja doméstica", seja objecto do vosso particular interesse na tarefa pastoral.
Contra os ataques externos a que hoje são submetidos, apresentai e defendei os valores genuínos da família e do matrimónio cristão. Só mantendo firmes esses valores, espirituais e humanos, a família se consolida como célula social importantíssima e, ao mesmo tempo, como "primeiro ambiente evangelizador".Vós, que viveis em contacto com a situação familiar dos vossos respectivos ambientes, sabeis bem as necessidades que têm e as insídias que ameaçam tantos lares em concreto. Não vos esqueçais nunca da sua sorte e infundi nos vossos sacerdotes e agentes evangelizadores grande estima por este sector do apostolado, que tantos frutos obtém e com o qual se pode difundir tanto bem.
5. Outro tema de vivo interesse e de grande importância é o da juventude.
No mundo latino-americano prevalece o elemento jovem. A juventude, por conseguinte, deve ocupar na vossa pastoral um lugar primário. A Igreja, todos os que nela se sentem responsáveis, não pode deixar que a juventude se afaste de Cristo; é necessário estar com os jovens, dar-lhes ideais altos e nobres, manifestar-lhes que Cristo tem muito a dizer-lhes. Jesus de Nazaré interessa ao homem e ao jovem de hoje, quando o sabemos apresentar devidamente.
De entre as múltiplas iniciativas que nesse campo vos sugerirá o vosso zelo de Pastores, quero chamar a vossa atenção sobre a importância da educação religiosa na escola. Certamente há também outros ambientes onde se pode atender a essa obrigação, mas não devemos deixar de aproveitar as oportunidades que se nos oferecem e que correspondem, além disso, aos desejos expressos de tantos pais de família. Seria lamentável que por motivos inconsistentes se descuidasse esse sector da pastoral.
E seria ainda mais lamentável se, com pretextos de apostolado que se julgam mais profícuos, se abandonassem as posssibilidades de educar pessoas completas, jovens integrais, possibilidades que nos são oferecidas pelas instituições educativas da Igreja. Certamente deverão estas ser reformadas — quando for necessário — a fim de corresponderem a finalidades evangélicas e de abertura a todos, mas não abandonemos facilmente instrumentos que produziram tantos bens, humanos, sociais e cristãos, quando os sabemos empregar adequadamente. É importante serviço que podemos prestar à sociedade e à Igreja actual.
6. Queridos Irmãos: deter-me-ia muito mais tempo convosco, prolongando estes momentos de prazer e comunhão. Esta visita "ad limina Apostolorum" é urna prova da vossa cordial proximidade junto do Sucessor de Pedro. Confirme este encontro e consolide ao mesmo tempo a vossa união mútua como Bispos e guias da Igreja no Peru. Com isso toda a vossa actuação ganhará em intensidade e eficácia, o que redundará em benefício das vossas comunidades eclesiais.
Nelas pensámos também nestes dias e por elas rezámos, para que cresçam no conhecimento e na fidelidade a Cristo. Para todos e cada um dos seus membros, em especial para os sacerdotes, os religiosos, os diáconos e as religiosas — a quem acompanho com a oração no seu difícil trabalho —, para os seminaristas e os leigos comprometidos no apostolado, deixo-vos a minha afectuosa recordação, o meu encorajamento e a minha Bênção.
Discursos João Paulo II 1979 - Aeroporto de Fiumicino, 8 de Outubro de 1979