
Discursos João Paulo II 1980 - Sábado, 10 de Outubro de 1980
Senhor Cardeal Enviado Especial,
Veneráveis Irmãos no Episcopado,
Muito amados filhos e filhas
O encerramento do Terceiro Congresso Mariano Nacional, culminação de um constante e intenso trabalho de evangelização em companhia da Mãe do Salvador, oferece-me a oportunidade de vos saudar e estar convosco, filhos e filhas da querida terra argentina. "Eu amo-vos a todos em Cristo Jesus" (1Co 16,24).
A Evangelização "é o grande ministério ou serviço que a Igreja presta ao mundo e aos homens, a Boa Nova de que o Reino de Deus, Reino de Justiça e de Paz, chega aos homens em Jesus Cristo" (D.P., n. 679). Daí que a Igreja, se quer ser em verdade a portadora da Mensagem do Filho de Deus, tem de anunciar, viver e testemunhar, fiel e coerentemente, o Evangelho. Na história evangelizadora da Igreja, a Virgem Maria ocupou e continua a ocupar lugar único e irrepetível. Com razão se disse: "a Cristo por Maria".
No continente latino-americano e na nação argentina, a devoção e manifestações de amor à Santíssima Virgem remontam à época da pregação dos primeiros missionários. O anúncio do Evangelho foi sempre acompanhado pela presença bondosa de Maria, que "formou o grande sinal do rosto maternal e misericordioso da proximidade do Pai e de Cristo, com os quais Ela nos convida a entrarmos em comunhão" (D.P., n. 282).
Meus muito amados, a presença de Maria na vossa história religiosa e pátria criou tal constante que não existe quase parte alguma do vosso território nacional que não se sinta unida a Ela. Baste recordar, como exemplos, os santuários marianos de Luján, de Itaití, del Valle, del Milagro, de Sumampa, dei Rosario, de la Merced e del Carmen. Estes santuários são testemunho perene do amor com que Maria abençoou a terra argentina, de modo que se pode afirmar que a devoção à Mãe do Salvador pertence à mais pura tradição do Povo católico Argentino. A vossa presença, hoje e aí, é prova tangível disso.
O tema central do Congresso, "Maria e a evangelização na Argentina", foi o ponto de partida para se reflectir durante estes dias sobre questões pastorais que coincidem com as que eu mesmo assinalei como prioritárias na III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano reunido em Puebla: a família, as vocações sacerdotais e religiosas, e a juventude (cf. João Paulo II, Discurso de inauguração dos trabalhos da III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, Puebla, 28 de Janeiro de 1979). Estes mesmos temas foram recolhidos também pelo próprio "Documento de Puebla", como opções pastorais prioritárias e devem ser aprofundados e aplicados por meio de uma renovada e intensa evangelização. Assim pois, este Congresso Mariano Nacional quer tornar presente na vossa sociedade, por mediação da Virgem Maria, o Reino de Deus e, por consequência, quer além disso que esteja presente Cristo no interior dos vossos corações e das vossas famílias, nas fábricas, nas universidades, nas escolas, no campo, enfim, em todos os ambientes vivos do País.
Meus queridos Irmãos, e filhos todos da Nação Argentina, exorto-vos e animo-vos a que mantenhais sempre vivo o património espiritual que recebestes, como dom precioso, dos vossos antepassados e dos primeiros evangelizadores. Cultivai intensamente a devoção à nossa Mãe, a Santíssima Virgem Maria; permanecei fiéis a Cristo; crede n'Ele, confiai n'Ele, amai-O, e, como Ele, amai os vossos irmãos, particularmente os que na actualidade sofrem e choram, de modo que a sociedade argentina, consolidada sobre os pilares do amor fraterno e da reconciliação, possa exclamar com verdade: "Oh! como é bom, como é agradável viverem os irmãos em boa união" (Ps 133,1).
O Congresso Mariano encerra-se hoje, mas os seus frutos não devem acabar já. Começa agora para todos vós, filhos e filhas, nova etapa. Cristo, Morto e Ressuscitado, deixou-nos uma missão: "Ide pois, ensinai todas as nações,... ensinando-as a cumprir tudo quanto vos tenho mandado" (Mt 28,19-20).
Com estes desejos, invocando sobre todos e cada um de vós a constante protecção materna da Virgem Maria, para vos ajudar a serdes sempre apóstolos incansáveis de Cristo na sociedade argentina, e para que estejais sempre unidos pelo vínculo da caridade, concedo-vos com afecto a minha Bênção: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Amém.
Cidade do Vaticano, 11 de Outubro de 1980.
Caríssimas Irmãs no Senhor!
1. Ao termo desta vossa Assembleia anual desejastes esta Audiência, reservada totalmente a vós, Madres-Gerais e Provinciais das numerosas Congregações e Casas religiosas espalhadas por todas as Regiões de Itália.
Saúdo-vos verdadeiramente do coração e mediante vós desejo fazer a minha afectuosa saudação a todas as vossas Irmãs de hábito da Itália, que tanto nas agitadas metrópoles, como nas terras perdidas nas montanhas estão a viver com amor e alegria a própria consagração a Cristo e às almas. Sim, caríssimas Irmãs, levai a todas as Religiosas confiadas à vossa responsabilidade, a saudação do Papa; dizei-lhes que Ele as recorda, as segue, as estima, reza por elas, sofre com elas, se preocupa com as suas vicissitudes humanas e espirituais e quereria que fossem sempre alegres e generosas até mesmo nas inevitáveis tribulações.
Quero depois manifestar-vos a minha satisfação por esta vossa Assembleia geral em que desejastes participar em tão grande número, para aprofundar o tema: «Vida Religiosa e família» que faz eco do argumento tratado no Sínodo dos Bispos agora em realização, e para vos encontrardes entre vós, partilhando as vossas experiências.
2. Trata-se de um tema importante porque as relações das Religiosas com as comunidades familiares são frequentes. As Irmãs, de facto, estão em contínuo contacto com as crianças nos jardins de infância e conhecem o interior de cada casa; estão junto dos rapazes e das meninas nas escolas, nos oratórios, nas associações católicas e nos vários grupos eclesiais; participam nos Conselhos pastorais, na Catequese paroquial e diocesana. Sobretudo as Irmãs estão presentes nos orfanatos, nos hospitais, nas Casas de repouso para anciãos, nas clínicas, nos lugares de assistência e de cura para deficientes, nas visitas domiciliares aos doentes, e também nos postos de socorro para transviados, marginalizados da sociedade e toxicomanos.
Pode dizer-se que a Irmã, de certo modo, acompanha as famílias no seu caminho existencial, e por isso é grande a sua responsabilidade, mas grande também deve ser o seu conforto, podendo assim levar o próprio contributo concreto de fé e caridade àquela que é a obra-prima do amor de Deus criador e redentor.
3. Hoje, mais do que nunca, inúmeras pessoas estão angustiadas com o problema da existência e da própria identidade, sentem a ansiedade de superar os limites da história e do tempo, procuram afanosamente a Verdade! Eis, pois, que a primeira tarefa e o primeiro dever da Religiosa nas relações com a família consistem em dar testemunho da Verdade, isto é, ajudar a família moderna a encontrar o verdadeiro significado da vida e da história.
Caras Irmãs, levai para as famílias a Verdade como foi revelada por Cristo e como é ensinada pela Igreja! Não vos deixeis perturbar pelo rumor de tantas e tão insistentes ideologias que confundem e deprimem. Semeai sempre o bom trigo da verdade, seguindo o ensinamento da Igreja e o exemplo dos Santos.
Daqui a necessidade de uma actualização séria e autêntica, nos vários campos da doutrina, por parte da Religiosa, superando os perigos da superficialidade e da emotividade. É necessário, portanto, vigilar atentamente os vários meios de actualização e de orientação (livros, jornais, revistas, cursos de estudo, etc.), para que não aconteça ficardes desorientadas por falsas ideias, colocando depois em caminhos errados as pessoas de quem vos deveis aproximar. Cada família deseja de quem se consagrou a Deus a verdade: sede portanto fiéis e felizes de a poder anunciar e testemunhar!
4. Levai pois para as famílias a Paz! O espírito deve ser firme e forte na verdade, mas o coração deve estar cheio de compreensão e compaixão. A família tem necessidade sobretudo de auxílio espiritual e de encorajamento, de grande amparo e afecto. Nunca como agora a família precisou tanto de sentir a proximidade e o consolo do Divino Mestre, que deseja derramar o seu perdão, a certeza e o amor! Certamente o mal deve ser combatido e o erro deve ser condenado; mas cada pessoa deve ser compreendida e amada; em cima de cada ferida deve ser espalhado o óleo da bondade e da misericórdia, como fez o bom Samaritano da parábola.
Todavia, para levar a paz é preciso possui-la! Por conseguinte, é necessário que as vossas casas sejam oásis de serenidade, alcançada mediante a escola da paciência e da caridade recíproca.
Levai a paz às famílias com a vossa fé e o vosso amor! Levai-a especialmente onde se lamenta a dor, onde reina a solidão, onde pesa a divisão e onde falta a esperança ultraterrena! Levai a paz indicando o Cristo Crucificado e a Pátria verdadeira que está nos céus! (cf. Flp Ph 4,20).
5. Caríssimas, a Irmã Isabel da Santíssima Trindade escreveu: «Vivamos com Deus como um amigo, tornemos viva a nossa fé a fim de comunicar com Deus através de tudo aquilo que faz os santos. Nós trazemos em nós o nosso céu, porque aquele que sacia os glorificados na luz da visão dá-se-nos na fé e no mistério. É a mesma coisa. Parece-me ter encontrado o meu céu sobre a terra, porque o céu é Deus e Deus está na minha alma. No dia em que compreendi isto, tudo se iluminou em mim e quereria sussurrar este segredo àqueles que amo, para que também eles, através de todas as coisas adiram sempre a Deus e se realize aquela prece de Cristo: Pai, que todos sejam um só». (Serva de Deus Irmã Isabel da Santíssima Trindade, Escritos, Roma, Post. gener. dos Carmelitas Descalços, 1967).
Vivei também vós este segredo e anunciai-o às Famílias, com a ajuda e assistência de Maria Santíssima e de São José: é o segredo que ilumina, conforta e salva!
Com estes votos, implorando do Senhor a abundância dos favores celestes, concedo-vos de coração a propiciadora Bênção Apostólica que de bom grado faço extensiva a todas as vossas Irmãs de hábito.
Senhores Cardeais
Senhores Arcebispos e Bispos
Irmãos caríssimos e irmãs
1. Os testemunhos, que ouvimos atentamente e com o sentimento de viva participação, oferecem-nos — parece-me — um retrato fiel e sugestivo da família neste nosso tempo.
Luzes e sombras, expectativas e preocupações, graves problemas e sólidas esperanças fazem parte deste retrato. Olhando para ele, ocorre-me pensar que verdadeiramente os estudiosos, no futuro, poderão dizer que o nosso foi o século da família. De facto, nunca como neste século foi a família investida por tantas ameaças, agressões e erosões. Todavia, ao mesmo tempo, nunca, tanto como neste século, se foi ao encontro da família com tantas ajudas quer no plano eclesial quer no civil. Em particular, a reflexão teológica como a actividade pastoral nas várias paróquias não se cansam de oferecer à família pontos de referência e caminhos concretos para a superação das dificuldades e até para o aperfeiçoamento. Se se pode dizer o que afirmava o meu Predecessor Pio XII, a seguir à segunda Guerra Mundial, que, na nossa sociedade enferma, a família é a grande doente, deve-se também dizer que são muitos os que desejam oferecer remédios eficazes e ajudas à família. A Igreja, em conformidade com a sua missão — o Sínodo que está a decorrer nestes dias é testemunha disso —, está pronta a oferecer-lhe a «medicina evangelii», o «remedium salutis».
2. Todos seguimos com ânimo comovido e grato as palavras daqueles que desejaram trazer aqui o seu testemunho vivido. Foram narrações breves, que todavia nos consentiram entrever, por trás de frases necessariamente lacónicas, autênticos poemas de amor e dedicação, de que a fundo tiraremos lição para o Reino de Deus, e fará parte também isto da alegria perfeita de muitos. Tenho pena de não poder retomar e desenvolver aqui todos os temas, que foram evocados com a vivacidade, a pujança e a energia próprias de todo o testemunho radicado na experiência pessoal.
Não posso calar, todavia, o apreço com que ouvi, por exemplo, os dois jovens noivos falar da preferência por eles dada aos valores espirituais, em relação com os materiais, para a preparação do seu matrimónio. E assim impressionou-me a lucidez com que foi sublinhado, nos diversos testemunhos, o influxo positivo, que o esforço de viver castamente o amor, teve sobre o seu crescimento e a sua maturação. No meio de tantas vozes, que na nossa sociedade permissiva exaltam a «liberdade» sexual como factor de plenitude humana, é justo que se levante também a voz daqueles que, na quotidiana experiência de um sereno e generoso autodomínio, puderam descobrir uma fonte nova de conhecimento recíproco, de entendimento profundo e de liberdade autêntica.
Notei também, com íntima alegria, que os vários casais mostraram sentir, como exigência «natural» do seu amor, a de se abrirem aos irmãos, para oferecerem, a quem estivesse na necessidade, compreensão, conselho e auxílio concreto: a dimensão altruísta faz parte do amor verdadeiro que, dando-se, em vez de se empobrecer e dispersar, se encontra enriquecido, vivificado e consolidado.
Dado saliente, nas várias experiências apresentadas, foi a consciência, que se podia notar nas palavras de todos, de que o amor autêntico constitui a chave de solução de todos os problemas, mesmo dos mais dramáticos, como os da falência do matrimónio, da morte do cônjuge ou de um filho, e da guerra. O caminho de saída — foi dito — é sempre e é só o amor; amor mais forte que a morte.
O amor humano é, porém, realidade frágil e sujeita a insídias: explícita ou implicitamente reconheceram-no todos. Ele, para sobreviver sem se tornar estéril, precisa de se transcender. Só um Amor que se encontra com Deus pode evitar o risco de perder-se ao longo do caminho.
Dos pontos de vista diversos, todos os que falaram deram-nos testemunho da importância decisiva que teve na vida deles o diálogo com Deus, a oração. Nas alternativas de cada um houve momentos em que, só através do rosto de Deus, foi possível redescobrir os verdadeiros traços do rosto da pessoa querida.
Eis algumas das belíssimas coisas que nos foram ditas hoje por estes nossos Irmãos e Irmãs. Estamos-lhes agradecidos porque agora, depois de os ouvirmos, nos sentimos mais ricos. Estamos plenamente conscientes, de facto, de muito termos de aprender de quem está procurando viver coerentemente as insondáveis riquezas de um sacramento. Seguindo os testemunhos até agora ouvidos. quero exprimir, quase continuando um diário, alguns pensamentos meus.
3. Primeiro de tudo importa-me dizer: é preciso restituir confiança às famílias cristãs. Na tempestade em que se encontra, sujeita como está a acusações, a família cristã é cada vez mais tentada pelo desconforto, pela desconfiança em si mesma e pelo temor. Devemos portanto dizer-lhe, com palavras verdadeiras e convincentes, que ela tem uma missão e um lugar no mundo contemporâneo e que, para desempenhar tal missão, ela traz em si mesma formidáveis recursos e valores imperecíveis.
Estes valores são, antes de tudo, de ordem espiritual e religiosa: há um sacramento, um «sacramentum magnum», na raiz e na base da família, o qual é sinal de uma operosa presença de Cristo Ressuscitado no seio da família, assim como é igualmente fonte inexaurível de graça.
Mas estes valores são também de ordem natural: iluminá-los quando estão obscurecidos, reforçá-los quando estão enfraquecidos e reacendê-los quando estão quase apagados, é nobre serviço que se presta ao Homem. Tais Valores são o amor, a fidelidade, o auxílio mútuo, a indissolubilidade, a fecundidade no seu significado mais pleno, a intimidade enriquecida com a abertura para com os outros, a consciência de ser célula original da sociedade, etc.
A família é depositária e transmissora privilegiada de tais valores. A família cristã é-o a título novo e especial. Estes valores robustecem-na no seu ser e tornam-na dinâmica e eficaz no conjunto da comunidade a todos os níveis. Requer-se porém que a família creia nestes valores, os proclame impávida e os viva serena, os transmita e os propague.
4. O meu segundo pensamento é este: quanto é extensa a «paixão» da família nas condições do nosso mundo contemporâneo e toma expressões variadas (bem o vimos ao escutar os testemunhos), tanto deve ser universal a «compaixão»pela família.
De que sofre então a família cristã hoje? Sofre, é claro, nos países pobres e nas zonas pobres dos países ricos, sofre graves prejuízos provenientes de situações lastimosas de trabalho e de salário, de higiene e alojamento, de alimentação e educação... Mas este sofrimento não é único: a família, mesmo na abundância dos bens, não está ao abrigo de outras dificuldades. A dificuldade que vem da falta de preparação para as altas responsabilidades do casamento; a da incompreensão entre os membros da família, podendo trazer consigo graves discórdias; a do extravio, sob formas variadas, de um ou vários filhos, etc.
Nenhuma pessoa, nenhum grupo humano pode, sem ajuda, levar remédios a estes diversos sofrimentos. Requer-se o esforço de todos: a Igreja; os Estados, os corpos intermediários e os diferentes grupos humanos são chamados, no respeito da personalidade de cada um dos esposos, e, para isso, muito se deve ambicionar que o marido e a mulher tenham desde o princípio, ou se esforcem por vir a ter, a mesma visão sobre os valores essenciais da família.
5. O meu terceiro pensamento diz respeito às famílias cristãs e e ao auxílio pastoral que a Igreja lhes deve dar.
Enquanto ouvia, há pouco, os vários testemunhos, fiquei impressionado não só pelo conteúdo de um deles e pelo apelo especial que deles provinha, mas fiquei também abalado por tais testemunhos e apelos virem todos de leigos, de maridos cristãos e mulheres, que efectivamente vivem a vida familiar. Este factor é significativo na actual acção pastoral da Igreja quanto à família.
A este propósito, não posso deixar de recordar a importância dos movimentos familiares; são numerosos e florescentes e, no actual século, são um dos sinais da vitalidade indefectível e da criatividade pastoral da Igreja. Aspecto essencial destes movimentos é serem princípio activo para o aperfeiçoamento interior de muitas famílias nos diversos níveis da vida familiar; e ao mesmo tempo constituem centros dinâmicos de zelo apostólico.
Não podemos deixar de estar reconhecidos a estes movimentos por tudo aquilo que fazem pela família. Não podemos deixar de alegrar-nos pelo empenho em alargar os seus horizontes em vista de um serviço que será cada vez mais válido, cada vez mais inteligente e cada vez mais em harmonia com as realidades complexas e os problemas dos nossos tempos. Apesar disto, deve-se exprimir a esperança de que os movimentos familiares não se apartem da própria inspiração fundamental, e também do seu carisma e por isso da sua força, evitando um serviço genérico e indiscriminado. Uma preocupação social e legítima não deve levar a que estes movimentos caiam numa sociologia falsa que os esvaziaria do conteúdo pleno que lhes é próprio, enquanto se mantêm verdadeiros eclesiais.
Para serem completamente eficazes, todos os movimentos familiares devem considerar aquela estrutura fundamental da Igreja que é a paróquia e integrar-se nela.
A este propósito, é também útil recordar o que eu disse o ano passado no contexto da catequese: «a paróquia é ainda o maior ponto de referência para o povo cristão»(Catechesi Tradendae CTR 67). Através da sua actividade pastoral coordenada, a paróquia está inteiramente orientada para o bem da família e o bem-estar desta. Por sua vez, a família é chamada a sustentar a paróquia na sua missão essencial de construir o Reino de Deus levando a palavra divina à vida de todos.
Ao dar ânimo e apoio a todos aqueles que, nas diversas paróquias do mundo, colaboram em promover a cura pastoral das famílias, exprimo a esperança de que todos saibam aproveitar a ajuda dada às famílias pela paróquia, e peço que toda a paróquia se constitua como verdadeira família, unida e rica de amor.
6. Um último pensamento leva-me a uma dimensão invisível, não traduzível em números, mas que é preciso considerar entre as mais importantes, se não a mais importante, da realidade familiar. Refiro-me — já o adivinhastes — à espiritualidade familiar. Para este ponto de referência deveriam convergir sempre todas as considerações sobre a família cristã, como para a própria raiz e o próprio vértice. Com efeito, a família cristã nasce de um sacramento o do matrimónio — que, como todos os sacramentos, é desconcertante iniciativa divina no coração de uma existência humana. Por outro lado, uma das finalidades deste sacramento é construir com células vivas o Corpo de Cristo que é a Igreja. A família compreende-se só no campo de atracção destes dois pólos: chamada de Deus a comprometer cada um dos cristãos que a compõem; e a resposta de cada uma na grande comunidade de fé e de salvação, peregrina a caminho de Deus.
Apesar disto, uma família cristã encarna e vive tudo isso no contexto dos elementos que são específicos precisamente da realidade familiar: o amor humano entre os esposos, e entre pais e filhos, a compreensão mútua, o perdão, a ajuda e o serviço recíprocos, a educação dos filhos, o trabalho, as alegrias e os sofrimentos... Todos estes elementos, dentro do matrimónio cristão, estão envolvidos e como que impregnados pela graça e pela virtude do sacramento e convertem-se em caminho de vida evangélica, busca do rosto do Senhor e escola da caridade cristã.
Existe pois uma forma específica de viver o Evangelho no enquadramento da vida familiar. Aprendê-la e praticá-la é viver plenamente a espiritualidade matrimonial e familiar: A hora de prova e de esperança, que está vivendo a família cristã, exige que um número cada vez maior de famílias descubram e ponham em prática uma sólida espiritualidade familiar no meio da trama quotidiana da própria existência. O esforço levado a termo pelos esposos cristãos — que dentro dos Movimentos familiares, procuram difundir, sob a direcção de ilustrados Pastores, as linhas fundamentais de uma verdadeira espiritualidade matrimonial e familiar — é como nunca necessário e providencial. A família cristã tem necessidade desta espiritualidade para encontrar o equilíbrio, a plena realização, a serenidade, a abertura para os outros, a alegria e a felicidade.
As famílias cristãs têm necessidade de alguém que as ajude a viverem uma espiritualidade autêntica. Preocupar-se o actual Sínodo também desta dimensão, constitui a alegria de todos nós.
7. Estas são algumas considerações que tenho a peito de modo especial. Confio-vo-las e convido-vos a que sigais aprofundando-as mediante a reflexão pessoal e no colóquio comum com os vossos cônjuges. Convido-vos também a que tireis as correspondentes deduções tanto para vós mesmos como para a vossa vida matrimonial e familiar. Ficai cientes de que, como famílias cristãs, nunca estais sós ou abandonadas nem nas vossas alegrias nem também nas vossas angústias e dificuldades. Na grande comunidade dos crentes, muitas outras famílias caminham ao vosso lado, os vossos párocos e Bispos estão convosco por mandato de Cristo e também o Papa pensa em vós com infatigável preocupação pastoral e reza por vós no amor do Senhor.
Nesta vasta comunidade fraternal da Igreja, saúdo por isso nas vossas pessoas todos os casais e famílias dos vossos respectivos países, que não puderam participar pessoalmente neste dia da família. Estamos certos que também eles, individual e familiarmente, tomaram parte na oração mundial da Igreja neste dia, oração pela família. Aqui, no centro da cristandade, rezámos também por eles, pelas famílias do mundo inteiro. Muito intimamente nos sentimos unidos a elas. E daqui implora-mos, tanto para essas famílias como para todas as aqui representadas, a especial protecção e o favor de Deus.
8. No insólito encontro de hoje — caracterizado pela dimensão de um testemunho, diante de Deus, da Igreja e do mundo, sobre a família cristã e sobre o mundo, sobre as tarefas no mundo contemporâneo — participam também numerosas famílias da minha Pátria. Isto é para mim razão de especial alegria. Dou-vos as boas-vindas e saúdo-vos a todos cordialmente junto do túmulo de São Pedro, no coração da Igreja. Em vós aqui presentes — e mediante vós — saúdo cada família da Polónia, quer vivendo na Pátria quer além fronteiras: cada pai, cada mãe e cada filho que é a esperança e o futuro do mundo e da Igreja. Levai esta saudação e a minha bênção ao limiar de cada casa, a cada família. E levai também esta experiência e este depoimento da família que destes aqui em Roma e as que a Igreja dá sobre a família.
De Roma, do presente Sínodo dos Bispos e de tudo o que viveis durante estes dias tirais a convicção, a confiança e a certeza de que é um direito-dever da Igreja cultivar e pôr em prática a sua doutrina na orientação pastoral sobre o matrimónio e a família.
Esta não pretende impor a ninguém esta doutrina e orientação, mas está disposta a propô-las como coisa livre e a tutelá-las como ponto de referência irrenunciável para quem se preza do título de católico e quer pertencer à comunidade eclesial.
A Igreja julga bem por conseguinte proclamar as suas convicções sobre a família, certa de prestar serviço a todos os homens. Trairia o homem se calasse a sua mensagem sobre a família. Estai portanto seguros de semear o bem, todas as vezes que anunciais, com liberdade, humildade e amor, a Boa Nova sobre a família.
Sejam fortes as nossas famílias com a fortaleza de Deus; guiem-nas a Lei Divina, a graça e o amor; nelas e por elas se renove a face da terra. Renovo a todos a minha saudação e de coração a todos concedo a minha Bênção.
1. Dilectos filhos, venerados mestres e vós todos que vos aplicais ao estudo do Direito Eclesiástico.
A vós que terminastes agora na Suíça o IV Congresso Internacional de Direito Canónico e, trazidos pelo vosso amor e veneração para com o Sucessor de Pedro, fizestes uma deslocação mais longa para estardes presentes aqui em Roma e ouvirdes as minhas palavras e indicações — a vós saúdo do íntimo da alma.
2. Os Congressos Internacionais de direito eclesiástico, depois do Concílio Vaticano II, foram outros tantos documentos que provaram o vosso perseverante empenho. Além disso, os Congressos são de grande utilidade para a Igreja; por isso me congratulo convosco. Em Roma reunistes-vos no ano de 1968 e de novo em 1970 (Cf. AAS 60, 1968, 337-342; 62, 1970, 106-111), depois em Milão em 1973 (Cf. Communicationes 5, 1973, 123-131), em seguida em Pamplona no ano de 1976, e de novo aqui na Urbe em 1977 (Cf. AAS 69, 1977, 208-212). O meu insigne predecessor Paulo VI repetidamente desejou contemplar convosco o mistério da Igreja e também o lugar e a missão do mesmo direito dela. Repetidamente inculcava a importância da renovação do direito canónico; e explicava com que espírito se devia realizar a mesma renovação. Mais ainda, favorecia a maior união entre as disciplinas sagradas (Cf. Communicationes 5, 1973, 123-124) e segundo o parecer do Concílio Vaticano afirmava a necessidade de uma verdadeira teologia sobre o direito eclesiástico (Cf. ibidem ., pp. PP 130-131). Quero também eu aprovar esta obra comum; quero confirmar de novo o mesmo magistério de grande importância; e quero eu próprio igualmente continuar a percorrer o mesmo caminho convosco, em vosso favor e ao vosso lado.
3. Expondo-vos as razões eclesiais que situavam o direito da Igreja, Paulo VI via um direito de comunhão, uma obra do Espírito e o direito da caridade (Cf. AAS 65, 1973, 98; Communicationes 5, 1973, 126-127; AAS 69, 1977, 209). Estas doutrinas seguiste-las vós para escolher o assunto do vosso Congresso em Friburgo. Tantas vezes encareceu ele o valor fundamental dos direitos do homem (Cf. AAS 69, 1977, 147-148; AAS 60, 1968. 338-339) e colocou na devida luz os principais direitos do cristão; daqui se viria, na devida altura, a redigir, depois do Concílio, o novo Código de Direito da Igreja (Cf. AAS 69, 1977, 149).
4. Quase é supérfluo dizer quanto o vosso Congresso despertou o meu interesse e reflexão. Que pode, na verdade, mais interessar do que definir melhor os direitos fundamentais dos cristãos, a fim de poderem ser mais perfeitamente observados? E que mais necessário será também do que respeitar e defender os direitos primários do homem sobretudo nos nossos tempos?
Neste campo tem a Igreja importantíssimo cargo para desempenhar. Na verdade, no seu próprio mistério de comunhão, pode a Igreja abranger o homem e determinar mais cuidadosamente os principais direitos, que declaram a natureza e defendem com certeza a dignidade do mesmo homem. Assim também o assunto do vosso Congresso de Friburgo respondeu às maiores solicitudes da Igreja e ao mesmo tempo aos maiores desejos dos homens da nossa época (Cf. Alocução de 6 de Outubro de 1979).
5. Verdadeiramente, existe uma actividade de que é necessário a Igreja, em virtude da sua mesma natureza, tomar maior cuidado ainda; refiro-me à comunhão. Esta comunhão realiza-a a Igreja, quando reconhece a dignidade da pessoa humana na liberdade, pedida pela sua origem divina e pela vocação eterna.
Se o mundo deseja a sua libertação, esta libertação encontra-se em Cristo. Cristo vive na Igreja. Portanto, a verdadeira libertação do homem consegue-se pela experiência da comunhão eclesial (Alocução de 31 de Março Da 1979 cf. Homilia em Bourget Junho ).
Além disso, esta comunhão eclesial é «íntima e sempre renovada comunhão com a própria origem da vida que é a Santíssima Trindade: isto é a comunhão de vida, amor e imitação de Cristo no seu seguimento. Com efeito, Ele, Redentor do Homem, insere-nos intimamente em Deus» (Alocução de 31 de Março de 1979. ).
E «Deus é a medida do homem. Deve portanto o homem voltar a esta fonte e a esta medida única que é o Deus encarnado, Jesus Cristo. Deve constantemente referir-se a Ele, se quer ser homem e deseja que o mundo seja humano» (Alocução de 31 de Maio de 1980).
Por isso, a dignidade do homem deve ver-se em Cristo, como neste Cristo total, que é a Igreja, é preciso reconhecer a natureza do direito eclesial, as relações necessárias dele e os direitos primários dos seus membros (Cf. AAS 65, 1973, 102-103).
6. A ordem eclesial bem entendida é, no foro externo, ordem jurídica. E essa mesma ordem procura estabelecer a paz na comunhão: para isso se conseguir, esta paz será a caridade (Cf. AAS 69, 1,977, 148): Porque ninguém pode errar neste ponto: o direito não se opõe à caridade. Pelo contrário a caridade pede o direito para significar e tornar seguras neste mundo as suas necessárias reclamações. Por sua vez, essas exigências muito melhor se compreenderão se forem segundo a mente de Deus, as necessidades fundamentais do seu amor e também as estruturas vivas da Igreja mesma. Esta é por assim dizer, como prorrogação da Encarnação do Verbo (Cf. Lumen Gentium LG 8), que se fez homem para salvar os homens e os levar ao Pai como filhos adoptivos, libertos a fim de participarem da liberdade e da glória dos filhos de Deus (Cf. Rom Rm 8,19-21). Em Jesus Cristo e por meio d'Ele constituem o Corpo místico e a santa comunhão, quer dizer, a Igreja (Cf. Col Col 1,15-20).
7. Nesta comunhão, que é também jerárquica, devemos ver o homem baptizado. Cada cristão tem aí o seu grau e ordem e a sua obrigação. Além disso, esta comunhão é obra do Espírito, a qual mantém a sua firmeza por causa do sacerdócio dos próprios Bispos, que pela sucessão apostólica ensinam, governam e santificam o Povo de Deus e o conservam na unidade da fé e na caridade. E a comunhão sacerdotal deles é ministerial; serve a comunhão eclesial e protege a sua coerência à volta de Pedro; este, como centro, preside à caridade da sua unidade.
8. Estes princípios constituem o fundamento do direito eclesiástico; e formam também uma verdadeira teologia do direito. Além disso, iluminam e confirmam a dignidade do homem e os seus principais direitos. Nunca deixou a Igreja de defender estes direitos; estabeleceu mesmo penas canónicas contra os que atacam a vida e actuam contra a dignidade do homem ou prejudicam a sua boa fama ou lhe tiram a liberdade (Cf. C.I.C., Cân. 2350 par.1; 2352-2355). Do mesmo modo, nunca a Igreja deixou de pregar o dever, tanto dos particulares como das autoridades públicas, de observarem e promoverem os direitos da pessoa humana. A Igreja favoreceu a ordem entre as nações; afirmou o direito à liberdade, de todas as nações; apelou para a fidelidade aos tratados; persuadiu que se constituísse uma autoridade universal, para fomentar a comunidade humana e a paz do mundo, sendo observados aqueles mesmos direitos (Cf. Radiomensagem Natalícia de 1944, AAS 37, 1945, 17-21; cf. Enc. Summi Pontificatus, AAS 31, 1939, 437; Alocução ao Congresso dos Juristas Católicos, AAS, 45, 1953, 800; Alocução ao Congresso para a constituição da união europeia. AAS 49, 1957, 629. ).
9. É encargo da Igreja salvar os Homens. Deve portanto esforçar-se por conhecer melhor os direitos fundamentais do homem e favorecer a observância e a execução deles; falamos dos direitos da família, dos grupos sociais e das comunidades religiosas (Cf. Alocução de 6 de Outubro de 1979. ). E necessário porém que estes direitos sejam reconhecidos pela sociedade civil e protegidos pelos estados. E todos os cristãos devem observar estes direitos vivendo sob a luz de Cristo. Na presente época da história, têm os cristãos todos o grave e urgente dever de trabalhar para aqueles mesmos direitos serem afirmados e respeitados nos costumes e nas leis públicas. Daqui nasce porém o vosso encargo próprio, sendo leigos cristãos e estudiosos do direito, de concorrer — com os vossos especiais predicados em ciências e erudição técnica e em amor ao homem — para conseguir que as regras jurídicas da cidade terrestre plenamente manifestem e exprimam a lei da sabedoria Divina impressa no coração dos homens, e para que as leis, que violam os direitos fundamentais, e portanto devem ser repudiadas por causa moral, sejam mudadas em normas que perfeitamente respeitem esses mesmos direitos: à vida desde a conceição até ao seu termo natural, à dignidade, à integridade e à liberdade ( Cf. Alocução em Aquila, 31 de Agosto de 1980). E também acontece felizmente investigardes vós todos estes argumentos e direitos com espírito e método ecuménico.
10. No que respeita aos direitos primários dos Cristãos, a definição deles exige um trabalho sem dúvida difícil. Esse trabalho, já começado pelo Concílio Vaticano II não sem grandes dificuldades, deve a todo o custo continuar-se. O direito renovado da Igreja proverá certamente, por seu lado, a que esses direitos se mantenham e apliquem na prática da vida; o que é mais necessário porque os mesmos direitos dos cristãos postulam como fundamento os direitos primários do homem. Aliás, estes principais direitos dos homens não só os proclamou solenemente a Declaração das Nações Unidas, mas foram depois definidos com outras subsequentes convenções (Cf. Mensagem à Assembleia das Nações Unidas, 2 de Dezembro de 1978), entre as quais é digna de nota a declaração dos Direitos da Criança ou mesmo do ainda não nascido. É necessário porém entender com maior perfeição, investigar mais profundamente e ponderar todos estes direitos. Infelizmente, contudo, muito longe se está de que eles sejam observados em toda a parte (Cf. ibidem.; Alocução inaugural da Conferência do Episcopado da América Latina, AAS 71, 1979, 201-202 III. n. 5; Enc. Redemptor hominis RH 17, AAS / 71, 1979, 295-300; Alocução de 14 de Dezembro de 1979, em L'Oss. Romano, de 14 de Dezembro de 1979). Nem a legislação eclesial pode deixar de ter em conta estes direitos; pelo contrário, a legislação eclesiástica ajudará a que se apliquem tais direitos, e assim fará avançar e nobilitará os mesmos direitos.
11. Se noutros tempos alguns proclamaram a separação absoluta entre a Igreja e o Estado — entidades que têm certamente autoridade própria e poderes próprios —, isto não pode trazer consigo a separação entre a comunhão eclesial e a comunidade humana
Já sem dúvida foi dito justamente que todas as questões, que nesta época se apresentam aos homens, não podem de nenhum modo resolver-se só pela razão ou só pela acção de instituições puramente humanas. Mais e mais se sente que a sorte futura do homem já ultrapassa a ordem política, que há depois o perigo de a matéria e a técnica o oprimirem, e que tudo isto por fim se reflete necessariamente no mundo espiritual. Este juízo repete aquilo que há pouco eu disse em Paris: «O homem é a medida das coisas e dos factos no mundo criado; todavia Deus é a medida do homem mesmo» (Cf. Alocução de 31 de Maio de 1980).
12. Eis pois a razão porque — como declarámos o ano passado em Washington — o meu cargo me incita a testemunhar a verdadeira grandeza do homem em todo o conjunto da sua vida e existência. Esta excelência do homem deriva do amor de Deus que nos criou à Sua imagem e nos deu a vida eterna (Cf. Alocução de 6 de Outubro de 1979).
Dilectos filhos: os vossos trabalhos e esforços, e agora o vosso Congresso de Friburgo, uniram-nos intimamente com esta missão minha. Pedimos-vos pois que prossigais alegre e firmemente esta vossa tarefa de auxílio. O direito eclesiástico pode e deve penetrar e fomentar o direito simplesmente dos homens. Investigando vós os direitos fundamentais dos cristãos, conseguis certamente que os direitos primários dos homens sejam melhor conhecidos e mais perfeitamente observados; segundo o espírito de Deus, vós aumentais mais e mais a compreensão e defesa da verdadeira dignidade da pessoa humana..
Estes são em vosso favor os meus melhores presságios e votos.
Dê o Senhor mesmo perseverança aos vossos trabalhos; e sempre vos ajude e robusteça a Bênção Apostólica que me pedistes confiadamente.
Discursos João Paulo II 1980 - Sábado, 10 de Outubro de 1980