Discursos João Paulo II 1982 - Quinta-feira, 4 de Fevereiro de 1982

Peço a Deus conceda sempre a nobre Nação da Costa Rica paz duradoura, baseada no respeito dos direitos de cada pessoa, progresso constante na implantação da liberdade e da justiça social e sereno progresso nos valores cristãos e humanos, que a apartem de toda a convulsão.

Senhor Embaixador: ao formular-lhe, por último, fervorosos votos pelo feliz cumprimento da sua alta missão e ao assegurar-lhe a minha benevolência, invoco sobre Vossa Excelência, sobre as Autoridades que houveram por bem confiar-lha e sobre os amadíssimos filhos da Costa Rica, abundantes graças divinas.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO INSPECTORADO DE SEGURANÇA PÚBLICA


JUNTO AO VATICANO


Quinta-feira, 4 de Fevereiro de 1982



Caríssimos Irmãos!

Agradeço vivamente ao Senhor Inspector Federico Praticò as suas nobres e calorosas palavras de saudação e de augúrio, que escutei com grande apreço. Ele foi nomeado, há não muito tempo, dirigente do Inspectorado Geral de Polícia junto do Vaticano, e por isso é justo que o saúde neste novo cargo e lhe apresente os mais sentidos votos de uma serena e frutuosa realização dos seus encargos.

Mas ele falou também em nome de todos vós aqui presentes, seus colaboradores: Funcionários, Suboficiais e Dependentes. Por conseguinte, a todos saúdo com alegria e exprimo o meu cordial reconhecimento por terdes desejado este comum encontro, que me dá a possibilidade de conhecer de perto aqueles aos quais o Estado Italiano confia a vigilância da ordem da área adjacente ao Vaticano.

Todos vós certamente estais convencidos — e o Senhor Inspector bem o salientou — da delicadeza do serviço que realizais. E eu, da minha parte, sinto-me no dever de reconhecer a vossa competência e generosidade, com que desempenhais o vosso dever. A vossa silenciosa fadiga merece apreço e louvor.

Desejo exortar-vos a compreender e realizar o vosso trabalho não só como pura prestação de obediência a uma práxis jurídica em favor da ordem pública, mas também como participação interior, isto é como uma actividade movida e estimulada pela fé. Mesmo no cumprimento do vosso singular empenho, podeis dar um testemunho ao Senhor e ao seu Evangelho. De facto, tendes a oportunidade de vos aproximar de muitas pessoas, que da Itália e do mundo inteiro vêm a Roma para exprimir a sua comunhão e veneração pelo Papa. Pois bem, cada um deveria ver em vós, por um lado, homens profundamente dedicados aos deveres da própria profissão, e, por outro, crentes sérios e convictos que vivem verdadeiramente a realidade da fraternidade cristã.

Por tudo isto, asseguro-vos de coração que vos recordo ao Senhor, e a Ele recomendo-vos todos, ao mesmo tempo que retribuo de bom grado os votos para o ano há pouco iniciado, a fim de que seja cheio de sempre maior serenidade e prosperidade cristã.

Em penhor destes votos e como prova do meu apreço e da minha gratidão, concedo-vos de bom grado a Bênção Apostólica que faço extensiva a todos os que vos são queridos.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR CHIANG HAI DING,


PRIMEIRO EMBAIXADOR DE SINGAPURA


JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO


DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS


Sexta-feira, 5 de Fevereiro de 1982



Senhor Embaixador

É com muito prazer que dou as boas-vindas a Vossa Excelência como primeiro Embaixador da República de Singapura junto da Santa Sé, e que recebo, juntamente com as suas Cartas Credenciais, as amáveis saudações de Sua Excelência o Presidente C. V. Devan Nair.

Desejaria expressar também os meus melhores votos a Sua Excelência o Presidente e a todo o povo de Singapura.

A cidade de Singapura, desde a sua fundação, há relativamente pouco tempo, teve um crescimento rápido. Gente de origens diferentes veio reunir-se para formar a presente industriosa população da sua República. Reconheceu a necessidade, como Vossa Excelência notou, de viver e trabalhar harmoniosamente em comunidade. A notável variedade sublinha a importância dos valores humanos que são comuns a toda a humanidade. A colaboração enriquece a sociedade como um todo, para cuja felicidade cada grupo tem de participar com o seu valioso contributo. E, em troca, tem cada grupo muito a ganhar de uma situação como a que existe em Singapura: a constante associação de cada um com povo mergulhado numa civilização diferente da sua, não pequena parte há-de fornecer no desenvolvimento do seu próprio génio e espírito. Sinto-me portanto felicíssimo ao ver o entendimento e a cooperação prevalecerem entre o povo de Singapura. E faço votos por que esta atitude continue a reinar entre os grupos, não só para o bem do próprio país, mas também como exemplo para outros e para a comunidade internacional no seu conjunto.

Desde uma fase muito inicial na história de Singapura, os membros da Igreja Católica no país desempenharam de boa vontade a sua parte servindo a comunidade, especialmente pelo trabalho no campo da educação. A missão da Igreja não é de ordem política, económica ou social: a sua finalidade é religiosa. Mas esta missão religiosa pode ser fonte de obrigação e vigor em servir os interesses morais e espirituais da comunidade humana e em organizar esta de acordo com a lei de Deus. A Igreja oferece portanto a sua cooperação sem reservas para conservar entre todo o povo essa fraternidade correspondente ao alto destino do homem. Os motivos dela estão isentos de ambição terrena. O seu único objectivo está em fazer progredir o trabalho de Cristo, porque Ele veio ao mundo para dar testemunho à verdade, para salvar e não para julgar, para servir e não para ser servido.

Por conseguinte espero com antecipado prazer a cooperação cordial entre a República de Singapura e a Santa Sé em cultivar o bom entendimento e harmonia entre as gentes, e em restabelecer a paz quando ela esteja ofendida, protegê-la quando estiver indecisa e reforçando-a quando ainda se mantiver. As relações diplomáticas agora estabelecidas hão-de ajudar essa cooperação. Peço a Deus que a faça prosperar e abençoe Vossa Excelência e a sua missão.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


A GRUPOS ITALIANOS DE DESPORTISTAS


Sábado, 6 de Fevereiro de 1982



1. É-me grato este encontro convosco, caros jovens atletas da Sociedade de Futebol "Sambenedettese" que, em companhia dos vossos Directores e Familiares, viestes visitar o Papa, na véspera de uma partida de campeonato na Cidade Eterna, também para recordar festivamente o 60" aniversário de fundação da vossa Associação desportiva.

Agradeço-vos esta cordial visita que me permite manifestar mais uma vez a minha estima pelos verdadeiros cultores do desporto, em todas as suas formas. Desejo-vos que das competições possais obter aquelas autênticas satisfações que a vossa preparação, o vosso espírito agonístico e as belas tradições da vossa Equipa merecem. Desejo sobretudo que possais realizar as vossas competições naquela perspectiva, diríamos, "ascética" do desporto, que é meio de formação humana, educando para a ordem, para a lealdade e para o respeito da pessoa e das leis, além de ser escola de vigor e de elegância. Sobre tais valores constrói-se uma disponibilidade interior para o acolhimento de inspirações e atitudes sinceramente cristãs, tal como o justo e adorante reconhecimento devido ao Criador de todos os bens e Nosso Pai celeste, e ao mesmo tempo a disponibilidade de amor para com os irmãos. Por todos estes motivos, a Igreja encoraja e abençoa o desporto.

Caminhai a esta luz, progredi nela cada dia mais, rumo à plena maturidade de homens e de cristãos.

2. Agora desejo saudar alguns jovens, aqui presentes, que sofreram queimaduras no incêndio no Estádio "Ballarin", em Junho passado. Caríssimos, a vós e a quantos como vós foram feridos naquela circunstância, dirijo o meu afectuoso pensamento e votos de completa cura, pedindo ao mesmo tempo ao Senhor que valorize plenamente o vosso sofrimento passado, e permita que as manifestações desportivas se realizem sempre na serenidade, na ordem e na comum alegria.

A minha palavra de boas-vindas dirige-se, por fim, às Delegações das Paróquias de Porto d'Ascoli e da emissora televisiva "Telecolor" de" San Benedetto. Sei que realizastes a construção de um povoado em Sant'Angelo dei Lombardi, para aquelas populações atingidas pelo terremoto. Bravíssimos! A fé cristã deve manifestar-se mediante as obras de caridade em favor dos irmãos mais necessitados, como afirma São Paulo: "A fé actua pela caridade" (Ga 5,6). Desejo-vos aumento de vida cristã, sempre mais sólido e jubiloso.

A todos vós aqui presentes, às vossas Famílias e a todos os Fiéis da Diocese de Montalto e Ripatransone concedo de coração a minha Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS BISPOS ESPANHÓIS


DAS PROVÍNCIAS ECLESIÁSTICAS


DE OVIEDO E VALLADOLID POR OCASIÃO


DA VISITA «AD LIMINA APOSTOLORUM»


Sábado, 6 de Fevereiro de 1982



Amadíssimos irmãos no Episcopado

Alegro-me por vos encontrar hoje todos juntos, Bispos que presidis, na fé e no amor, ao Povo de Deus nas províncias eclesiásticas de Oviedo e Valladolid. Em vós quero saudar também cordialmente todos quantos nessas queridas terras "invocam o nome do Senhor" (cf. 1Co 1,2): gentes da Cantábria, das Astúrias, de Leão, de parte da Castela e da Galiza. São estes, ao lado de outros, nomes de povos tão ilustres como familiares para todos quanto amam a história, as letras e, em geral, a cultura espanhola.

1. Constituídos desde tempos antigos em comunidades cristãs, estes povos souberam assimilar e exprimir a mensagem evangélica em perfeita consonância com as suas atitudes e costumes, com a sua maneira de pensar e de actuar. Os seus homens, habituados a dominar a terra — em planície, nas escarpas da montanha, nos aprazíveis rios ou no interior perigoso das minas — deram testemunho de como se realiza plenamente uma existência a partir da fé, movidos eles nos seus ideais e nas suas labutas por um espírito genuinamente cristão. A expressão dessa linguagem comum da alma, que se falou nas casas, nas escolas e nas aulas universitárias, nos locais de trabalho e ainda nos momentos de repouso, continua sendo essa riqueza de virtudes e valores que, nas conversações individuais comigo mesmo, tivestes o gosto de confirmar quanto aos vossos respectivos diocesanos.

Congratulo-me por tudo isso convosco; mais ainda, sabendo que desta cepa espiritual se alimentaram a fé e o amor acrisolado de João da Cruz e de Teresa de Jesus, dois Santos que, se me é permitido dizê-lo, foram confidentes meus desde os anos da minha juventude. E não quero deixar no esquecimento que neste mesmo terreno humano, cultivado ininterruptamente pela "conversatio Christi", aprendeu a ser missionária esta língua em que vos falo, com a qual homens da Igreja, filhos da Espanha, levaram a Boa Nova da graça e da salvação a outros homens e outros Continentes. Diante do Presidente e do Vice-Presidente da Conferência Episcopal quero expressar por isso a minha gratidão, e a de toda a Igreja, à Nação espanhola.

2. Durante estes dias não só me fizestes participante desta grande reserva de valores espirituais, mas também me confiastes preocupações pastorais, iniciativas próprias e planos colectivos, que desejam ser resposta às urgentes necessidades que vos apresenta, na época actual, a missão comum de transmitir a fé e educar nela.

Dou-me perfeita conta de que uma acção pastoral eficaz apresenta de maneira específica, entre vós, dificuldades de diversas índoles, originadas nos tempos modernos, que têm a sua expressão nos "novos modos de pensar, actuar e descansar" (cf. Const. Past. Gaudium et spes GS 54), aparentemente separados da fé e do seu dinamismo religioso. São muitos e variados os factores humanos em causa. A emigração maciça para fora do campo, os processos ligados à mudança industrial e tecnológica e a crescente urbanização, a que é preciso acrescentar os efeitos consequentes do novo modelo de sociedade espanhola: todos estes fenómenos, indicativos entre outros, fizeram prevalecer o estilo de vida maciça, próprio dos grandes centros urbanos, com o consequente empobrecimento humano mais perceptível em numerosas populações rurais, distantes e cada vez menos habitadas. É de notar — e a vossa sensibilidade pastoral tornou-vos conscientes disso — como essa mudança social comportou uma diminuição do vigor religioso e moral, ao ocasionar no crente um olvido progressivo dos ensinamentos, tradições e atitudes que deram coerência, sentido e inspiração à sua vida pessoal, e que lhe fazem sentir a comunidade cristã, onde se adquirem, por assim dizer, alegre e consciente prolongamento da própria comunidade familiar.

Por outro lado, pude observar que vos preocupa a influência danosa em muitos casos, verificável mesmo nas pequenas povoações, que provém dos meios de difusão, quando estes se dedicam com preferência a solicitar o que é sensual ou hedonista, a inculcar necessidades que tendem a fomentar o consumo ou, mais lamentável ainda, quando banalizam os factos morais ou oferecem interpretações da existência, vazias de conteúdo religioso, ao serviço ou em obediência à óptica parcial de determinadas ideologias.

3. Bastem estas rápidas considerações para saber em que situação vos encontrais e em que campos se há-de desenvolver, com especial zelo e dedicação, a vossa actividade pastoral, a vossa missão de "brilhar como astros no mundo, ostentando a Palavra de vida" (cf. Fil Ph 2,15-16). Na linha de quanto disse a outros grupos de Bispos espanhóis sobre temas particulares, desejaria hoje deter-me num aspecto que julgo fundamental, na hora de enfrentar problemas ou de coordenar iniciativas, naqueles que se impõem tarefas pastorais: ser luz dos homens, em comunhão de vida com Cristo.

A atitude de fundo, a todas as luzes indispensável para uma eficaz acção pastoral, é a união entre Bispos e sacerdotes. No presbitério diocesano hão-de estar pois as vossas melhores atenções, a fim de que seja de verdade o centro da missão comum onde "todos se unem entre si em íntima fraternidade, que deve manifestar-se em espontâneo e agradável auxílio mútuo, tanto espiritual como material, tanto pastoral como pessoal, nas reuniões, na comunhão de vida, de trabalho e de caridade" (cf. Const. dogm. Lumen gentium LG 28). Esse trato familiar, de amigos e colaboradores, será sumamente estimulante para todo o sacerdote que, ainda no meio do mundo, sabe onde buscar alívio e apoio para as suas dificuldades, ambiente apto para cultivar a sua vida espiritual e intelectual, e sobretudo para dar testemunho da sua "segregação em certa maneira do povo de Deus" e de pertencer ao grupo dos "discípulos", eleitos pelo Senhor para desempenhar o ministério do Evangelho junto do Bispo (cf. Presbyterorum ordinis PO 3), quer dizer, para tornar visível e confirmar mais a sua identidade sacerdotal.

Já sei que vos prodigalizais pelo bem dos sacerdotes a fim de que, a exemplo dos discípulos de Cristo, se encham do dom de Deus e sejam apóstolos autênticos. Nisto oferecerão aos fiéis o sinal da própria identidade, como expressa claramente São Paulo: "A cada um de vós foi concedida a graça na medida outorgada por Cristo... A uns Ele constituiu Apóstolos, a outros Evangelistas, àqueles Pastores"... (cf. Ef Ep 4,7 ss.). Ser-se portanto pastor e presbítero é dom de Deus; a obra do Pai consumada em Cristo é-nos dada como graça e participação, e portanto não deve pesar na consciência como carga molesta mas como fonte de entusiasmo, de espiritualidade e de iniciativa para o apostolado.

Aproveitai toda a ocasião para recordar aos vossos sacerdotes que o ministério, onde quer que se exerça, é manifestação desse dom do Espírito, cujos frutos são unicamente obra da graça, da força do Evangelho. Não é rara, hoje em dia, a tentação de anunciar o mistério de Cristo envolvido em experiências emotivas ou misturado com doutrinas tomadas de "mestres" deste mundo; com isso, por causa desses ruídos de fundo, não se sintoniza tal apresentação com a pessoa de Cristo, nem com aqueles a quem Ele enviou. Estes reconhecem muito bem a presença de Deus Pai que salva pelo sacerdócio, quando o sacerdócio leva consolação aos corações, e desperta dentro da alma a alegria e a decisão de viver com Cristo.

Já compreendeis porque me detive nesta reflexão que espero vós continueis. Quanto mudaria o mundo, quanto mudariam os homens, se se conseguisse dar este sentido pleno à vida sacerdotal!

Concordareis comigo em que todas as tarefas, pessoais ou colectivas, necessitam estar impregnadas dessa vivência, que é o verdadeiro suporte e a alma de todo o apostolado. Por vezes estamos acostumados a pensar com mentalidade um tanto empresarial, como se bastassem as palavras e as estruturas para se vir a ser fermento de conversão; mas a verdade é que não basta fazermo-nos ouvir; temos de conseguir que se preste atenção, que a mensagem seja captada, diria eu, em termos de imagem, de presença que provoca a adesão e a comoção de toda a pessoa.

Permiti-me agora que vos recomende, com particular preferência, o apostolado através da liturgia atendendo sobretudo às famílias. Se a administração dos sacramentos ocupa boa parte do tempo do sacerdote, não é menos certo que eles são celebrados em ambiente familiar. Através deles, a Igreja-mãe dá a vida e educa os seus filhos, como já expus amplamente na minha recente exortação Familiaris consortio.

Sirvam todas estas breves observações para estimular mais a comunhão e a mútua ajuda nas vossas Igrejas particulares. A vós e a elas, vem-me à mente dizer com as palavras de São Paulo: "Uma só coisa: procurai comportar-vos de maneira digna do Evangelho de Cristo, a fim de que, quer eu vá ter convosco, quer continue ausente, oiça dizer de vós que permaneceis firmes num só espírito" (cf. Fil Ph 1,27).

Com a minha mais afectuosa Bênção Apostólica.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AO SENHOR PETER DINGISWAYÓ ZUZE


NOVO EMBAIXADOR DA ZÂMBIA JUNTO DA SANTA SÉ


POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO


DAS CARTAS CREDENCIAIS


Segunda-feira, 8 de Fevereiro de 1982



Senhor Embaixador

É uma satisfação para mim dar hoje as boas-vindas a Vossa Excelência e aceitar as suas Credenciais como Embaixador da República da Zâmbia junto da Santa Sé. Aprecio as amáveis palavras de saudação que me transmitiu em nome dos cidadãos da sua nação e agradeço o seu cuidado a respeito da minha saúde. Em particular aproveito esta oportunidade para manifestar a minha sincera gratidão a todos os seus numerosos compatriotas que rezaram por mim durante o período da minha convalescença.

O tema da paz a que fez referência é assunto que afecta directamente a estabilidade não só de cada nação individualmente, como a sua, mas a comunidade mundial como um todo. Fiel à própria missão de levar a mensagem de salvação a todos os povos, a Igreja católica dedica profundo interesse à promoção de tudo o que assegure a dignidade inerente a cada pessoa. O estabelecimento da verdadeira paz é essencial para preservar e aumentar esta dignidade.

A paz, como todos nós reconhecemos, não é mera ausência da guerra. Para melhor dizer, no seu significado mais amplo, a paz representa o mais profundo desejo radicado no coração de cada ser humano. A paz interpela o que de mais nobre existe no homem. A este propósito, na Mensagem deste ano para o Dia Mundial da Paz disse que a paz "resulta do dinamismo das vontades livres, guiadas pela razão para o bem comum que há-de alcançar-se na verdade, na justiça e no amor" (n. 4).

Daqui é claro que a paz deve necessariamente envolver mais que uma consideração de valores materiais ou económicos. Requer igualmente valores de natureza espiritual. De facto, a primazia dos valores espirituais deve ser reconhecida, a fim de assegurar que o desenvolvimento material e o crescimento económico sirvam para o autêntico destino do homem todo. Por esta razão, o livre acesso à verdade, a equitativa distribuição das riquezas criadas, e o direito de ser aceito na sociedade sem discriminações baseadas na origem, raça, sexo, nacionalidade, religião, convicções políticas ou coisas semelhantes devem ser apoiados e defendidos como elementos essenciais na construção de uma paz duradoura.

Por outro lado, em toda a parte onde a existência do egoísmo, da avidez ou da exploração é permitida pela lei ou pelo costume, ali o sofrimento humano será mais intensamente experimentado e o caminho para a paz mais gravemente obstruído. Estas situações serão superadas unicamente com uma disponibilidade para comunicar, compreender a condição daqueles que estão a ser manipulados e pronta boa vontade em perdoar os erros do passado procurando em comum uma futura harmonia.

Senhor Embaixador, deu-me grande esperança ouvir-lhe reiterar o empenho do povo da Zâmbia na busca da paz no mundo. Deus abençoe todos os esforços no prosseguimento deste objectivo.

Faço votos pelo bom êxito no trabalho que lhe foi confiado por Sua Excelência o Presidente da República. Asseguro-lhe a cooperação e assistência da Santa Sé nos seus esforços, como também as minhas orações por Vossa Excelência e por todos os amados filhos e filhas da Zâmbia.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS BISPOS ESPANHÓIS DE BARCELONA


E DA PROVÍNCIA ECLESIÁSTICA DE TARRAGONA


EM VISITA «AD LIMINA APOSTOLORUM»


Segunda-feira, 8 de Fevereiro de 1982



Senhor Cardeal Arcebispo de Barcelona,
e caríssimos Irmãos da Província Eclesiástica Tarraconense

1. Com grande prazer vos apresento a mais cordial saudação ao iniciar este encontro convosco, que viestes a Roma, para venerar os sepulcros dos Apóstolos e ver o Sucessor de Pedro, "princípio e fundamento perpétuo e visível de unidade, tanto dos Bispos como da multidão dos fiéis" (Lumen gentium LG 23).

Neste espírito de comunhão fraterna, de que me destes eloquente testemunho durante a conversa particular que tive previamente com cada um de vós, pude apreciar a solicitude eclesial que informa a vossa vida de Bispos da Igreja e de guias na fé das vossas Igrejas particulares.

Por essa vivência sincera da unidade, que é consciência de fidelidade ao desejo do Senhor, e pelo vosso generoso esforço em inculcá-lo nos vossos fiéis, para fazer deles cada vez mais sólidos e conscientes cristãos, manifesto-vos o meu profundo reconhecimento em nome de Cristo. "N"Ele qualquer construção, bem ajustada, cresce para formar um templo santo no Senhor, em união com o Qual também vós sois integrados na construção, para vos tornardes, no Espírito, habitação de Deus" (Ep 2,21).

2. Vindes ver-me, Pastores do Povo de Deus, e trazeis-me com a vossa visita a presença das queridas comunidades cristãs da Catalunha, que vão caminhando para o Pai com gozo e esperança.

Permiti-me que, ao receber-vos em conjunto, saúde também em vós, com profundo afecto, todos e cada um dos vossos fiéis. E desde agora encarrego-vos de transmitir a minha recordação cordial aos sacerdotes, que com o seu precioso auxílio vos torna possível a evangelização extensa da comunidade cristã; aos religiosos, religiosas e almas consagradas, que com o seu testemunho de vida e a sua inserção nas tarefas eclesiais prestam valioso serviço à educação na fé, dos irmãos; aos cristãos comprometidos no apostolado que, na consciência de pertencerem plenamente à Igreja, aplicam com responsabilidade as suas forças na causa da verdade e do bem; aos jovens, que não sabem limitar horizontes nem se dobram em atitudes de crítica ou fuga, mas se sentem responsáveis pela fé própria e alheia; aos pais e mães de família, que fazem do seu lar uma acolhedora Igreja doméstica, aberta aos outros e à Igreja total; a todos os fiéis que, sentindo a própria debilidade, sabem recorrer à força de Cristo, para encontrar novas razões de vida, de esperança e de disponibilidade cristã.

Ao pensar nestas forças vivas eclesiais, vem ao meu coração um grande motivo de alegria, que se torna alento para não desfalecermos na empresa; pelo contrário, para nos renovarmos no propósito de fidelidade ao chamamento de Cristo e da Igreja, que hoje como ontem necessita de ser testemunha crível da Verdade revelada e instrumento de salvação para o homem do nosso tempo. É a missão essencial da Igreja, é o seu mandato para o homem do nosso tempo. É a missão essencial da Igreja, é o seu mandato próprio e característico, é necessidade imperiosa a requerer a contribuição de todas as energias eclesiais disponíveis.

3. Estou bem consciente de que a tarefa, para ser realizada, é imensa. A vossa área eclesial tem longa história de rica tradição cristã, que deixou inequívocas e valiosas pegadas em tantas esferas da vida cultural e humana, como nas artes, na literatura, na história, na toponímia, nos costumes dos diversos concelhos e na intimidade dos lares.

Nas raízes profundas dessa tradição de fé encontraram terreno fértil muitas figuras eclesiais, homens e mulheres, que viveram a sua vida com grande sentido de universalidade e muito ofereceram à Igreja.

É certo que no momento actual a Catalunha, não menos que outras partes, experimenta um fenómeno de vincada secularização. Isso pode apresentar problemas não indiferentes à vida cristã dos vossos fiéis, mergulhados num sistema de convivência pluralista, em que hão-de imperar o mútuo respeito, o diálogo e a liberdade devida à consciência alheia.

Mas, por parte deles, há-de manter-se clara a consciência da sua própria identidade como cristãos e membros da Igreja que, embora como recorda o último Concílio, tenha uma finalidade escatológica, está presente no mundo "para formar na própria história do género humano a família dos filhos de Deus, que há-de ir aumentando sem cessar até à vinda do Senhor" (Gaudium et spes GS 40).

É evidente que a problemática complexa criada por tal situação, requer análises sérias e respostas que possam favorecer o crescimento da fé no povo fiel.

Não sejais, apesar disso, fáceis em dar como facto assente a descristianização das vossas comunidades, que dispõem de reservas morais vivas, as quais requerem, sim, cultivo intenso, mas são sempre susceptíveis de novo florescimento de vida cristã.

Não ignoro as dificuldades que se interpõem no vosso caminho eclesial, mas continuai trabalhando com esperança e infundi-a em todos os agentes da pastoral, para o vosso povo fiel receber a formação religioso-catequética de que necessita e saber inspirar-se nas raízes mais profundas do seu ser.

4. Para avançar por este caminho, é necessário prestar diligente atenção, por vossa parte e dos membros das vossas Igrejas, ao campo da cultura e do ensino.

Graças a Deus contais com a disponibilidade de sacerdotes, de almas consagradas e de fiéis bem formados e de bom espírito. Com a sua capacidade e esforço, urge conseguir uma presença multiforme da Igreja nestes sectores sensíveis da vida social, sem esquecer as possibilidades que oferecem a educação religiosa da juventude por meio da escola pública ou particular, ou do papel que desempenha a escola católica. Campo que pode continuar a dar excelentes frutos e que é preciso continuar cultivando, como recentemente indiquei a Irmãos vossos no Episcopado, doutra região da Espanha.

5. Sei que estais prestando atenção dominante à pastoral da família, convencidos da transcendência que ela tem no âmbito social e também no religioso.

Continuai a cuidar deste importante sector do apostolado. E imprimi-lhe o maior impulso possível, de acordo com as directrizes da Exortação Apostólica Familiaris consortio.

Promovei o conhecimento desses ensinamentos através de todos os canais, primeiro que tudo das paróquias e também do ambiente familiar. Convertam-se os lares cristãos da Catalunha em evangelizadores e sintam que o Espírito do Senhor, não obstante todas as dificuldades actuais, está com eles e os ajuda. Não temam viver com toda a generosidade os valores cristãos próprios, e a proclamação desses valores humanos e religiosos, diante dos filhos e da sociedade provenha da experiência existencial dos mesmos.

Sei também que uma preocupação vossa está zelosamente dirigida para a realidade das numerosas famílias imigrantes. Louvo-vos a este propósito, para que as vossas paróquias sejam, no campo litúrgico e no pastoral, centros de acolhimento cristão, de ajuda na promoção de tais famílias, de oferecimento de possibilidades de inserção no novo ambiente, respeitando sempre as peculiaridades da sua condição e das suas expressões no que é religioso ou social.

6. Outro campo que frequentemente ocupa os vossos desvelos de Pastores é o das novas vocações. Sentis este problema com tanto maior urgência, quanto mais louvável é o empenho e mais amplo o sentir eclesial, com que muitos filhos e filhas das vossas dioceses estão servindo noutras partes da Igreja.

Faço minha a vossa preocupação, renovo a vossa chamada a todos os que podem contribuir eficazmente para a solução desse problema, convosco peço ao Senhor mande novos operários à Sua messe e encomendo esta intenção à especial prece das almas consagradas no claustro e às de todos os vossos diocesanos.

O horizonte vocacional esteja sempre aberto na pastoral juvenil e nenhum membro da vossa comunidade eclesial se sinta isento do dever de colaborar neste terreno.

7. Para poderdes responder aos múltiplos desafios e proceder ao estudo ou planeamento mais adequado da problemática que a pastoral traz consigo nos nossos dias, não ignoro que nas vossas reuniões conjuntas tratais de analisar, num espírito fraternal, temas de interesse comum.

Dessa preocupação surgiram serviços interdiocesanos para o maior bem do Povo de Deus.

Alegro-me com essa manifestação de fraternidade e colaboração mútua, na qual os dons de uma Igreja particular ajudam os de outra, oferecidos em atitude de serviço eficaz e sem menoscabo algum da justa liberdade de cada diocese nem da devida colaboração concorde com os outros membros do Episcopado.

8. Ao concluir estas reflexões que desejei partilhar convosco, caríssimos Irmãos, o meu pensamento volta, com o vosso, para a geografia de cada uma das vossas comunidades eclesiais.

Não ignoro que elas vivem momentos de dificuldade na fé, os quais podem semear a tentação do desalento. Mas não há motivo para tal. Na luta e angústia de cada dia, não estão sós, mas a presença do Espírito de Cristo acompanha-as. Ele com o Seu poder continua a realizar maravilhas, por vezes desconhecidas, de graça e de santidade. Quer realizá-las também com elas, com todos nós que — pese embora à nossa debilidade — com Ele poderemos ser testemunhas fiéis de Cristo no mundo de hoje.

Por isso dizei aos vossos sacerdotes, almas consagradas por titulo especial a Deus e aos fiéis, que o Papa espera e tem confiança na sua fidelidade. Vivam abertos para a plena dimensão eclesial, oferecendo o seu contributo generoso.

Seja a doce Mãe comum, a Virgem Santíssima de Montserrat, quem obtenha a todos graças abundantes do Seu Filho, as quais mantenham a fidelidade de cada um a Cristo e à Sua Igreja. E seja penhor da constante protecção divina e prova da minha benevolência a Bênção Apostólica que a vós e aos vossos fiéis afectuosamente concedo.



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS REPRESENTANTES DE DOZE


CONFEDERAÇÕES SINDICAIS INTERNACIONAIS


Terça-feira, 9 de Fevereiro de 2010



Senhoras e Senhores
Caros amigos

1. Foi com gosto que desejei satisfazer o pedido, logo que ele foi apresentado à minha atenção, de um encontro convosco, responsáveis por vários sindicatos reunidos em Roma com o fim de comunicar a vossa solicitude pela Polónia nesta hora em que muitos dos vossos colegas, os trabalhadores e a população inteira sofrem lá provas muito graves. O vosso porta-voz exprimiu os sentimentos de solidariedade que vos animam quanto à minha pátria. Estou-vos por isso reconhecido. Em vós saúdo todos os trabalhadores que, unidos nas suas associações livres, procuram oferecer a própria contribuição, não só ao estabelecimento de dignas condições de trabalho, mas também à consecução de uma sociedade justa, fundando eles a actividade num conceito do trabalho humano a corresponder à verdade sobre o homem. A vossa presença aqui, testemunha o compromisso tomado em favor da dignidade do trabalho humano; testemunha também a solidariedade que vos anima para com todos os trabalhadores, especialmente para com os trabalhadores polacos que procuram uma sorte melhor, respeitando o homem e os seus direitos inalienáveis. O meu pensamento volta-se de modo especial para aqueles e aquelas que, na Polónia, foram duramente atingidos em consequência das medidas oficiais impostas há quase dois meses: os que perderam a vida, os que foram feridos, os que estão presos e detidos, os que são julgados e severamente castigados, e os que perdem o emprego por causa das suas convicções. Todos e todas estão presentes aos nossos espíritos e aos nossos corações, como estão presentes também aqueles e aquelas que, no meio de graves dificuldades, conservam a esperança e se mantêm fiéis à vontade de procurar para a Polónia o caminho da justiça, dos direitos do homem, da paz e da verdade.

2. Fizestes referência à vossa participação, há vários meses, no primeiro congresso da associação "Solidarnosc" em Gdansk. Entre vós, há mesmo alguns membros desta associação. E recordáveis também que há um ano me encontrei, aqui mesmo, com o Senhor Lech Walesa e outros representantes do sindicato independente e autónomo "Solidarnosc". Nesse encontro estava presente o Chefe da Delegação do Governo da República Popular da Polónia para os contactos permanentes de trabalho com a Santa Sé. Exprimi então a minha alegria por saber que, a 10 de Novembro de 1980, o estatuto do Sindicato livre "Solidarnosc" tinha sido aprovado e portanto que a legitimidade da existência e das actividades específicos deste sindicato estava reconhecida. Nessa feliz ocasião, que em si continha tantas promessas, pude afirmar: "A criação do sindicato livre é acontecimento de grande importância. Manifesta a pronta disponibilidade de todos os homens do trabalho na Polónia — os quais exercem diferentes profissões, compreendendo as relacionadas com o trabalho intelectual e também com os agricultores —, manifesta a disponibilidade para tomarem uma responsabilidade solidária junto dos diferentes ramos de actividade tão numerosos, para a dignidade e a rentabilidade do trabalho realizado na nossa terra natal. Ela mostra além disso que não há — porque não deve haver — contradição entre tal iniciativa autónoma social tomada por homens do trabalho e a estrutura do sistema que apela para o trabalho humano como para valor fundamental da vida da sociedade e do Estado" (15 de Janeiro de 1981). Ninguém deixou de notar que o sindicato livre "Solidarnosc" nasceu num momento dificílimo para a Polónia, por um lado como manifestação do sentido de responsabilidade dos trabalhadores e do desejo de assumirem as responsabilidades especificas que derivam do trabalho, e, por outro lado, como expressão de uma solicitude real para o bem comum de toda a sociedade. As esperanças momentaneamente enganadas, as dificuldades e barreiras que lhes são criadas, e as duras restrições impostas a diversas liberdades, não só aos membros de "Solidarnosc" mas a toda a população, não podem levar a esquecer que este sindicato adquiriu, e continua a possuir, o carácter de uma autêntica representação dos trabalhadores, reconhecida e confirmada pelos órgãos do poder. É, e continua a ser, um sindicato autónomo e independente, fiel à sua inspiração inicial, recusando a violência mesmo hoje, na situação difícil que ele vive, preocupado com ser uma força construtiva para a nação.

3. Ninguém está melhor colocado que vós, Senhoras e Senhores, para ver como os problemas de "Solidarnosc" não são hoje assunto unicamente da Polónia, mas, nas suas fontes e nos seus efeitos, assunto do mundo do trabalho no seu conjunto. Vós todos, e particularmente vós que pertenceis a sindicatos de inspiração cristã, sabeis como a Igreja sempre proclamou o direito de livre associação em nome da dignidade do trabalho humano. Como o sublinhei na minha encíclica Laborem exercens, "é como pessoa que o homem é sujeito do trabalho. É como pessoa que ele trabalha e realiza diversas acções que fazem parte do processo do trabalho; estas, independentemente do seu conteúdo objectivo, devem servir todas para a realização da sua humanidade e para o cumprimento da vocação a ser pessoa, que lhe é própria em razão da sua mesma humanidade" (n. 6). O trabalho possui valor ético ligado ao facto de, aquele que o executa, ser pessoa consciente e livre, sujeito que decide de si mesmo e por si mesmo. Pelo seu trabalho, o homem produz coisas, cria os meios de produção — o capital — e transforma as riquezas da natureza, mas, em última análise, trabalha sempre para realizar a sua humanidade, para se tornar mais humano, para ser mais homem, consciente e senhor do seu destino. Deve manter-se portanto senhor do seu trabalho. Por este motivo, o homem tem a responsabilidade — e o direito — de proteger a dimensão subjectiva do trabalho; deve assegurar que poderá trabalhar "como próprio", isto é para si, para a sua humanidade. Tal é o seu direito por causa da doutrina mesma do trabalho, e este direito deveria encontrar lugar central em toda a organização do mundo do trabalho, na esfera da politica social e económica, como entre os objectivos pretendidos pelas associações de trabalhadores.

Desta verdade provém, entre outros, o direito de os trabalhadores se unirem para assegurar que ficam sendo sujeitos do trabalho, para salvaguardar todos os direitos que derivam do trabalho. O homem no trabalho não pode escapar à necessidade de defender, ele próprio, a verdadeira dignidade do seu trabalho: também não pode ser impedido de exercer esta responsabilidade. Unindo-se livremente entre si, os trabalhadores assumem a responsabilidade, que é deles, de defenderem não só os seus interesses vitais, mas também a dignidade mesma do trabalho que está ligada a todas as dimensões da vida humana. Assim, os sindicatos têm em vista os justos direitos dos trabalhadores segundo as diversas profissões ficando ligados igualmente pelo cuidado do bem comum. Na defesa da verdade do trabalho, os sindicatos revestem uma função especifica que não é politica no sentido da busca do poder politico na sociedade, mas adquire importância social geral.


Discursos João Paulo II 1982 - Quinta-feira, 4 de Fevereiro de 1982