Discursos João Paulo II 1992




                                                               Março de 1992



DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II


AOS MEMBROS DA PENITENCIARIA APOSTÓLICA


Sábado, 21 de Março de 1992

: Senhor Cardeal
Reverendíssimos Irmãos Bispos
Caros Prelados e Oficiais da Penitenciaria Apostólica

É-me grato receber-vos hoje, para vos exprimir, primeiro que tudo, reconhecimento pelo trabalho indefeso e reservado que, em aplicação das normas e dos critérios estabelecidos pelos Pontífices romanos, realizais neste Dicastério para o bem das almas, em matéria que diz respeito ao fórum interno da consciência.

Agradeço ao eminentíssimo penitencieiro-mor, cardeal William Baum, as palavras que me dirigiu.

Ao saudar-vos, saúdo também os penitencieiros das basílicas patriarcais da Urbe, grato pela sua presença assídua no confessionário em benefício de tantos fiéis.

A vossa presença demonstra a importância do sacramento da Reconciliação, meio de salvação e santificação, instituído por Jesus Cristo e confiado à Igreja, a qual é, também, e de modo especial em relação à Eucaristia, a Igreja do juízo e do perdão.

Tomando como tema as chaves decussadas que adornam o palácio apostólico do Vaticano, saliento que o ministério de Pedro pode ser sintetizado com expressão fundada no Evangelho de Mateus, Tibi dabo claves regni caelorum (Mt 16,19), qual potestas clavium. A noção evangélica das chaves não só inclui o poder jurisdicional, mas também a autoridade magisterial. Ora, o poder das chaves, conferido a Pedro na sua plenitude, estende-se em variada medida, em relação à posição hierárquica e aos ofícios desempenhados na Igreja, a todos os sacerdotes; mas o ofício da remissão dos pecados, exercido no sacramento da Penitência, está precisamente contido na potestas clavium.

É pois certo que o sacerdote, ao administrar o sacramento da Penitência, exerce também uma tarefa de magistério eclesial.

Nos meus precedentes encontros com a Penitenciaria e com os padres penitencieiros, pus em relevo outros aspectos do mesmo sacramento. No de 1981 salientava que "o sacramento da Reconciliação forma as consciências cristãs" e reafirmava que "os fiéis têm direito à própria confissão particular"; no de 1989 convidava insistentemente os sacerdotes a reservarem "na hierarquia das suas tarefas um papel privilegiado ao serviço da confissão"; no do ano passado punha em luz "o sentido pascal da Penitência: nela renova-se a ressurreição espiritual".

O sacramento da Reconciliação, de fato, secunda tabula salutis post baptismum, em relação com o seu caráter batismal, renova ou aperfeiçoa a inserção dos fiéis no mistério pascal de Cristo, novo Adão, do qual deriva no homem remido o restabelecimento, melhor, o aperfeiçoamento da justiça original: "Adão, o primeiro homem, tornou-se um ser vivo, mas o último Adão tornou-se espírito que dá a vida" (1Co 15,45), e, nela, do conhecimento pleno da verdade.

Mas se o sacramento da Penitência, agindo ex opere operato, infunde, ou aperfeiçoa, o hábito da fé e os inerentes dons do Espírito Santo, cabe à obra pessoal do ministro explicitar os conteúdos da verdade, com particular referência aos que dizem respeito à ordem moral. Já relativamente ao sacerdócio figural do Antigo Testamento, esta função de sobrenatural pedagogia tinha sido afirmada: "Um ensinamento fiel estava em sua boca... e fazia muita gente se converter do pecado. Porque os lábios do sacerdote guardavam o conhecimento e de sua boca se procurava o ensinamento, pois ele era um mensageiro de Javé dos exércitos" (Ml 2,6-7) e paralelamente tinha ecoado a terrível condenação do Senhor para os sacerdotes culpados de não terem cumprido o ofício do magistério da verdade: "Vocês, porém, se desviaram do caminho e, fizeram muita gente fugir do ensinamento... Por isso, também eu os tornei desprezíveis... porque vocês não seguiram os meus caminhos e foram parciais ao ensinar" (Ml 2,8-9).

Mas, das palavras de Jesus, que enunciam o poder de perdoar os pecados no sacramento da Penitência, resulta com toda a evidência que o ato sacramental está intrinsecamente ligado a um juízo, por isso mesmo a um magistério de verdade: Accipite Spiritum Sanctum: quorum remiseritis peccata, remittuntur eis; et quorum retinueritis retenta sunt (Jn 20,22-23). Na realidade, o Espírito Santo é Spiritus veritatis que deducet vos in omnem veritatem (Jn 16,13), e a decisão do sacerdote de perdoar ou não perdoar, não podendo ser arbitrária, porque é função instrumental ao serviço do Deus da verdade, pressupõe um reto juízo (cf. Concílio Tridentino, sess. 14, cap. 2, cap. 5 e cân. 9).

Na exortação apostólica Reconciliatio et paenitentia, as palavras do Evangelho de Marcos Paenitemini et credite evangelio (Mc 1,15), citadas desde o início do documento, recordam o conceito da intrínseca conexão entre a verdade do sacramento e a adesão à verdade revelada.

É evidente, além disso, que a função do juiz das consciências se baseia no poder das chaves, que propriamente pertence à Igreja como tal: Quaecumque alligaveritis super terram, erunt ligata in caelo, et quaecumque solveritis super terram, erunt soluta in caelo (Mt 16,19). Com efeito, na citada exortação apostólica, no número 12, observava que a "Missão reconciliadora é própria de toda a Igreja", e acrescentava que ao cumpri-la a Igreja desempenha uma tarefa magisterial: "Discípula do único Mestre, Jesus Cristo, a Igreja, por sua vez, como Mãe e Mestra, não se cansa de propor aos homens a reconciliação e não hesita em denunciar a maldade do pecado, em proclamar a necessidade da conversão".

Mais adiante, no número 29, referindo-me em particular ao sacerdote ministro do sacramento da Penitência, escrevia: "Como no altar onde celebra a Eucaristia e como em cada um dos sacramentos, o Sacerdote, ministro da Penitência, age in persona Christi. O mesmo Cristo por ele tornado presente e que por meio dele atua o mistério da remissão dos pecados, é aquele que aparece como irmão do homem, pontífice misericordioso... pastor... médico... mestre único que ensina a verdade e indica os caminhos de Deus, juiz dos vivos e dos mortos, que julga segundo a verdade e não segundo as aparências".

Daqui a iniludível conseqüência que o sacerdote, no ministério da Penitência, deve enunciar não as suas opiniões particulares, mas a doutrina de Cristo e da Igreja. Enunciar opiniões pessoais em contraste com o magistério da Igreja, quer seja solene, quer ordinário, é, por conseguinte, não só trair as almas, expondo-as a perigos espirituais gravíssimos e fazendo-lhes sofrer um angustiante tormento interior, mas é contradizer, no seu próprio núcleo essencial, o ministério sacerdotal.

Ao recordar esta verdade e esta gravíssima responsabilidade, sei bem que muitíssimos sacerdotes, fiéis ao seu ministério, realizam no confessionário a divina missão da Igreja: Euntes ergo docete omnes gentes... docentes eos servare omnia quaecumque mandavi vobis (Mt 28,19-20) e oferecem deste modo às almas o caminho da salvação: Qui crediderit... salvus erit (Mc 16,16).

Certamente todos vós tendes como critério doutrinal e pastoral o ensinamento da Sé de Pedro. Por conseguinte, por vós eleva-se a minha prece de agradecimento a Deus: de fato, vós sacerdotes sois, e vós próximos candidatos ao sacerdócio sereis, operadores de verdade e de santidade, fiéis dispensadores dos mistérios de Deus.

Com estes sentimentos, a vós e a quantos em toda a Igreja se dedicam dignamente ao ministério da Reconciliação sacramental, concedo de coração a Bênção Apostólica.



VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II

A ANGOLA E SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

DISCURSO DO SANTO PADRE

DURANTE A CERIMÓNIA DE BOAS-VINDAS


NO AEROPORTO INTERNACIONAL DE LUANDA


Quinta-feira, 4 de Junho de 1992



Excelentíssimo Senhor Presidente,
Amados Irmãos no episcopado,
Ilustres Autoridades civis e militares,
Queridos angolanos,

1. Com imensa alegria e profunda gratidão a Deus, acabo de beijar o solo da vossa Nação, para a qual tantas vezes, nestes anos de pontificado, voou o meu pensamento, num misto de ansiedade e confiança. Com solidária amizade, acompanhei as várias etapas, que marcaram o calvário da construção da sua liberdade e identidade como povo de irmãos sobre esta terra.

Agora Deus concedeu-me vir ter convosco, peregrino do amor e da esperança.Trago comigo uma Boa Nova de reconciliação e de paz para este amado povo, em cujo nome Vossa Excelência, Senhor Presidente, quis dar-me as boas-vindas. Aceite a minha mais viva gratidão pela sua presença, pelas deferentes palavras que me dirigiu, e ainda pelo repetido convite a visitar o País.

Às diversas autoridades aqui presentes, bem como aos Membros do Corpo Diplomático, que tiveram a gentileza de vir ao meu encontro, agradeço-lhes este gesto de cortesia e auguro as maiores felicidades na nobre missão que lhes está confiada.

2. Uma saudação, particularmente afectuosa e agradecida, dirijo-a agora aos meus Irmãos no episcopado, que me convidaram, nomeadamente ao Senhor Cardeal Alexandre do Nascimento, Presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé. Saúdo todas as vossas dioceses: os sacerdotes, os religiosos e religiosas, e os leigos cristãos. Sois a Igreja de Deus que foi semeando a Boa Nova de Jesus Cristo, em sulcos cada vez mais profundos, na história e no carácter deste povo.

Sinto-me feliz por me encontrar com esta Igreja sempre jovem – mas cuja semente vem de longe –, precisamente no encerramento do jubileu da chegada da Salvação de Cristo. Vim para dar alento ao seu esforço, trazer nova esperança à sua esperança, e ajudar a discernir o caminho do futuro.

3. Senhor Presidente, hoje o nome de Angola evoca já mundialmente um povo cioso da sua liberdade e empenhado na construção da sua identidade histórica. Congratulo-me convosco pela estrada que corajosamente iniciastes. Refiro-me à consolidação de Angola como um Estado de direito, assente nos valores e nos princípios da vida, da justiça social e do respeito mútuo.

O País está a viver momentos cruciais para a recta definição do seu futuro. Que ninguém desanime perante as inevitáveis dificuldades! Encorajo todos e cada um, nomeadamente os responsáveis pelos destinos da Nação, a que se empenhem cada vez mais no caminho da solidariedade, por uma crescente entreajuda e aceitação mútua de todos os angolanos! Estou certo que os princípios cristãos poderão infundir aquela esperança e dinamismo novo, que permitirá ao País ocupar o lugar que lhe corresponde no concerto das Nações.

A Igreja, cumprindo a missão que lhe é própria, não deixa de reafirmar a sua vocação de serviço às grandes causas do homem: ela continuará a ser uma memória viva da dignidade da pessoa e dos seus valores espirituais, e um apelo instante à criação e consolidação de relações fraternas, apoiadas no diálogo e entreajuda.

4. Neste momento da chegada, estendo o meu abraço caloroso e pleno de esperança ao povo angolano inteiro: para todos vai a minha cordial saudação, numa homenagem de respeito e afecto, de admiração e apreço pelos vossos valores de história e da cultura.

O meu gosto seria entrar em cada uma das vossas casas, saudar cada homem e cada mulher, acarinhar cada criança em cujos olhos se reflectem a inocência e o amor. Mas isso não é possível! Ficai certos, porém, de que me sinto perto de cada um de vós e a todos vos terei presente na minha oração, especialmente aqueles que sofrem o luto, a orfandade, a fome e a incerteza do amanhã.

Queridos angolanos, que a fé em Deus vos ajude a superar todos os obstáculos e se torne um incentivo para caminhardes avante em paz e harmonia, uns com os outros e com todos os povos, no amor e no serviço dedicado ao vosso maravilhoso país.

Angola, venho a ti com sentimentos de amizade, de reverência e de confiança: que tu possas realizar o teu destino de País livre e fraterno! O Deus do céu pouse o seu olhar benigno sobre todos os teus filhos e consolide em ti a fraternidade e o bem-estar humano.

Que Deus abençoe Angola!

Que Ele preserve a sua liberdade na verdade e na unidade!





VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II

A ANGOLA E SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

DISCURSO DO SANTO PADRE

AOS SACERDOTES, RELIGIOSOS, RELIGIOSAS


E OUTROS OPERADORES DA PASTORAL


Luanda, 4 de Junho de 1992



Caríssimos irmãos e irmãs no Senhor,

1. Quão profunda é a minha alegria, porque os passos do meu peregrinar pelos caminhos de Angola têm o seu início venturoso neste encontro convosco, que representais uma parte escolhida e qualificada da Igreja que cresce nesta Nação. Muito cordialmente vos saúdo no amor de Jesus Cristo, queridos sacerdotes, religiosos e Irmãs religiosas, e outros agentes da pastoral; saúdo vós que estais presentes e os demais que em vós vejo representados. Agradeço ao caro Irmão D. Pedro Luís Guido Scarpa, Presidente da Comissão Episcopal do Clero, as amáveis palavras de boas vindas, expressas em vosso nome.

Vejo em vós os continuadores daqueles primeiros evangelizadores e de tantos outros missionários e missionárias, nacionais e estrangeiros, que, ao longo destes quinhentos anos, aqui lançaram a semente da fé cristã no coração deste povo, e estabeleceram, sobretudo de há século e meio para cá, os fundamentos firmes de uma Igreja forte e vibrante. A recordação desses homens e mulheres de fé sólida e de amor ardente traz-nos à mente as palavras do profeta Isaías: “Que formosos são, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a Boa Nova, que prega a salvação” (Is 52,7). A todos eles, homens e mulheres de Deus, prestamos hoje especial homenagem.

Os esforços de quantos vos precederam e as suas esperanças de evangelização estão agora nas vossas mãos. À semelhança deles, vós fostes enviados como mensageiros da paz do nosso Salvador, que veio precisamente “para reconciliar consigo todas as criaturas, tanto as da terra como as dos céus, pacificando-as pelo sangue da sua Cruz” (Col 1,2). Vós sois arautos do Evangelho e artífices de unidade, nesta grande Nação.

2. Como ensina o Concílio Vaticano II, “a obra de implantação da Igreja num determinado agrupamento humano atinge em certa medida o seu termo, quando a comunidade dos fiéis, enraizada já na vida social e adaptada à cultura local, goza de alguma estabilidade e firmeza: com recursos próprios, ainda que insuficientes, de clero local, de religiosos e de leigos” (Ad Gentes, AGD 19). Ora a Igreja em Angola parece ter atingido já este objectivo com a graça de Deus e com os esforços de muitos missionários e missionárias, de sacerdotes locais, e de muitos e generosos catequistas. Louvamos a Santíssima Trindade por tal maturidade cristã, que demonstra a disponibilidade da Igreja local para uma nova era de crescimento em Cristo.

Essa nova era de crescimento é a da inculturação da Boa Nova cristã e da evangelização da cultura: por outras palavras, procurar que o Evangelho mergulhe as próprias raízes na vida e na cultura angolana, para se renovar a vida da sociedade.

3. Ora para evangelizar uma cultura, temos de começar por evangelizar o povo, que a produziu; com efeito, a experiência ensina que essa evangelização não é possível verdadeiramente, se o Evangelho não dá resposta aos anseios do povo e se o anúncio da mensagem não assume os conceitos e valores culturais que lhe são próprios e que não estejam em contradição com o Evangelho. Neste contexto, dirijo-me aos missionários e missionárias que vieram de fora – e que eu desejo continuem a ser acarinhados nesta sua pátria adoptiva –, para lhes agradecer e exortar no esforço sempre renovado por, unidos aos consagrados angolanos, conhecer e respeitar a alma cultural deste povo, a sua língua e as suas tradições, as suas qualidades e valores, que são plasmados pela qualidade do seu relacionamento entre si e com Deus.

Mas, por outro lado, a tarefa da inculturação não pode perder de vista o objectivo salvador, para o qual vós fostes enviados: meter o povo com os valores culturais em confronto com o Evangelho, fazendo apelo à conversão para Cristo, que diviniza o humano e o salva. Ora isto passa através do testemunho do evangelizador, que se deve “aculturar” primeiramente no espírito do Evangelho, por um processo de contemplação e de conversão pessoal, para depois poder enxertar o mesmo Evangelho, tal como é, sem reducionismos, numa determinada cultura. Poder-se–á assim “evangelizar de maneira vital, em profundidade e isto até às suas raízes” (Evangelii Nuntiandi EN 20), tornando assim possível o discernimento dos valores autênticos, a sua purificação, transformação e elevação pela graça de Jesus Cristo. Neste sentido, vos exorto, amados irmãos e irmãs, a elevar um corajoso e irradiante testemunho do Reino de Deus em toda a sua grandeza, nestas amadas terras africanas. Nesse dia, porque já não sereis vós a viver, mas Cristo em vós (Cfr. Gl Ga 2,20), poder-se–á dizer que Jesus Cristo se tornou verdadeiramente angolano, e então tereis o Seu Evangelho inculturado aqui.

4. Um sinal importante deste momento evangelizador (kairos), que se oferece à Igreja em Angola, está patente no anseio de formação que se revela nos fiéis leigos: eles querem uma compreensão mais apurada da sua graça baptismal e do seu papel na Igreja e no mundo. Eles mostram-se cada vez mais sedentos da Palavra de Deus e olham para a doutrina espiritual, teológica e social da Igreja, como luz da sua vida quotidiana. Pondo à prova a vossa liderança espiritual, confiam-se ao vosso ensinamento e conselho, esperando receber com clareza a resposta da Igreja aos problemas pessoais e sociais que os atormentam e às crescentes e complexas questões emersas da vida moderna.

Deveis fornecer ao povo católico a formação necessária para assegurar que a sua aceitação de Cristo, nutrida no seio da Igreja, se torne parte integrante da própria vida, sem se deixar cair na mediocridade ou no comprometimento. É preciso formar leigos vigorosos e responsáveis, que reconheçam que a fé abraça todos os aspectos da vida, e que participem de modo consciente na missão da Igreja no seio da família, do trabalho, da vida pública e social.

Necessária e útil para essa formação, é uma apresentação clara e autêntica da doutrina social da Igreja, que reivindica o seu “carácter de aplicação da Palavra de Deus à vida dos homens e da sociedade, assim como às realidades terrenas que com elas se relacionam, oferecendo "princípios de reflexão", "critérios de julgamento" e "directrizes de acção"” (Sollicitudo Rei Socialis SRS 8). Inspirados nos critérios e nos métodos do Evangelho, vós devereis estar ao serviço dos irmãos para lhes mostrar a caridade de Cristo.

5. Dirijo-me agora, com afecto, aos meus irmãos sacerdotes, tanto do clero diocesano como religioso, a quem, em união com o seu Bispo, está confiado o cuidado das comunidades cristãs. A vossa vocação sacerdotal permanecerá sempre jovem, sempre actual, se se alimentar incessantemente na seiva sempre nova da graça de Deus; eis porque a vossa resposta deve rejuvenescer-se constantemente ao longo da vossa vida. “Por isso - tomando as palavras da Carta a Timóteo –, exorto-vos a que reanimeis o dom que Deus vos fez pela imposição das mãos” (Cfr. 2Tm 1,6).

Na recente Exortação Apostólica sobre a formação dos sacerdotes nas circunstâncias actuais, aparece explicitamente reafirmada a determinação da Igreja em manter a lei do celibato para os seus sacerdotes (Cfr. Pastores Dabo Vobis PDV 29). Pela consagração operada pelo Espírito na efusão sacramental da Ordem, o padre fica em condições de “amar a Igreja universal e a porção dela que lhe está confiada, com todo o entusiasmo de um esposo na sua relação com a esposa” (Ibid, 23). A Igreja, de facto, como Esposa de Cristo, quer ser amada pelo sacerdote no modo total e exclusivo com que Jesus Cristo Cabeça e Esposo a amou e por ela deu a vida.

Certamente, o padre, como cristão que é, continua a ser parte da comunidade, mas por força da sua incorporação a Cristo Cabeça e Pastor, encontra-se na referida posição de esposo perante a comunidade. Consequentemente “a sua vida deve iluminar-se e orientar-se também por este tratamento nupcial que lhe exige ser testemunha do amor nupcial de Cristo, ser, por conseguinte, capaz de amar a gente com um coração novo, grande e puro, com um autêntico esquecimento de si mesmo, com dedicação plena, contínua e fiel... até que "Cristo seja formado" nos fiéis (Cfr. Gl Ga 4,19) ” (Pastores Dabo Vobis PDV 22). A procura de uma autêntica vida de oração, a ascese pessoal, a entrega dedicada ao serviço pastoral do povo de Deus, como pais da comunidade, e uma sincera comunhão e participação na vida do presbitério diocesano, ajudar-vos–ão a manter a fidelidade a este amor total a Cristo e à Igreja.

6. Quanto acabo de dizer aos sacerdotes, confio-o também à fé e solicitude eclesial dos religiosos e leigos, não apenas para que saibais ser para eles a memória e a urgência de um amor sem limites, mas sobretudo para vos recordar que “para todos os cristãos, sem exclusão de ninguém, a radicalidade evangélica é uma exigência fundamental e irrecusável, que brota do apelo de Cristo a segui-l’O e imitá-l’O”.

Aos religiosos e religiosas, recordo que seguir Cristo na castidade, na pobreza e na obediência é muito mais que admirar um modelo; seguir a Cristo é algo existencial, é procurar imitá-l’O até configurar-se com Ele, até identificar-se com a Sua pessoa mediante a vivência fiel dos conselhos evangélicos. Esta realidade ultrapassa o entendimento e sobrepassa as forças humanas. Por isso só é realizável, graças a uma vida sacramental séria, com tempos fortes de oração e de contemplação silenciosa e perseverante. Recordai-vos sempre que o mais importante não é o que fazeis, mas o que sois como pessoas escolhidas e consagradas ao Senhor. Isto quer dizer que deveis ser contemplativos na acção.

A este propósito, não posso deixar de dirigir uma saudação de particular apreço e afecto aos religiosos e às religiosas contemplativos. Agradeço-vos a vossa entrega a Cristo, a vossa oração de intercessão pela Igreja, a radicalidade do vosso testemunho que são garantia de bênçãos para a vitalidade cristã de Angola e da Igreja universal. Com efeito, o vosso “lugar proeminente no Corpo Místico de Cristo” caracteriza-se por uma “misteriosa fecundidade apostólica” (Perfectae Caritatis PC 7). Dou graças a Deus pelas vocações contemplativas, que já brilham na Igreja em Angola, e peço-Lhe que as multiplique.

7. Agora, dado que aqui se encontra também um grupo de jovens que se estão a preparar para ser sacerdotes ou para o seguimento evangélico na vida religiosa, quero antes de terminar dirigir-lhes algumas palavras.

Vós sois o futuro e a esperança da Igreja. A Igreja do futuro será melhor se fordes melhores; a Igreja em Angola será uma Igreja evangelizadora dos pobres, se desde agora compartilhardes a vida com Cristo pobre, obediente e casto; a Igreja angolana no seu quinto centenário de evangelização e do ano Dois Mil será uma Igreja missionária, se crescerdes em espírito missionário universalista: um espírito sem fronteiras porque é livre e generoso na sua entrega a Cristo, que espera nos irmãos necessitados. Tudo isto o descobrireis no “colóquio quotidiano” com Cristo-Amigo, presente na Eucaristia e que continua a falar-vos, a amar-vos e a chamar-vos a partir da palavra viva e sempre jovem do Evangelho.

8. Caros sacerdotes, Irmãs religiosas, Religiosos e leigos, o preço do discipulado nunca é pequeno. Ao longo dos últimos anos de violência e destruição fratricida, tantos sacerdotes, Irmãs e catequistas pagaram com a vida a sua dedicação e serviço evangélico a este povo! Que o seu sacrifício inspire a Igreja toda, nesta terra, a “continuar o seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus, anunciando a Cruz e a morte do Senhor, até que Ele venha”! (Lumen Gentium LG 8) Posso assegurar-vos que o meu coração vive, dia a dia, as vossas inquietudes espirituais e preocupações apostólicas.

A todos vós, convido a aprofundardes a vossa identificação com Cristo, cuja unção pelo Espírito Santo se operou em Maria, quando o Verbo se fez carne no seu seio virginal. Nossa Senhora, Mãe dos consagrados por um título especial, sirva-vos de modelo e ajuda segura para que a vossa vida se oriente totalmente segundo a caridade de Cristo, Bom Pastor.

A todos vós, que proclamais o Evangelho de Cristo pela vossa perseverança na fé, na esperança e na caridade, de todo o coração concedo a minha Bênção Apostólica, extensiva às vossas famílias e comunidades cristãs.



VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II

A ANGOLA E SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

DISCURSO DO SANTO PADRE

DURANTE A CERIMÓNIA DE BOAS-VINDAS


NO AEROPORTO DE SÃO TOMÉ


Sábado, 6 de Junho de 1992



Excelentíssimo Senhor Presidente,
Ilustres Autoridades civis e militares,
Venerado Irmão Dom Abílio Ribas,
Amado povo de São Tomé e Príncipe,

1. Ao pisar a terra abençoada desta Nação amada, quis beijá-la em sinal da cordial estima e fraternidade que me liga a todos vós, e em homenagem a quantos aqui testemunharam, com palavras de verdade e com a vida guiada pela fé, o poder do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Saúdo toda a população destas Ilhas, na pessoa de Vossa Excelência, Senhor Presidente, a quem exprimo sincero reconhecimento pelas palavras de boas-vindas que acaba de me dirigir e pelo convite, em boa hora feito, para vir até junto deste povo cristão e amigo.

Apresento a expressão da minha deferente e grata estima ao Senhor Primeiro-Ministro, aos Membros do Governo e demais Autoridades, bem como ao Corpo Diplomático acreditado nesta Nação: obrigado pela amabilidade de terem saído ao meu encontro. Saúdo todos, tanto os presentes como quantos nos acompanham pelos meios de comunicação social. A todos incluo na minha prece e votos que elevo a Deus pelas melhores felicidades pessoais de cada um e pelo bem-estar do povo santomense. Um pensamento e bênção particular vão para os pobres e doentes, as pessoas de idade e os marginalizados. Saibam que a Igreja e o Papa estão solidários convosco, vos amam e acompanham nos vossos sofrimentos e tribulações.

2. Ao deslocar-me ao vosso país, respondo ao convite feito tanto por Vossa Excelência Senhor Presidente, como pelo caríssimo Irmão Dom Abílio Ribas, para quem, neste momento, vai o meu abraço feliz e afectuoso, e que estendo a todos quantos – sacerdotes e irmãos religiosos, religiosas e leigos – o acompanham de perto no pastoreio desta Igreja de São Tomé e Príncipe. Sei que, já há muito, ansiáveis por me ver sobre a vossa terra; posso confidenciar-vos que me animavam idênticos sentimentos, pelo que brota, em meu coração, espontânea e intensa acção de graças ao Pai do Céu por finalmente tornar possível a realização dos nossos sonhos comuns.

A minha visita a este País – desejo assinalá-lo – reveste um carácter eminentemente pastoral. Como Bispo de Roma, sinto-me feliz por vir ao encontro desta Comunidade eclesial – a mais antiga diocese da África Subsariana, erecta por bula do meu predecessor Papa Paulo III emanada a 3 de Novembro de 1534. O meu primeiro dever para com esta Igreja local é o que Jesus confiou a Pedro: fortalecer na fé os próprios irmãos (Cfr. Lc Lc 22,32). Desejo confirmar os meus irmãos na fé recebida dos Apóstolos, de sorte que, pelo testemunho deles, a luz de Cristo brilhe cada vez mais intensa e segura no meio da cidade dos homens.

Amados santomenses, vós sereis fortes pela vossa fé, uma fé posta já à prova por tantas vicissitudes ao longo dos séculos e que, por graça de Deus, soubestes preservar e que agora vos identifica como povo. Quero, neste momento, manifestar-vos o profundo respeito e apreço que nutro pelo belo mosaico de gentes que, neste arquipélago de São Tomé e Príncipe, convive e cresce, fiel ao património recebido, rico de história, tradições e religiosidade. Possa o Espírito Santo cumprir no meio de vós aquela união dos cristãos num só coração e numa só alma (Cfr. At Ac 4,32), que caracteriza os crentes no Senhor Jesus!

3. Senhor Presidente: como um irmão-peregrino de toda a família humana, a minha visita quer ser uma expressão da profunda solidariedade e confiança da Igreja no presente e futuro desta jovem Nação. Alegro-me por a ver determinada em vencer os grandes desafios da sociedade santomense, dos quais sobressai hoje o de formar, no próprio tecido da sociedade, um profundo sentido dos direitos humanos e das correspondentes responsabilidades pessoais e sociais de cada cidadão, que seja como que a alma da Nação.

Certo de que esta é a vossa hora, encorajo todo o povo santomense a unir-se e entreajudar-se na construção de uma sociedade justa e solidária, fraterna e livre, um lugar de paz e de progresso integral para todos os cidadãos.

4. Que todos os homens e todas as mulheres de boa vontade, independentemente da sua crença religiosa, sintam na minha breve permanência no seu meio um apelo a promoverem a “cultura do bem comum”. A Igreja, solidária com o povo de São Tomé, está empenhada em dar a sua colaboração específica, nesta tarefa.

Confio os bons propósitos de cada um à guarda e intercessão de Nossa Senhora das Graças, Mãe comum de todos nós. Que Ela ajude o povo de São Tomé e Príncipe a ser uma verdadeira família de irmãos. Com estes votos, a todos abençoo de coração.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!





VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II

A ANGOLA E SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

DISCURSO DO SANTO PADRE

AOS SACERDOTES, RELIGIOSOS, RELIGIOSAS,


CATEQUISTAS E REPRESENTANTES ECUMÉNICOS


NA CATEDRAL DE SÃO TOMÉ


Sábado, 6 de Junho de 1992



Vinde, subamos à Casa do Deus de Jacob! Ele nos ensinará os Seus caminhos, e nós andaremos pelas Sua veredas” (Cfr. Is Is 2,3).

Caríssimos sacerdotes,
Irmãos e Irmãs religiosas
Queridos leigos, servidores do Evangelho

1. Há cerca de 400 anos que esta Casa do Senhor serve de cenáculo, onde, sob a valiosa intercessão de Nossa Senhora das Graças, se congrega, num só e mesmo Espírito, esta porção do Povo de Deus que, em São Tomé e Príncipe, peregrina pelas veredas do Evangelho. Sinto-me feliz pela visita à igreja-mãe desta diocese, precisamente na Vigília da Solenidade do Pentecostes: o grande afecto que em Cristo sinto por todos vós trouxe-me até aqui para vos confirmar no vosso compromisso eclesial, vivido em estreita união com o vosso bispo, o nosso estimado Irmão Dom Abílio Ribas.

Ao ver-vos, vêm-me ao pensamento as palavras de Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jn 14,6). Ele pronunciou-as, a primeira vez, como resposta a São Tomé, que perguntara: “Senhor, como podemos saber o caminho?”. Também este povo sente necessidade de melhor conhecer o caminho da Vida. Vós, missionários vindos de fora ou cristãos filhos desta terra, conheceis Jesus Cristo, e aceitastes iluminar o caminho deste povo. Em nome da Igreja, vos digo o meu “Bem hajam!”.

2. O Evangelho está implantado na vida desta jovem Nação, como bem o pude constatar na maravilhosa Eucaristia desta manhã. Mas há necessidade de uma reevangelização da vida familiar e social, da cultura santomense.

Já não se trata propriamente de proclamar o Evangelho àqueles que nunca o ouviram; hoje e aqui, a questão que se vos depara é dirigir-se àqueles que o escutaram, mas já não respondem: penso naqueles que são baptizados, mas não permitem que a fé modele a sua vida pessoal nem se comprometem activamente com a Igreja.

3. No livro do profeta Isaías, lemos um convite que, nesta circunstância, me apraz dirigir a todo o povo santomense: “Vinde, subamos à Casa do Deus de Jacob! Ele nos ensinará os Seus caminhos, e nós andaremos pelas Sua veredas” (Is 2,3). O profeta antevia o tempo em que a gente, tomada pelo desejo de encontrar Deus, animar-se-ia a procurá-l’O conjuntamente: “subamos à Casa de Deus”! Ora a Igreja, a família de Deus, é o cumprimento dessa profecia. Domingo a domingo, os irmãos juntam-se para subir à Casa do Senhor: acorrem para compreender a verdade divina e procurar a face do Deus vivo. Isso ajuda-nos a sair de nós próprios, a vencer o nosso egoísmo: e a experiência mostra que o homem não pode ser ele mesmo, enquanto não se superar a si próprio até se abrir e conhecer Deus.

Uma das tentações peculiares do nosso tempo é a de o homem se tornar tão seguro e auto-suficiente que a sua mente e o coração não se abrem à palavra de Deus. Esta é “viva, eficaz e mais penetrante que uma espada de dois gumes” (He 4,12), mas é necessário abrir-se livremente a ela para ter a vida. A “porta estreita” e o “caminho apertado” do Evangelho são de facto o caminho “que conduz à vida” (Cfr. Mt Mt 7,14); a “estrada larga” do egoísmo, do hedonismo, do erotismo acaba por levar à desumanização, sem satisfazer a profunda inquietação do homem. É que distanciar-se de Deus é uma fuga para a escuridão e para a morte; mas, os caminhos da Casa de Deus são os caminhos que levam à vida. (Cfr. Rm Rm 8,11)

4. Todavia, na perspectiva cristã, há ainda mais. Jesus Cristo é aquele que nos revelou uma nova vida: a vida do Espírito. Segundo as palavras do Concílio Vaticano II Jesus Cristo “não nos deu simplesmente o exemplo para seguirmos os seus passos, mas rasgou um caminho novo; se o seguirmos, a vida e a morte tornam-se santas e adquirem um significado” (Gaudium et Spes GS 22). Jesus Cristo oferece continuamente a verdadeira vida ao homem: a cada indivíduo, a cada família, e a toda a humanidade.

Estas ilhas – tão abençoadas e no entanto tão necessitadas – e este povo de São Tomé e Príncipe tem sede da vida. Ele tem sede da verdadeira vida. Dizei-lhe que aceitar Cristo e viver o seu Evangelho significa escolher a vida. Unido a tantos filhos e filhas de Deus que, em São Tomé e Príncipe, vivem generosamente a sua fé, o Papa quer dizer a todos quantos se sentem distantes da comunidade cristã: a Igreja precisa de vós! Voltai para casa! A comunidade de fé em que renascestes, e até certo ponto crescestes, pede-vos que ocupeis o vosso lugar no meio do Povo de Deus, um lugar que só vós podeis ocupar.

5. Queridos sacerdotes, Irmãos e Irmãs religiosas, catequistas e demais agentes da pastoral: estai certos de que o meu afecto e a minha solicitude pastoral vos acompanham. De todo o coração vos abençoo: a vós e a quantos vos foram confiados pelo Senhor! Quando voltardes para as vossas comunidades, paróquias, instituições, ou famílias, levai a todos o abraço fraterno e a bênção do Papa, e transmiti-lhes a minha solidariedade e a imensa esperança que nos une, pois celebramos diariamente a mesma Eucaristia e testemunhamos, por todo o lado, a mesma fé.

Vele sobre todos vós e os vossos, a Virgem Nossa Senhora. No Seu coração de Mãe, foram recolhidas e nele floresceram as esperanças de vida para toda a humanidade, a Ela confiada do alto da Cruz, na pessoa do discípulo amado.

6. Mãe da divina Graça, confio-vos a Igreja em São Tomé e Príncipe, e peço-vos que lhe alcanceis aquela confiança, doação e santa alegria, que inundou o vosso coração quando o Espírito Santo foi enviado sobre vós, tanto nos primórdios da Encarnação como nos da Igreja.

Confirmai no coração de todos os cristãos a fidelidade às palavras e promessas de Deus, para que se tornem, à vossa semelhança, testemunhas ardorosas de Cristo, a Esperança e Luz dos povos, no caminho desta Nação e de toda a humanidade!

No meio dos sofrimentos e das provações da vida, possam estes vossos filhos e filhas encontrar a plenitude da alegria na vitória do vosso Filho ressuscitado, certos de que ela perdura em cada um dos crentes, graças ao dom do Espírito.

Ajudai-os a viver no Espírito Santo a plena alegria do vosso Coração Imaculado! Amém!





Discursos João Paulo II 1992