
Discursos João Paulo II 1997 - 6 de Maio de 1997
5. Dirijo estas reflexões em particular aos novos recrutas, que estão no início do seu serviço. Quereria, além disso, encorajar os veteranos a contribuírem constantemente com o seu exemplo, para fazer com que os seus companheiros mais jovens, que precisamente hoje iniciam o seu serviço na Guarda Suíça, possam, dia após dia, maturar uma útil experiência tanto no plano humano como espiritual.
Para isto concedo de coração a Bênção Apostólica a todos vós e a quantos vos circundam nesta singular circunstância.
Caríssimos Jovens da Acção Católica!
Com grande alegria desejaria estar presente no meio de vós para este vosso encontro extraordinário, e sobretudo para compartilhar este momento de fraternidade universal no Estádio Olímpico. A minha missão, porém, chama-me entre os irmãos do Líbano para o encerramento do seu Sínodo especial e, por isso, dirijo-me a vós com esta mensagem. Quando a escutardes, estarei espiritualmente entre vós e estareis unidos a mim na oração: estabelecer-se-á assim uma «ponte» entre Roma, Beirute e o inteiro Líbano. Obrigado de coração por esta vossa participação no ministério petrino universal do Papa. Sabeis quanto conto com os jovens. O Papa ama os jovens, esperança da Igreja e da humanidade! O Papa quer-vos bem, caros jovens e moças da Acção Católica Italiana!
É muito sugestiva a imagem da ponte que, unida à do arco-íris, guiou este ano o caminho dos vossos grupos. São duas imagens simbólicas, que fazem pensar em Cristo: é Ele a verdadeira e única «Ponte» entre Deus e os homens; é ainda Ele o verdadeiro e único «arco-íris», sinal de aliança e de paz para o género humano e para o cosmo inteiro. Construir pontes e arco-íris significa, por isso, aderir a Cristo, acolhê- l’O na própria vida e anunciá-l’O aos outros.
Caríssimos jovens da Acção Católica Italiana, Jesus chama todos nós a tornar-nos «pontes» e «arco-íris». A vós, jovens da Acção Católica, Ele confia a missão de serdes «jovens apóstolos dos jovens», entre os vossos coetâneos. Jovens testemunhas com o estilo do diálogo. Também aqui é Cristo o modelo: a sua Encarnação é o cumprimento supremo do diálogo de Deus com o homem. A sua Páscoa lançou uma ponte de vida sobrenatural, que preenche o abismo do pecado e da morte. Para o cristão, o diálogo não é uma táctica, mas um estilo de vida: significa escutar, acolher, compartilhar, fazer-se próximo. Significa também orar, interceder. Significa propor Cristo, porque só Ele é o Salvador, a esperança para todos os homens.
Caríssimos jovens, deixo-vos um augúrio que é também um empenho: transformai o mote de um ano na opção de toda uma vida, fazei da vossa existência uma ponte rumo a Deus e rumo aos irmãos. Para isto oro e, espiritualmente unido a todos vós, envio de coração a cada um, aos responsáveis nacionais e aos animadores, aos assistentes espirituais e a cada jovem e moça uma especial Bênção.
Vaticano, 8 de Maio de 1997.
Senhores Cardeais
Venerados Irmãos no Episcopadoe no Sacerdócio
Caríssimos Irmãos e Irmãs!
1. Tenho a alegria de dirigir as minhas cordiais boas-vindas a todos vós, que participais no Congresso europeu sobre as vocações ao ministério ordenado e à vida consagrada, que está a ser realizado nestes dias em Roma. Saúdo o Senhor Cardeal Pio Laghi, Prefeito da Congregação para a Educação Católica, e agradeço-lhe as amáveis expressões que quis dirigir-me, em nome dos presentes. Com ele saúdo os Senhores Cardeais e os venerados Irmãos no Episcopado aqui presentes.
Dirijo também um particular pensamento a quantos, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos, estão empenhados em promover nas Comunidades eclesiais uma pastoral atenta às vocações sacerdotais e de especial consagração: exprimo-lhes a minha satisfação e o meu mais vivo encorajamento.
As intensas jornadas do vosso Congresso puseram em evidência como a Igreja, peregrina no continente europeu, é chamada a reavivar, sobretudo nos jovens, uma profunda nostalgia de Deus, criando assim o contexto adequado ao desabrochar de generosas respostas vocacionais. Para isto é necessário que cada um se ponha em renovada e fervorosa escuta do Espírito: é Ele, com efeito, o guia seguro rumo ao pleno conhecimento de Jesus Cristo e ao empenho de O seguir sem reservas.
2. Enviada ao mundo para continuar a missão do Salvador, a Igreja está em contínuo estado de vocação e enriquece- se, dia após dia, com os múltiplos carismas do Espírito. É da íntima união de amor e de fé com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo que ela haure a garantia dum novo florescimento de vocações sacerdotais e de especial consagração.
De facto, este florescimento não é fruto de geração espontânea, nem dum activismo que só conta com os meios humanos. Jesus dá a entendê-lo claramente no Evangelho. Ao chamar os discípulos para os enviar ao mundo, Ele solicita antes de tudo que olhem para o alto: «Rogai, portanto, ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a Sua messe» (Mt 9,38). A pedagogia vocacional, a que o Senhor recorre, deixa entender que uma pastoral desequilibrada sobre a acção e as iniciativas promocionais, corre o perigo de resultar ineficaz e sem perspectivas, porque cada vocação é antes de tudo dom de Deus.
É urgente, portanto, que um grande movimento de oração atravesse as Comunidades eclesiais do continente europeu, contrastando o vento do secularismo que impele a privilegiar os meios humanos, a eficiência e o delineamento pragmático da vida. Uma oração fervorosa deve elevar-se incessantemente das paróquias, das comunidades monásticas e religiosas, das famílias cristãs e dos lugares de sofrimento. É preciso educar especialmente as crianças e os jovens para abrirem o coração ao Senhor, a fim de se disporem a escutar a Sua voz.
Este clima de fé e de escuta da Palavra de Deus tornará as Comunidades cristãs capazes de acolher, acompanhar e formar as vocações que o Espírito suscita no seu interior.
3. É preciso, além disso, promover um salto de qualidade na pastoral vocacional das Igrejas europeias. Muitas vezes se considerou que esta tarefa fundamental da Comunidade cristã fosse delegável a algumas pessoas, dispostas a realizá-la. Sem dúvida, estes encargos prestam, nas diversas realidades eclesiais, um trabalho precioso e muitas vezes oculto ao serviço do chamamento divino. Todavia, as mudadas condições históricas e culturais exigem que a pastoral das vocações seja percebida como um dos objectivos primários da inteira Comunidade cristã.
Todos os que estão empenhados na pastoral vocacional tornarão tanto mais eficaz a sua obra, quanto mais ajudarem cada um dos membros da Comunidade a sentir como próprio o empenho de formar um número de sacerdotes e de consagrados, adequado às exigências do Povo de Deus.
É óbvio, contudo, que os primeiros a deverem sentir-se interessados na pastoral vocacional, são os próprios chamados ao ministério ordenado e à vida consagrada: com a alegria duma existência completamente doada ao Senhor, tornarão concreta e estimuladora a proposta do seguimento radical de Jesus, manifestando o seu surpreendente significado.
Cristo não Se limitou a pedir que se orasse pelos trabalhadores da messe, mas dirigiu-lhes pessoalmente o convite a segui-l’O, com as palavras: «Vem e segue- Me» (Mt 19,21). Venerados Irmãos no Episcopado, caríssimos sacerdotes e religiosos, não tenhais medo de fazer chegar aos jovens, com quem vos encontrais no vosso ministério quotidiano, o convite do Senhor! Seja vosso premente cuidado ir ao encontro deles, para repropor as misteriosas e surpreendentes palavras que marcaram também a vossa vida: «Vem e segue-Me».
4. A constante e paciente atenção da Comunidade cristã ao mistério do chamamento divino promoverá, assim, uma nova cultura vocacional nos jovens e nas famílias. A dificuldade por que o mundo juvenil está a atravessar revela, também nas novas gerações, prementes interrogativos sobre o significado da existência, como confirmação de que nada e ninguém pode sufocar no homem a exigência de sentido e o desejo de verdade. Para muitos este é o terreno no qual se põe a busca vocacional.
É preciso ajudar os jovens a não se resignarem à mediocridade, propondo-lhes grandes ideais, para que possam, também eles, perguntar ao Senhor: «Mestre, onde moras» (Jn 1,38), «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna» (Mc 10,17), e abrir o coração ao seguimento generoso de Cristo.
Esta foi a experiência de inúmeros homens e mulheres, que souberam fazer- se fiéis testemunhas de Cristo, apóstolos do Evangelho no nosso continente. Compartilhando as fadigas e as dificuldades dos homens do seu tempo, acreditaram na vocação universal à santidade e subiram ao ápice, através da vereda particular que lhes foi indicada pelo Espírito. As suas opções e os seus carismas traçaram profundos sulcos de bem, que devem ser aprofundados, para que as Igrejas europeias possam continuar a desempenhar a sua missão de evangelização, de santificação e de promoção humana também no próximo milénio.
A Virgem Maria, Mãe das vocações, acompanhe este generoso empenho, obtendo do Senhor novas e copiosas vocações ao serviço do anúncio do Evangelho em todas as Nações da Europa.
Com estes votos, concedo a cada um de vós e às vossas Comunidades uma especial Bênção Apostólica.
Senhor Presidente
Senhor Cardeal
Beatitudes, Excelências
Senhoras e Senhores!
1. Agradeço, antes de tudo, ao Senhor Presidente da República as cordiais palavras de boas-vindas, que há pouco me dirigiu em nome de todos os Libaneses, e sinto-me particularmente sensível ao acolhimento que me é reservado nesta circunstância memorável.
Exprimo, além disso, a minha gratidão às máximas Autoridades do Estado, em particular a Sua Excelência o Senhor Presidente do Parlamento e a Sua Excelência o Senhor Presidente do Conselho dos Ministros. Estou grato aos Patriarcas e aos Bispos católicos, assim como aos outros Chefes religiosos cristãos, muçulmanos e drusos, às Autoridades civis e militares e a todos os amigos libaneses, pelo acolhimento caloroso. Saúdo os filhos e as filhas desta terra que quiseram participar nesta cerimónia através da rádio ou da televisão. Allah iuberekum! (Deus vos abençoe!).
2. Como não recordar, antes de tudo, a escala que o Papa Paulo VI quis fazer em Beirute, a 2 de Dezembro de 1964, enquanto se dirigia a Bombaim? Ele manifestava desse modo a sua particular atenção para com o Líbano, mostrando que a Santa Sé estima e ama esta terra e os seus habitantes. Hoje, com grande emoção, beijo a terra libanesa, em sinal de amizade e de respeito. Venho à vossa terra, caros Libaneses, como um amigo que vem visitar um povo e quer apoiá-lo no seu caminho quotidiano. Como amigo do Líbano, venho encorajar os filhos e as filhas desta terra acolhedora, este País de antiga tradição espiritual e cultural, desejoso de independência e de liberdade. No limiar do terceiro milénio, o Líbano, embora conservando as suas riquezas específicas e a própria identidade, deve estar pronto para se abrir às novas realidades da sociedade moderna e para ocupar o seu lugar no concerto das Nações.
3. Durante os anos de guerra, com toda a Igreja segui com atenção os momentos difíceis atravessados pelo povo libanês e associei-me, com a oração, aos sofrimentos que ele suportava. Em numerosas circunstâncias, desde o início do meu pontificado, convidei a Comunidade internacional a ajudar os Libaneses a reencontrarem a paz, no interior dum território nacional reconhecido e respeitado por todos, e a favorecer a reconstrução duma sociedade de justiça e de fraternidade. Segundo o juízo humano, numerosas pessoas morreram em vão por causa do conflito. Algumas famílias foram separadas. Alguns Libaneses tiveram de exilar, longe da sua pátria. Pessoas de cultura e de religião diferentes, que viviam relações de entendimento e de boa vizinhança, encontraram-se separadas e até mesmo duramente contrapostas.
Esse período, que finalmente passou, continua presente na recordação de todos e deixa numerosas feridas nos corações. Contudo, o Líbano é chamado a voltar-se para o futuro com decisão, livremente determinado pela opção dos seus habitantes. Neste espírito, quereria prestar homenagem aos filhos e às filhas desta terra que, nos períodos conturbados que acabo de evocar, deram o exemplo da solidariedade, da fraternidade, do perdão e da caridade, até com o risco da própria vida. Elogio em particular a atitude de numerosas mulheres, entre as quais também mães de família, que foram fermentos de unidade, educadoras para a paz e para a convivência, indómitas defensoras do diálogo entre os grupos humanos e entre as gerações.
4. A partir deste momento, cada um é convidado a empenhar-se pela paz, pela reconciliação e pela vida fraterna, realizando, por sua parte, gestos de perdão e trabalhando ao serviço da comunidade nacional, a fim de que jamais a violência prevaleça sobre o diálogo, o medo e o desânimo sobre a confiança, o rancor sobre o amor fraterno.
Neste novo Líbano que pouco a pouco estais a reconstruir, é preciso dar um lugar a cada cidadão, em particular àqueles que, animados por um legítimo sentimento patriótico, desejam empenhar- se na acção política ou na vida económica. Sob este ponto de vista, a condição prévia para toda a acção realmente democrática é o justo equilíbrio entre as forças vivas da nação, segundo o princípio de subsidiariedade que exige participação e responsabilidade de cada um nas decisões. Por outro lado, a administração da res publica apoia-se no diálogo e no compromisso, não para fazer prevalecer interesses particulares ou ainda para manter privilégios, mas para que a acção esteja ao serviço dos irmãos, independentemente das diferenças culturais ou religiosas.
5. No dia 12 de Junho de 1991, eu anunciava a convocação da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para o Líbano. Após numerosas etapas de reflexão no seio da Igreja católica no Líbano, ela reuniu-se em Novembro e Dezembro de 1995. Hoje, vim até vós para celebrar solenemente a fase conclusiva da Assembleia sinodal. Apresento aos católicos, aos cristãos das outras Igrejas e Comunidades eclesiais e a todos os homens de boa vontade, os frutos dos trabalhos dos Bispos, enriquecidos pelos diálogos cordiais com os delegados fraternos: a Exortação Apostólica pós-sinodal «Uma esperança nova para o Líbano». Este documento, que assinarei hoje à tarde na presença dos jovens, não é uma conclusão nem um ponto final no caminho empreendido. Ao contrário, é um convite a todos os Libaneses, para que abram com confiança uma página nova da sua história. É a contribuição da Igreja universal para uma maior unidade da Igreja católica no Líbano, para a superação das divisões entre as diferentes Igrejas e para o desenvolvimento do país, no qual todos os Libaneses são chamados a participar.
6. Ao chegar pela primeira vez ao solo do Líbano, desejo reiterar-lhe, Senhor Presidente da República, quanto estou reconhecido pelo seu acolhimento. Formulo votos calorosos pela sua pessoa e pela sua missão junto dos compatriotas. Através de Vossa Excelência, dirijo as minhas saudações cordiais a todos os cidadãos libaneses. Com todos eles oro pelo Líbano, a fim de que seja como o quer o Altíssimo.
Allah iuberekum! (Deus vos abençoe!).
Evocámos muitas pessoas. Quereria salientar que a actual conclusão da Assembleia sinodal para o Líbano assinalará um ulterior passo no caminho sinodal deste Sínodo, não só tradicional, se se pode dizer, mas também regional.
O Sínodo para o Líbano e o Sínodo regional, não só para o país mas um pouco para a Ásia Menor. E aqui devo recordar a personalidade do meu compatriota W. Rubin, que foi o primeiro predecessor do Cardeal Schotte. Recordo-o ainda mais porque era muito ligado a ele. Estudou aqui, na Universidade de São José, e sempre permaneceu muito ligado, muito apegado ao Líbano.
Espero que tenha servido bem o Sínodo dos Bispos nesse período decisivo, porque se tratou do primeiro e porque a ideia sinodal há de adquirir cada vez maior sentido e fará grande progresso. Significa que se a Igreja de Roma não é uma Igreja sinodal atribui todavia uma importância cada vez maior, um valor cada vez maior ao Sínodo dos Bispos. Então, trata-se de uma Igreja sinodal num sentido diferente mas de qualquer forma de uma Igreja sinodal em que o Sínodo dos Bispos desempenha um papel importante.
Isto impele-nos a aproximarmo-nos dos nossos irmãos ortodoxos. Neste espírito espero Vossas Beatitudes esta tarde. Encontrar-nos-emos e falaremos com os Patriarcas ortodoxos que quiseram participar nesta solenidade e também no Sínodo, pelo menos através dos seus representantes.
Sinto-me particularmente feliz por este encontro.
Obrigado por tudo.
Senhor Presidente da República
1. No final da minha visita pastoral ao seu país, Vossa Excelência dignou-se vir saudar-me, com a delicadeza e o sentido de acolhimento que fazem parte da tradição libanesa. Desejo renovar-lhe a minha gratidão pela recepção que me reservou, pelas disposições tomadas, que facilitaram o desenvolvimento dos diferentes encontros que me foram dados viver.
Os meus agradecimentos estendem-se às Autoridades civis e militares, aos responsáveis das diferentes Igrejas e Comunidades eclesiais, pelas solicitudes que me demonstraram durante os dois dias passados neste bonito país, tão caro ao meu coração. Exprimo a minha viva gratidão e o meu reconhecimento aos membros dos serviços de segurança e a todos os voluntários que, com generosidade, eficiência e discrição, contribuíram para o bom êxito da minha visita.
2. Durante as celebrações e os diferentes encontros que pude ter, constatei o amor profundo que os católicos libaneses e todos os seus compatriotas nutrem pela sua pátria e o apego à própria cultura e às suas tradições. Eles permaneceram fiéis à sua terra e ao seu património em numerosas circunstâncias, e continuam a manifestar a mesma fidelidade hoje. Exorto-os a prosseguir neste caminho, dando na região e no mundo um exemplo de convivência entre as culturas e entre as religiões, numa sociedade em que todas as pessoas e as diversas comunidades são consideradas de modo igual.
3. Antes de deixar o seu país, renovo o meu apelo às Autoridades e ao povo libanês inteiro, para que se desenvolva uma nova ordem social, fundada sobre os valores morais essenciais, com a preocupação de garantir o lugar primordial da pessoa e dos grupos humanos na vida nacional e nas decisões comunitárias; essa atenção ao homem que, por natureza, pertence à alma libanesa, produzirá frutos de paz no país e na região. Exorto os Dirigentes das Nações ao respeito do direito internacional, de modo particular no Médio Oriente, a fim de que sejam garantidas a soberania, a autonomia legítima e a segurança dos Estados e que sejam respeitados o direito e as aspirações compreensíveis dos povos. Ao saudar os esforços da Comunidade internacional na região, faço votos por que o processo para procurar uma paz justa e duradoura continue a ser sustentado com determinação, coragem e coerência. Desejo também que os esforços sejam prosseguidos e intensificados, a fim de sustentar o crescimento do País, o caminho dos Libaneses rumo a uma sociedade cada vez mais democrática, numa total independência das suas instituições e no reconhecimento das suas fronteiras, condições indispensáveis para garantir a sua integridade. Mas nada poderá ser feito se todos os cidadãos do País não se empenharem, cada um naquilo que lhe concerne, na via da justiça, da equidade e da paz, na vida política, económica e civil, assim como na partilha das responsabilidades no seio da vida social.
4. Desejo exprimir de novo a minha viva gratidão aos Patriarcas, aos Bispos libaneses, ao clero, aos religiosos e às religiosas, assim como aos leigos da Igreja católica que prepararam intensamente a minha vinda. A todos eles entreguei a Exortação Apostólica pós-sinodal, para que os guie e os sustente no seu caminho espiritual e nos seus empenhos ao lado dos irmãos. Sensível ao acolhimento dos católicos libaneses, cuja vitalidade pastoral pude apreciar, quereria assegurar-lhes o meu afecto e a minha profunda comunhão espiritual, convidando-os a ser testemunhas misericordiosas do amor de Deus e mensageiros de paz e de fraternidade.
A minha saudação respeitosa dirige-se também aos Chefes das outras Igrejas e Comunidades eclesiais, a todos os cristãos das outras Confissões, aos crentes do Islão, desejando que todos prossigam o diálogo religioso e a colaboração, para manifestarem que as convicções religiosas são fontes de fraternidade, e testemunharem que uma vida de convivência é possível, por amor de Deus, dos seus irmãos e da sua pátria. Através da sua pessoa, Senhor Presidente, saúdo e agradeço a todos os Libaneses, apresentando-lhes os meus ardentes votos de paz e de prosperidade. Que a sua nação, cujas montanhas são como um farol à margem do mar, ofereça aos países da região um testemunho de coesão social e de bom entendimento entre todos os seus componentes culturais e religiosos.
Ao renovar-lhe a minha gratidão, invoco sobre todos os seus compatriotas a abundância das Bênçãos divinas.
Ao Venerável Irmão D. SERAFIM DE SOUSA FERREIRA E SILVA
Bispo de Leiria-Fátima
«Apareceu um grande sinal no Céu: uma mulher revestida de Sol, tendo a Lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça» (Ap 12,1).
Estas palavras do Apocalipse voltam à minha memória ao cumprir-se oitenta anos da Aparição da Virgem Maria na Cova da Iria, aos três pastorinhos. A mensagem que naquela ocasião a Virgem Santíssima dirigiu à humanidade, continua a ressoar com toda a sua força profética, convidando a todos à constante oração, à conversão interior e a um generoso empenho de reparação dos próprios pecados e daqueles de todo o mundo.
Pensando nos numerosos peregrinos que, nesta ocasião, se encontram no Santuário de Fátima, para exprimir a Maria a sua devoção e a firme decisão de corresponder às suas solicitudes maternas, desejo unir-me às orações de todos, para implorar a intercessão d’Aquela que deu ao mundo o Verbo Encarnado, e participou muito estreitamente da Sua obra redentora. Aquela que «avançou pelo caminho da fé, mantendo fielmente a união com seu Filho até à cruz (...) padecendo acerbamente com seu Filho único, e associando-se com coração de mãe ao Seu sacrifício» (Lumen gentium LG 58), queira permanecer junto aos seus filhos neste final de milênio, para manter o caminho em direção à meta histórica do Grande Jubileu.
Nas dificuldades da hora presente, a Ela nos dirigimos confiadamente, pedindo-Lhe que conserve os nossos passos sobre as pegadas de Cristo. Maria, Mãe do Redentor, continue a mostrar-se Mãe para todos. «A humilde Jovem de Nazaré que, dois mil anos atrás, ofereceu ao mundo inteiro o Verbo Encarnado, oriente a humanidade do novo milênio para Aquele que é “a luz verdadeira, que a todo o homem ilumina” (Jn 1,9)» (Tertio millennio adveniente, TMA 59).
Com este auspício, dirijo-lhe, Venerável Irmão, a minha saudação afetuosa, pedindo-lhe que se faça intérprete da mesma aos que devotamente se dirigirem em peregrinação ao Santuário de Fátima, e nomeadamente a todos os que sofrem no corpo e no espírito. Ao confiar à intercessão da Virgem Santíssima as necessidades da Igreja nessa abençoada terra e em todas as partes do mundo, envio a todos, em penhor de abundantes dons do Alto, uma propiciadora Bênção Apostólica.
Vaticano, 12 de Maio de 1997.
Venerados Irmãos no Episcopado
Caríssimos Directores Nacionais Colaboradores e
Colaboradoras das Pontifícias Obras Missionárias
1. Estou feliz por dirigir a cada um de vós as minhas cordiais boas-vindas. Saúdo e agradeço, em particular, a D. Charles Schleck, Secretário Adjunto da Congregação para a Evangelização dos Povos e Presidente das Pontifícias Obras Missionárias, as cordiais expressões com que quis fazer-se intérprete dos sentimentos de todos vós. Saúdo, além disso, os Secretários-Gerais e os Directores Nacionais, vindos a Roma para a anual Assembleia geral de tão beneméritas Instituições.
Este ano o vosso encontro coincide com dois importantes aniversários: o 175° aniversário de fundação da Pontifícia Obra da Propagação da Fé e o 75° aniversário do Motu Proprio Romanorum Pontificum, com o qual o meu venerado predecessor, Papa Pio XI, concedeu o título de «Pontifícias» às Obras da Propagação da Fé, da Infância Missionária e de São Pedro Apóstolo. E estou certo de que a celebração destas duas singulares datas contribuirá para incrementar no Povo de Deus o empenho missionário.
2. É tradição já consolidada o facto de cada ano se realizar, durante o mês de Maio, a vossa Assembleia geral. Este ano, em recordação da fundação da Obra da Propagação da Fé, quisestes realizar uma especial sessão pastoral, detendo-vos na figura e na obra de duas mulheres extraordinárias: a Venerável Maria Paulina Jaricot e a Padroeira das Missões, Santa Teresa do Menino Jesus.
A primeira, jovem leiga nascida em Lião em 1799, teve particularmente a peito os problemas das missões católicas do seu tempo. Pertencente a uma associação fundada pelos Padres das Missões Estrangeiras de Paris, foi pioneira da cooperação missionária organizada. Com efeito, com as operárias da fábrica de seda, administrada pela sua irmã e pelo seu cunhado, propôs-se a ajudar as Missões por meio da oração e de um pequeno óbolo semanal.
Inspirando-se nessa iniciativa, que mereceu à Venerável Maria Paulina o título de fundadora da Obra da Propagação da Fé, no dia 3 de Maio de 1822 um grupo de leigos conferiu à associação para a Propagação da Fé um carácter mais universal. Animados por uma caridade sem confins, afirmavam: «Somos católicos, por conseguinte não devemos sustentar esta ou aquela missão em particular, mas todas as missões do mundo ». Precisamente por isto escolheram como mote: «Ubique per Orbem», mais tarde assumido pela Obra da Propagação da Fé e pelas outras Obras Missionárias.
3. Caríssimos Irmãos e Irmãs! Maria Paulina, jovem atenta à voz do Espírito, antecipou profeticamente quanto o Magistério pontifício e o Concílio Ecuménico Vaticano II ressaltariam em seguida, evidenciando o carácter missionário do inteiro Povo de Deus e a contribuição específica que os leigos são chamados a oferecer à actividade evangelizadora da Igreja.
A exemplo desta mulher corajosa, hoje sois chamados a promover uma colaboração cada vez mais fraterna entre as Igrejas, suscitando e formando numerosos colaboradores para a causa missionária. Sabei infundir neles a paixão pelo anúncio do Evangelho e o desejo de sustentar o empenho das jovens Igrejas. Esta cooperação será eficaz, se for incessantemente sustentada pela oração, pelos sacrifícios e pelo anélito constante à santidade. Só neste clima de tensão espiritual e apostólica, ela poderá pôr as condições para o desenvolvimento de numerosas vocações missionárias e para o apoio generoso às actividades missionárias.
4. Outra figura, sobre a qual quisestes reflectir durante a vossa Assembleia, é Santa Teresa do Menino Jesus, proclamada «Padroeira das Missões» pelo meu venerado predecessor, Papa Pio XI, a 14 de Dezembro de 1927, e da qual este ano celebramos o centenário da morte. Embora tenha sido chamada à vida contemplativa, Teresa do Menino Jesus viveu em plena sintonia com a realidade missionária da Igreja universal. O seu desejo supremo era amar e fazer amar o Senhor, trabalhando pela glorificação da Igreja e a salvação das almas, como afirmava na oração em que se oferecia a si mesma como vítima de holocausto ao amor misericordioso.
A experiência da pequenina Teresa representa uma singular via de dedicação à causa da evangelização, que se enraíza no caminho de santidade, pressuposto indispensável de toda a vocação missionária. Como eu recordava na Encíclica Redemptoris missio, «a universal vocação à santidade está estritamente ligada à universal vocação à missão: todo o fiel é chamado à santidade e à missão. Este foi o voto ardente do Concílio ao desejar, “com a luz de Cristo, reflectida no rosto da Igreja, iluminar todos os homens, anunciando o Evangelho a toda a criatura”. A espiritualidade missionária da Igreja é um caminho orientado para a santidade» (n. 90).
5. Caros Directores Nacionais, esta é a vossa tarefa: procurar favorecer com todos os meios na inteira Comunidade cristã um renovado ardor missionário. A partir desse ímpeto apostólico, cada uma das Obras — a Propagação da Fé, a Infância Missionária, São Pedro Apóstolo e a União Missionária — é chamada a realizar o seu empenho específico e insubstituível, «quer para infundir nos católicos, desde a infância, um espírito verdadeiramente universal e missionário, quer para favorecer uma adequada recolha de fundos em favor de todas as missões... e suscitar vocações “ad gentes”, por total consagração de vida, tanto nas Igrejas antigas como nas mais jovens » (Redemptoris missio, RMi 84).
Caríssimos Irmãos e Irmãs! Enquanto faço votos por que a preparação para o Grande Jubileu do Ano 2000 constitua para todos vós uma ulterior ocasião de renovado empenho ao serviço da causa do Evangelho, confio-vos, bem como os vossos Colaboradores, à protecção materna de Maria, Estrela da evangelização, e concedo-vos de coração uma especial Bênção Apostólica.
Reverendíssimo Padre PIETRO CIFUNI
Superior-Geral dos Padres Rogacionistas do Coração de Jesus
1. A festiva celebração do primeiro Centenário do nascimento da Congregação dos Rogacionistas do Coração de Jesus [16 de Maio de 1897], oferece-me a grata oportunidade de lhe dirigir, bem como a todos os filhos do Beato Aníbal Maria Di Francia, e de igual modo às Filhas do Divino Zelo e a quantos compartilham o mesmo ideal, uma palavra de felicitação e de bons votos, mas sobretudo de acção de graças a Deus pelo dom que Ele quis fazer à Sua Igreja, enriquecendo-a com o carisma religioso «rogacionista». A perspectiva do já próximo terceiro milénio cristão oferece ulterior motivação para uma celebração, que suscite em todos os componentes da Família rogacionista renovada determinação a um generoso e qualificado serviço de anúncio e de testemunho do Evangelho de Cristo, nos vários Países em que se difundiu.
2. «Novum fecit Dominus» (Escritos, vol. I, pág. 96; cf. Is Is 43,19 Ap 21,5). Estas palavras da Sagrada Escritura, que o Padre Fundador gostava de repetir, repleto de grata admiração pela obra realizada pelo Senhor mediante o seu humilde ministério, ressoam hoje na alma dos seus filhos e das suas filhas, levando- os a reviver aquela inesperada e luminosa intuição, que inflamou o seu coração, dando-lhe a certeza de «ter encontrado o segredo de todas as boas obras e da salvação de todas as almas» (Antologia Rogacionista, pág. 382).
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