
Homilias JOÃO PAULO II 1441
Concelebração Eucarística na Praça de São Pedro, 2 de Junho de 2000
1442 1. "Perseverai no amor fraterno. Não vos esqueçais da hospitalidade" (He 13,1-2).
O trecho da Carta aos Hebreus que acabamos de ouvir vincula a exortação de hospitalidade ao hóspede, ao peregrino, ao forasteiro, ao mandamento do amor, síntese da nova lei de Cristo. "Não vos esqueçais da hospitalidade!". Esta mensagem ressoa de maneira particular hoje, caríssimos migrantes e itinerantes, enquanto celebramos este especial Jubileu.
Saúdo-vos com grande afecto e agradeço-vos ter respondido em tão grande número ao meu convite e àquele do Pontifício Conselho para a Pastoral os Migrantes e Itinerantes. Saúdo de maneira particular D. Stephen Fumio Hamao, Presidente do vosso Pontifício Conselho, e agradeço-lhe as palavras que no início da celebração me dirigiu em vosso nome. Juntamente com ele, saúdo o Secretário D. Gioia, o Subsecretário, os Colaboradores e quantos contribuíram para a realização desta importante manifestação espiritual.
No meio de vós há migrantes de vários países e continentes; refugiados que escaparam de situações de violência, enquanto pedem que os seus direitos fundamentais sejam respeitados; estudantes estrangeiros, desejosos de qualificar a sua formação científica e tecnológica; marítimos e aviadores, que trabalham ao serviço de quem viaja de navio ou de avião; turistas, interessados em conhecer ambientes, costumes e tradições diferentes; nómades, que desde há séculos percorrem os caminhos do mundo; pessoal circense, que às praças leva atracções e sadia diversão. A todos e a cada um, transmito o meu abraço mais cordial.
A vossa presença aqui recorda que o própro Filho de Deus, que veio habitar no meio de nós (cf. Jo Jn 1,14), se fez migrante: Ele fez-se peregrino no mundo e na história.
2. "Vinde vós, os abençoados por meu Pai... porque... Eu era estrangeiro e me recebestes" (Mt 25,34-35).
Jesus afirma que só se entra no Reino de Deus praticando o mandamento do amor. Portanto, nele se entra não em virtude de privilégios raciais e culturais, nem sequer religiosos, mas sim realizando a vontade do Pai que está nos céus (cf. Mt Mt 7,21).
O vosso Jubileu, caríssimos migrantes e itinerantes, exprime com singular eloquência o lugar fulcral que a caridade da hospitalidade deve ocupar no seio da Igreja. Assumindo a condição humana e histórica, Cristo uniu-se de certa forma a cada homem. Recebeu cada um de nós e, no mandamento do amor, pediu-nos que imitássemos o seu exemplo, ou seja, que nos acolhêssemos reciprocamente, como Ele nos recebeu (cf. Rm Rm 15,7).
A partir do momento em que o Filho de Deus "ergueu a sua tenda no meio de nós", cada homem se tornou de certa maneira o "lugar" do encontro com Ele. Receber Cristo no irmão e na irmã provados pela necessidade é a condição para O poder encontrar "face a face" e de modo perfeito no final do caminho terrestre.
Por conseguinte, é sempre actual a exortação do autor da Carta aos Hebreus: "Não vos esqueçais da hospitalidade, pois é graças a ela que algumas pessoas sem saber acolheram anjos" (He 13,2).
3. Hoje faço minhas as palavras do meu venerado predecessor, o Servo de Deus Paulo VI que, na homilia de encerramento do Concílio Ecuménico Vaticano II, afirmava: "Para a Igreja católica não há ninguém que seja estranho, ninguém que seja excluído, ninguém que esteja longe" (AAS, 58 [1966], PP 51-59). Na Igreja escreve desde o início o Apóstolo dos pagãos não há estrangeiros, nem hóspedes, mas concidadãos dos santos e familiares de Deus (cf. Ef Ep 2,19).
1443 Infelizmente, ainda não faltam no mundo atitudes de egoísmo e até mesmo de rejeição, devidas a temores injustificados e ao fechamento nos próprios interesses. Trata-se de discriminações incompatíveis com a pertença a Cristo e à Igreja. Pelo contrário, a Comunidade cristã é chamada a difundir no mundo o fermento da fraternidade, daquela convivência das diferenças que também hoje, neste nosso encontro, nos é dado experimentar.
Sem dúvida, numa sociedade como a nossa, complexa e caracterizada por multíplices tensões, a cultura da hospitalidade exige que se sigam leis e normas prudentes e clarividentes, que permitam valorizar o carácter positivo da mobilidade humana, prevendo as suas possíveis manifestações negativas. E isto para fazer com que cada pessoa seja efectivamente respeitada e recebida.
Ainda mais na época da globalização, a Igreja tem uma proposta específica a fazer: actuar para que este nosso mundo, do qual às vezes se deseja falar como de uma "aldeia global", seja verdadeiramente unido, mais solidário e mais hospitaleiro.Eis a mensagem que esta celebração jubilar quer fazer chegar a todas as partes: o homem e o respeito dos seus direitos sejam colocados sempre no centro dos fenómenos da mobilidade.
4. Depositária de uma mensagem salvífica universal, a Igreja sente que uma das suas tarefas primárias é proclamar o Evangelho a cada homem e a todos os povos. Desde quando Cristo ressuscitado enviou os Apóstolos a anunciarem o Evangelho até aos confins da terra, os seus horizontes são os do mundo inteiro. O cenário multiétnico, pluricultural e multirreligioso do Mediterrâneo foi aquele em que os primeiros cristãos começaram a reconhecer-se e a viver como irmãos, enquanto filhos de Deus.
Hoje não é já somente o Mediterrâneo, mas o inteiro planeta que se abre às complexas dinâmicas de uma fraternidade universal. A vossa presença aqui em Roma, caríssimos Irmãos e Irmãs, salienta como é importante que este fenómeno de crescimento humano seja constantemente iluminado por Cristo e pelo seu Evangelho de esperança. É nesta perspectiva que devemos continuar a empenhar-nos, sustentados pela graça divina e pela intercessão dos grandes Santos padroeiros dos migrantes: de Santa Francisca Xavier Cabrini ao Beato João Baptista Scalabrini. Estes Santos e Beatos recordam qual é a vocação do cristão no meio dos homens: caminhar com eles como irmão, compartilhar as suas alegrias e esperanças, as suas dificuldades e sofrimentos. Assim como os discípulos de Emaús, também os fiéis sustentados pela presença viva de Cristo ressuscitado se fazem, por sua vez, companheiros de caminho dos seus irmãos em dificuldade, oferecendo-lhes a Palavra que reacende a esperança nos seus corações. Partem com eles o pão da amizade, da fraternidade e da ajuda recíproca. É assim que se edifica a civilização do amor. É desta forma que se anuncia o almejado advento dos céus novos e da nova terra, rumo aos quais nos encontramos a caminho.
Invoquemos a intercessão destes Santos Padroeiros para todos aqueles que fazem parte da grande família dos migrantes e dos itinerantes. Invoquemos de modo especial a protecção de Maria, que nos precedeu na peregrinação da fé, para que oriente os passos de cada homem e de cada mulher que busca a liberdade, a justiça e a paz. Seja Ela a acompanhar as pessoas, as famílias e as comunidades itinerantes. Oxalá Ela suscite a cordialidade e o acolhimento nos ânimos dos residentes; seja Ela a favorecer a formação de relações de recíprocas compreensão e solidariedade entre quantos sabem que são chamados a participar no futuro na mesma alegria na casa do Pai celeste! Amém.
JOÃO PAULO II
Sábado, 10 de Junho de 2000
1. "O Advogado que vos mandarei de junto do Pai é o Espírito da Verdade que procede do Pai. Quando Ele vier, dará tetemunho de mim" (Jn 15,26).
Estas são as palavras que o evangelista João hauriu dos lábios de Cristo no Cenáculo, durante a última Ceia, na vigília da Paixão. Hoje elas ressoam-nos com singular intensidade, no Pentecostes deste Ano jubilar, do qual revelam o conteúdo mais profundo.
Para captar esta mensagem essencial, é necessário permanecer, como os discípulos, no Cenáculo. Por isso a Igreja, graças também a uma oportuna selecção dos textos litúrgicos, permaneceu no Cenáculo durante o tempo de Páscoa. E nesta noite a Praça de São Pedro transformou-se num grandioso Cenáculo, no qual a nossa comunidade se encontra congregada para invocar e receber o dom do Espírito Santo.
A primeira Leitura, tirada do Livro dos Actos, recordou-nos aquilo que aconteceu cinquenta dias depois da Páscoa, em Jerusalém. Antes de subir ao Céu, Cristo confiou aos Apóstolos uma tarefa excelsa: "Ide e fazei com que todos os povos se tornem meus discípulos, baptizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei" (Mt 28,19-20). Ele prometera também que, após a sua partida, teriam recebido "outro Consolador", que lhes ensinaria todas as coisas (cf. Jo Jn 14,16 Jo Jn 14,26).
1444 Esta promessa realizou-se precisamente no dia do Pentecostes: descendo sobre os Apóstolos, o Espírito deu-lhes a luz e a força necessárias para ensinar as nações, anunciando o Evangelho de Cristo a todos. Desta forma, a Igreja nasceu e vive na fecunda tensão entre o Cenáculo e o mundo, entre a oração e o anúncio.
2. Quando prometeu o Espírito Santo, o Senhor Jesus falou d'Ele como do "Consolador", do "Paráclito", que Ele mandaria de junto do Pai (cf. Jo Jn 15,26). Falou como do "Espírito de verdade", que conduziria a Igreja rumo à verdade íntegra (cf. Jo Jn 16,13). E especificou que o Espírito Santo Lhe daria testemunho (cf. Jo Jn 15,26). Porém, acrescentou imeditamente: "Vós também dareis testemunho de mim, porque estais comigo desde o princípio" (Jn 15,27). Agora que no Pentecostes o Espírito desce sobre a comunidade reunida no Cenáculo, tem início este dúplice testemunho: do Espírito e dos Apóstolos.
O testemunho do Espírito é por si só divino: provém da profundidade do mistério trinitário. O testemunho dos Apóstolos é humano: na luz da revelação, transmite a sua experiência de vida ao lado de Jesus. Lançando os fundamentos da Igreja, Cristo atribui uma grande importância ao testemunho humano dos Apóstolos. Ele quer que a Igreja viva da verdade histórica da sua Encarnação a fim de que, por obra das testemunhas, nela seja sempre viva e operosa a memória da sua morte na cruz e da sua ressurreição.
3. "Vós também dareis testemunho de mim" (Jn 15,27). Animada pelo dom do Espírito, a Igreja sempre sentiu profundamente este compromisso e proclamou com fidelidade a mensagem evangélica em cada tempo e debaixo de todos os céus. Fê-lo no respeito da dignidade dos povos, da sua cultura e das suas tradições. Com efeito, ela sabe bem que a mensagem divina que lhe foi confiada não é inimiga das mais profundas aspirações do homem; pelo contrário, ela foi revelada por Deus para saciar, para além de toda a expectativa, a fome e a sede do coração humano. Exactamente por isso, o Evangelho não deve ser imposto, mas proposto, porque somente se for aceite livremente e abraçado com amor pode desempenhar a sua eficácia.
Como aconteceu em Jerusalém no primeiro Pentecostes, em cada época as testemunhas de Cristo, repletas do Espírito Santo, sentiram-se impelidas e caminhar rumo ao próximo, para exprimir nas várias línguas as maravilhas realizadas por Deus. É o que continua a acontecer também na nossa época. É o que deseja salientar a hodierna Jornada jubilar, dedicada à "reflexão sobre os deveres dos católicos em relação aos outros: anúncio de Cristo, testemunho e diálogo".
A reflexão a que somos convidados não pode prescindir de uma consideração em primeiro lugar da obra que o Espírito Santo leva a cabo nos indivíduos e nas comunidades. É o Espírito que distribui as "sementes do Verbo" nos vários costumes e culturas, dispondo as populações das mais diversas regiões a receberem o anúncio evangélico. Esta consciência não pode deixar de suscitar no discípulo de Cristo uma atitude de abertura e de diálogo em relação às pessoas que têm convicções religiosas diferentes. Com efeito, é imperioso colocar-se à escuta de quanto o Espírito pode sugerir também aos "outros". Eles são capazes de oferecer sugestões úteis par chegar a uma compreensão mais aprofundada de quanto o cristão já possui no "depósito revelado". Assim, o diálogo poderá abrir-lhe o caminho para um anúncio que se adeque mais às condições pessoais do ouvinte.
4. Contudo, o que permanece decisivo para a eficácia do anúncio é o testemunho vivido. Somente o fiel que vive aquilo que professa com os lábios tem esperança de ser escutado. Além disso, deve-se ter em conta o facto de que, às vezes, as circunstâncias não consentem o anúncio explícito de Jesus Cristo como Senhor e Salvador de todos. É então que o testemunho de uma vida respeitosa, casta, desapegada das riquezas e livre diante dos poderes deste mundo, em síntese o testemunho da santidade, não obstante seja oferecido em silêncio, pode revelar toda a sua força de convicção.
De resto, é claro que a firmeza em ser testemunha de Cristo com a força do Espírito Santo não impede de colaborar no serviço ao homem, com as pessoas que pertencem às outras religiões.
Ao contrário, impele-nos a trabalhar juntamente com elas, para o bem da sociedade e a paz no mundo.
No alvorecer do terceiro milénio, os discípulos de Cristo estão plenamente conscientes de que este mundo se apresenta como "um "mapa" de várias religiões" (Redemptor hominis RH 11). Se os filhos da Igreja souberem permanecer abertos à acção do Espírito Santo, Ele ajudá-los-á a comunicar, de maneira respeitosa em relação às convicções religiosas dos outros, a única e universal mensagem salvífica de Cristo.
5. "[Ele] dará tetemunho de mim. Vós também dareis testemunho de mim, porque estais comigo desde o princípio" (Jn 15,26-27). Nestas palavras está contida toda a lógica da Revelação e da fé de que a Igreja vive: o testemunho do Espírito Santo, que brota do profundo do mistério trinitário de Deus, e o testemunho humano dos Apóstolos, ligado à sua experiência histórica de Cristo. Ambos são necessários. Aliás, se considerarmos bem, trata-se de um único testemunho: é o Espírito que continua a falar aos homens de hoje com a língua e com a vida dos actuais discípulos de Cristo.
1445 No dia em que celebramos o memorial do nascimento da Igreja, queremos expressar a comovida gratidão a Deus por este dúplice, e em última análise único testemunho, que abarca a grande família da Igreja desde o dia do Pentecostes. Queremos agradecer o testemunho da primeira comunidade de Jerusalém que, através das gerações dos mártires e dos confessores, se tornou ao longo dos séculos a herança de inumeráveis homens e mulheres em todo o orbe terrestre.
Encorajada pela memória do primeiro Pentecostes, a Igreja reaviva hoje a expectativa de uma renovada efusão do Espírito Santo. Assídua e concorde na oração com Maria, Mãe de Jesus, ela não cessa de invocar: desça o vosso Espírito, ó Senhor, e renove a face da terra (cf. Sl Ps 104 [103], 30)!
Veni, Sancte Spiritus: vinde, Espírito Santo, fazei arder nos corações dos vossos fiéis o fogo do vosso amor!
Sancte Spiritus, veni!
Domingo, 18 de junho de 2000
1. "Há um só corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança no chamamento que recebestes" (Ep 4,4).
Há um só corpo! Nesta tarde, é nestas palavras do apóstolo Paulo que se concentra, de modo particular, a nossa atenção durante estas Vésperas solenes, com as quais inauguramos o Congresso Eucarístico Internacional. Um só corpo: o pensamento dirige-se, antes de tudo, ao Corpo de Cristo, Pão da vida!
Jesus, que há dois mil anos nasceu de Maria Virgem, quis deixar-nos na Última Ceia o seu corpo e o seu sangue, e se imolou pela humanidade inteira. Em torno da Eucaristia, sacramento do seu amor por nós, reúne-se a Igreja, seu Corpo místico. Cristo e a Igreja, um só corpo, um único e grande mistério. Mysterium fidei!
2. Ave, verum corpus, natum de Maria Virgine! - Salve, verdadeiro Corpo de Cristo, nascido de Maria Virgem! Nascido na plenitude dos tempos, nascido de mulher, nascido sujeito à lei (cf. Gl Ga 4,4).
No cento do Grande Jubileu e no início desta semana dedicada ao Congresso Eucarístico, retornamos àquele evento histórico que marcou o pleno cumprimento da nossa salvação.
Ajoelhamo-nos como os pastores diante da manjedoura de Belém; como os magos que vieram do Oriente adoramos Cristo, Salvador do mundo. Como o velho Simeão, estreitamo-l'O entre os braços e bendizemos a Deus, porque os nossos olhos viram a salvação que Ele preparou diante de todos os povos: Luz para iluminar as nações e glória do povo de Israel (cf. Lc Lc 2,30-32).
1446 Vamos percorrer de novo as etapas da sua existência terrena até ao Calvário, até à glória da ressurreição. Durante os próximos dias, será sobretudo no Cenáculo que nos deteremos, voltando a pensar em quanto Jesus Cristo fez e sofreu por nós.
3. "In supremae nocte cenae... se dat suis manibus". Na Última Ceia, ao celebrar a Páscoa com os seus discípulos, Cristo ofereceu-Se a si mesmo por nós. Sim, convocada para o Congresso Eucarístico Internacional, nestes dias a Igreja retorna ao Cenáculo e ali permanece em atenta adoração. Revive o grande mistério da Encarnação, concentrando o seu olhar no Sacramento em que Cristo nos entregou o memorial da sua Paixão: Isto é o Meu corpo, que vai ser entregue por vós... Este cálice é a nova aliança no Meu sangue... que por vós se vai derramar" (Lc 22,19-20).
Ave verum corpus... vere passum immolatum!
Nós Vos adoramos, verdadeiro Corpo de Cristo, presente no Sacramento da nova e eterna Aliança, vivo memorial do sacrifício redentor. Vós, Senhor, sois o Pão vivo descido do céu, que dá vida ao homem! Na Cruz destes a vossa carne para a vida do mundo (cf. Jo Jn 6,51): in cruce pro homine!
Diante de mistério tão sublime a mente humana desorienta-se. Mas confortada pela graça divina, ousa repetir com fé:
Adoro te devote latens Deitas,
quae sub his figuris vere latitas.
Adoro-Vos, ó Deu escondido,
que sob as sagradas espécies
Vos escondeis realmente.
4. "Há um só corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança no chamamento que recebestes" (Ep 4,4).
1447 Nestas palavras, que há pouco escutámos, o apóstolo Paulo fala da Igreja, comunidade dos crentes congregados na unidade de um só corpo, animados pelo mesmo Espírito e sustentados pela partilha da mesma esperança. Paulo pensa na realidade do Corpo místico de Cristo, que no seu Corpo eucarístico encontra o próprio centro vital, do qual flui a energia da graça para cada um dos seus membros.
Afirma o Apóstolo: "O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Uma vez que há um só pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão" (1Co 10,16-17). Deste modo, todos nós, baptizados, nos tornamos membros daquele corpo e por isso membros uns dos outros (cf. 1Co 12,27 Rm 12,5). Com íntimo reconhecimento damos graças a Deus, que da Eucaristia fez o Sacramento da nossa plena comunhão com Ele e com os irmãos.
5. Nesta tarde, com as Vésperas solenes da Santíssima Trindade iniciamos uma semana singularmente densa, que verá reunidos em torno da Eucaristia Bispos e sacerdotes, religiosos e leigos de todas as partes do mundo. Será uma extraordinária experiência de fé e um eloquente testemunho de comunhão eclesial.
Saúdo-vos, queridos Irmãos e Irmãs, que participais neste evento jubilar, no qual se torna visível o coração do inteiro Ano Santo. Em particular, a minha saudação dirige-se aos fiéis da Diocese de Roma, a nossa Diocese, que, sob a guia do Senhor Cardeal Vigário e dos Bispos Auxiliares, e com a colaboração do Clero, dos Religiosos e das Religiosas, assim como de inúmeros e generosos leigos, preparou nos seus vários aspectos o Congresso Eucarístico. Ela dispõe-se a assegurar nos dias sucessivos o seu desenvolvimento ordenado, consciente como está da honra de hospedar este evento central do Grande Jubileu.
Desejo dirigir uma saudação especial também às numerosas Confrarias, reunidas em Roma para um significativo "Caminho de Fraternidade". A sua presença, que se torna mais sugestiva pelas Cruzes artísticas e apreciadas representações sagradas para aqui transportadas em majestosos "andores", é digna moldura da celebração eucarística que aqui nos reuniu.
Para esta Praça convergem as mentes e os corações de muitos fiéis espalhados pelo mundo. Convido todos, crentes individualmente e comunidades eclesiais de todos os ângulos da terra, a compartilharem connosco estes momentos de alta espiritualidade eucarística. De modo especial peço às crianças e aos doentes, assim como às comunidades contemplativas, que ofereçam a sua oração pelo feliz e profícuo êxito deste encontro eucarístico mundial.
6. Do Congresso Eucarístico vem-nos o convite a renovar a nossa fé na presença real de Cristo no sacramento do Altar: Ave, verum corpus!
Vem-nos, ao mesmo tempo, o urgente apelo à reconciliação e à unidade de todos os crentes: "Um só corpo... uma só fé, um só baptismo"! Divisões e contrastes ainda laceram, infelizmente, o corpo de Cristo e impedem aos cristãos de diferentes confissões compartilhar o único Pão eucarístico. Por isso invocamos unidos a força saneadora da misericórdia divina, superabundante neste Ano jubilar.
E Vós, ó Cristo, única Cabeça e Salvador, atraí para Vós todos os vossos membros. Uni-os e transformai-os no vosso amor, para que a Igreja resplandeça com aquela beleza sobrenatural que brilha nos Santos de todas as épocas e nações, nos mártires, nos confessores, nas virgens e nas inúmeras testemunhas do Evangelho!
O Iesu dulcis, o Iesu pie,
o Iesu, fili Mariae! Amém.
1448 Quinta-feira, 22 de Junho de 2000
1. A instituição da Eucaristia, o sacrifício de Melquisedec e a multiplicação dos pães: é este o sugestivo tríptico que nos é apresentado pela liturgia da Palavra na hodierna solenidade do Corpus Domini.
No centro, a instituição da Eucaristia. Na primeira Carta aos Coríntios, que há pouco escutámos, São Paulo evocou com palavras específicas este evento, acrescentando: "Sempre que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha" (1Co 11,26). "Sempre", portanto também nesta tarde, no coração do Congresso Eucarístico Internacional, nós, ao celebrarmos a Eucaristia, anunciamos a morte redentora de Cristo e reavivamos no nosso coração a esperança do encontro definitivo com Ele.
Conscientes disto, após a consagração, como que respondendo ao convite do Apóstolo, proclamamos: "Anunciamos a vossa morte, Senhor, proclamamos a vossa ressurreição, enquanto aguardamos a vossa vinda".
2. O olhar alarga-se aos outros elementos do tríptico bíblico, posto hoje diante da nossa meditação: o sacrifício de Melquisedec e a multiplicação dos pães.
A primeira narração, brevíssima mas de grande relevo, é tirada do Livro do Génesis e foi proclamada na primeira Leitura. Ela fala-nos de Melquisedec, "rei de Salém" e "sacerdote do Deus altíssimo", o qual abençoou Abrão e "ofereceu pão e vinho" (Gn 14,18). A esta passagem faz referência o Salmo 109, que atribui ao Rei-Messias um singular carácter sacerdotal por directa investidura de Deus: "Tu és sacerdote para sempre / segundo a ordem de Melquisedec" (v. 4).
Na vigília da sua morte na cruz, Cristo instituiu no Cenáculo a Eucaristia. Também Ele ofereceu pão e vinho, que "nas suas mãos santas e veneráveis" (Cânone Romano) se tornaram o seu Corpo e o seu Sangue, oferecidos em sacrifício. Deste modo, Ele cumpria a profecia da antiga aliança, ligada à oferenda sacrifical de Melquisedec. Precisamente por isso recorda a Carta aos Hebreus "Ele... tornou-Se para todos os que Lhe obedecem fonte de salvação eterna, tendo sido proclamado por Deus Sumo Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedec" (5, 7-10).
No Cenáculo é antecipado o sacrifício do Gólgota: a morte na cruz do Verbo Encarnado, Cordeiro imolado por nós, Cordeiro que tira os pecados do mundo. Na dor de Cristo é remida a dor de todo o homem; no seu sofrimento é o sofrimento humano que adquire um valor novo; na sua morte é vencida para sempre a nossa morte.
3. Fixemos agora o olhar na narração evangélica da multiplicação dos pães que completa o tríptico eucarístico, hoje proposto à nossa atenção. No contexto litúrgico do Corpus Domini, esta perícope do evangelista Lucas ajuda-nos a compreender melhor o dom e o mistério da Eucaristia.
Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, elevou os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os aos Apóstolos, para que os distribuíssem ao povo (cf. Lc Lc 9,16). Todos observa São Lucas comeram e ficaram saciados e ainda se encheram dozes cestos de fragmentos que sobraram (cf. ibid., v. 17).
Trata-se dum prodígio surpreendente, que constitui como que o início de um longo processo histórico: o constante multiplicar-se na Igreja do Pão da vida nova para os homens de toda a raça e cultura. Este ministério sacramental foi confiado aos Apóstolos e aos seus sucessores. E eles, fiéis à recomendação do divino Mestre, não cessam de partir e de distribuir o Pão eucarístico de geração em geração.
1449 O Povo de Deus recebe-o com devota participação. Deste Pão de vida, remédio de imortalidade, nutriram-se inúmeros santos e mártires, haurindo dele a força para resistir também a duras e prolongadas tribulações. Eles acreditaram nas palavras que um dia Jesus pronunciou em Cafarnaum: "Eu sou o pão vivo, descido do céu. Se alguém comer deste pão, viverá eternamente" (Jn 6,51).
Cristo quis unir a sua presença salvífica no mundo e na história ao sacramento da Eucaristia
4. "Eu sou o pão vivo, descido do céu!".
Depois de termos contemplado o extraordinário "tríptico" eucarístico, constituído pelas Leituras hodiernas, fixemos agora os olhos do espírito directamente no mistério. Jesus define-Se "o Pão da vida", e acrescenta: "O pão que hei-de dar é a minha carne pela vida do mundo" (Jn 6,51).
Mistério da nossa salvação! Cristo único Senhor ontem, hoje e sempre quis unir a sua presença salvífica no mundo e na história ao sacramento da Eucaristia. Quis fazer-Se pão partido, para que todo o homem pudesse nutrir-se da sua própria vida, mediante a participação no Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue.
Assim como os discípulos, que escutaram admirados o seu discurso em Cafarnaum, também nós percebemos que esta linguagem não é fácil de ser entendida (cf. Jo Jn 6,60). Poderíamos às vezes ser tentados a dar-lhe uma interpretação relativa. Mas isto levar-nos-ia para longe de Cristo, como aconteceu para aqueles discípulos que "a partir de então já não andavam com Ele" (Jn 6,66).
Nós queremos ficar com Cristo e, por isso, dizemos-lhe com Pedro: "Senhor, para quem havemos nós de ir? Tu tens palavras de vida eterna" (Jn 6,68). Com a mesma convicção de Pedro, ajoelhamo-nos hoje diante do Sacramento do altar e renovamos a nossa profissão de fé na presença real de Cristo.
Este é o significado da celebração hodierna, que o Congresso Eucarístico Internacional, no ano do Grande Jubileu, evidencia com força particular. É este também o sentido da solene procissão que, como todos os anos, dentro de pouco se deslocará desta praça até à Basílica de Santa Maria Maior.
Com humilde ufania acompanharemos o Sacramento eucarístico ao longo das ruas da cidade, ao lado dos edifícios onde o povo vive, se alegra, sofre; no meio dos negócios e escritórios nos quais se desenvolve a actividade quotidiana. Levá-lo-emos ao contacto com a nossa vida insidiada por mil perigos, oprimida por preocupações e sofrimentos, submetida ao lento mas inexorável desgaste do tempo.
Levá-lo-emos, fazendo chegar-lhe a homenagem dos nossos cânticos e súplicas: "Bone Pastor, panis vere... Bom Pastor, verdadeiro pão Dir-Lhe-emos com confiança ó Jesus, tende piedade de nós / nutri-nos e defendei-nos / levai-nos aos bens eternos.
Vós que tudo sabeis e podeis / que nos nutris sobre a terra / conduzi os vossos irmãos / à mesa do céu / na alegria dos vossos santos".
Amém!
1450 Domingo, 25 de Junho de 2000
1. "Tomai, isto é o meu Corpo... isto é o meu Sangue" (Mc 14,22-23).
Hoje, as palavras pronunciadas por Jesus durante a última Ceia ressoam na nossa assembleia, enquanto nos preparamos para concluir o Congresso Eucarístico Internacional. Elas ressoam com singular intensidade, como um renovado mandato: "Tomai!".
Cristo confia-nos o seu Corpo entregue e o seu Sangue derramado. Confia-no-lo como fez aos Apóstolos no Cenáculo, antes do supremo sacrifício no Gólgota. São palavras que Pedro e os outros comensais aceitaram com admiração e profunda emoção. Mas podiam eles compreender então até onde elas os teriam levado?
Nesse momento realizava-se a promessa que Jesus fizera na sinagoga de Cafarnaum: "Eu sou o pão da vida... E o pão que vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha vida" (Jn 6,48 Jn 6,51). A promessa realizava-se na imediata vigília da Paixão, em que Cristo se teria oferecido a si mesmo para a salvação da humanidade.
2. "Isto é o meu Sangue, o Sangue da aliança que é derramado em favor de muitos" (Mc 14,24).
No Cenáculo, Jesus fala de aliança. É um termo que os Apóstolos não têm dificuldade em compreender, porque pertencem ao povo com quem Javé, como no-lo narra a primeira Leitura, estabelecera o antigo pacto durante o êxodo do Egipto (cf. Êx Ex 19-24). Estão perfeitamente presentes na sua memória o Monte Sinai e Moisés, que dessa montanha descera trazendo a Lei divina gravada em duas tábuas de pedra.
Eles não esqueceram que Moisés, tomando o "livro da aliança", o leu em voz alta e o povo concordou, declarando: "Faremos tudo o que Javé mandou e obedeceremos" (Ex 24,7). Assim, entreteceu-se um pacto entre Deus e o seu povo, selado no sangue de animais imolados em sacrifício. Por isso, Moisés aspergiu o povo, dizendo: "Este é o sangue da aliança que Javé faz convosco, através de todas estas cláusulas" (Ibid., v. 8).
Portanto, os Apóstolos compreenderam a referência à antiga aliança. Mas o que entenderam da nova? Certamente muito pouco. O Espírito Santo deverá descer para abrir as suas mentes: então, eles entenderão o sentido pleno das palavras de Jesus. Compreenderão e regozijarão.
Sentimos um claro eco desta alegria nas palavras da Carta aos Hebreus, há pouco proclamadas: "O sangue de carneiros e de touros, e cinzas de novilha, espalhadas sobre pessoas impuras, santifica-as, concedendo-lhes uma pureza externa. Muito mais o sangue de Cristo!" (9, 13-14). E o Autor desta Carta conclui: "Deste modo, ele [Cristo] é o mediador de uma nova aliança... para que os chamados recebam a herança definitiva que foi prometida" (Ibid., v. 15).
3. "Este é o cálice do meu Sangue". Na noite de Quinta-Feira Santa, os Apóstolos chegaram ao limiar do grandioso mistério. Quando, depois da ceia, saíram com Ele para ir ao Horto das Oliveiras, ainda não podiam saber que as palavras por Ele proferidas acerca do pão e do cálice se seriam dramaticamente cumpridas no dia seguinte, na hora da Cruz. Talvez nem sequer no dia tremendo e glorioso, ao qual a Igreja chama de feria sexta in parasceve Sexta-Feira Santa eles se tenham dado conta de que aquilo que Jesus lhes tinha transmitido sob as Espécies do pão e do vinho continha a realidade pascal.
1451 No Evangelho de Lucas há um trecho iluminador. Falando dos dois discípulos de Emaus, o evangelista salienta a decepção deles: "Esperávamos que Ele fosse o libertador de Israel" (Lc 24,21). Este deve ter sido o sentimento também dos outros discípulos, antes do encontro com Cristo ressuscitado. Somente depois da ressurreição eles começaram a compreender que na páscoa de Cristo se tinha cumprido a redenção do homem.Sucessivamente, o Espírito Santo tê-los-ia guiado para a verdade plena, revelando-lhes que o Crucificado deu o seu Corpo e derramou o seu Sangue em sacrifício de expiação pelos pecados dos homens, pelos pecados do mundo inteiro (cf. 1Jn 2,2).
É ainda o Autor da Carta aos Hebreus que nos oferece uma clarividente síntese do mistério: "Cristo... entrou de uma vez por todas no santuário, e não com sangue de carneiros e bezerros, mas com o seu próprio Sangue, depois de conseguir para nós uma libertação definitiva" (9, 11-12).
4. Hoje, confirmamos esta verdade na Statio Orbis deste Congresso Eucarístico Internacional enquanto, obedientes ao mandato de Cristo, realizamos "em sua memória" quanto Ele fez no Cenáculo na vigília da sua Paixão.
"Tomai, isto é o meu Corpo... Isto é o meu Sangue, o Sangue da aliança que é derramado em favor de muitos" (Mc 14,22 Mc 14,24). Nesta Praça queremos repetir aos homens e às mulheres do terceiro milénio este extraordinário anúncio: por nós, o Filho de Deus fez-se homem e ofereceu-se em sacrifício para a nossa salvação. Ele dá-nos o seu Corpo e o seu Sangue como alimento de uma nova vida, de uma vida divina não já sujeita à morte.
É com emoção que recebemos novamente das mãos de Cristo este dom para que, através de nós, chegue a cada família e a todas as cidades, aos lugares do sofrimento e aos laboratórios da esperança deste nosso tempo. A Eucaristia é um infinito dom de amor: sob os sinais do pão e do vinho, reconhecemos e adoramos o único e perfeito sacrifício de Cristo, oferecido pela nossa salvação e da inteira humanidade. A Eucaristia é realmente "o mistério que resume todas as maravilhas realizadas por Deus, para a nossa salvação" (cf. S. Tomás de Aquino, De sacr. Euch., cap. I).
A fé eucarística da Igreja nasceu e renasce continuamente no Cenáculo. Enquanto o Congresso Eucarístico já se aproxima do seu encerramento, queremos retornar espiritualmente a estas origens, à hora do Cenáculo e do Gólgota, para agradecer o dom da Eucaristia, dádiva inestimável que Cristo nos deixou, dom de que a Igreja vive.
5. Daqui a pouco terminará a nossa assembleia litúrgica, enriquecida pela presença de fiéis provenientes de todas as partes do mundo e tornada ainda mais sugestiva por esta extraordinária composição de flores. Saúdo todos com afecto, enquanto agradeço a cada um de coração!
Partimos deste encontro fortalecidos no compromisso apostólico e missionário. A participação na Eucaristia vos torne pacientes na provação, doentes; fiéis no amor, casais; perseverantes nos santos propósitos, pessoas consagradas; fortes e generosas, queridas crianças da primeira Comunhão, e sobretudo vós, dilectos jovens, que vos vos preparais para assumir pessoalmente a responsabilidade futura. Desta Statio Orbis o meu pensamento corre já rumo à solene Celebração eucarística, que concluirá a Jornada Mundial da Juventude. Digo-vos, jovens de Roma, da Itália e do mundo: preparai-vos com cuidado para este encontro internacional da juventude, no qual sereis chamados a enfrentar os desafios do novo milénio.
6. E Vós, Cristo nosso Senhor, que "neste grande mistério alimentais e santificais os vossos fiéis, a fim de que uma só fé ilumine e uma única caridade reúna a humanidade espalhada sobre toda a face da terra" (Prefácio da Santíssima Eucaristia, II), tornai cada vez mais sólida e compacta a vossa Igreja, que celebra o mistério da vossa presença de salvação.
Infundi o vosso Espírito em quantos se aproximam da vossa sagrada Mesa e tornai-os mais audazes no testemunho do mandamento do vosso amor, para que o mundo acredite em Vós, que certo dia dissestes: "Eu sou o pão vivo que desceu do Céu. Quem come deste pão, viverá para sempre" (Jn 6,51).
Vós, Senhor Jesus Cristo, Filho da Virgem Maria, sois o único Salvador do homem, "ontem, hoje e sempre".
1452 Saudações do Papa no final da solene "Statio Orbis"
Saúdo os delegados e peregrinos de língua portuguesa: vós sois agora como um cesto de Deus cheio do Pão que desceu do Céu para a vida do mundo. Ide! Levai este pão aos vossos irmãos famintos: é o remédio de imortalidade que eles esperam. Ide! Reparti sem medo que acabe, porque temos a promessa de que o Pão não se esgotará no cesto, antes, multiplicar-se-á à força de o repartirdes.
Dirijo, agora, a minha saudação cordial aos numerosos peregrinos de língua italiana, que participaram neste solene encerramento do Congresso Eucarístico Internacional. A cada um formulo votos por que possa haurir desta experiência o impulso a aprofundar a devoção pessoal à Eucaristia, pão de vida que acompanha os indivíduos e a Igreja ao longo da peregrinação no tempo, rumo à Pátria eterna. Desejo, em particular, renovar o meu agradecimento ao Senhor Cardeal Vigário, aos Bispos Auxiliares, aos sacerdotes, aos consagrados, às consagradas e aos numerosíssimos leigos da Diocese de Roma, que se prodigalizaram com generosidade pelo ordenado desenvolvimento do Congresso. Sobre eles e sobre todos os presentes desçam copiosas as graças divinas, corroboradas pela minha Bênção.
Homilias JOÃO PAULO II 1441