Homilias JOÃO PAULO II 1534

1534 Além disso, o vosso serviço à Igreja exprime-se na oferta da assistência e da colaboração ao Sucessor de Pedro, para aliviar o seu cansaço de um ministério que se estende até aos confins da terra. Juntamente com ele, deveis ser estrénuos defensores da verdade e sentinelas do património da fé e dos costumes, que têm a sua origem no Evangelho. Assim, sereis guias seguros para todos e, em primeiro lugar, para os presbíteros, as pessoas consagradas e os leigos comprometidos.
O Papa conta com a vossa ajuda ao serviço da comunidade cristã, que se introduz com confiança no terceiro milénio. Como Pastores autênticos, sabereis ser sentinelas vigilantes na defesa da grei a vós confiada pelo "Pastor supremo", que prepara para vós "a coroa de glória que jamais se ofuscará" (
1P 5,4).

3. Um vínculo muito especial une-vos a partir de hoje ao Sucessor de Pedro que, por vontade de Cristo como foi oportunamente recordado é "o princípio e o fundamento perpétuo e visível da unidade, quer dos Bispos quer da multidão dos fiéis" (Lumen gentium, LG 23). Este vínculo torna-vos, de maneira renovada, eloquentes sinais de comunhão. Se fordes promotores de comunhão, toda a Igreja será beneficiada. São Pier Damiani, de quem hoje se festeja a memória litúrgica, afirma: "É a unidade que reduz muitas partes a um só elemento, que faz convergir as diversas vontades dos homens no conjunto da caridade e da harmonia do espírito" (Opusc. XIII, 24).

"Muitas partes" da Igreja encontram expressão em vós, que amadurecestes as vossas experiências em diferentes continentes e em diversos serviços ao Povo de Deus. É essencial que as "partes" por vós representadas sejam reunidas num "só elemento" mediante a caridade, que constitui o vínculo da perfeição. Só assim poderá realizar-se a prece de Cristo: "Como Tu, ó Pai, estás em mim e Eu em ti, que também eles estejam em nós como um só, para que o mundo creia que Tu me enviaste" (cf. Jo Jn 17,21).

Desde o Concílio Vaticano II até hoje, muito se fez para alargar os espaços da responsabilidade de cada um no serviço à comunhão eclesial. Não há dúvidas de que, com a graça de Deus, ainda mais pode ser feito. Hoje, sois proclamados e constituídos Cardeais para que vos comprometais, naquilo que vos compete, a fim de fazer com que a espiritualidade da comunhão aumente na Igreja. Com efeito, só ela é capaz de conferir "uma alma ao dado institucional, ao aconselhar confiança e abertura que corresponde plenamente à dignidade e responsabilidade de cada membro do Povo de Deus" (Novo millennio ineunte, 45).

4. Venerados Irmãos, vós sois os primeiros Cardeais criados no novo milénio. Depois de ter bebido em abundância nas fontes da misericórdia divina durante o Ano Santo, a barca mística da Igreja prepara-se agora para "se fazer novamente ao largo", para transmitir ao mundo a mensagem da salvação. Em conjunto, queremos içar as suas velas ao vento do Espírito, perscrutando os sinais dos tempos e interpretando-os à luz do Evangelho para responder às "eternas interrogações dos homens sobre o sentido da vida presente e futura, e sobre as suas relações recíprocas" (Gaudium et spes, GS 4).

O mundo torna-se cada vez mais complexo e mutável, enquanto a perspicaz consciência das discrepâncias existentes gera ou aumenta as contradições e os desequilíbrios (cf. Ibid., n. 8). As enormes potencialidades do progresso científico e técnico, assim como o fenómeno da globalização que se estende a campos sempre novos, exigem de nós a abertura ao diálogo com todas as pessoas e com cada instância social a fim de respondermos, para nossa defesa, a todo aquele que perguntar a razão da esperança que temos no coração (cf. 1P 3,15).

Mas venerados Irmãos, sabemos que para poder desempenhar validamente as novas tarefas é necessário cultivar uma comunhão cada vez mais íntima com o Senhor. É a própria cor purpúrea das vossas vestes que vos recorda esta urgência. Não é porventura esta cor o símbolo apaixonado do amor a Cristo? Nesta cor rubra não está acaso indicado o fogo ardente do amor pela Igreja, que deve alimentar em vós a prontidão, se for necessário, também ao supremo testemunho do sangue? "Usque ad effusionem sanguinis", reza uma antiga fórmula. Olhando para vós, o Povo de Deus deve poder encontrar um ponto de referência concreto e luminoso que o estimule a ser verdadeiramente luz do mundo e sal da terra (cf. Mt Mt 5,13).

5. Provindes de vinte e sete países de quatro continentes e falais várias línguas. Não é por acaso também este um sinal da capacidade que a Igreja, já presente em todos os recantos do planeta, tem de compreender povos de diferentes tradições e linguagens, para transmitir a todos o anúncio de Cristo? N'Ele, e só n'Ele, é possível encontrar a salvação. Eis a verdade que hoje queremos confirmar conjuntamente. Cristo caminha connosco e orienta os nossos passos.

A duzentos anos do nascimento do Cardeal Newman, parece que ouço ressoar as palavras com que ele aceitou do meu Predecessor, Leão XIII, a sagrada Púrpura: "A Igreja disse ele deve apenas continuar a sua tarefa, na confiança e na paz; permanecer firme e tranquila, esperando a salvação de Deus. Mansueti hereditabunt terram, et delectabuntur in multitudine pacis (Ps 36,2)". As palavras deste grande homem da Igreja sirvam de estímulo para todos vós, a fim de crescerdes no amor pelo vosso ministério pastoral.

Venerados Irmãos, reunidos à vossa volta para compartilhar convosco este momento de alegria, encontram-se os vossos familiares e amigos, e os fiéis confiados aos vossos cuidados pastorais. Com todo o povo cristão espiritualmente presente, eles dirigem ao Senhor ardorosas súplicas pelo vosso novo serviço à Sé Apostólica e à Igreja universal.

1535 Sobre vós estende o seu manto materno Maria que, acolhendo o convite do mensageiro divino, soube responder com prontidão: "Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38).

Intercedem por vós os Apóstolos Pedro e Paulo, e os vossos Santos protectores.

Acompanham-vos também a minha fraterna lembrança na oração e a minha Bênção.





NA CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA


COM OS NOVOS CARDEAIS


NA FESTA DA CÁTEDRA DE SÃO PEDRO


Quinta-feira, 22 de Fevereiro de 2001






1. ""E vós, quem dizeis que Eu sou?". Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo"" (Mt 16,15-16).

Este diálogo entre Cristo com os seus discípulos, que ouvimos há pouco, é sempre actual na vida da Igreja e do cristão. Em cada momento da história, sobretudo nos mais decisivos, Jesus interpela os seus e, depois de os ter interrogado acerca do que "o povo" pensa dele, resumindo pergunta-lhes: "E vós, quem dizeis que Eu sou?".

Ouvimos ecoar, no fundo, esta pergunta durante todo o Grande Jubileu do Ano 2000. E todos os dias a Igreja respondeu incessantemente com uma unânime profissão de fé: "Tu és o Cristo, o Salvador do mundo, ontem, hoje e sempre". Uma resposta universal, na qual à voz do Sucessor de Pedro se uniram as dos Pastores e dos fiéis de todo o Povo de Deus.

2. Uma única solene confissão de fé: Tu és o Cristo! Esta confissão de fé é o grande dom que a Igreja oferece ao mundo no início do terceiro milénio, enquanto prossegue no "amplo oceano" que se lhe apresenta (cf. Novo millennio ineunte, 58). A festa de hoje põe em primeiro plano o papel de Pedro e dos seus Sucessores na orientação da barca da Igreja neste "oceano". Por conseguinte, é significativo como nunca que nesta festa litúrgica ao lado do Papa esteja o Colégio Cardinalício com os novos Cardeais, criados ontem no primeiro Consistório depois do Grande Jubileu.

Queremos juntos dar graças a Deus por ter fundado a sua Igreja sobre a rocha de Pedro. Como sugere a Oração "colecta", queremos rezar intensamente para que, "entre os desordens do mundo", ela "não se perturbe", mas prossiga com coragem e confiança.

3. Contudo, permiti-me antes de mais, exprimir a meu reconhecimento ao Senhor precisamente por vós, caríssimos e venerados Irmãos, que começastes a fazer parte do Colégio cardinalício! Renovo a cada um de vós a saudação mais cordial, que faço extensiva aos vossos familiares e aos fiéis aqui reunidos, bem como à Comunidade da qual provindes, e que hoje se unem espiritualmente à nossa celebração.

Considero providencial celebrar convosco e com todo o Colégio a festa da Cátedra de Pedro, porque isto constitui um particular e eloquente sinal de unidade, com que juntos iniciamos o período pós-Jubilar. Um sinal que é, ao mesmo tempo, convite a aprofundar a reflexão acerca do ministério petrino, com a qual está particularmente relacionada a vossa função de Cardeais.
1536 4. "Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja" (Mt 16,18).

No "hoje" da liturgia, o Senhor Jesus dirige também ao Sucessor de Pedro esta sua palavra, que se torna para ele empenho de confirmação em relação aos irmãos (cf. Lc Lc 22,32). É com grande conforto e com profundo afecto que vos chama, venerados Irmãos Cardeais, a unir-vos à Sé de Pedro no peculiar ministério de unidade que lhe está confiado.

"Como Bispo de Roma, sei bem e confirmei-o na Encíclica sobre o empenho ecuménico Ut unum sint que a comunhão plena e visível de todas as Comunidades, nas quais em virtude da fidelidade de Deus habita o seu Epírito, é o desejo ardente de Cristo" (n. 95). Para esta finalidade primária os Cardeais, quer como Colégio quer individualmente, podem e devem oferecer o seu precioso contributo. De facto, eles são os primeiros colaboradores do ministério de unidade do Romano Pontífice. A púrpura que os reveste evoca o sangue dos mártires, nomeadamente de Pedro e de Paulo, sobre cujo testemunho se funda a vocação e a missão universal da Igreja de Roma e do seu Pastor.

5. Como não recordar que o ministério de Pedro, princípio visível de unidade, constitui uma dificuldade para as outras Igrejas e comunidades eclesiais? (cf. Ut unum sint, UUS 88). Mas, ao mesmo tempo, como não voltar ao facto histórico do primeiro milénio, quando a função primacial do Bispo de Roma era exercida sem resistências na Igreja quer no Ocidente quer no Oriente? Desejaria hoje, juntamente convosco, rezar ao Senhor de modo particular, para que o novo milénio no qual entramos veja depressa a superação desta situação e o restabelecimento da plena comunhão. O Espírito Santo dê a todos os crentes a luz e a força necessárias para realizar o ardente anseio do Senhor. Peço-vos que assistais e colaboreis de todas as formas nesta missão exigente.

Venerados Irmãos Cardeais, o anel com que sois homenageados, e que daqui a pouco entregarei aos novos membros do Colégio, realça precisamente o especial vínculo que vos liga a esta Sé Apostólica. No "grande oceano" que se apresenta diante da barca da Igreja, conto convosco para me orientar no caminho da verdade e do amor para que ela, vencendo as tempestades do mundo, se torne cada vez mais sinal eficaz e instrumento de unidade para todo o género humano (cf. Lumen gentium, LG 1).

6. "Porque assim fala o Senhor: eis que Eu mesmo cuidarei das Minhas ovelhas e Me interessarei por elas" (Ez 34,11).

Na festa da Cátedra de São Pedro, a liturgia volta a propor-nos o célebre oráculo do profeta Ezequiel, no qual Deus se revela como o Pastor do seu povo. De facto a cátedra, é inseparável do bastão pastoral, porque Cristo, Mestre e Senhor, veio até nós como o Bom Pastor (cf. Jo Jn 10,1-18). Assim o conheceu Simão, o pescador de Cafarnaum: experimentou o seu amor terno e misericordioso, e por ele foi conquistado. A sua vocação e a sua missão de apóstolo, resumidas no novo nome de Pedro recebido do Mestre, baseiam-se totalmente na sua relação com Ele, desde o primeiro encontro, ao qual o chamou seu irmão, André (cf. Jo Jn 2,40-42), até ao fim, nas margens do lago, quando o Ressuscitado o encarregou de apascentar o seu rebanho (cf. Jo Jn 21,15-19). No meio, o longo caminho do seguimento, no qual o Mestre divino conduz Simão a uma profunda conversão, que conhece horas dramáticas no momento da paixão, mas desabrocha depois na alegria luminosa da Páscoa.

Em virtude desta experiência transformadora do Bom Pastor, escrevendo às Igrejas da Ásia Menor, qualifica-se como "testemunha dos sofrimentos de Cristo, e participante da glória que se há-de manifestar" (1P 5,1). Ele exorta "os presbíteros" a apascentar o rebanho de Deus, tornando-se para ele modelo (cf. ibid., 5, 2-3). Hoje, esta exortação é dirigida de maneira particular a vós, caríssimos, que o Bom Pastor quis incluir da forma mais eminente no ministério do Sucessor de Pedro. Sede fiéis a esta vossa missão, dispostos a dar a vida pelo Evangelho. É isto que o Senhor vos pede e é isto que o povo cristão espera de vós, o qual hoje está à volta de vós com alegria e afecto.

7. "Mas roguei por ti, a fim de que a tua fé não desfaleça" (Lc 22,32). Como disse o Senhor a Simão Pedro, durante a Última Ceia. Esta palavra de Jesus, fundamental para Pedro e para os seus sucessores, difunde luz e conforto também sobre aqueles que colaboram mais de perto no seu ministério. Venerados Irmãos Cardeais, hoje Cristo repete a cada um de vós: "Eu rezei por ti", para que a tua fé não desfaleça nas situações em que possa ser posta à prova em maior medida a tua fidelidade a Cristo, à Igreja e ao Papa.

Caríssimos, esta oração, que brota incessantemente do coração do Bom Pastor, seja sempre a vossa força! Não duvideis de que, como aconteceu com Cristo e com Pedro, assim acontecerá também convosco: o vosso testemunho mais eficaz será sempre o que é marcado pela Cruz. A Cruz é a cátedra de Deus no mundo. Nela Cristo ofereceu à humanidade a lição mais importante, a de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo Jn 13,34): até ao extremo dom de si.

Aos pés da Cruz está sempre a Mãe de Cristo e dos discípulos, Maria Santíssima. O Senhor confiou-nos a ela quando disse: "Mulher, eis aí o teu Filho!" (Jn 19,26). A Virgem Santa, Mãe da Igreja, assim como protegeu de maneira especial Pedro e os Apóstolos, também não deixará de proteger o Sucessor de Pedro e os seus colaboradores. Esta confortadora certeza seja encorajamento para não temer as provas e as dificuldades. Ao contrário, confortados pela constante protecção de Deus, obedeçamos ao mandamento de Cristo, que convida com vigor Pedro, e com ele a Igreja, a fazer-se ao largo: "Duc in altum" (Lc 5,4). Sim, Irmãos caríssimos, façamo-nos ao largo, lancemos as redes para a pesca e "sigamos em frente, com esperança!" (Novo millennio ineunte, 58).

1537 Cristo, o Filho de Deus vivo, é o mesmo, ontem, hoje e sempre. Amen!



DURANTE A SANTA MISSA DE QUARTA-FEIRA DE CINZAS


Basílica de Santa Sabina, 28 de Fevereiro de 2001




1. "Reconciliai-vos com Deus... Ouvi-te no tempo favorável" (2Co 5,20 2Co 6,2).
Eis o convite que a Liturgia nos faz no início da Quaresma, exortando-nos a tomar consciência do dom da salvação oferecida, em Cristo, a todos os homens.

Falando do "tempo favorável", o apóstolo Paulo refere-se à "plenitude do tempo" (cf. Gl Ga 4,4), isto é, o tempo em que Deus, através de Jesus, "satisfez" e "socorreu" o seu povo, realizando plenamente as promessas dos profetas (cf. Is Is 49,8). Cumpre-se em Cristo o tempo da misericórdia e do perdão, o tempo da alegria e da salvação.

Do ponto de vista histórico, o "momento favorável" é o tempo em que o Evangelho é anunciado pela Igreja aos homens de todas as raças e culturas para que se convertam e se abram ao dom da redenção. Então a vida manifesta-se totalmente transformada.

2. "Ouvi-te no tempo favorável".

A Quaresma, que hoje se inicia, é certamente, ao longo do ano litúrgico, um "tempo favorável" para acolher com maior disponibilidade a graça de Deus. Precisamente por isto, ela é definida "sinal sacramental da nossa conversão" (Colecta, 1º Domingo de Quaresma): sinal e instrumento eficaz daquela radical mudança de vida que nos crentes requer uma constante renovação. A fonte deste extraordinário dom divino é o Mistério pascal, o mistério da morte e ressurreição de Cristo, do qual brota a redenção para cada homem, para a história e para todo o universo.

A este mistério de sofrimento e de amor refere-se, num certo sentido, o tradicional rito da imposição das cinzas, iluminado pelas palavras que o acompanham: "Arrependei-vos e acreditai na Boa Nova" (Mc 1,15). Também se refere a este mistério o jejum que hoje guardamos, para iniciar um caminho de verdadeira conversão, no qual a união com a paixão de Cristo nos permita enfrentar e vencer o combate contra o espírito do mal (cf. Colecta, Quata-feira de Cinzas).

3. "Ouvi-te no tempo favorável".

Com esta consciência empreendemos o itinerário quaresmal, relacionando-nos em pensamento com o Grande Jubileu, que marcou para a toda Igreja um extraordinário tempo de plenitude e de reconciliação. Foi um ano de intenso fervor espiritual, durante o qual foi derramada abundantemente sobre o mundo a misericórdia divina. Para que este tesouro de graça continue a enriquecer espiritualmente o povo cristão, na Carta apostólica Novo millennio ineunte ofereci indicações concretas acerca de como nos devemos encaminhar nesta nova fase da história da Igreja.

1538 Entre as indicações, desejaria recordar algumas que se adaptam bem às características peculiares do tempo quaresmal. A primeira de todas, é a contemplação do rosto do Senhor: rosto que na Quaresma se apresenta como "rosto sofredor" (cf. nn. 25-27). Na Liturgia, nas Stationes quaresmais, e também na piedosa prática da Via Crucis, a oração contemplativa leva a unir-nos ao mistério d'Aquele que, mesmo não tendo conhecido o pecado, Deus identificou-O com o pecado em nosso favor (cf. 2Co 5,21). Na escola dos Santos, cada baptizado é chamado a seguir cada vez mais de perto Jesus que, subindo a Jerusalém e prevendo a sua paixão, confia aos discípulos: "Tenho de receber um baptismo" (Lc 12,50). O caminho quaresmal torna-se para nós, desta forma, seguimento dócil do Filho de Deus, que se fez Servo obediente.

4. O caminho para o qual a Quaresma nos convida realiza-se, em primeiro lugar, na oração: as comunidades cristãs devem tornar-se, nestas semanas, autênticas "escolas de oração". Depois, outro objectivo privilegiado é a aproximação dos fiéis ao Sacramento da reconciliação, para que cada um possa voltar a "descobrir Cristo como mysterium pietatis, no qual Deus nos mostra o seu coração compassivo e nos reconcilia plenamente Consigo" (Novo millennio ineunte, 37). A experiência da misericórdia de Deus, além disso, não pode deixar de suscitar o empenho da caridade, estimulando a comunidade cristã a "apostar na caridade" (cf. Novo millennio ineunte, IV). Na escola de Cristo, ela compreende melhor a exigente opção preferencial pelos pobres, opção que se for vivida "é dado testemunho do estilo do amor de Deus, da sua providência, da sua misericórdia" (ibid.).

5. "Suplicamo-vos, pois, em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus" (2Co 5,20).
Cresce, no mundo de hoje, a necessidade de pacificação e de perdão. Fiz-me porta-voz deste desejo frequente do perdão e da reconciliação na Mensagem para esta Quaresma. A Igreja, baseando-se nas palavras de Cristo, anuncia o perdão e o amor aos inimigos. Agindo desta forma "está consciente de inserir no património espiritual de toda a humanidade uma maneira nova de se relacionar com os outros; sem dúvida, uma forma difícil, mas rica de esperança" (Mensagem, n. 4; ed port. de 17/02/2001, pág. 6). Eis o dom que ela oferece também aos homens do nosso tempo.
"Reconciliai-vos com Deus!": Estas palavras ressoam com insistência no nosso espírito. Hoje diz-nos a Liturgia é o "momento favorável" para a nossa reconciliação com Deus. Conscientes disto, recebemos a imposição das cinzas, dando os primeiros passos no caminho quaresmal.

Prossigamos com generosidade por este caminho, mantendo o olhar fixo em Cristo crucificado. De facto, a Cruz é a salvação da humanidade: só a partir da Cruz é possível construir um futuro de esperança e de paz para todos.







DURANTE A MISSA NA PARÓQUIA


ROMANA DE SANTO ANDRÉ APÓSTOLO


4 de março de 2001


1. "Jesus... foi levado pelo Espírito ao deserto onde, esteve durante quarenta dias e foi tentado pelo diabo" (Lc 4,1-2). Neste primeiro domingo da Quaresma, ouvimos a narração da luta de Jesus contra o diabo, no início da vida pública. Depois de ter sido reconhecido pelo Pai, no momento do Baptismo junto do rio Jordão, como "o Filho predilecto" (cf. Lc Lc 3,22), Jesus foi agora posto à prova na sua fidelidade a Deus. Porém, contrariamente a Adão e Eva no paraíso terrestre ( cf. Gn Gn 3), e de modo diferente do povo de Deus no deserto (cf. Ex Ex 16-17 Dt 8), ele resiste à tentação e triunfa sobre o maligno.

Nesta cena, entrevemos a luta de dimensão cósmica das forças do mal contra a realização do plano salvífico que o Filho de Deus veio proclamar e inaugurar na sua própria pessoa. Com Cristo, inicia-se, de facto, o tempo da nova criação; n'Ele se realiza a nova e perfeita Aliança entre Deus e a humanidade inteira. Este combate contra o Espírito do mal envolve cada um de nós, chamado a seguir o exemplo do divino Mestre.

2. "Tendo esgotado toda a espécie de tentação, o diabo retirou-se de junto d'Ele, até um certo tempo" (Lc 4,13). O ataque do tentador contra Jesus, começado durante a sua permanência no deserto, atingirá o seu ponto culminante nos dias da paixão sobre o Calvário, quando o Crucificado triunfará definitivamente sobre o mal, reconciliando o homem com Deus. O evangelista Lucas conclui a narração de hoje das tentações com a referência a Jerusalém; diferente de Mateus, ele parece querer pôr em relevo desde o início que o triunfo de Cristo sobre a Cruz acontecerá na Cidade Santa, onde se realizará o Mistério pascal.

Na Mensagem para a Quaresma deste ano, escrevi que também aos homens e às mulheres de hoje Cristo dirige o convite a "subir a Jerusalém", isto é, a segui-Lo no caminho da Cruz. Sentimos este convite com forte eloquência hoje, enquanto damos os primeiros passos do tempo quaresmal, tempo favorável para a conversão e o retorno à plena comunhão com Deus.

1539 3. Caríssimos Irmãos e Irmãs da Paróquia de Santo André Apóstolo! Saúdo com afecto toda a vossa comunidade. Dirijo um pensamento reconhecido àqueles que, em nome de todos, me dirigiram as boas-vindas no início da celebração eucarística. Saúdo o Cardeal Vigário, o Bispo Auxiliar do Sector, o vosso querido Pároco, Padre Battista Previtali e os seus colaboradores pertencentes à Congregação dos Padres da Doutrina Cristã. Depois, uma cordial saudação às Religiosas e aos Religiosos presentes na paróquia, aos aderentes e aos numerosos e vivazes grupos paroquiais. Por meio de vós, aqui presentes, quero também fazer chegar a minha saudação a quantos habitam neste bairro.

A vossa bela Comunidade de Santo André Apóstolo celebra este ano o 60º aniversário da sua fundação. Uma circunstância tão significativa não pode deixar de constituir uma ocasião tão oportuna para reflectir sobre o vosso passado, para olhar com lucidez os desafios e os compromissos do momento presente e para elaborar com coragem os projectos para o futuro.
Com alegria uno a minha voz à vossa, para agradecer ao Senhor por tantos sinais de amor que concedeu a esta Comunidade, desde a sua fundação. No decurso dos anos, a vossa Comunidade foi-se transformando até assumir a configuração actual, com uma diferenciação do teor de vida dos habitantes que a compõem. Aumentou o número de pessoas vindas dos Países do Leste europeu e do chamado "Terceiro Mundo".

4. Esta situação concreta da Paróquia pede-vos que cresçais sempre na comunhão com todos. Na Igreja ninguém é estrangeiro; por isso, é importante criar ocasiões de diálogo e favorecer a compreensão recíproca. É necessário, sobretudo, que cada um se sinta comprometido numa pastoral atenta às necessidades reais das pessoas.

Sabei, pois, ser uma comunidade aberta a todos, perseverando na escuta da palavra de Deus, na celebração dos sacramentos da salvação e dividindo as muitas iniciativas pastorais e de solidariedade promovidas a nível das Dioceses e das Prefeituras. Sei que estais a continuar o empenho começado na Missão da Cidade, de levar o Evangelho a todos, sobretudo aos jovens e às famílias. A Quaresma é um tempo favorável para a descoberta do Baptismo e da força missionária que dele deriva. Podem-no testemunhar os mais de cem missionários leigos da vossa Comunidade, que participaram na grande Missão da Cidade como preparação para o Jubileu. Todo o cristão se deve sentir envolvido na vasta obra da evangelização. Se souberdes ser missionários no vosso bairro, o Senhor não vos deixará faltar vocações para o sacerdócio e para a vida consagrada. De modo particular, surgirão entre vós, como é vosso desejo, generosas vocações missionárias "ad gentes".

5. Desejo, agora, voltar-me para as famílias. A Quaresma é um "tempo forte", que nos convida ao perdão e à reconciliação. Este esforço não é fácil, olha também para as relações no interior da família. Pertence-vos a vós, queridas famílias, deixar que o espírito vos torne lugares de serenidade e de paz, de escuta e de diálogo, de partilha e de respeito por todos. No interior dos núcleos familiares fiéis ao Evangelho, os jovens podem encontrar coragem e confiança para olhar o futuro com um sentido de madura responsabilidade.

Caros jovens, está nas vossas maõs o vosso futuro e o das famílias que formareis: estai bem conscientes disso. A Igreja espera muito de vós, do vosso entusiasmo, da vossa capacidade de olhar em frente e do vosso desejo de radicalidade nas opções de vida. Repito-vos as palavras de Cristo, contidas na Mensagem para o próximo XVI Dia Mundial da Juventude: "Se alguém quer vir após Mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me" (
Lc 9,23).

É necessário imitar Jesus que luta contra o mal no deserto; assim, é necessário segui- lo até Jerusalém, até ao Calvário.

6. "Se confessares com a tua boca o Senhor Jesus e creres no teu coração que Deus O ressuscitou de entre os mortos, serás salvo" (Rm 10,9). Na quarta-feira passada iniciámos o itinerário quaresmal, caminho de ascese que deve conduzir-nos a um renovado encontro com Jesus, reconhecido como o "Senhor". É Ele que nos salva: professar a fé é, portanto, crer em Cristo e confiar-nos a Ele totalmente. Seremos salvos (cf. Rm Rm 10,10), se O acolhermos e às suas palavras de vida eterna.

A Virgem Maria, fiel discípula do Senhor, nos ensine a "crescer no conhecimento do mistério de Cristo" (Colecta); nos ajude a confessar com a boca que Jesus é o nosso Senhor e acreditar com o coração que Ele venceu a morte, abrindo as portas do Reino para toda a humanidade. Assim, dispomo-nos para saborear com todos os crentes, a alegria e o esplendor da Páscoa da ressurreição.







NA BEATIFICAÇÃO DE JOSÉ APARÍCIO SANZ


E DE 232 COMPANHEIROS MÁRTIRES NA ESPANHA


11 de Março de 2001




1540 Queridos irmãos e Irmãs

1. "O Senhor Jesus Cristo... transformará o nosso corpo miserável, tornando-o conforme ao Seu corpo glorioso" (
Ph 3,21). Estas palavras de São Paulo que acabamos de escutar na segunda leitura da liturgia de hoje, recordam-nos que a nossa pátria verdadeira está no céu e que Jesus transfigurará o nosso corpo mortal num corpo glorioso como o Seu. O Apóstolo comenta assim o mistério da Transfiguração do Senhor que a Igreja proclama neste segundo domingo de Quaresma. De facto, Jesus quis dar um sinal e uma profecia da sua Ressurreição gloriosa, da qual também nós somos chamados a participar. O que se realizou em Jesus, nossa Cabeça, também se deve completar em nós, que somos o seu Corpo.

Este é um grande mistério para a vida da Igreja, pois não se deve pensar que a transfiguração se realizará só no além, depois da morte. A vida dos santos e o testemunho dos mártires ensinam-nos que, se a transfiguração do corpo se realizará no final dos tempos com a ressurreição da carne, a do coração verifica-se agora nesta terra, com a ajuda da graça.

Podemos perguntar-nos: como são transfigurados os homens e as mulheres? A resposta é sublime: são os que seguem Cristo na sua vida e na sua morte, que se inspiram n'Ele e se deixam inundar pela graça que Ele nos dá; são aqueles, cujo alimento é cumprir a vontade do Pai; os que se deixam guiar pelo Espírito; os que nada antepõem ao Reino de Cristo; os que amam o próximo até derramar por ele o seu sangue; os que estão dispostos a oferecer tudo sem nada exigir em troca; os que em poucas palavaras vivem amando e morrem perdoando.

2. Assim viveram e morreram José Aparicio Sanz e os seus duzentos e trinta e dois companheiros, assassinados durante a terrível perseguição religiosa que atormentou a Espanha nos anos trinta do século passado. Eram homens e mulheres de todas as idades e condições: sacerdotes diocesanos, religiosos, religiosas, pais e mães de família, e jovens leigos. Foram assassinados porque eram cristãos, devido à sua fé em Cristo, por serem membros activos da Igreja. Todos eles, segundo o que consta dos processos canónicos para a sua declaração como mártires, antes de morrer perdoaram sinceramente os seus algozes.

A lista dos que hoje sobem à glória dos altares por terem confessado a sua fé e dado a sua vida por ela é numerosa. São trinta e oito sacerdotes da Arquidiocese de Valença, juntamente com um numeroso grupo de homens e mulheres da Acção Católica também de Valença: dezoito dominicanos e dois sacerdotes da Arquidiocese de Saragoça; quatro Frades Menores Franciscanos e seis Frades Menores Franciscanos Conventuais; treze Frades Menores Capuchinhos, com quatro Religiosas Capuchinhas e uma Agostinha Descalça, onze Jesuítas com um jovem leigo; trinta e dois Salesianos e duas Filhas de Maria Auxiliadora; dezanove Terciários Capuchinhos da Virgem das Dores com uma cooperadora leiga; um sacerdote Deoniano; o Capelão do Colégio de La Salle da Boaventura, de Barcelona, com cinco Irmãos das Escolas Cristãs; vinte e quatro Carmelitas da Caridade; uma Religiosa Servita; seis Religiosas Escolápias com duas cooperadoras provenientes do Uruguai as primeiras Beatas desse País latino-americano; duas Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados; três Terciárias Capuchinhas da Sagrada Família; uma Missionária Claretiana; e, enfim, o jovem Francisco Castelló i Aleu, da Acção Católica de Lérida.

Os testemunhos que chegaram até nós falam de pessoas honestas e exemplares, cujo martírio selou uma vida repleta de trabalho, oração e compromisso religioso nas suas famílias, paróquias e congregações religiosas. Muitos deles gozavam já em vida de fama de santidade entre os seus coetâneos. Pode dizer-se que os seus comportamentos exemplares foram como que uma preparação para essa confissão suprema da fé que é o martírio.

Como não nos comovermos profundamente ao escutar os relatos do seu martírio? Maria Teresa Ferragud foi presa com oitenta e três anos de idade, juntamente com as suas quatro filhas religiosas contemplativas. A 25 de Outubro de 1936, festa de Cristo Rei, pediu para acompanhar as suas filhas ao martírio e para ser executada em última lugar para assim poder encorajá-las a morrer pela fé. A sua morte impressionou de tal forma os seus verdugos que exclamaram: "Esta é uma verdadeira santa". Não menos edificante foi o testemunho dos demais mártires, como o jovem Francisco Castelló i Aleu, de vinte e dois anos, químico de profissão e membro da Acção Católica que, consciente da gravidade do momento não se escondeu, mas ofereceu a sua juventude em sacrifício de amor a Deus e aos irmãos, deixando-nos três cartas, exemplo de fortaleza, generosidade, serenidade e alegria, escritas poucos momentos antes de morrer, às suas irmãs, ao seu director espiritual e àquela que fora sua noiva. Ou também o neo-sacerdote Germán Gozalbo, de vinte e três anos, que foi fusilado logo dois meses depois de ter celebrado a sua Primeira Missa, após ter padecido humilhações e maus tratos sem conta.

3. Quantos exemplos de serenidade e esperança cristã! Todos estes novos Beatos e muitos outros mártires anónimos pagaram com o seu sangue o ódio à fé e à Igreja, desencadeado com a perseguição religiosa e o rebentar da guerra civil, essa grande tragédia vivida na Espanha durante o século XX. Ao longo daqueles terríveis anos muitos sacerdotes, religiosos e leigos foram assassinados simplesmente por serem membros activos da Igreja. Os novos beatos que hoje sobem aos altares não estiveram implicados em lutas políticas ou ideológicas, nem quiseram entrar nelas. Sabei-lo bem muitos de vós, que sois familiares seus e hoje participais com grande alegria nesta beatificação. Eles morreram unicamente por motivos religiosos. Agora, com esta solene proclamação de martírio, a Igreja deseja reconhecer naqueles homens e mulheres um exemplo de valentia e constância na fé, auxiliados pela graça de Deus. Eles são para nós, ao mesmo tempo, modelo de coerência com a verdade professada e honram o nobre povo espanhol e a Igreja.

A sua recordação afaste para sempre do solo espanhol qualquer forma de violência, ódio e ressentimento! Que todos, e especialmente os jovens, possam conhecer a bênção da paz em liberdade: paz sempre, paz com e para todos!

4. Queridos irmãos, recordei em diversas ocasiões a necessidade de conservar a memória dos mártires. O testemunho deles não deve ser esquecido. Eles são a prova mais eloquente da verdade da fé, que sabe dar um aspecto humano até à morte mais violenta e manifesta a sua beleza mesmo no meio de atrozes padecimentos. É preciso que as Igrejas particulares façam tudo o que é possível para não perder a recordação daqueles que sofreram o martírio.

1541 No início do terceiro milénio, a Igreja que caminha na Espanha está chamada a viver uma nova primavera de cristianismo, pois foi banhada e fecundada com o sangue de tantos mártires. Sanguis martyrum, semen christianorum! O sangue dos mártires é semente de novos cristãos! (Tertuliano, Apol., 50, 13: CCL 1, 171). Esta expressão, aparecida durante as perseguições dos primeiros séculos, deve hoje encher de esperança as vossas iniciativas apostólicas e os vossos esforços pastorais na tarefa, nem sempre fácil, da nova evangelização. Para isto, contais com a ajuda inigualável dos vossos mártires. Recordando o seu valor, "considerai o êxito da seu procedimento e imitai a sua fé. Jesus Cristo é sempre o mesmo ontem e hoje e por toda a eternidade" (He 13,7-8).

5. Desejo confiar à intercessão dos novos beatos uma intenção que tendes profundamente arraigada nos vossos corações: o fim do terrorismo na Espanha. Há várias décadas que sois provados por uma série horrenda de violências e assassínios que causaram numerosas vítimas e grandes sofrimentos. Na base destes acontecimentos tão lamentáveis está uma lógica pervertida que é preciso denunciar. O terrorismo nasce do ódio e, por sua vez, alimenta-o, é radicalmente injusto e aumenta as situações de injustiça, pois ofende gravemente a Deus, a dignidade e os direitos das pessoas. Com o terror, o homem perde sempre! Nenhum motivo, nenhuma causa ou ideologia o podem justificar. Só a paz edifica os povos. O terror é inimigo da humanidade.
6. Amados no Senhor, a voz do Pai também nos disse hoje no Evangelho: "Este é o meu Filho dilecto, escutai-O" (Lc 9,35). Escutar Jesus é segui-Lo e imitá-Lo. A cruz ocupa um lugar muito especial neste caminho. Existe uma relação directa entre a cruz e a nossa transfiguração.

Fazermo-nos semelhantes a Cristo na morte é o caminho que conduz à ressurreição dos mortos, ou seja, a nossa transformação n'Ele (cf. Fl Ph 3,10-11). Agora, ao celebrar a Eucaristia, Jesus dá-nos o seu corpo e o seu sangue, para que de certa forma possamos saborear aqui na terra a situação final, quando os nossos corpos mortais forem transfigurados à imagem do corpo glorioso de Cristo.

Maria, Rainha dos mártires, nos ajude a escutar e a imitar o seu Filho. Pedimos-lhe, a ela que acompanhou o seu divino Filho durante a sua existência terrena e permaneceu fiel aos pés da Cruz, que nos ensine a ser fiéis a Cristo em todos os momentos, sem nos desencorajarmos perante as dificuldades; ela nos conceda a mesma força com que os mártires confessaram a sua fé. Ao invocá-la como Mãe, imploro sobre todos vós aqui presentes e sobre as vossas famílias, os dons da paz, da alegria e da firme esperança.







Homilias JOÃO PAULO II 1534