Provérbios (CNB) 14
14 1 A sabedoria das mulheres edifica a casa,
a insensatez a destrói com as mãos.
2 Quem anda pelo caminho reto teme a Deus;
despreza-o quem trilha uma senda infame.
3 Na boca do insensato está a vara da soberba;
quanto aos sábios, seus lábios os protegem.
4 Não havendo bois, a estrebaria fica limpa;
colheitas abundantes, porém, dependem da força do boi.
5 A testemunha fidedigna não mente,
a falsa profere abertamente a mentira.
6 O zombador procura a Sabedoria e não a encontra;
para os prudentes, porém, a instrução é fácil.
7 Fica longe do insensato,
pois nele não encontrarás sentenças prudentes.
8 Sabedoria do prudente é discernir seu próprio caminho;
a imprudência dos insensatos resvala no erro.
9 Os insensatos fazem pouco do pecado,
mas entre os justos mora a graça.
10 O coração conhece sua própria amargura,
um estranho não penetra na sua alegria.
11 A casa dos ímpios será destruída,
enquanto as tendas dos justos crescerão.
12 Há caminhos que parecem retos,
mas suas últimas etapas levam à morte.
13 Até no riso o coração sente a dor misturada,
e o luto sobrevém no final da alegria.
14 O insensato se farta de seus próprios caminhos,
mas acima dele está o homem de bem.
15 O ingênuo acredita em qualquer palavra,
mas o precavido atenta para os passos que dá.
16 O sábio teme e se afasta do mal,
o insensato vai em frente e dá-se por seguro.
17 Quem é impaciente faz tolices,
e o trapaceiro torna-se odioso.
18 Os incautos herdarão a insensatez,
enquanto os prudentes se coroarão com o conhecimento.
19 Os maus se prostrarão diante dos bons
e os ímpios, perante as portas dos justos.
20 O pobre é rejeitado até por seu vizinho,
enquanto são muitos os amigos dos ricos.
21 Quem despreza o próximo está pecando,
quem se compadece do pobre será feliz.
22 Acaso não erram os que praticam o mal?
Misericórdia e verdade pertencem aos que buscam o bem.
23 Todo esforço leva à abundância;
o muito falar só leva à penúria.
24 Coroa dos sábios é a sua riqueza;
a fanfarronice dos insensatos é só fanfarronice.
25 Uma testemunha fiel salva a outros a vida,
enquanto o impostor profere mentiras.
26 No temor do Senhor está a segura confiança,
esperança para seus filhos.
27 O temor do Senhor é fonte de vida,
que afasta dos laços da morte.
28 Na multidão do povo está a honra do rei;
na população escassa, a ruína do príncipe.
29 Quem é paciente, porta-se com grande prudência;
quem é impaciente, aumenta a própria insensatez.
30 Coração bondoso é vida para o corpo,
enquanto a inveja é cárie nos ossos.
31 Quem calunia o indigente insulta quem o criou;
honra o Criador quem se compadece do pobre.
32 O ímpio será derrubado por sua própria maldade,
enquanto o justo, por sua integridade,
conserva a esperança.
33 No coração do prudente repousa a Sabedoria;
mas será ela reconhecida no meio dos insensatos?
34 A justiça exalta uma nação,
enquanto o pecado é a vergonha dos povos.
35 Agrada ao rei o ministro eficiente,
mas sua ira recai sobre o que age indignamente.
15 1 Uma resposta calma aplaca a ira,
a palavra dura atiça o furor.
2 A língua dos sábios destila o conhecimento,
a boca dos insensatos fervilha de estupidez.
3 Os olhos do Senhor estão em toda parte,
observando os maus e os bons.
4 Língua pacificadora é árvore de vida;
mas a ambigüidade quebranta o espírito.
5 O insensato despreza a correção de seu pai;
quem aceita as advertências torna-se ajuizado.
6 Na casa do justo há muita riqueza,
nos lucros do ímpio há só inquietação.
7 A boca dos sábios espalha o conhecimento,
o coração dos insensatos não é reto.
8 Os sacrifícios dos ímpios são
abominação para o Senhor,
as ofertas dos justos lhe agradam.
9 O caminho do ímpio é abominação para o Senhor;
quem busca a justiça é amado por Ele.
10 A advertência desagrada a quem se
desvia do caminho reto;
quem detesta as repreensões acaba perecendo.
11 O Abismo e a Morte estão diante do Senhor:
quanto mais, os corações humanos!
12 O insolente não gosta de quem o repreenda:
ele não vai à procura dos sábios!
13 Um coração contente alegra o rosto;
com a tristeza, o espírito se abate.
14 O coração do sábio procura a instrução,
a boca dos insensatos alimenta-se de estupidez.
15 Para o pobre, todos os dias são maus;
quem tem a alegria no coração está sempre em festa.
16 Mais vale pouco com o temor do Senhor
do que grandes tesouros com inquietação.
17 Mais vale um prato de verdura com amor
do que, com ódio, um boi gordo inteiro.
18 Quem é raivoso atiça as brigas;
quem é paciente acalma as discussões.
19 O caminho dos preguiçosos é como uma cerca de espinhos;
a estrada dos diligentes é sem tropeço.
20 O filho sábio alegra o pai,
o insensato despreza sua mãe.
21 O sem-juízo está contente com a sua insensatez;
quem é prudente mede seus passos.
22 Sem deliberação, os projetos fracassam,
com amplo aconselhamento se concretizam.
23 Cada um se alegra com a resposta que dá,
mas a palavra oportuna é a melhor.
24 Caminho de vida que conduz para o alto
é o da pessoa instruída,
que assim se desvia da descida ao abismo.
25 O Senhor destrói a casa dos soberbos,
mas fixa os marcos do terreno da viúva.
26 Os maus projetos são abominação para o Senhor,
enquanto palavras sinceras são para Ele as mais belas.
27 Quem se deixa levar pela avareza
arruina a própria casa,
mas quem rejeita os subornos viverá.
28 O coração do justo pensa, antes de responder;
a boca dos ímpios transborda maldades.
29 O Senhor mantém-se longe dos ímpios,
mas ouve as orações dos justos.
30 Um olhar luminoso alegra a alma;
uma boa notícia revigora os ossos.
31 O ouvido que escuta repreensões salutares
terá seu lugar no meio dos sábios.
32 Quem rejeita a correção odeia-se a si mesmo;
quem atende às repreensões adquire autocontrole.
33 O temor do Senhor é uma escola de Sabedoria:
antes da glória está a humildade.
16 1 Ao ser humano cabem os projetos, mas a resposta pertence ao Senhor.
2 Aos olhos humanos são limpos todos os caminhos,
mas é o Senhor quem avalia os espíritos.
3 Revela ao Senhor tuas tarefas,
e teus projetos se realizarão.
4 O Senhor fez tudo segundo a sua finalidade:
até o ímpio, para o dia da desgraça.
5 Todo soberbo é uma abominação para o Senhor:
cedo ou tarde, não ficará impune.
6 Pela misericórdia e a verdade expia-se a culpa,
pelo temor do Senhor evita-se o mal.
7 Quando ao Senhor agrada a conduta de alguém,
ele o reconcilia até mesmo com seus inimigos.
8 Mais vale pouco com justiça,
do que muitos lucros sem eqüidade.
9 O coração humano projeta o caminho,
mas é o Senhor quem dirige os passos.
10 Nos lábios do rei se encontram oráculos;
sua boca não errará nos julgamentos.
11 Peso e balança justos pertencem ao Senhor;
todos os pesos, Ele é quem os fez.
12 Os reis abominam agir impiamente,
pois o trono se firma com a justiça.
13 Os lábios justos é que agradam aos reis;
quem fala com retidão será por eles amado.
14 A indignação do rei anuncia morte,
o sábio, porém, aplaca a sua ira.
15 No semblante radioso do rei está a vida,
e a sua benevolência é como chuva primaveril.
16 Quão melhor é possuir a Sabedoria do que o ouro,
e adquirir a prudência, mais precioso do que a prata.
17 A vereda dos justos é afastar-se do mal;
preserva a vida quem vigia os próprios passos.
18 A soberba precede o abatimento;
antes da queda, a arrogância.
19 É melhor humilhar-se com os humildes
do que dividir despojos com os soberbos.
20 O instruído na palavra encontrará a felicidade;
quem espera no Senhor, esse é feliz.
21 Quem é sábio de coração será chamado prudente;
palavras suaves aumentam a instrução.
22 O saber é fonte de vida para quem o possui;
para os insensatos, sua própria insensatez é seu castigo.
23 O coração do sábio ensina a sua boca
e a seus lábios acrescenta a instrução.
24 Palavras gentis são um favo de mel,
doçura para a alma e saúde para o corpo.
25 Há caminhos que parecem retos,
mas seu termo conduz à morte.
26 Quem trabalha, trabalha para si
porque a necessidade de comer o impele.
27 O ímpio desenterra o mal;
nos seus lábios há como um fogo ardente.
28 O perverso atiça encrencas;
o boateiro separa membros de uma família.
29 O iníquo seduz seu companheiro
e o atrai para um caminho pernicioso.
30 Quem, num piscar de olhos, trama perversidades,
num aperto dos lábios já executa o mal.
31 Cabelos brancos são coroa de honra,
a qual se encontra nos caminhos da justiça.
32 É melhor o paciente que o valente;
quem domina a si mesmo vale mais que
o conquistador de cidades.
33 Os dados são lançados na mesa,
mas quem os mistura é o Senhor.
17 1 É melhor um pedaço de pão seco, em paz,
do que uma casa cheia de manjares, com discórdia.
2 O servo sensato suplantará os filhos indignos,
e terá parte na herança entre os irmãos.
3 Como a prata é testada ao fogo e o ouro, no crisol,
assim o Senhor prova os corações.
4 O mau fica atento aos lábios iníquos;
o enganador dá ouvidos à língua mentirosa.
5 Quem despreza o pobre insulta quem o criou;
quem se alegra com a desgraça alheia não ficará impune.
6 Os netos são a coroa dos anciãos,
como os pais são a glória dos filhos.
7 Palavras elevadas não convêm ao insensato;
menos ainda, ao príncipe, uma língua mentirosa.
8 O suborno é uma pedra mágica para quem o dá;
com ele, em toda parte, consegue tudo.
9 Quem busca a amizade encobre as faltas;
quem volta a elas, separa os amigos.
10 Uma só repreensão tem mais efeito na pessoa inteligente
do que cem chicotadas num insensato.
11 O malvado busca sempre as contendas;
mas um mensageiro cruel será enviado contra ele.
12 É melhor encontrar uma ursa à qual
arrebataram os filhotes
do que um insensato confiado em sua estupidez.
13 A quem retribui o bem com o mal,
o mal não se afastará de sua casa.
14 Começar uma briga é como desencadear uma enxurrada:
desiste, pois, antes que se agrave a contenda.
15 Aquele que absolve o ímpio e o que condena o justo,
ambos são abomináveis diante do Senhor.
16 Para que serve o dinheiro na mão do insensato?
para comprar a Sabedoria, se ele não tem juízo?
17 O amigo é carinhoso em qualquer tempo;
o irmão nasce para o dia da desgraça.
18 É insensato quem aperta a mão,
tornando-se fiador do seu próximo.
19 Quem ama a discórdia ama o pecado;
quem alteia sua porta está provocando a queda.
20 Quem tem o coração perverso não
encontra a felicidade;
quem falseia sua língua cairá na desgraça.
21 Quem gera um insensato gera tristeza para si,
pois nenhum pai pode alegrar-se com um imbecil.
22 Ânimo alegre faz florescer a saúde;
espírito abatido seca os ossos.
23 O ímpio aceita subornos secretos,
para distorcer o curso do julgamento.
24 Na face do prudente reluz a Sabedoria;
os olhos do insensato vagueiam a esmo.
25 O filho insensato é a indignação do pai,
e a amargura da mãe que o gerou.
26 Não está certo castigar quem tem razão;
também não é reto bater em gente honrada.
27 Quem modera as palavras possui o conhecimento;
é prudente quem mantém a calma.
28 Mesmo o insensato, quando se cala, passa por sábio;
e aquele que fecha os lábios, por inteligente.
18 1 Quem quer separar-se do amigo procura a ocasião,
e se indispõe contra todo bom conselho.
2 O insensato não sente prazer na discrição,
mas sim em escancarar seu coração.
3 Com a impiedade, chega também o desprezo,
e com a ignomínia, a desonra.
4 Água profunda são as palavras que saem da boca;
a fonte da Sabedoria é como torrente que transborda.
5 Não é certo ser parcial em favor do ímpio,
prejudicando o justo no julgamento.
6 Os lábios do insensato metem-se em disputas
e sua boca provoca feridas.
7 A boca do insensato é a sua própria ruína,
e seus lábios, a sua armadilha.
8 As palavras do difamador parecem doces,
e penetram até o íntimo das entranhas.
9 Quem é preguiçoso e negligente no trabalho
já é irmão daquele que desperdiça.
10 Torre fortificada é o nome do Senhor:
a ela acorre o justo e fica seguro.
11 A fortuna do rico é a sua cidade fortificada:
inacessível muralha, segundo imagina.
12 Antes da queda, a pessoa se exalta;
antes de ser glorificada, se humilha.
13 Quem responde antes de ouvir
mostra que é tolo, e passa vergonha.
14 O espírito é que sustenta a pessoa na enfermidade;
se o espírito se abate, quem o sustentará?
15 O coração prudente adquire o conhecimento;
o ouvido dos sábios procura a instrução.
16 Dar presentes alarga a estrada a quem os dá
e o conduz à presença dos príncipes.
17 Quem fala antes, numa disputa, parece ter razão,
até que venha um outro e o contradiga.
18 Tirar a sorte amaina as discussões
e decide a causa, até entre os poderosos.
19 Irmão ofendido é mais duro que uma fortaleza;
as brigas são como os ferrolhos das cidades.
20 Do fruto da boca se enche o estômago;
do produto dos lábios vem a fartura.
21 Morte e vida estão no poder da língua;
quem sabe usá-la comerá de seus frutos.
22 Quem encontra uma boa esposa encontra a felicidade
e alcançou a benevolência do Senhor.
23 O pobre fala suplicando;
o rico responde com dureza.
24 Alguém pode ser ferido no meio dos amigos;
mas há amigos mais fiéis que um irmão.
19 1 É melhor o pobre, que procede retamente,
do que aquele que torce as palavras e é insensato.
2 Não é bom agir sem reflexão;
quem anda apressado acaba tropeçando.
3 A insensatez faz a pessoa tropeçar
e ela, depois, se exaspera contra Deus.
4 As riquezas multiplicam os amigos;
o pobre, porém, até do amigo é afastado.
5 A falsa testemunha não ficará impune;
quem profere mentiras não escapará.
6 Muitos adulam o poderoso na sua presença;
todos são amigos de quem distribui presentes.
7 Todos os irmãos do pobre o detestam;
mais ainda, os amigos se afastam dele;
quem só busca palavras, nada terá.
8 Quem domina o coração, ama a si mesmo;
e quem conserva a prudência, encontra a felicidade.
9 A falsa testemunha não ficará impune;
quem profere mentiras, perecerá.
10 Não condiz com o insensato a vida refinada,
como não convém que um escravo mande nos príncipes.
11 O bom senso acalma a ira;
é motivo de glória passar por cima das ofensas.
12 A ira do rei é como o rugido do leão;
mas como o orvalho sobre a relva, o seu favor.
13 Desgraça do pai é o filho insensato;
goteira que não pára: eis a mulher briguenta.
14 Casa e riqueza são a herança dos pais;
do Senhor, porém, vem a mulher prudente.
15 A preguiça traz a sonolência;
o descuidado passa fome.
16 Quem guarda o mandamento guarda a si mesmo;
quem se descuida da própria conduta se destrói.
17 Quem se compadece do pobre empresta ao Senhor,
que lhe restituirá o eqüivalente.
18 Corrige teu filho, enquanto há esperança;
não te descontroles, porém, a ponto de lhe tirares a vida.
19 Quem é impaciente, que sofra as conseqüências;
se quiseres isentá-lo, tu o incitas a recomeçar.
20 Ouve o conselho e aceita a correção
para que, no fim, te tornes sábio.
21 São muitos os projetos no coração humano,
mas é a vontade do Senhor que permanece.
22 O que se deseja em alguém é sua lealdade;
é melhor o pobre que o mentiroso.
23 O temor do Senhor conduz à vida:
faz morar na abundância, sem a visita do mal.
24 O preguiçoso enfia a mão no prato
e não é capaz de levá-la à boca.
25 Castigado o zombador, mesmo o ingênuo se torna mais sábio;
se repreenderes o sábio, ele aceita a lição.
26 Quem aflige o pai e afugenta a mãe
é um filho desonrado e infame.
27 Consente, filho, em ouvir a instrução
e não te desvies das palavras dos sábios.
28 A testemunha iníqua zomba do direito;
a boca dos ímpios se empanturra de iniqüidade.
29 Para os zombadores estão preparadas as varas;
para os corpos dos insensatos, os golpes.
20 1 Coisa luxuriosa é o vinho e perturbadora, o licor:
quem se delicia com eles não será sábio.
2 Como o bramido do leão, assim é o terror do rei:
quem o provoca, põe em risco a própria vida.
3 É honroso distanciar-se das contendas;
todos os insensatos, porém, se metem em ofensas.
4 Por causa do frio, o preguiçoso não quis lavrar;
no verão vai mendigar, e ninguém lhe dará nada.
5 Como águas profundas é o bom senso no coração:
quem é sábio há de encontrá-lo.
6 Muitos são elogiados como bondosos;
mas alguém realmente fiel, quem o encontrará?
7 O justo, que anda na sua integridade,
deixará filhos felizes depois dele.
8 O rei, sentando-se no trono do julgamento,
com o seu olhar dissipa toda maldade.
9 Quem pode dizer: “Purifiquei meu coração,
estou limpo de pecado?”
10 Dois pesos e duas medidas,
são ambos abomináveis diante do Senhor.
11 Pelos interesses que o menino demonstra
pode-se ver se seus atos serão puros e retos.
12 O ouvido, para ouvir e o olho, para ver,
o Senhor os fez a ambos.
13 Não ames o sono, para que a pobreza não te oprima;
mantém os olhos abertos, e terás pão à vontade.
14 “Não presta, não presta!”, diz o comprador;
mas, depois de retirar-se, então se gaba da compra.
15 Há o ouro e uma multidão de pérolas,
mas o que é mais precioso são os lábios instruídos.
16 Toma o manto de quem se tornou fiador de um estranho;
tira dele o penhor destinado a estrangeiros!
17 Parece gostoso o pão ganho com a fraude,
mas depois a boca se enche de areião.
18 Os projetos se firmam com deliberações,
como as guerras são empreendidas com tática.
19 Quem revela segredos e difama,
e escancara seus lábios: não te metas com ele.
20 Quem amaldiçoa o pai e a mãe,
a sua lâmpada se apagará em meio às trevas.
21 Uma herança para a qual alguém se antecipa,
acabará não sendo abençoada.
22 Não digas: “Pagarei o mal que me fizeram”,
mas espera pelo Senhor, e ele te livrará.
23 Pesos desiguais são uma abominação diante do Senhor:
balança falsa não é boa a seus olhos.
24 Pelo Senhor são dirigidos nossos passos:
quem dentre os mortais poderá entender o seu caminho?
25 É uma armadilha consagrar levianamente alguma coisa
e, depois, arrepender-se da promessa.
26 O rei sábio peneira os ímpios
e faz passar sobre eles a roda.
27 O espírito do ser humano é uma luz do Senhor
que esquadrinha todos os segredos do seu íntimo.
28 Misericórdia e fidelidade guardam o rei,
e seu trono firma-se com a clemência.
29 Orgulho dos jovens é o seu vigor,
como os cabelos brancos são a honra dos anciãos.
30 A contusão da ferida purifica da maldade,
pois os golpes chegam ao íntimo do ser.
21 1 Água corrente é o coração do rei nas mãos do Senhor:
Ele o dirige para onde quiser.
2 O ser humano pensa que seu caminho é sempre reto,
mas é o Senhor quem sonda os corações.
3 Praticar a misericórdia e o direito
é mais agradável ao Senhor do que os sacrifícios.
4 Olhar arrogante e coração orgulhoso,
a lâmpada dos ímpios não é senão pecado.
5 Os planos de quem é diligente produzem abundância,
quem se apressa demais está sempre na pobreza.
6 Quem ajunta tesouros com língua mentirosa,
o vento o lançará nos laços da morte.
7 A violência dos ímpios os destruirá,
pois negaram-se a praticar o direito.
8 O caminho tortuoso é funesto;
quem é puro, porém, suas obras são retas.
9 É melhor morar num canto do sótão
do que, com mulher briguenta, na mesma casa.
10 A alma do ímpio deseja o mal;
nem do seu vizinho ele tem compaixão.
11 Quando se castiga o zombador, o inexperiente aprende;
quando o sábio é instruído, ele adquire conhecimento.
12 O Senhor, que é justo, está atento à casa do ímpio:
Ele é quem precipita os ímpios na desgraça.
13 Quem tapa os ouvidos ao clamor do pobre,
também clamará, e não será ouvido.
14 Presente discreto aplaca a ira;
gorjeta enfiada no bolso acalma o furor mais violento.
15 Praticar o direito é alegria para o justo,
mas ruína, para os malfeitores.
16 Quem se desvia do caminho da prudência
há de parar na assembléia dos mortos.
17 Quem gosta de banquetes vai acabar na indigência;
quem aprecia vinho e mesa farta, jamais ficará rico.
18 O ímpio serve de resgate pelo justo
e, pelos retos, o iníquo.
19 É melhor morar numa região deserta
do que com mulher briguenta e raivosa.
20 Há um tesouro precioso e opulento na casa do sábio,
mas o imprudente o desperdiça.
21 Quem segue a justiça e a misericórdia
encontrará vida, justiça e glória.
22 O sábio escala a cidade valentemente defendida
e desmantela a força em que ela confiava.
23 Quem guarda a sua boca e sua língua
preserva das angústias sua alma.
24 Soberbo e arrogante, eis o que é o zombador,
aquele que age com raiva e insolência.
25 Os desejos causam a morte do preguiçoso,
pois suas mãos não querem fazer nada:
26 ele passa o dia todo a cobiçar e desejar;
quem é justo, porém, dá e não retém.
27 Os sacrifícios dos ímpios são abomináveis,
tanto mais porque oferecidos criminosamente.
28 A testemunha falsa perecerá;
a que sabe ouvir, vencerá quando falar.
29 O ímpio ostenta uma firmeza aparente;
quem é reto, porém, sabe retificar o seu caminho.
30 Não há sabedoria nem prudência,
nem mesmo conselho, contra o Senhor.
31 Treina-se o cavalo para o dia da batalha,
mas quem dá a vitória é o Senhor.
22 1 Mais vale o bom nome do que mui-tas riquezas;
acima do ouro e da prata, o bom acolhimento.
2 O rico e o pobre se encontram:
a ambos, o Senhor é quem os fez.
3 O esperto vê o mal e se esconde;
os ingênuos vão em frente e sofrem dano.
4 Prêmio da humildade é o temor do Senhor,
a riqueza, a glória e a vida.
5 No caminho do perverso há espinhos e laços;
quem é cauteloso passa longe deles.
6 Ensina o adolescente quanto ao caminho a seguir;
e ele não se desviará, mesmo quando envelhecer.
7 O rico manda nos pobres;
quem toma emprestado torna-se escravo de seu credor.
8 Quem semeia a iniqüidade colherá desgraças
e pela vara dos seus excessos será aniquilado.
9 Quem é generoso será abençoado,
pois repartiu seu pão com o pobre.
10 Expulsa o zombador, e com ele sairá a contenda;
e cessarão as demandas e ofensas.
11 Quem ama a pureza de coração,
pela graça de seus lábios terá o rei por amigo.
12 Os olhos do Senhor guardam o conhecimento,
e por ele são confundidas as palavras do malvado.
13 Diz o preguiçoso: “Um leão está lá fora,
serei morto no meio da rua...”
14 Cova profunda é a boca da estranha:
cai nela aquele contra quem o Senhor está irado.
15 A insensatez está ligada ao coração da criança,
mas a vara da disciplina a porá em fuga.
16 Oprimes o pobre? – Ele aumentará a sua riqueza.
Dás ao rico? – Tu mesmo acabarás pobre.
17 Inclina o ouvido e escuta as palavras dos sábios
e aplica o coração ao meu conhecimento:
18 essas palavras te serão preciosas,
desde que as guardes no teu íntimo
e elas transbordem de teus lábios.
19 Para que no Senhor esteja a tua confiança,
eu as ensino para ti hoje.
20 Acaso não as registrei para ti há três dias,
em pensamentos e conhecimento,
21 para mostrar-te a firmeza das palavras da verdade,
a fim de poderes dar resposta a quem te enviou?
22 Não faças violência ao pobre por ser pobre,
nem oprimas o indigente no tribunal,
23 porque o Senhor assumirá a causa deles
e tirará a vida aos que os roubam.
24 Não sejas amigo de quem é raivoso
e não andes com gente violenta,
25 para não suceder que aprendas as suas manhas
e venhas a causar ruína a ti mesmo.
26 Não te associes com aqueles que se comprometem em negócios
e que ficam por fiadores de dívidas;
27 porque, se não tiveres com que pagar,
não tomariam por isso até a tua cama?
28 Não removas os marcos antigos
que teus antepassados fixaram.
29 Viste alguém perito em seu trabalho?
Poderá apresentar-se perante reis,
em vez de ficar entre gente obscura.
23 1 Quando te assentares a comer com uma autoridade,
olha bem para as coisas que estão diante de ti
2 e mete a faca à garganta,
se és dado à gula:
3 não cobices os seus manjares,
pois é comida enganadora.
4 Não te afadigues para enriquecer
mas, com a tua prudência, acalma-te.
5 Se levantares os olhos para as riquezas,
elas já desapareceram:
pois se cobrem de penas como as águias
e voam pelos ares.
6 Não tomes refeição com o invejoso
nem desejes os seus manjares.
7 Como alguém que já está decidido no seu íntimo,
ele poderá dizer-te: “Come e bebe”,
mas sua mente não está contigo.
8 Vomitarás o bocado que comeste
e desperdiçarás tuas belas palavras.
9 Não fales aos ouvidos dos insensatos,
porque vão desprezar o ensinamento da tua boca.
10 Não toques nos marcos do terreno da viúva
e não invadas o campo dos órfãos:
11 pois seu Vingador é forte
e defenderá a causa deles contra ti.
12 Aplica teu coração ao ensino
e teus ouvidos às palavras que trazem conhecimento.
13 Não retires da criança a correção,
ela não morrerá se a castigares com a vara:
14 pelo contrário, castigando-a com a vara,
assim é que a livrarás da morte.
15 Meu filho, se o teu coração for sábio,
alegrar-se-á contigo também o meu;
16 meu íntimo se alegrará
quando teus lábios falarem o que é reto.
17 Teu coração não inveje os pecadores,
mas persevera no temor do Senhor o dia inteiro:
18 assim tens a descendência garantida,
e a tua esperança não se frustrará.
19 Escuta, filho, torna-te sábio
e guia teu espírito pelo caminho reto.
20 Não te encontres nos banquetes dos beberrões
nem nas comezainas de carne,
21 pois bêbados e comilões se arruinarão,
e a sonolência se cobrirá de trapos.
22 Escuta teu pai, que te gerou
e não desprezes tua mãe envelhecida.
23 Adquire a verdade mas não a vendas;
adquire a sabedoria, a instrução e o entendimento.
24 Alegra-se intensamente o pai do justo:
quem gerou um sábio, nele se alegrará.
25 Alegrem-se teu pai e tua mãe,
regozije-se aquela que te gerou.
26 Dá-me, filho, o teu coração,
e teus olhos guardem os meus caminhos.
27 Pois a prostituta é uma cova profunda
e a mulher estranha, um poço estreito:
28 ela espreita no caminho como um ladrão
e aumenta o número dos iníquos.
29 Para quem os ais? para quem os lamentos?
para quem as rixas? para quem as queixas?
para quem as feridas sem motivo? para
quem as lágrimas nos olhos?
30 – Para os que se demoram no vinho
e andam procurando bebidas fortes.
31 Não te fascines com o vinho quando envermelha,
quando rebrilha no cálice o seu colorido
e entra suavemente para dentro...
32 No fim morderá como cobra
e picará como a víbora.
33 Teus olhos verão coisas estranhas
e teu coração falará perversidades;
34 serás como quem dorme no meio do mar
ou está entorpecido junto ao mastro do navio:
35 “Espancaram-me e não me doeu!
Bateram em mim e não senti!
Quando despertarei para pedir ainda mais?”
24 1 Não tenhas inveja dos malvados
nem desejes estar com eles,
2 pois sua mente planeja roubos
e seus lábios proferem coisas perniciosas.
3 Com a Sabedoria constrói-se a casa
e com a prudência ela se consolida.
4 Com a instrução se enchem os celeiros
de toda sorte de bens, preciosos e belos.
5 Quem é sábio é forte;
a pessoa instruída tem o vigor redobrado.
6 É com estratagemas que se prepara a guerra;
a vitória virá, se for amplo o aconselhamento.
7 É alta demais para o insensato a Sabedoria:
ele não abrirá a boca no tribunal.
8 Quem só planeja fazer o mal
será considerado pernicioso.
9 O insensato só pensa no pecado;
o zombador é abominado por todos.
10 Se te mostras fraco no dia da angústia,
a força que te resta ainda diminuirá.
11 Livra os que são conduzidos à morte;
salva os que estão sendo arrastados à perdição.
12 Se disseres: “Não sabíamos!”,
porventura não o percebe
Aquele que pondera os corações?
Pois nada escapa a Quem salva a tua vida
e que vai retribuir a cada um segundo suas obras.
13 Saboreia o mel, meu filho, porque é bom
e o favo de mel, gostoso ao paladar:
14 fica sabendo que assim é a Sabedoria para ti
e que, se a encontrares, deixarás descendência
e a tua esperança não falhará.
15 Não armes cilada, ó perverso, à casa do justo
e não perturbes o seu repouso.
16 Sete vezes cai o justo, mas se levanta;
os ímpios, porém, precipitam-se no mal.
17 Quando cair teu inimigo não te alegres,
e não se regozije teu coração com a sua queda:
18 pois o Senhor poderia ver e ficar irritado,
e acabaria desviando do ímpio a sua ira.
19 Não te acendas em ira contra os malvados
nem invejes os ímpios,
20 pois o perverso não deixará descendência
e a lâmpada dos ímpios se extinguirá.
21 Teme o Senhor, meu filho, e teme o rei,
e não te mistures com os novidadeiros:
22 pois de repente virá a sua perdição,
e quem vai distinguir entre a tua ruína e a deles?
23 Também isto é dos sábios:
Não é bom ser parcial no julgamento.
24 Quem diz ao ímpio: “Tu és justo!”,
as pessoas o maldirão e a nação o detestará.
25 Mas os que o reprimem serão louvados
e sobre eles virá a bênção da felicidade.
26 Dá um beijo nos lábios
quem responde com retidão.
27 Cuida da tua tarefa lá fora
e com diligência realiza-a no campo,
para depois edificares tua casa.
28 Não sejas testemunha sem motivo contra teu próximo,
e a ninguém enganes com tuas palavras.
29 Não digas: “Como ele me fez, vou fazer eu a ele;
pagarei a cada um com a mesma moeda!”
“Passei pelo campo do preguiçoso”
30 Passei pelo campo do preguiçoso
e pela vinha do insensato:
31 e o que vi foram as urtigas enchendo tudo,
os espinhos cobrindo o terreno
e o muro de pedra, destruído.
32 Diante disso, considerei no coração,
vi, e aprendi a instrução:
33 “Dormir um pouco, outro tanto cochilar,
só um pouquinho cruzar as mãos para descansar,
34 0e a miséria virá sobre ti como que correndo
e a mendicância, como um assaltante”.
25 1 [Também estes são provérbios de Sa-lomão, recolhidos pelos escribas de Ezequias, rei de Judá.]
2 É glória de Deus velar as coisas,
e é glória dos reis investigá-las.
3 O céu por causa da altura e a terra, na sua profundidade,
assim o coração dos reis é inescrutável.
4 Tira as escórias da prata
e sairá um vaso para o ourives;
5 retira o ímpio da presença do rei
e seu trono se firmará na justiça.
6 Não te mostres enfatuado diante do rei
nem te ponhas no lugar dos grandes.
7 É melhor que te digam: “Sobe para aqui!”,
do que seres humilhado diante do príncipe.
8 Aquilo que teus olhos viram
8não o declares logo no processo.
Pois, o que hás de fazer depois,
quando teu companheiro te difamar?
9 Resolve a tua causa com o amigo
e não reveles segredo de estranho,
10 para que este não venha a insultar-te, quando o ouvir,
e a tua injúria não puder ser desfeita.
11 Maçãs de ouro em bandejas de prata,
assim é a palavra oportuna.
12 Brinco de ouro e pérola brilhante,
assim é a censura do sábio a um ouvido atento.
13 Como o frescor da neve em dia de ceifa,
assim é o mensageiro fiel, para quem o envia:
ele renova a sua vida.
14 Nuvens e vento, e chuvas que não vêm,
tal é aquele que se gloria, mas não cumpre as promessas.
15 Pela paciência abranda-se o príncipe,
como a língua suave quebra os ossos.
16 Encontraste mel? Come o que te basta,
para que, saturado, não venhas a vomitá-lo!
17 Afasta o pé da casa do teu vizinho,
para que, saturado de ti, não venha a detestar-te.
18 Martelo, espada e flecha aguda,
assim é quem levanta falso testemunho contra o próximo.
19 Dente cariado e pé vacilante,
assim é, no dia da angústia, a esperança no traidor.
20 Como quem despoja do manto em dia de frio, ou como o vinagre na soda,
assim é quem se põe a cantar diante de um coração aflito.
21 Se teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer;
se tem sede, dá-lhe de beber:
22 assim amontoarás brasas sobre a sua cabeça,
e o Senhor te retribuirá.
23 Como o vento norte traz chuvas,
assim a língua ferina produz tristeza.
24 É melhor morar a um canto do sótão
do que, com mulher briguenta, na mesma casa.
25 Água fresca para quem tem sede,
assim é a boa notícia que vem de longe.
26 Fonte turvada com o pé e manancial poluído,
tal é o justo que cai diante do ímpio.
27 Comer mel demais não é bom,
como a procura exagerada da glória não é glória.
28 Cidade destruída e sem muralha,
tal é aquele que não se controla a si mesmo.
Provérbios (CNB) 14