
Marco (CNB) 8
8 1 Naqueles dias, novamente se juntou uma grande multidão e não tinham o que comer. Jesus, então, chamou os discípulos e disse: 2 “Sinto compaixão desta multidão! Já faz três dias que estão comigo e não têm o que comer. 3 Se eu os mandar embora sem comerem, vão desfalecer pelo caminho; e alguns vieram de longe”. 4 Os discípulos responderam: “De onde conseguir, aqui em lugar deserto, pão para saciar tanta gente?” 5 Ele perguntou-lhes: “Quantos pães tendes?” Eles responderam: “Sete”. 6 Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois, pegou os sete pães, deu graças, partiu-os e deu aos discípulos para que os distribuíssem. E distribuíram à multidão. 7 Tinham também alguns peixinhos. Jesus os abençoou e mandou distribuí-los. 8 Comeram e ficaram saciados, e ainda recolheram sete cestos com os pedaços que sobraram. 9 Eram umas quatro mil. Então ele os despediu.
10 Logo em seguida, Jesus entrou no barco com seus discípulos e foi para a região de Dalmanuta. 11 Os fariseus vieram e começaram a discutir com ele. Para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal do céu. 12 Jesus deu um suspiro profundo e disse: “Por que esta geração pede um sinal? Em verdade vos digo: nenhum sinal será dado a esta geração!”. 13 E, deixando-os, entrou de novo no barco e foi para a outra margem.
14 Os discípulos se esqueceram de levar pães; tinham apenas um pão consigo no barco. 15 Jesus os advertia, dizendo: “Atenção! Cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes”. 16 Os discípulos começaram então a discutir entre si, porque não tinham pães. 17 Percebendo, Jesus perguntou-lhes: “Por que discutis sobre o fato de não terdes pães? Ainda não entendeis, nem compreendeis? Vosso coração continua endurecido? 18 Tendo olhos, não enxergais,?e tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais? 19 Quando reparti cinco pães para cinco mil pessoas, quantos cestos recolhestes, cheios de pedaços?” – “Doze”, responderam eles. 20 “E quando reparti sete pães com quatro mil pessoas, quantos cestos recolhestes, cheios de pedaços?” – “Sete”, responderam. 21 Jesus então lhes disse: “E ainda não entendeis?”
22 Chegaram a Betsaida. Trouxeram-lhe um cego e pediram que tocasse nele. 23 Tomando o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, impôs-lhe as mãos e perguntou: “Estás vendo alguma coisa?” 24 Erguendo os olhos, o homem disse: “Estou vendo as pessoas como se fossem árvores andando”. 25 Jesus impôs de novo as mãos sobre os seus olhos, e ele começou a enxergar perfeitamente. Ficou curado e era capaz de ver tudo claramente. 26 Jesus despediu-o e disse-lhe: “Não entres no povoado”.

27 Jesus e seus discípulos partiram para os povoados de Cesaréia de Filipe. No caminho, ele perguntou aos discípulos: “Quem dizem as pessoas que eu sou?” 28 Eles responderam: “\Uns dizem João Batista; outros, Elias; outros ainda, um dos profetas”. 29 Jesus, então, perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Cristo”. 30 E Jesus os advertiu para que não contassem isso a ninguém.
31 E começou a ensinar-lhes que era necessário o Filho do Homem sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, ser morto e, depois de três dias, ressuscitar. 32 Falava isso abertamente. Então, Pedro, chamando-o de lado, começou a censurá-lo. 33 Jesus, porém, voltou-se e, vendo os seus discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: “Vai para trás de mim, satanás! Pois não tens em mente as coisas de Deus, e sim, as dos homens”!
34 Chamou, então, a multidão, juntamente com os discípulos, e disse-lhes: “Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me! 35 Pois quem quiser salvar sua vida a perderá; mas quem perder sua vida por causa de mim e do Evangelho, a salvará. 36 De fato, que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida? 37 E que poderia alguém dar em troca da própria vida? 38 Se alguém se envergonhar de mim e de minhas palavras diante desta geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai, com seus santos anjos”.
9 1 E disse-lhes: “Em verdade vos digo: alguns dos que estão aqui não provarão a morte, sem antes terem visto o Reino de Deus chegar com poder”.
2 Seis dias depois, Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João e os fez subir a um lugar retirado, no alto de uma montanha, a sós. Lá, ele foi transfigurado diante deles. 3 Sua roupa ficou muito brilhante, tão branca como nenhuma lavadeira na terra conseguiria torná-la assim. 4 Apareceram-lhes Elias e Moisés, conversando com Jesus. 5 Pedro então tomou a palavra e disse a Jesus: “Rabi, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6 Na realidade, não sabia o que devia falar, pois eles estavam tomados de medo. 7 Desceu, então, uma nuvem, cobrindo-os com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai-o!” 8 E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém: só Jesus estava com eles.
9 Ao descerem da montanha, Jesus ordenou-lhes que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse dos mortos. 10 Eles ficaram pensando nesta palavra e discutiam entre si o que significaria esse “ressuscitar dos mortos”.
11 Perguntaram a Jesus: “Por que os escribas dizem que primeiro deve vir Elias?” 12 Ele respondeu: “Sim, Elias vem primeiro, para pôr tudo em ordem. No entanto, como está escrito a respeito do Filho do Homem que ele deve sofrer muito e ser desprezado? 13 E eu vos digo mais: também Elias veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, exatamente como está escrito a seu respeito”.
14 Quando voltaram para junto dos discípulos, encontraram-nos rodeados por uma grande multidão, e os escribas discutiam com eles. 15 Logo que a multidão viu Jesus, ficou admirada e correu para saudá-lo. 16 Jesus perguntou: “Que estais discutindo?” 17 Alguém da multidão respondeu-lhe: “Mestre, eu trouxe a ti o meu filho que tem um espírito mudo. 18 Cada vez que o espírito o agride, joga-o no chão, e ele começa a espumar, range os dentes e fica completamente duro. Eu pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas eles não conseguiram”. 19 Jesus lhes respondeu: “Ó geração sem fé! Até quando vou ficar convosco? Até quando vou suportar-vos? Trazei-me o menino!” 20 Levaram-no. Quando o espírito viu Jesus, sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e rolava espumando. 21 Jesus perguntou ao pai: “Desde quando lhe acontece isso?” O pai respondeu: “Desde criança. 22 Muitas vezes, o espírito já o lançou no fogo e na água, para matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem compaixão e ajuda-nos”. 23 Jesus disse: “Se podes...? Tudo é possível para quem crê”. 24 Imediatamente, o pai do menino exclamou: “Eu creio, mas ajuda-me na minha falta de fé”. 25 Vendo Jesus que a multidão se ajuntava ao seu redor, repreendeu o espírito impuro: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: sai do menino e nunca mais entres nele”. 26 O espírito saiu, gritando e sacudindo violentamente o menino. Este ficou como morto, tanto que muitos diziam: “Morreu”! 27 Mas Jesus o tomou pela mão e o levantou; e ele ficou de pé.
28 Depois que Jesus voltou para casa, os discípulos lhe perguntaram, em particular: “Por que nós não conseguimos expulsá-lo?” 29 Ele respondeu: “Essa espécie só pode ser expulsa pela oração”.
30 Partindo dali, Jesus e seus discípulos atravessavam a Galiléia, mas ele não queria que ninguém o soubesse. 31 Ele ensinava seus discípulos e dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens, e eles o matarão. Morto, porém, três dias depois ressuscitará”. 32 Mas eles não compreendiam o que lhes dizia e tinham medo de perguntar.
33 Chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “Que discutíeis pelo caminho?” 34 Eles, no entanto, ficaram calados, porque pelo caminho tinham discutido quem era o maior. 35 Jesus sentou-se, chamou os Doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos, aquele que serve a todos!” 36 Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse: 37 “Quem acolhe em meu nome uma destas crianças, a mim acolhe. E quem me acolhe, acolhe, não a mim, mas Àquele que me enviou”.
38 João disse a Jesus: “Mestre, vimos alguém expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não andava conosco”. 39 Jesus, porém, disse: “Não o proibais, pois ninguém que faz milagres em meu nome poderá logo depois falar mal de mim. 40 Quem não é contra nós, está a nosso favor. 41 Quem vos der um copo de água para beber porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa.
42 “E quem provocar a queda um só destes pequenos que crêem em mim, melhor seria que lhe amarrassem uma grande pedra de moinho ao pescoço e o lançassem no mar. 43 Se tua mão te leva à queda, corta-a! É melhor entrares na vida tendo só uma das mãos do que, tendo as duas, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. [44 ] 45 Se teu pé te leva à queda, corta-o! É melhor entrar na vida tendo só um dos pés do que, tendo os dois, ser lançado ao inferno. [46 ] 47 Se teu olho te leva à queda, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus tendo um olho só do que, tendo os dois, ir para o inferno, 48 onde o verme deles não morre e o fogo nunca se apaga.
49 Todos serão salgados pelo fogo. 50 O sal é uma coisa boa; mas se o sal perder o sabor, como devolver-lhe o sabor? Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros”.
10 1 Jesus se pôs a caminho e foi dali para a região da Judéia, pelo outro lado do rio Jordão. As multidões mais uma vez se ajuntaram ao seu redor, e ele, como de costume, as ensinava.
2 Aproximaram-se então alguns fariseus e, para experimentá-lo, perguntaram se era permitido ao homem despedir sua mulher. 3 Jesus perguntou: “Qual é o preceito de Moisés a respeito?” 4 Os fariseus responderam: “Moisés permitiu escrever um atestado de divórcio e despedi-la”. 5 Jesus então disse: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés escreveu este preceito. 6 No entanto, desde o princípio da criação Deus os fez homem e mulher. 7 Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, 8 e os dois formarão uma só carne; assim, já não são dois, mas uma só carne. 9 Portanto, o que Deus uniu o homem não separe!”
10 Em casa, os discípulos fizeram mais perguntas sobre o assunto. 11 Jesus respondeu: “Quem despede sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. 12 E se uma mulher despede seu marido e se casa com outro, comete adultério também”.
13 Algumas pessoas traziam crianças para que Jesus as tocasse. Os discípulos, porém, as repreenderam. 14 Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: “Deixai as crianças virem a mim. Não as impeçais, porque a pessoas assim é que pertence o Reino de Deus. 15 Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele!” 16 E abraçava as crianças e, impondo as mãos sobre elas, as abençoava.
17 Jesus saiu caminhando, quando veio alguém correndo, caiu de joelhos diante dele e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?” 18 Disse Jesus: “Por que me chamas de bom? Só Deus é bom, e mais ninguém. 19 Conheces os mandamentos: não cometerás homicídio, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, não prejudicarás ninguém, honra teu pai e tua mãe!” 20 Ele então respondeu: “Mestre, tudo isso eu tenho observado desde a minha juventude”. 21 Jesus, fitando-o, com amor, lhe disse: “Só te falta uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. 22 Ao ouvir isso, ele ficou pesaroso por causa desta palavra e foi embora cheio de tristeza, pois possuía muitos bens.
23 Olhando em volta, Jesus disse aos seus discípulos: “Como é difícil, para os que possuem riquezas, entrar no Reino de Deus”. 24 Os discípulos ficaram espantados com estas palavras. E Jesus tornou a falar: “Filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25 É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!” 26 Eles ficaram mais admirados e diziam uns aos outros: “Quem então poderá salvar-se?” 27 Olhando bem para eles, Jesus lhes disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível!”
28 Pedro começou a dizer-lhe: “Olha, nós deixamos tudo e te seguimos”. 29 Jesus respondeu: “Em verdade vos digo: todo aquele que deixa casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos e campos, por causa de mim e do evangelho, 30 recebe cem vezes mais agora, durante esta vida – casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições –, e no mundo futuro, vida eterna. 31 Muitos, porém, que são primeiros, serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros”.
32 Estavam a caminho, subindo para Jerusalém. Jesus ia à frente, e eles, assombrados, seguiam com medo. Jesus, outra vez, chamou os doze de lado e começou a dizer-lhes o que estava para acontecer com ele: 33 “Estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos sumos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos. 34 Vão zombar dele, cuspir nele, açoitá-lo e matá-lo, mas três dias depois, ele ressuscitará”.
35 Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que te vamos pedir”. 36 Ele perguntou: “Que quereis que eu vos faça?” 37 Responderam: “Permite que nos sentemos, na tua glória, um à tua direita e o outro à tua esquerda!” 38 Jesus lhes disse: “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber? Ou ser batizados com o batismo com que eu vou ser batizado?” 39 Responderam: “Podemos”. Jesus então lhes disse: “Sim, do cálice que eu vou beber, bebereis, com o batismo com que eu vou ser batizado, sereis batizados. 40 Mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não depende de mim; é para aqueles para quem foi preparado”.
41 Quando os outros dez ouviram isso, ficaram zangados com Tiago e João. 42 Jesus então os chamou e disse: “Sabeis que os que são considerados chefes das nações as dominam, e os seus grandes fazem sentir seu poder. 43 Entre vós não deve ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, 44 e quem quiser ser o primeiro entre vós seja o escravo de todos. 45 Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”.
46 Chegaram a Jericó. Quando Jesus estava saindo da cidade, acompanhavam-no os discípulos e uma grande multidão. O mendigo cego, Bartimeu, filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho. 47 Ouvindo que era Jesus Nazareno, começou a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim”. 48 Muitos o repreendiam para que se calasse. Mas ele gritava ainda mais alto: “Filho de Davi, tem compaixão de mim”. 49 Jesus parou e disse: “Chamai-o!” Eles o chamaram, dizendo: “Coragem, levanta-te! Ele te chama!” 50 O cego jogou o manto fora, deu um pulo e se aproximou de Jesus. 51 Este lhe perguntou: “Que queres que eu te faça?” O cego respondeu: “Rabûni, que eu veja”. 52 Jesus disse: “Vai, tua fé te salvou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e foi seguindo Jesus pelo caminho.
11 1 Jesus e os discípulos aproximaram-se de Jerusalém. Estavam perto de Betfagé e de Betânia, junto ao Monte das Oliveiras. Jesus enviou dois dos discípulos 2 e disse-lhes: “Ide até o povoado ali na frente, e logo na entrada encontrareis, amarrado, um jumentinho no qual ninguém ainda montou. Desamarrai-o e trazei-o. 3 E se alguém vos perguntar por que fazeis isso, respondei: ‘O Senhor precisa dele, mas logo o mandará de volta’”. 4 Eles foram e encontraram um jumentinho amarrado a um portão, fora, na rua, e o desamarraram. 5 Alguns dos que estavam ali disseram: “Que estais fazendo, desamarrando o jumentinho?” 6 Os discípulos responderam conforme Jesus tinha mandado, e eles permitiram. 7 Trouxeram então o jumentinho até Jesus, puseram seus mantos em cima, e Jesus montou. 8 Muitos estenderam seus mantos no caminho, enquanto outros espalharam ramos apanhados no campo. 9 Os que iam à frente e os que vinham atrás clamavam: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! 10 Bendito seja o Reino que vem, o Reino de nosso Pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!”
11 Jesus entrou em Jerusalém e foi ao templo. Lá observou todas as coisas. Mas, como já era tarde, ele e os Doze foram para Betânia. 12 No dia seguinte, ao saírem de Betânia, Jesus sentiu fome. 13 Avistando de longe uma figueira coberta de folhas, foi lá ver se encontrava algum fruto. Chegando perto, só encontrou folhas, pois não era tempo de figos. 14 Então reagiu dizendo à figueira: “Nunca mais ninguém coma do teu fruto”. Os discípulos ouviram isso.
15 Foram então a Jerusalém. Entrando no templo, Jesus começou a expulsar os que ali estavam vendendo e comprando. Derrubou as mesas dos que trocavam moedas e as bancas dos vendedores de pombas. 16 Também não permitia que se carregassem objetos passando pelo templo. 17 Pôs-se a ensinar e dizia-lhes: “Não está escrito que a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos? Vós, porém, fizestes dela um antro de ladrões”.
18 Os sumos sacerdotes e os escribas ouviram isso e procuravam um modo de matá-lo. Mas tinham medo de Jesus, pois a multidão estava maravilhada com o ensinamento dele. 19 E quando anoiteceu, Jesus e os discípulos foram saindo da cidade.
20 De manhã cedo, ao passarem, verificaram que a figueira tinha secado desde a raiz. 21 Pedro lembrou-se e disse: “Rabi, olha, a figueira que amaldiçoaste secou”. 22 Jesus lhes observou: “Tende fé em Deus. 23 Em verdade, vos digo: se alguém disser a esta montanha: ‘Arranca-te e joga-te no mar’, sem duvidar no coração, mas acreditando que vai acontecer, então acontecerá. 24 Por isso, vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crede que já o recebestes, e vos será concedido. 25 E, quando estiverdes de pé para a oração, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai que está nos céus também perdoe os vossos pecados”. [26 ]
27 Jesus e os discípulos foram outra vez a Jerusalém. Enquanto andava pelo templo, os sumos sacerdotes, os escribas e os anciãos se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: 28 “Com que autoridade fazes essas coisas? Quem te deu autoridade para fazer isso?” 29 Jesus disse: “Vou fazer-vos uma só pergunta. Respondei-me, que eu vos direi com que autoridade faço isso. 30 O batismo de João era do céu ou dos homens? Respondei-me!” 31 Eles discutiam entre si: “Se respondermos: ‘Do céu’, ele dirá: ‘Por que não acreditastes em João?’ 32 Vamos então responder: ‘Dos homens’?...” – Eles tinham medo do povo, já que todos diziam que João era realmente um profeta. 33 Responderam então a Jesus: “Não sabemos”. E Jesus retrucou-lhes: “Pois eu também não vos digo com que autoridade faço essas coisas!”
12 1 Jesus começou a falar-lhes em pará-bolas: “Um homem plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, cavou um lagar para pisar as uvas e construiu uma torre de guarda. Ele a alugou a uns agricultores e viajou para longe. 2 Depois mandou um servo para receber dos agricultores a sua parte dos frutos da vinha. 3 Mas os agricultores o agarraram, bateram nele e o mandaram de volta sem nada. 4 O proprietário mandou novamente outro servo. Este foi espancado na cabeça e ainda o insultaram. 5 Mandou ainda um outro, e a esse mataram. E assim diversos outros: em uns bateram e a outros mataram. 6 Agora restava ainda alguém: o filho amado. Por último, então, enviou o filho aos agricultores, pensando: ‘A meu filho respeitarão’. 7 Mas aqueles agricultores disseram uns aos outros: ‘Este é o herdeiro. Vamos matá-lo, e a herança será nossa’. 8 Agarraram o filho, mataram e o lançaram fora da vinha. 9 Que fará o dono da vinha? Ele virá e fará perecer os agricultores, e entregará a vinha a outros. 10 Acaso não lestes na Escritura:
‘A pedra que os construtores rejeitaram, esta é que se tornou a pedra angular. 11 Isto foi feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos’?”
12 Eles procuravam prender Jesus, pois entenderam que tinha contado a parábola com referência a eles. Mas ficaram com medo da multidão; por isso, deixaram Jesus e foram embora.
13 Então, mandaram alguns fariseus e partidários de Herodes, para apanhar Jesus em alguma palavra. 14 Logo que chegaram, disseram-lhe: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e não te deixas influenciar por ninguém. Tu não olhas a aparência das pessoas, mas ensinas segundo a verdade o caminho de Deus. Dize-nos: é permitido ou não pagar imposto a César? Devemos dá-lo ou não?” 15 Ele percebeu-lhes o fingimento e respondeu: “Por que me armais uma armadilha? Trazei-me a moeda do imposto para eu ver”. 16 Trouxeram-lhe uma moeda. Ele perguntou: “De quem é esta figura e a inscrição?”. Responderam: “De César”. 17 Então, Jesus disse: “Devolvei, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus”. E estavam extremamente admirados a respeito dele.
18 Uns saduceus, os quais dizem não existir ressurreição, aproximaram-se de Jesus e lhe perguntaram: 19 “Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se alguém tiver um irmão e este morrer, deixando a mulher sem filhos, ele deve casar-se com a mulher para dar descendência ao irmão’. 20 Havia sete irmãos. O mais velho casou-se com uma mulher e morreu sem deixar descendência. 21 O segundo, então, casou-se com ela e igualmente morreu sem deixar descendência. A mesma coisa aconteceu com o terceiro. 22 E nenhum dos sete irmãos deixou descendência. Depois de todos, morreu também a mulher. 23 Na ressurreição, quando ressuscitarem, ela será a esposa de qual deles? Pois os sete a tiveram por esposa?” 24 Jesus respondeu: “Acaso não estais errados, porque não compreendeis as Escrituras, nem o poder de Deus? 25 Quando ressuscitarem dos mortos, os homens e as mulheres não se casarão; serão como anjos no céu. 26 Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes, no livro de Moisés, na passagem da sarça ardente, como Deus lhe falou: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó!’ 27 Ele é Deus não de mortos, mas de vivos! Estais muito errados”.
28 Um dos escribas, que tinha ouvido a discussão, percebeu que Jesus dera uma boa resposta. Então aproximou-se dele e perguntou: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” 29 Jesus respondeu: “O primeiro é este: ‘Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é um só. 30 Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força!’ 31 E o segundo mandamento é: ‘Amarás teu próximo como a ti mesmo’! Não existe outro mandamento maior do que estes.” 32 O escriba disse a Jesus: “Muito bem, Mestre! Na verdade, é como disseste: ‘Ele é o único,e não existe outro além dele’. 33 Amar a Deus de todo o coração, com toda a mente e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo, isto supera todos os holocaustos e sacrifícios”. 34 Percebendo Jesus que o escriba tinha respondido com inteligência, disse-lhe: “Tu não estás longe do Reino de Deus”. E ninguém mais tinha coragem de fazer-lhe perguntas.
35 Então Jesus tomou a palavra e ensinava, no templo: “Por que os escribas dizem que o Cristo é filho de Davi? 36 O próprio Davi, movido pelo Espírito Santo, falou:
‘Disse o Senhor ao meu senhor: Senta-te à minha direita, até que eu ponha teus inimigos debaixo dos teus pés’.
37 Se o próprio Davi o chama de ‘senhor’, como então ele pode ser seu filho?” E a grande multidão o escutava com prazer.
38 Ao ensinar, Jesus dizia: “Cuidado com os escribas! Eles fazem questão de andar com amplas túnicas e de serem cumprimentados nas praças, 39 gostam dos primeiros assentos na sinagoga e dos lugares de honra nos banquetes. 40 Mas devoram as casas das viúvas, enquanto ostentam longas orações. Por isso, serão julgados com mais rigor.
41 Jesus estava sentado em frente do cofre das ofertas e observava como a multidão punha dinheiro no cofre. Muitos ricos depositavam muito. 42 Chegou então uma pobre viúva e deu duas moedinhas. 43 Jesus chamou os discípulos e disse: “Em verdade vos digo: esta viúva pobre deu mais do que todos os outros que depositaram no cofre. 44 Pois todos eles deram do que tinham de sobra, ao passo que ela, da sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha para viver”.
13 1 Enquanto Jesus estava saindo do templo, um dos discípulos lhe falou: “Mestre, olha que pedras, que construções!” 2 Jesus lhes respondeu: “Estás vendo estas grandes construções? Não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído!”
3 E quando ele se sentou no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe, em particular: 4 “Conta-nos quando será, e qual o sinal de que isso estará para se consumar?” 5 Jesus, então, começou a dizer-lhes: “Cuidado para que ninguém vos engane! 6 Muitos virão usando o meu nome e dizendo: ‘Sou eu’; e enganarão muita gente. 7 Quando ouvirdes falar de batalhas e notícias de guerras, não fiqueis alarmados: é preciso que essas coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. 8 De fato, há de se levantar nação contra nação e reino contra reino. Haverá terremotos em vários lugares, e muita fome. Isso é o começo das dores.
9 “Cuidado quanto a vós mesmos! Sereis entregues aos tribunais e castigados nas sinagogas; comparecereis diante de governadores e reis, por minha causa, de modo que dareis testemunho diante deles. 10 Primeiro é necessário que a Boa Nova seja anunciada a todas as nações. 11 Quando vos levarem para vos entregar, não vos preocupeis com o que falar. Falai o que vos for dado naquela hora, pois não sereis vós que falareis, mas o Espírito Santo.
12 O irmão entregará o irmão à morte; o pai entregará o filho; os filhos ficarão contra os pais e os matarão. 13 Por causa de meu nome sereis odiados por todos. Mas quem perseverar até o fim será salvo.
14 “Quando virdes a abominação desoladora instalada onde não deve – o leitor entenda! –, os que estiverem na Judéia fujam para as montanhas. 15 Quem estiver no terraço não desça, nem entre em casa para pegar coisa alguma; 16 e quem estiver no campo não volte atrás para pegar o manto. 17 Ai das mulheres grávidas e das que estiverem amamentando, naqueles dias. 18 Orai para que não aconteça no inverno. 19 Pois aqueles dias serão de tanta aflição como nunca houve, desde o início do mundo que Deus criou até agora, e nunca mais haverá. 20 E se o Senhor não encurtasse aqueles dias, ninguém escaparia; mas por causa dos seus eleitos, encurtou aqueles dias. 21 Se então alguém vos disser: ‘O Cristo está aqui’ ou ‘Ele está ali’, não acrediteis. 22 De fato, surgirão falsos cristos e falsos profetas, que farão sinais e prodígios capazes de enganar, se possível, até os eleitos. 23 Cuidado, pois! Eu vos preveni de tudo.
24 “Mas, naqueles dias, depois daquela aflição, o sol ficará escuro e a lua perderá sua claridade, 25 as estrelas estarão caindo do céu e as potências celestes serão abaladas. 26 Então verão o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória. 27 Ele enviará os anjos para reunir os seus eleitos dos quatro cantos da terra, da extremidade da terra à extremidade do céu.
28 “Aprendei da figueira a lição: quando seus ramos vicejam e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. 29 Vós, do mesmo modo, quando virdes acontecer estas coisas, ficai sabendo que está próximo, às portas. 30 Em verdade vos digo: esta geração não passará até que tudo isso aconteça. 31 O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão. 32 Ora, quanto àquele dia ou hora, ninguém tem conhecimento, nem os anjos do céu, nem mesmo o Filho. Só o Pai.
33 “Cuidado! Ficai atentos, pois não sabeis quando chegará o momento. 34 É como um homem que, ao viajar, deixou sua casa e confiou a responsabilidade a seus servos, a cada um sua tarefa, mandando que o porteiro ficasse vigiando. 35 Vigiai, portanto, pois não sabeis quando o senhor da casa volta: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. 36 Não aconteça que, vindo de repente, vos encontre dormindo. 37 O que vos digo, digo a todos: vigiai!”
14 1 Faltavam dois dias para a Páscoa e a festa dos Pães sem Fermento. Os sumos sacerdotes e os escribas procuravam um modo de prender Jesus e matá-lo à traição, 2 pois diziam: “Não na festa, para que não haja tumulto entre o povo”.
3 Quando Jesus estava sentado à mesa, em Betânia, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher com um frasco de alabastro cheio de perfume de nardo puro, muito caro. Ela o quebrou e derramou o conteúdo na cabeça de Jesus. 4 Alguns que lá estavam ficaram irritados e comentavam: “Para que este desperdício de perfume? 5 Este perfume poderia ter sido vendido por trezentos denários para dar aos pobres.” E se puseram a censurá-la. 6 Jesus, porém, lhes disse: “Deixai-a em paz! Por que a incomodais? Ela praticou uma boa ação para comigo. 7 Os pobres sempre tendes convosco e podeis fazer-lhes o bem quando quiserdes. Mas a mim não tereis sempre. 8 Ela fez o que estava a seu alcance. Com antecedência, embalsamou o meu corpo para a sepultura. 9 Em verdade vos digo: onde for anunciado o Evangelho, no mundo inteiro, será mencionado também, em sua memória, o que ela fez”.
10 Judas Iscariotes, um dos Doze, foi procurar os sumos sacerdotes para lhes entregar Jesus. 11 Ouvindo isso, eles ficaram contentes e prometeram dar-lhe dinheiro. Judas, então, procurava uma oportunidade para entregá-lo.
12 No primeiro dia dos Pães sem Fermento, quando se sacrificava o cordeiro pascal, os discípulos perguntaram a Jesus: “Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?” 13 Jesus enviou então dois dos seus discípulos, dizendo-lhes: “Ide à cidade. Um homem carregando uma bilha de água virá ao vosso encontro. Segui-o 14 e dizei ao dono da casa em que ele entrar: ‘O Mestre manda perguntar: Onde está a sala em que posso comer a ceia pascal com os meus discípulos?’ 15 Ele, então, vos mostrará, no andar de cima, uma grande sala, arrumada. Lá fareis os preparativos para nós!” 16 Os discípulos saíram e foram à cidade. Encontraram tudo como ele tinha dito e prepararam a ceia pascal.
17 Ao anoitecer, Jesus foi para lá com os Doze. 18 Enquanto estavam à mesa comendo, Jesus disse: “Em verdade vos digo, um de vós vai me entregar, aquele que come comigo”. 19 Eles ficaram tristes e, um após o outro, começaram a perguntar: “Acaso, serei eu?” 20 Jesus lhes disse: “É um dos doze, aquele que se serve comigo do prato”. 21 O Filho do Homem se vai, conforme está escrito a seu respeito. Ai, porém, daquele por quem o Filho do Homem é entregue. Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido!”
22 Enquanto estavam comendo, Jesus tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e lhes deu, dizendo: “Tomai, isto é o meu corpo”. 23 Depois, pegou o cálice, deu graças, passou-o a eles, e todos beberam. 24 E disse-lhes: “Este é o meu sangue da nova Aliança, que é derramado por muitos. 25 Em verdade, não beberei mais do fruto da videira até o dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus”.
26 Depois de cantarem o salmo, saíram para o Monte das Oliveiras 27 Jesus disse aos discípulos: “Todos vós vos escandalizareis, pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão”. 28 Mas, depois que eu ressuscitar, irei à vossa frente para a Galiléia”. 29 Pedro, então, disse: “Mesmo que todos se escandalizem, eu não.” 30 Respondeu-lhe Jesus: “Em verdade te digo, hoje mesmo, esta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás”. 31 Pedro voltou a insistir: “Ainda que eu tenha de morrer contigo, não te negarei”. E todos diziam a mesma coisa.
32 Chegaram a uma propriedade chamada Getsêmani. Jesus disse aos discípulos: “Sentai-vos aqui, enquanto eu vou orar”. 33 Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a sentir pavor e angústia. 34 Jesus, então, lhes disse: “Sinto uma tristeza mortal! Ficai aqui e vigiai”!
35 Jesus foi um pouco mais adiante, caiu por terra e orava para que aquela hora, se fosse possível, passasse dele. 36 Ele dizia: “Abbá! Pai! tudo é possível para ti. Afasta de mim este cálice! Mas seja feito não o que eu quero, porém o que tu queres”. 37 Quando voltou, encontrou os discípulos dormindo. Então disse a Pedro: “Simão, estás dormindo? Não foste capaz de ficar vigiando uma só hora? 38 Vigiai e orai, para não cairdes em tentação! O espírito está pronto, mas a carne é fraca”. 39 Jesus afastou-se outra vez e orou, repetindo as mesmas palavras. 40 Voltou novamente e encontrou-os dormindo, pois seus olhos estavam pesados de sono. E eles não sabiam o que responder. 41 Ao voltar pela terceira vez, ele lhes disse: “Ainda dormis e descansais? Basta! Chegou a hora! Vede, o Filho do Homem está sendo entregue às mãos dos pecadores. 42 Levantai-vos! Vamos! Aquele que vai me entregar está chegando”.
43 Jesus ainda falava, quando chegou Judas, um dos Doze, acompanhado de uma multidão com espadas e paus; eles vinham da parte dos sumos sacerdotes, escribas e anciãos. 44 O traidor tinha combinado com eles um sinal: “É aquele que eu vou beijar. Prendei-o e levai-o com cautela!” 45 Chegando, Judas logo se aproximou e disse: “Rabi!” E beijou-o. 46 Então, eles lançaram as mãos em Jesus e o prenderam. 47 Um dos presentes puxou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a ponta da orelha. 48 Tomando a palavra, Jesus disse: “Viestes com espadas e paus para me prender, como se eu fosse um bandido? 49 Todos os dias eu estava convosco, no templo, ensinando, e não me prendestes. Mas, isto acontece para que se cumpram as Escrituras”. 50 Então, abandonando-o, todos os discípulos fugiram. 51 Um jovem o seguia coberto só de um lençol. Eles o pegaram, 52 mas ele largou o lençol e fugiu nu.
53 Levaram Jesus ao sumo sacerdote, e reuniram-se todos os sumos sacerdotes, os anciãos e os escribas. 54 Pedro tinha seguido Jesus de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote. Sentado com os guardas, aquecia-se perto do fogo. 55 Os sumos sacerdotes e o sinédrio inteiro procuravam um testemunho contra Jesus para condená-lo à morte, mas não encontravam. 56 Muitos testemunhavam contra ele falsamente, mas os depoimentos não concordavam entre si. 57 Alguns se levantaram e falsamente testemunharam contra ele: 58 “Nós o ouvimos dizer: ‘Vou destruir este santuário feito por mão humana, e em três dias construirei um outro, não feito por mão humana’!” 59 Mas nem assim concordavam os depoimentos deles. 60 O sumo sacerdote se levantou no meio deles e perguntou a Jesus: “Nada tens a responder ao que estes testemunham contra ti?” 61 Jesus continuou calado e nada respondeu. O sumo sacerdote perguntou de novo: “És tu o Cristo, o Filho de Deus Bendito?” 62 Jesus respondeu: “Eu sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do Todo-Poderoso, vindo com as nuvens do céu”.
63 O sumo sacerdote rasgou suas vestes e disse: “Que necessidade temos ainda de testemunhas? 64 Ouvistes a blasfêmia! Que vos parece?” Então, todos o sentenciaram réu de morte. 65 Alguns começaram a cuspir nele. Cobrindo-lhe o rosto, batiam nele e diziam: “Profetiza!” Os guardas, também, o receberam a tapas.
66 Pedro estava no pátio, em baixo. Veio uma criada do sumo sacerdote 67 e, quando viu Pedro que se aquecia, olhou bem para ele e disse: “Tu também estavas com Jesus, esse nazareno!” 68 Mas, Pedro negou dizendo: “Não sei nem entendo de que estás falando”! Ele saiu e foi para a entrada do pátio. E o galo cantou. 69 A criada, vendo Pedro, começou outra vez a dizer, aos que estavam por perto: “Este é um deles”. 70 Mas Pedro negou outra vez. Pouco depois os que lá estavam diziam a Pedro: “É claro que és um deles, pois tu és galileu”. 71 Ele começou então a praguejar e a jurar: “Nem conheço esse homem de quem estais falando”! 72 E nesse instante, pela segunda vez, o galo cantou. Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe tinha dito: “Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás”. E começou a chorar.
Marco (CNB) 8