Números (CNB) 8

8 1 O Senhor falou a Moisés: 2 “Fala a Aarão e dize-lhe: Quando puseres as lâm­padas no candelabro, faça com que as sete lâm­padas iluminem a parte da frente”. 3 E as­sim fez Aarão; pôs as lâmpadas voltadas­ para a frente do candelabro, como o Senhor havia ordenado a Moisés. 4 O candelabro era todo de ouro polido, tanto a haste como as flo­res. O candelabro foi feito conforme o mo­delo que o Senhor havia mostrado a Moisés.

 Consagração dos levitas

5 O Senhor falou a Moisés: 6 “Separa os levi­tas do meio dos israelitas e purifica-os. 7 As­sim­ procederás para purificá-los: Faze-lhes uma aspersão com água de expiação. Depois devem passar a navalha por todo o corpo e lavar as vestes para se purificarem. 8 Em segui­da to­marão um bezerro com a respectiva ofe­renda de farinha fina amassada com azeite. E tu tomarás outro bezerro para o sacrifício pelo pecado. 9 Farás os levitas aproximar-se da Tenda do Encontro, e convocarás toda a comunidade dos israelitas. 10 Depois de teres feito os levitas aproximar-se diante do Senhor, os israelitas imporão as mãos sobre eles. 11 Aarão oferecerá os levitas com um gesto diante
do Se­nhor, em nome dos israelitas, para que atuem no serviço do Senhor. 12
Os levitas imporão­ as mãos sobre a cabeça dos bezerros,­ e Aarão os oferecerá, um em sacrifício pelo pecado, e outro em holocausto ao Senhor, como rito expiatório pelos levitas. 13 Colocarás­ os levitas de pé diante de Aarão e de seus?fi­lhos, quando os ofereceres com um gesto dian­te do Senhor. 14 Assim separarás os levitas­ do meio dos israelitas: eles serão meus.
15
Só depois os levitas entrarão para o servi­ço­ da Tenda do Encontro. Tu os purificarás e os ofe­recerás com um gesto, 16 pois, dentre os is­raelitas, eles me foram doados inteiramente de­dicados. Tomei-os para mim em lugar dos nascidos de primeiro parto, em lu­gar de todos­ os primogênitos israelitas. 17 Pois é a mim que pertencem todos os primogênitos israelitas, tan­to de homens como de animais. Eu os con­sagrei a mim quando feri de morte os primogênitos na terra do Egito. 18 Mas escolhi os levitas em lugar de todos os primogênitos is­raelitas. 19 Entreguei os levitas a Aarão e a seus filhos como doação da parte dos israelitas, para atuarem nas funções litúrgicas dos israe­li­tas na Tenda do En­contro e por eles fazerem a expiação. Assim já não acontecerá nenhuma­ desgraça entre os israelitas pelo fato de alguém do povo apro­ximar-se do santuário”.
20
Moisés, Aarão e toda a comunidade dos israelitas procederam com os levitas exatamente como o Senhor havia ordenado a Moi­sés. 21 Os levitas se purificaram e lavaram as vestes; Aarão os ofereceu com um gesto dian­te do Senhor e por eles fez a expiação pa­ra purificá-los. 22 Feito isso, os levitas passaram a executar suas funções na Tenda do Encontro, supervisionados por Aarão e seus filhos. Procedeu-se em relação aos levitas?assim como o Senhor tinha ordenado a Moisés­ a respeito deles.
23
O Senhor falou a Moisés: 24 “O que segue refere-se aos levitas: Os levitas entrarão no serviço da Tenda do Encontro e exercerão suas funções a partir dos vinte e cinco anos. 25 Aos cinqüenta anos deixarão o serviço e já não exercerão as funções. 26 Ajudarão os irmãos ape­nas a montar guarda na Tenda, mas não exer­cerão mais as funções. Assim procederás com os levitas no tocante às funções”.

 Data e rito da Páscoa

9 1 O Senhor falou a Moisés no deserto do Sinai, no primeiro mês do segundo ano depois da saída do Egito: 2 “Na data marcada, os israelitas celebrarão a Páscoa. 3 Devereis?ce­lebrá-la no tempo estabelecido: no dia catorze deste mês, ao entardecer. Segundo todos os ritos e normas a celebrareis”. 4 Moisés deu ordem aos israelitas para celebrarem a Páscoa,­ 5 e eles a celebraram no dia catorze do primeiro mês, ao entardecer, no deserto do Sinai. Os israelitas fizeram exatamente como o Senhor havia ordenado a Moisés.
6
Ora, alguns homens se encontravam em es­tado de impureza, por terem tocado num morto, e não podiam celebrar a Páscoa nes­se­ dia. Apresentaram-se naquele mesmo dia diante de Moisés e Aarão 7 e disseram: “Estamos impuros por termos tocado num morto. Por que seríamos impedidos de apresentar nossa oferta ao Senhor, no devido tempo,­ com os outros israelitas?” 8 Moi­sés respondeu-lhes: “Aguardai para que eu vá ouvir­ o que o Senhor ordena a vosso respeito”.
9
O Senhor falou a Moisés: 10 “Dize aos israelitas: Se alguém de vós ou de vossos descendentes estiver impuro por causa de um ca­dáver, ou estiver numa viagem distante, pode­rá celebrar a Páscoa do Senhor. 11 De­verá ce­le­brá-la no segundo mês, no dia cator­ze, ao en­tardecer. Deverão comê-la com pão sem fermento e ervas amargas. 12 Não deixarão nada para o dia seguinte, nem lhe quebrarão osso al­gum. Celebrarão a Páscoa conforme todos os ritos. 13 Mas se alguém estiver puro e, sem estar em viagem, deixar de celebrar a Páscoa, será eliminado do povo. Como não apresentou­ no devido tempo a oferta do Senhor, carregará­ as conseqüências­ do seu pecado.
14
Se um estrangeiro morar convosco e cele­brar a Páscoa do Senhor, guardará os ritos e normas a ela referentes. Haverá um único?ri­to válido para vós, para os estrangeiros e para os nativos do país”.

 A nuvem sobre a morada

15 No dia da inauguração da morada, a nuvem cobriu a morada, isto é, a tenda da aliança. Permanecia sobre a morada desde a tarde­ até a manhã seguinte, sob a aparência de fogo. 16 Assim acontecia sempre: durante o dia, a nuvem cobria a Morada, e durante a noi­te ti­nha aparência de fogo. 17 Sempre que a nuvem se elevava de cima da Tenda, os israelitas partiam;­ e no lugar onde a nuvem parava, ali eles acampavam. 18 À ordem do Se­nhor­ os israelitas par­tiam e à ordem do Se­nhor­ acampavam; e, en­quanto a nuvem ficava pousada sobre a Morada, permaneciam acampados. 19 Mesmo quando a nuvem se detinha muitos dias sobre a Morada, os israelitas aguardavam­ a ordem do Senhor e não se punham em mo­vimento. 20 Se acontecia que a nuvem parasse alguns dias sobre a Morada, era ao coman­do do Senhor que acampavam e ao coman­do do Senhor­ que partiam. 21 E se a nuvem se?detinha apenas­ da tarde até a manhã seguinte, partiam logo de manhã, quando ela se levantava. Quer de dia, quer de noite, sempre que a nuvem se?le­vantava, eles partiam. 22 Fosse por dois dias, um mês ou um ano que a nuvem­ se detinha sobre a Morada, os israelitas­ conti­nuavam acampados e não se moviam. Punham-se em movimento só quando ela se levantava. 23 Ao comando do Senhor acampavam e ao comando do Senhor punham-se em movimento, aguardando a ordem do Senhor a ser dada por meio de Moisés.

 O sinal das trombetas

10 1 O Senhor falou a Moisés: 2 “Faze duas trombetas de prata polida. Elas te servirão para convocar a comunidade e dar ordem de levantar os acampamentos. 3 Quando as duas forem tocadas, toda a co­munidade­ virá encontrar-se contigo à entrada da Ten­da do Encontro. 4 Quando for to­ca­da uma só, virão encontrar-se contigo os che­fes responsáveis pelas tropas de Israel.­ 5 A um toque de alarme, levantarão acampamento os que estiverem acampados a leste. 6 A um segundo toque de alarme, levantarão acampamento os que estiverem ao sul. Estes toques de alarme­ serão dados para se porem em movimento. 7 Tocareis também para convocar a assembléia da comunidade, mas não o toque de alar­me. 8 Os sacerdotes, filhos de Aarão, é que tocarão as trombetas. Elas serão de uso obrigatório para vós por todas as gerações. 9 Quando, estabelecidos em vossa terra, en­trar­des em guerra contra o inimigo que vos oprime, dareis o alarme com as trombetas. Assim sereis lembrados diante do Se­nhor vos­so Deus e libertados de vossos inimigos. 10 Tocareis as trombetas também nos dias de festa, nas solenidades e no início dos meses, por ocasião dos holocaustos e sacrifícios de comunhão. Servirão para que vosso Deus se lembre de vós – eu, o Senhor, vosso Deus”.


Do Sinai a Cades: rebeldia e castigo de Israel

 Partida do Sinai ao sinal da nuvem

11 No segundo ano, no dia vinte do segundo­ mês, a nuvem levantou-se de cima da Morada­ da Aliança. 12 Os israelitas partiram do deserto­ do Sinai segundo a ordem de saída, e a nuvem parou no deserto de Farã.
13
Foi a primeira vez que assim partiram por ordem do Senhor, dada por Moisés. 14 Por pri­meiro partiu a bandeira do acampamento dos descendentes de Judá, por exércitos. O exército de Judá estava sob o comando de Naas­son, filho de Aminadab. 15 O exército da tribo­ de Issacar estava sob o comando de Natanael,­ filho de Suar. 16 O exército da tribo de Za­bu­lon era comandado por Eliab, filho de Helon. 17 Desmontada a Morada, puseram-se a cami­nho os descendentes de Gérson e de Me­rari, transportando a morada.
18
Depois partiu a bandeira do acampamento de Rúben, por exércitos. O exército de Rúben estava sob o comando de Elisur filho de Sedeur. 19 O exército da tribo de Simeão es­tava sob o comando de Salamiel filho de Su­risadai. 20 O exército da tribo de Gad estava­ sob o comando de Eliasaf filho de Deuel. 21 Em seguida partiram os descendentes de Caat, levando o santuário. Assim, ao chegarem, a Morada já estava montada.
22
Depois partiu a bandeira do acampamento de Efraim, por exércitos. O exército de Efraim estava sob o comando de Elisama fi­lho­ de Amiud. 23 O exército da tribo de Manassés esta­va sob o comando de Gamaliel fi­lho de Fa­das­sur. 24 O exército da tribo dos ben­jaminitas estava sob o comando de Abidã filho de Gedeão.
25
Depois, à retaguarda dos outros acampamentos, partiu a bandeira do acampamento dos descendentes de Dã, por exércitos. O exército danita estava sob o comando de Aie­zer filho de Amisadai. 26 O exército da tribo de Aser estava sob o comando de Fegiel filho­ de Ocrã. 27 O exército da tribo de Neftali esta­va sob o comando de Aíra filho de Enã. 28 Era esta a ordem de partida dos israelitas quando se punham em movimento.

 Um homem guia, Deus conduz

29 Moisés disse ao sogro Hobab, filho de Ra­güel, o madianita: “Estamos indo para o lu­gar que o Senhor nos prometeu dar. Vem co­nosco, e te haveremos de tratar bem, porque o Senhor prometeu prosperidade a Israel”. 30 Ele respondeu: “Não, eu não irei! Prefiro voltar para minha terra natal”. 31 Moisés insistiu: “Não nos abandones, pois tu co­nheces os lugares onde podemos acampar no deserto e poderás servir-nos de guia. 32 Se vieres conosco, nós te faremos participar da prosperidade que o Senhor nos der”.
33
Partindo do monte do Senhor, fizeram uma viagem de três dias. A arca da aliança do Senhor os precedia, procurando-lhes um lugar de descanso. 34 De dia, quando levantavam o acampamento, a nuvem do Senhor estava sobre eles. 35 Quando a arca da aliança se punha em movimento, Moisés dizia:
“Levanta-te, Senhor, que se dispersem os inimigos!
Fujam diante de ti os que te odeiam”.
36
Quando a arca parava, dizia:
“Volta, ó Senhor da imensa multidão de Israel”.

 Israel “murmura” contra Deus

11 1 O povo começou a murmurar contra o Senhor. Ao ouvir, o Senhor inflamou-se de ira. O fogo do Senhor irrompeu contra eles e devorou uma extremidade do acampamento. 2 O povo pediu socorro a Moi­sés, que intercedeu junto do Senhor, e o fogo se apagou. 3 Deram àquele lugar o nome de Tabera, \Incêndio, porque ali havia irrompido contra eles o fogo do Senhor.
4
Certa gente que se misturava a eles foi tomado de um apetite incontrolado, de modo que até os israelitas voltaram a lamentar-se e a dizer: “Quem nos dará carne para comer? 5 Estamos lembrados dos peixes que comíamos de graça no Egito, dos pepinos, melões, verduras, cebolas e alhos! 6 Agora estamos definhando à míngua de tudo. Não vemos outra coisa senão maná”. 7 (O maná era parecido com a semente do coentro e amarelado como a resina. 8 O povo se dispersava para o recolher e o moía num moinho, ou socava num pilão. Depois cozinhavam-no em panelas e faziam broas com gosto­ de bolo preparado com azeite. 9 À noite, quando o orvalho caía sobre o acampamento,­ caía também o maná.)

 Queixa e dúvida de Moisés

10 Moisés ouviu como o povo se lamentava,­ família por família, cada uma à entrada de sua tenda. Então o Senhor inflamou-se de grande ira, e Moisés, muito aflito, 11 disse ao Senhor: “Por que maltratas assim teu servo?­ Por que gozo tão pouco de teu favor, a ponto de descarregares sobre mim o peso de todo este povo? 12 Acaso fui eu quem concebeu?ou deu à luz este povo, para que me digas: ‘Carrega-o no colo, como se fosse uma babá a levar uma criança, até à terra que prometeste­ a seus pais? 13 Onde conseguirei carne para dar a toda esta gente? Pois se lamentam contra mim, dizendo: ‘Dá-nos carne para comer’. 14 Já não posso suportar sozinho o peso de todo este povo: é grande demais para mim. 15 Se queres continuar a me tratar assim, pe­ço que me tires a vida! Se, pelo contrário, ga­nhei­ teu favor, então que eu não veja mais minha desgraça”.
16
O Senhor disse a Moisés: “Reúne-me se­tenta homens dentre os anciãos de Israel, que tu conheces como sendo anciãos e magistrados do povo, e traze-os à Tenda do Encontro,­ onde devem esperar contigo. 17 Descerei ali pa­ra falar contigo. Retirarei um pouco do?es­pírito que há em ti e o darei a eles, para que te ajudem a carregar o peso do povo, e não sejas sozinho a suportá-lo.
18
E dirás ao povo: Santificai-vos para amanhã e comereis carne. Pois chegou ao ouvido­ do Senhor o vosso lamento: ‘Quem nos dará carne para comer! Estávamos tão bem no Egi­to!’ Por isso, o Senhor vos dará carne e vós a comereis, 19 e não apenas um dia, nem dois, nem cinco, nem dez ou vinte, 20 mas du­rante um mês inteiro, até que a carne vos?saia pelas narinas e vos cause náuseas. Pois rejei­tastes o Senhor, que está no meio de vós, e vos lamentastes diante dele, dizendo: ‘Por que saímos do Egito?’”
21
Moisés lhe disse: “O povo no meio do qual estou conta seiscentos mil homens a pé, e tu dizes: ‘Vou dar-lhes carne para que comam um mês inteiro!’ 22 Se matassem as ove­lhas e os bois, seria suficiente para eles? Se fossem ajuntados todos os peixes do mar, bas­taria para saciá-los?”
23
O Senhor respondeu a Moisés: “Acaso o poder do Senhor ficou diminuído? Agora mes­mo verás se minha palavra se cumpre ou não”.

 O Espírito sobre os setenta e dois anciãos

24 Depois de sair para comunicar ao povo as palavras do Senhor, Moisés reuniu setenta­ homens dentre os anciãos do povo e colocou­-os ao redor da Tenda do Encontro. 25 O Senhor desceu na nuvem e falou a Moisés. Re­tirou um pouco do espírito que Moisés possuía e o pôs sobre os setenta anciãos. Assim que pousou sobre eles o espírito, puseram-se­ a profetizar, mas não continuaram. 26 Dois homens, porém, tinham ficado no acampamento. Um chamava-se Eldad e o outro, Me­dad. O espírito pousou igualmente sobre os dois, que estavam na lista mas não tinham ido à Tenda, e eles se puseram a profetizar no acampamento. 27 Um jovem foi correndo avisar a Moisés que Eldad e Medad estavam profetizando no acampamento. 28 Josué, filho­ de Nun, ajudante de Moisés desde a juventu­de, disse: “Moisés, meu senhor, manda que eles se calem”. 29 Moisés respondeu: “Tens ciúmes por mim? Quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu espírito!”­ 30 Em seguida, Moisés recolheu-se ao acampamento com os anciãos de Israel.

 As codornizes

31 Soprou, então, um vento mandado pelo Se­nhor, que trouxe do mar um bando de co­dornizes e as fez pousar sobre o acampamento. Espalhavam-se num raio de um dia de via­gem ao redor do acampamento, a um me­tro de altura. 32 O povo levantou-se e passou todo aquele dia, a noite inteira e todo o dia seguinte­ recolhendo codornizes. O homem que menos ajuntou recolheu dez cargas de as­no. Estende­ram-nas para secar ao redor do acampamento.­ 33 Estavam ainda com a carne entre os dentes e não tinham acabado de mastigar, quando se inflamou a ira do Senhor­ e feriu o povo com um grande flagelo. 34 Deram àquele lugar passou a se chamar Cibrot-Ataava, \Sepulcros da Gula, porque ali foi sepultado o povo dominado pela gula. 35 De Cibrot-Ataava parti­ram para Haserot, onde acamparam.

 Maria e Aarão contestam Moisés

12 1 Maria e Aarão criticaram Moisés por causa da sua mulher etíope. 2 Diziam: “Acaso o Senhor falou só por Moisés? Não falou também por meio de nós?” E o Senhor­ ouviu isso. 3 Moisés era homem muito humil­de, mais do que qualquer pessoa sobre a terra.­
4
De repente, o Senhor disse a Moisés, Aarão e Maria: “Ide todos os três à Tenda do Encon­tro”. E eles foram. 5 O Senhor desceu na co­luna de nuvem, parou à entrada da tenda­ e cha­mou Aarão e Maria. Quando os dois se aproximaram, 6 ele lhes disse:
“Escutai minhas palavras:
Se houver entre vós um profeta do Senhor,
eu me revelarei a ele em visões
e lhe falarei em sonhos.
7
O mesmo, porém, não acontece com meu servo Moisés:
ele é homem de confiança em toda a
minha casa.
8
Com ele falo face a face,
às claras e não em enigma,
ele contempla a forma do Senhor.
Como, pois, vos atreveis a criticar meu
servo Moisés?”
9
E indignado contra eles, O Senhor retirou­-se. 10 Apenas a nuvem se tinha afastado da Ten­da, Maria ficou leprosa, branca como a neve. Quando Aarão olhou para ela, viu-a to­da coberta de lepra. 11 Aarão disse então a Moisés: “Por favor, meu senhor, não nos faças pagar pelo pecado que tolamente cometemos. 12 Que Maria não fique como morta, como um aborto­ lançado fora do ventre da mãe, com a metade da carne consumida pela lepra”. 13 Então Moisés clamou ao Senhor, dizendo: “Ó Deus, eu te rogo, concede-lhe a cura!”
14
O Senhor respondeu a Moisés: “Se o pai lhe tivesse cuspido no rosto, não ficaria envergonhada durante sete dias? Seja Maria con­finada durante sete dias fora do acampamento e depois readmitida”. 15 Assim Maria fi­cou confinada fora do acampamento duran­te­ sete dias, e o povo não se moveu do lugar enquanto ela não foi readmitida. 16 Depois o povo partiu de Haserot e acampou no deserto de Farã.

 Missão dos exploradores

13 1 O Senhor falou a Moisés: 2 “Envia alguns homens para fazer reconhecimento da terra de Canaã, que vou dar aos?is­raelitas. Enviarás um homem de cada tribo pa­triarcal, e todos sejam chefes entre os seus”. 3 Moisés os enviou do deserto de Farã, segundo a ordem do Senhor. Todos estes homens eram chefes dos israelitas. 4Os nomes são estes: 4 da tribo de Rúben, Samua filho de Zacur; 5 da tribo de Simeão, Safat filho de Huri; 6 da tribo de Judá, Caleb filho de Jefoné; 7 da tribo de Issacar, Igal filho de José; 8 da tri­bo de Efraim, Oséias filho de Nun; 9 da tri­bo de Benjamim, Falti filho de Rafu; 10 da tribo­ de Zabulon, Gediel filho de Sodi; 11 da tribo de José, isto é, de Manassés, Gadi filho de­ Susi; 12 da tribo de Dã, Amiel filho de Ge­mali; 13 da tribo de Aser, Setur filho de Miguel; 14 da tribo de Neftali, Naabi filho de Vap­si; 15 da tribo de Gad, Güel filho de Ma­qui; 16 são esses os nomes dos homens enviados por Moisés para fazer o reconhecimento do país. A Oséias filho de Nun, Moisés deu o nome de Josué.
17
Moisés os enviou para explorar a terra de Ca­naã, recomendando-lhes: “Segui pelo deserto do Negueb. Ao chegardes às montanhas, 18 observai como é essa terra, se o povo que ne­la vive é forte ou fraco, se são poucos ou muitos; 19 como é a terra em que esse povo mora, se é boa ou ruim; como são as cidades em que vivem, se têm muralhas ou não; 20 se o solo é fértil ou pobre, se existem árvores ou não. Sede corajosos e trazei alguns frutos­ dessa terra”. (Era então o tempo das primeiras uvas.)
21
Subiram e exploraram a terra desde o de­serto de Sin até Roob, no caminho de Emat. 22 Subindo pelo deserto do Negueb chegaram a Hebron, onde viviam Aimã, Sesai e Tolmai, descendentes de Enac. (Hebron fora construída sete anos antes de Tânis no Egito.) 23 Chega­ram até ao vale de Escol. Ali cortaram um ra­mo de videira com o cacho, que dois homens transportaram numa vara; e apa­nharam também romãs e figos. 24 O lugar foi cha­mado vale de Escol, \vale do Cacho, por causa do ca­cho de uva que os israelitas dali levaram.
25
Ao fim de quarenta dias, eles voltaram do reconhecimento da terra. 26 Apresentaram-se a Moisés, Aarão e toda a comunidade dos israelitas em Cades, no deserto de Farã. Fize­ram um relato para eles e para toda a comuni­dade, mostrando os frutos da terra. 27 Contaram o seguinte: “Entramos na terra à qual nos enviastes. De fato, é uma terra onde corre leite e mel, como se pode ver por estes frutos.­ 28 Porém, o povo que vive nessa terra é muito forte. As cidades são fortificadas e enormes. Vimos ali descendentes de Enac. 29 Os amale­citas vivem na região do deserto do Negueb. Os heteus, os jebuseus e amorreus, na parte montanhosa; os cananeus, na costa marítima­ e ao longo do Jordão”.
30
Então Caleb, para acalmar o povo revolta­do contra Moisés, disse: “Vamos subir e con­quistar a terra, pois somos capazes de fazê-lo”. 31 Mas os homens que haviam subido com ele disseram: “Não podemos enfrentar esse povo, porque é mais forte do que nós”. 32 E pu­seram-se a fazer comentários negativos diante dos israelitas sobre a terra que haviam explorado, dizendo: “A terra que fomos reco­nhecer é uma terra que devora os seus habitantes, e toda a gente que aí vimos é de esta­tura extraordinária. 33 Lá vimos até gigantes, os descendentes de Enac, da raça dos gigantes. comparados com eles parecíamos gafanhotos; e era assim que eles nos viam”.

 A revolta do povo

14 1 Então toda a comunidade levantou a voz e começou a gritar; e o povo pas­sou a noite se lamentando. 2 Todos os israeli­tas­ murmuravam contra Moisés e Aarão, toda a co­munidade lhes dizia: “Antes tivéssemos mor­rido no Egito, ou ao menos neste deserto.­ 3 Por que nos leva o Senhor para essa terra? A fim de cairmos ao fio da espada, e para que nossas mulheres e nossos filhos sejam re­du­zi­dos ao cativeiro? Não seria melhor vol­tarmos­ para o Egito?” 4 E diziam uns aos outros: “Va­mos escolher um chefe e voltar para o Egito”.
5
Então Moisés e Aarão caíram com o rosto­ em terra perante toda a comunidade dos israelitas. 6 Josúe filho de Nun e Caleb filho de Jefoné, que estavam entre os que explora­ram a terra, rasgaram as vestes 7 e disseram a toda a comunidade dos israelitas: “A terra que percorremos e exploramos é uma terra ex­celente. 8 Se o Senhor nos quer bem, ele nos introduzirá nela e nos dará esta terra, onde corre leite e mel. 9 De modo algum de­veis revoltar-vos contra o Senhor, nem temer­ a população dessa terra, pois haveremos de devorá-los como pão. A sua sombra prote­to­ra os abandonou, enquanto conosco está o Se­nhor. Não tenhais medo deles!” 10 Mas toda a comunidade ameaçou apedrejá-los, mas en­tão a glória do Senhor apareceu a todos os israelitas na Tenda do Encontro.

 Moisés aplaca a cólera divina

11 E o Senhor disse a Moisés: “Até quando este povo vai desprezar-me? Até quando vai re­cusar-se a crer em mim, apesar de todos os sinais que fiz no meio deles? 12 Vou feri-los?de peste e privá-los da herança. De ti, po­rém,?fa­rei uma nação maior e mais forte do que esta”.
13
Moisés respondeu ao Senhor : “Mas os egípcios sabem que de seu meio tiraste este povo com teu poder, 14 e o dirão aos habitantes­ desta terra. Eles sabem que tu, Senhor, es­tás no meio deste povo; que tu, Senhor, te manifestas a ele face a face; que sobre eles vela tua nuvem; que de dia os precedes numa colu­na de nuvem e de noite, numa coluna de fogo. 15 Se, pois, fizeres morrer este povo co­mo se fosse um só homem, as nações que ou­virem tais notícias a teu respeito comentarão: 16 ‘O Se­nhor foi incapaz de introduzir o povo na ter­ra que lhes prometeu, por isso os massacrou­ no deserto’. 17 Seja agora, pois, engrandecida a força do meu Senhor, como tu mesmo decla­raste: 18 ‘O Senhor é paciente­ e misericordioso; suporta a maldade e a rebeldia, mas não a deixa impune; castiga a mal­dade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração’. 19 Perdoa, pois, o pecado des­te povo segundo a tua grande misericórdia, da mesma forma como o suportaste desde o Egito até aqui”.

 Perdão e castigo

20 Disse-lhe então o Senhor: “Eu os perdoei,­ conforme teu pedido. 21 No entanto, \juro por minha vida e pela glória do Senhor que enche a terra inteira: 22 nenhum dos homens que viram minha glória e os sinais que fiz no Egi­to e no deserto, e que já por dez vezes me puseram à prova e desobedeceram, 23 verá a terra que jurei dar a seus pais. Nenhum?dos que me desprezaram verá essa terra. 24 Mas co­mo o meu servo Caleb, animado de bem outro espírito, me seguiu fielmente, eu o in­troduzirei na terra que visitou e que seus des­cendentes herdarão. 25 Visto que os amalecitas­ e os cananeus moram nas planícies, mudai de rumo amanhã e parti para o deserto pela rota do mar Vermelho”.
26
O Senhor falou a Moisés e Aarão: 27 “Até quando esta comunidade perversa ficará mur­murando contra mim? Bem ouvi as queixas que os israelitas murmuram contra mim. 28 Dize-lhes: Por minha vida – oráculo do Se­nhor – \juro que vos farei assim como vos ouvi dizer: 29 Neste deserto ficarão estendidos­ vossos cadáveres. Todos vós que fostes recenseados, de vinte anos para cima, e que murmurastes contra mim, 30 nenhum de vós en­trará na terra na qual, com mão levantada, jurei fazer-vos habitar – exceto Caleb filho de Jefoné e Josué filho de Nun. 31 Mas os?vossos filhos, dos quais dissestes que seriam pre­sa dos inimigos, eu os introduzirei, para que vejam a terra que vós desprezastes. 32 Vos­sos cadáveres ficarão estendidos neste de­serto. 33 Vossos filhos serão nômades no?de­serto durante quarenta anos, carregando o pe­so de vossas infidelidades, até vossos cadáve­res se consumirem no deserto. 34 Carregareis vossa culpa durante quarenta anos, número correspondente aos quarenta dias em que fi­zestes o reconhecimento da terra, isto é, um ano?pa­ra cada dia. Assim experimentareis a minha reprovação. 35 Eu, o Senhor, assim co­mo dis­se, assim farei com toda esta comunidade perversa que se insurgiu contra mim: nesta solidão serão consumidos e morrerão”.
36
De fato, os homens que Moisés tinha en­viado para explorar a terra e que na volta?fi­ze­ram murmurar contra ele toda a comunidade, falando mal da terra, 37 esses mesmos homens que haviam difamado a terra foram golpeados­ diante do Senhor. 38 Dos homens que tinham ido explorar a terra sobreviveram­ apenas Josué­ filho de Nun e Caleb filho de Jefoné.

 Tentativa de conquista frustrada

39 Quando Moisés referiu essas palavras aos israelitas, o povo ficou muito preocupado. 40 Na manhã seguinte levantaram-se dispostos a subir para o cume da montanha, dizendo: “Es­tamos prontos para subir à terra de que o Senhor nos falou, porque pecamos”. 41 Moisés,­ porém, disse: “Por que quereis transgredir a ordem do Senhor? Isto não terá bom êxito. 42 Não tenteis subir, pois o Senhor não está no meio de vós. Do contrário, sereis derrotados pelo inimigo. 43 Os amalecitas e os cananeus estão lá à vossa espera, e tombareis pela espa­da. Já que voltastes as costas ao Senhor, ele não estará convosco”. 44 Apesar disso teimaram em subir para o cume da montanha. Mas a arca da aliança do Senhor e Moisés não se moveram do meio do acampamento. 45 Os amalecitas e os cananeus que viviam naquela montanha desceram e derrotaram-nos, destroçando-os até Horma.

 Ofertas voluntárias e compulsórias

15 1 O Senhor falou a Moisés : 2 “Fala aos israelitas e dize-lhes: Quando entrardes­ na terra em que habitareis e que eu vos dou, 3 e oferecerdes ao Senhor uma oferta quei­mada, um holocausto ou sacrifício em cumprimento de um voto, por ocasião de uma oferta espontâ­nea ou das solenidades, sacrifi­cando bois e ove­lhas em suave odor ao Senhor, 4 o ofertante apre­sentará ao Senhor uma oferenda de um jarro \de quatro litros de fari­nha fina amassada­ com um litro de azeite. 5 Co­mo libação apresentarás um litro de vinho­ para cada cordeiro,­ além do holocausto ou sa­crifício. 6 Se for um car­neiro, farás uma obla­ção dois jarros de fa­rinha amassada com um litro e meio de azeite.­ 7 Para a libação apre­sentarás um litro e meio de vinho, como suave odor ao Senhor. 8 Se ofe­receres um be­zerro em holocausto por um vo­to ou em sa­crifício de comunhão ao Senhor,­ 9 acrescentarás uma oferenda de três jarros de farinha fina, amassada com dois litros de azei­te, 10 e dois litros de vinho para a libação, como ofer­ta queimada, de suave odor, ao Senhor. 11 Assim se fará para cada touro, carneiro, cor­dei­ro ou cabrito. 12 Qualquer que seja o número de vítimas oferecido, fareis para cada uma a oferta correspondente.
13
Assim deverão proceder todos os nativos­ ao apresentar ofertas queimadas, de suave odor, ao Senhor. 14 Se um estrangeiro residir tem­poraria­mente no meio de vós, ou se durante ge­ra­ções viver entre vós, e oferecer uma ofer­ta quei­ma­da, de suave odor, ao Senhor, deve­rá proce­der da mesma forma como vós. 15 Tan­to para vós co­mo para o estrangeiro que mora convosco vale o mesmo decreto, um decreto perpétuo diante do Senhor para todas­ as gerações, vá­li­do igualmente para vós e pa­ra o estrangeiro. 16 A mesma lei e o mesmo­ rito valerão para vós e para o estrangeiro que viver convosco”.
17
O Senhor falou a Moisés: 18 “Fala aos is­rae­litas e dize-lhes: Quando tiverdes entrado­ na terra em que eu vos introduzir 19 e co­mer­des­ do pão, devereis separar um tributo para o Senhor. 20 Separareis como tributo um pão feito com a farinha nova, da mesma forma como separais o tributo da colheita. 21 Por to­das­ as gerações devereis dar ao Senhor esse tributo da farinha nova.

 Expiação de faltas involuntárias

22 “Se por inadvertência falhardes, deixando de cumprir algum destes mandamentos que o Senhor deu a Moisés, 23 isto é, alguma coisa do que o Senhor vos ordenou por meio de Moi­sés para todas as gerações, desde o dia da promulgação em diante, 24 nesse caso, se a falta foi cometida sem a comunidade ter consciência disso, a comunidade inteira oferecerá um bezerro em holocausto como suave odor ao Senhor, além da oblação e da libação costumeiras e de um cabrito pelo pecado. 25 O sacer­dote fará a expiação por toda a comunidade israelita. Assim a falta lhes será perdoada, pois foi inadvertida e por ela apresentaram ao Se­nhor a oferta queimada e a vítima pelo pecado. 26 Assim toda a comunidade israelita será absolvida, bem como o estrangeiro que viver no meio deles, pois se tratava de uma falta coletiva por inadvertência.
27
Se uma só pessoa pecar por inadvertência, oferecerá uma cabra de um ano pelo pe­cado. 28 O sacerdote fará diante do Senhor a expiação por aquele que pecou por inadver­tência, e este será perdoado. 29 Tanto para o is­raelita nativo, quanto para o estrangeiro que vive no meio de vós, haverá uma só lei para quem comete um pecado por inadvertência.
30
Mas quem agir dolosamente, seja ele na­tivo ou estrangeiro, comete um ultraje ao Se­nhor e será eliminado do meio do povo. 31 Desprezou a palavra do Senhor e violou o mandamento. Deverá ser eliminado, a iniqüi­dade lhe será imputada”.

 Um caso de violação do sábado

32 Enquanto os israelitas se achavam no deserto, um homem foi surpreendido apanhando­ lenha em dia de sábado. 33 Os que o surpreenderam levaram-no à presença de Moisés, de Aarão e de toda a comunidade. 34 Como não se decidiu o que fazer com ele, deixaram-no sob custódia.
35
Então o Senhor disse a Moisés: “Este ho­mem deve ser condenado à morte. A co­mu­ni­dade toda o apedrejará fora do acampamento”. 36 Toda a comunidade o conduziu para fora do acampamento e o apedrejou até morrer, co­mo o Senhor havia ordenado a Moisés.

 As franjas, sinal de dignidade

37 O Senhor disse a Moisés: 38 “Fala aos israe­litas e dize-lhes que, por todas as gerações, fa­çam franjas nas bordas das vestes, e nas fran­jas da borda atem um cordão de púrpura vio­leta, 39 fazendo parte da franja. Isso para que, ven­do-o, vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor e os cumprais, e não corrais atrás dos desejos de vosso coração e dos vossos olhos, que vos levam à infidelidade. 40 Assim, lembrando-vos dos meus mandamentos e pondo-os em prática, sereis consagrados pa­ra vosso Deus. 41 Eu sou o Senhor vosso Deus que vos libertou do Egito para ser o vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus”.

 Revolta e castigo de Coré


Números (CNB) 8