
Números (CNB) 16
16 1 Coré filho de Isaar, filho de Caat, filho de Levi, junto com Datã e Abiram filhos de Eliab e com On filho de Felet, que eram filhos de Rúben, 2 revoltaram-se contra Moisés com mais duzentos e cinqüenta israelitas, todos chefes da comunidade, membros do conselho e pessoas de posição. 3 Amotinaram-se contra Moisés e Aarão e lhes disseram: “Basta! Todos os membros da comunidade são consagrados, e o Senhor está no meio deles. Com que direito vos colocais acima da comunidade do Senhor?”
4 Quando ouviu isso, Moisés prostrou-se por terra. 5 Depois falou a Coré e a todo o bando: “Amanhã cedo o Senhor fará saber quem é seu e quem é o consagrado que ele quer perto de si. Fará aproximar-se de si quem ele escolher. 6 Fazei o seguinte: Coré, e vós de seu bando, arranjai incensórios, 7 e amanhã deitai neles fogo e incenso, na presença do Senhor. Aquele que o Senhor escolher, esse será o consagrado. Que isso vos baste, filhos de Levi!”
8 Moisés disse a Coré: “Escutai, filhos de Levi! 9 Parece-vos pouco que o Deus de Israel vos tenha separado da comunidade de Israel para vos aproximar de si no serviço da morada do Senhor e para estardes à disposição?da comunidade e servi-la? 10 Ele te aproximou de si junto com todos os teus irmãos levitas, e agora ambicionais também o sacerdócio? 11 É por isso que tu e teus partidários vos amotinais contra o Senhor! Não sabeis quem é Aarão para que murmureis contra ele?”
12 Moisés mandou chamar Datã e Abiram filhos de Eliab. Mas eles responderam: “Não iremos! 13 Não basta nos teres tirado de uma terra onde corre leite e mel para nos fazeres morrer no deserto, e ainda pretendes ser o nosso chefe? 14 Não nos conduziste a uma terra onde corre leite e mel, não nos deste em herança nenhum pedaço de terra ou de vinha. Queres cegar os olhos de todos estes homens? Não vamos subir!” 15 Moisés ficou muito indignado e disse ao Senhor: “Não aceites a oferta deles! Nunca lhes tirei nem sequer um jumento e a ninguém prejudiquei”.
16 Depois disse a Coré: “Amanhã comparecei diante do Senhor, tu e teus partidários, juntamente com Aarão. 17 Cada um pegará seu incensório e porá nele incenso. Depois tu, Aarão e os duzentos e cinqüenta homens vos aproximareis do Senhor com os incensórios”. 18 Pegando, pois, cada um seu incensório, puseram nele brasas e incenso e pararam à entrada da Tenda do Encontro. O mesmo fizeram Moisés e Aarão. 19 Coré reuniu em torno deles toda a comunidade na entrada da Tenda do?Encontro. Então a glória do Senhor se manifestou a toda a comunidade.
20 O Senhor disse a Moisés e Aarão: 21 “Afastai-vos do meio desse bando, pois num momento vou acabar com eles”. 22 Mas eles se prostraram com o rosto em terra e disseram: “Ó Deus, Deus dos espíritos de todas as criaturas! Um só homem está pecando e te enfureces contra toda a comunidade?”
23 O Senhor respondeu a Moisés: 24 “Fala à comunidade nestes termos: Afastai-vos das proximidades da moradia de Coré, Datã e Abiram”. 25 Moisés dirigiu-se para onde estavam Datã e Abiram, seguido dos anciãos de Israel, 26 e avisou a comunidade: “Retirai-vos já das tendas dessa gente má! Não toqueis em nada do que lhes pertence para não serdes varridos por causa de seus pecados”. 27 Eles se afastaram das proximidades da moradia de Coré, Datã e Abiram. Datã e Abiram, porém, saíram e ficaram à entrada de suas tendas, juntamente com as mulheres, os filhos e as crianças. 28 Disse então Moisés: “Agora ides saber que foi o Senhor quem me enviou para fazer tudo o que tenho feito, e que não agi por conta própria. 29 Se estes morrerem de morte natural e tiverem o destino do comum dos mortais, então não foi o Senhor quem me enviou. 30 Mas se o Senhor fizer?algo de inaudito, se a terra abrir as entranhas e os tragar com tudo o que lhes pertence, se eles descerem vivos para o Abismo, então sabereis que essa gente desprezou o Senhor”.
31 Mal acabou de pronunciar essas palavras, o solo fendeu-se debaixo deles, 32 a terra abriu as entranhas e os tragou com as suas famílias, com todos os partidários de Coré e todos os seus pertences. 33 Logo que eles desceram vivos para a morada dos mortos com tudo o?que lhes pertencia, a terra os cobriu, e assim eles desapareceram do meio da assembléia. 34 E todos os israelitas que estavam em torno deles fugiram ao ouvir o grito deles, e exclamavam: “Que não nos trague a terra a nós também!”
35 Mas um fogo enviado pelo Senhor devorou os duzentos e cinqüenta homens que ofereciam incenso.
17 1 36O Senhor falou a Moisés: 2 37“Manda Eleazar, filho do sacerdote Aarão, tirar os incensórios do meio do incêndio e espalhar as brasas mais longe, pois estão consagrados. 3 38Quanto aos incensórios dos que pecaram e pagaram o pecado com a vida, manda reduzi-los a lâminas para revestir o altar. Assim os incensórios que foram apresentados diante do Senhor e ficaram consagrados servirão de lembrança para os israelitas”. 4 39O sacerdote Eleazar pegou os incensórios de bronze, que os homens que foram queimados tinham apresentado, e mandou reduzi-los a lâminas para revestir o altar. 5 40As lâminas serviam de advertência aos israelitas para que nenhum estranho à descendência de Aarão se aproximasse para oferecer incenso diante do Senhor e não lhe acontecesse o mesmo que a Coré e seu bando, conforme o Senhor tinha predito por meio de Moisés.
6 41No dia seguinte, toda a comunidade dos israelitas se pôs a murmurar contra Moisés e Aarão, dizendo: “Fostes vós que matastes o povo do Senhor”. 7 42Mas quando a comunidade se amotinou contra Moisés e Aarão e?se?dirigiu à Tenda do Encontro, a nuvem a envolveu e a glória do Senhor apareceu. 8 43Moisés e?Aarão vieram para a frente da Tenda do Encontro.
9 44O Senhor falou a Moisés e Aarão: 10 45“Retirai-vos do meio desta comunidade, para que num instante eu acabe com eles”. Mas eles se prostraram com o rosto em terra. 11 46Então Moisés disse a Aarão: “Toma o incensório, põe nele brasas tiradas do altar, deita o incenso e corre para junto da comunidade a fim de fazer a expiação, pois o Senhor desencadeou seu furor, e a mortandade já começou”. 12 47Aarão pegou o incensório conforme a ordem de Moisés e correu para o meio da multidão. Entrementes a mortandade já tinha começado entre o povo. Mas ele colocou o incenso e fez a expiação pelo povo, 13 48permanecendo de pé entre os mortos e os vivos até cessar a mortandade. 14 49As vítimas daquela mortandade foram catorze mil e setecentos, além dos que tinham morrido por causa de Coré. 15 50Terminada a mortandade, Aarão retornou para junto de Moisés à entrada da Tenda do Encontro.
16 17,1O Senhor disse a Moisés: 17 2“Fala aos israelitas e toma de cada casa patriarcal uma vara– doze varas, portanto, uma para cada chefe de casa patriarcal. Escreve o nome de cada uma sobre a respectiva vara. 18 3Na vara de Levi escreverás o nome de Aarão, pois cada vara representa o chefe da casa patriarcal. 19 4Colocarás as varas na Tenda do Encontro, diante da arca da Aliança, lá onde eu me encontro convosco. 20 5A vara daquele que eu escolher florescerá. Assim afastarei de mim as murmurações que os israelitas fazem contra vós”.
21 6Moisés pediu aos israelitas que os chefes lhe entregassem doze varas, uma vara para cada chefe, representando a respectiva casa patriarcal. Entre as varas estava a vara de Aarão. 22 7Moisés depositou as varas diante do?Senhor na Tenda da Aliança. 23 8No dia?seguinte, ao entrar na Tenda da Aliança, Moisés viu que a vara de Aarão, da casa de Levi,?tinha produzido brotos e dado flores e amêndoas maduras. 24 9Moisés retirou todas as varas da presença do Senhor e as trouxe aos israelitas. Eles?as viram e cada um pegou a sua.
25 10O Senhor disse a Moisés: “Recoloca a vara de Aarão diante do documento da Aliança, para guardá-la como sinal para esses rebeldes. Assim terminarão as murmurações contra mim, e eles não morrerão”. 26 11Moisés fez assim como o Senhor lhe havia ordenado.
27 12Os israelitas disseram a Moisés: “Estamos morrendo! Estamos perdidos, todos perdidos! 28 13Toda vez que alguém se aproxima da morada do Senhor, morre. Acaso deveremos todos morrer?”
18 1 O Senhor disse para Aarão: “A responsabilidade acerca das faltas cometidas no santuário é confiada a ti, a teus filhos e à casa de teu pai , mas apenas tu com teus filhos sereis os responsáveis pelas faltas cometidas no exercício do sacerdócio. 2 Admite perto de ti também teus irmãos da tribo de Levi, tua tribo patriarcal, para que te auxiliem e te sirvam quando estiveres junto com teus filhos diante da Tenda da Aliança; 3 eles estarão a teu serviço e a serviço da Tenda em?geral. Apenas não poderão aproximar-se dos utensílios do santuário nem do altar. Do contrário morreriam eles e vós também. 4 Serão teus auxiliares e estarão a serviço da Tenda do Encontro para qualquer tarefa relacionada com a Tenda. Nenhum que não seja levita deverá aproximar-se de vós.
5 Vós cuidareis do serviço do santuário e do altar. Assim a ira não se voltará mais contra os israelitas. 6 Fui eu mesmo que escolhi vossos?irmãos, os levitas, do meio dos israelitas, como um dom de vossa parte ao Senhor, para fazerem o serviço da Tenda do Encontro. 7 Mas tu exercerás com teus filhos o sacerdócio, servindo em tudo o que se refere ao altar e o que está por trás do véu de separação. Confio a vós o?sacerdócio como um serviço e como um privilégio. O não-levita que se aproximar será morto”.
8 O Senhor falou a Aarão: “A ti eu confio o cuidado de minhas oferendas em tudo o que se refere às coisas que os israelitas consagram. Entrego isto a ti e a teus filhos por direito?perpétuo em razão da unção. 9 Eis o que te?caberá das coisas santíssimas que não são queimadas: qualquer oferenda, oblação, sacrifício pelo pecado e sacrifício de expiação que me trouxerem, são todas coisas santíssimas que pertencem a ti e a teus filhos. 10 Deverás comê-las em lugar santíssimo. Toda pessoa do sexo masculino poderá comê-las. Serão para ti coisa sagrada.
11 Também será tua a parte reservada de qualquer dom oferecido pelos israelitas com um gesto. Eu a dou a ti e a teus filhos e filhas por direito perpétuo. Poderá comê-la qualquer um de tua casa que estiver puro. 12 Dou-te o melhor azeite fresco, o melhor vinho e trigo, os primeiros frutos oferecidos ao Senhor. 13 Os primeiros frutos que trouxerem para o Senhor de qualquer produto da terra serão teus. Qualquer um de tua casa, que estiver puro, poderá comê-los. 14 Tudo o que em Israel for consagrado a Deus te pertence. 15 Qualquer criatura viva nascida de primeiro parto, tanto de homens como de animais, que vierem oferecer ao Senhor, será tua. Mas os primogênitos dos homens e os primogênitos dos animais impuros deverás resgatar. 16 Efetuarás o resgate deles quando tiverem um mês de idade, avaliando-os em cinco moedas de prata, conforme o peso usado no santuário (que corresponde a dez gramas).
17 Mas não aceitarás resgate pelos primogênitos de vacas, ovelhas ou cabras. São consagrados. Deverás derramar-lhes o sangue sobre o altar e queimar as partes gordas ao fogo como oferta de suave odor ao Senhor. 18 A carne, porém, será tua. Igualmente teus serão o peito oferecido com um gesto e a coxa direita. 19 Todo o tributo das coisas sagradas?que os israelitas oferecem ao Senhor, eu o dou a ti e a teus filhos e filhas por direito perpétuo. É uma aliança inviolável, perene, válida diante do Senhor para ti e para tua descendência”.
20 O Senhor disse a Aarão: “Tu não terás herança na terra dos israelitas, nem haverá parte para ti em seu meio. Eu sou tua parte e tua herança no meio deles. 21 Aos levitas dou como herança os dízimos em Israel em troca do serviço que cumprem, o serviço da Tenda do Encontro. 22 Os israelitas já não deverão aproximar-se da Tenda do Encontro, para não incorrerem em pecado e morrerem. 23 Só os levitas farão o serviço da Tenda do Encontro e só eles serão responsáveis pelas suas faltas. É uma lei perene, válida para vossos descendentes. Os levitas não terão herança entre os israelitas, 24 porque lhes dou por herança os dízimos que os israelitas devem entregar ao Senhor. É por isso que lhes digo: não terão herança entre os israelitas”.
25 O Senhor falou a Moisés: 26 “Fala aos levitas e dize-lhes: Quando receberdes dos israelitas o dízimo, que vos dou como herança, descontareis um tributo para o Senhor, correspondente à décima parte do dízimo. 27 Será considerada como vosso tributo, como se fosse trigo tirado do vosso terreiro ou vinho do vosso tanque de pisar. 28 Dessa forma também vós descontareis o tributo do Senhor de todos os dízimos que receberdes dos israelitas. Dareis esse tributo do Senhor ao sacerdote Aarão. 29 De qualquer dom recebido descontareis o tributo do Senhor, isto é, sempre a melhor parte do que foi consagrado.
30 Dize-lhes também: Uma vez descontada a parte melhor, o dízimo será para os levitas como o produto do terreiro ou o produto do lagar. 31 Podereis comê-lo em qualquer lugar, tanto vós como vossas casas, porque é o salário que recebeis pelo serviço que prestais na Tenda do Encontro. 32 Uma vez descontada a parte melhor como tributo, já não incorrereis em culpa. Não profaneis o que os israelitas consagraram, para não morrerdes”.
19 1 O Senhor falou a Moisés e Aarão: 2 “Esta é uma disposição da lei que o Senhor prescreve: Dize aos israelitas que providenciem uma vaca vermelha, sem defeito algum e na qual nunca foi posta a canga. 3 Entregareis a vaca ao sacerdote Eleazar, que mandará levá-la para fora do acampamento para ser imolada em sua presença. 4 Tomando um pouco do sangue com o dedo, o sacerdote Eleazar o aspergirá sete vezes na direção da entrada da Tenda do Encontro. 5 Em seguida a vaca será queimada em sua presença. Serão queimados o couro, a carne, o sangue e os excrementos. 6 Então o sacerdote tomará madeira de cedro, hissopo e púrpura e os lançará no meio da fogueira em que arde a vaca. 7 Após lavar as vestes e banhar o corpo em água, o sacerdote retornará ao acampamento, mas ficará impuro até à tarde. 8 Do mesmo modo, quem ateou fogo à vaca lavará as vestes, banhará o corpo em água e ficará impuro até à tarde. 9 Um homem que esteja em estado de pureza recolherá as cinzas da vaca e as?depositará em lugar puro. Serão conservadas pela comunidade dos israelitas para preparar a água purificadora. Trata-se de um sacrifício pelo pecado. 10 Aquele que recolheu as cinzas da vaca lavará as vestes e ficará impuro até à tarde. Isso será lei perpétua para os israelitas e para o estrangeiro que vive entre eles.
11 Quem tocar qualquer cadáver humano ficará impuro por sete dias. 12 Deverá purificar-se com esta água no terceiro e no sétimo dia, e ficará puro. Caso não se purificar no terceiro e no sétimo dia, não ficará puro.
13 Quem tocar um morto, um cadáver humano, e não se purificar, contaminará a morada do Senhor: deverá ser eliminado de Israel. Visto que não foi derramada sobre ele a água purificadora, está impuro, sua impureza continua.
14 Esta lei diz respeito a alguém que morreu numa tenda: quem entrar na tenda, ou quem nela estiver, ficará impuro durante sete dias, 15 e qualquer vasilha que estiver aberta, sem uma tampa presa por um cordão, ficará impura.
16 Quem, em campo aberto, tocar em alguém que foi morto pela espada ou num morto qualquer, ou em ossos humanos, ou numa?sepultura, ficará impuro por sete dias.
17 Para alguém que ficou impuro, recolha-se dentro de um vaso um pouco de cinza da vaca queimada em sacrifício pelo pecado, e sobre ela se despejará água de fonte. 18 Um homem em estado de pureza pegará um ramo de hissopo e, depois de molhá-lo na água, aspergirá a tenda, os objetos em geral e as pessoas que ali estiverem, ou os que tiverem tocado em ossos, em pessoas assassinadas, defuntos ou sepulturas. 19 Uma pessoa em estado de pureza aspergirá o que estiver impuro, no terceiro e no sétimo dia. Este último, depois de purificado ao sétimo dia, lavará as vestes, tomará banho e à tarde ficará puro. 20 Mas quem ficou impuro e não se purificar seja eliminado da assembléia, pois torna impuro o santuário do Senhor. Continua impuro, porque não foi aspergido com água purificadora.
21 Esta será uma lei perpétua para vós: Quem aspergir a água purificadora lavará as vestes, e quem entrar em contato com esta água ficará impuro até à tarde. 22 Tudo o que uma pessoa impura tocar ficará impuro; e quem a tocar ficará impuro até à tarde”.

20 1 Toda a comunidade dos israelitas chegou ao deserto de Sin no primeiro mês, e o povo permaneceu em Cades. Ali morreu Maria e ali mesmo foi sepultada.
2 Como faltou água para a comunidade, esta amotinou-se contra Moisés e Aarão. 3 O povo se pôs a discutir com eles e disse: “Antes?tivéssemos morrido quando morreram nossos irmãos diante do Senhor! 4 Para que trouxestes a assembléia do Senhor a este deserto? Para morrermos nós e nossos animais? 5 Por que nos fizestes sair do Egito e nos trouxestes a um lugar tão horrível como este, onde não se pode semear, não há figueiras, vinhas, nem romãzeiras, e onde nem sequer água existe para beber?”
6 Retirando-se da assembléia, Moisés e Aarão foram até à entrada da Tenda do Encontro e caíram com o rosto em terra. Então a glória do Senhor lhes apareceu. 7 O Senhor falou, então, a Moisés: 8 “Toma tua vara e?junto com teu irmão Aarão e reúne a comunidade. Na presença deles falai à pedra para ela dar água. Farás jorrar água da pedra e darás de beber à comunidade e aos animais”. 9 Moisés tomou a vara que estava diante do Senhor, como lhe fora ordenado. 10 Depois Moisés e Aarão reuniram a assembléia diante do rochedo, e Moisés lhes disse: “Ouvi, rebeldes! Poderemos acaso desta pedra fazer jorrar água para vós?” 11 E levantando a mão, Moisés golpeou duas vezes a rocha com a vara, e jorrou água em abundância, de modo que a comunidade e os animais puderam beber.12 Mas o Senhor disse a Moisés e Aarão: “Visto que não acreditastes em mim para manifestar a minha santidade aos olhos dos israelitas, não introduzireis esta assembléia na terra que lhe vou dar”.
13 São essas as águas de Meriba, onde os israelitas discutiram com o Senhor que lhes manifestou sua santidade.
14 De Cades, Moisés enviou mensageiros ao rei de Edom para dizer-lhe: “Assim diz teu irmão Israel: Tu bem sabes por quantas dificuldades temos passado. 15 Nossos antepassados desceram ao Egito, e nós moramos ali por muito tempo. Mas os egípcios nos maltrataram a nós e a nossos pais. 16 Clamamos, então, ao Senhor, que ouviu o nosso clamor e enviou um anjo que nos libertou do Egito. E aqui estamos nós em Cades, cidade situada nos limites do teu território. 17 Deixa-nos atravessar tua terra. Não vamos atravessar campos nem vinhas, nem vamos beber água dos poços. Seguiremos pela estrada real, sem nos desviarmos nem para a direita nem para a esquerda, até termos atravessado o território”. 18 O rei de Edom respondeu: “Não passarás por meu território. Do contrário vou enfrentar-te de armas em punho”. 19 Os israelitas disseram: “Queremos apenas subir pela estrada principal. Pagarei a água que eu e meus rebanhos por acaso bebermos, sem problema. Queremos simplesmente passar a pé”. 20 Mas Edom respondeu: “De modo algum passarás!” E Edom saiu ao encontro de Israel com muita gente fortemente armada. 21 Como Edom se negasse a dar passagem pelo seu território, Israel desviou-se dele.
22 Então, levantando acampamento de Cades, a comunidade inteira dos israelitas chegou ao monte Hor. 23 O Senhor falou a Moisés e Aarão no monte Hor, na fronteira do território de Edom, dizendo: 24 “Aarão vai reunir-se a seu povo; não entrará na terra que dou aos israelitas, porque fostes rebeldes à minha ordem nas águas de Meriba. 25 Toma Aarão e o seu filho Eleazar e faze-os subir ao monte Hor. 26 Despoja Aarão das vestes e reveste com elas o filho Eleazar, porque ali Aarão se reunirá aos seus e morrerá”. 27 Moisés fez como o Senhor ordenou, e à vista de toda a comunidade subiram ao monte Hor. 28 Moisés despojou Aarão das vestes e revestiu com elas o filho Eleazar. E ali no alto do monte Aarão morreu. Quando Moisés e Eleazar desceram do monte, 29 a comunidade toda se deu conta de que Aarão tinha morrido, e durante trinta dias toda a casa de Israel o chorou.
21 1 Ao saber que Israel vinha pelo caminho de Atarim, o rei cananeu de Arad, que habitava a região do deserto do Negueb, atacou Israel e fez alguns prisioneiros. 2 Israel fez então um voto ao Senhor, dizendo: “Se entregares esse povo em minhas mãos, votarei suas cidades ao interdito”. 3 O Senhor ouviu a voz de Israel e lhe entregou os cananeus. Israel os votou ao interdito junto com as cidades. E deu àquele lugar o nome de Horma, \Interdito.
4 Os israelitas partiram do monte Hor, pelo caminho que leva ao mar Vermelho, para contornarem a terra de Edom. Durante a viagem o povo começou a impacientar-se 5 e se pôs a protestar contra Deus e contra Moisés, dizendo : “Por que nos fizestes sair do Egito? Para morrermos no deserto? Não há comida nem água, e já estamos com nojo desse alimento miserável”.
6 Então o Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas que os picavam, e muita gente de Israel morreu. 7 O povo dirigiu-se a Moisés e disse: “Pecamos, falando contra o Senhor e contra ti. Roga ao Senhor que afaste de nós as serpentes”. Moisés intercedeu pelo povo, 8 e o Senhor lhe respondeu: “Faze uma serpente venenosa e coloca-a sobre uma haste. Aquele que for mordido, mas olhar para ela ficará com vida”. 9 Moisés fez, pois, uma serpente de bronze e colocou-a sobre um poste. Quando alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, ficava curado.
10 Os israelitas partiram e acamparam em Obot. 11 Depois partiram de Obot e acamparam junto às ruínas de Abarim, no deserto defronte de Moab, do lado oriental. 12 Partiram dali e acamparam junto à torrente de Zared. 13 Partindo dali, acamparam na outra margem do Arnon, que se encontra no deserto que começa no território dos amorreus. Pois o Arnon serve de fronteira entre Moab?e os amorreus. 14 Por isso se dizia no livro das Guerras do Senhor:
“Vaeb em Sufa e as torrentes,
o Arnon 15 e a encosta das torrentes,
que se estende para a região de Ar
e se apóia no território de Moab”.
16 Dali foram até Beer, o Poço. Foi a esse poço que o Senhor se referia quando disse a Moisés: “Reúne o povo, e eu lhe darei água”. 17 Foi então que Israel cantou este cântico:
“Jorra, ó poço! Cantai-lhe!
18 Poço cavado pelos príncipes,
aberto pelos nobres do povo
com seus cetros e bastões”.
Do deserto foram para Matana, \Graciosa, 19 de Matana para Naaliel, \Rio de Deus, de Naaliel para Bamot, \Alturas, 20 de Bamot para o vale no campo de Moab, junto ao promontório do monte Fasga, \a Espreita, que olha sobre o deserto.
21 Israel enviou então mensageiros a Seon, rei dos amorreus, para lhe dizer: 22 “Deixa-nos atravessar tua terra. Não nos desviaremos nem para os campos nem para as vinhas, nem beberemos a água dos poços. Seguiremos pela estrada real, até termos atravessado teu território”. 23 Seon não deu licença para Israel passar pelo seu território. Ao contrário, reuniu toda a sua gente e saiu ao encontro de Israel?no deserto. Chegando a Jasa, travou batalha com Israel. 24 Mas Israel o derrotou a fio de espada e apoderou-se da terra, desde o rio Arnon até o rio Jaboc, isto é, até o território dos amonitas, cuja fronteira estava fortificada. 25 Israel tomou todas essas cidades e se estabeleceu nas cidades dos amorreus, em Hesebon e nos povoados que lhe pertenciam. 26 Hesebon era a residência de Seon,?rei dos amorreus, que estivera em guerra contra o precedente rei de Moab, de quem havia tomado a terra até o Arnon. 27 Por isso os poetas dizem:
“Ide a Hesebon!
Reconstruí e restabelecei a cidade de Seon.
28 Porque saiu um fogo de Hesebon,
labaredas da cidade de Seon,
que devoraram a cidade de Ar, em Moab
e consumiram as alturas do Arnon.
29 Ai de ti, Moab!
Estás perdido, povo de Camos.
Ele reduziu seus filhos a fugitivos,
e suas filhas a cativas de guerra
de Seon, rei dos amorreus.
30 Estão sem descendentes desde Hesebon
até Dibon,
sem mulheres até Nofa, até Mádaba”.
31 Assim Israel se instalou na terra dos amorreus. 32 Moisés mandou espionar Jazer, de modo que os israelitas a conquistaram, juntamente com os povoados dependentes, expulsando os amorreus que ali viviam.
33 Depois, mudando de rumo, subiram pelo caminho de Basã. Og, rei de Basã, saiu-lhes ao encontro com toda a sua gente, para travar batalha em Edrai. 34 O Senhor disse a Moisés: “Não tenhais receio a respeito dele, eu o entreguei em teu poder, com todo o seu povo e sua terra. Farás com ele o mesmo que fizeste com Seon, rei dos amorreus, que residia em Hesebon”. 35 Os israelitas o derrotaram a ele, a seus filhos e a todo o povo, sem lhe deixarem um único sobrevivente, e apoderaram-se de sua terra.

22 1 Os israelitas partiram e acamparam nas planícies de Moab, do outro lado do Jordão, na altura de Jericó. 2 Balac filho de Sefor soube de tudo o que Israel tinha feito aos amorreus. 3 Moab ficou com muito medo de um povo tão numeroso e entrou em pânico diante dos israelitas, 4 e disse aos anciãos dos madianitas: “Esta horda vai agora devorar os arredores, como um boi devora o capim”.
Balac filho de Sefor era então o rei de Moab. 5 Ele enviou mensageiros a Balaão filho de Beor, em Petor, junto do rio, na terra dos amonitas, para que o chamassem, dizendo: “Acaba de sair do Egito um povo que cobre a superfície da terra, e veio morar perto de mim. 6 Peço-te, portanto, que venhas amaldiçoá-lo para mim, pois é um povo mais forte do que eu. Talvez assim consiga derrotá-lo e expulsá-lo do país. Pois eu sei que fica abençoado quem abençoas, e amaldiçoado quem amaldiçoas”. 7 Os anciãos de Moab e os de Madiã, levando consigo o pagamento do adivinho, foram até Balaão e lhe transmitiram as palavras de Balac. 8 Ele lhes disse: “Passai a noite aqui, e vos darei a resposta de acordo com o que o Senhor me falar”. Os chefes moabitas ficaram com Balaão.
9 Deus veio ao encontro de Balaão e perguntou: “Quem são esses homens que estão contigo?” 10 Balaão respondeu a Deus: “Foi Balac filho de Sefor, rei de Moab, que os enviou a mim, dizendo: 11 O povo que saiu do Egito já cobre a superfície da terra. Vem, pois, e esconjura-o para mim. Assim talvez eu possa combatê-lo e expulsá-lo”. 12 Deus disse a Balaão: “Não vás com eles nem amaldiçoes esse povo, pois é abençoado”.
13 De manhã, ao se levantar, Balaão disse aos chefes de Balac: “Voltai para a vossa terra, pois o Senhor não me deixa ir convosco”. 14 Levantando-se os chefes de Moab voltaram a Balac e disseram: “Balaão nega-se a nos acompanhar”.
15 Balac tornou a enviar outros chefes, mais numerosos e mais importantes do que os primeiros. 16 Chegando a Balaão, disseram-lhe: “Assim diz Balac filho de Sefor: Não te recuses a vir ter comigo. 17 Eu te pagarei generosamente e farei tudo o que me pedires. Vem, pois, esconjura-me esse povo”.
18 Balaão respondeu aos ministros de Balac: “Ainda que Balac me desse o seu palácio cheio de prata e ouro, eu não poderia transgredir as ordens do Senhor meu Deus, fazendo qualquer coisa por mínima que seja. 19 Assim sendo, ficai aqui também vós esta noite, para que eu saiba o que o Senhor tem a me dizer de novo”. 20 Durante a noite, Deus veio encontrar Balaão e lhe disse: “Já que esses homens vieram para te chamar, levanta-te e vai com eles. Entretanto, só poderás fazer o que eu te disser”. 21 Na manhã seguinte, Balaão levantou-se, encilhou a mula e acompanhou os chefes moabitas.
22 Ora, Deus inflamou-se de ira pelo fato de ele ter partido. O anjo do Senhor postou-se no caminho para lhe barrar a passagem a Balaão, que ia montado na mula, acompanhado de dois criados. 23 Ao ver o anjo do?Senhor?parado no caminho, com a espada desembainhada na mão, a mula desviou-se do caminho e começou a andar pelo campo. Balaão se pôs a espancar a mula para reconduzi-la ao caminho. 24 Então o anjo colocou-se numa trilha?entre as vinhas, ladeada de ambos os lados por um muro. 25 Ao ver o anjo do Senhor, a mula encostou-se contra uma das paredes. Como ela apertasse a perna de Balaão contra a parede, ele começou a surrá-la de novo. 26 O anjo?do Senhor tornou a passar na frente e postou-se num lugar bem estreito, que não dava passagem nem pela direita nem pela esquerda. 27 Ao ver o anjo do Senhor a mula empacou. Balaão, enfurecido, bateu na mula com uma vara.
28 Então o Senhor abriu a boca da mula, e ela disse a Balaão: “Que te fiz eu, para me espancares já pela terceira vez?” 29 Balaão respondeu à mula: “Porque me estás provocando! Se tivesse uma faca na mão, agora mesmo te mataria”. 30 E a mula respondeu a Balaão: “Não sou eu a tua mula que até hoje sempre montaste? Será que costumo agir assim contigo?” – “Não”, respondeu ele.
31 Então o Senhor abriu os olhos de Balaão, e ele viu o anjo do Senhor parado no caminho, com a espada desembainhada na mão. Balaão ajoelhou-se e prostrou-se por terra. 32 O anjo do Senhor lhe disse: “Por que já?por três vezes espancaste a mula? Fui eu que saí para te barrar a passagem, pois o caminho que segues me parece perigoso. 33 A mula me viu e já por três vezes se desviou de mim. Se ela não se tivesse esquivado de mim, certamente eu te haveria matado, e ela ficaria viva”. 34 Então Balaão disse ao anjo do Senhor: “Pequei, sem saber que eras tu que estavas no caminho à minha espera. Mas agora, se isso te desagrada, voltarei para casa”. 35 O anjo do Senhor respondeu a Balaão: “Vai com esses homens! Mas poderás dizer somente o que eu te disser”. E Balaão acompanhou os chefes de Balac.
36 Balac soube da chegada de Balaão e saiu-lhe ao encontro até Ar Moab, junto à fronteira do Arnon, nos confins do território. 37 Balac disse a Balaão: “Não te enviei mensageiros para te chamar? Por que não vieste? Será verdade que não sou capaz de pagar-te devidamente?” 38 Balaão respondeu a Balac: “Como vês, eu vim para junto de ti. E agora,?serei eu capaz de dizer alguma coisa? Só poderei dizer o que o Senhor me puser na boca”.
39 Balaão acompanhou Balac até chegarem a Cariat-Husot. 40 Balac sacrificou bois e ovelhas e mandou servir porções a Balaão e aos chefes que o acompanhavam.
41 Na manhã seguinte Balac tomou consigo Balaão e o fez subir a Bamot-Baal, de onde ele podia ver uma pequena parte do povo \de Israel.
23 1 Balaão disse a Balac: “Constrói-me aqui sete altares e prepara-me sete touros e sete carneiros”. 2 Balac fez o que Balaão pediu, e juntos imolaram um touro e um carneiro em cada um dos altares. 3 Depois Balaão disse a Balac: “Fica junto dos holocaustos, enquanto eu vou ver se o Senhor vem encontrar-me. Vou contar-te o que ele me revelar”. E afastou-se para uma colina sem vegetação. 4 Deus veio ao encontro de Balaão, que lhe disse: “Preparei os sete altares, e em cada um deles ofereci um touro e um carneiro”. 5 Então o Senhor pôs as palavras na boca de Balaão e disse: “Volta a Balac e assim falarás”. 6 Voltando, viu Balac parado junto aos holocaustos, com os chefes de Moab. 7 Então proferiu seu poema e disse:
“De Aram me fez vir Balac,
dos montes do Oriente o rei de Moab:
‘Vem e amaldiçoa-me Jacó,
vem e roga pragas a Israel’.
8 Como esconjurar a quem Deus não
esconjura?
Como rogar pragas a quem o Senhor
não maldiz?
9 Sim, do alto dos rochedos o vejo,
das alturas o contemplo:
É um povo que mora isolado,
que não se conta entre as nações.
10 Quem pode calcular o pó de Jacó?
contar a quarta parte de Israel?
Possa eu ter a morte dos justos,
e o meu fim ser semelhante ao deles”.
11 Balac disse a Balaão: “O que me estás fazendo? Foi para amaldiçoar meus inimigos que eu te trouxe, e tu os abençoaste!” 12 E ele respondeu: “Não devo ter o cuidado de proferir o que o Senhor me põe na boca?”
13 Balac lhe disse: “Vem comigo para outro lugar, de onde possas ver o povo. De onde?estás, só enxergaste uma extremidade dele, não pudeste vê-lo todo. Amaldiçoa-o para mim a partir de lá”.
14 Balac o levou ao campo das Sentinelas, ao cume do monte Fasga, \a Espreita.Depois de construir sete altares e de imolar em cada altar um touro e um carneiro, 15 Balaão disse a Balac: “Fica aqui junto dos holocaustos, enquanto eu vou lá encontrar-me com o Senhor”. 16 O Senhor veio encontrar-se com Balaão, pôs-lhe na boca as palavras e disse: “Volta a Balac e assim falarás”. 17 Ele voltou e viu que Balac estava parado junto aos holocaustos, com os chefes moabitas. Balac perguntou-lhe: “O que disse o Senhor?” 18 Então ele proferiu o seu poema e disse:
“Levanta-te, Balac, e ouve!
Presta-me atenção, filho de Sefor:
19 Deus não é homem para que minta,
nem criatura humana para que se
arrependa.
Diz alguma coisa e não a faz,
promete algo e não o cumpre?
20 Recebi ordem de abençoar:
Ele abençoou e não voltarei atrás.
21 Não se prevêem males contra Jacó,
nem sofrimentos contra Israel.
O Senhor seu Deus está com ele,
no meio dele ressoa a aclamação do rei.
22 O Deus que o tirou do Egito
tem a força de um búfalo.
23 Não há presságio em Jacó,
nem adivinhação em Israel.
A seu tempo se dirá a Jacó
e a Israel o que Deus vai fazer.
24 Eis um povo que se levanta como leoa,
e se ergue como leão:
Não se deitará sem ter devorado a presa,
sem ter bebido o sangue das vítimas”.
25 Balac disse a Balaão: “Se não podes amaldiçoar esse povo, ao menos não o abençoes”. 26 Balaão respondeu: “Já não te disse que faria tudo o que o Senhor me dissesse?”
27 Então Balac disse a Balaão: “Vem, que eu te levarei a outro lugar. Talvez seja do agrado de Deus que o amaldiçoes dali”. 28 E levou Balaão ao cume do monte Fegor, que domina o deserto. 29 Balaão disse a Balac: “Constrói-me aqui sete altares e prepara-me sete touros e sete carneiros”. 30 Balac fez conforme Balaão pediu e ofereceu um touro e um carneiro em cada altar.
Números (CNB) 16